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O desenvolvimento da antropologia social

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O desenvolvimento da antropologia social
- O evolucionismo ou darwinismo social permeou o desenvolvimento inicial das “sociedades primitivas”, como sobreviventes de um passado remoto da humanidade a serem superadas por estágios mais evoluídos da vida. Assim, ao antropólogo competia descrever aquelas sociedades antes que desaparecessem.
- O que predominava era o exercício do método comparativo.
- O alemão Ferdinand Tönies distinguia dos tipos básicos de organização social: a comunidade, baseada na coesão nascida da vida comunitária e familiar, dos fortes sentimentos religiosos e dos costumes; e a sociedade, caracterizada pela vida urbana desenvolvida, formação do Estado e individualização dos agentes sociais.
- Os primeiros sociólogos e antropólogos procuraram reunir os principais aspectos que servissem para contrastar as sociedades “primitivas” e as sociedades “complexas”, a fim de tornar mais precisas as diferenças entre ambas.
- Sociedade primitiva: pequena divisão social do trabalho; organização social pautada na tradição; ausência de burocracia; liderança tradicional hereditária; grande coesão entre os indivíduos; importância de costumes e conhecimentos tradicionais; politeísmo; poligamia; crenças mágicas; importância da economia agrária; artesanato doméstico; economia de subsistência; tecnologia simples; nível restrito de aproveitamento dos recursos naturais e humanos; ausência de escrita; família extensa; importância do militarismo para a coesão social; economia de troca, importância social das dádivas e tributos.
- Sociedade complexa: grande divisão social do trabalho; organização social baseada em códigos legais; presença de burocracia; formação do Estado; individualização e impessoalização da sociedade; desenvolvimento do racionalismo; monoteísmo; monogamia; religião organizada; importância da economia industrial; fábricas; economia voltada para o lucro; tecnologia elaborada; nível ampliado e crescente de aproveitamento dos recursos naturais e humanos; presença de escrita; família nuclear; formas heterogêneas de garantir a coesão social; economia de mercado.
- Os antropólogos funcionalistas sustentavam que só o conhecimento profundo de uma sociedade poderia explicar a existência e permanência de determinados traços culturais e que qualquer aspecto da sociedade só poderia ser entendido tendo em vista a totalidade integrada de seus elementos. Por isso, os funcionalistas criaram um novo método de pesquisa: a observação participante, propondo que o cientista convivesse intensivamente com os povos que pretendia estudar.
- É pela integração dos fatos observados e pelo esforço de interpretação sociológica que a natureza da sociedade é desvendada.
- A grande lei sociológica universalmente aplicada era a de que toda e qualquer sociedade constitui um todo, agregado de aspectos que respondem a problemas de sobrevivência enfrentados por todos os homens, em todos os lugares.
- Com os estudos funcionalistas, as sociedades adquiriram especificidade, isto é, passaram a ser entendidas naquilo que lhes era próprio, e irredutível a qualquer outra forma de organização social. Seus aspectos arcaicos deixaram de serem considerados fases ultrapassadas da humanidade: passaram a constituir formas atuais de um processo próprio de integração e redefinição de padrões culturais.
- Dizia Malinowski que, mesmo se algum costume tivesse origem em um passado remoto, seria um aspecto da cultura redefinido pelas necessidades sociais do presente.
- Os observadores funcionalistas, constatando as mudanças sociais que ocorriam nas sociedades, explicavam-nas como exemplos de aculturação, isto é, o processo através do qual sociedades diferentes, entrando em contato, tendem a manter troca de elementos culturais.
- Os funcionalistas não se opunham às mudanças sociais, mas apoiavam o princípio de “administração indireta”, defendendo uma transformação lenta e bem dosada, que preservasse as sociedades dos efeitos destrutivos da ação colonialista.
- Sistema é um conceito que indica a organização dos fenômenos que se queira observar em partes interdependentes e ordenadas. Em relação à sociedade, o conceito pressupõe uma integração, uma ordenação dos acontecimentos e uma interdependência das suas características, formando uma totalidade.
- O sistema é composto da inter-relação das diversas relações sociais formando um todo coerente e organizado, onde essas relações adquirem complementaridade e reciprocidade.
- A maior crítica que se faz ao funcionalismo é que não souberam revelar e criticar com precisão as mudanças provocadas pelo colonialismo nas sociedades afro-asiáticas. Apoiados nos conceitos de aculturação e choque cultural, muitas vezes negavam-se denunciar a violência com que as sociedades eram desorganizadas e ameaçadas pelo colonialismo.
- Relativismo cultural é a ideia básica de que cada sociedade é diferente de outra no tempo e no espaço, e não pode ser explicada por qualquer lei geral.
- Com o surgimento dos EUA e da URSS como potências e o nacionalismo rompendo as fronteiras coloniais, a visão evolucionista perdeu seu valor.
- Jacques Rabemananjara afirmava que “o negro só se tornou bárbaro no dia em que o branco reparou na vantagem do barbarismo”.
- A estrutura é uma construção teórica em conformidade com a realidade observada, capaz de dar sentido aos aspectos empíricos de uma sociedade. Não é, entretanto, empiricamente observável.
- É a estrutura social que integra as diversas relações sociais e estabelece a sua conexão.
- Uma estrutura oferece um caráter de sistema. Ela consiste em elementos tais que uma modificação qualquer de um deles acarreta uma modificação em todos os outros.
- Toda sociedade possui uma estrutura cuja complexidade depende de sua própria situação ou contingência, do tempo e espaço social em que se encontra.
- Os estudos estruturalistas fortaleceram uma nova visão das sociedades “arcaicas”. Estas não deveriam ser consideradas “ultrapassadas ou atrasadas”, mas capazes de realizações importantes em vários aspectos. Suas instituições, remontando a um passado, não estariam necessariamente em via de extinção.
- As regras de organização das sociedades “arcaicas” explicam a existência de certos costumes, valores e comportamentos sociais.
- Na ausência de influências externas, a estrutura se assemelharia a uma “máquina” que “funcionaria indefinidamente”.
- Muitas das críticas aos estruturalistas se dirigem a essa visão de que, através do conceito de estrutura, a sociedade adquire um sentido estático, de conservação e preservação.
- Lévi-Strauss afirma que a cada geração abrem-se possibilidades de condutas divergentes, existindo sempre uma flexibilidade nos comportamentos sociais. Essa flexibilidade é dada pelas próprias contradições pressupostas na estrutura de uma sociedade. 
- Para Raymond Firth, a estrutura possibilita a mudança, na medida em que qualquer transformação em um de seus componentes repercute na sociedade como um todo.
- A estrutura não é estática, mas apresenta em cada momento formas de equilíbrio instável, numa solução provisória de suas contradições internas.
- A busca de processos que se desencadeiam no tempo é tarefa do historiador.
- O antropólogo deve procurar saber por que um costume existe, e a resposta está nas relações estruturais da sociedade.
- Lévi-Strauss questiona a possibilidade de se precisar essa origem, as razões de sua transformação para formas culturais mais complexas, bem como a crença de que tal mudança seja inevitável, útil e necessária.
- Lévi-Strauss deixa ao historiador a preocupação com as origens e com os processos de transformação, a etnologia e a antropologia devem ater as suas conclusões ao que é dado, de modo a torná-las compreensíveis por homens de outros países e outros tempos.
- É precisamente através da linguagem que o etnólogo pode chegar à estrutura inconsciente, subjacente a cada instituição. Isso, porque as palavras não constituem uma nomenclatura qualquer,mas são meios de pensar a realidade e se referem a situações reais que envolvem obrigações e sentimentos, o “complexo de atitudes”.
- A estrutura social é um modelo inconsciente. Raramente os homens sabem por que adotam determinada conduta ou por que participam de certos rituais.
- Por trás das variações apresentadas pelas sociedades existe um substrato comum, uma estrutura elementar, composta de três relações básicas: consanguinidade, aliança e filiação. Essa estrutura elementar se mantém presente em todas as sociedades por uma lei geral, a proibição do incesto.
- Embora as culturas sejam diversificadas, há características comuns a todas.
- Onde quer que o capitalismo tenha penetrado por via colonialista não trouxe nenhuma evolução. Mesmo no interior dos países avançados continuam a existir setores que não desfrutam de toda a evolução da vida política e social.
- Se há grandes concentrações urbanas e industriais em países do Terceiro Mundo, elas coexistem com um mundo ainda apegado às práticas agrícolas e artesanais, à economia de subsistência, à culturas que misturam o tradicional e o moderno.
- Quanto mais heterogênea se torne a sociedade como um todo, mais os grupos se diferenciam entre si e reclamam sua identidade.
- O sociólogo não pode mais se deter diante das minorias, e o antropólogo não pode mais desconhecer as políticas nacionais e internacionais que afetam de maneira decisiva os grupos étnicos e raciais.

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