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Lei 9784 de 1999 Comentada Artigo por Artigo parte 1

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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA
CURSO DE DIREITO
Paulo Golin Cardoso
COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS DA LEI 9784/1999
São Carlos -SP
Novembro/2017
Paulo Golin Cardoso
COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS DA LEI 9784/1999
Trabalho apresentado à matéria Direito Administrativo como requisito parcial para conclusão do curso. Professora: xxxxxxx_
São Carlos -SP
NOVEMBRO/2017
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Centro de Documentação e Informação
LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999
Regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
	Para uniformizar as regras administrativas em relação aos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal foi editada a Lei no 9.784/99.
	
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
	Processo, em sentido amplo, é a forma, o instrumento utilizado pelos três poderes do Estado (Judiciário, Legislativo e Executivo) para a consecução de seus fins. Nesse sentido, o processo “se apresenta como uma série de atos coordenados para realização dos fins estatais, pode-se fazer um primeira classificação, separando-se, de um lado, o processo legislativo, pelo qual o Estado elabora a lei, e, de outro, os processos judicial e administrativo, pelo quais o Estado aplica a lei” (DI PIETRO, 2004, p. 528).
§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.
	A Lei no 9.784/99, tem características de lei federal, visto que é aplicada apenas na tramitação dos processos administrativos dentro da Administração Pública Federal (Executivo, tipicamente e , Legislativo e Judiciário Federal, atipicamente, segundo a ideologia de tripartição de poder de Montesquieu). Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em razão de sua autonomia, podem estabelecer suas próprias regras a respeito de seus processos administrativos. No entanto, nada impede que esses entes utilizem, de forma subsidiária, os dispositivos contidos na Lei no 9.784/99.
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
	Órgãos são centros internos de competência que tem a finalidade de melhor distribuir as atribuições pertinentes e organizar sua atuação. São considerados tanto os órgãos públicos (que integram pessoas de direito público, como a União, autarquias e fundações governamentais de direito público), como os órgãos de natureza privada, constituídos pelas divisões internas das pessoas administrativas de direito provado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado). Não possuem personalidade jurídica, sem capacidade de vontade própria (cada órgão manifesta sua vontade através dos agentes previamente indicados como competentes para tal fim), e sem patrimônio próprio.,
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
	Segundo definição legal, tem o sentido de pessoa jurídica. O processo administrativo legal alcança qualquer pessoa da Administração Pública Federal, ou seja, Entidade Federativa (União Federal) e Entidades integrantes da Administração indireta (autarquias, fundações públicas, soc. econ. mista e empresas públicas).
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
	A lei emprega o termo com o sentido de "sujeito de vontade", ou seja, o agente público, o sujeito que manifesta a vontade com o poder de decisão.
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
*Legalidade: O Princípio da Legalidade é uma das maiores garantias para os gestores frente o Poder Público. Ele representa total subordinação do Poder Público à previsão legal, visto que, os agentes da Administração Pública devem atuar sempre conforme a lei. Segundo Hely Lopes Meirelles: “Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”.
*Finalidade: é uma vertente do princípio da impessoalidade, que impõe que o administrador pratique o ato para seu fim legal, o interesse público. O princípio da impessoalidade pode ser visto sob dois aspectos: a) qualquer ato da Administração Pública deve zelar pelo interesse público nunca pelo interesse pessoal do agente público; b) os atos são imputados à entidade a que se vincula o agente público, não a ele próprio.
*Motivação: exige que a Administração Pública fundamente todos seus atos adequadamente, sempre vinculando o ato aos motivos apresentados. Ainda que o ato discricionário esteja entre as exceções de obrigatoriedade de motivação, segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o motivo alegado vincula-se ao ato: se aquele for falso ou inexistente, o ato será nulo. 
*Razoabilidade e Proporcionalidade: a Administração na prática dos seus atos deve buscar sempre a adequação entre os meios e os fins, considerando-se todas as situações e circunstâncias que afetem a solução.
*Moralidade: diz respeito à moral interna da instituição, que deve pautar os atos dos agentes públicos, como complemento à lei. Os atos devem ser, além de legais, honestos e conformes aos bons costumes e à boa administração. 
*Ampla defesa: o acusado pode usar todos os meios lícitos admitidos para provar o que alega, inclusive manter-se calado (art. 5º, LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si.
*Princípio do contraditório: com previsão no mesmo inciso LV do art. 5 º da CF/88, traduz a garantia que todos têm de poder contradizer tudo que se alega em seu desfavor. Segurança jurídica: garante-se estabilidade nas relações jurídicas, não passíveis de alteração aleatória pela Administração Pública, mas apenas dentro das possibilidades e prazos legais de alterações. Veda novas interpretações por parte do Poder Público. 
*Supremacia do interesse público: princípio basilar da Administração Pública, que deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de produzir a lei, quanto pelo administrador, quando de sua execução. O interesse público é indisponível, tendo o agente público o poder-dever de agir de acordo com esse princípio. 
*Eficiência: busca a otimização dos procedimentos em qualquer ação da Administração Pública, que deve ser rápida, útil, econômica, voltada para o alcance dos melhores resultados possíveis. Qualidade x economicidade. 
*Oficialidade: o processo administrativo pode ser instaurado de ofício, ou seja, por iniciativa da Administração, independentemente de provocação do administrado. Ademais, cumpre a Administração o impulso do processo (o chamado impulso oficial, previsto no art. 2º, parágrafo único, inciso XII). 
*Informalismo: o processo administrativo não está sujeito a formas rígidas. Isso não significa, porém, ausência absoluta de forma, pois forma sempre há, até porque o processo é escrito. No processo administrativo, o formalismo somente deve existir quando seja necessário para atender ao interesse público e proteger os direitos dos particulares. Gratuidade: em regra, não existem os ônus característicos do processo judicial, tais como custas, ônus de sucumbência, honorários e outros.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
	Critérios são os meios a serem adotados pelos administradorespara a apreciação de coisas e pessoas no processo administrativo. O sentido guarda compatibilidade com o modo de proceder ( modus agendi) dos agentes da Administração que intervêm no processo e praticam atos integrante do procedimento. Embora a direção dos critérios aponte fundamentalmente para os administradores, todos os demais intervenientes - interessados, técnicos, peritos, informantes - devem sujeitar-se a sua imposição. 
	É verdade que critérios diferem de princípios, não deixa de ser também verdadeiro que são eles verdadeiros princípios derivados, visto que sendo decorrentes dos princípios originários, têm, da mesma forma, idoneidade para nortear modos de comportamento.
I - atuação conforme a lei e o Direito;
	Trata-se, obviamente de critério derivado do principio da legalidade, constante do caput do dispositivo. É cabível a interpretação de que, ao empregar os dois termos (lei e direito), o legislador pretendeu que o administrador possa distinguir os casos nos quais é indubitável a aplicação direta da lei, daqueles outros em que, ausente a norma expressa ou colocada de forma duvidosa, devam incidir os princípios gerais de direito, a equidade, a justiça e a ética. 
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de
poderes ou competências, salvo autorização em lei;
	A expressão interesse geral no texto tem o mesmo sentido de interesse publico, que é aquele a que deve preordenar-se o agente da Administração e que consubstancia o principio da finalidade. Os poderes administrativos são os mesmo tempo deveres para o administrador, e não meras faculdades como ocorre com os indivíduos em geral na busca de interesses próprios. Trata-se de poder - dever de agir no sentido de que ao poder deve corresponder um dever de ação, sendo vedada, por conseguinte, qualquer forma de renuncia total ou parcial sem que a lei o autorize.
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
	O sentido do inciso anterior , ou seja, a proteção ao principio da finalidade. Quanto à promoção pessoal de agentes, é claro que o fato é diametralmente antagônico à finalidade publica da Administração. Se o agente quer promover-se à custa da função pública, age ilegalmente, primeiro porque sua função é publica e depois porque persegue seu próprio interesse ao invés de almejar a coletividade.
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
	A probidade, o decoro e a boa fé já são valores que se incluem entre os padrões éticos. O administrador não pode estar afastado da bona fides, o que significa que seu sentimento deve transmitir veracidade e sinceridade. O decoro diz respeito à conduta do administrador. Não se pode admitir que representantes dos interesses públicos possam conduzir-se entre escândalos, desvarios e ilicitudes. Mesmo que o agente seja eficiente do ponto de vista técnico, isso não é o bastante; cumpre que também um padrão de conduta que imprima respeitabilidade. A probidade corresponde à honestidade de propósitos, buscando-se dar a cada um o que é seu.
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo
previstas na Constituição;
	O que o principio da publicidade reclama é que as atividades da Administração devem se transparentes, sem subterfúgios, omissões ou artifícios ardilosos sendo seu objetivo alcançar o conhecimento dos administrados. 
	Pode ocorrer que alei preveja determinada forma de divulgação e o administrador utilize outra. Nessa hipótese, nenhuma ofensa haverá ao principio da publicidade se a forma adotada atingiu o seu fim, chegando ao conhecimento dos destinatários. A exceção do principio da publicidade reside nos casos constitucionais de sigilo.
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; 
	O principio da proporcionalidade indica que nenhum gravame imposto ao individuo deve ter dimensão maior do que a exigida pelo interesse publico. Se é bastante para o atendimento a o interesse publico a incidência de determinada restrição ao administrado, desnecessária será a imposição de outra que não aquela que satisfaz o fim do Estado. A não ser assim termos restrição sem causa eficiente, o que se configura como abuso de poder.
	A adequação da contunda tem enorme relevância no processo administrativo. Como aplicação pratica, veja-se que não teria sentido exigir-se do interessado mais provas do que as suficientes para a comprovação de determinada situação fática.
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
	Indicar os pressupostos significa menciona-los expressamente, e a menção expressa, configura a motivação, um dos princípios referidos no caput do art. 2º.
	O motivo constitui as razões que impulsionaram a manifestação de vontade do administrador, ao passo que a motivação se refere à formalização das razoes. Todo ato tem que ter a presença do motivo, visto que se trata de requisito da validade do ato; nem sempre, porem, terá motivação.
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
	De fato, a formalidades sem as quais se inviabiliza a defesa do direito do administrado. Por conseguinte, se forem postergadas, ofendido estará o próprio principio do contraditório e ampla defesa. Assim, se formalidade dessa natureza for dispensada pelo administrador em certa fase do processo administrativo a consequência será a invalidação dos atos subsequentes que dependam de formalidade não cumprida.
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
	Não se desconhece que no direito público é fundamental o principio da solenidade dos atos, mas as formas tem que ser vistas como meio para alcançar determinado fim. Por tanto, insistimos que se tem por criticável qualquer exagero formal por parte do administrador. Se a forma simples é bastante para resguardar os direitos do interessado, não a nenhuma razão de torna-la complexa. Cuida-se pois, de conciliar a segurança dos indivíduos com a simplicidade das formas.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
	A intenção da lei é clara: resguardar o direito de defesa através dos mecanismos que menciona, isto é, a comunicação, os argumentos em alegações, a comprovação dos fatos alegados, o inconformismo com atos e decisões que possam estar contaminados de ilegalidades, e outros meios análogos. Evidentemente, a garantia prevista na lei é exigível nos processos de natureza acusatória e nos de natureza conflituosa, processos em que aqueles elementos caso de extrema relevância.
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
	Significa que a atividade procedimental da Administração é encargo que a ela mesma deve ser atribuído, não podendo os interessados serem onerados por um serviço próprio do Estado. É claro que a lei poderá, em uma ou outra hipótese, exigir o pagamento de despesas, mas tais casos devem ser vistos como exceções. Obviamente, estão excluídos do dispositivo os pagamentos de natureza tributária (impostos, taxas, contribuições de melhoria e outras contribuições obrigatórias), bem como relativos a serviços que acarretam gastos para a Administração, como cópias, peritos particulares, vistorias etc., e isso porque não se configuram como despesas processuais. 
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
	Trata-se do princípio da oficialidade, pelo qual, uma vez instaurado o processo, cabe à Administração tomar a iniciativa de movimentá-lo ainda que o interessado provocador fique inerte. Da mesma forma, não pode movimentar o processo a seu exclusivoarbítrio, esquecendo do interesse das partes. A impulsão ex officio representa um dever para o administrador.
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
	A vedação de aplicação retroativa de nova interpretação é matéria extremamente delicada. Em nosso entender, a vedação somente alcança as hipóteses em que a nova interpretação prejudica o interessado. Naquelas, todavia, em que a nova concepção administrativa produza benefícios ao individuo, não vemos com deixar de alcançar as situações jurídicas anteriores idênticas não beneficiadas pela nova visão interpretativa, salvo, é claro, se já ocorrida a prescrição ou a aplicação for materialmente inviável. Não retroagir o novo entendimento nesses casos vulnera nitidamente o principio da isonomia e da impessoalidade, pois que não se pode admitir que a Administração atue de uma forma para uns e não os faca para outros na mesma situação jurídica. Alias, se a Administração adota nova interpretação sobre certa norma ou certo fato é porque reconhece que a anterior não era adequada.
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem
prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
	A despeito de ter a lei feito referência apenas aos direitos dos administradores perante a Administração, é certo que existem direitos de administrados perante outros administrados que figurem ou possam figurar no processo. Significa que a direito de certo administrado há de corresponder algum dever por parte de outro. Em tais situações estão os direitos à boa-fé, à lealdade, à participação, à moralidade, todos oponíveis pelo titular àquele que, em outro polo da relação jurídica, tenha a obrigação de satisfazê-los.
	Surgindo alguma situação de desrespeito a direitos do administrado, deve este recorrer aos meios necessários para revertê-la, como os recursos administrativos, a representação por abuso de poder e até mesmo a ação judicial.
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
	Os agentes da Administração têm a obrigação de dispensar respeito aos administrados em geral. Essa é uma das regras básicas que devem guiar a conduta das administradores públicos e representa um modelo de civilidade a ser observado em qualquer regime democrático. Nas épocas de tirania e despotismo, é o respeito aos administrados um dos primeiros princípios a ser postergado, quanto maior a ambição do poder, maior a distância que separa os dirigentes dos dirigidos.
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
	A lei assegura aos administrados o direito de ter ciência da tramitação dos processos em que seja interessado (inc. II). A garantia constitui efeito do princípio da publicidade ( art. 37, caput, CF) e do direito à informação dos órgãos públicos (art. 5º, XXXIII, CF), refletindo esta última norma o princípio da transparência. 
	O citado mandamento foi regulado pela Lei nº 12.527/11 (Lei do Acesso). Como é evidente, o direito em foco não é absoluto, devendo resguardar-se as situações de sigilo.
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
	O direito a formular alegações é inerente também ao princípio da defesa e contraditório. No sistema do devido processo legal (due process of law), a possibilidade de expor razões, invocar fundamentos e requerer decisões em certo sentido reflete o pleno exercício do direito de defesa com vistas à satisfação dos interesses do indivíduo. Note-se, por oportuno, que nem sempre uma alegação tem em mira rebater fatos e alegações de outras; em certas ocasiões, a alegação é uma informação nova a ser apreciada, Distinguem-se, portanto, as alegações constitutivas de direito das impeditivas, modificativas e extintivas. Todas são, no entanto, alegações pelo fato de exibirem informações e argumentos no processo administrativo. 
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei.
	Reza o dispositivo que, se o desejar, pode o interessado sozinho defender seus interesses, seja apresentando alegações e provas, seja participando diretamente do processo para obter a satisfação de seu interesse. 	
	A possibilidade de atuar no processo sem advogado é decorrência do princípio do informalismo. Na Súmula Vinculante 5 ("A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição"), o STF explicita a possibilidade de o interessado atuar sem advogado nos processos administrativos, mesmo nos processos que possam resultar em sanções. Segundo a orientação firmada no STF, o simples fato de não ser feita a defesa do administrado por um advogado (desde que não haja exigência legal) não ofende, por si só, os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
	O legislador enumerou, neste artigo, algumas hipóteses de comportamento que considerou deveres atribuídos aos administrados. O dever, em sentido lato, retrata a sujeição do indivíduo a um determinado elemento. Há, assim, o dever jurídico, o dever moral. No caso, a lei se refere aos deveres jurídicos dos administrados, significando o lado oposto ao direito subjetivo, de modo que o indivíduo (sujeito passivo) esteja em situação de ter que praticar ação ou omissão em favor de outra , sob pena de lhe ser atribuída determinada sanção.
I - expor os fatos conforme a verdade;
	Trata-se do dever de veracidade, segundo o qual não é licito relatar situações fáticas que não tenham correspondência com a realidade. O dever de veracidade é o corolário dos princípios da boa-fé e da lealdade processual, que representam postulados de suma importância para a resolução das questões deduzidas no processo. Se um fato é relatado em desconformidade com a verdade, o desfecho do processo estará seriamente comprometido e gravosos poderão ser os efeitos dessa conduta desleal.
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
	Quem se comporta com lealdade perante outrem está agindo de boa-fé, ou seja, de forma honrada e verdadeira. Já a urbanidade constitui valor que decorre da educação, da polidez do indivíduo. Agir com urbanidade indica dispensar a terceiros tratamento condigno e respeitoso, ou seja, conduzir-se com polidez e civilidade. É preciso, porém, reconhecer que a população brasileira é extremamente heterogênea no que condiz à educação recebida. Não se pode exigir de indivíduos humildes, de poucas luzes e de deficiente educação tratamento revestido de polidez. 
III - não agir de modo temerário;
	A vedação a comportamentos temerários acaba por incluir-se, em última análise, no dever de lealdade. Cumpre que a conduta do administrado seja pautada por critérios de verdade e boa-fé, e que não queira ele calcar-se no absurdo e aproveitar-se de falhas e omissões alheias para obter vantagem própria.
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
	A colaboração se verifica de várias maneiras, como a assiduidade nos dias de depoimento, o comparecimento pontual, a observância dos prazos, a interposição de recursos que não sejam meramente protelatórios e infundados etc.
	Quanto ao dever de informação, é de notar-se que o indivíduo pode deixar de fornecê-las nas hipóteses constitucionalmente asseguradas de sigilo por força de ofício ou profissão (art. 5º, XIV, CF). Da mesma forma, não haverá ofensa ao dever de informação a recusa do acusado em comunicar fatosque provem contra si mesmo. Daí seu direito de não responder a perguntas, garantia também assegurada aos acusados em processo penal (art. 186, CPP), com base na garantia constitucional de permanecer calado (art. 5º, LXIII, CF).
 	
CAPÍTULO IV
DO INÍCIO DO PROCESSO
Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.
	No processo judicial, constitui regra básica do sistema a exigência de que só possa ser deflagrado por iniciativa da parte, princípio que se materializa no brocardo "ne procedat iudex ex officio".
	Os processos administrativos, ao revés, podem ser instaurados ex officio ou por provocação da parte. É nesse sentido que dispõe o art. 5º da lei. Aqui o Estado não visa basicamente à composição de lides, como ocorre no processo judicial, mas, diferentemente, busca determinada providência administrativa, dentre as muitas a seu cargo, inclusive a solução de conflitos que eventualmente possam ser deduzidos por administrados. Significa que, enquanto no processo judicial a solução do litígio seja o objetivo primordial, no processo administrativo essa atividade constitui objetivo eventual. 
Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida
solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: 
	A lei estabelece certas exigências de caráter formal no requerimento dos interessados, a começar pela regra geral, que é a de ser escrito o pedido. Admite-se, contudo, que dependendo do tipo de processo e da providência almejada, possa o pedido ser formulado verbalmente. 
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
	Quanto aos elementos que o requerimento deve conter, constantes deste artigo, observa-se grande similitude com os exigidos para a petição inicial no processo judicial, relacionados no art. 319, do Código de Processo Civil. 
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
	A questão de oferta de documentos e pedidos por parte de administrados tem relação intrínseca com o direito de petição (art. 5º, XXXIV, a, CF), uma vez que quando alguém entrega documentos a órgãos administrativos, está, ao menos implicitamente, formulando alguma postulação. Assim, em princípio não pode mesmo o administrador recusar-se a receber documentos apresentados pelos administrados. Se o fizer, estará cometendo verdadeiro abuso de poder. Cabe ao agente administrativo responder, de forma positiva ou negativa, ao pedido explícito ou implícito formulado.
	Não se pode esquecer que o direito de petição reflete garantia fundamental e, por isso, não pode ser desnaturado pelo administrador.
Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou
formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.
	O ideal é que os órgãos administrativos tenham formulários próprios à disposição dos interessados visando facilitar a confecção do requerimento, sobretudo quando a providência desejada seja objeto de contínuos pedidos idênticos ou assemelhados. 
	A lei fala também em modelos a serem elaborados pela Administração. O modelo exibe apenas os aspectos formais e substanciais que o interessado deve observar ao preparar seu requerimento, ao passo que o formulário já é impresso e contém vários elementos necessários ao exame do pedido, cabendo ao interessado apenas preencher os campos faltantes para completar o requerimento.
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
	A figura se assemelha ao litisconsórcio ativo do processo judicial, mas entre eles guarda bem definida diferença. No processo administrativo, os interessados nem sempre se predispõe à formação de conflito. Podem eles limitar-se apenas à formulação de um pedido a ser apreciado pela Administração sem qualquer natureza litigiosa. Se dois ou mais interessados, por exemplo, pleiteiam o consentimento estatal para o exercício de alguma atividade de seu interesse, como, por exemplo, uma autorização para colocação de propaganda no saguão de um órgão público federal, podem fazê-lo num só requerimento. A Administração, à luz do requerimento é que terá de julgar se tal solução procederá, num pedido coletivo ou em separado, sempre objetivando a melhor apreciação dos mesmos.
CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS
Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:
	No processo judicial, a figura da legitimação ("legitimatio ad causam") se inclui entre as condições da ação. Significa a regularidade que pode ter alguém de demandar outra pessoa. Na verdade, não é qualquer pessoa que pode demandar, assim como também não é lícito que determinadas pessoas façam parte de um processo em cujo conflito não tenham o menor interesse.
	Outra das condições da ação é o interesse processual ou interesse de agir, que indica a utilidade que tem o indivíduo de recorrer à ação para a proteção de seu direito material. Alguns autores entendem que o requisito é a necessidade e outros, ainda, apontam ambas como configuradoras do interesse de agir. O sentido mais amplo talvez seja o da utilidade, nela abarcando a noção de necessidade.
	Desse modo, se o indivíduo não demonstrar sua qualidade de interessado, poderá a Administração levar o processo administrativo ao arquivamento, que implicitamente revelará que o pedido não foi conhecido, o que acarretaria, no processo judicial, a extinção do processo sem resolução de mérito.
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação;
	Interessados deflagradores - A característica dessa categoria diz respeito apenas à iniciativa para deflagrar o processo administrativo e é nesse aspecto que difere do grupo de legitimados mencionado no inciso II logo abaixo. São, portanto, em princípio, interessados diretos.
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
	Interessados supervenientes são aqueles que se caracterizam pela possibilidade de ingressar no processo supervenientemente, isto é, depois que já tenha sido formalmente instaurado.
	A legitimação, nessa hipótese, tem por base eventual reflexo da decisão na esfera jurídica do indivíduo; daí os dizeres da lei de que são legitimados os que têm "direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada". Na verdade, não é necessário que a decisão afete o direito; basta tão somente que possa afetá-lo. Desse modo, podemos admitir que nesse grupo haja interessados diretos e interessados indiretos, contrariamente ao que ocorre em relação aos legitimados do inciso I: estes serão praticamente sempre interessados diretos, já que tomaram a iniciativa de deflagrar o procedimento.
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou
interesses difusos.
 Os direitos coletivos e difusos constituem o que alguns estudiosos denominam de direitos de terceira geração. São direitos em que não se considera o indivíduo em si e que, por isso, se encontram em posição diametralmente inversa àquela em que se situam os direitos individuais. São, pois, direitos transindividuais ou metaindividuais. A titularidade de tais direitos pertence a grupos da sociedade civil. São eles indivisíveis, na medida em que não é possível dimensionar o alcance do benefício jurídico atribuído a cada um dos integrantesdo grupo, e não é difícil perceber que essa é a efetiva razão pela qual devem ser tratados como grupo, abstraindo-se daqueles que o compõem.
			
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito
anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.
	No processo administrativo, a lei confere legitimatio para maiores de 18 anos, dispensando atualmente o mesmo tratamento adotado para o processo judicial. Significa que se o interessado tiver mais de 18 anos, poderá figurar sozinho no processo administrativo, requerendo, contestando, informando, produzindo provas, fazendo alegações, recorrendo e, enfim, praticando os atos normais do procedimento. E se o maior de 18 desejar fazer-se representar por advogado ou outro preposto? Nesse caso, será necessário celebrar contrato de mandato com o preposto e, como esse ajuste é de direito material, será regulado pelo direito civil, não mais lhe sendo exigida, como antes, a assistência de seu responsável.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
	Quando a lei (ou o ato administrativo organizacional) estabelece hipótese de competência específica, não há alternativa outra senão a de ser iniciado o processo perante o órgão ou agente dotados dessa competência, como assevera este artigo. Significa dizer que, tentada a instauração perante órgão incompetente, deve o administrador orientar o administrado a fazê-lo junto ao órgão competente ou, se não verificada previamente a incompetência, remetê-lo ao órgão próprio tão logo constatado o fato.
	A competência dos órgãos administrativos é, em princípio, fixa, porque necessária se torna a preservação de certa estabilidade da estrutura funcional. Além de fixa, é, também como regra, irrenunciável, como preceitua o atual artigo. Quer dizer que o administrador não pode deixar de exercer as funções que lhe foram cometidas. O postulado retrata verdadeiro princípio administrativo, o poder-dever de agir, segundo o qual as funções do agente, além de indicarem um poder administrativo, ou uma prerrogativa, representam ao mesmo tempo um dever de autuar, o que revela ser inaceitável que se quede inerte quando o poder que tem o obriga a uma ação.	
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
	A despeito de ser, em princípio, fixa e inalterável, pode ocorrer que a norma autorize a transferência, de um agente ao outro ou mesmo de um órgão ao outro, (podendo este ser hierarquicamente inferior ou não), de funções que originariamente lhe são atribuídas. Tal transferência é chamada de Delegação de competência. 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
	A lei admite, neste parágrafo único, que os órgãos colegiados deleguem funções a seu presidente, observando-se as regras que disciplinam a delegação de competência em geral (arts. 11 a 17). Significa dizer que os atos administrativos comuns praticados em processos administrativos que tramitam em órgãos de representação plúrima (ou colegiados), da competência do órgão como um todo, podem ser de autoria do presidente do órgão se este, através de seus membros, lhe transferir funções por delegação. Muito semelhante, aliás, com o que ocorre com alguns atos jurisdicionais da competência de um órgão de representação plúrima de Tribunal, praticados por órgãos singulares de primeira instância, os juízes, em virtude de delegação.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
	É sempre importante lembrar que a delegação de competência representa hipótese de exceção. A regra é que cada agente atue, e só ele, no exercício das funções que lhe foram cometidas. Resulta daí a seguinte indagação: sendo caso de exceção, qual o limite das funções a serem delegadas? Em virtude da natureza particular de algumas funções exercidas no processo administrativo, a lei relacionou algumas hipóteses de vedação à transferência de atribuições.
I - a edição de atos de caráter normativo;
	Atos normativos são aqueles que não têm destinatários individualizados; dirigem-se, pois, a uma generalidade de pessoas. Por serem normativos, tais atos, como regra, visam disciplinar certas situações fáticas específicas e, por isso mesmo, são adequados à competência da autoridade de maior estatura na escala hierárquica. Se fosse admissível a delegação de tais atos, o disciplinamento daquelas situações ficaria a cargo do agente delegado, o que poderia comprometer a própria razão-de-ser da superior hierarquia do delegante. Por isso, a lei veda a delegação na hipótese.
II - a decisão de recursos administrativos; 
	O recurso administrativo é o instrumento apropriado para retratar a insatisfação do indivíduo em relação a certo ato e ao mesmo tempo para reivindicar a supressão ou alteração do ato hostilizado. Trata-se de competência específica do agente e demonstra exatamente os graus de hierarquia na Administração. Desse modo, a ser viável a delegação de tal função, consequência seria, inevitavelmente, a supressão de uma instância decisória, à qual tem o interessado o direito de recorrer no caso de ter alguma pretensão insatisfeita. Mesmo que o órgão delegado não seja subordinado ao delegante, ainda assim o poder de decidir recursos é indelegável, não podendo esquecer que a delegação não suprime ao delegante a função delegada.
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
	Se a norma jurídica, seja ela legal ou regulamentar, já estabelece previamente que certa competência é indelegável, há que se admitir que esse intuito precede à vontade do administrador titular da competência, de modo que a este não cabe senão respeitar o conteúdo da norma, inviabilizando a delegação. Se, apesar da norma, o administrador delega esse tipo de função, o ato é inválido no mínimo por vício no objeto, vez que contraria o conteúdo de norma de hierarquia mais elevada.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
	É demandado que se utilizem os canais oficiais para publicação dos atos de delegação e avocação sob risco de nulidade por vício de forma, não havendo aqui espaço para "acordos verbais".	
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
	A exigência é natural para a verificação de vários aspectos do ato, inclusive e principalmente o relacionado com o requisito da competência administrativa. Se a atribuição não tiver sido expressamente mencionada, o ato praticado pelo delegado em relação à mesma atribuição será írrito e nulo em virtude de vício na competência, sujeitando-se à correção de sua ilegalidade.
	A delegação tem caráter provisório, assim, o ato de delegação deve conter o prazo em que se considerar válida e eficaz a delegação. A atuação fora do prazo também afeta o requisito da competência. Faz-se necessário, ainda, informar qual o objetivo da delegação, ou seja, o que pretende o agente delegante ao transferir parte de suas atribuições a outro órgão ou agente, assim, o que ser quer é tão somente o motivo da delegação.
	A ressalva de exercício da atribuição delegada equivale dizer que, apesar da delegação, a atribuição não vai permitir que o delegado pratique os atos que constituem objeto da ressalva.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
	Essa possibilidade denuncia clara hipótese de exercício do poder discricionário do administrador, porque é a ele que vai cabera valoração de conveniência e oportunidade para o fim de dar por extinta a transferência antes permitida pelo ato de delegação. A discricionariedade que a lei outorga ao delegante aponta, de forma evidente, um mecanismo de controle sobre a conduta do delegado em relação às funções delegadas. Significa dizer que, fora outras razões possíveis para a revogação do ato de delegação, uma delas poderá ser certamente a de insatisfação pela maneira como o delegado vinha desempenhando a atribuição delegada. 
	O ato de revogação também está sujeito aos requisitos de validade exigidos para a prática dos atos administrativos em geral. Ausente qualquer desses requisitos, como a competência do revogador, a forma da revogação, o objeto, o motivo e a finalidade, o ato de revogação terá vício de legalidade e se sujeitará à anulação.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta
qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
	A menção da ocorrência de ter havido delegação no ato praticado pelo agente delegado não é meramente uma exigência a mais. Serve não somente para que o administrado possa conferir em que situação jurídica o agente delegado pratica o ato, como também para que lhe seja permitido averiguar se o objeto do ato se insere efetivamente no âmbito das funções delegadas. Não se inserindo, o ato é inválido por vício no elemento competência. Além, disso, a indicação permite que a autoridade delegante exerça controle sobre como está atuando o agente delegado em relação às funções que a ele foram transferidas.
	Como regra, pois, o delegante não tem responsabilidade pelas consequências que advierem do ato praticado pelo delegado no exercício da delegação, a menos que o próprio delegante esteja vinculado a dispositivo de lei que lhe atribua corresponsabilidade com aquele pelos efeitos do ato.
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