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2013.2 AP2 Gabarito

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Gabarito da AP2 – 2013.2
1. “O grito das ruas”
Sergio Sanandaj Mattos
	(…) Historicamente, o Brasil já teve um forte movimento popular motivado por aumento de tarifa nos transportes. A Revolta do Vintém, em dezembro de 1879, no Rio de janeiro, contra o aumento de alguns vinténs do preço de passagem de bondes, é um clássico exemplo de movimento de insatisfação popular contra aumento nos transportes.
	“Uma rebelião popular, a Revolta do Vintém, acontecida no Rio, no final de 1879 e no começo de 1880, começou quando foi apresentado um imposto de 20 réis sobre todos os passageiros que usavam os bondes puxados à mula na cidade. Os manifestantes se reuniram diante do Palácio de São Cristóvão. O imperador D. Pedro II queria ser conciliador. Mas, quando a polícia não se provou capaz de conter a multidão furiosa no Largo de São Francisco, o ponto inicial e final das linhas de bonde, a polícia chamou o Exército e dezenas de manifestantes foram mortos e feridos quando os soldados abriram fogo (Maxwell, Kenneth, In “Blatter e a revolta popular”, Folha de São Paulo, 20/06/2013). 
	
	Tensões e contradições
	As manifestações populares ocorridas em junho de 2013, vão além de descontentamento com a elevação das tarifas de transporte público. Não são somente 20 centavos. Há tensões, contradições e lutas. Tudo isso em um contexto de mudanças significativas ocorridas nas últimas décadas. Há quem suponha certo “esgotamento do período de hegemonia do pacto social, realizado pela política de Lula”. 
	Para diversos analistas, estamos diante de “(...) um movimento difuso, descentralizador, caracterizado por múltiplas causas e com diferentes formas de manifestação (pacífica x violenta)”. Não há propostas claras: o foco é por um Brasil melhor. 
	Os jovens não se sentem representados politicamente, o que caracteriza o movimento como de classe média. É difícil explicitar por conta de uma agenda difusa. A grande liderança é a internet. Há uma espécie de conexão entre as redes sociais e as ruas. São jovens abertos às utopias, à cultura digital, à rebeldia, à revolta contra as injustiças. É uma manifestação de cidadania propositiva. Os vinte centavos que motivaram as mobilizações iniciais tornaram-se irrisórios diante da intensidade e do leque de críticas.
Trata-se de um movimento que se remete ao romantismo utópico da adolescência. Não é monotemático, é apartidário ou suprapartidário. As vozes das ruas ultrapassam os partidos. As vozes das ruas e praças querem ser ouvidas. Exigem um transporte mais justo.
	Como em muitos momentos da vida nacional, não surpreende que forças políticas (partidos, organizações sindicais, etc.) busquem se apropriar da novidade. Não surpreende, também, que a originalidade das ruas seja consequência da “crise generalizada de confiança na política do país”.
	Vladimir Safatle nos ajuda a compreender os gritos das ruas: “(...) Um dos tópicos mais presentes nas manifestações é a rejeição aos partidos. Já faz anos que ouvimos manifestantes, em todas as partes do mundo, recusarem as mediações dos partidos em prol da invenção de mecanismos de democracia direta. São pessoas que adquiriram a consciência de sua força política e que não veem razão para transferir tal força para partidos profundamente hierárquicos e guiados pelo raciocínio tático. Elas têm razão” (Vladimir Safatle, In: “Sem partido”, Folha de São Paulo, 25/06/2013).
	Por fim, cabe lembrar que existem muitos movimentos semelhantes no mundo. Em comum, são manifestações que, nos últimos anos, começaram em um novo espaço social, a internet, precisamente nas redes sociais, para depois chegar às ruas, em massa. A marca principal é esta espontaneidade. As manifestações não são partidárias, mas são políticas. Uma prova de amadurecimento democrático. É vontade de assumir a cidadania. É reapropriar-se da democracia.
Sergio Sanandaj Mattos é sociólogo, professor e ex-diretor da Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo (ASESP).
 
Com base nos trechos lidos, construa um texto em quinze linhas, no máximo, apresentando a sua visão sobre os dois acontecimentos: A Revolta do Vintém e as manifestações de junho de 2013. Organize as ideias antes de iniciar o seu texto. Planeje. Desenvolva o parágrafo, utilizando uma das técnicas aprendidas, na aula 26. Atribua um título ao seu texto. (Valor: 4,0).
Redação livre desde que haja com coesão, coerência interna e coerência com a proposta da questão.
Descontar 0,25 de incorreções gramaticais e sintáticas.
Descontar 0,5 pela ausência de título.
As técnicas mencionadas podem ser: enumeração, exemplificação, pergunta, citação, etc.
2. Explique a diferença de significados entre as palavras homônimas do seguinte trecho:
			“Cacei imagens delirantes
			Maísa podia não gostar
			Cassei o poema.”	(Manuel Bandeira) (Valor: 2,0)
Cacei - do verbo caçar (caçar um animal);
Cassei = do verbo cassar = tirar, cessar (cassar o mandato de um político).
3. Leio o texto a seguir.
							 Pe. Antonio Vieira
“Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos […], nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento> Ninguém teve a vontade febricitante , que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.” (VIEIRA, Pe. Antonio. Sermão do mandato. In: _________ Sermões. Rio de Janeiro: Agir, 1957.)
Vocabulário:
Idade de uso da razão – segundo o costume, considera-se que uma criança começa a fazer uso da razão, isto é, a distinguir o certo do errado, aos sete anos. 
Febricitante – febril
Frenético – que tem frenesi, delirante, desvairado.
Tresvariar – delirar, estar fora de si, dizer disparates.
a) Sendo parte de um sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a afirmação central do fragmento e a insira na linha pontilhada a seguir. (Valor: 1,0)
“…........................................................................................................... .”
Resposta: 
“Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam.”
b) Que argumento o autor usa para justificar sua afirmação de que o amor não chega jamais à idade da razão? (Valor: 1,0)
…......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
Resposta:
A afirmação é justificada com a informação de que, mesmo ultrapassando os sete anos, o amor não atinge a idade da razão porque o amor e razão são inconciliáveis. 
c) Quando o amor conquista uma alma, qual é o primeiro derrotado? (Valor: 1,0)
…..........................................................................................................................................
Resposta:
O primeiro derrotado é o entendimento, isto é, a razão.
4. Leia as frases a seguir. Preencha as lacunas com A, AS, À ou ÀS e responda à questão. (Valor 1,0)
I) Viajei muito: fui _____ Roma, _____ Londres, ____ Portugal. 
II) No entanto, não consegui ir ____ casa de meus pais em Paris.
III) Visitou ____ casa paterna.
IV) Ficou cara ___ cara com o malfeitor.
V) Começou ___ redigir rapidamente.
VI) Ele está aqui desde ___ 14h.
Há crase:
somente na opçãoIII;
nas opões II e III;
nas opções IV e VI;
somente na opção II;
nas opções II e IV.
Resposta: D

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