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1 Prof. Esp. Fabiano Fagundes Estruturas dos Materiais Materiais de Construção I Por que estudar? • As propriedades de alguns materiais estão diretamente relacionadas às suas estruturas cristalinas. Ex.: Mg e Be são muito mais frágeis do que Au e Ag. • Propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos são extremamente diferentes. Ex.: cerâmicas e polímeros não-cristalinos são opticamente transparentes. Na forma cristalina tendem a ser opacos. Propriedades dos materiais Microestrutura Classificação e Processo de Fabricação Fonte: Prof. Sidnei Paciornik - Puc Rio Quais os critérios que um engenheiro deve adotar para selecionar um material entre tantos outros? • O engenheiro deve caracterizar quais as condições de operação que será submetido o referido material e levantar as propriedades requeridas para tal aplicação, saber como esses valores foram determinados e quais as limitações e restrições quanto ao uso dos mesmos. Nunca se esquecendo da condição de custo do material. • Em raras ocasiões um material reúne uma combinação ideal de propriedades, ou seja, muitas vezes é necessário reduzir uma em benefício da outra. • Um exemplo clássico são resistência e ductilidade, geralmente um material de alta resistência apresenta ductilidade limitada. Este tipo de circunstância exige que se estabeleça um compromisso razoável entre duas ou mais propriedades. 2 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS • A classificação tradicional dos materiais é geralmente baseada na estrutura atômica e química destes. Ligações Atômicas • O tipo de ligação interatômica dá suporte para o conhecimento das propriedades do material. Exemplo: o carbono pode existir na forma de grafite que é mole, escuro e “gorduroso” ou na forma de diamante que é extremamente duro e brilhante. Essa diferença nas propriedades é diretamente atribuída ao tipo de ligação química que é encontrada no grafite e no diamante. Grafite: - Anéis hexagonais formando uma lâmina em um mesmo plano; - Sobrepõem-se e permitem deslizamento; - Utilizado como lubrificante. Diamante: - Cada átomo de carbono está ligado a outros quatro átomos não contidos em um mesmo plano. Estrutura Atômica • A estrutura atômica pode ser comparada ao sistema planetário, onde os elétrons (planetas) giram em torno de um núcleo (sol); • Nas ligações químicas em materiais sólidos, os elementos se ligam a fim de atingir uma configuração mais estável (oito elétrons na última camada). Ligações Químicas • A ligação química é formada pela interação dos elétrons de valência, através de um dos seguintes mecanismos: Ganho de elétrons Perda de elétrons Compartilhamento de elétrons A ligação atômica nos materiais pode ser dividida em duas categorias gerais, as ligações primárias e as ligações secundárias, onde: Primárias: Ligação forte com transferência ou compartilhamento de elétrons: Iônica, covalente e metálica. 3 Secundária: Ligações fracas que contribuem para a coesão da matéria, sendo chamadas de forças de Van der Waals (polarização molecular, ponte de hidrogênio e outras). Cada um dos quatro tipos fundamentais de materiais (metais, cerâmicas, polímeros e semicondutores) está associado a certo tipo (ou todos) de ligação atômica. Ligação Iônica • A ligação iônica se dá por transferência de elétrons, onde um elétron de sódio (Na) vai para a órbita do Cloro (Cl), tornando-as estáveis, tendo ambas oito(8) elétrons na última camada; Predomina nos materiais cerâmicos. Ligação Covalente • A ligação covalente é direcional, sendo formada pelo compartilhamento cooperativo dos elétrons da camada de valência entre dois átomos adjacentes; Predomina nos materiais poliméricos. Os elétrons de valência são compartilhados, isto é, formam um par eletrônico que pertence ao mesmo tempo a dois átomos vizinhos. O par de elétrons compartilhados mantém os átomos fortemente ligados. Ligação Covalente em Polímeros • A figura a seguir representa a ligação de uma molécula covalente, o etileno (C2H4). A linha dupla entre os dois carbonos significa um compartilhamento covalente de dois pares de elétrons de valência. Mero • Convertendo a ligação dupla em duas ligações simples, as moléculas adjacentes de etileno podem ser ligadas covalentemente em uma longa cadeia de moléculas de polietileno. Ligação Metálica • Ligação metálica é a ligação entre metais e metais. • Os átomos metálicos possuem baixa eletronegatividade, e grande tendência a perderem elétrons da última camada, transformando-se em cátions. • Em um sólido metálico, os átomos estão agrupados geometricamente ordenados, por células unitárias que se repetem ao longo da cadeia, formando um retículo cristalino. • Os elétrons mais externos de um átomo, por estarem longe do núcleo, movimentam-se livremente, formando uma nuvem eletrônica dentro do retículo. • A ligação metálica é o resultado da interação entre esses elétrons livres e os cátions fixos, ou seja, um aglomerado de cátions mergulhados em um mar de elétrons. 4 Ligação Secundária • O argônio (Ar) é um gás nobre que não tende a formar ligações primárias, pois sua camada orbital externa é preenchida e estável; Van der Waals • Entretanto, quando outro átomo de argônio se aproxima, a carga negativa é ligeiramente atraída em direção ao núcleo positivo do átomo adjacente; • Essa distorção ocorre nos dois átomos adjacentes; • O resultado é um dipolo induzido; Ligação Secundária Propriedades x Estrutura • As propriedades dos materiais dependem dentre outros fatores, dos arranjos geométricos dos átomos e também das interações que existem entre os átomos ou moléculas que os constituem. Conceitos fundamentais • Algumas propriedades dos materiais estão relacionadas diretamente com o tipo de ligação. Por exemplo a condutividade térmica elétrica dos metais em função dos elétrons livres. Os materiais iônicos e covalentes, por não possuírem elétrons livres são isolantes térmicos e elétricos. • Os materiais metálicos possuem boa capacidade de deformação porque suas ligações não são direcionais. Estrutura cristalina e não-cristalina Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade, segundo a qual os átomos estão arranjados uns em relação aos outros. Estrutura cristalina • Um material cristalino é aquele em que os átomos estão posicionados em um arranjo repetitivo e periódico ao longo de grandes distâncias atômicas (ordem de grande ou longo alcance). • Os átomos se posicionam em um padrão tridimensional repetitivo. • Cada átomo está ligado aos seus vizinhos mais próximos. • Todos os metais, muitos cerâmicos e alguns polímeros são cristalinos. 5 Estrutura não-cristalina • Materiais não-cristalinos ou amorfos: não apresentam arranjo tridimensional de longo alcance (em alguns casos de curto alcance). • A estrutura atômica é desordenada e irregular e complexas. • Curto alcance significa poucos nanômetros. Estrutura cristalina e Amorfa Células Unitárias • Consiste no menor arranjo de átomos possível que, através de sua repetição, representa a estrutura cristalina de um material. • Define, de acordo com sua geometria e a posição dos átomos em seu interior, a estrutura cristalina. Exemplo da estrutura e célula unitária A célula tem formato de um cubo Sistemas cristalinos • Existem muitas estruturas cristalinas possíveis, e elas foram divididas em grupos.• Esses grupos foram montados de acordo com a configuração de suas células unitárias. • Tem-se um sistema de coordenadas x,y,z cuja origem coincide com um dos vértices da célula. • Cada eixo coincide com arestas da célula. 6 • Existem 7 sistemas cristalinos básicos que englobam todas as substâncias cristalinas conhecidas: • Dos 7 sistemas cristalinos, podemos identificar 14 tipos diferentes de células unitárias, conhecidas com redes de Bravais. • Cada uma destas células unitárias tem certas características que ajudam a diferenciá-las das outras células unitárias. Além do mais, estas características também auxiliam na definição das propriedades de um material particular. Sistemas Cristalinos Estruturas cristalinas dos metais 90% dos metais se cristalizam em uma dessas 3 estruturas na solidificação: 7 Cúbica de Face Centrada: CFC Alumínio (Al); Cobre (Cu); Cromo (Cr); Ouro (Au); Chumbo (Pb) Níquel (Ni); Prata (Ag); Platina (Pt). Cúbica de Corpo Centrado: CCC Ferro (Fe); Nióbio (Nb); Cromo (Cr); Lítio (Li); Molibdênio (Mo); Tungstênio (W). Hexagonal Compacta: HC Berílio (Be); Cádmio (Cd); Cobalto (Co); Titânio (Ti); Zinco (Zn); Magnésio (Mg). • Polimorfismo: caracteriza o fenômeno que alguns metais apresentam de possuir mais do que uma estrutura cristalina, dependendo da temperatura e da pressão externa. • Alotropia: corresponde à condição de polimorfismo encontrada em sólidos elementares. Polimorfismo e Alotropia Grafite Diamante Polimorfismo do Ferro Temperatura ambiente: CCC (ferrita α) Magnética Acima de 912°C: CFC (austenita) Não-magnética Ferro (Fe) 8 Classificação de Materiais Cristalinos • Monocristalinos: um único e grande cristal – aplicações eletrônicas e ópticas • Policristalinos: constituído de várias pequenas regiões, com diferentes orientações espaciais. Cada região é conhecida como grão. São utilizados em várias aplicações (ex: aço na construção) Imperfeição no Arranjo Atômico • É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade: na posição dos átomos no tipo de átomos Defeitos em Cristais • Não existe cristal perfeito, todos os materiais contém defeitos ou imperfeições • Tipos de defeitos: Pontuais Lineares Planares Volumétricos Lacuna Todos os materiais cristalinos apresentam. Defeitos Pontuais Imperfeição Substitucional Pode ocorrer pela presença de impurezas ou adição intencional. Exemplo: Cobre no Níquel 9 Defeito Intersticial Pode ocorrer pela presença de impurezas ou adição intencional. Exemplo: Carbono no Ferro É um par (lacuna – interstício). Exemplo: Materiais Cerâmicos Defeito de Frenkel Imperfeições Defeitos Lineares • Discordâncias: Tipo Parafuso ou Espiral Tipo Aresta (de borda ou de cunha) Mista Defeitos Planares • São defeitos de superfície como os contornos de grãos (ligações rompidas). Defeitos Volumétricos • Inclusões; • Poros; • Trincas. São introduzidos durante o processo de fabricação. 10 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS • Metais • Cerâmicas • Polímeros • Compósitos • Semicondutores • Biomateriais (Materiais Biocompatíveis) • Materiais inteligentes Classificação tradicional Metais • Materiais metálicos são geralmente uma combinação de elementos metálicos. • Os elétrons não estão ligados a nenhum átomo em particular e por isso são bons condutores de calor e eletricidade. • Não são transparentes à luz visível. • Têm aparência lustrosa quando polidos. • Geralmente são resistentes e deformáveis. • São muito utilizados para aplicações estruturais. Cerâmicos • Materiais cerâmicos são geralmente uma combinação de elementos metálicos e não- metálicos. • Geralmente são óxidos, nitretos e carbonetos. • São geralmente isolantes de calor e eletricidade. • São mais resistêntes à altas temperaturas e à ambientes severos que os metais e polímeros. • Com relação às propriedades mecânicas as cerâmicas são duras, porém frágeis. • Em geral são leves. Polímeros • Materiais poliméricos são geralmente compostos orgânicos baseados em carbono, hidrogênio e outros elementos não-metálicos. • São constituídos de moléculas muito grandes (macro-moléculas). • Tipicamente, esses materiais apresentam baixa densidade e podem ser extremamente flexíveis. • Materiais poliméricos incluem plásticos e borrachas. Compósitos • Materiais compósitos são constituídos de mais de um tipo de material insolúveis entre si. • Os compósitos são “desenhados” para apresentarem a combinação das melhores características de cada material constituinte. • Muitos dos recentes desenvolvimentos em materiais envolvem materiais compósitos. • Um exemplo clássico é o compósito de matriz polimérica com fibra de vidro. O material compósito apresenta a resistência da fibra de vidro associado a flexibilidade do polímero. Semicondutores • Materiais semicondutores apresentam propriedades elétricas que são intermediárias entre metais e isolantes. • Além disso, as características elétricas são extremamente sensíveis à presença de pequenas quantidades de impurezas, cuja concentração pode ser controlada em pequenas regiões do material. • Os semicondutores tornaram possível o advento do circuito integrado que revolucionou as indústrias de eletrônica e computadores. 11 Referências Bibliográficas • Van Vlack L.H., Princípios de Ciência dos Materiais, Ed. Edgard Blücher, S.P. • William D. Callister Jr., Introdução à Ciência e Engenharia de Materiais, Ed. LTC,
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