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ALEITAMENTO MATERNO E BLH Disciplina: Nutrição Materno Infantil Profª Adriana Negromonte Curso de Nutrição – UNIFAVIP 2017.2 Objetivos da aula PLANO DE ENSINO • Aleitamento materno: fisiologia, importância biológica, psicológica, econômica e cultural. • Conduta frente as principais intercorrências que levam ao desmame precoce. • Rede brasileira de banco de leite humano: finalidades e importância. Alimento nutricionalmente completo, que corresponde perfeitamente às peculiaridades fisiológicas, metabólicas e imunológicas da criança até o 6º mês de vida. Estratégia natural de VÍNCULO, AFETO, PROTEÇÃO E NUTRIÇÃO para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. LEITE MATERNO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO quando a criança recebe somente LM, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. ALEITAMENTO MATERNO PREDOMINANTE quando a criança recebe, além do LM, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas ALEITAMENTO MATERNO MISTO OU PARCIAL quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. ALEITAMENTO MATERNO COMPLEMENTADO quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. A OMS recomenda o ALEITAMENTO EXCLUSIVO até 6 meses de vida. Após 6 meses, deve ser complementada com outros alimentos e mantido LM até 2 anos de idade LACTAÇÃO Uma das fases do ciclo reprodutivo humano de maior demanda energética. Processo de lactação e efeitos da gestação - ganho de peso Com 16 sem.de gestação,a mama já produz colostro que é reabisorvido; Estágio 1: 2º trimestre até o 5º dia PP Progesterona inibe Estágio 2: entre 5-15 dias pp Momento da apojadura ou descida do leite • Leite de transição Dura até 10 dias, Prolactina, insulina, cortisol Estágio 3: > 15 dias PP Galactopoiese (prolactina/ocitocina) Depende da perfeita ação do eixo hipotálamo-hipófise Leite maduro LACTAÇÃO LACTAÇÃO • PROLACTINA principal hormônio envolvido na produção de leite na glândula mamária. • Sua secreção é controlada pela hipófise anterior. • Inibe a ovulação LACTAÇÃO • OCITOCINA hormônio que estimula a contração das células mioepiteliais que rodeiam os alvéolos e ductos lactíferos, levando a liberação do leite já produzido e armazenado. • Sua secreção é controlada pela hipófise posterior. Responsável pelas contrações do miométrio. Cólicas ou dor abdominal quando leite flui mais. Reflexo de ejeção é psicossomático DOR MEDO DÚVIDA ANSIEDADEESTRESSE ADRENALINA VASOCONSTRICÇÃO ALVEOLAR AÇÃO DA OCITOCINA Fisiologia da Lactação Desmame Precoce Introdução de outro alimento antes do 6º mês, período em que a criança não se encontra fisiologicamente preparada para receber outros tipos de alimentos e abandonar o seio materno. Obesidade Hipertensão Aterosclerose Infecções (TGI, TR, TU, Otites Alergias) Anemia ferropriva Hipovitaminose A Diarréias Desnutrição Defic. nutricionais Dados Epidemiológicos AM exclusivo PE: 6 meses 41,4 % BR: 6 meses 39,8 % Nunca mamaram PE 5,0 % BR 3,6% Cerca de 1,5 milhão de crianças morrem a cada dia porque são inapropriadamente alimentadas; Menos de 35% das crianças do mundo são exclusivamente amamentadas ao seio até o 6º mês de vida. • FATORES BIOLÓGICOS: ↓ produção de leite nova gestação doença grave na mãe e/ou na criança doenças mamárias Fatores determinantes do Desmame Precoce falta de vontade da mãe/ falta de apoio familiar insegurança / falta de confiança estresse emocional • FATORES PSICOFISIOLÓGICOS: Fatores determinantes do Desmame Precoce Modernização e sofisticação da urbanização ↑ uso de mamadeira Falta de informação sobre o valor da amamentação Necessidade de trabalhar fora do lar Falta de apoio social Não cumprimento das leis que protegem a mulher que trabalha fora • FATORES SOCIOCULTURAIS: Fatores determinantes do Desmame Precoce OBESIDADE E EXCESSO DE GANHO DE PESO NA GESTAÇÃO Retarda a fase II da lactogênese: Tecido adiposo [progesterona] [leptina]: inibe ocitocina Afeta o desempenho da lactação Gasto energético na produção do leite materno Para produção de leite materno = gasto calórico (1/3 disponibilizado pela gordura gestacional) Média produção diária: 807ml diário = 675 kcal/dia Média produção diária: 550ml diário = 460 kcal/dia permita produção de leite consistente com a boa saúde para a mulher e criança, e promova peso e composição corporal adequados Necessidade é influenciada pela duração e intensidade da amamentação e o estado nutricional da nutriz RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA LACTANTE OU NUTRIZ ENERGIA Energia dietética VET = GE + adicional energético para a lactação – energia para perda de peso Energia para perda de peso: Considerar fator energia = 6.500 kcal/kg e a taxa de perda de peso recomendada para o estado nutricional atual 1º Semestre: VET = GE + 675 kcal – Energia para Perda de P 2º semestre: VET = GE + 460cal FAO/OMS, 2004 10-18 anos: [GE x 1,01] TMB (Kcal/dia) = 13,384 x P(Kg) + 692,6 18-30 anos TMB (Kcal/dia) = 14,818 x P(Kg) + 486,6 30-60 anos TMB (Kcal/dia) = 8,126 x P(Kg) + 845,6 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA LACTANTE OU NUTRIZ GE = TMB X NAF P (kg) = peso atual EUTROFIA Recomendação = - 0,8 kg/mês 6.500 kcal x 0,8 = 5.200 kcal/mês ÷ 30,5 dias = 170 kcal/dia # será necessário reduzir 170 kcal/dia • SOBREPESO Recomendação = de 0,5 a 1,0 kg/mês 6.500 kcal x 1 = 6.500 kcal/mês ÷ 30,5 dias = 213 kcal/dia # será necessário reduzir 213 kcal/dia RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA LACTANTE OU NUTRIZ Energia para perda de peso Como calcular? 1º - Consumo seguro corrigido = 1,1 g/Kg/dia Utilizar peso desejável 2º - Acrescentar o adicional recomendado para cada período da lactação 1º semestre Adicional protéico = 19 g/dia 2º semestre Adicional protéico = 12,5 g/dia RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA LACTANTE OU NUTRIZ Consumo adicional seguro de proteína durante a lactação Adolescente (14 a 18 anos) e mulheres (19 a 50 anos) EER nutriz = EER pré-gestacional + energia necessária para produção de leite – energia para perda de peso 1º semestre pós-parto = EER pré-gestacional + 500 -170 2º semestre pós-parto = EER pré-gestacional + 400 - 0 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA LACTANTE OU NUTRIZ Recomendações: DRI (IOM 2002/2005) Não precisa perder peso: não subtrair 170 kcal Sobrepeso e obesidade: não acrecentar a energia necessária para produção de leite e utilizer somente o EER Promover o consumo de dieta variada que contenha alimentos de todos os grupos; Respeitar condições socioeconômicas e hábitos alimentares das nutrizes; Aumentar o consumo de líquidos (3,8L/dia); O baixo consumo de leite e derivados deve ser compensado por outras fontes de cálcio; Mulheres vegetarianas devem receber suplemento de vitamina B12; PRÁTICAS ALIMENTARES RECOMENDADAS Orientar quanto a seleção e preparação dos alimentos. Suplementação medicamentosa somente na impossibilidade de adequação dietética; Enfatizar o consumo de alimentos-fonte de nutrientes essenciais; Fracionar o volume ajustado à tolerância;Desencorajar dietas com VCT <1800Kcal; Estimular a atividade física; Desencorajar o uso de bebidas contendo cafeína (2 xícaras/dia); Desencorajar o uso de bebidas alcoólicas: altera composição, valor nutricional e aroma do LH e reduz reflexos fisiológicos da lactação; (em caso de ingestão esporádica: SÓ AMAMENTAR 2h APÓS) Ingerir peixe 3 vezes/semana para garantir os níveis de ácidos graxos ω-3; Evitar o uso da nicotina: Menor produção de leite, menor [ ] de gordura, redução do tempo de amamentação. Identificar e desencorajar presença de tabus e mitos: doces em geral, tintura de algodoeiro, cerveja preta, suco de uva roxa... Fornece 100% das calorias até 6 meses; 50% no segundo semestre; cerca de 34% no 2º ano de vida Tem composição variável de acordo com o estágio da lactação: - Colostro: 0-5d - Transição: 5-15d - Maduro: > 15d Composição do leite materno COLOSTRO 0 – 5 dias Líquido espesso e amarelado ↑ [ ] de ptns (3x), IgA, lactoferrina, minerais (Na, K e cloretos) e leucócitos. Rico em fatores de crescimento ►Proteína - Adequação dos aa: todos os essenciais - Relação ptn do soro/caseína: 60/40 - ↑ de α-lactoalbumina - ↑ [ ] de cistina e taurina ►Lipídeos - Principal fonte energética (40-50% das calorias) - Depende da alimentação materna - Componente mais variável do LH - Fonte de AG essenciais - Fácil digestão devido a lipase lipoprotéica LEITE DE TRANSIÇÃO ►Carboidrato - Fornece 40% das necessidades - Lactose é o principal carboidrato do LM - Facilita a absorção de Ca e Fe - Propicia um meio ácido no TGI - Fator bífidus ►Vitaminas • Concentrações geralmente adequadas, variando conforme dieta materna. Suficiente mesmo em mães vegetarianas ou desnutridas. ►Minerais e oligoelementos • Quantidade x biodisponibilidade • Não é afetada pela alimentação materna • > relação cálcio: fósforo LEITE MADURO Vantagens para o Bebê ►↑ Laço afetivo mãe-filho: ↑ 5x a produção de prolactina. ►Tem uma melhor aceitação à alimentação complementar ►Bom para dentição e para a fala ►Importante no desenvolvimento da mandíbula ►Crianças amamentadas ao seio tem maior estabilidade emocional e melhor vínculo nos relacionamentos ►Melhor desenvolvimento cognitivo e intelectual e visual ►Ajuda no retorno ao peso normal no puerpério ►↓ incidência de CA de mama e de ovário ►Favorece o vínculo Mãe – Filho ►↓ o risco de depressão pós - parto ►Método anticoncepcional ►MAIOR PRATICIDADE (JÁ VEM PRONTO!) Vantagens para a mãe ►Melhor recuperação pós parto (involução uterina + rápida, ↓ sangramento pós parto, menor risco de anemia) Vantagens para família e sociedade ►↓ o custo financeiro com a alimentação do bebê; ►↓ os atendimentos médicos e hospitalares ►↓ a necessidade de medicamentos ►↓ ausência ao trabalho pelos pais ►População + saudável fisicamente (à longo prazo) Alim.artificial: gasto mensal = 23 a 68 % do salário mínimo (6 meses de idade) Técnicas para amamentação • Início até meia hora após o parto • O bebê é quem escolhe o horário de mamar • Quanto mais a criança mama, mais leite é produzido • Dar o peito até esvaziá-lo e depois oferecer o outro • Leite do início da mamada (leite anterior): "mata sede" • Leite do final da mamada (leite posterior): "mata fome" Posições Adequadas Posições Adequadas Pega adequada Pega adequada Pega inadequada • Introdução de alimentos complementares precocemente • Pega ineficaz • Freio lingual alto • Uso de mamadeiras, chupetas e chás • Cólicas, constipação Dificuldade na amamentação Relacionados ao bebê CÓLICAS X AMAMENTAÇÃO • Ocorre de 10 a 40% das crianças até 4 meses de vida • Caracterizada por choro contínuo por mais de 2h seguidas pelo menos 3-4x/semana (18-22hs) Etiologia: ◦ Imaturidade intestinal ◦ APLV ◦ Condições emocionais materna ◦ Dinâmica familiar ◦ Ingestão materna: alimentos flatulentos, chocolate, amendoim, café, refrigerante, frutas cítricas ◦ Havendo predisposição genética a alergia: leite e derivados, soja, trigo, ovo, amendoim, oleaginosas e peixe. Antes avaliar: ◦ Características da cólica ◦ Freqüência da mamada (sobrecarga de lactose) ◦ Técnicas de amamentação (aerofagia) Tratamento: ◦ Ofertar leite posterior ( lactose) ◦ Massagens para liberação de gases (barriga e pernas) CÓLICAS X AMAMENTAÇÃO Cuidado com insegurança e ansiedade materna Evitar (teste de exclusão): chocolate, amedoim, café, refrigerentes, frutas cítricas. CÓLICAS X AMAMENTAÇÃO Alimentos alergenos: testar melhora com exclusão Leite de vaca e derivados, soja, trigo, ovos, amedoim, oleaginosas e peixes Mas, não há comprovações de que essas substâncias provoquem cólicas. CÓLICAS X AMAMENTAÇÃO https://youtu.be/Xxa9JGxeFSA Prejudica o esvaziamento total da mama ↓ leite posterior ↓ saciedade e ↓ intervalo entre as mamadas e ↑ fermentação da lactose ↑ a saciedade ↑ contaminação Aerofagia Bico de mamadeira – fácil sucção INTRODUÇÃO ÁGUA E CHÁ Desconforto abdominal e cólica • Maior risco de contaminação • Pode levar a confusão dos bicos (interfere na aprendizagem de sucção) • Menor contato entre mãe e filho • Pode alterar a posição dos dentes e a fala • Cárie: Streptococcus mutans • Má oclusão dental (mordida aberta ou cruzada) • Parasitose intestinal, candidíase oral, otite média MAMADEIRAS E CHUPETAS Relacionados à mãe • Ingurgitamento mamário • Fissura mamária • Mastites • Mamilo plano ou invertido • Consumo de álcool, fumo Exercícios de Hoffman Retenção de leite nos alvéolos causa distensão alveolar e compressão dos ductos obstrução do fluxo do leite Piora da distensão alveolar aumento da obstrução INGURGITAMENTO Se a aréola estiver tensa, ordenhar manualmente um pouco de leite antes da mamada. Amamentar com frequência, em livre demanda Fazer massagens delicadas nas mamas - fluidificação do leite viscoso - estímulo do reflexo de ejeção do leite Usar analgésicos/antiinflamatórios Usar suporte para as mamas Não usar compressas mornas para ajudar na liberação do leite Usar compressas frias após ou nos intervalos das mamadas para diminuir o edema, a vascularização e a dor. INGURGITAMENTO Causa mais comum: posição e/ou pega do bebê inadequada Outras causas: sucção não-nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não-interrupção da sucção da criança antes de retirá- la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores nos mamilos e exposição prolongada a forros úmidos. FISSURAS Tratamento seco (banho de luz, banho de sol) Tratamento úmido (uso do próprio leite materno, cremes a base de vitamina A e D, pomadas com corticóides) TRATAMENTO DE FISSURAS Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama que pode ou não progredir para uma infecção bacteriana. Esvaziamento adequado da mama Antibioticoterapia (Sintomas graves desde início do quadro ou não regressão dos sintomas após 12 a 24h da remoção efetiva do leite) Repouso da mãe e não da mama, uso de analgésicos ou antiinflamatórios não-esteróide, suporte emocional MASTITE TRATAMENTO • 2 ª e 3 ª semanas após o parto • Geralmente é unilateral Mães HIV+ QT, uso de imunosupressor Erros inatos do metabolismo CONTRA-INDICAÇÕES LM (Griffin, 2001) Banco de Leite Humano A Rede Brasileira de BLH é uma iniciativa governamental pública brasileira e oficializada em 1998; Parte integrante do SistemaÚnico de Saúde, é reconhecida pela OMS como a maior e mais complexa do mundo. Banco de Leite Humano (BLH) Todo o leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a um rigoroso controle de qualidade antes de ser ofertado a uma criança, conforme rege a legislação que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite humano no Brasil, a RDC Nº 171. Após análises das suas características, o leite é distribuído de acordo com as necessidades específicas de cada recém-nascido internado. Fluxograma Doadoras Nutrizes sadias com: Secreção láctea superior às exigências de seu filho. Disposição para doar o excedente espontaneamente. Não fazer uso de medicamentos contra indicados para a amamentação. Receptores Prematuros; RN de baixo peso; RN infectados, especialmente com enteroinfecções; Portadores de deficiências imunológicas; Portadores de alergia à proteína heteróloga; Bebês desnutridos. Receptores Receptores Receptores Receptores Leitura sugerida ACCIOLY Elizabeth. Nutrição em Obstetricia e Pediatria. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009 VITOLO, Maria Regina. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2012 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da Criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. 2 ed. Brasília: MS, 20015. Nome: J.F.O. Idade: 28 anos Estado civil: casada Escolaridade: superior completo Ocupação: enfermeira Lactante há 3 dias Paciente chega ao banco de leite do IMIP com mamas ingurgitadas, fissuras mamárias bilaterais, e com o bebê apresentando perda de peso acima do recomendado do peso ao nascer. Na consulta, a pediatra percebeu que a mãe estava muito estressada, com choro fácil, sem dormir desde que o bebê nasceu, além de não conseguir desmamar, pois o leite não ejetava. Detectou-se que o bebê estava com a pega incorreta e com o hábito de “chupetar” o mamilo. Quais recomendações você daria a esta mãe? Estudo de caso
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