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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL AÇÕES ELEITORAISAÇÕES ELEITORAIS O presente trabalho organizado pela EJE- PR, propõe ser um guia inicial, sobretudo aos recém-iniciados na matéria e interessados em obter um panorama referente ao assunto AÇÕES ELEITORAIS. Tema complexo na seara eleitoral, tanto pela falta de um código a organizar o assunto, como também, pela vasta gama de ações e legislação a regular a matéria. O presente trabalho organizado pela EJE- PR, propõe ser um guia inicial, sobretudo aos recém-iniciados na matéria e interessados em obter um panorama referente ao assunto AÇÕES ELEITORAIS. Tema complexo na seara eleitoral, tanto pela falta de um código a organizar o assunto, como também, pela vasta gama de ações e legislação a regular a matéria. 2012TRE-PR EJE-PR http://www.tre-pr.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DOPARANÁ ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL AÇÕESELEITORAIS Tribunal Regional Eleitoral do Paraná Presidente: Des. Rogério Luís Nielsen Kanayama Vice-Presidente e Corregedor: Des. Rogério Coelho Realização: EJE-PR Diretor EJE-PR: Des. Rogério Coelho Secretária Geral EJE-PR: Ana Flora França e Silva Coordenador Executivo EJE-PR: Fernando José dos Santos Colaborador: David Schnaid Neto Revisora: Sandra Nater Estagiária: Jéssica Louize dos Santos Buiar Editoração e Impressão: Seção de Mecanografia e Impressão AÇÕES ELEITORAIS ÍNDICE Apresentação .............................................................................................................................................03 Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME).....................................37 Ação e Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC)................04 Direito de Resposta ...........................................................................................................................22 Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED).........................................35 Representações Específicas..................................................................................................10 Representação para instauração de Ação de Investigação Judicial Eleitoral – AIJE..............................................07 Representação na Pesquisa Eleitoral........................................................................32 Representações e Reclamações......................................................................................16 Bibliografia......................................................................................................................................................40 AÇÕES ELEITORAIS APRESENTAÇÃO As informações aqui sistematizadas objetivam fornecer subsídios para o servidor da Justiça Eleitoral em relação aos procedimentos das principais ações eleitorais da Lei Complementar nº 64/90, da Lei nº 9.504/97, nas normas que disciplinam as eleições, além de algumas referências da jurisprudência e da doutrina, com a finalidade de propiciar uma consulta rápida para esclarecer eventuais dúvidas, principalmente para os servidores que estão ingressando nos quadros da Justiça Eleitoral. Des. Rogério Coelho Diretor da EJE/PR AÇÕES ELEITORAIS 4 Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC) Legislação: A AIRC tem previsão legal nos artigos 3º a 17º da LC 64/90 Finalidade: impedir que candidato escolhido em convenção partidária seja registrado, em virtude do não atendimento de algum requisito legal ou constitucional, a exemplo da ausência de uma ou mais condições de elegibilidade, a presença de uma causa de inelegibilidade ou mesmo a não apresentação de algum documento indispensável ao pedido de registro de candidatura previsto (art. 11, § 1º da Lei nº 9.504/97). Rito: Artigos 3º e seguintes da LC 64/90. Competência: A competência para processamento e julgamento da AIRC é determinada pelo cargo pretendido: Juízes Eleitorais: São competentes para apreciar pedido de registro de candidatos a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. Tribunais Regionais Eleitorais: São competentes para apreciar pedido de registro de candidato a Governador e Vice-Governador de Estados e do DF; Deputados Federais, Estaduais e Distritais, Senadores e Suplentes de Senadores. Tribunal Superior Eleitoral: Apreciam pedido de registro de candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República. Prazo de interposição: O prazo para interposição da AIRC é de 5 dias, sendo este decadencial. Conta-se da publicação do registro do candidato. AÇÕES ELEITORAIS 5 Ocorre preclusão da matéria não impugnada, salvo se tratar de matéria constitucional. Legitimidade Ativa: a) Pré-candidato escolhido em convenção partidária; b) Coligação Partidária; c) Ministério Público Eleitoral; d) Partido Político; e) eleitor; f) qualquer cidadão poderá no prazo de 5 (cinco) dias contados da publicação do edital sobre o pedido de registro ingressar com notícia de inelegibilidade ao juiz ou Tribunal competente. Legitimidade Passiva: pré-candidato escolhido em convenção partidária e que requereu o registro de candidatura. Consequência: a) Negação ao registro de candidatura ao pré-candidato; b) cancelamento do registro de candidatura, se acaso já obtido e não diplomado; c) anulação do diploma do eleito ou suplente se já diplomado; d) além do afastamento imediato do cargo eletivo, acaso já iniciado o exercício. Recurso: art. 258, 265 e seguintes do Código Eleitoral e artigos 8º, 11 a 13 da LC n. 64/90 (Jose Jairo Gomes, Direito Eleitoral, 8ª edição, SP, Atlas, 2012) Código Eleitoral: Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou despacho. AÇÕES ELEITORAIS 6 LC n. 64/90: Art. 8° Nos pedidos de registro de candidatos a ele i ções municipais, o Juiz Eleitoral apresentará a sentença em cartório 3 (três) dias após a conclusão dos autos, passando a correr deste momento o prazo de 3 (três) dias para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Art. 11 § 2º: Terminada a sessão, far-se-á a leitura e publicação do acórdão, passando a correr dessa data o prazo de 3 (três) dias, para a interposição de recurso para o TSE, com petição fundamentada. Art. 12. Havendo recurso para o TSE, a partir da data em que for protocolizada a petição passará a correr o prazo de 3 (três) dias para a apresentação de contra-razões, notificado por telegrama o recorrido. Art. 13. Tratando-se de registro a ser julgado originariamente por Tribunal Regional Eleitoral, observado o disposto no art. 6° desta Lei Complementar, o ped ido de registro, com ou sem impugnação, será julgado em 3 (três) dias, independentemente de publicação em pauta. Parágrafo único: Proceder-se-á ao julgamento na forma estabelecida no art. 11 desta Lei Complementar e, havendo recurso para o TSE, observar-se-á o disposto no artigo anterior. AÇÕES ELEITORAIS 7 Representação para instauração de Ação de Investigação Judicial Eleitoral - AIJE Terminologia: A denominação AIJE é frequentemente utilizada para também denominar o que se chama de “representações específicas”, que são ações que visam apurar as condutas descritas nos artigos 23, 30-A e 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81, da Lei n. 9.504/1997, tendo em vista que o rito utilizado, por estas e por aquela é o previsto no art. 22 da Lei Complementar n. 64/90. Preferimos neste trabalho utilizar a denominação AIJE para a representação que não se baseia em tais dispositivos.Legislação: LC n. 64/1990, art. 1º, I, “d” e “h”, e 19, além dos artigos. 22 e seguintes; Finalidade: A ação de Investigação Judicial Eleitoral tem por finalidade apurar condutas realizadas com abuso de poder – econômico ou político, este último, no exercício ou função de cargo ou emprego na administração direta ou indireta – que tragam influência a normalidade e a legitimidade das eleições. Rito: - Ação de Investigação Judicial Eleitoral: art. 22 da Lei Complementar n. 64/1990; Competência: LC n. 64/90 - Corregedor-Geral Eleitoral: na eleição para Presidente e Vice- Presidente da república. - Corregedor-Regional Eleitoral: quando se tratar de eleições para Governador e Vice-Governador; Senadores e Suplentes; Deputados Federais, Estaduais e Distritais. AÇÕES ELEITORAIS 8 Art. 24. Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e processar a representação prevista nesta lei complementar, exercendo todas as funções atribuídas ao Corregedor-Geral ou Regional, constantes dos incisos I a XV do art. 22 desta lei complementar, cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral em função da Zona Eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e Regional Eleitoral, observadas as normas do procedimento previstas nesta lei complementar. Prazo para interposição: até a diplomação. Legitimidade Ativa: a) O membro do Ministério Público Eleitoral; b) Candidato; c) Partido Político; e d) Coligação. Legitimidade Passiva: a) Candidato: que praticou ou foi beneficiado pelo abuso de poder; b) Terceiros: que praticaram o abuso de poder para benefício de candidato, partido político ou coligação. Observação: Partido político e Coligação não podem figurar no pólo passivo da AIJE. “ ... As pessoas jurídicas são partes ilegítimas para figurar no polo passivo de representações com pedido de abertura de investigação judicial eleitoral, nos termos do art. 22 da Lei Complementar n. 64/90, tendo em vista o fato de a sanção imposta pela referida norma não as alcançar. ...” TSE, AgReg em Rp n. 1229, rel. Francisco Cesar Asfhor Rocha, publicado no DJ 13.12.2006 Consequência: art. 22, XIV da Lei Complementar n. 64/90 a) declaração de inelegibilidade b) cassação de registro ou diploma; AÇÕES ELEITORAIS 9 XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Recurso: art. 264 e 265 do Código Eleitoral Art. 264. Para os Tribunais Regionais e para o Tribunal Superior caberá, dentro de 3 (três) dias, recurso dos atos, resoluções ou despachos dos respectivos presidentes. Art. 265. Dos atos, resoluções ou despachos dos juizes ou juntas eleitorais caberá recurso para o Tribunal Regional. AÇÕES ELEITORAIS 10 Representações Específicas Terminologia: A denominação “representações específicas” traduz-se naquelas ações voltadas a apurar condutas específicas previstas na Lei das Eleições. Legislação: - Representações fundadas nos artigos 23, 30-A e 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81, da Lei n. 9.504/1997: art. 22 da Lei Complementar n. 64/1990 e artigos 1º ao 5º e 22 a 32 da Resolução TSE n. 23.367/2011 Finalidade: - Apurar e sancionar condutas que descumpriram as normas que regem as eleições: a) art.23 (doações de pessoas físicas para campanha); b) art. 30-A (arrecadação e gastos de recursos de campanha); c) art. 41-A (captação ilícita de sufrágio); d) artigos 73 a 77 (condutas vedadas aos agentes públicos em campanha); e) art. 81 (doações e contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais). Rito: - Representações fundadas nos artigos 23, 30-A e 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81, da Lei n. 9.504/1997: art. 22 da Lei Complementar n. 64/1990 e artigos 1º ao 5º e 22 a 32 da Resolução TSE n. 23.367/2011. Competência: art. 96, Lei n. 9.504/97 e art. 22 da Res. TSE n. 23.367: AÇÕES ELEITORAIS 11 Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: I - aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais; Art. 22. Nas eleições de 2012, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e processar a representação prevista na Lei Complementar nº 64/90, exercendo todas as funções atribuídas ao Corregedor-Geral ou Regional, cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral em função na Zona Eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e Regional Eleitoral, nos termos dos incisos I a XV do art. 22 e das demais normas de procedimento previstas na LC nº 64/90. Prazo para interposição: art. 21, parágrafo único da Res. TSE n. 23.367/2011 Art. 21. As representações que visarem à apuração das hipóteses previstas nos arts. 23, 30-A, 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81 da Lei nº 9.504/97 observarão o rito estabelecido pelo art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. Parágrafo único. As representações de que trata o caput deste artigo poderão ser ajuizadas até a data da diplomação, exceto as do art. 30-A e dos arts. 23 e 81 da Lei nº 9.504/97, que poderão ser propostas, respectivamente, no prazo de 15 dias e no de 180 dias a partir da diplomação. a) Representações fundadas nos artigos 41-A, 73, 74, 75 e 77, da Lei n. 9.504/1997: podem ser ajuizadas até a data da diplomação (parágrafo único do art. 21 da Resolução TSE n. 23.367/2011). AÇÕES ELEITORAIS 12 b) Representações fundadas no art. 30-A da Lei n. 9.504/1997: podem ser ajuizadas no prazo de 15 dias a partir da diplomação (parágrafo único do art. 21 da Resolução TSE n. 23.367/2011). c) Representações fundadas nos artigos 23 e 81 da Lei n. 9.504/1997: podem ser ajuizadas no prazo de 180 dias a partir da diplomação (parágrafo único do art. 21 da Resolução TSE n. 23.367/2011). Legitimidade Ativa: a) O membro do Ministério Público Eleitoral; b) Candidato; c) Partido Político; e d) Coligação. Legitimidade Passiva: todos aqueles que descumpriram as disposições da Lei das Eleições; Consequência: a depender do dispositivo aplicado. Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) § 3º A doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o infrator ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso. ............................................................................................... Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) ... § 2o Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, AÇÕES ELEITORAIS 13ou cassado, se já houver sido outorgado. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006) ............................................................................................... Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de 28.9.1999) ............................................................................................... Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ... § 4º O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR. § 5o Nos casos de descumprimento do disposto nos incisos do caput e no § 10, sem prejuízo do disposto no § 4o, o candidato beneficiado, agente público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) § 6º As multas de que trata este artigo serão duplicadas a cada reincidência. AÇÕES ELEITORAIS 14 § 7º As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda, atos de improbidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, sujeitam-se às disposições daquele diploma legal, em especial às cominações do art. 12, inciso III. ............................................................................................... Art. 81. As doações e contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais poderão ser feitas a partir do registro dos comitês financeiros dos partidos ou coligações. ... § 2º A doação de quantia acima do limite fixado neste artigo sujeita a pessoa jurídica ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso. § 3º Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, a pessoa jurídica que ultrapassar o limite fixado no § 1º estará sujeita à proibição de participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o Poder Público pelo período de cinco anos, por determinação da Justiça Eleitoral, em processo no qual seja assegurada ampla defesa. Recurso: art. 31 c/c 33, Res. TSE. N. 23.367 Art. 31. Os recursos eleitorais contra as sentenças que julgarem as representações previstas nesta Seção deverão ser interpostos no prazo de 3 dias, contados da publicação, observando-se o mesmo prazo para os recursos subsequentes, inclusive recurso especial e agravo, bem como as respectivas contrarrazões e respostas. AÇÕES ELEITORAIS 15 Art. 33. Contra sentença proferida por Juiz Eleitoral é cabível recurso eleitoral para o respectivo Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 24 horas da publicação em cartório, assegurado à parte recorrida o oferecimento de contrarrazões, em igual prazo, a contar da sua notificação, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 31 desta resolução (Lei nº 9.504/97, art. 96, § 8º). AÇÕES ELEITORAIS 16 Representações e Reclamações Terminologia: São as ações voltadas a apurar e sancionar o descumprimento das normas da Lei das Eleições, inclusive em relação à propaganda eleitoral irregular. Trata-se de uma ação com previsão genérica, sendo seu rito utilizado caso não haja previsão específica. É utilizada frequentemente para a propaganda eleitoral irregular. Legislação: Lei n. 9.504/1997, Res. TSE n. 23.367/2011 e Res. TREPR n. 619/2012 Finalidade: Visam coibir condutas que afetam o equilíbrio da disputa eleitoral, ainda que potencial. Rito: Seguirão o rito do art. 96, da Lei n. 9.504/1997 e Res. TSE n. 23.367/2011. Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: OBSERVAÇÃO: Conforme já estudado, as Representações dos artigos 23, 30-A e 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81, da Lei n. 9.504/1997 seguem o rito da AIJE, previsto no art. 22 da LC n. 64/1990, com disposições da Res. TSE n. 23.367/2011. Competência: § 1º e 2º, Art. 2º da Res. TSE n. 23.367 e art. 1º, Res. TREPR n. 619/2012: AÇÕES ELEITORAIS 17 Art. 2º da Res. TSE n. 23.367: § 1º São competentes para apreciar as reclamações, as representações e os pedidos de resposta o Juiz que exerce a jurisdição eleitoral no Município e, naqueles com mais de uma Zona Eleitoral, os Juízes Eleitorais designados pelos respectivos Tribunais Regionais Eleitorais (Lei nº 9.504/97, art. 96, § 2º). § 2º As representações e as reclamações que versarem sobre a cassação do registro ou do diploma deverão ser apreciadas pelo Juízo Eleitoral competente para julgar o registro de candidatos. Res. TREPR n. 619/2012: Art. 1º Ao Juiz Eleitoral com jurisdição no Município e aos Juízes designados pelo Tribunal Regional Eleitoral, nos Municípios com mais de uma Zona Eleitoral, cabe a competência para apreciar e decidir monocraticamente as reclamações e representações relativas ao descumprimento da Lei nº 9.504/97 e os pedidos de direito de resposta (art. 96, caput, e inciso I, e § 2º, da Lei nº 9.504/97; art. 2º, § 1º, e art. 15, da Res/TSE nº 23.367/2011). Prazo de interposição: (José Jairo Gomes, in Direito Eleitoral, 8ª Edição, Atlas, SP, 2012) - Em relação aos arts. 36 e 37 da Lei 9.504/97: até a data da Eleição sob pena de carência de ação; “(...) 3. A jurisprudência firmou-se no sentido de que o prazo final para ajuizamento de representação por propaganda eleitoral antecipada ou irregular, é a data da eleição. (...) (TSE – Rp n. 189.711/DF – DJE, Tomo 91, 16-5-2011, pg. 52-53) e ainda: TSE – Rp n. 1.341/DF – DJ 1-12-2007, p. 230) AÇÕES ELEITORAIS 18 - Em relação a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão: até 48hs. da divulgação. “ (...) o prazo para representação que cuida o art. 96, §5º, da Lei n. 9504/97 é de 48hs. quando se tratar de veiculação de propaganda eleitoral gratuita de rádio ou televisão (precedente AgRgRp n. 443, rel. desig. Ministro Sepúlveda Pertence) (TSE – Ac. N. 483, de 23-09-2002 – JURISTSE 5:259) - Em relação a propaganda de uma espécie de pleito (majoritário – proporcional) que invade tempo da outra: até 48hs. da divulgação. “(...) A aplicação do prazo de 48hs. (quarenta e oito horas) para propositura de representações por invasão de horário da propaganda e nos casos da veiculação de propaganda irregular no horário normal das emissoras, segundo o entendimento desta Corte, tem como finalidade evitar o armazenamento táctico de reclamações a serem feitas no momento da campanha eleitoral, em que se torne mais útil subtrair o tempo do adversário. Tal prazo, não se aplica às representações por propaganda antecipada, cuja penalidade é a de multa, prevista no art. 36, §3º, da lei das Eleições (...)” (TSE – AgREspe n. 26.202/MG – DJ 16-3- 2007, p. 209) Legitimidade Ativa: art. 2º da Res. TSE n. 23.367 Art. 2º As reclamações e as representações poderão ser feitas por qualquer partido político, coligação, candidato ou pelo Ministério Público (Lei nº 9.504/97, art. 96, caput e inciso I). Legitimidade Passiva: art. 36, §3º e art. 241 do Código Eleitoral. Todos aqueles que contribuíram com a conduta ilícita: partidos, coligações,candidatos, veículos de comunicação social, terceiros etc. AÇÕES ELEITORAIS 19 Art. 36 ... § 3o A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário (..) Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos. Consequência: as mais variadas, a depender do dispositivo afetado; Lei n. 9504/97: - Aplicação de multa: arts. 36, §3º, 37, §1º, 39, §8º, 43, §2º, 45, §2º. - Perda do tempo destinado a propaganda eleitoral: arts. 45, §2º, primeira parte e 55, parágrafo único. - Perda do direito a veiculação: art. 53, §3º. - Suspensão da programação de rádio e ou televisão: art.56 Recurso: Art. 33. Contra sentença proferida por Juiz Eleitoral é cabível recurso eleitoral para o respectivo Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 24 horas da publicação em cartório, assegurado à parte recorrida o oferecimento de contrarrazões, em igual prazo, a contar da sua notificação, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 31 desta resolução (Lei nº 9.504/97, art. 96, § 8º). § 1º Oferecidas as contrarrazões, ou decorrido o respectivo prazo, serão os autos imediatamente remetidos ao Tribunal Regional Eleitoral, inclusive mediante portador, se necessário. § 2º Não cabe agravo de instrumento contra decisão proferida por Juiz Eleitoral que concede ou denega medida liminar. AÇÕES ELEITORAIS 20 Formas de publicação: Art. 14. A publicação dos atos judiciais será realizada no Diário de Justiça Eletrônico ou, na impossibilidade, em outro veículo da imprensa oficial. § 1º No período compreendido entre 5 de julho de 2012 e a proclamação dos eleitos, a publicação dos atos judiciais será realizada em cartório, devendo ser certificado nos autos o horário da publicação. § 2º No período a que se refere o § 1º deste artigo, os acórdãos serão publicados em sessão de julgamento, devendo ser certificada nos autos a publicação. § 3º O Ministério Público Eleitoral será pessoalmente intimado das decisões pelo Cartório Eleitoral, mediante cópia, e dos acórdãos, em sessão de julgamento, quando nela forem publicados. - CONTAGEM DO PRAZO EM HORAS APÓS PROCLAMAÇÃO DOS ELEITOS: Sendo omissa a legislação em relação a contagem do prazo em horas, a partir da publicação da decisão no DJEPR, transcreve-se os seguintes julgados: “AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ELEIÇÕES 2008. CONTAGEM DO PRAZO EM HORAS. CONVERSÃO EM DIA. POSSIBILIDADE. NÃO PROVIMENTO. 1. O prazo fixado em horas pode ser convertido em dias. (Precedentes: AgR-ED-Rp nº 789/DF, Relator designado Min. Marco Aurélio Mello, PSESS de 18.10.2005; AgR-AI nº 11.755/GO, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de 23.6.2010). AÇÕES ELEITORAIS 21 2. Agravo regimental não provido.” (AgR-AI nº 858- 76.2010.6.00.0000, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julg. 23.11.2010). “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO. INTEMPESTIVO. REPRESENTAÇÃO. DECISÃO. JUIZ AUXILIAR. LIMINAR. DEFERIMENTO. PRAZO. 24 HORAS. ART. 9º DA RES.-TSE Nº 22.142/2006. DESCUMPRIMENTO. 1. O prazo de 24 horas pode ser convertido em um dia. 2. Considera-se encerrado o prazo na última hora do expediente do dia útil seguinte. 3. Tendo sido publicada a decisão no dia 2.2.2007 (sexta-feira), o prazo para recorrer encerrou-se na última hora do expediente do dia 5.2.2007 (segunda-feira). 4. Não há omissão a ser sanada. 5. Embargos conhecidos, mas rejeitados.” (ED-AgR-Rp nº 1.328/SP, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 17.9.2008). EMENTA – REPRESENTAÇÃO ELEITORAL - PROPAGANDA ANTECIPADA – INTIMAÇÃO SENTENÇA VIA DIÁRIO DA JUSTIÇA – PRAZO EM HORAS - CONTAGEM – INTEMPESTIVIDADE - RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. O prazo de 24 horas pode ser convertido em um dia. 2. Tendo sido publicada a sentença no dia 04.07.2012 (quarta-feira), o prazo para recorrer encerrou-se na última hora do expediente do dia 05.07.2012 (quinta- feira). 3. Recurso não conhecido. (RE 215-91.2012.6.16.0004, Rel. Rogério Coelho, TREPR) AÇÕES ELEITORAIS 22 Direito de Resposta Legislação: Art. 5º, V da Constituição Federal, art. 58, Lei n. 9.504/1997 e Res. TSE n. 23.367/2011. Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social. Finalidade: Ação voltada a manter a igualdade de condições na disputa eleitoral, assegurando ao candidato, partido político ou coligação resposta sobre conduta ilícita prevista na legislação eleitoral que extrapole os princípios da informação e da veracidade na campanha. Rito: art. 58, Lei n. 9.504/1997 e Res. TSE n. 23.367/2011 Competência: segue a regra geral das representações. Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: I - aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais; II - aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e distritais; AÇÕES ELEITORAIS 23 III - ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial. As representações, em eleições municipais, devem ser dirigidas aos juízes eleitorais segundo a regra de competência constante da Res. TRE/PR n. 619/2012. Res. TSE n. 23.367: Art. 15. Os pedidos de resposta devem dirigir-se ao Juiz Eleitoral encarregado da propaganda eleitoral. Prazo de interposição: Pedidos de Resposta: a partir da escolha de candidatos em convenção é assegurado o direito de resposta, nos seguintes prazos: a) Órgão de imprensa escrita: 72 horas, a contar das 19 horas da data constante da edição em que veiculada a ofensa, salvo prova documental de que a circulação, no domicílio do ofendido, se deu após esse horário (art. 16, I, a, Res. TSE n. 23.367/2011). b) Programação normal das emissoras de rádio e de TV: 48 horas a contar da veiculação (art. 16, II, a, Res. TSE n. 23.367/2011). c) Horário eleitoral gratuito: 24 horas contadas a partir da veiculação da ofensa (art. 16, III, a, Res. TSE n. 23.367/2011). Legitimidade Ativa: art. 58, caput da Lei n. 9504/97. a) Candidatos ou pré-candidatos; b) Partidos políticos; c) Coligações; d) Ministério Público; Observação: O terceiro (o não participante do processo eleitoral) poderá formular pedido de direito de resposta à Justiça Eleitoral quando o ato ilícito for veiculado no horário eleitoral gratuito. Se a AÇÕES ELEITORAIS 24 ilicitude decorreu de veiculação na imprensa escrita ou fora do horário eleitoral, na programação normal de rádio ou televisão, o pedido é de competência da Justiça Comum. (José Jairo Gomes, Direito Eleitoral, 8º Ed., Sp, Atlas, 2012, p. 417 e Elmana Viana Lucena Esmeralda, Processo Eleitoral, J.H. Mizuno, SP, 2011, p. 117) Direito de Resposta exercido por terceiro: Art. 17. Os pedidos de resposta formulados por terceiro, em relação ao que foi veiculado no horário eleitoral gratuito, serão examinados pela Justiça Eleitoral e deverão observar os procedimentos previstos na Lei nº 9.504/97, naquilo que couber. Legitimidade Passiva: responsável pela divulgação de conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica. - Existe divergência na jurisprudência quanto a inclusão do veículo de comunicaçãono pólo passivo: Pela inclusão: DIREITO DE RESPOSTA. CANDIDATO A PREFEITO. MATÉRIA. VEICULAÇÃO. JORNAL. RESPONSABILIDADE. TERCEIRO. PREJUDICIALIDADE. ADVENTO. ELEIÇÕES. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. EXCLUSÃO. VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO. RELAÇÃO PROCESSUAL. ATRIBUIÇÃO. ÔNUS. RESPOSTA. IMPOSSIBILIDADE. TEXTO DA RESPOSTA. RELAÇÃO. FATOS SUPOSTAMENTE OFENSIVOS. ART. 58, § 3º, I, A, DA LEI Nº 9.504/97 APLICÁVEL POR ANALOGIA AO DISPOSTO NA ALÍNEA B, SEGUNDA PARTE, INCISO III, DO MESMO DISPOSITIVO. (...) 2. Em se tratando de pedido de direito de resposta que se originou por meio de matéria veiculada em jornal cuja AÇÕES ELEITORAIS 25 ofensa é atribuída a terceiro, é recomendável que o veículo de comunicação figure na relação processual, a fim de lhe assegurar a ampla defesa, além do que, tal providência objetiva que ele assuma sua responsabilidade quanto à veiculação de matérias que possam ter repercussão no pleito. Precedente: Acórdão nº 19.880. 3. A disposição contida no art. 36 da Lei de Imprensa, que imputa a veiculação da resposta ao veículo de comunicação, cujo custo deve ser cobrado, posteriormente, do ofensor, não pode ser invocada para admitir que a Justiça Eleitoral tão-somente imponha o ônus ao jornal, sem estar ele no pólo passivo da representação. 4. A decisão que impõe a veículo de comunicação que não figurou no processo a obrigação de veicular direito de resposta cujo ônus é de terceiro, configura ofensa ao art. 472 do Código de Processo Civil. 5. O art. 58, § 3º, I, a, da Lei nº 9.504/97 estabelece, no que se refere ao pedido de direito de resposta em imprensa escrita, a exigência de que seja ele instruído com o texto para a resposta, devendo este ser dirigido aos fatos supostamente ofensivos, entendimento aplicável por analogia ao disposto na alínea b, segunda parte, inciso III, do mesmo dispositivo. Precedente: Acórdão nº 1.395. Recursos especiais conhecidos e providos. (TSE, Respe n. 24.387/RJ, rel. Ministro Carlos Eduardo Caputo Bastos, DJ 16.09.2005, p.172) RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. DIREITO DE RESPOSTA. ELEIÇÕES 2008. PROCEDÊNCIA. Preliminares. 1) Intempestividade do recurso. Rejeitada. Intimação de representante da empresa recorrente não-qualificado nos autos. Não-intimação do advogado da parte. Necessidade de intimação, tendo em vista que a sentença não foi publicada no prazo de 72 horas, previsto no art. 58, § 2º, da Lei n. 9.504/97. AÇÕES ELEITORAIS 26 2) Ilegitimidade passiva da empresa jornalística. Rejeitada. Veículo de comunicação que divulga matéria negativa ou ofensiva tem legitimidade para figurar no pólo passivo da representação por direito de resposta. Precedente. 3) Impropriedade do rito de direito de resposta previsto no art. 58 da Lei n. 9.504/97. Rejeitada. Aplicação do rito da Lei n. 5.250/67 somente é admissível em se tratando de ofensa contra terceiros. Resolução n. 20.675/2000/TSE. No caso em apreço, em que o exercício do direito de resposta é requerido por coligação partidária, o rito é disciplinado pelo art. 58 da Lei n. 9.504/97. Mérito. Matéria questionada não possui afirmações de cunho ofensivo, mas apenas severas críticas políticas. Não enseja direito de resposta a matéria que não ultrapassa os limites da crítica política. Precedentes do Tribunal Superior Eleitoral. Recurso a que se dá provimento. (RECURSO ELEITORAL nº 5013, Acórdão nº 4207 de 01/10/2008, Relator(a) RENATO MARTINS PRATES, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Volume 20:35, Data 01/10/2008 ) Recurso. Direito de Resposta. Eleições 2012. Decisão originária que julgou parcialmente procedente a representação, concedendo direito de resposta à recorrida. Legitimidade do órgão de imprensa escrita para figurar no polo passivo do pedido de direito de resposta. Assegurado o direito de resposta ao candidato atingido por afirmação injuriosa, difamatória ou ofensiva, difundida por qualquer veículo de comunicação social. Notícia veiculada no jornal que extrapola a crítica moderada, externando opinião maliciosa e tendenciosa. Provimento negado. (Recurso Eleitoral nº 82676, Acórdão de 11/09/2012, Relator(a) DR. ARTUR DOS SANTOS E ALMEIDA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 11/09/2012) Pela não inclusão: AÇÕES ELEITORAIS 27 DIREITO DE RESPOSTA. COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA. PARTIDO POLÍTICO. IMPRENSA. (...) 5. A Lei 9.504 é diploma que "estabelece normas para as eleições". Nela, o seu mais caracterizado objetivo é assegurar a lisura do processo eleitoral. Lisura que outra coisa não é senão a própria depuração do regime representativo e da moralidade que se põe como inafastável condição de investidura em cargo político- eletivo. Daí que tudo gravite em torno dos protagonistas centrais do certame, que são os candidatos e seus partidos políticos, agindo estes assim de forma isolada como em coligação; 6. Nesse bem fincado palco é que se aclara a compreensão do mencionado art. 58: ele assegura, sim, direito de resposta, porém às expensas de qualquer um daqueles três centrados atores da cena eleitoral: candidato, partido, coligação partidária. Vale dizer, tão- somente às custas de um ofensor que seja ao mesmo tempo ator político é que o ofendido vê a sua honra desagravada, ou a verdade dos fatos restabelecida. Passando a ocupar, então, o mesmo espaço em que se movimentou o seu adversário (candidato, partido, ou coligação partidária, repise-se). Terçando as mesmas armas de que se valeu o seu eventual detrator. Pois assim é que se restabelece o equilíbrio de forças entre competidores de uma mesma pugna, sabido que o direito de resposta é mecanismo assecuratório desse mesmo equilíbrio entre partes; 7. É certo, não se nega, que o art. 58 termina sua fala normativa com explícita referência ao agravo que se veicule "por qualquer meio de comunicação social". Mas não é menos certo que tal referência apenas quer explicitar o seguinte: a longa manus da lisura eleitoral persegue o ofensor por todos os espaços de sua ilícita movimentação, ainda que perpetrada esta em momento e local não- coincidentes com aqueles reservados ao programa eleitoral AÇÕES ELEITORAIS 28 gratuito. Noutros termos, o que importa é garantir ao ofendido a possibilidade do desagravo, seja qual for o veículo de que se valeu o ofensor para alcançar o chamado grande público (âmbito pessoal de alcance dos meios de comunicação social, não por acaso rotulados de meios de comunicação de massa); 8. Representação que não ultrapassa a barreira processual do conhecimento. O art. 58 da Lei 9.504 não incide, no ponto, em razão de a parte representada não integrar o rol dos três encarecidos atores da cena eleitoral: candidato, agremiação partidária, coligação de partidos. (TSE, Rp. 1201/DF, rel. Ministro Marcelo Ribeiro, rel. designado ministro Carlos Ayres Britto, Publicado em Sessão em 02.10.2006) Consequência: Res. TSE n. 23.367 e art. 58, Lei n. 9504/97. I – em órgão da imprensa escrita: (...) c) deferido o pedido, a divulgação da resposta será dada no mesmo veículo, espaço, local, página, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até 48 horas após a decisão ou, tratando-se de veículo com periodicidade de circulação maior do que 48 horas, na primeira oportunidade em que circular (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, I, b); II – em programação normal das emissoras de rádio e de televisão: (...) d) deferido o pedido, a resposta será dada em até 48 horas após a decisão, em tempo igual ao da ofensa, nunca inferior a 1 minuto (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, II, c); III – no horário eleitoral gratuito: (...) AÇÕES ELEITORAIS 29 f) deferido o pedido para resposta, a emissora geradora e o partido político ou a coligação atingidos deverão sernotificados imediatamente da decisão, na qual deverão estar indicados o período, diurno ou noturno, para a veiculação da resposta, sempre no início do programa do partido político ou coligação, e, ainda, o bloco de audiência, caso se trate de inserção (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, III, d); (...) h) se o ofendido for candidato, partido político ou coligação que tenha usado o tempo concedido sem responder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraído tempo idêntico do respectivo programa eleitoral; tratando-se de terceiros, ficarão sujeitos à suspensão de igual tempo em eventuais novos pedidos de resposta e à multa no valor de R$ 2.128,20 (dois mil cento e vinte e oito reais e vinte centavos) a R$ 5.320,50 (cinco mil trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, III, f). IV – em propaganda eleitoral pela internet: a) deferido o pedido, a divulgação da resposta será dada no mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até 48 horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, IV, a); b) a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, IV, b); c) os custos de veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 3º, IV, c). AÇÕES ELEITORAIS 30 Descumprimento das decisões: Art. 20. O não cumprimento integral ou em parte da decisão que reconhecer o direito de resposta sujeitará o infrator ao pagamento de multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) a R$ 15.961,50 (quinze mil novecentos e sessenta e um reais e cinquenta centavos), duplicada em caso de reiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no art. 347 do Código Eleitoral (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 8º). Direito de resposta nos últimos dias do Horário Eleitoral Gratuito: É possível o direito de resposta nos últimos dias do horário eleitoral gratuito, nos termos do §1º do art. 16 da Res. TSE n. 23.367/2011: § 1º Se a ofensa ocorrer em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro dos prazos estabelecidos neste artigo, a resposta será divulgada nos horários que a Justiça Eleitoral determinar, ainda que nas 48 horas anteriores ao pleito, em termos e forma previamente aprovados, de modo a não ensejar tréplica (Lei nº 9.504/97, art. 58, § 4º). Recurso: Res. TSE n. 23.367 e art. 96, §8º da Lei 9.504/97 Art. 33. Contra sentença proferida por Juiz Eleitoral é cabível recurso eleitoral para o respectivo Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 24 horas da publicação em cartório, assegurado à parte recorrida o oferecimento de contrarrazões, em igual prazo, a contar da sua notificação, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 31 desta resolução (Lei nº 9.504/97, art. 96, § 8º). § 1º Oferecidas as contrarrazões, ou decorrido o respectivo prazo, serão os autos imediatamente remetidos ao Tribunal Regional Eleitoral, inclusive mediante portador, se necessário. AÇÕES ELEITORAIS 31 Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: I - aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais; II - aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e distritais; III - ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial. § 8º Quando cabível recurso contra a decisão, este deverá ser apresentado no prazo de vinte e quatro horas da publicação da decisão em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido o oferecimento de contra-razões, em igual prazo, a contar da sua notificação. AÇÕES ELEITORAIS 32 Representação na Pesquisa Eleitoral Legislação: Art. 33 da Lei nº 9.504/97, art. 1º da Res.- TSE nº 23.364/2011. Finalidade: coibir e punir os responsáveis pela divulgação de pesquisas eleitorais que não tenham sido registradas em atendimento da legislação. Rito: Artigo 96 da Lei nº 9.504/97 e artigos 1º a 14 da Res. TSE 23.367/2011. Competência: art. 96, Lei n. 9.504/97: Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: I - aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais; II - aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e distritais; III - ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial. Prazo de interposição: O prazo para propositura da Representação Eleitoral em decorrência de Pesquisa sem registro é o mesmo das representações por propaganda irregular. (AREsp TSE nº 28.066/ e AG. nº 8225 TSE). AÇÕES ELEITORAIS 33 Legitimidade Ativa: O MPE, candidatos e partidos políticos ou coligações. Legitimidade Passiva: Todo aquele que der causa a divulgação da pesquisa sem o registro na Justiça Eleitoral, assim como o Instituto de Pesquisa, o meio de comunicação que a divulgou, quem contratou, candidato, partido político e coligação ou, qualquer outro responsável. Consequência: Em caso de decisão condenatória será determinada a suspensão da divulgação da pesquisa até o regular registro e condenará os responsáveis ao pagamento de multa no valor de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00. A multa será aplicada de forma individual. Recursos: art. 96, §8º da Lei n. 9504/97 e Res. TSE n. 23.367/2011 Lei n. 9504/97: Art. 96 ... § 8º Quando cabível recurso contra a decisão, este deverá ser apresentado no prazo de vinte e quatro horas da publicação da decisão em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido o oferecimento de contra-razões, em igual prazo, a contar da sua notificação. Res. TSE n. 23.367/2011 Art. 33. Contra sentença proferida por Juiz Eleitoral é cabível recurso eleitoral para o respectivo Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 24 horas da publicação em cartório, assegurado à parte recorrida o oferecimento de contrarrazões, em igual prazo, a contar da sua notificação, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 31 desta resolução (Lei nº 9.504/97, art. 96, § 8º). AÇÕES ELEITORAIS 34 Art. 35. Do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral caberá recurso especial para o Tribunal Superior Eleitoral, no prazo de 3 dias, a contar da publicação (Código Eleitoral, art. 276, § 1º), salvo quando se tratar de direito de resposta. Peculiaridades: Novidade nas eleições 2012, o PesqEle sistema informatizado, dispensa a impressão de papéis e autuação. (Resolução TSE 23.364) Dados obrigatórios para divulgação da pesquisa: período da realização da coleta de dados; margem de erro; número de entrevistas; nome de quem realizou a pesquisa e se for o caso quem contratou; número de registro da pesquisa. Diferença de pesquisa e enquete: Pesquisa eleitoral utiliza metodologia científica e enquete é mero levantamento de opinião sem rigor científico. Abuso dos meios de comunicação social: O abuso mediante pesquisa irregular com o fim de influenciar o eleitorado poderá caracterizar ainda abuso nos meios de comunicação social, nos termos dos arts. 19 e 22 da LC 64/90, a ser apurado por meio da AIJE. AÇÕES ELEITORAIS 35 Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) Legislação: artigos 216, 262, 265, 266 e 267 do Código Eleitoral. Finalidade: Desconstituir o pronunciamento judicial que deferiu a homologação do resultado das eleições. Rito: Aplica-se o rito previstonos artigos 265 e seguintes do Código Eleitoral. Consequências: Cassação do diploma do candidato eleito ou suplente, podendo ainda ser aplicada multa nos termos do 41-A da Lei 9.504/97, se a decisão reconhecer tal prática. Competência: Eleição para Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador, o julgamento é feito pelo TRE, embora o processo e instrução sejam feitos pelo Juiz Eleitoral. Nas eleições de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Senador, Governador e Vice-Governador, o julgamento é feito pelo TSE, embora o processo tramite no TRE. Não cabe RCED contra candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República. Prazo de interposição: O termo inicial é o dia seguinte à diplomação, ainda que esse dia seja recesso forense ou feriado, uma vez que se trata de prazo decadencial. (Respe nº 37002 de 2010, Ministro Felix Fisher) Legitimidade Ativa: O membro do MPE; candidato; partido político; coligação. AÇÕES ELEITORAIS 36 Legitimidade Passiva: Candidatos eleitos e os suplentes, desde que diplomados. Consequência: Cassação do diploma do beneficiado (art. 262 CE). Recurso: Eleições Municipais: em decisões do TRE caberá Recurso Especial ao TSE e Embargos de Declaração; da decisão final do TSE caberá Recurso Extraordinário ao STF e Embargos de Declaração; da decisão que nega seguimento ao Recurso Especial ou Recurso Extraordinário caberá Agravo; das decisões monocráticas proferidas pelo Relator ou Presidente do TRE ou TSE, caberá Agravo Regimental ao pleno da Corte. Eleições Estaduais, Federais e Distritais: da decisão final do TSE cabe Embargos de Declaração e Recurso Extraordinário ao STF; da decisão que nega seguimento ao Recurso Especial ou Recurso Extraordinário cabe Agravo; das decisões monocráticas proferidas pelo Relator ou Presidente do TRE ou TSE cabe Agravo Regimental ao pleno da Corte. Peculiaridade: Parte predominante da doutrina entende que trata- se de verdadeira ação eleitoral. AÇÕES ELEITORAIS 37 Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) Legislação: CF 88, art. 14, §§ 10 e 11. Finalidade: Desconstituir a relação jurídica que dá sustentação ao mandato eletivo obtido ilicitamente pelo candidato eleito, em garantia da normalidade e legitimidade do exercício do poder de sufrágio popular contra a prática de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude durante o processo eleitoral. Rito: Previsto na LC 64/90, referente à AIRC, mais célere, alterado pela Resolução 21.634/2004. Competência: Eleição para Presidente da República: TSE Eleições para Governador e Vice-Governador, inclusive do DF, deputados federais e estaduais e senadores: Tribunais Regionais Eleitorais Eleições Municipais: Juízes Eleitorais Prazo de interposição: Até 15 dias após a diplomação, conforme a CF. Legitimidade Ativa: a) O Ministério Público Eleitoral, b) partido político, c) coligação e d) candidato. Observação: Eleitor, segundo o TSE, não tem legitimidade para propor AIME. (AC. 11.835) Legitimidade Passiva: Diplomados AÇÕES ELEITORAIS 38 Consequências: Desconstituição do mandato como consequência do reconhecimento do ilícito eleitoral ou do benefício obtido nas urnas. Nesta ação não se decreta a inelegibilidade, salvo se ocorrer julgamento em conjunto com a AIJE. Em decorrência do art. 216, entende-se que a AIME só pode ter sua sentença executada depois do trânsito em julgado da sentença. Recursos: O sistema recursal é do Código Eleitoral, subsidiado pelo Código de Processo Civil. - Quanto às decisões de mérito são recorríveis: - No pleito municipal é cabível Recurso Eleitoral para o TRE (art. 265 CE). Contra acórdão regional pode-se ingressar com Recurso Especial Eleitoral de competência do TSE (art. 276, I) - Nos pleitos federais e estaduais é cabível recurso ordinário para o TSE (art. 121, § 4º, IV; 276, II, “a”). - Nas eleições para presidente o recurso deve ser encaminhado ao STF (CF, art. 121, § 3º, e art. 102, III). É cabível agravo (TSE – AC. 217 de 27.02.2003). Nos processos de competência originária do TRE não é cabível o agravo de instrumento para atacar decisões interlocutórias, sendo cabível o agravo regimental. Caso afronte “expressa disposição de lei” pode-se ingressar com recurso especial eleitoral. (artigo 542, § 3º, do CPC). Quanto aos efeitos dos recursos eleitorais, incide a regra de que não terão efeito suspensivo (art. 257 CE). AÇÕES ELEITORAIS 39 Peculiaridades: - Segredo de Justiça: a AIME corre em segredo de justiça por imposição constitucional; - AIME E AIJE: Inexiste litispendência entre a AIME e a AIJE, ainda que versem sobre os mesmos fatos, pois possuem objetivos diversos. AÇÕES ELEITORAIS 40 Bibliografia consultada: BARREIROS NETO. Jaime. Direito Eleitoral. Editora Jus Podium. 2011. ESMERALDO. Elmana Viana Lucena. Processo Eleitoral. Sistematização das Ações Eleitorais. JH Mizuno. 2ª Edição atualizada, 2012. GOMES. José Jairo. Direito Eleitoral. Editora Atlas. 8ª Edição atualizada e ampliada, 2012. VELLOSO. Carlos Mário. AGRA, Walber de Moura. Elementos de Direito Eleitoral. Editora Saraiva. 2ª Edição, 2010. Código Eleitoral Anotado e Legislação Complementar. TSE. 10 ª Edição, Brasília, 2012.
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