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Pablo Stolze

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18/10/2017 Magister
https://www.magisteronline.com.br/mgstrnet/lpext.dll?f=templates&fn=main-hit-j.htm&2.0 1/5
Doutrina/O Novo CPC e o Direito de Família: Primeiras Impressões /Pablo Stolze
O Novo CPC e o Direito de Família: Primeiras Impressões
Pablo Stolze
Bacharel em Direito pela Universidade Federal da 
 Bahia (1998), tendo recebido o diploma de honra 
 ao mérito (láurea), pela obtenção das maiores notas 
 ao longo do bacharelado; Pós-Graduado em Direito 
 Civil pela Fundação Faculdade de Direito da Bahia, 
 tendo obtido nota dez em monografia de conclusão; 
 Mestre em Direito Civil pela PUC-SP, tendo obtido 
 nota dez em todos os créditos cursados, nota dez na 
 dissertação, com louvor, e dispensa de todos os 
 créditos para o doutorado; Aprovado em primeiro 
 lugar em concursos para as carreiras de Professor 
 Substituto e Professor do quadro permanente da 
 Faculdade de Direito da Universidade Federal da 
 Bahia, e também em primeiro lugar no concurso 
 para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça da 
 Bahia (1999); Autor e Coautor de várias obras 
 jurídicas, incluindo o "Novo Curso de Direito Civil" 
 (Saraiva); Professor da Universidade Federal da 
 Bahia e da Rede Jurídica LFG; já ministrou aulas, 
 cursos e palestras em diversos tribunais do país, 
 inclusive no Supremo Tribunal Federal.
Artigo publicado na Revista Nacional de Direito de Família e Sucessões nº 6 - Maio/Jun de 2015
RESUMO: A concepção de um Código traz a conjugação de incontáveis fatores, a contraposição e confluência
de inúmeras forças socioeconômicas e políticas, ideologias de matizes variados, todos, enfim, inseridos do seu
próprio ambiente cultural. Uma vez aprovado, ganha vida própria, pois se desconecta do legislador para vicejar
na dinâmica da jurisprudência e nos laboratórios intelectuais das Academias. Nesse contexto, visando contribuir
com a compreensão das normas do novo Código de Processo Civil, este texto destaca importantes pontos do
extenso diploma com reflexos na aplicação do Direito de Família.
PALAVRAS-CHAVE: Novo Código de Processo Civil. Direito de Família. Execução de Alimentos.
SUMÁRIO: 1 Breve Introdução. 2 Das Ações de Família. 3 Da Execução de Alimentos. 4 Do Foro da Residência da
Mulher. 5 Da Interdição. 6 Conclusão.
1 Breve Introdução
Com propriedade, Kohler observa que nenhum Código jamais caiu do céu e nenhum jamais foi objeto de uma revelação
instantânea, e qualquer pessoa que acredite que conseguiu extrair algo do seu próprio espírito, em verdade, o extraiu do
espírito da cultura em que viveu e em que o seu pensamento foi concebido 1.
De fato.
A concepção de um Código traz, em si, a conjugação de incontáveis fatores, a contraposição e confluência de inúmeras
forças socioeconômicas e políticas, ideologias de matizes variados, todos, enfim, inseridos (e depreendidos) do seu
próprio ambiente cultural.
Por isso, a obra legislativa não cai do céu.
E, uma vez aprovada, ganha vida própria, pois se desconecta do legislador para vicejar na dinâmica da jurisprudência e
nos laboratórios intelectuais das Academias 2.
Nesse contexto, visando contribuir com a compreensão das normas do novo Código de Processo Civil, decidi elaborar
um pequeno e despretensioso texto, destacando importantes pontos do extenso diploma com reflexos na aplicação do
Direito de Família.
Cuidarei de expor o meu pensamento segundo uma ordem temática, e não propriamente a partir da sequência numérica
dos artigos, por reputar ser mais didático.
Para tanto, asseguro ao estimado leitor que envidei esforços para ser claro na linguagem e preciso no pensamento.
18/10/2017 Magister
https://www.magisteronline.com.br/mgstrnet/lpext.dll?f=templates&fn=main-hit-j.htm&2.0 2/5
2 Das Ações de Família
O processo de constitucionalização do Direito Civil tem, por nota característica, a migração dos institutos básicos do
Direito Privado para a Constituição Federal 3, e, dentre esses institutos, destaca-se, pela sua importância social, a
família.
A partir desse movimento de transposição, e que resultaria em um maior amadurecimento do próprio jurista, os
processos de família - ou as "ações de família" - passariam, especialmente nas últimas décadas, a ganhar maior
importância.
Caracterizados pela "plasticidade" e por um menor rigor formalista, com uma incidência preponderante do princípio da
conciliabilidade (ou do estímulo estatal à autocomposição), os processos atinentes a questões de Direito de Família
careciam de um regramento procedimental mínimo.
Em boa hora, portanto, o Código de Processo Civil de 2015 cuidou de dedicar-lhes normatização própria, nos arts. 693 a
699.
Destaco o art. 693:
"Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, separação,
reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.
Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente observarão o
procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo."
Andou bem o legislador ao não dispensar um número exaustivo de normas a tais procedimentos, os quais, sem dúvida,
exigem uma maior liberdade em sua condução, sem que isso signifique uma proatividade judicial irresponsável.
Merece referência, nessa nova ambiência normativa, o fato de que o mandado de citação deverá apenas conter os
dados necessários à audiência, sem estar acompanhado de cópia da petição inicial, o que favorece o esforço
conciliatório, na medida em que o réu - salvo na hipótese de desejar ir ao cartório tomar ciência do teor da peça exordial
(direito que lhe é assegurado) - comparecerá à assentada conciliatória sem necessariamente saber as razões - muitas
vezes agressivas e belicosas - do ajuizamento da demanda (§ 1º, art. 695).
Na busca de uma solução consensual, aliás, nos processos de família, a audiência de mediação e conciliação poderá
dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo da adoção
de providências jurisdicionais para evitar o perecimento do direito, a teor do que dispõe o art. 696.
Trata-se de dispositivo que vai ao encontro do princípio da conciliabilidade - o qual, elevado ao grau de política que deve
ser implementada pelo Estado em seu sentido mais amplo (art. 3º, § 2º, do CPC/2015), se projeta com suprema força
nas ações de família -, mas que deve ser aplicado com equilíbrio, a fim de evitar que uma parte mal intencionada
pretenda prolongar o desfecho do processo, em manifesto abuso de direito processual.
Finalmente, vale destacar ainda a importante previsão contida no art. 699 do novo Código:
"Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou a alienação parental, o juiz,
ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista."
O juiz não tem poderes divinos.
Por isso, não deve o ordenamento jurídico dele exigir providências celestiais.
Ao estabelecer que o magistrado - em processos que envolvam abuso ou alienação parental - deverá se fazer
acompanhar por especialista para a colheita do depoimento do incapaz, o legislador colabora com o aperfeiçoamento da
atividade judicante, ao impor o diálogo com outros ramos do conhecimento e com outros profissionais.
Com isso, deverá o magistrado se fazer acompanhar por especialista, sob pena de nulidade do depoimento prestado.
Parabenizo o legislador.
O Direito evolui quando escapa da clausura de si mesmo.
3 Da Execução de Alimentos
Outro dispositivo que mereceu especial atenção de minha parte é aquele contido no § 1º do art. 528.
"Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar queo fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
18/10/2017 Magister
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§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não
apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial,
aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517." (grifei)
Sem prejuízo da prisão civil - que será de um a três meses, a teor do § 3º do referido artigo (o que põe um fim, em meu
sentir, à antiga discussão quanto à duração da custódia) 4 -, o novo Código permite o protesto do pronunciamento judicial
que impôs a obrigação de pagar alimentos.
A previsão do protesto confere, sem dúvida, a possibilidade de se inscrever o nome do devedor de alimentos no sistema
de proteção ao crédito.
A tese ganha imensa força 5.
O legislador, em verdade, consagrou um meio de coerção indireta (o protesto), em harmonia, vale acrescentar, com o
que dispõem o inciso IV do art. 139 6 e o art. 517 do mesmo Código.
Ora, se a mais drástica das medidas é admitida (prisão civil), o protesto e a consequente inscrição no sistema de
proteção ao crédito, medidas menos gravosas, não poderiam, é forçoso convir, se afigurar juridicamente impossíveis.
4 Do Foro da Residência da Mulher
Na perspectiva da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, perde espaço, no novo diploma, o critério de fixação de
competência baseado apenas no gênero.
Com a palavra, Salomão Viana, um dos mais talentosos processualistas brasileiros:
"É interessante começar com um tema bem prático: qual o tratamento que o CPC/2015 dispensou à regra,
extraível do art. 100, I, do CPC/73, segundo a qual é competente o ‘foro da residência da mulher’, para a ação
de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento?"
Como sabemos, a partir da inauguração da atual ordem constitucional, que, em 1988, estabeleceu uma isonomia de
direitos e de deveres entre os cônjuges, foi iniciada uma discussão em torno da recepção, pela Constituição Federal, do
conteúdo do inciso I do art. 100 do CPC/73.
De um modo geral, apesar da posição em contrário de boa parte da doutrina e da interpretação restritiva conferida ao
dispositivo pelo STJ, o STF sepultou a discussão ao julgar o RE 227.114, decidindo que o art. 100, I, do CPC/73 foi
recepcionado pela Constituição Federal (RE 227.114, 2ª T., Rel. Min. Joaquim Barbosa, v.u., j. 22.11.2011, publicado em
16.02.2012).
No CPC/2015, porém, não haverá mais espaço para que tal discussão seja travada.
É que, no novo Código, a competência para processamento e julgamento de "divórcio, separação, anulação de
casamento, reconhecimento ou dissolução de união estável" (art. 53, I) passa a ser do juízo cujo foro englobar o local do
domicílio do "guardião de filho incapaz" (art. 53, I, a), ou, caso não haja filho incapaz, do juízo cujo foro abranger o lugar
do "último domicílio do casal" (art. 53, I, b). Na hipótese de nenhuma das partes residir no lugar do último domicílio do
casal, a competência será do juízo cujo foro abranger o local do domicílio do réu (art. 53, I, c)" 7.
A consagração de critérios que levem em conta o domicílio do guardião ou o último domicílio do casal afigura-se, sem
dúvida, mais justa e objetiva.
E, vale acrescentar, se a hipótese versar sobre guarda compartilhada, o mesmo autor observa:
"7.2. Guarda compartilhada (CPC/2015, art. 53, I, a). Ao estabelecer, no art. 53, I, a, do CPC/2015, que o juízo
competente para o processamento e julgamento de ‘divórcio, separação, anulação de casamento,
reconhecimento ou dissolução de união estável’ é aquele cujo foro abrange o lugar em que tem domicílio o
‘guardião de filho incapaz’, o legislador manifestou, claramente, a sua opção: havendo, entre as partes, uma que
é guardiã de filho incapaz e outra que não é, a proteção deve recair sobre aquela que tem a guarda. Este painel
fático, todavia, não pode ser confundido com a situação em que ambas as partes têm a guarda, que é o que se
dá quando a guarda é compartilhada (CC, arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634). Assim, havendo guarda
compartilhada, a situação fática não se subsume à previsão do inciso I, a, do art. 53 do CPC/2015, o que deve
remeter o intérprete para a norma a ser subsidiária e imediatamente aplicada: é competente o juízo cujo foro
abranger o lugar do último domicílio do casal (art. 53, I, b)." 8
De precisão cirúrgica a conclusão do autor no sentido de que, em se tratando de guarda compartilhada, será competente
o foro do último domicílio do casal, porquanto, havendo o exercício conjunto de poderes na condução da vida do menor,
não haveria primazia de nenhum dos pais.
5 Da Interdição
18/10/2017 Magister
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O codificador dispensou especial atenção à interdição 9.
As mudanças foram muitas, desde a legitimidade ativa para a instauração do procedimento, limitando-se a promoção
pelo Ministério Público somente em caso de doença mental grave, além da expressa referência - em boa hora - à
concessão da tutela antecipada com o objetivo de nomear curador provisório.
Destaco algumas dessas mudanças.
É doloroso reconhecer que milhares de brasileiros, nossos concidadãos, padecem de doenças mentais privativas de sua
capacidade de discernimento, muitos deles sobrevivendo em estado de absoluta pobreza, dependentes do auxílio de sua
própria família, da sociedade ou de políticas públicas específicas.
Infelizmente, além do peso da enfermidade em si, carregam ainda o jugo da invisibilidade oficial, porquanto, internados
em centros de saúde mental, organizações filantrópicas ou religiosas 10, têm de aguardar a medida de interdição que,
segundo o CPC de 1973, somente poderá ser promovida por pessoas da família, pelo tutor ou pelo órgão do Ministério
Público 11.
A despeito do louvável trabalho empreendido pelo Ministério Público - que somente instaurará o procedimento
observadas as diretrizes do art. 1.178 do CPC/73 12 -, afigura-se, em verdade, tarefa hercúlea o atendimento a um
número tão extenso de incapazes.
O fato é que a legislação processual até então vigente limita a esfera de legitimidade ativa para o pedido da necessária
medida protetiva, o que resulta na existência de centenas, senão milhares, de pessoas - especialmente as que não
tenham parentes vivos ou conhecidos - sem o reconhecimento oficial da sua incapacidade.
O novo Código de Processo, neste ponto, dá um salto quântico.
Em excelente previsão, contida no inciso III do art. 747, o legislador reconheceu legitimidade para a promoção da
interdição não apenas a membros da família e ao Ministério Público, mas também ao "representante da entidade em que
se encontra abrigado o interditando".
Isso significa que a pessoa que detenha poderes de representação da entidade de abrigo - o administrador ou o diretor-
geral, por exemplo - poderá intentar a medida, o que beneficia diretamente incapazes que não tenham familiares ou,
ainda que os tenham, hajam sido esquecidos pelos seus próprios entes.
O legislador também aperfeiçoa o tratamento linguístico e redacional ao deixar de fazer menção a "interrogatório" do
interditando, preferindo dispor que o mesmo será submetido a uma "entrevista" (art. 751).
Além de tudo isso, a previsão contida no pequeno parágrafo único do art. 749 traz uma grande contribuição para a
garantia dos direitos do interditando:
"Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do
interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento
em que a incapacidade se revelou.
Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática de
determinadosatos." (grifei)
A nomeação de um curador provisório - in limite litis, ou seja, no limiar do processo, ou em qualquer fase do
procedimento - pode se afigurar como providência rigorosamente necessária para o resguardo do direito do interditando,
a exemplo do que se dá quando há necessidade de movimentação bancária em seu nome ou prática de qualquer ato
negocial para a sua própria mantença.
Aliás, esta nomeação não é desconhecida da jurisprudência:
"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ARTS. 16, INCISO II E § 4º, 74 E 75 DA LEI Nº 8.213/91.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS GENITORES EM RELAÇÃO AO FILHO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO, AINDA QUE APENAS POR MEIO DE PROVA TESTEMUNHAL. PAI
NOMEADO CURADOR DO FILHO NO PROCESSO DE INTERDIÇÃO. CONDIÇÃO QUE, CUMPRIDAS AS
EXIGÊNCIAS PRESCRITAS NAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS, NÃO TEM O CONDÃO DE ILIDIR O DIREITO
AO BENEFÍCIO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. A pensão por morte é devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer e, não havendo
integrantes da classe precedente - companheira/esposa ou filhos menores de 21 anos não emancipados -, os
genitores são, para o Regime Geral da Previdência Social, os detentores do direito ao recebimento do benefício.
2. Além da relação de parentesco, é preciso que os pais comprovem a dependência econômica em relação ao
filho, sendo certo que essa não é presumida, isto é, deverá ser corroborada, seja na via administrativa, seja
perante o Poder Judiciário, ainda que apenas por meio de prova testemunhal.
18/10/2017 Magister
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3. Na hipótese, são incontroversos: (i) o recebimento de aposentadoria por invalidez pelo de cujus; (ii) o grau de
parentesco entre este e o autor; e (iii) a inexistência de possíveis beneficiários/dependentes na classe
imediatamente anterior à dos genitores.
4. Na instância primeva, por intermédio de prova testemunhal, restou comprovada a dependência econômica do
pai em relação ao filho.
5. O fato de o autor ter sido nomeado ‘curador provisório’ de seu falecido filho, no processo de interdição deste,
não tem o condão de, cumpridas todas as condições impostas pelas regras de direito previdenciário atinentes à
espécie, afastar-lhe o direito à pensão por morte pleiteada.
6. In casu, é de ser observada a vetusta regra de hermenêutica, segundo a qual ‘onde a lei não restringe, não
cabe ao intérprete restringir’, e, portanto, não havendo, nas normas que regem a matéria, a restrição imposta
pelo Tribunal a quo, não subsiste o óbice imposto ao direito à pensão por morte.
7. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 1.082.631/RS, Relª Minª Laurita Vaz, Quinta Turma, j.
19.03.2013, DJe 26.03.2013) (grifei)
Considerando-se o fato de o processo poder se alongar, a nomeação provisória de um curador, a título de tutela
antecipada, é medida plenamente justificável.
6 Conclusão
Como anotei no início deste trabalho, o nosso propósito foi apenas apresentar ao estimado leitor uma visão geral e
crítica acerca de alguns relevantes aspectos do novo Código de Processo Civil com impacto no Direito de Família.
Mais importante do que boas leis, são as boas pessoas que as aplicam.
No dizer de Richard Posner, "juristas inteligentíssimos podem criar estruturas doutrinárias complexas que, embora
engenhosas e até, em certo sentido, acuradas, não têm utilidade social (...). O bem-estar social poderia aumentar se o QI
dos juristas pudesse ser reduzido em 10%" 13.
Por isso, faço votos de que os futuros aplicadores deste novo Código de Processo cuidem de aguçar, para além do seu
rigor técnico, a sensibilidade social necessária para o real aprimoramento da sociedade brasileira 14.
TITLE: The new Code of Civil Procedure and Family Law: first impressions.
ABSTRACT: The birth of a Code that brings the conjugation of countless factors, the opposition and confluence
of numerous socio-economic and political forces, and ideologies of many types are all, finally, inserted in their
own cultural environment. Once approved, it builds on itself because it is disconnected from the lawmakers to
operate in the dynamics of courts and the Academia. In this context, this text aims at contributing to the
understanding of the rules of the new Code of Civil Procedure, emphasizing important points of this extensive
instrument that apply to Family Law.
KEYWORDS: New Code of Civil Procedure. Family Law. Support Execution.

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