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Apostila de Residuos solidos (1)

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CURSO: ENGENHARIA AMBIENTAL
DISCIPLINA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E GASOSOS.
PROF: REGINALDO MILANI.
1.0 - ORIGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.
– DEFINIÇÃO ( NB-10004 – ABNT)
 “Resíduos sólidos são os resíduos nos estados sólidos ou semi-sólidos que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição. Incluem nesta definição, também os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviáveis o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível.”
– CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS.
– Fontes geradoras e tipos de resíduos sólidos.
 O conhecimento das fontes geradoras e tipos de resíduos sólidos , aliados a dados da sua composição e taxas de geração, são ferramentas básicas para o projeto e operação dos elementos funcionais associados ao manejo desses resíduos.
 As fontes de geração de resíduos sólidos da comunidade estão relacionados com o uso da terra e o zoneamento. Embora haja muitas classificações, basicamente os resíduos sólidos gerados podem ser divididos nas seguintes categorias:
 - residencial
 - comercial
 - institucional
 - de construções e demolições (const. civil
 - serviços municipais
 - indústrias
 - agrícolas.
Resíduos residenciais e comerciais – excluindo determinados resíduos especiais e perigosos, são constituídos por uma fração orgânica (restos de alimentos, papeis, papelões, plásticos, têxteis, borracha, couro, madeira e restos de jardins e quintais) e uma fração inorgânica (vidro, porcelana, alumínio, metais ferrosos e terras).
 Os resíduos que se decompõem rapidamente, gerados no preparo e consumo de alimentos, são denominados como resíduos putrescíveis. Essa capacidade de decomposição resulta na geração de odores ofensivos e na procriação de moscas.
 Resíduos considerados especiais correspondem a:
 - maquinaria (maquinas e equipamentos).
 - restos de quintais e jardins coletados separadamente.
 - Baterias e pilhas ( alcalinas, de mercúrio, prata, zinco, níquel ou
 Cádmio).
 - Óleo (de serviços automotivos.)
 - Pneus e aqueles volumosos (relativo a mobiliários e correlatos).
– COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS.
 O conhecimento da composição física dos resíduos sólidos domésticos são importantes para a seleção e operação de equipamentos e instalações, na otimização de recursos e consumo de energia e na análise e projeto de aterro sanitário. Esses dados devem ser, sempre que possível, coletados no município em questão, pois determinados levantamentos obtidos em bibliografias podem não refletir as características locais. Entretanto, valores típicos podem ser caracterizados em função do estágio de desenvolvimento ou “renda per capta” da região.
 A Tabela abaixo mostra essa caracterização típica, excluindo-se os materiais reciclados: 
Tabela: Características qualitativas médias do lixo brasileiro (estimativa) 
 
 Fonte: HAMADA, J. (2000) 
Distribuição típica para composição dos resíduos sólidos em função do estágio de desenvolvimento do país.
	
Componente
	Países de baixa renda per capita
	Países de média renda “per capita”
	Países de elevada renda per capita
	Orgânico
	
	
	
	Restos de alime.
	40-85
	20-65
	6-30
	Papel e papelão
	1-10 (soma)
	8-30 (soma)
	20-45 e 5-15
	Plásticos
	1-5
	2-6
	2-8
	Têxteis
	1-5
	2-10
	2-6
	Borracha e couro
	1-5
	2-10
	0-2
	Podas e madeira
	1-5 (soma)
	1-10 (soma)
	10-20 e 1-4
	Inorgânicos
	
	
	
	Vidro
	1-10
	1-10
	4-12
	Metais em geral
	1-5
	1-5
	3-12
	Terra, pó, cinzas
	1-40
	1-30
	0-10
 Fonte: TCHOBANOGLOUS, et al (1993)
– PROPRIEDADES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 
 DOMÉSTICOS.
- Propriedades Físicas.
 As propriedades físicas mais importantes dos resíduos sólidos são:
 - Peso específico - é um parâmetro importante uma vez que podem ser determinados diversos valores, considerando-se as condições em que se encontra o resíduo, ou seja: natural como encontrado em recipientes, compactados em caminhões compactadores e no aterro, entre outras situações. Infelizmente existe muita dificuldade na definição de padrões para o peso específico dos resíduos, devido a sua não uniformidade, e a questão das condições em que o mesmo se encontra (compactado ou não), não podendo, portanto ser bem definida.
 - Umidade – é variável, em função da geração e acondicionamento do resíduo sólido. Esta diretamente relacionado à capacidade de campo.
 - Capacidade de campo - dos resíduos sólidos domésticos é representado pela umidade total que pode ser retirada em uma amostra de resíduo, submetida à ação gravitacional. A capacidade de campo desses resíduos é de importância crítica na formação do chorume nos aterros sanitários. A quantidade de chorume esta relacionada diretamente com o excedente da capacidade de campo. A capacidade de campo varia com o grau de compactação e o estado de decomposição do resíduo aterrado. A capacidade de campo de resíduos sólidos doméstico não compactado varia entre 50% e 60%, considerando-se os dados de TCHOBANOGLOUS (1993).
 - Tamanho e a Distribuição do tamanho – ganham maior importância quando existe interesse na sua recuperação, principalmente por meios mecânicos. Dentre os materiais de tamanho médio destacam-se o papelão e o papel, seguido pelo plástico, tomando-se como base o comprimento de maior dimensão.
- Propriedades Químicas.
 As informações sobre as propriedades químicas dos resíduos sólidos domésticos é de grande importância na avaliação dos processos alternativos e também para opções de reciclagem. 
 A prática de incineração, por exemplo, torna-se viável dependendo da composição química dos resíduos sólidos. O conteúdo energético pode ser determinado em laboratório, empregando-se calorímetros ou estimados por cálculos baseados na composição elementar de componentes conhecidos dos resíduos domésticos.
 Quando existe interesse na conversão biológica dos resíduos domésticos, tais como, compostos (de compostagem), metano e etanol, as informações dos nutrientes essenciais é de grande importância na manutenção do equilíbrio e da eficiência na conversão.
- Propriedades biológicas
 Excluindo os plásticos, borracha e couro, os demais componentes presentes nos resíduos sólidos domésticos podem ser classificados como: 
 - Componentes solúveis em água – açúcar, amido, aminoácidos e vários ácidos orgânicos.
 - Hemocelulose – produto da condensação de determinados açucares.
 - Celulose – produto de condensação da glicose.- Gorduras, Óleos e Ceras – são os ésteres de álcool e longas cadeias de ácidos graxos.
 - Lignina – Matéria polimétrica contendo cadeias aromáticas com grupos – OCH3.
 - Ligninocelulose – é a combinação de lignina e celulose.
 - Proteínas.
- Biodegradabilidade.
 A biodegradabilidade da fração orgânica é freqüentemente medida através do conteúdo dos sólidos voláteis, determinado pela queima acima de 550 ºC. Contudo, os resultados podem ser por vezes enganosos, pois determinados produtos altamente voláteis são pouco biodegradáveis.
 Alternativamente o conteúdo da lignina dos resíduos podem ser usados para estimar a fração biodegradável e, nesse caso, diversos compostos orgânicos podem ser listados para identificação da biodegradabilidade, como mostra a Tabela abaixo:
Tabela: Dados da fração biodegradável de alguns resíduos orgânicos, baseados 
 no conteúdo de lignina.
 Fonte: HAMADA, J. (2000).
 Materiais com maior quantidade de lignina, tais como, revistas, jornais e papelão apresentam menor biodegradabilidade que outros resíduos orgânicos encontrados no lixo doméstico.
 A taxa com que ocorre a biodegradação dos principais componentes orgânicos do lixo doméstico varia consideravelmente, e do ponto de vista prático podem ser classificados em rapidamente e lentamente degradáveis.
- Odores.
 Odores surgem de resíduos sólidos quando se verifica o armazenamento por períodos relativamente longos no intervalo entre a geração “in loco” e a coleta, nas estações de translado e nos aterros sanitários. Essas ocorrências tornam-se significativas em locais de clama tropical, como no Brasil.
 A formação dos odores resulta da decomposição anaeróbia de componentes biodegradáveis. Por exemplo, sob condições anaeróbias, o sulfato pode ser reduzido a sulfeto, que posteriormente combina com o hidrogênio para formar o H2S (gás sulfidrico). 
 Os íons sulfetos também podem combinar com sais metálicos. Tais como o ferro e formar os sulfetos metálicos. A cor preta escurecida dos resíduos sólidos submetido à decomposição anaeróbia em aterros ocorre primariamente pela formação de sulfetos metálicos.
 A redução de compostos orgânicos contendo um radical de enxofre pode iniciar a formação de compostos como metil-mercaptana e ácidos aminobutíricos, que apresentam odores desagradáveis. A metil-mercaptana pode ser hidrolisada bioquimicamente para metil-alcool e sulfeto de hidrogênio.
 - Moscas.
 A procriação de mosca é um problema constante em paises como o Brasil, portanto são muito importantes as considerações sobre armazenamento, principalmente no local de origem. As moscas podem se desenvolver em menos de duas semanas após a postura dos ovos. 
A Tabela abaixo mostra o desenvolvimento das moscas domésticas, a partir da postura.
 Tabela: Fases do desenvolvimento de moscas domésticas
 
 Fonte: HAMADA, J. (2000)
 
– Classificação dos Resíduos Sólidos.
 A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT editou a Norma Brasileira NBR 10004 em Maio de 2004 – Resíduos Sólidos objetivando classificar os resíduos sólidos quanto a seus riscos potenciais ao meio ambiente a saúde pública e, também, para que estes resíduos pudessem ser manuseados e com destinação adequada.
 De acordo com a referida Norma, os resíduos ficam assim classificados:
Resíduos Classe I – Perigosos.
Resíduos Classe II-A – Não perigosos e não inertes.
Resíduos Classe II-B – Não perigosos e inertes.
Nota: As classificações perdem o valor quando ocorrer a contaminação dos não perigosos por perigosos ou quando houver mistura entre inertes e não inertes.
- Resíduos Classe I – Perigosos.
 São classificados resíduos Classe I ou Perigosos os resíduos sólidos ou mistura de resíduos que, em razão de suas características físicas, químicas ou infecto-contagiosas, podem apresentar riscos à saúde pública, por provocar ou contribuir para um aumento ou de mortalidade ou de incidência de doenças, e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.
 As características que conferem periculosidade a um resíduo são:
- Inflamabilidade.
 Um resíduo é considerado inflamável se uma amostra representativa dele obtida apresentar as seguintes propriedades:
ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60º C, excetuando-se, as soluções aquosas com menos de 24% de álcool em volume.
Não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura de 25ºC e pressão de 1 Atm, produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamada queimar vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo.
ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material
- Corrosividade.
 Um resíduo é caracterizado como corrosivo se uma amostra representativa dele obtida apresentar uma das seguintes propriedades:
ser aquosa e apresentar um pH inferior ou igual a 2, ou superior ou igual a 12,5.
Ser líquida e corroer o aço (SAE 1020) a uma razão maior do que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55ºC, de acordo com o Método NACE (National Association Corrosion Engineers).
- Reatividade.
 Um resíduo é caracterizado como reativo se uma amostra representativa dele obtida apresentar uma das seguintes propriedades:
ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar.
Reagir violentamente com a água.
Formar misturas potencialmente explosivas com a água.
Gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidade suficiente para provocar danos à saúde ou ao meio ambiente, quando misturados com a água.
Possuir em sua constituição ânions, cianeto ou sulfeto, que possa, por reação, liberar gases, vapores ou fumos tóxicos em quantidade suficiente para por em risco a saúde humana ou o meio ambiente.
Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte estímulo, ação catalítica ou da temperatura em ambientes confinados.
Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou explosiva a 25ºC e 1 Atm.
Ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um resultado prático, através de explosão ou de efeito pirotécnico, esteja ou não essa substância contida em dispositivo preparado para esse fim.
- Toxicidade.
 Um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra representativa dele obtida apresentar as seguintes propriedades:
possuir quando testada, uma DL50 (Dose Letal para 50% dos ratos testados) oral para ratos menor do que 50 mg/kg ou CL50 Inalação para ratos menor que 2 mg/L ou uma DL50 dérmica para coelhos menor que 200 mg/kg.
 Quando o extrato obtido dessa amostra, através de teste de lixiviação (NBR 10005), contiver qualquer um dos contaminantes em concentração superior aos valores constantes na listagem nº. 7 (Anexo 6) da NBR 10004
Possuir uma ou mais substâncias constantes na listagem nº 4( Anexo D) e apresentar periculosidade. Para avaliação dessa periculosidade, devem ser considerados os seguintes fatores:
- Natureza da toxidez apresentada pelo resíduo.
- concentração do constituinte no resíduo.
- potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação,tem de migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias de manuseio.
- persistência do constituinte ou de qualquer produto tóxico de sua degradação.
- potencial que o constituinte ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem de se degradar em constituintes não perigosos, considerando a velocidade em que ocorre a degradação.
- extensão em que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, é capaz de bioacumulação nos ecossistemas.
 d) ser constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias da 
 listagem nº 5 ( Anexo E, com códigos de identificação de P001 a P123).
 e)Resíduos de derramamento ou produtos fora de especificação de qualquer 
substância constante na listagem nºs 5 e 6 ( Anexos E e F, com código de
identificação de P001 P123 ou U001 a U246).
- Patogenicidade.
 Um resíduo é caracterizado como patogênico se uma amostra representativa dele obtida contiver microorganismos ou se suas toxinas forem capazes de produzir doenças.
NOTA: Não se incluem neste item os resíduos sólidos domésticos e aqueles gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos.
- Resíduos Classe II-A – não perigosos e não inertes.
 São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos ou de resíduos Classe II-B não perigosos e inertes. Os resíduos Classe II-A – não perigosos e não inertes podem ter propriedades, tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.
- Resíduos Classe II-B – não perigosos e inertes.
 Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa e submetido a um contacto estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Como exemplo desses materiais podemos citar: rochas, vidros, tijolos e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.
 
2 – TÉCNICA DE AMOSTRAGEM DE RESÍDUOS.
2.1 OBJETIVOS.
 O estudo das técnicas de amostragem de resíduos tem por objetivo conhecer as condições exigíveis para amostragem, preservação e estocagem de amostras dos mesmos.
2.2 NORMAS REGULAMENTARES.
 A norma que regulamente a técnica de amostragem de resíduos é a NB – 10.007, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). São recomendadas consultas às seguintes normas complementares:
- ASTM E 300 – Industrial Chemicals, recommended practice for sampling.
- AWWA-APHA-WPCI – Standard methods for examination of water and wastewater.
DEFINICÕES.
 A NB- 10.007 apresentam as seguintes definições, para efeito de aplicabilidade da norma:
Amostra Representativa – 
 É a parcela do resíduo a ser estudada, que é obtida através de um processo de amostragem, e que, quando analisada , apresenta as mesmas características e propriedades da massa total de resíduo.
Amostra Simples – 
 É a parcela de resíduo a ser estudada, que é obtida através de um processo de amostragem e de um único ponto de profundidade.
Amostra Composta – 
 É a soma de parcelas individuais do resíduo a ser estudado, obtido em pontos, profundidades e/ou instantes diferentes, através dos processos de amostragem. Estas parcelas devem ser misturadas de forma a se obter uma mistura homogênea.
2.3.4 Amostra Homogênea - 
 È a amostra obtida pela melhor mistura possível das alíquotas dos resíduos. Essa mistura deve ser feita de modo que a amostra resultante apresente características semelhantes em todos os seus pontos. Para resíduos em estado sólido, esta homogeneização deve ser obtida por quarteamento.
Quarteamento – 
 É o processo de mistura pelo qual uma amostra bruta é dividida em quatro partes iguais, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado. 
Nota: Emprega-se também esse sistema, porém escolhendo-se apenas uma quarta parte para prosseguimento do processo:
 
 
 
– Amostrador – 
 São os aparelhos e equipamentos utilizados para coleta de amostras.
CONDIÇÕES GERAIS.
 Os itens abaixo estabelecem as linhas básicas que devem ser observadas, antes de se retirar qualquer amostra, com o objetivo de definir o plano de amostragem (objetivo da amostragem, número e tipo da amostra, amostradores, local da amostragem, frascos e preservação da amostra).
Objetivos da Amostragem – 
 A escolha de uma determinada técnica de amostragem depende do uso que se vai dar às informações obtidas. Portanto, somente o conhecimento prévio dos objetivos da amostragem (por exemplo: classificar um resíduo, propor algum método de tratamento de resíduo, etc.) permite o estabelecimento de um bom plano de amostragem.
Pré-caracterização de um resíduo –
 A pré-caracterização de um resíduo é feita através de um levantamento do(s) processo(s) que lhe deu(ram) origem. As informações assim obtidas (volume aproximado, estado físico, constituintes principais, temperatura, etc.) permitem a definição do tipo de amostrador mais adequado dos parâmetros que serão estudados ou analisados, do número de amostras e do seu volume, do tipo de frasco de coleta e do(s) método(s) de preservação que devem ser utilizado(s). 
 
Plano de Amostragem
 O plano de amostragem deve ser estabelecido antes de coletar qualquer amostra, ser consistente com os objetivos da amostragem e com a pré-caracterização do resíduo e deve incluir os pontos de amostragem, tipos de amostradores, número de amostras a serem coletadas, seus volumes, seus tipos (simples ou composto), número e tipos de frasco de coleta, métodos de preservação e tempo de estocagem. Esse plano também deverá estabelecer a data e a hora da chegada das amostras ao laboratório, pois os resíduos devem ser analisados logo após esta chegada.
Nota: Quando existir suspeita de que o manuseio do resíduo pode apresentar um risco à saúde dos coletores, o plano de amostragem deve definir os tipos de equipamentos de proteção individual a serem utilizados durante a coleta. A Tabela 1, Anexo A, apresenta os tipos de equipamentos de respiração recomendados para algumas situações de risco. 
Seleção do Amostrador – 
 Os resíduos podem ser encontrados sob várias formas, tais como: misturas, líquidas multifisicas, lodos, e sólidos. A mistura liquida e lodos podem variar em viscosidade, reatividade, corrosividade, volatilidade e inflamabilidade. Os sólidos podem variar desde pó ou grãos até grandes pedaços.
 Além disso, os resíduos podem estar contidos em receptáculos com as mais diferentes formas e tamanhos. Por isso, não existe um único amostrador que atenda a todos os tipos de resíduos.
 A Tabela 2, no Anexo A das normas, apresenta os amostradores recomendados para cada tipo de resíduo.
Seleção da Embalagem da Amostra – 
 Os aspectos mais importantes a serem considerados na escolha de um frasco de amostragem são compatibilidadedo material do frasco e da sua tampa com os resíduos, resistência, volume e facilidade de manuseio. Em geral para resíduos sólidos ou pastosos, podem ser utilizados, podem ser utilizados sacos plásticos de polietileno. Quando os resíduos contiverem solventes em sua composição, deve ser utilizado um frasco de vidro. Se os resíduos forem fotossensíveis, o frasco deve ser de vidro âmbar.
Nota: Quando forem utilizados frascos rígidos para embalagem de resíduos sólidos ou semi-sólidos, esses frascos devem ter boca larga, ser feitos, assim como sua tampa, de material compatível com o resíduo e proporcionar boa vedação.
Pontos de Amostragem – 
 Devido à extrema variedade de receptáculos onde os resíduos são armazenados, não é possível definir um único tipo de ponto de amostragem. A Tabela 3, no Anexo 2, apresenta os tipos de ponto de amostragem em função dos tipos e formas dos receptáculos.
Número de Amostras – 
 O número de amostras depende basicamente do tipo de informação desejada e da variabilidade das características dos resíduos. 
 
 Quanto maior essa variabilidade, maior será o numero de amostras necessário para caracterizar bem o resíduo. A Tabela 4, Anexo A, estabelece o número de amostras em função da informação desejada, do tipo de resíduo e do tipo de receptáculo.
Volume das Amostras – 
 É necessário, durante a fase de planejamento, estabelecer quais as análises e ensaios que serão realizados e qual o volume de amostras necessário para cada um deles. Muitas vezes é necessário também obter volumes que permitam a realização de contraprovas. Na maioria dos casos 1 litro de amostra é suficiente.
Nota: Quando se pretende analisar diversas propriedades ou parâmetros, será frequentemente necessário dividir a amostra inicial em diversas alíquotas, pois os métodos de preservação para uma determinada análise podem ser diferentes para cada parâmetro.
Etiquetagem e ficha de coleta – 
 Toda amostra deve ser etiquetada imediatamente após a coleta, a fim de garantir posterior identificação. A etiqueta deve ter pelo menos o número da amostra.
Nota: Em alguns casos, a amostra deve ser selada para evitar fraude durante o tempo entre a coleta da amostra e a abertura dos frascos no laboratório.
 Toda amostra deve ser acompanhada de uma ficha de coleta que permita ao pessoal do laboratório identificá-la ao realizar os ensaios pretendidos. A ficha de coleta deve ter, pelo menos, os seguintes dados:
Nome do coletor
Data e hora da coleta
Identificação da origem do resíduo
Identificação de quem receberá os resultados;
Número da amostra.
Descrição do local da coleta;
Determinações efetuadas no campo;
Determinações a serem efetuadas no laboratório.
Observações;
Nota: Sempre que se for analisar ou ensaiar um resíduo que se suspeite de ser perigoso, o coletor deve informar no campo referente às observações, que o resíduo é potencialmente perigoso e quais os riscos principais a que o operador de laboratório pode estar sujeito.
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS.
Amostragem em tambores – 
 Algumas observações devem ser observadas quando da coleta de amostras em tambores.
Eles devem ser posicionados com a tampa para cima.
O conteúdo deve ficar em repouso até que os sólidos se depositem.
 
A tampa deve ser afrouxada vagarosamente, com chave própria, afim de que a pressão interna e externa se equilibre.
O conteúdo deve ser removido com o amostrador de resíduo líquido composto, conforme estabelecido nas instruções do Anexo B.
Amostragem de caminhão Tanque.
A tampa do tanque só deve ser aberta por pessoa responsável pela carga.
O coletor deve estar seguro no passadiço ou na escada do tanque.
O conteúdo do tanque deve ser amostrado com o amostrador de resíduo líquido composto, conforme estabelecido nas instruções do Anexo B.
Caso o tanque não esteja em posição horizontal, deve ser coletadas amostras na parte frontal e posterior do mesmo, sendo necessário que sejam misturadas em recipiente apropriado.
Quando for necessário, a amostra de sedimentos deve ser coletada através da válvula de purga do tanque.
Amostragem em receptáculos contendo pó ou resíduos granulados.
Posicionar na vertical os tambores de fibras, barris ou latas.
Sacos e bolsas contendo resíduos não devem ser manuseados ou transportados, pois podem romper-se, devendo por isso ser amostrados na posição em que se encontrem.
O conteúdo do receptáculo deve ser amostrado com amostrador de grãos ou amostrador “trier”, conforme estabelecido nas instruções do Anexo B.
Amostragem em lagoas de resíduos.
Os resíduos devem ser amostrados por meio de um amostrador de lagoas, conforme estabelecido nas instruções do Anexo B, ou um balde de inox.
As amostras devem ser compostas.
Para se retirarem amostras em várias profundidades, deve se utilizar uma garrafa amostradora pesada ou equipamento similar.
Nota: O amostrador de lagoas pode ser usado para coleta de amostras até 3,5 m da margem. Caso se necessite de amostras de região mais centrais, isto é, a distâncias superiores a 3,5 m da margem, devem-se utilizar barcos.
Amostragem de leitos de secagem, lagoas de evaporação secas, lagoas secas e solos contaminados.
A área onde o resíduo estiver acumulado deverá ser dividida em quadrículos imaginários, conforme é citado na Tabela 3, no Anexo A.
Para retirada de amostras de profundidades até 8 cm, deve-se utilizar uma pá conforme o estabelecido nas instruções do Anexo B.
Para retirada de amostras de profundidades superiores a 8 cm, deve-se utilizar o trado, conforme instruções do Anexo B.
 Amostragem de montes ou pilhas de resíduos. 
Os pontos de amostragem devem ser determinados conforme o estabelecido na Tabela 3, no Anexo A.
Deve-se coletar uma amostra composta utilizando-se o amostrador de montes e pilhas, conforme estabelecido nas instruções do Anexo B.
Nota: Os montes ou pilhas de resíduos são muito variáveis em tamanho ou forma. A composição dos resíduos pode ser extremamente variável de ponto para ponto em sua composição. 
2.5.7 Amostragem em tanques de secagem.
O orifício da coleta deve ser aberto pelo responsável pela estocagem.
As amostras devem ser coletadas da seguinte forma: uma amostra na parte superior do tanque, uma na parte central e uma na parte inferior, utilizando-se para isso uma garrafa amostradora pesada, conforme mencionado nas instruções do anexo B.
As amostras obtidas segundo o procedimento acima citado devem ser misturadas em um recipiente e a amostra resultante deve ser considerada como amostra composta.
Amostragem de resíduos sólidos Heterogêneos.
Inspeção visual dos resíduos, com anotação quanto aos diferentes tipos de materiais que constituem o resíduo.
triagem e separação dos materiais de maior volume, de maior massa ou que se apresentem como únicos exemplares.
Pesagem dos materiais triados.
Pesagem dos materiais restantes.
Dos materiais não triados na fase anterior, obter dez amostras de 10 litros cada uma, retiradas aleatoriamente de quartis opostos entre si, por meio de uma pá.
Nota: Quando a quantidade total de resíduos for igual ou inferior a 100 litros o volume da cada uma das amostras deverá ser de 1/10 do volume total.
 As amostras obtidas dos materiais triados devem ser misturadas de maneira a tornar a massa homogênea para, a partir daí, serem conseguidas quatro novas amostras de 10 litros cada uma, retiradas de quartis opostos entre si, que, dependendo das análises a serem efetuadas e dos resíduos possuírem partículas com diâmetro superior a 2,5cm, devem ser picadas e quebradas até que seu diâmetro fique entre 2,0 e 2,5 cm.
Nota: Quando a soma das dez amostras iniciais for igual ou inferior a 40 litros, o volume das quatro amostras deverá ser ¼ do volume total.
 Juntar e homogeneizar as partículas obtidas do material anteriormente triado ( quatro amostras de 10 litros) e em seguida:
formar com os resíduos um paralelepípedo de base quadrada, com 5 a 10 cm de altura;
dividir o paralelepípedo em quatro partes iguais, eliminar duas partes diagonalmente opostas, juntar e homogeneizar as duas outras;
repetir a operação “a” e “b” até obter uma amostra com volume de aproximadamente 5 litros, que deve ser embalada adequadamente.
PRESERVAÇÃO E TEMPO DE ESTOCAGEM DE AMOSTRAS.
 As amostras de resíduos devem ser analisadas imediatamente após a coleta, pois os métodos para sua preservação podem influir nos resultados analíticos. A Tabela 5, no Anexo A, mostra alguns métodos de preservação.
 Para amostras de resíduos no estado sólido ou pastoso o suficiente para não escoarem, o único método de preservação é a refrigeração a 4º C. Para amostras de resíduos líquidos, podem-se utilizar os métodos de preservação de águas residuárias prescritos no “Standard methods for examination of water ande wastewater”.
Nota: Caso seja necessário analisar vários componentes que possuam métodos de preservação diferentes, a amostra inicial deve ser dividida em um número suficiente de alíquotas, sendo cada uma delas preservada separadamente.
 
 
 
 
 METODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS.
3.1 O LANÇAMENTO A CÉU ABERTO.
 É uma forma de disposição final dos resíduos sólidos urbanos, na qual estes são simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou a saúde pública.
 Essa forma de disposição facilita a proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.), geração de maus odores, poluição das águas superficiais e subterrâneas pelo lixiviado – mistura do chorume (líquido), gerado pela degradação da matéria orgânica, com água de chuva, além de não possibilitar o controle dos resíduos que são encaminhados para o local da disposição.
 É, sob todos os aspectos, a pior forma de disposição dos resíduos sólidos, embora em levantamento realizado pelo IBGE, representa a solução para mais de 70% das comunidades brasileiras.
 
 
 
 Por conter substância de alto teor energético e, por fornecer disponibilidade simultânea de água, alimento e abrigo, o lixo é preferido por inúmeros organismos vivos, ao ponto de algumas espécies o utilizarem como nicho ecológico. Dois grandes grupos de seres que habitam o lixo podem ser destacados:
 - os macrovetores – são os ratos, baratas, moscas e mesmo os animais de maior porte como os cães, aves, suínos e eqüinos. O próprio ser humano, catador de lixo, enquadra-se neste grupo.
 - os microvetores – são os vermes, bactérias, fungos, actinomicetes e vírus, sendo esses últimos os de maior importância epidemiológica por serem patogênicos e, portanto, uma ameaça real à sobrevivência do ser humano.
Macrovetores, dentre eles o ser humano, na disputa por resíduos com algum valor agregado.
 A tabela abaixo mostra o tempo de sobrevivência de alguns destes microvetores no lixo:
	ORGANISMO
	TEMPO (DIAS)
	Salmonella Typhi
	29 – 70
	Endamoeba Histolytica
	8 - 12
	Ascaris Lumbricóides
	2000 - 2500
	Leptospira Interogans
	15 - 43
	Pólio Virus
	20 - 170
	Bacilo Tuberculose
	150 - 180
	Larvas de vermes
	25 - 40
Fonte: K.F. Suberkroop & M. J. Klug apud Lima
 Estes vetores, quando em contato com o ser humano, são responsáveis pelo surgimento de doenças respiratórias, epidérmicas, intestinais e outras enfermidades lesivas a até letais, como o cólera, o tifo, a leptospirose, a pólio, etc.
 Tão desastroso quanto à proliferação de microvetores e macrovetores, os lixões poluem o solo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas.
 Constitui-se, não só em um problema de ordem estética, mas ainda, numa séria ameaça à saúde pública.
-Poluição da água e do ar.
 A poluição das águas é provocada pelo lançamento de lixo nos cursos de água. Tal procedimento provoca no meio aquoso um aumento da turbidez, formação de bancas de lodo, variações de temperatura, perda de O2 devido à decomposição do lixo orgânico alem dos aspectos pouco estéticos que assume o corpo hídrico agredido.
 Também as águas subterrâneas (freáticas) são poluídas pela lixiviação, percolação, arrastamento, etc.
 Já a poluição do ar acontece pela formação de gases (CO2, H2 S e CH4).
 Além dos tipos de poluição já citados, causado pelo lançamento de resíduos a céu aberto (lixões), vale destacar a poluição visual causada pelo processo, bem como o surgimento de uma população de seres humanos praticantes de uma sub-subsistência, disputando com ratos e outros animais os objetos que tenham algum valor agregado. 
3.2– ATERROS CONTROLADOS - 
 É uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, na qual precauções tecnológicas executivas adotadas durante o desenvolvimento do aterro, como recobrimento dos resíduos com argila (na maioria das vezes sem compactação), aumentam a segurança do local minimizando os riscos de impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Embora seja uma técnica preferível ao lançamento a céu aberto, não substitui o aterro sanitário; é uma solução compatível (não completamente adequada) para municípios pequenos que não dispõe de equipamentos compactadores. É adotada, no Brasil, como solução para aproximadamente 13% dos municípios.
3.3 ATERROS SANITÁRIOS.
 O aterro sanitário é uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, dentro dos critérios de engenharia e normas operacionais específicas, proporcionando o confinamento seguro dos resíduos (normalmente, recobrimento com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios), evitando danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais.
 Esses critérios de engenharia mencionados materializam-se no projeto de sistemas de drenagem periférica e superficial para afastamento das águas de chuva, de drenagem de fundo para coleta de lixiviado, de sistema de tratamento para o lixiviado drenado, de drenagem e queima dos gases gerados durante o processo de bioestabilização da matéria orgânica. É, sem dúvida, uma interessante alternativa de disposição final de resíduos sólidos para paises em desenvolvimento, como o Brasil.
 Atualmente, cerca de 10% das comunidades brasileiras solucionaram seu problema de disposição de lixo adotando a técnica do aterro sanitário.
As figuras abaixo mostram alguns aterros sanitários:
 
O ECOSSISTEMA ATERRO SANITÁRIO.
 As características físico-químicas e microbiológicas dos resíduos sólidos urbanos apresentam grande diversidade de cidade para cidade, e são diretamente influenciadas pelas condições sócio-econômicas e culturais de cada região.
 O procedimento de disposição final desses resíduos em aterro sanitário representasolução técnica de fácil execução e viável economicamente para países em desenvolvimento. No entanto, a partir da disposição, e independentemente da composição dos resíduos, as populações de microrganismos existentes nos mesmos passam, em condições ambientais favoráveis, a multiplicar-se no ambiente do aterro (que opera como um verdadeiro reator), estabelecendo-se assim um meio ambiente, no sentido ecológico da palavra.
 A multiplicação desses organismos (dependente principalmente dos aspectos nutricionais que a massa de resíduos apresenta), transformando o material biodegradável em massa parcial ou totalmente bioestabilizada, gera interações muito complexas no ambiente do aterro. Ao mesmo tempo, o nível de compactação/impermeabilização conferido à massa de resíduos, da precipitação pluviométrica na área do aterro, da variação sazonal de temperatura na região onde o mesmo esta implantado, entre outros, são aspectos externos que influenciam definitivamente no desempenho dos aterros. O controle desses fatores internos e externos, interferentes importantes no processamento do material disposto em aterros, é extremamente dificultado, seja pela complexidade das reações que ocorrem no ambiente dos mesmos, seja pelos seus aspectos dimensionais (ocupando áreas razoáveis).
 Embora o caminho da biotransformação dos resíduos sólidos dentro dos aterros sanitários seja o mesmo, conforme sugere a geração de subprodutos que apresentam certa similitude (é o caso, por exemplo, dos gases, nos diversos estágios cronológicos dos aterros e de grandes concentrações de nitrogênio amoniacal nos lixiviados), a heterogeneidade dos resíduos sólidos de cada comunidade e a técnica executiva do aterro estabelecendo determinadas condições de contorno (nível de compactação e granulometria dos resíduos, afastamento de águas
Pluviais , por exemplo) são aspectos que sugerem que cada aterro conduz um ecossistema particular.
CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS.
 Segundo a ASCE (American Society of Civil Engineering), um aterro sanitário é um método de disposição que não provoca prejuízos ou ameaças à saúde e à segurança, utiliza princípios de engenharia de modo a confinar o lixo no menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de solo ao fim do dia, ou mais vezes, se necessário.
 De um modo geral, quando se executa um aterro sanitário, dispondo-se assim os resíduos sólidos de forma adequada, EVITA-SE:
- problemas como a proliferação de vetores (ratos, moscas, mosquitos e baratas)
- o espalhamento de papéis, plásticos e outros materiais leves nas cercanias do local de disposição;
- a possibilidade de engorda de animais na área (suínos, principais veiculadores da cisticercose);
- a fixação de famílias de catadores (que passam a triar o material em condições, na maioria das vezes, em completa insegurança);
- a poluição das águas, sejam elas de superfície ou subsuperficiais, pelo lixiviado (mistura de chorume, liquido perdido pelos resíduos orgânicos durante a sua degradação, com água de chuva).
 A fim de evitar os problemas arrolados anteriormente, alguns cuidados especiais devem ser tomados durante a execução dos aterros sanitários. Entre eles destacam-se a previsão de dispositivos de drenagem e tratamento de gases, de drenagem e tratamento de lixiviados e de afastamento o máximo possível de águas pluviais; a canalização de córregos e nascentes existentes no local, o recobrimento diário e sistemático com argila dos resíduos após sua compactação, o selamento e impermeabilização mínima das células de aterro após o alcance de sua altura útil e a urbanização final do parque são também providências indispensáveis na execução de um aterro. 
 O aterro sanitário é uma solução para qualquer volume, apresenta simplicidade executiva, não exige equipamentos especiais que não sejam unidades componentes de qualquer administração municipal, permite o controle de vetores e a transformação de material degradável em estabilizado ocorre natural e biologicamente. A recuperação de áreas de lixo, apontada como vantagem, é bastante discutível, sendo preferível que as áreas impactadas sejam recuperadas e tenham a reconstituição de sua morfologia com uso de material tão nobre quanto aquele que as constituía originalmente, permitindo inclusive a reposição da vegetação original.
 Outros aspectos referidos como vantagens, a recuperação de energia na forma de gás metano e produção de fertilizante orgânico a partir da matéria orgânica bruta e, principalmente, a questão do gás, estão ainda necessitando de estudos que comprovem a viabilidade técnica e econômica de tais providencias. Note-se que no caso do gás, é difícil viabilizar uma produção linear, constante, em função dos diversos aspectos que interferem na geração do mesmo; já, no caso da meteria orgânica, o reaproveitamento do material parcial ou totalmente humidificado passa necessariamente por procedimentos de remediação dos locais de aterros, separação da parcela orgânica de resíduos inertes, complementação do processo de humificação disponibilizando formas solúveis para as plantas, que são tarefas de execução bastante difíceis e caras.
 Das obras de aterro sanitário decorrem também, evidentemente, algumas desvantagens. Normalmente localizados em áreas afastadas do perímetro urbano (exigência da Legislação Ambiental), podem determinar transportes em trechos longos, inclusive com instalações de transbordo, com decorrente poluição sonora e do ar pela frota de veículos, produzem águas residuárias que necessariamente devem ser tratadas e a degradação dos resíduos orgânicos é lenta (degradação anaeróbia, na ausência de oxigênio atmosférico); em função das características geológicas do local do aterro e suas cercanias, pode haver necessidade de importação de material de cobertura de outros locais mais distantes com pesados custos.
 
 A falta de áreas próximas às cidades, apontada como desvantagem, vem sendo atualmente superada por soluções integradas, que consorciam vários municípios entre si, e viabilizam a implantação de aterros nas comunidades que dispõe de área ambiental e dimensionalmente adequadas à obra.
CLASSIFICAÇÃO E MÉTODOS DE OPERAÇÃO.
Método da trincheira.
 É aplicado quando o local do aterro for plano ou levemente inclinado, e quando a produção diária de lixo, preferencialmente não ultrapassar 10 toneladas. Assim, é um método próprio para pequenas comunidades, normalmente de escassos recursos financeiros e sem equipamentos adequados à operação de um aterro convencional; no entanto, em função da morfologia do local do aterro e da forma de operação que se deseja dispensar ao mesmo, é a solução que também pode ser adotada para grandes comunidades geradoras de lixo.
 No caso das pequenas comunidades, com as quantidades de resíduos geradas levando à execução de trincheiras de pequeno porte, estas são normalmente abertas com os equipamentos de uso corrente em escavação. Os resíduos são descarregados no lado livre das trincheiras, sem o ingresso do caminhão coletor no seu interior.
 Normalmente o resíduo é espalhado manualmente, sem compactação, com a utilização de equipamentos manuais, inclusive sem a entrada dos operadores na parte interna da trincheira propriamente dita. O material proveniente da escavação é utilizado no recobrimento dos resíduos, o que é feito, preferencialmente, a cada dia, com tolerância para freqüências menores somente em circunstâncias especiais.
 Preenchida a trincheira, com a parte superior devidamente nivelada, a sobra da escavação é transportada para um bota-fora ou utilizada na melhoria das vias de acesso ao parque do aterro,passando-se a escavação da trincheira seguinte contígua a anterior. É interessante depositar o material escavado sobre a trincheira aterrada, pois acelera os recalques e compacta a massa de lixo.
 Em trincheiras de grande porte, os resíduos são descarregados no interior da mesma e um trator de esteira comum empurra o lixo de baixo para cima, passando de três a cinco vezes sobre o mesmo para a compactação em uma rampa de aproximadamente 1:3. Ao fim do trabalho de um dia, o lixo compactado recebe uma cobertura de argila e/ou saibro de 10 a 15 cm de espessura, confeccionando-se assim as células sanitárias.
 Atingida a altura máxima das células, inclusive com a sobreposição de camadas, essas são seladas com uma cobertura de 60cm a 1 metro de espessura. O método exige atenção redobrada relativa à coleta e afastamento de lixiviado (chorume + água de chuva) que, em função do próprio método de operação, é na maioria das vezes realizada em condições desfavoráveis.
Método da escavação progressiva ou Método da meia encosta.
 É utilizado em áreas secas e de encosta, normalmente aproveitando-se o material escavado do próprio local na cobertura do lixo. Esse aspecto caracteriza uma interessante vantagem no método. O aterro é executado depositando-se um certo volume de lixo no solo, o qual é compactado por um trator de esteira em várias camadas, até 3,0 a 4,0 metros de altura. Em seguida, o trator escora, na parte oposta da operação, o material para a cobertura do lixo compactado, formando as células sanitárias.
 Após a conclusão do aterro, com o selamento superficial e a reconstituição da morfologia local, a área pode ser utilizada em atividades menos restritivas do ponto de vista ambiental.
Método da área ou aterro tipo superficial.
 A técnica de execução de aterro em área é utilizada quando a topografia local permite o recebimento/confinamento dos resíduos sólidos, sem a alteração de sua configuração natural.
 Nessas áreas, os resíduos são descarregados e compactados, formando uma elevação tronco-piramidada, que recebe o recobrimento com solo ao final da operação de um dia. 
 A primeira elevação constitui o paramento necessário para o prosseguimento da célula, em qualquer sentido. Em virtude da falta de locais disponíveis, muitas vezes torna-se necessário, principalmente nas grandes metrópoles, o aproveitamento de áreas baixas e úmidas, como pântanos, alagados e mangues, para construção de aterros sanitários.
 Esse procedimento não é correto e caiu em desuso, pois requer cuidados especiais, como rebaixamento constante do lençol freático, construções de diques ao longo da linha costeira ou de rios, com a finalidade de evitar a contaminação das águas pelo chorume, além do bombeamento de toda a água do local antes do inicio da construção do aterro. Em acréscimo, causa nos locais referidos, danos ambientais de grande magnitude, comprometendo irreversivelmente a biota que neles se abriga e reproduz.
 Por essas razões, essas áreas vem sendo atualmente objeto de proteção, inclusive contempladas com projetos de recuperação ambiental nos locais em que já foram impactadas. 
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