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Anattomia do sistema

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Conteudo 2
CONTEÚDO 2 – INTRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO 
A neuroanatomia significa o estudo do sistema nervoso (SN). Ele tem o nome de sistema porque é formado por um tecido fundamental que é o tecido nervoso, o qual por sua vez, é composto de células nervosas designadas de neurônios, que são a unidade anatômica e funcional desse sistema. O SN permite ao organismo a possibilidade de sentir o meio ambiente, a capacidade de nutrir-se, de movimentar-se, e no homem, é o SN que preside as distintas ações psíquicas. Por meio da conquista, da integração e da resposta aos diferentes estímulos, o SN possibilita de maneira breve manter o equilíbrio interno, ou seja, a homeostase. Ainda que os órgãos endócrinos também participem nesse trabalho, os adeques realizados por hormônios secretados pelas glândulas endócrinas são mais brandos que os executados pelo SN, o qual usa os impulsos elétricos.
O SN é um todo. Sua divisão em partes tem um significado tão somente didático, pois as diversas partes estão intensamente relacionadas do ponto de vista morfológico e funcional. O SN dividido em partes, leva-se em conta o critério anatômico, o critério funcional, e o critério embriológico. Há ainda uma divisão quanto à segmentação.
Divisão do sistema nervoso com base nos critérios anatômicos
Esta divisão, que é uma das mais apreciadas, é composta pelo sistema nervoso central; SNC, e o sistema nervoso periférico; SNP. O SNC é aquele que se situa dentro do esqueleto axial, ou seja, a cavidade craniana e o canal vertebral, constituída pela superposição dos forames vertebrais; e o SNP é aquele que se situa fora deste esqueleto. Em geral, concebe-se que o SNC possui duas partes principais, o encéfalo e a medula espinal. O encéfalo e a medula espinal formam o neuroeixo. O encéfalo é dividido nas seguintes partes: o cérebro, o tronco encefálico, e o cerebelo. O termo cérebro designa o par de hemisférios cerebrais e o diencéfalo. O tronco encefálico abrange o mesencéfalo, a ponte, e o bulbo ou a medula oblonga. No homem, a relação entre o tronco encefálico e o cérebro pode ser rudemente confrontada à que há entre o tronco e a copa de uma árvore.
O mesencéfalo é a parte estreita do encéfalo que conecta o cérebro na ponte e no cerebelo. A cavidade estreita do mesencéfalo designa-se aqueduto do mesencéfalo, que interliga o terceiro ventrículo e o quarto ventrículo. O mesencéfalo abrange muitos núcleos e feixes de fibras nervosas ascendentes e descendentes.
O bulbo apresenta uma forma cônica conecta-se com a ponte, superiormente; e a medula espinal, inferiormente. Abrange muitas quantidades de neurônios, designadas de núcleos, e serve de via para as fibras nervosas ascendentes e as fibras nervosas descendentes.
A ponte situa-se sobre a face anterior do cerebelo, inferior ao mesencéfalo, e superior ao bulbo. A ponte deriva o seu nome do amplo número de fibras transversais sobre sua face anterior, que conectam os dois hemisférios cerebelares. Também abrange muitos núcleos, fibras nervosas ascendentes, e fibras nervosas descendentes.
O cerebelo é a formação nervosa volumosa, localizada atrás do bulbo e da ponte, adentrando na constituição do teto do quarto ventrículo. O bulbo, a ponte, e o cerebelo rodeiam uma cavidade preenchida com líquido cerebrospinal, o quarto ventrículo. Este se conecta superiormente com o terceiro ventrículo por meio do aqueduto do mesencéfalo; inferiormente, continua-se com o canal central da medula espinal. Comunica-se com o espaço subaracnóideo por meio de três aberturas na parte inferior do teto. É por meio dessas aberturas que o líquido cerebrospinal dentro do SNC atinge o espaço subaracnóideo.
O cérebro, a maior parte do encéfalo, compõe-se de dois hemisférios, que são conectados por uma massa de substância branca, designada corpo caloso. Cada hemisfério cerebral expande-se do osso frontal ao osso occipital no crânio, superiormente a fossa anterior do crânio e a fossa média do crânio; posteriormente, o cérebro permanece acima do tentório do cerebelo. Os hemisférios cerebrais são separados por uma fenda profunda, a fissura longitudinal, dentro da qual se projeta a foice cerebral.
O diencéfalo está quase totalmente escondido da superfície do encéfalo. Inclui o tálamo, dorsalmente, e o hipotálamo, ventralmente. O tálamo é uma massa ovoide ampla de substância cinzenta, que se localiza de cada lado do terceiro ventrículo. A extremidade anterior do tálamo constitui o limite posterior do forame interventricular, a abertura entre os ventrículos laterais, e o terceiro ventrículo. O hipotálamo compõem a parte inferior da parede lateral e o assoalho do terceiro ventrículo.
A medula espinal localiza-se dentro do canal vertebral, na coluna vertebral, e é envolvida por três meninges, a dura-máter, a aracnoide-máter, e a pia-máter. A medula espinal é aproximadamente cilíndrica, e inicia superiormente no forame magno do crânio, onde é contínua com o bulbo. Acaba inferiormente na região lombar. Abaixo, a medula espinal afila-se no cone medular, a partir do ápice do qual um prolongamento da pia-máter, o filamento terminal, desce para aderir ao dorso do cóccix.
O SNP abrange os nervos cranianos e os nervos espinais, os gânglios e as terminações nervosas. Portanto, são vias que transportam os estímulos ao SNC, ou que carregam até os órgãos efetuadores as ordens procedidas da parte central.
Os trinta e um pares de nervos espinais estão aderidos por meio das raízes anteriores ou motoras, e as raízes posteriores ou sensitivas. Cada raiz adere à medula por uma sequência de radículas, as quais abraçam toda a extensão do segmento medular correspondente. Cada raiz nervosa posterior possui um gânglio da raiz posterior, cujas células dão origem às fibras nervosas periféricas e centrais.
Os doze pares de nervos cranianos estão conectados com o encéfalo, sendo que os dois primeiros pares de nervos cranianos, o nervo olfatório e o nervo óptico apresentam origens encefálicas no cérebro. Os demais pares de nervos cranianos possuem origens encefálicas no tronco encefálico.
Ainda que os nervos fiquem circundados por bainhas fibrosas em seu caminho por meio de diversas partes do corpo, eles são relativamente desprotegidos e frequentemente lesionados por traumatismos.
Divisão do sistema nervoso do ponto de vista funcional
Do ponto de vista funcional pode-se dividir o SN em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV). O SNS é também designado SN da vida de relação, ou seja, aquele que relaciona o organismo com o meio. Para isto, a parte aferente do SNS encaminha aos centros nervosos gerados em receptores periféricos, comunicando a estes centros sobre o que se passa no meio ambiente. Por outro lado, a parte eferente do SNS conduz aos músculos estriados esqueléticos, o comando dos centros nervosos, derivando movimentos que levam a um maior relacionamento ou integração com o meio externo.
O SNV, ou da vida vegetativa, relaciona-se com a inervação das estruturas viscerais, e é muito interessante para a integração da atividade das vísceras no sentido da homeostase. De tal modo, como o SNS, caracteriza-se no SNV uma parte aferente e outra parte eferente. O componente aferente leva os impulsos nervosos oriundos em receptores das vísceras, os visceroceptores a áreas específicas do SNC. O componente eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas viscerais acabando, pois em glândulas, no músculo liso, ou no músculo estriado cardíaco. Por definição, designa-se sistema nervoso autônomo (SNA) tão somente o componente eferente do sistema nervoso visceral, sendo que o SNA divide-se em simpático e parassimpático.
Divisão do sistema nervoso com base na segmentação ou metameria
Pode-se dividir o SN em sistema nervoso segmentar e sistema nervoso suprassegmentar. A segmentação no SN é demonstrada pela conexão com os nervos. Refere-se, pois, ao sistema nervoso segmentar todo o SNP, mais aquelas partes do SNC que estão em relação direta com os nervos típicos, ou seja, a medula espinal e otronco encefálico. O cérebro e o cerebelo dizem respeito ao sistema nervoso suprassegmentar. O nervo olfatório e o nervo óptico se ligam ao cérebro, mas não são considerados nervos típicos. De tal modo, nos órgãos do sistema nervoso suprassegmentar, a substância cinzenta situa-se por fora da substância branca e forma uma camada fina, o córtex, que reveste toda a superfície do órgão. Já nos órgãos do sistema nervoso segmentar não há córtex, e a substância cinzenta pode situar-se por dentro da branca, como acontece na medula espinal. O sistema nervoso segmentar aportou na evolução antes do suprassegmentar e, funcionalmente, pode se dizer que lhe é subordinado. De tal modo, as comunicações entre o sistema nervoso suprassegmentar e os órgãos periféricos, os receptores e os efetuadores, se realizam por meio do sistema nervoso segmentar.
Funções do sistema nervoso
(1) Orientação do corpo em relação ao ambiente interno e ao ambiente externo;
(2) Coordenação e controle das atividades do corpo;
(3) Assimilação de experiências necessárias para memória, o aprendizado, e a inteligência;
(4) Programação do comportamento instintivo, claramente mais relevante em outros vertebrados do que em humanos.
Estas quatro funções dependem da capacidade do SN em monitorar as mudanças, ou os estímulos, do interior e do exterior do corpo; em decodificar as modificações em um processo designado integração; e em executar respostas, ativando os músculos ou as glândulas. Deste modo, proferindo em termos gerais, o SN tem funções sensitivas, de integração, e motoras, todas as quais trabalham conjuntamente para manter a homeostasia do corpo.
As meninges
No SNC, a parte do SN acomodado no crânio e na coluna vertebral, não está em contato direto com o osso adjacente, porém depara-se protegido por três membranas designadas, coletivamente de meninges.
*Meninge (G.) meninx (=membrana). O termo meninx era usado pelos gregos para designar vários tipos de membranas ou peles.
O revestimento mais externo é a dura-máter, compondo um saco resistente e inelástico que abrange o encéfalo e a medula espinal. Logo abaixo da dura-máter situa-se a membrana aracnóide-máter. Esta camada da meninge apresenta aspecto e consistência semelhantes à de uma teia de aranha. Mesmo que, normalmente, não haja espaço entre a dura-máter e a aracnóide-máter, se os vasos sanguíneos que passam por meio da dura-máter se rompem, o sangue pode ser coletado na região, desenvolvendo um hematoma subdural. O acúmulo de líquido neste espaço subdural pode prejudicar o funcionamento encefálico pela compressão de partes do SNC. O tratamento do distúrbio consiste em abrir um orifício no crânio e drenar o sangue.
A pia-máter é uma membrana fina que adere estreitamente à superfície do encéfalo. Ao longo da pia-máter percorrem muitos vasos sanguíneos que, por fim, adentram no tecido neural subjacente. A pia-máter é separada da aracnoide-máter por um espaço cheio de líquido. Este espaço subaracnóideo está ocupado por um líquido transparente e salgado, designado de líquido cerebrospinal, líquido cefalorraquidiano, ou líquor.
*Dura-máter (L.) durus (=dura, forte, severa) e (L.) mater (mãe protetora). Para uns, a palavra seria uma tradução, feita por Éstefano de Antióquia ou Gerard de Cremona, de termo árabe equivalente empregado na obra de Hallis Abbas, em 1127. Os gregos reconheciam tão somente duas membranas que envolviam o encéfalo: a meninx sclera pacheia (externa) e a meninx lépte (interna) e os termos latinos equivalentes eram meninges crassa e meninges tênue. As referentes palavras árabes eram “umm al-dimag” e “umm al-raquiq”. A palavra umm significa mãe, porém os escritores árabes habituavam proclamar relações ou comparações, utilizando termos familiares (pai, mãe, irmã). As meninges eram “as membranas mãe”. Dimag é duro, espesso eraquiq é mole, fino, e daí os termos dura-máter e pia-máter. O tradutor, por ser monge, deu preferência ao termo pius em vez de tênue.
*Aracnoide (G.) arachné (=a aranha ou sua teia) e (G.) oidés (=forma de). Na mitologia grega, Arachné era uma rapariga da Lídia, com grande aptidão em tecer, que desafiou a deusa Palas Atená para uma prova. Seu trabalho foi tão completo que a deusa, por ciúme, destruiu-o. Receando sua desforra, a rapariga enforcou-se. Vendo-a morta, Palas Atená sentiu arrependimento, e converteu-a em aranha, condenando-a a tecer fios com habilidade pela vida inteira. O termo aracnoide, já empregado por Herófilo, era utilizado por Galeno para qualquer plexo venoso ou plexo nervoso. O nome só foi aplicado à meninge entre a dura-máter e a pia-máter em 1664, por Frederick Ruysch anatomista holandês.
*Pia-máter (L.) pia (=suave, fiel) e (L.) mater (mãe).  A pietas (=piedade, carinho) era um dos valores fundamentais para os romanos, sendo sua prática de suprema relevância, e uma das hipóteses para o termo declara que aos anatomistas antigos, a meninge mais interna semelhava como uma mãe afável para o cérebro, abrangendo, protegendo e nutrindo-o. Outra hipótese salienta um erro abrutalhado de tradução de textos árabes. O masculino de pai é pio, nome que, tornando próprio, foi assumido por alguns Papas da Igreja Católica, o último, Pio XII pontificou durante a Segunda Grande Guerra.
O sistema ventricular
O encéfalo possui cavidades. O fluido que preenche as “cavernas” e canais dentro do encéfalo compõe o sistema ventricular. O fluido que percorre este sistema é o líquido cerebrospinal, o mesmo fluido do espaço subaracnóideo. O líquido cerebrospinal é formado por um tecido especial, os plexos corióideos, localizados nos ventrículos encefálicos. O líquido cerebrospinal escorre dos ventrículos pareados do cérebro para uma sequência de ventrículos não pareados interconectadas no centro do tronco encefálico. O líquido cerebrospinal sai do sistema ventricular, e adentra no espaço subaracnóideo por meio de pequenos orifícios ou aberturas, perto do local onde o cerebelo fixa-se no tronco encefálico. No espaço subaracnóideo, o líquido cerebrospinal é absorvido pelos vasos de sangue por meio de estruturas anatômicas especiais, designadas de granulações aracnoides ou granulações de Pacchioni.
As origens da neuroanatomia
Idealizaremos qual poderia ter sido um dos primeiros utensílios dos homens primitivos, para ver o sistema neural central, a “inauguração da neuroanatomia” com outro nome. Os seres humanos das cavernas, quiçá, montaram um “machado” com uma extremidade distal esférica, e uma extremidade proximal cilíndrica para empunhá-lo e erguê-lo. Ao abaixá-lo com força sobre o cume da cabeça de algum desafeto, abria-lhe o crânio mais como arma do que como uma ferramenta cirúrgica. Espontaneamente, emanaram muitos séculos antes que os utensílios mais apropriados, como por exemplo, o trepano, fossem preparados para abrir crânios com intenções mais nobres, terapêuticas, para alívio e sobrevivência dos pacientes. Todavia, a anatomia só ostentou um caráter de ciência quando ela se incorporou a necessidade médica, ou seja, a arte de curar.
A palavra brain, encéfalo, em inglês procede da palavra anglo-saxônica braegen, que pode ter uma raiz usual com a palavra grega bregma, a parte superior da cabeça. A primeira citação do encéfalo designadamente como órgão aconteceu nos papiros do antigo Egito. Os egípcios antigos (3000 a 2500 a. C.) não consideravam o encéfalo relevante. Eles estimulavam o conceito cardiocêntrico, segundo o qual, o coração era o centro da alma.
Para Platão o encéfalo era “a nossa parte mais divina”. Seguiu a teoria cefalocêntrica e criou o termo enkephalon. De acordo com Platão, os giros e os sulcos do encéfalo eram análogos às cristas e os sulcos de um campo lavrado, para plantação da semente divina a fim de gerar consciência.
Alcméon de Cróton (560-500 a. C.) discípulo de Pitágoras distinguiu o encéfalo como sede da vida intelectual do ser humano, e como receptor da visão e da audição, o cérebro é o centro da vida e da inteligência, e não o coração e o diafragma como se pensava anteriormente. Alcméon de Cróton acreditavaque o espermatozoide era parte do cérebro do homem desde os catorze anos de idade.
Aparece agora a figura lendária de Hipócrates de Cós (460-377 a. C.) estimado o Pai da Medicina. Pondera o cérebro como mensageiro do pensamento. Estabeleceu uma correlação entre o cérebro e a doença sagrada, a epilepsia.
Aristóteles (384-322 a. C.) seguia a teoria cardiocêntrica egípcia. Dizia: “de todas as partes do corpo não há nenhuma tão fria como o cérebro, é a mais seca e que tem menos sangue”, considerou o cérebro como o resfriador do sangue.
Herófilo (aproximadamente 325 a. C.) professor de anatomia em Alexandria, considerava o cérebro como a sede da inteligência e expôs muitas de suas estruturas, como por exemplo, as meninges, o encéfalo, o cerebelo, e o quarto ventrículo. Foi também o primeiro a distinguir os nervos sensitivos e os nervos motores.
Erasístrato (aproximadamente 300 a. C.) natural de Keos, preocupava-se mais pelas funções do corpo do que pela estrutura e comumente é designado de Pai da Fisiologia. Aperfeiçoou os conhecimentos sobre o cérebro e o cerebelo, o qual considerou estes órgãos como a sede da alma. Distinguiu a substância cerebral e não a dura-máter como a origem dos nervos cranianos. Determinou o cérebro e o cerebelo como órgãos parenquimatosos. Erasístrato expôs os ventrículos encefálicos. Junto com Herófilo, estabeleceram que o número de giros esta relacionado com a inteligência humana. Insiste na qualidade de dois tipos de nervos, o da sensibilidade e o da motricidade. Procurou na autópsia as causas da morte ou a explicação das doenças.
Galeno (130-200 a. C.) natural de Pérgamo, médico da Escola de Esgrima, exerceu medicina em Roma. As descrições de Galeno raramente se adequam aos órgãos de humanos; suas descrições foram realizadas em macacos, boi e porco. Quanto não teria efetuado Galeno na anatomia se lhe fosse consentida a dissecação de cadáveres humanos, uma vez que viveu em uma época onde milhares de infelizes eram sacrificados pelo capricho brutal da população romana em particular pelos seus imperadores, mas que não possibilitavam a anatomia servir-se dos cadáveres. As principais notas de Galeno deparam-se no campo do SN. Os nervos medulares foram divididos segundo as regiões, e os nervos cranianos em número de nove pares: o nervo óptico, o nervo oculomotor, o nervo facial, o nervo troclear, o nervo trigêmeo, o nervo palatino, o nervo acústico, o grupo vocal, e o nervo hipoglosso. Já reconhecia o infundíbulo da hipófise que consentia comunicar-se com a cavidade nasal.
Jacopo Berengario (1480-1550) foi professor em Bolonha durante 25 anos. Conta à história ter ele dissecado mais de 100 cadáveres humanos. Descreve a medula espinal, terminando no adulto ao nível de L2.
O grande renascentista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) tinha a escrita invertida, que é uma das características das anotações do canhoto Leonardo, em seus desenhos. Ele determinou, experimentalmente, a estrutura de órgãos complexos do corpo humano, como por exemplo, o cérebro; fez moldes em cera dos ventrículos encefálicos para estudar a sua estrutura.
A publicação, no século XVI, em 1543, do grande tratado, em anatomia, De Humanis Corporis Fabrica, pelo anatomista belga Andreas Vesalius (1514-1564) foi um grande momento na História da Medicina. Nesse tratado, entre outras coisas, Vesalius rescinde com a teoria vigorante da localização dos processos mentais nos ventrículos encefálicos. Todavia, ele persistiu a crer que os ventrículos encefálicos eram um lugar para armazenamento dos espíritos animais, de onde eles partiriam para alcançar os órgãos sensoriais, ou de movimento por meio da sua inervação.
René Descartes (1596-1650) um dos maiores filósofos ocidentais de todos os tempos. Ao estudar fenômenos simples, como o movimento involuntário que acontece em um membro quando alguém queima sua mão, ou seu pé em uma chama, Descartes sugeriu a ideia do arco reflexo, e perfeitamente identificou seus componentes à sensação de dor, a condução da mesma pelos nervos que levam ao SNC, os nervos motores sendo excitados, e por fim os músculos que são responsáveis pelo ato.
Thomas Willis, médico, anatomista, e fisiologista inglês (1621-1675). Willis foi professor de Filosofia Natural da Universidade de Oxford, de 1660-75. Estudou a anatomia do SNC, e a circulação do sangue (Cerebri Anatome, 1664). Descreveu o "círculo de Willis", um complexo vascular na base do cérebro, juntamente com sua função. Utilizou pela primeira vez o termo "ação reflexa”. Willis sugeriu que o plexo corióideo era o responsável pela absorção do líquido cerebrospinal.
Marie Jean Pierre Flourens (1794-1867) francês estudioso de anatomia comparada sugeriu que as funções encontravam-se precisamente nas várias partes do córtex cerebral. Identificou o cerebelo como um coordenador motor, ainda que tenha idealizado erroneamente que esse controle era feito contralateralmente. Descreveu perfeitamente o sistema vestibular como portador da vertigem e do nistagmo.
Franz Gall (1758-1829) médico e anatomista vienense. Fundador da disciplina de frenologia e pai da localização cerebral. Descreveu a intumescência cervical e a intumescência lombossacral da medula espinal, a diferenciação entre a substância cinzenta e a substância branca, e as origens do nervo óptico, do nervo troclear, e do nervo abducente. Ele é mais conhecido, contudo, pela localização da função cerebral. Isolou 26 áreas cerebrais e relacionou-as ao intelecto, sentimentos e atributos mentais, a maioria das quais se tornou mal fundamentada. Depois de décadas de notoriedade, a disciplina de frenologia desmoronou em infelicidade, quando foi recomendada como método para eleger membros do parlamento, entre outros.
Luigi Rolando (1773-1831) anatomista italiano. Mais conhecido por sua descrição do sulco central em 1825, assim designado por Leurat em 1839. Leurat não sabia da primeira descrição feita por Vicq d’Azir. Também foi reconhecido por descrever a substância gelatinosa da medula espinal, e a função motora ipsilateral do cerebelo.  
François Magendie (1783-1855) fisiologista francês. Reconhecido por inserir os métodos de fisiologia experimental na farmacologia e na patologia. Com Sir Charles Bell, desenvolveu a lei de Bell-Magendie, que dizia: “as raízes espinais anteriores são motoras e as raízes posteriores são sensitivas”. Descreveu o líquido cerebrospinal em 1827, e o forame de Magendie, atualmente abertura mediana do quarto ventrículo, no teto do quarto ventrículo, em 1842. Além disso, descreveu o espaço de Magendie, o espaço subaracnóideo, correspondendo aos principais sulcos dos hemisférios cerebrais.
Charles Bell (1774-1842) descreveu o nervo torácico longo.                          
Felix Vicq d’Azir (1746-1794) médico e anatomista francês. Desenvolveu a teoria da homologia em biologia. Descreveu a fissura horizontal do lobo posterior do cerebelo; a estria da camada granular interna do córtex do cérebro; o fascículo mamilotalâmico; e o forame cego anterior, que é a terminação na fissura mediana ventral da medula espinal; e as terceiras e quintas camadas no córtex cerebral.
A ideia de que espíritos animais cursavam os nervos, originada nos pensadores gregos, permaneceu corrente até o século XVII, quando ficou evidenciada a natureza elétrica na condução nervosa, enfatizando-se para isso o trabalho de Luigi Galvani (1737-1798) primeiramente e, já no século seguinte, o de Emil Du Bois-Reymond (1818-1896). Du Bois-Reymond executou seus estudos sobre a transmissão nervosa na década de 1840 e, na década de 1870, sugeriu que os órgãos efetuadores seriam excitados pelos nervos por meio de corrente elétrica, ou de substâncias químicas liberadas nas terminações nervosas, terminando assim, o ciclo dos espíritos como determinantes de atividade nervosa.
Fillipo Pacini (1812-1883) anatomista italiano, que redescobriu cerca de um século após Abraham Vater (1684-1751) anatomista alemão; as terminações nervosas encapsuladas de vasta distribuição. São designados de corpúsculos de Vater-Pacininomeados em homenagem aos dois anatomistas.
Grandes células em forma de frasco presentes no cerebelo foram descritas por Johannes Purkinje, fisiologista da Boêmia, em 1837. Theodor Schwann, anatomista alemão descreveu em 1838, as células produtoras de mielina no SNP, designadas de células de Schwann. Terminações nervosas encapsuladas foram descritas por George Meissner, anatomista alemão, em 1853.
A versão moderna da teoria das localizações cerebrais principiou-se com Pierre Paul Broca (1822-1895) anatomista, cirurgião, e antropólogo francês. A explanação de Broca sobre a afasia popularizou o conceito de que funções corticais específicas poderiam ser localizadas na superfície do cérebro. Esta ideia originou nova relevância aos giros cerebrais, e Broca foi um dos pioneiros a realizar descrições concisas da anatomia cortical. Introduziu o conceito de lobo límbico.
O trabalho de Broca sobre a determinação das localizações cerebrais foi seguido pelas explanações neurológicas de Charcot (1825-1893), Gowers (1845-1915) e Jackson (1835-1911) sobretudo quanto à representação da área motora, permitindo o começo da cirurgia de retirada dos tumores encefálicos antecipadamente localizados pelo exame neurológico.
Em 1860, Wilhelm Johann Friedrich Krause (1833-1910) descreveu as terminações nervosas encapsuladas, bulbos terminais de Krause, vastamente disseminadas, e relacionadas à sensibilidade térmica. Terminações nervosas livres posicionadas no estrato germinativo da epiderme que conduzem sensibilidade tátil foram descritas por Friedrich Sigmund Merkel (1845-1919) anatomista alemão em 1880. Em 1898, o anatomista italiano, Ângelo Ruffini (1874-1929) descreveu as terminações nervosas encapsuladas designadas de corpúsculos de Ruffini.
A primeira evidência experimental de localização cortical da função motora foi exposta por Fritsch (1838-1891) e Hitzig (1838-1907) em cães, em 1870. Com a estimulação elétrica conseguiram diferentes movimentos em diversas localizações do córtex, explicando que distintas áreas do cérebro apresentam funções diferentes. A partir de 1873, Ferrier (1843-1928) começou os experimentos sobre a estimulação do córtex em macacos para testar as teorias de Jackson (1835-1911) e os resultados de Fritsch e Hitzig. Em 1876, publicou The functions of the brain com estudo das localizações de funções cerebrais.
O aprimoramento do microscópio no começo do século XIX proporcionou aos cientistas sua primeira chance de observar tecidos animais em magnificações maiores. Os nodos de Ranvier que consistem em interrupções na bainha de mielina ao longo do axônio, onde o citoplasma da célula de Schwann entra em contato com o axônio, foram descritos por Loius Antoine Ranvier, histologista francês em 1871.
No século XX, o fisiologista americano Walter Cannon (1871-1945) explicou como o SNA regula o meio interno do corpo. Ele foi o criador de duas elocuções mnêmicas na língua inglesa que durante muito tempo, esclareceram as diferenças funcionais entre a divisão simpática e a divisão parassimpática do SNA. Segundo ele, a função simpática seria fight or flight, lutar ou fugir; enquanto a parassimpática seria rest and digest, repousar e digerir.
Introdução aos termos da neuroanatomia
A terminologia da neuroanatomia é particularizada na descrição da organização tridimensional complexa do encéfalo. Os eixos do SN são com facilidade entendidos em animais, que apresentam um SNC mais simples do que aquele dos seres humanos. No rato, por exemplo, o eixo rostrocaudal se estende aproximadamente em linha reta desde o nariz até a cauda. Esse eixo é o eixo longitudinal do SN, comumente designado neuroeixo, porque o SNC apresenta uma organização longitudinal predominante. O eixo dorsoventral, perpendicular ao eixo rostral, se estende desde o dorso até o abdome. Os termos posterior e anterior, são sinônimos de dorsal e ventral, concomitantemente.
O eixo longitudinal do SN humano não é reto como no rato. Durante o a formação, o encéfalo, e, por conseguinte, seu eixo longitudinal sofre uma curvatura proeminente, ou flexura, no mesencéfalo. Em vez de descrever as estruturas anatômicas localizadas rostrais a essa flexura, normalmente usam-se os termos superior e inferior. Essa curvatura do eixo reflete a insistência da flexura cefálica.
Determinam-se três planos fundamentais em relação ao eixo longitudinal do SN nos quais os cortes anatômicos são executados. Os cortes horizontais são realizados paralelamente ao eixo longitudinal, de um lado a outro. Os cortes transversos são realizados perpendicularmente ao eixo longitudinal, entre as faces anterior e posterior. Os cortes transversos do hemisfério cerebral são aproximadamente paralelos à sutura coronal do crânio e, por conseguinte, também designados de cortes coronais. Os cortes sagitais são realizados paralelamente tanto ao eixo longitudinal do SNC como à linha mediana, entre as faces anterior e posterior. Um corte mediossagital divide o SNC em duas metades simétricas, enquanto um corte parassagital é realizado fora da linha mediana.
Quadro de afixos e termos
	Afixos ou termos
	Significado
	Exemplo
	Colículo
	Saliência
	Colículo inferior
	Córtex
	“Casca” exterior
	Córtex cerebral
	Di-
	Através
	Diencéfalo
	-encéfalo
	Pertencente ao encéfalo
	Mesencéfalo
	Fago
	“Comer”
	Fagocitose
	Fascículo
	Feixe
	Fascículo lateral
	Foice
	“Em forma de foice”
	Foice do cerebelo
	Glosso-
	Língua
	Glossofaríngeo
	Lemnisco
	Fita
	Lemnisco lateral
	Mes-
	Meio
	Mesencéfalo
	Met-
	Depois
	Metencéfalo
	Miel-
	Medula
	Mielencéfalo
	Pedúnculo
	Ponte
	Pedúnculo Cerebelar
	Pros-
	Em
	Prosencéfalo
	Romb-
	“Em forma de diamante”
	Rombencéfalo
	Sub-
	Abaixo
	Subcortical
	Tel-
	Final
	Telencéfalo
 
Modificado de FULLER, D.R. Anatomia e fisiologia aplicada à fonoaudiologia. 1ª edição. Editora Manole. 1ª edição, 2014, 401 p.
 
Generalidades sobre o encéfalo
 
A arte de pensamento deste órgão arquitetou a tecnologia para lançar foguetes no espaço, sanou patologias, mapeou o genoma humano, e fracionou os átomos. Mas com todas essas concretizações, o encéfalo humano continua ainda vastamente desconhecido em seus próprios funcionamentos.
Este conjunto de estruturas consiste em um dos maiores órgãos do corpo humano, formado de aproximadamente 100 bilhões de neurônios e 10 a 50 trilhões de neuróglia. No homem adulto médio, o encéfalo humano pesa cerca de 1400 gramas, o equivalente a 2% da massa corporal total. O encéfalo do homem é em média, um pouco mais pesado que o da mulher, ainda que isso não tenha relação com a inteligência. Dessa maneira, o peso do encéfalo humano varia segundo numerosas situações, como por exemplo, a idade, a massa corporal, a estatura, e a raça.
O encéfalo humano é o mais pesado do que o de qualquer um dos animais inferiores, exceto o do elefante e o da baleia. O encéfalo do primeiro pesa 3.5 a 5.4 quilos, e o da baleia, num espécime de 19 metros de comprimento, pesa mais de 6.7 quilos.
O peso do encéfalo humano eleva com a idade, alcançando o seu peso máximo entre 20 e 30 anos de idade. Entre 30 e 40 anos de idade paralisa o seu desenvolvimento, e a partir de 50 anos de idade reduz rapidamente. Dos 50 anos aos 70 anos de idade se aponta maior descenso, de tal maneira que nos indivíduos de 70 a 80 anos de idade, o encéfalo humano pesa de 50 a 100 gramas a menos de quando se tinha 30 anos de idade. Nenhum órgão avoluma tão veloz desenvolvimento durante os primeiros anos de vida, como o encéfalo humano. O encéfalo do recém-nascido pesa em média 400 gramas, este peso é duplicado com um ano de idade, ou seja, 800 gramas, e triplicado aos cinco anos de idade, ou seja, 1200 gramas. Durante a vida intrauterina, o acelerado desenvolvimento encefálico acontece desde o sexto mês até o oitavo mês de gestação. O peso do encéfalo no sexto mês de gestação é de 100 gramas, dobra no oitavo mês de gestação, ou seja, 200 gramas, e quadruplica no recém-nascido, chegando a 400 gramas.
A influênciada raça sobre o peso encefálico é assunto de averiguações. Entre os países europeus, o peso médio do encéfalo humano varia, como por exemplo, nos alemães (1425 gramas), nos suecos (1399 gramas), nos ingleses (1346 gramas), nos italianos (1301 gramas), nos franceses (1280 gramas); contudo as discrepâncias entre a estatura e a massa corporal entre uns e outros indivíduos é um fator relevante.
O maior encéfalo humano mencionado pesava 2850 gramas e pertencia a um indivíduo epilético com deficiência mental. Durante muito tempo relacionou-se inteligência com o peso do encéfalo humano, de acordo sua atividade.  Segue uma lista de alguns casos conhecidos: Bismarck (político), 1807 gramas; Kant (filósofo), 1600 gramas; Giacomini (anatomista), 1495 gramas; Broca (anatomista), 1484 gramas; Dante (poeta), 1427 gramas; Einstein (físico), 1230 gramas; Coveiro (zoólogo), 1830 gramas; Turgenieff (romancista), 2010 gramas; Webster (advogado), 1518 gramas; Tiedemann (médico), 1253 gramas; Hausmann (urbanista), 1225 gramas; Franz Gall (pai da localização das funções cerebrais), 1198 gramas.
Assim, o encéfalo de Einstein não era maior do que a média, no entanto ele continha um número expressivamente menor de neurônios por unidade de volume. Este achado aceitaria que se conjecturasse que, no encéfalo de Einstein, as conexões neuronais eram muito mais complexas do que a média. Graças ao número superior de sinapses por volume, os neurônios poderiam ficar mais distantes uns dos outros.
As variações do peso encefálico nos seres humanos, conforme observado anteriormente modificam dentro de limites muito extensos, sendo considerados como normais os encéfalos entre 1050 a 2000 gramas. Acima do peso máximo apontado, os indivíduos são designados de macrocéfalos, e abaixo destes valores, os indivíduos são designados de microcéfalos. Uma vez que não há necessidade de alargamento para adequar o encéfalo pequeno, o crânio também se mantém pequeno.
A craniosquise é o crânio bífido, uma má formação que implica da deficiência do fechamento completo do tubo neural ao nível do encéfalo. As estruturas mesodérmicas correspondentes também não se desenvolvem, resultando em deformidades agressivas do crânio. Uma encefalocele é uma herniação de tecido encefálico por meio de defeito do crânio. O defeito do desenvolvimento somado com a craniosquise é designado  de anencefalia.
Na deformidade de Arnold-Chiari, partes do cerebelo e mesmo do bulbo estão movidos para o interior do canal vertebral por meio do forame magno, devido a modificações nas relações dos ossos nesta região. Este tipo de hérnia consiste em uma evaginação de tecido por meio de um forame é menos intenso do que aquelas que acontecem quando existe hipertensão intracraniana.
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CONTEÚDO 3 – EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO
O desenvolvimento pré-natal da espécie humana ocorre durante 266 dias, correspondendo o período de 38 semanas. Na clínica médica, o período da gestação é calculado a partir do primeiro dia da última menstruação, ou seja, pós-menstruação. Dessa maneira, os 266 dias relativos ao período de desenvolvimento pré-natal adicionam-se 14 dias, totalizando 280 dias, ou 40 semanas de gestação. Uma vez que o tempo entre a menstruação e a ovulação com a concepção subsequente é modificável, pois nem sempre obedecem aos 14 dias, diferentes meios podem ser utilizados para estimar a data do nascimento, quando o dia da concepção é desconhecido.
A determinação do tempo de desenvolvimento pré-natal é realizada a partir do instante da fertilização, ou seja, pós-concepção. Assim, o desenvolvimento pré-natal pode ser dividido em três períodos. O primeiro período designado desenvolvimento precoce, que corresponde às primeiras semanas de desenvolvimento, entre a 1ª e a 3ª semana de desenvolvimento. O segundo período, designado período embrionário, que envolve a 4ª até a 8ª semana de desenvolvimento. O terceiro período, designado como período fetal abrange a 9ª até a 38ª semana de desenvolvimento pré-natal.
Espermatozoides e Ovócitos
O sistema genital masculino e o sistema genital feminino apresentam por fim efetuar a perpetuação da espécie. Compreende os órgãos produtores de gametas, as gônadas, e as vias condutoras dessas células sexuais. A perpetuação incide na competência que os seres vivos têm para gerar outros seres da mesma espécie e com as mesmascaracterísticas dos seus progenitores.
Os órgãos sexuais do homem e da mulher consistem em gônadas, nos ductos e nas glândulas acessórias, e nas estruturas reprodutivas externas conhecidas usualmente como genitália. As gônadas (gonos: semente) são os órgãos que produzem os gametas (gamein: acasalar-se), ou seja, as células reprodutivas, os ovócitos nas mulheres e os espermatozoides nos homens. As células reprodutivas se unem para formar um novo indivíduo. As gônadas do homem são os testículos, enquanto que as gônadas na mulher são os ovários. Os testículos e os ovários repartem algumas semelhanças, como deve ser pretendido em órgãos que possuem a mesma origem embrionária. Ambos produzem os hormônios e os gametas, ainda que os gametas em si e a duração da sua produção sejam bastante desiguais.
A duração da produção dos gametas, ou gametogênese, é muito diferente em indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino. As mulheres nascem com todos os ovócitos que vão ter durante a sua vida reprodutiva. Durante o período de vida reprodutiva, os ovócitos amadurecem, e são liberados, expulsos dos ovários uma vez a cada mês, durante aproximadamente os 40 anos de idade. Então os ciclos reprodutivos femininos cessam em uma fase designada de menopausa. Os homens, ao contrário, produzem os espermatozoides ininterruptamente desde que atingem a maturidade sexual. A produção de espermatozoides e de testosterona declina com a idade, porém não cessa da mesma maneira, como ocorre com os ciclos femininos.
Os espermatozoides e os ovócitos também são muito diferentes. Os ovócitos consistem em uma das maiores células do corpo humano, não são móveis e devem ser conduzidos ao longo das vias sexuais por meio de correntes produzidas por contrações da musculatura lisa ou pelo batimento dos cílios. Os espermatozoides, por outro lado, são bastante pequenos, e as únicas células flageladas do corpo humano, altamente móveis, sendo aptos de nadar, subindo pelo sistema genital feminino na procura pelo ovócito com o objetivo de fertilizá-lo.
Da fecundação até a implantação
Para que a fecundação aconteça, o espermatozoide inicialmente deve adentrar a corona radiata, camadas de células que rodeiam o ovócito, e depois a zona pelúcida, uma camada transparente de glicoproteína localizada entre a corona radiata e a membrana celular do ovócito.
A partir do instante em que alcançam o ovócito, diversos espermatozoides passam a corona radiata, porém apenas um fertiliza o ovócito. Entretanto, um grande número deles conserva-se na vizinhança do ovócito para que isso aconteça. Crê-se que tal fato se deva à necessidade das enzimas presentes no acrossomo de cada espermatozoide, abrangendo a hialuronidase e as proteases. Após contatar com a corona radiata, o acrossomo do espermatozoide capacitado se abre e libera suas enzimas. A hialuronidase desfaz a zona pelúcida e a substância que conserva conectadas as células da corona radiata, consentindo desta maneira a entrada do espermatozoide ao ovócito.
O capuz do acrossomo tem no seu interior glicoproteínas e enzimas lisossomais respeitáveis na fertilização, que são usadas para quebrar as membranas do ovócito. A vesícula acrossômica pode ser ponderada um lisossoma alterado. As enzimas digerem proteínas e açúcares complexos. O espermatozoide, ao alcançar as vizinhanças do ovócito, sofre a designada reação acrossômica, isto é, a membrana celular do espermatozoide vesiculam-se e desfazem-se, possibilitando o desprendimento das enzimas acrossomais. Essa reação culmina com a liberação de enzimas indispensáveis para a penetração na zona pelúcida, que contêm a acrosina e substâncias análogas à tripsina.
A parede do útero é formada por três camadas, o endométrio; o miométrio e o perimétrio. Desde a puberdade até a menopausa, o endométrio, sob o controle hormonal dos ovários, passa por alterações em ciclos de aproximadamente de 28 dias. Durante esse ciclo menstrual, o endométrio passa por três estágios, o folicular, ou fase proliferativa, o secretório, ou fase progestacional, e a fase menstrual. No período da implantação, a mucosa do útero está na fase secretória durante a qual as glândulas e as artérias tornam-se espiraladas e o tecido intumescido. Isso possibilita o reconhecimento de três camadas no endométrio, a camada compacta ou superficial; a camada esponjosa ou intermediária e a camada basal ou delgada. Normalmente, o blastocisto humano se implanta no endométrio da parede posterior ou na anterior do corpo do útero, onde se põe entre as aberturas das glândulas.
Após a fecundação, inicia a divisão mitótica deste núcleo e a clivagem da célula ou segmentação que dão origem à etapa bicelulada, que é o começo do desenvolvimento embrionário do indivíduo. Esse processo tem princípio cerca de 30 horas após a fecundação. Estas duas primeiras células, designadas como blastômeros, blasto = broto ou embrião; méros = partes, logo sofrem divisão, e o processo de clivagem ou segmentação prosseguem até que se tenha constituído um grupo de células filhas.
Em torno de 40 e 50 horas depois da fecundação, o embrião é formado por quatro blastômeros. Estes prosseguem se dividindo, e constitui uma estrutura multicelular com aparência de uma amora, o que lhe deu o nome de mórula. Durante a segmentação, o ovo não eleva de tamanho. A mórula tem o mesmo tamanho que o ovo unicelulado. Crê se que são precisos possivelmente, dois ou três dias para que se originem cinco ou seis clivagens e, enquanto isso ocorre, o ovo passa por meio da tuba uterina. A mórula está envolta pela zona pelúcida, e é constituída por uma massa celular externa, em torno de uma massa celular interna.
A partir do estágio de oito blastômeros, eles se juntam fortemente entre si, levando a um fenômeno de compactação do embrião que, no entanto, é maciço. A adesividade celular desempenha um importante papel na segmentação. Quando penetra na cavidade uterina, a mórula com 12 a 16 blastômeros tem 72 horas de evolução a partir da fecundação.
Uma vez que a mórula se depara dentro do útero, suas células periféricas segregam líquido, o que leva a formação de uma cavidade em seu interior. Este estágio embrionário é designado blástula ou blastocisto. Esta estrutura é formada por uma camada de células periféricas que abrangem o trofoblasto, tropho = desenvolver ou nutrir, massa celular externa; e um maciço celular interno, o nó ou botão embrionário, massa celular interna ou embrioblasto; e uma cavidade, o blastocele, com líquido no seu interior, a cavitação. Calcula-se que no 4º dia a partir da fecundação o blastocisto conta com cerca de 60 células.
No 7º ou 8º dia após a fecundação, a zona pelúcida já esvaeceu e o blastocisto entra em contato com a mucosa da tuba uterina ou endométrio, a ela aderindo. O trofoblasto abre o seu caminho no endométrio digerindo o tecido uterino e do 8º ao 10º dia modifica-se em uma massa espessa, invasora, mergulhada na mucosa com uma fina parede do blastocisto, perfazendo saliência na cavidade uterina.
Células especializadas do trofoblasto produzem projeções em forma de dedos, designadas sinciciotrofoblasto. O sinciciotrofoblasto origina-se de uma porção específica do trofoblasto, designada citotrofoblasto, situado próximo ao embrioblasto. O blastocisto ampara-se contra o aborto, secretando um hormônio que indiretamente impede a menstruação. Até mesmo antes do início da implantação, o sinciciotrofoblasto secreta gonadotrofina coriônica humana, a hCG. Esse hormônio é análogo ao hormônio luteinizante em seus efeitos e, portanto, está capaz a conservar o corpo lúteo além do tempo que, caso oposto, deveria regredir.
Cerca de seis a nove dias após a fecundação, a hCG pode ser detectada no sangue da mulher gestante. Na urina, o hormônio pode ser detectado somente 14 dias pós-fecundação. A hCG também semelha ser responsável pelas sensações de vômito, a êmese da gestação, durante os estágios iniciais da gestação.
A secreção de estrógenos e de progesterona é conservada, e a menstruação normalmente é suspensa. A hCG cai em torno da 10ª semanada gestação. De fato, esse hormônio só é imprescindível durante as primeiras cinco e seis semanas de gestação porque a própria placenta se torna uma glândula ativa secretora de esteroides nesse momento.
Segunda semana do desenvolvimento
A partir do oitavo dia após a fecundação o blastocisto adentrou no estroma do endométrio. O trofoblasto se distinguiu em uma camada interna, que prolifera ativamente, o citotrofoblasto, e uma camada externa, o sinciciotrofoblasto. A partir do sinciciotrofoblasto, no fim da 2ª semana, começa-se a circulação uteroplacentária primitiva. Enquanto isso, o citotrofoblasto constitui colunas celulares que adentram no sincício e são abrangidas por ele. Estas colunas formam as vilosidades primárias.  Já, a massa celular interna, ou embrioblasto constitui o disco embrionário bilaminar, que consiste em epiblasto e hipoblasto. As células orientadas em direção à cavidade do blastocisto compõem uma camada de células achatadas, o hipoblasto, enquanto que as células vizinhas do trofoblasto se diferenciam em um epitélio prismático, o epiblasto.
As células do ectoderma se prosseguem com os amnioblastos, e unidos, rodeiam uma nova cavidade, a cavidade amniótica. As células do endoderma são contínuas com a membrana exocelômica, e unidas, abrangem o saco vitelino primitivo.
Formação dos discos embrionários
No 12º dia o embrião está totalmente implantado e a abertura do endométrio já foi recoberta pelo epitélio uterino. O trofoblasto compôs uma massa esponjosa que desfez as paredes de alguns vasos do endométrio, e os cordões de suas células permanecem assim banhados no sangue materno. O trofoblasto prossegue então a crescer velozmente, associando-se mais tarde com o mesoderma para constituir o cório e a membrana extraembrionária que abriga o embrião. Determina contato com o sangue materno para absorção de oxigênio, de substâncias nutritivas, e para a eliminação de resíduos metabólicos.
Durante a designada reação decidual do endométrio, os leucócitos que incutem o seu estroma produzem interleucina-2, que impede o desconhecimento do embrião por parte do organismo materno, que pode chegar a julgá-lo um corpo estranho. Os mecanismos imunológicos mediante os quais a mãe não conhece o embrião não são, no entanto, bem conhecidos. Os abortos espontâneos são de todas as formas, de uma grande frequência, em torno de 50%; a maioria dos quais acontece dentro das três primeiras semanas de gestação. Comumente correspondem a grandes anomalias do embrião.
Quando o blastocisto completa a implantação durante a 2ª semana de desenvolvimento, o embrioblasto sofre acentuada diferenciação. Um espaço análogo a uma fenda, designada cavidade amniótica compõem-se entre o embrioblasto e o trofoblasto. O embrioblasto esmaga-se e constitui-se o disco embrionário, que consiste em duas camadas, o ectoderma superior, que está mais próximo da cavidade amniótica e o endoderma inferior, que margeia a cavidade blastocística.
O saco vitelino primário constitui-se, por meio do revestimento da cavidade do blastocisto, com células do hipoblasto, o saco vitelino secundário forma-se pela constrição da parte não embrionária do saco vitelino primário.
O desenvolvimento dos espaços intercelulares entre o epiblasto e o citotrofoblasto compõe a cavidade amniótica primária, que é cheia por líquido, e seu revestimento, com células migratórias do epiblasto, o amnioblasto, deriva na formação da cavidade amniótica secundária.
O mesoderma extraembrionário origina-se do hipoblasto, abrange o saco vitelino primário e a cavidade amniótica secundária. A formação de fendas neste local deriva no celoma extraembrionário.
O mesoderma extraembrionário divide-se em mesoderma extraembrionário, parietal e visceral.  A parte do mesoderma extraembrionário que constitui contato internamente no citotrofoblasto, o mesoderma extraembrionário parietal compõem, junto com o citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto, o cório, que dá origem à parte fetal da placenta. Portanto, o celoma extraembrionário é também designado de cavidade coriônica. O mesoderma extraembrionário visceral recobre o saco vitelino secundário, sendo substituído, em seguida, pelo mesoderma intra-embrionário.
Formação do disco embrionário trilaminar
Pouco tempo depois, uma terceira camada, designada mesoderma constitui-se entre o ectoderma e o endoderma. Essas três camadas formam as camadas germinativas primárias. Portanto, a gastrulação consiste em um conjunto de movimentos celulares que guiarão à formação das três camadas germinativas, ou folhetos germinativos, primárias do embrião, o ectoderma ou disco embrionário externo, situado dorsalmente; o mesoderma ou disco embrionário central; e o endoderma ou disco embrionário interno, situado ventralmente. Uma vez constituídas, ao final da 2ª semana, remata-se o período pré-embrionário e principia o período embrionário.
As camadas germinativas primárias são de maneira especiais importantes, porque todas as células e os tecidos do corpo humano são procedidos delas. As células do endoderma geram o revestimento do trato gastrointestinal, os órgãos digestivos, o trato respiratório e os pulmões, a bexiga urinária e a uretra. Células do mesoderma geram o esqueleto, os músculos, o sangue, os órgãos genitais, a derme da pele e o tecido conjuntivo. As células do ectoderma geram a camada externa da pele, a epiderme, incluindo os pelos, as unhas e as glândulas da pele, as partes dos órgãos sensoriais e do SN.
Formação do ssistema nervoso
Quando o embrião humano está com 1,5 milímetros de comprimento, e aproximadamente 18 dias de vida, o ectoderma na face dorsal do embrião entre o nó primitivo e a membrana bucofaríngea torna-se encorpado para compor a placa neural. A placa neural, que é piriforme e mais larga cranialmente, desenvolve um sulco neural longitudinal, que em seguida exibe uma invaginação para o interior do embrião, compondo o sulco neural, cujas extremidades terminam se juntando, e se sobressaindo do ectoderma para formar um tubo que se situa no interior do mesoderma, designado tubo neural. Nesse momento de junção logo abaixo do ectoderma compõem-se dois prolongamentos laterais, as cristas neurais.
O desenvolvimento do tubo neural, o qual é precursor do cérebro e da medula espinal determina um processo designado neurulação. O tubo neural dá origem a elementos do SNC, enquanto a crista neural dá origem a elementos SNP, além de elementos não pertencentes ao SN. Portanto, os elementos procedidos da crista neural são os seguintes: os gânglios sensitivos, os gânglios do sistema nervoso autônomo (SNA) a medula da glândula suprarrenal, os paragânglios, os melanócitos, as células de Schwann, os anfícitos, as células C da tireoide, e os odontoblastos. Contudo, pesquisas mais atualizada confirmaram que algumas estruturas tidas como oriundas do ectoderma na realidade se originam da crista neural, como a dura-máter, a aracnóide-máter e algumas partes do crânio.
A extremidade anterior do tubo neural se desenvolve mais que a parte posterior e compõem uma dilatação, designada vesícula encefálica ou arquencéfalo. Então, o começo do SNC. Esta parte anterior, dilatada vai compor o encéfalo, e a parte posterior que não se diferencia tanto, vai compor a medula espinal.
A vesícula encefálica, prosseguindo o seu desenvolvimento se divide em três vesículas primordiais, designadas respectivamente, prosencéfalo, a anterior; mesencéfalo, a média; e rombencéfalo, a posterior, esta última é contínua com o tubo neural restante, a medula espinal.
Na fase seguinte, o prosencéfalo se divide outra vez, constituindo duas novas vesículas, o telencéfalo, a mais anterior e o diencéfalo, a segunda. A segunda vesícula primitiva, e que agora passou a ser a terceira persiste inalterada e prossegue sendo o mesencéfalo.
A última vesícula o rombencéfalo se diferencia outra vez, constituindo duas novas vesículas, o metencéfalo que vai formar a ponte e o cerebelo; e o mielencéfalo que vai constituir o bulbo.     
Correlações anatomoclínicas
Anomalias congênitas
Na realidadequalquer parte do SN pode despontar defeitos do desenvolvimento, e estes geram uma enorme variedade de sinais e sintomas clínicos. A espinha bífida, a hidrocefalia e a anencefalia acontecem, cada uma, seis vezes por 1000 nascimentos e, dessa maneira, são as anomalias congênitas mais frequentes.
Espinha bífida
Na espinha bífida, os processos espinhosos e os arcos de uma ou mais vértebras adjacentes não se formam. O distúrbio é mais frequente na região torácica inferior, na região lombar e na região sacral. Embaixo desse defeito, as meninges e a medula espinal podem ou não ser afetadas em graus variáveis. O distúrbio provém de uma falha do mesênquima, que cresce entre o tubo neural e o ectoderma superficial, constituindo os arcos vertebrais na região atingida. Há diversos tipos de espinha bífida.
A espinha bífida oculta apresenta os processos espinhosos e os arcos de uma ou mais vértebras, geralmente na região lombar, estão ausentes, e o canal vertebral continua aberto posteriormente. A medula espinal e as raízes nervosas habituam ser normais. O defeito é coberto pelos músculos pós-vertebrais e não é vista na superfície. Pode existir um pequeno tufo de pelos, ou um tumor adiposo sobre o defeito. A maioria das ocorrências é assintomática e diagnosticada por casualidade, quando se observa uma radiografia da coluna vertebral.
Na meningocele, as meninges projetam-se por meio do defeito nos arcos vertebrais, constituindo uma tumefação cística embaixo da pele e, tendo líquido cerebrospinal, que se comunica com o espaço subaracnóideo. A medula espinal e os nervos espinais, em geral são normais.
Na meningomielocele, a medula espinal normal, ou cauda equina, encontra-se dentro do saco meníngeo, que se projeta por meio do defeito nos arcos vertebrais. A medula espinal ou as raízes nervosas são fixadas à parede interna do saco meníngeo.
Na mielocele, o tubo neural não fecha na região do defeito. Uma área oval em “carne viva” é localizada na superfície; concebe o sulco neural, cujos lábios estão fundidos. O canal central solta líquido cerebrospinal límpido sobre a superfície.
A siringomielocele é considerada um distúrbio raro. Uma meningomielocele está presente e, ao mesmo tempo, o canal central da medula espinal ao nível do defeito ósseo está alargado.
A espinha bífida oculta é o defeito mais frequente. O segundo defeito mais corriqueiro é mielocele, e muitos bebês afetados nascem mortos. Se a criança nascer viva, a morte por infecção da medula espinal pode acontecer dentro de alguns dias.
A maioria dos casos de espinha bífida oculta não exige tratamento. A meningocele deve ser retirada cirurgicamente nos primeiros dias após o nascimento. Os recém-nascidos com meningomielocele também devem ser tratados cirurgicamente. O saco meníngeo é aberto, e a medula espinal ou os nervos são liberados e atenciosamente colocados no canal vertebral. As meninges são suturadas sobre a medula espinal e os músculos pós-vertebrais aproximados.
Em benefício na assistência clínica e na assistência cirúrgica, muitos recém-nascidos com formas intensas de espinha bífida continuam a viver hoje em dia. Infelizmente, essas crianças possivelmente terão deficiências perpétuas e problemas psicossociais. Os déficits neurológicos podem proceder em deformação dos membros e da coluna vertebral, em disfunção vesical, disfunção intestinal e disfunção sexual.
Hidrocefalia
A hidrocefalia é uma elevação anormal no volume de líquido cerebrospinal dentro do crânio. Pode estar agregada a espinha bífida e a meningocele. A hidrocefalia isolada pode ser gerada por estenose do aqueduto do mesencéfalo ou, mais rotineiramente, pelo canal único normal ser trocado por muitos túbulos pequeninos impróprios. Outro fator, que é progressivo, é o crescimento exagerado da neuróglia em torno do aqueduto do mesencéfalo. Um desenvolvimento impróprio ou inexistente do forame interventricular; ou da abertura mediana do quarto ventrículo; ou da abertura lateral do quarto ventrículo, também pode ser responsável.
Nos casos de hidrocefalia com espinha bífida, o fenômeno de Arnold-Chiari pode acontecer. Durante a formação, a extremidade cefálica da medula espinal está ligada porque o encéfalo localiza-se no crânio e, na presença de espinha bífida, a extremidade caudal da medula espinal também pode estar ligada. O desenvolvimento longitudinal da coluna vertebral é mais dinâmico, e maior que o da medula espinal, e isso derivam em tração do bulbo e de parte do cerebelo através do forame magno. O deslocamento para baixo do rombencéfalo interrompe o fluxo de líquido cerebrospinal por meio dos forames no teto do quarto ventrículo.
A hidrocefalia pode acontecer antes do nascimento e, se for adiantada, atrapalhar o parto. Em geral, é constatada durante os primeiros meses de vida em razão do desenvolvimento da cabeça, que pode atingir um tamanho gigantesco. As suturas do crânio são separadas vastamente, e a fontanela anterior está bem aumentada. As veias do couro cabeludo são distendidas, e os olhos se voltam para baixo. A paralisia de nervos cranianos é frequente. Os ventrículos encefálicos ficam intensamente dilatados. Essa extensão dos ventrículos encefálicos acontece, especialmente à custa da substância branca, e os neurônios do córtex cerebral são basicamente poupados. Isso gera na preservação da função cerebral, porém a destruição dos tratos, sobretudo dos tratos corticobulbares e dos tratos corticospinais, ocasiona perda progressiva da função motora.
Se o distúrbio for diagnosticado por ultrassonografia, enquanto o feto está na vida intrauterina, é possível efetuar uma cirurgia pré-natal com a introdução de um cateter dentro dos ventrículos encefálicos, e drenar o líquido cerebrospinal para a cavidade amniótica. Caso o diagnóstico seja demorado até depois do nascimento, um tubo de drenagem munido de válvula unidirecional pode conectar os ventrículos encefálicos à veia jugular interna no pescoço.
Anencefalia
Na anencefalia, as maiores partes do encéfalo e da calvária estão ausentes. A anomalia é originada pela falta de desenvolvimento da extremidade rostral do tubo neural, e em decorrência, sua cavidade continua aberta. No lugar do tecido neural normal, existem canais vasculares de paredes finas idênticas ao plexo corióideo e massas de tecido neural. Ainda que os olhos permaneçam presentes, os nervos ópticos estão ausentes. O distúrbio abrange frequentemente a medula espinal, e o tubo neural continua aberto na região cervical. A anomalia é habitualmente diagnosticada antes do nascimento por meio da ultrassonografia ou radiografias. A maioria dos indivíduos com anencefalia é considerado natimorto, ou seja, vem a óbito logo após o nascimento.
O desenvolvimento e o fechamento do tubo neural são normalmente finalizados dentro de 28 dias. Em termos práticos, isso representa que os defeitos do tubo neural terão acontecido antes que muitas gestantes saibam a respeito da gestação.
Pesquisas clínicas extensas evidenciaram que fatores ambientais e fatores genéticos participam da etiologia dos defeitos do tubo neural. O risco mais elevado dos defeitos neurais nos grupos socioeconômicos inferiores indica que uma nutrição escassa, também pode ser um fator relevante. Pesquisas clínicas atuais evidenciaram que o risco de defeitos do tubo neural recorrentes é expressivamente diminuído entre as gestantes que tomam 4000 miligramas de ácido fólico por dia em comparação com as gestantes que não o recebem. Estudos adicionais demonstraram que uma dose diária dez vezes menor é efetiva na prevenção dos defeitos. Tais achados excitaram muitas pesquisas novas para identificar as origens genéticas e as origens bioquímicas dos defeitos do tubo neural.
Células-tronco embrionárias
Estudos demonstraram o tratamento de pacientes com doença de Parkinson grave por transplante de precursores de neurônios dopaminérgicos em fragmentos do mesencéfalo isolados de fetos humanos, entre a 7ª e a 8ª semanas após a concepção. Os resultados apontaram que os transplantes geraram alguma benevolência clínicanos pacientes mais jovens, mas não nos mais senis.
As células-tronco embrionárias são oriundas da massa celular interna do blastocisto ou embrioblasto, a fase na qual o embrião em formação é implantado no útero.
As células-tronco embrionárias têm a característica singular de ser apta de formar todos os tipos celulares adultos, abrangendo os do SN. O transplante próspero de células-tronco embrionárias foi atingido em modelos da doença de Parkinson em animais, nas doenças do neurônio motor e no traumatismo da medula espinal.
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CONTEÚDO 4 – O TECIDO NERVOSO
Introdução
Conquanto as células sejam as unidades estruturais e as unidades funcionais do corpo humano, as células de um organismo multicelular complexo são tão particularizadas, que não trabalham independentemente. Os tecidos são agrupamentos de células idênticas que exercem papéis específicos. Os diversos tipos de tecidos são determinados durante o começo do desenvolvimento embrionário. Quando o embrião se forma, constituem-se os órgãos a partir de organizações específicas de tecidos. Muitos órgãos adultos, inclusive o coração, o encéfalo e os músculos, abrangem as células originais e os tecidos que se compuseram antes do nascimento, mesmo que algumas alterações funcionais aconteçam nos tecidos, quando os hormônios agem sobre eles, ou quando reduz a eficiência com a idade.
Os tecidos do corpo são classificados em quatro tipos fundamentais com base na estrutura e na função: o tecido epitelial, que forra as superfícies do corpo, as cavidades do corpo, os ductos, e forma as glândulas; o tecido conjuntivo que liga, sustenta e protege as partes do corpo; o tecido muscular que se contrai para produzir movimentos; e o tecido nervoso que principia e transmite impulsos nervosos de uma parte do corpo humano para outra.
O tecido nervoso incide tão somente em dois tipos de células: os neurônios e as neuróglias. Os neurônios são as unidades fundamentais do processo da informação, sendo especializados na condução de impulsos nervosos. Os neurônios adequam a maioria das funções exclusivas do SN, como por exemplo, sentir, pensar, lembrar, controlar a atividade muscular e regular as secreções glandulares. A neuróglia (glia=cola) suporta, nutre, protege os neurônios, e mantém a homeostase no líquido intersticial que banha os neurônios. As neuróglias são em torno de cinco vezes mais numerosas que os neurônios, e têm limitada capacidade mitótica.
A atividade mitótica de neurônios se completa durante o desenvolvimento pré-natal. Mas, evidências atuais sugerem que em determinadas condições pode existir limitada atividade mitótica de neurônios em áreas isoladas do mesencéfalo na idade adulta. Em sua maior parte as pessoas nascem com todos os neurônios que eles ou elas são capazes de gerar. Entretanto, os neurônios prosseguem crescendo e se especializando, depois que as pessoas nascem, especialmente nos primeiros anos de vida pós-natal.
Visão geral dos neurônios
O neurônio apresenta: o corpo celular, ou pericário, que é a parte que abrange o núcleo, e todos os seus processos; o axônio; e os dendritos. Os nomes impostos aos neurônios foram indicados em razão do seu tamanho, da sua forma, do seu aspecto, do seu papel funcional ou suposto descobridor, como por exemplo, a célula de Purkinje, do cerebelo. O tamanho e a forma dos corpos celulares são bastante variáveis. O diâmetro do corpo celular pode variar de quatro micrometros, como por exemplo, a célula granular do cerebelo a 125 micrometros, como por exemplo, o neurônio motor da medula espinal.
Os neurônios podem exibir forma piramidal, forma ampuliforme, forma estrelada ou forma granular. Uma peculiaridade adicional desses corpos celulares é o número de organização de seus processos. Alguns neurônios têm poucos dendritos, enquanto outros apresentam numerosas projeções de dendritos. Com exceção de dois tipos celulares, designada célula amácrina, sem axônio, como por exemplo, os neurônios da retina e as células granulares do bulbo olfatório, todos os neurônios têm pelo menos um axônio e um ou mais dendritos.
Organelas e Componentes            
O corpo celular
O corpo celular é uma estrutura aproximadamente esférica na parte central do neurônio. O corpo celular de um neurônio típico tem aproximadamente 20 micrometros de diâmetro. O fluido aquoso no interior da célula, designado de citosol, é uma solução salgada, rica em potássio e separada do meio externo pela membrana do neurônio. Dentro do corpo celular, uma enorme quantidade de estruturas membranosas é coletivamente designada de organelas.
O corpo celular de um neurônio abrange as mesmas organelas presentes nas demais células animais. As mais relevantes são: o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso, o retículo endoplasmático liso, o aparelho de Golgi, as mitocôndrias, os lisossomas, os peroxissomas, o citoesqueleto. Todos os componentes presentes no interior da membrana do neurônio, abrangendo as organelas, porém excluindo o núcleo, são designados coletivamente como citoplasma.
Membrana do neurônio
A membranado neurônio serve como uma barreira para demarcar internamente o citoplasma, e excluir certas substâncias presentes no meio que banha os neurônios. A membrana do neurônio apresenta cinco nanômetros de espessura, e está carregada de proteínas. Uma relevante peculiaridade dos neurônios é que a composição proteica da membrana do neurônio varia dependendo da região da célula: do corpo celular, dos dendritos, ou do axônio.
Núcleo
Tipicamente o núcleo é amplo e vesiculado com um proeminente nucléolo, no qual o elemento sexual pode ser nitidamente aparente. O núcleo é demarcado no citoplasma por uma camada dupla de membrana unitária, designada de envelope nuclear. Essa membrana unitária é perfurada por poros nucleares, por meio dos quais volumosas macromoléculas sintetizadas passam para o citoplasma. O núcleo contém o DNA na forma de genes que, junto com algumas proteínas, abrangem os 46 cromossomos do ser humano.
O nucléolo proeminente no interior do núcleo de um neurônio é uma máquina elaboradora de ribossomos, composta grandemente por RNA e proteína, juntamente com algum DNA. O nucléolo é bem desenvolvido nas células, como por exemplo, os neurônios, que são ativos na síntese de proteína.
Retículo endoplasmático rugoso e liso
Próximo ao núcleo localiza-se um acúmulo de estruturas membranosas pontilhadas por pequenas unidades densas e globulares, designadas de ribossomos, que medem aproximadamente 25 nanômetros de diâmetro. As pilhas são designadas de retículo endoplasmático rugoso. Esses conjuntos de estruturas e os ribossomos se manifestam ao microscópio óptico como manchas basófilas difundidas pelo citoplasma, designados corpúsculos de Nissl.
Lesões do neurônio ou irritação gerada por estímulos espaçados ocasionam diminuição ou desaparecimento dos corpúsculos de Nissl, ou cromatólise, acompanhada por deslocamento do núcleo para a periferia. Estímulos moderados podem ocasionar a elevação da quantidade de RNA.
A quantidade de retículo endoplasmático rugoso varia conforme o tipo e o estado funcional dos neurônios, sendo mais numerosos, nos maiores, especialmente nos neurônios motores. Do mesmo modo, o retículo endoplasmático rugoso é mais numeroso nos neurônios do que na neuróglia, ou em outras células não neuronais. O retículo endoplasmático rugoso é o maior sítio de síntese proteica nos neurônios.
O restante do citosol do corpo celular do neurônio está farto de pilhas de organelas membranosas que se assemelham ao retículo endoplasmático rugoso, mas sem os ribossomos, tanto que uma destas estruturas é designada retículo endoplasmático liso. O retículo endoplasmático liso é o local em que os triglicerídeos, o colesterol e os esteroides são sintetizados.
Aparelho de Golgi
Originalmente deparado em neurônios, é um sistema excessivamente desenvolvido em vesículas achatadas e pequenas vesículas agranulares ovais e/ou esféricas. Admite-se que o aparelho de Golgi, seja a região da célula que acolhe os produtos da síntese de substância dos corpúsculos de Nissl para possibilitar atividade sintética adicional. A área de Golgi é considerada o local onde os carboidratos são ligados às proteínas na síntese de glicoproteínas. As pequenas vesículas oriundas dessa organela podem ser a fonte de vesículas sinápticas com o seu conteúdo, localizadas nas terminações axônicas.
Mitocôndrias
Outra organela muito numerosa é a mitocôndria. Nos neurônios, estas organelas medem aproximadamente um micrometro de comprimento. Localiza-se em pequenas quantidades nos dendritos e nos axônios, são um pouco mais numerosas no corpo celular, e estão presentes em grande quantidade no telodendro, onde contêm mediadores químicos, relacionados com a transposição dos impulsos nervosos célula a célula.
Além do mais, as mitocôndrias agem como usinas elétricas das células. É a fundamental fonte de energia para cada célula. A energia, a água e o dióxido de carbono são os produtos da respiração celular e da atividade enzimática, especialmente de carboidratos e, em menor grau de aminoácidos e gorduras. A energia liberada da oxidação dos alimentos é convertida para energia ligada a fosfato, como a adenosina trifosfato. A energia ligada à adenosina trifosfato é vital para inúmeros processos celulares. Os neurônios, distintamente da maioria das células, não tem capacidade para conter glicogênio como fonte de energia. Em consequência, dependem da glicose e do oxigênio circulantes para conseguir energia. A glicose é a substância usada por sistemas enzimáticos mitocondriais de neurônios para a geração aeróbica de adenosina trifosfato, pois os neurônios não usam a gordura como substrato para o processo de geração anaeróbica de adenosina trifosfato. Isso esclarece porque perdemos a consciência se a irrigação de sangue para o cérebro for obstruída por um pequeno período.
Lisossomas            
Os lisossomas são as vesículas ligadas à membrana que agem como um sistema digestório intracelular. Abrangem uma abundância de enzimas hidrolíticas que digerem e degradam substâncias, que se formam dentro e fora do neurônio. As enzimas hidrolíticas e a membrana dos lisossomas são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e, a seguir, transferidas para o aparelho de Golgi para que sejam mais processadas. Depois de sair do aparelho de Golgi, esses produtos são transportados pelas vesículas para os lisossomas. O material digerido abrange muitos componentes celulares, como por exemplo, os receptores e as membranas, alguns dos quais podem ser reciclados.
Peroxissomas
Os peroxissomas são organelas que funcionam para desintoxicar, junto com a enzima catalase, hidrolisando o peróxido de hidrogênio e, assim, protegendo o neurônio dessa substância química.
Citoesqueleto
Cada neurônio abrange inúmeras organelas fibrilares designadas: neurotúbulos ou microtúbulos, com aproximadamente 20 a 25 nanômetros de diâmetro; neurofilamentos ou microfilamentos, com cerca de dez nanômetros de diâmetro; microfilamentos de actina, com oito nanômetros de diâmetro. Comparando a membrana do neurônio com a tenda de um circo, a qual está apoiada por amarras internas, estas estruturas são o citoesqueleto, e são elas que dão o desenho típico dos neurônios. Todavia, o citoesqueleto não é estático. Pelo contrário, os componentes do citoesqueleto são regulados de uma maneira muito dinâmica e estão em constante movimento.
Dendritos
Dendritos (G.) déndron (=árvore).
Em geral, são curtos, de alguns micrômetros a alguns milímetros de comprimento, ramificados, à maneira de galhos de uma árvore. Podem oferecer os mesmos componentes citoplasmáticos do corpo celular. No entanto, não existe aparelho de Golgi, corpúsculos de Nissl estão presentes, exceto nos dendritos mais finos. Neurofilamentos de dez nanômetros e microtúbulos de 24 nanômetros são também encontrados, porém em menor número do que os axônios. Os dendritos são especializados em acolher estímulos, traduzindo-os em mudanças de potencial de repouso das membranas. Tais modificações compreendem a entrada e a saída de certos íons e podem expressar-se por pequena despolarização ou hiperpolarização. Os dendritos têm “espinhas” que servem como ponto de contatos sinápticos.
Axônios
Axônios (G.) áxon (=eixo).
A grande maioria dos neurônios apresenta um axônio longo e fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal, em uma região designada de cone de implantação. O cone de implantação atua como o segmento inicial do axônio propriamente dito.
O axônio possui comprimento muito variável, dependendo do tipo de neurônio, podendo ter, na espécie humana, de alguns milímetros a mais de um metro.
Os axônios podem ser mielínicos ou amielínicos. Em ambos, os casos, contudo, são embainhados por células de suporte: as células de Schwann no SNP, e os oligodendrócitos no SNC. A bainha de mielina é descontínua nas extremidades distais de cada célula, as células de Schwann ou dos oligodendrócitos, compreendida no processo de embainhamento. A área descontínua entre as células é designada como nodo de Ranvier, e forma o local de

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