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Universidade Federal Fluminense Hospital Universitário Antônio Pedro Faculdade de Medicina Departamento de Patologia Disciplina Patologia Geral Curso de Nutrição 2º ESTUDO DIRIGIDO – GABARITO 1) Qual a importância da inflamação? R: A inflamação é um mecanismo de defesa, onde o principal objetivo é a eliminação da causa inicial da lesão celular e das consequências de tal lesão. Sem a inflamação as infecções se desenvolveriam descontroladamente, as feridas nunca cicatrizariam e o processo destrutivo nos órgãos atacados seria permanente, sendo assim, fatores importantes no processo inflamatório. Entretanto, esse processo pode ser prejudicial, como acontece em algumas doenças crônicas como a artrite reumatoide, aterosclerose e fibrose pulmonar e em reações de hipersensibilidade. 2) Quais são os principais padrões morfológicos da inflamação aguda e crônica? Descreva as características mais importantes de cada uma. R: Inflamação Aguda: Inicia-se rapidamente (em alguns segundos a alguns minutos) e tem uma duração relativamente curta (alguns minutos e alguns dias); envolve a exsudação de liquido (edema) e migração de células polimorfo nuclear (neutrófilo). Apesar de as reações inflamatórias agudas serem caracterizadas por alterações vasculares e infiltrações leucocitárias, a severidade da reação, sua causa específica e o tecido envolvido introduzem variações morfológicas nos padrões básicos. Vários tipos de inflamação são reconhecidos, variando em sua morfologia e nas reações clínicas. •Inflamação Serosa: É um extravasamento exagerado de um fluido diluído que, dependendo do tamanho da lesão, é derivado do plasma ou da secreção das células mesotelias que recobrem as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. •Inflamação Fibrinosa: Com lesões mais graves e maior permeabilidade vascular que elas acarretam moléculas maiores, como o fibrinogênio passa abarreira vascular, formando a fibrina, que se deposita no espaço extracelular. Um exsudato fibrinoso se desenvolve quando o extravasamento vascular é grande o suficiente ou quando existe um estímulo no interstício que inicie a coagulação. •Inflamação Supurativa ou Purulenta: São caracterizadas pela produção de grandes quantidades de pus ou exsudato purulento consistindo de neutrófilos, células necróticas e edema. •Úlceras: Uma úlcera é um defeito local, ou escavação, da superfície de um órgão ou tecido, produzindo pela esfoliação (descamação) do tecido inflamatório necrótico. A ulceração ocorre somente quando a necrose tissular e o processo inflamatório resultante ocorrem em uma superfície ou próximo a ela. Inflamação Crônica: Tem uma instalação maior (dias) e uma duração maior (semana a anos); envolve linfócitos e macrófagos e induz a proliferação de vasos sanguíneos e fibrose. Inflamação crônica é caracterizada pelos fenômenos proliferativos, com formação de fibrose. Quando o agente agressor não é destruído prontamente ou o material necrótico não é reabsorvido ou eliminado (abscessos, por exemplo), ocorre à inflamação crônica. 3) Quais são os principais estímulos para a inflamação aguda? R: A inflamação aguda pode ser disparada por uma variedade de estímulos: Infecções (bacteriana, viral, fúngica, parasítica) e toxinas microbianas estão entre as causas clinicamente importantes mais comuns da inflamação. A necrose tecidual de qualquer causa, incluindo isquemia (como em um infarto do miocárdio), trauma e injúria física e química (p. ex., injúria térmica, como em queimaduras ou úlceras de frio; irradiação; exposição a alguns agentes químicos ambientais). Várias moléculas liberadas das células necróticas são conhecidas por provocarem a inflamação; estas incluem o ácido úrico, um metabólito da purina; trifosfato de adenosina, o estoque normal de energia; uma proteína ligante de DNA de função desconhecida chamada HMGB-1, e mesmo o DNA, quando ele é liberado no citoplasma e não sequestrado no núcleo, como ele normalmente deveria ser. A hipoxia, que frequentemente é subjacente à injúria celular, também é, por si só, um indutor da resposta inflamatória. Essa resposta é grandemente mediada por uma proteína chamada HIF-1α (fator-1α induzido por hipoxia), que é produzida pelas células privadas de oxigênio, e ativa a transcrição de muitos genes envolvidos na inflamação, incluindo o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que aumenta a permeabilidade vascular. Corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, suturas) tipicamente elicitam a inflamação porque causam injúria tecidual traumática ou transportam micróbios. Reações imunes (também chamadas de reações de hipersensibilidade) são reações nas quais o sistema imune normalmente protetor causa um dano nos próprios tecidos do indivíduo. As respostas imunes injuriantes podem ser direcionadas contra antígenos próprios, causando as doenças autoimunes, ou podem ser reações excessivas contra substâncias ou micróbios do ambiente. A inflamação é a principal causa de injúria tecidual nessas doenças. 4) Mediadores químicos são gerados a partir de células ou de proteínas plasmáticas. Num processo inflamatório vários deles são produzidos. Cite quais são os principais mediadores químicos envolvidos durante um processo inflamatório, se é agudo ou crônico, suas funções e fonte de origem. R: 5) Qual a diferença entre exsudato e transudado? Quando cada um deles pode ocorrer? R: Transudato é caracterizado pela baixa quantidade proteínas. Sua causa é pelo aumento da pressão hidrostática ou redução das proteínas plasmáticas. As possíveis causas são insuficiência cardíaca, renal e hepática. Exsudato se refere a saída de líquidos orgânicos através das paredes e membranas celulares, tanto de animais quanto de plantas, por lesão ou por inflamação. No caso de exsudação sanguínea por ferimento há passagem de proteínas do plasma, leucócitos, plaquetas e hemácias. 6) Descreva as etapas da migração celular na inflamação e relate quais as células mais características de cada tipo de infiltrado inflamatório (agudo e crônico). R: A migração de células circulantes para os tecidos, denominada diapedese, é direcionada pela presença de um gradiente de substâncias quimiotáticas no sítio inflamatório. No tecido, as células buscam remover o patógeno por meio de sua capacidade fagocitária, permitindo o reparo da lesão. Na inflamação aguda as principais células são os neutrófilos e os macrófagos. A permanência do agente lesivo leva à cronificação do processo inflamatório, sendo observada concomitância de destruição e reparo tecidual. Na inflamação crônica o tecido apresenta caracteristicamente um infiltrado constituído por células mononucleares (monócitos, macrófagos e linfócitos), sinais de angiogênese e fibrose. Os estímulos persistentes que induzem a cronificação do processo inflamatório podem ser de diversas naturezas, tais como bactérias intracelulares como Mycobacterium tuberculosis, substâncias químicas como a sílica, e mesmo agentes físicos, como a radiação ultravioleta e traumas repetitivos. Nas doenças ditas auto-imunes, como a artrite reumatóide, não se conhece a causa da cronificação do processo inflamatório. Migração dos leucócitos para o sítio inflamatório. Os macrófagos, estimulados pelos indutores da resposta inflamatória produzem citocinas como TNF e IL-1, as quais ativam as células endoteliais das vênulas a expressarem inas, ligantes para integrinas e quimiocitocinas. As inas mediam a adesão fraca dos neutrófilos, as integrinas,a adesão forte e as quimiocinas ativam e estimulam a migração dos neutrófilos para o foco inflamatório. Os monócitos e linfócitos T ativados usam os mesmos mecanismos para migrar para os locais de infecção. 6) Sequencie os eventos vasculares da inflamação aguda. R: A inflamação aguda é a primeira resposta a um agente nocivo. Assim, as alterações do calibre vascular têm por objetivo causar um aumento do fluxo sanguíneo para o local onde o dano se encontra, possibilitando a chegada rápida de anticorpos e leucócitos ao local. Na proximidade da área acometida ocorrem alterações estruturais na microvasculatura, e estas permitem que as proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação e emigrem para o foco da lesão. Assim, a vasodilatação é responsável pelos sinais cardinais de calor e eritema, a sua duração dependerá da força do estímulo. Com a vasodilatação instalada deve ocorrer o alentecimento da circulação no local e, então, o aumento da permeabilidade da microvasculatura. Estes eventos culminarão no extravasamento de líquido rico em proteína para dentro dos tecidos extravasculares e no advento de mais um sinal cardinal da inflamação: edema. A perda de líquido para o extravascular causa um aumento na viscosidade sanguínea, a qual é refletida na estase das hemácias no intravascular. A estase também é responsável pela orientação dos neutrófilos ao longo do endotélio vascular. Estes, então, irão aderir-se ao endotélio, primeiro de maneira transitória (rolagem) e depois de forma mais ávida e, então, eles migram através da parede vascular. O extravasamento de exsudato para o interstício é a marca da inflamação aguda. E isto ocorre pela perda de proteínas para o plasma, o que irá reduzir a pressão osmótica intravascular e elevar a pressão osmótica do líquido intersticial. Juntamente com a pressão osmótica hidrostática elevada devido à vasodilatação, isso acarreta no efluxo acentuado de líquido e seu acúmulo no tecido intersticial causando edema. 7) Descreva as fases do reparo tecidual, considerando os componentes celulares e os componentes da matriz extracelular. R: -Fase Inflamatória: também chamada de exsudativa ou defensiva, caracteriza-se pelo processo inflamatório local com a presença de sinais típicos (dor, calor, rubor e edema, podendo alcançar a perda da função local). Se inicia no momento que ocorre a agressão ao tecido e se prolonga por um período de até 7 dias. Objetiva preparar o local para o novo tecido que crescerá. - Fase Proliferativa: também chamada de reconstrutiva ou fibroblástica, pode se estender por 3 semanas e é caracterizada pela mitose celular. A reconstituição da matriz extracelular e o desenvolvimento do tecido de granulação ocorre devido à deposição de colágeno, fibronectina e devido a outros componentes. -Fase Reparadora: também chamada de fase de maturação ou de remodelação, possui início próximo da terceira semana da agressão e seu término pode passar 12 meses. É caracterizada pelas transformações que ocorrem no tecido de cicatrização, sendo estas devido à diminuição progressiva da vascularização e da quantidade de fibroblastos e a reorientação das fibras de colágeno. Nesta fase, a cicatrização torna-se mais plana e macia e podem ocorrer defeitos na cicatrização, como quelóides, cicatrizes hipertróficas e hipercromias. 8) Diferencie cicatrização por primeira e por segunda intenção. R: Cicatrização por 1° intenção Este tipo de reparo se desenvolve em feridas incisas limpas e não infectadas em que suas margens estão paralelamente unidas face a face. Este tipo de cicatrização é considerado ideal por haver pouco número de células mortas tanto epiteliais como do tecido conjuntivo além do dano a membrana basal não ser muito extenso. O espaço estreito entre as margens da ferida se preenche rapidamente com coágulos de sangue rico em fibrina que desidrata formando uma crosta conhecida como "casquinha" que recobre a ferida. O tecido de granulação é pouco visualizado neste tipo de reparo pela própria proximidade das bordas da lesão que impedem a visualização do novo tecido. Cicatrização por 2° intenção Ocorre quando a uma extensa perda tecidual e o parênquima não consegue restaurar sua arquitetura original do tecido necrosado. As bordas desse tipo de ferimento começa a ficar rica em tecido de granulação que vão crescendo até se unirem fechando a ferida. Esse tipo de reparo também é caracterizado pela contração da ferida que diminui seu tamanho ajudando a unir as margens ricas em tecido de granulação. Principais Diferenças entre 1° e 2° intenção maior gerando mais exudato e uma ação inflamatória mais intensa. na cicatrização de primeira intenção. na primeira intenção é menor do que a resultante na segunda intenção pela perda tecidual ser bem menor. 9) Descreva os diferentes tipos de tecido de acordo com a sua capacidade proliferativa. Dê um exemplo de cada um. R: -Lábeis (renovam-se sempre): são aqueles que continuam a se multiplicar durante a vida toda (células epiteliais, hematopoiéticas e linfóides). Regeneram-se com rapidez e facilidade. EX.: Pele, mucosa, medula osséa. -Estáveis (quiescentes): normalmente não se dividem, contudo têm a capacidade de proliferar quando estimuladas “núcleos permanecem quiescentes a maior parte do tempo” (são as células das glândulas como: fígado, pâncreas, salivares, endócrinas e as células derivadas do mesênquima como fibroblastos, osteoblastos). EX.: Parênquima do rim, fígado, pâncreas, células endoteliais, fibroblastos e musculo liso. -Permanentes (não se dividem): são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se dividir, (como as células do sistema nervoso central e Músculo) “os núcleos não tem mais a capacidade de reiniciar o processo replicativo”. EX.: Neurônios e musculo cardíaco. 10) Descreva os mecanismos de danos mediados pelo sistema imune. R: Hipersensibilidade se refere às reações excessivas, indesejáveis (danosas, desconfortáveis e às vezes fatais) produzidas pelo sistema imune normal. Reações dehipersensibilidade requerem um estado pré-sensibilizado (imune) do hospedeiro.Reações de hipersensibilidade podem ser divididas em quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV, baseados nos mecanismos envolvidos e tempo levado para a reação.Frequentemente, uma condição clínica particular (doença) pode envolver mais de um tipo de reação. 11) Quais são os testes diagnósticos para doenças de hipersensibilidade e tratamentos. R: Testes diagnósticos para hipersensibilidade imediata includem testes de pele (perfuração e intradérmico), medida de anticorpos IgE totais e anticorpos IgE específicos contra os suspeitos alergenos. Anticorpos IgE totais e anticorpos IgE específicos são medidos por uma modificação do ensaio imunoenzimático (ELISA). Níveis aumentados de IgE são indicativos de uma condição atópica, embora IgE deva estar aumentado em algumas doenças não atópicas (ex., mielomas, infecções helmínticas, etc.). EXTRA! HIPERSENSIBILIDADE TIPO I Hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática. A reação pode envolver pele (urticária e eczema), olhos (conjuntivite), nasofaringe (rinorréia, rinite), tecidos broncopulmonares (asma) e trato gastrointestinal (gastroenterite). A reação pode causar uma variedade de sintomas desde inconveniências mínimas até a morte. A reação normalmente leva 15 - 30 minutos para o período de exposição ao antígeno, embora às vezes possa ter início mais demorado (10 - 12 horas). Hipersensibilidade imediata é mediada por IgE. O componente primário celular nessa hipersensibilidade é o mastócido ou basófilo. A reação é amplificada e/ou modificada pelos plaquetas, neutrófilose eosinófilos. Uma biópsia do local da reação demonstra principalmente mastócitos e eosinófilos. O mecanismo da reação envolve produção preferencial de IgE, em resposta a certos antígenos (alérgenos). IgE tem muito elevada afinidade por seu receptor em mastócitos e basófilos. Uma exposição subsequente ao mesmo alergeno faz reação cruzada com IgE ligado a células e dispara a liberação de várias substâncias farmacologicamente ativas. Ligação cruzada do receptor Fc de IgE é importante para a estimulação de mastócitos. A degranulação de mastócitos é precedida pelo aumento do influxo de Ca++, que é um processo crucial; ionóforos que aumentam Ca++ citoplasmático também promovem degranulação, enquanto agentes que depletam Ca++ citoplasmático suprimem degranulação. Mastócitos podem ser iniciados por outros estímulos tais como exercício, stress emocional, agentes químicos (ex. meio de revelação fotográfica, ionóforos de cálcio, codeína, etc.), anafilotoxinass (ex. C4a, C3a, C5a, etc.). Essas reações, mediadas por agentes sem interação IgE-alergeno, não são reações de hipersensibilidade embora elas produzam os mesmos sintomas. A reação é amplificada por PAF (fator ativador de plaquetas) que causa agregação plaquetária e liberação de histamina, heparina e aminas vasoativas. Fator quimiotáctico eosinofílico de anafilaxia (ECF-A) e fatores quimiotácticos de neutrófilos atraem eosinófilos e neutrófilos, respectivamente, que liberam várias enzimas hidrolíticas que provocam necrose. Eosinófilos podem também controlar a reação local pela liberação de arilsulfatase, histaminase, fosfolipase- D e prostaglandina-E, embora este papel dos eosinófilos seja questionado. Nucleotídios cíclicos parecem ter papel significante na modulação da reação de hipersensibilidade imediata, embora sua função exata ainda não seja compreendida.Substâncias que alteram os níveis de AMPc e GMPc alteram significantemente os sintomas alérgicos. Assim, substâncias que aumentam AMPc intracelular parecem aliviar os sintomas alérgicos, particularmente os bronco-pulmonares, e são usados terapeuticamente. Contrariamente, agentes que diminuem AMPc ou estimulam GMPc agravam essas condições alérgicas. Ao que parece há uma predisponsição genética a doenças atópicas e há evidências de associação a HLA (A2). Tratamento sintomático é conseguido com anti-histamínicos que bloqueiam receptores de histamina. Cromolina sódica inibe a degranulação de mastócitos, provavelmente pela inibição do influxo de Ca++. O início tardio de sintomas alérgicos, particularmente bronco constrição que é mediada por leucotrienos, são tratados com bloqueadores de receptores de leucotrieno (Singulair, Accolate) ou inibidores de cicloxigenase (Zileuton). Alívio sintomático, embora de curta duração, da broncoconstrição é oferecido por broncodilatadores (inaladores) tais como derivados de isoproterenol (Terbutalina, Albuterol). Teofilina eleva AMPc pela inibição da AMPcfosfodiesterase e inibe a liberação intracelular de Ca++ é também usada para aliviar sintomas broncopulmonares. O uso de anticorpos IgG contra as porções Fc de IgE que se ligam a mastócitos tem sido aprovado no tratamento de certas alergias, visto que bloqueia a sensibilização de mastócitos. Hiposensibilização (imunoterapia ou dessensibilização) é outra modalidade de tratamento que é bem sucedida em algumas alergias, particularmente a venenos de insetos e, até certo ponto, pólens. O mecanismo não é claro, mas existe uma correlação entre o aparecimento de anticorpos (bloqueadores) de IgG e o alívio de sintomas. Células T supressoras que inibem especificamente anticorpos IgE também participam. HIPERSENSIBILIDADE TIPO II Hipersinsibilidade tipo II também é conhecida como hipersensibilidade citotóxica e pode afetar uma variedade de órgãos e tecidos. Os antígenos são normalmente endógenos, embora agentes químicos exógenos (haptenos) que podem se ligar a membranas celulares podem também levar a hipersensibilidade tipo II. Anemia hemolítica induzida por drogas, granulocitopenia e trombocitopenia são exemplos. O tempo de reação é minutos a horas. A hipersensibilidade tipo II é primariamente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento. Fagócitos e células K também participam (ADCC). A lesão contém anticorpos, complemento e neutrófilos. Testes diagnósticos incluem detecção de anticorpos circulantes contra tecidos envolvidos e a presença de anticorpos e complemento na lesão (biópsia) por imunofluorescência. O padrão de coloração é normalmente suave e linear, tal como visto na nefrite de Goodpasture (membrana basal renal e pulmonar) (figura 3A) e pênfigo (proteína intercelular da pele, desmossomo). Tratamento envolve agentes anti-inflamatórios e imunosupressores. HIPERSENSIBILIDADE TIPO III Hipersensibilidade tipo III é também conhecida como hipersensibilidade imune complexa. A reação pode ser geral (ex. doença do soro) ou envolve órgãos individuais incluindo pele (ex. lupus eritematoso sistêmico, reação de Arthus), rins (ex. nefrite do lupus), pulmões (ex. aspergilose), vasos sanguíneos (ex. poliarterite), juntas (ex. artrite reumatóide) ou outros órgãos. Esta reação pode ser o mecanismo patogênico de doenças causadas por muitos microrganismos. A reação deve levar 3 - 10 horas após exposição ao antígeno (como na reação de Arthus). É mediada por complexos imunes solúveis. São na maioria de classe IgG, embora IgM possa estar também envolvida. O antígeno pode ser exógeno (bacteriano crônico, viral ou infecções parasitárias), ou endógeno (autoimunidade não órgão específica: ex. lupus eritematoso sistêmico, LES). O antígeno é solúvel e não ligado ao órgão envolvido. Componentes primários são complexos imunes solúveis e complementos (C3a, 4a e 5a). O dano é causado por plaquetas e neutrófilos. A lesão contém primariamente neutrófilos e depósitos de complexos imunes e complemento. Macrófagos infiltrantes em estágios avançados podem estar envolvidos no processo de recuperação. A afinidade do anticorpo e tamanho dos complexos imunes são importantes na produção de doença e na determinação do tecido envolvido. O diagnóstico envolve exame de biópsias do tecido para depósitos de Ig e complemento por imunofluorescência. A coloração imunofluorescente na hipersensibilidade tipo III é granular (ao contrário da linear no tipo II como visto na síndrome de Goodpasture). A presença de complexos imunes no soro e diminuição do nível do complemento também são diagnostigadores. Turbidez mediada por polietileno-glicol (nefelometria), ligação de C1q e teste celular de Raji são utilizados para detectar complexos imunes. O tratamento inclui agentes anti-inflamatórios. HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV Hipersensibilidade tipo IV é também conhecida como mediada por células ou hipersensibilidade tardia. O exemplo clássico dessa hipersensibilidade é a reação (Mantoux) tuberculínica que atinge um pico em 48 horas após a injeção do antígeno (PPD ou antiga tuberculina). A lesão é caracterizada por calosidade e eritema. A hipersensibilidade tipo IV está envolvida na patogênese de muitas doenças autoimunes e infecciosas (tuberculose, lepra, blastomicose, histoplasmose, toxoplasmose, leishmaniose, etc.) e granulomas devido a infecções e antígenos estranhos. Uma outra forma de hipersensibilidade tardia é a dermatite de contato (hera venenosa, agentes químicos, metais pesados, etc.) nos quais as lesões são mais papulares. Hipersensibilidade tipo IV pode ser classificada em três categorias dependendo do tempo de início e apresentação clínica e histológica. Os mecanismos de dano na hipersensibilidade tardia incluem linfócitos T e monócitos e/ou macrófagos. Células T citotóxicas causam danos diretos enquanto que células auxiliates T (TH1) secretam citocinas que ativam células T citotóxicase recrutam e ativam monócitos e macrófagos, que causam a maioria das lesões. As lesões da hipersensibilidade tardia contém principalmente monócitos e algumas células T. Linfocinas importantes envolvidas na reação da hipersensitividade tardia incluem fator quimiotáctico dos monócitos, interleucina-2, interferon-gama, TNF alpha/beta, etc. Testes diagnósticos in vivo incluem reação cutânea tardia (ex. teste Mantoux e teste local (para dermatite de contato). Testes in vitro para hipersensibilidade tardia incluem resposta mitogênica, linfo-citotoxicidade e produção de IL-2. Corticosteróides e outros agentes imunossupressores são usados no tratamento. REFERÊNCIA: IMUNOLOGIA – CAPÍTULO DEZESSETE REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE Dr Abdul Ghaffar. Tradução PhD Myres Hopkins.
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