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Prova Sociologia Marx

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1-
	Para Marx, a riqueza na sociedade capitalista apresenta-se como uma “imensa coleção de mercadorias”, a mercadoria é, portanto, forma elementar da sociedade burguesa moderna. No primeiro capítulo de “O Capital”, Marx nos explica que a mercadoria é um objeto que tem dois valores: de uso e de troca, que é o valor propriamente dito.
	O valor de uso da mercadoria se baseia na sua qualidade própria: se ela é pra beber, para comer ou para divertir. Portanto, essa qualidade é determinada para satisfazer uma determinada necessidade e não qualquer outra de nossas necessidades, importante também compreender que o valor de uso é o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a formação social em que se viva. Desde que o homem passou a transformar a natureza, a partir da sua ação consciente, se produz valores de uso. A sociedade mais primitiva, na medida em que os seus habitantes trabalhavam, produzia valores de uso, tais como: machados, flechas, etc. Uma coisa, portanto, pode ser útil e produto do trabalho humano, sem ser mercadoria, a exemplo do trigo produzido pelos camponeses na Idade Média que era entregue como tributo para o senhor feudal.
	A peculiaridade da sociedade burguesa é que ao mesmo tempo, o conteúdo material da riqueza social é portador de valor de troca (onde valores de uso de uma espécie se trocam contra valores de uso de outra espécie, numa relação que muda constantemente no tempo e no espaço). Ademais, Marx adverte que como valores de uso as mercadorias são, antes de mais nada, de diferente qualidade, como valores de troca só podem ser de quantidade diferente. As mercadorias são produtos do trabalho humano, dispêndio de cérebro, nervos, mãos e sentidos do homem. A grandeza do valor contido nas mercadorias é medida pelo quantum de trabalho, que é a “substância constituidora de valor”. Portanto, o que gera valor é tão-somente o trabalho. Marx aqui opera algo magistral, que o diferencia dos economistas burgueses, a saber: a descoberta do trabalho como fundamento da forma valor.
	Prosseguindo na sua investigação Marx analisa o tempo de trabalho socialmente necessário. Sendo este “aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer (ferro, linho, etc), nas condições dadas de produção socialmente normais, e com o grau social médio de habilidade e de intensidade de trabalho”. Neste sentido,“o quantum de trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de um valor de uso é o que determina a grandeza de seu valor”, ademais, “enquanto valores todas as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo de trabalho cristalizado” (MARX, 1988)
	Em sequência Marx analisa a Força Produtiva de Trabalho. Para ele, “a força produtiva de trabalho é determinada por meio de circunstâncias diversas, entre outras pelo grau médio de habilidade dos trabalhadores, o nível de desenvolvimento da ciência e sua aplicabilidade tecnológica, a combinação social do processo de produção, o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais”(MARX, 1988).
	Neste sentido,“quanto maior a força produtiva do trabalho, tanto menor o tempo de trabalho exigido para a produção de um artigo, tanto menor a massa de trabalho nele cristalizado, tanto menor o seu valor” (MARX, 1988).
	As mercadorias, por um lado, são valores de uso, ou seja, coisas úteis, constructos de trabalho útil, concreto, trabalho qualitativamente diferenciado, por exemplo: tecelagem, alfaiataria etc. Ademais, são portadoras de Valor, esta, uma propriedade objetiva, extrassensorial, produzida mediante trabalho abstrato que é uma propriedade tipicamente social. Por fim, a forma valor pode se apresentar sob a Forma Equivalente de Valor e/ou Forma Relativa de Valor são, portanto, dois polos da expressão de valor. Marx passa a operar o exame da relação entre uma mercadoria e outra. Salienta-se que comparar mercadorias, significa expressar uma na outra, ou seja, expressar o valor de uma no valor de uso da outra.
	Marx nos adverte que duas mercadorias diferentes, A e B (casaco e linho), representam dois papéis distintos. O Linho expressa seu valor no casaco, o casaco serve de material para essa expressão de valor. Neste sentido, a primeira mercadoria (linho) representa um papel ativo, sob forma relativa de valor. Já a segunda mercadoria (casaco) representa um papel passivo, como equivalente, ou forma equivalente de valor (aquele que serve de material para a expressão de valor). Para Marx, “a Forma Relativa de Valor e a Forma Equivalente pertencem uma à outra, se determinam reciprocamente, são momentos inseparáveis, porém, ao mesmo tempo são extremos que se excluem mutuamente ou se opõem, ou seja, são polos da mesma expressão de valor.” (Espelhamento).
	Assim, segundo Marx, a Forma Valor Relativa e a Forma Equivalente se desenvolvem simultaneamente na mesma proporção. Ao grau de desenvolvimento da forma valor relativa, corresponde o grau de desenvolvimento da forma equivalente. Ou seja, o desenvolvimento da forma equivalente é expressão e resultado do desenvolvimento da forma valor relativa, há, portanto, uma relação dialética, demonstrando-se sobre o conceito de mercadoria.
	Para tratar acerca da questão do caráter fetichista da mercadoria, Marx, retoma a análise da mesma enquanto valor de uso. A primeira vista, diz Marx, a mercadoria parece uma coisa simples, trivial, evidente, porém, analisando-a, vê-se complicada, dotada de sutilezas. Antes, porém, enquanto valor de uso não há nada de misterioso nas mercadorias. Elas satisfazem necessidades humanas pelas suas propriedades, estas, produto do trabalho humano, dispêndio de cérebro, nervos, músculos, sentidos etc., dos homens. O que possibilita Marx concluir que o caráter místico das mercadorias não provém de seu valor de uso.
	Para o autor, o caráter enigmático do produto de trabalho, tão logo ele assume a forma mercadoria, provém da própria forma mercadoria. O misterioso da forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos. Ou seja, através do trabalho, os homens transformam a natureza nos meios de produção e de subsistência necessários à sua reprodução, a partir desse processo, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas físicas, metafísicas ou sociais, assumindo forma objetiva.
	No interior desta relação social está o fato de que os próprios homens produzem as mercadorias, que assumem relação externa ao homem, passam a ter vida própria, tornam-se figuras autônomas, que mantém relações entre si e com os homens. Marx, de maneira brilhante, nos adverte que o caráter fetichista da mercadoria provém do caráter social peculiar o trabalho que produz mercadorias. Ademais, visto que as mercadorias precisam ser trocadas, a relação de troca figura-se, porém, não como relações diretamente sociais entre pessoas em seus próprios trabalhos, senão como relações reificadas entre as pessoas e relações sociais entre as coisas. Marx observa que a cisão do produto de trabalho em coisa útil e coisa de valor realiza-se apenas na prática, tão logo a troca tenha adquirido extensão e importância suficientes para que se produzam coisas úteis para serem trocadas, de modo que o caráter de valor das coisas já seja considerado ao serem produzidas. Esta cisão se dá com o processo de desenvolvimento das relações capitalistas de produção.
	Dando sequência à sua análise, Marx nos adverte com outro elemento fundamental para a investigação acerca da categoria trabalho e seu desenvolvimento à condição de trabalho abstrato, a saber: “A partir desse momento, os trabalhos privados dos produtores adquirem realmente duplo caráter social. Por um lado, eles têm de satisfazer determinada necessidade social, como trabalhos determinados
úteis, e assim provar serem participantes do trabalho total. Por outro lado, só satisfazem às múltiplas necessidades de seus próprios produtores, na medida em que cada trabalho privado útil particular é permutável por toda outra espécie de trabalho privado, portanto lhe equivale” (MARX, 1988)
	Por fim, Marx conclui o primeiro capítulo de O Capital, afirmando que sob a égide da formação social capitalista, o processo de produção domina os homens. O ato histórico de libertação das amarras que os prende é, portanto, tarefa imprescindível para a construção de uma sociabilidade para além do capital, visto que, “a figura do processo social da vida, isto é, do processo da produção material, apenas se desprenderá do seu místico véu nebuloso quando, como produto de homens livremente socializados, ela ficar sob seu controle consciente e planejado” (MARX, 1988)
2-
	Conceitos segundo Marx:
	Trabalho: em sua universal condição de produtor de valor de uso independe de toda e qualquer formação social e econômica determinada; é, no entanto, a forma ou o modo como os valores de uso são produzidos que é possível determinar uma formação social específica. É importante ressaltar esse aspecto geral do conceito de trabalho porque ele nos dá elementos para afirmarmos que o trabalho, enquanto condição fundamental de existência do homem, jamais poderá ser abolido. O que poderá ser abolido, eventualmente, é o fardo do trabalho alienado, na medida em que este é apenas uma forma particular e contingente de manifestação do trabalho humano em uma forma de sociabilidade específica e que, portanto, se configura como uma forma de sociabilidade transitória. Nessa medida é que afirmamos que o trabalho em sua característica universal de produtor de valor de uso sempre existiu e tende a existir necessariamente.
	Força de Trabalho: é uma espécie sumamente especial de mercadoria, por ser ela justamente a mercadoria que confere existência e põe em movimento o capital. A mercadoria força de trabalho, como qualquer outra mercadoria, o capitalista a encontra no mercado e a compra por um determinado valor. O valor da força de trabalho é o custo dos meios de subsistência que mantém essa força de trabalho durante um período de vinte e quatro horas, de uma semana ou de um mês, isso depende da forma como o capitalista a remunera.
	Salário: preço pago pelo capitalista ao operário pela força de trabalho que este desenvolvia na fabricação dos produtos, no entanto, o valor do salário era sempre mais baixo do que o valor da força de trabalho incorporada no produto que o operário produzia, sendo a diferença a mais valia.
	Mais Valia: é o resultado direto da exploração da força de trabalho, ou seja, a exploração desta, enquanto trabalho vivo, é a condição de possibilidade daquela. Paradoxalmente, o modo como o trabalho é efetivado na forma de sociabilidade burguesa engendra a sua própria exploração. O operário em sua jornada de trabalho acrescenta valores, produtos que ultrapassam o seu salário, ou seja, uma parte da jornada de trabalho é remunerada, a outra não. A parte pela qual o capitalista não paga equivalente algum, são as horas de sobretrabalho e esse sobretrabalho se traduz em mais-valia
	Lucro: é usada por Marx “para exprimir o montante total de mais-valia extorquida pelo capitalista”. Chamemos o lucro de l, a taxa de lucro de l', e o capital que o patrão investe em máquinas, ferramentas, construções, matérias-primas, energia, etc., de capital constante ou c. O capital total é a soma do capital constante com o capital variável, ou C = c + v. A taxa de lucro é a proporção em que cresceu o total do capital, ou seja, é a grandeza relativa entre a mais-valia e o conjunto do capital ou, l' = m/(c + v). Portanto, na busca de uma taxa de lucros elevada, necessariamente, o capitalista procura manter a mais-valia (m) elevada, o numerador da fração elevado, ou seja, a maior quantidade de trabalho não remunerado possível. Ou, se quisermos, a taxa de lucro (l') é função direta da mais-valia (m) e função inversa de (c + v).

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