Buscar

Responsabilidade Civil pelo Risco do desenvolvimento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO 
 
Nos dias atuais, em pleno século XXI não existem freios para os 
avanços tecnológicos e para as criações científicas. Com passos velozes e 
significativos caminham os setores produtivo e inventivo, fato que torna a 
obsolescência uma característica frequente dentre os produtos e serviços que 
em um breve passado detinham o selo de inovação, principalmente nos setores 
em que há notória sofisticação do parque industrial. 
 
À frente das fábricas sempre vem os laboratórios, que acabam por 
inovar no mercado produtivo, aperfeiçoando ou invencionando, em tempo 
anterior à própria introdução da mercadoria, então ultrapassada, no mercado 
consumidor. Não obstante, à medida que as novidades se limitam a 
incrementar a utilidade ou a sofisticação, não existem impeditivos de que os 
bens tecnologicamente superados prossigam à fase de comercialização, como 
opção econômica ao público em geral. 
 
O problema, contudo, surge por ocasião de novos estudos e testes 
científicos que revelam justamente a insegurança dos produtos anteriores, até 
então escondida aos olhos do fabricante e dos especialistas. 
 
Nesse sentido, a pergunta a que se chega é a seguinte: a quem 
incumbe, dentro da cadeia produtiva, suportar os riscos inerentes ao progresso 
tecnológico e científico? 
 
Em suma, é nesse contexto de contínua incerteza, associada ao grande 
crescimento tecnológico bem como o grande crescimento produtivo, que surge 
o tema debatido e atualmente controverso entre os doutrinadores, chamado de 
risco do desenvolvimento. 
 
Podemos então, definir este assunto com a ajuda do autor, Benjamin et 
al. (2009), que ao citar Bourgoignie, define risco do desenvolvimento, como 
“aquele risco que não pode ser cientificamente conhecido ao momento do 
lançamento do produto no mercado, vindo a ser descoberto somente após um 
certo período de uso do produto ou do serviço. 
 
Com base nesses problemas que então foi criado o assunto que 
tratamos neste presente trabalho, chamado de “risco do desenvolvimento”. 
 
HISTÓRIA 
 
 A teoria da responsabilidade pelos riscos do desenvolvimento se iniciou 
através de debates onde se discutiu a responsabilidade farmacêutica pelo uso 
de um produto, no caso, um medicamento mundial, Cotergan-Talidomida, 
usado para aliviar o enjoo de mulheres grávidas. O medicamento fabricado na 
Alemanhã entre 1958 e 1962 causou deformidades em inúmeros nascituros. O 
fabricante por sua vez, teve que pagar uma indenização pelos danos causados 
as vítimas. Com isso, neste estado foi criado a Lei Alemã do Medicamento, em 
1976, que ia contra as jurisprudências que afastavam esta responsabilidade. 
 
DEFINIÇÃO DO RISCO DO DESENVOLVIMENTO 
 
 Silva, apud Sérgio Cavalleri Filho, definem: 
 
Risco de desenvolvimento refere-se à colocação no mercado de 
consumo de produto que se apresentava seguro, ante o mais alto 
grau de conhecimento técnico e científico existente, mas com o 
decorrer do tempo e aquisição de novos conhecimentos, vem a ser 
descoberto que na verdade o mesmo apresentava risco para o 
consumidor. (Silva, texto digital). 
 
O risco do desenvolvimento pode se dar por meio de produto ou serviço 
e não é identificável pelo fornecedor, sendo constatado no produto ou serviço 
apenas após o seu ingresso no mercado de consumo. No primeiro momento, 
ele aparenta ser seguro, contudo, com o avanço da ciência e tecnologia, o 
defeito passa a ser identificado e inseguro a uma coletividade de 
consumidores. 
 
 A responsabilidade é do fabricante, pois é o mesmo que introduz o 
produto ao mercado. O distribuidor, comerciante só responderão em casos 
específicos, pois não tem poderes para alterarem a produção de tais 
mercadorias. 
 
Em suma, o risco do desenvolvimento consiste no fato de que os riscos 
oriundos da introdução de um produto no mercado não serem conhecidos ou 
identificados até aquele presente momento e só sendo conhecidos depois, por 
um desenvolvimento tecnológico que não existia na época em que o produto se 
tornou disponível ao consumidor. 
 
Ainda, segundo Marcelo Junqueira Calixto: 
“os riscos do desenvolvimento são aqueles riscos não cognoscíveis 
pelo mais avançado estado da ciência e da técnica no momento da introdução 
do produto no mercado de consumo e que só vêm a ser descobertos após um 
período de uso do produto, em decorrência do avanço dos estudos científicos”. 
 
POSIÇÃO DOUTRINÁRIA 
 
 Resumidamente, há duas posições doutrinárias, a exclusão de 
responsabilidade pelo risco de desenvolvimento e a responsabilização do 
fornecedor. 
 
 Aqueles que defendem a exclusão da responsabilidade argumentam 
principalmente que: 
- isto desestimularia a pesquisa e o desenvolvimento da indústria. 
-tornaria a atividade mais onerosa, pois assumindo os riscos de 
desenvolvimento o preço final dos produtos ficaria mais caro. 
 
 Nesta seara, o doutrinador Rui Stoco, defensor deste entendimento, 
conclui: 
 
“Do que se conclui que o legislador reconheceu a possibilidade de o produto, 
após desenvolvido e introduzido no mercado de consumo, apresentar perigo 
para o consumidor. Não obstante isso, preferiu não responsabilizar pelo risco 
do desenvolvimento, mas apenas impor a comunicação às autoridades e 
consumidor através de anúncios.” 
 
 Para aqueles que defendem a responsabilidade do fornecedor: 
- quando o fornecedor é responsabilizado, o mesmo se preocupará com as 
consequências da circulação de seus produtos no mercado. 
- sem a responsabilização, os consumidores sofreriam com produtos que 
poderiam causar perigo. 
 
Muito embora existam algumas teses no sentido da exclusão da 
responsabilidade, esse entendimento é minoritária e não é adotado pelo 
ordenamento jurídico pátrio. 
 
A corrente majoritária defende a responsabilização do fornecedor. Se 
assim não o fosse, nos depararíamos com a possibilidade de responsabilizar a 
vítima por dano ocorrido pela responsabilidade do fornecedor. 
 
BASE LEGAL 
 
 Podemos encontrar a base legal no Código de Defesa do Consumidor, 
que diz: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição 
e riscos. 
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas 
técnicas. 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando 
provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. (BRASIL, Lei nº 8.078/1990, 
texto digital). 
 
 Ainda sobre o tema, O Código Civil em seu o art. 931, estabelece que: 
“Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os 
empresários individuais e as empresas respondem 
independentemente de culpa pelos danos causados pelos 
produtos postos em circulação.” (Grifos próprios). 
Quanto ao citado artigo, o Enunciado nº 43 da I Jornada de Direito Civil 
diz que: “a responsabilidade civil pelo fato do produto, prevista no 
art. 931 do novo Código Civil, também inclui os riscos do desenvolvimento.”. 
 
De acordo com o enunciado, os fornecedores também responderiam por 
danos tardios, que não existam quando o produto foi criado oucolocado no 
mercado e que se tornaram evidentes com as novas pesquisas científicas. 
 
JURISPRUDÊNCIAS 
 
 Nessa linha, foi o posicionamento do STJ num julgamento o 
Antidepressivo Survector, in verbis: 
 
“USO DE MEDICAMENTO - DEPENDÊNCIA - INDENIZAÇÃO 
Direito do Consumidor - Consumo de Survector, medicamento inicialmente 
vendido de forma livre em farmácias - Posterior alteração de sua prescrição e 
imposição de restrição à comercialização - Risco do produto avaliado 
posteriormente, culminando com a sua proibição em diversos países - 
Recorrente que iniciou o consumo do medicamento à época em que sua venda 
era livre - Dependência contraída, com diversas restrições experimentadas pelo 
paciente - Dano moral reconhecido. 
É dever do fornecedor a ampla publicidade ao mercado de consumo a respeito 
dos riscos inerentes a seus produtos e serviços. A comercialização livre do 
medicamento Survector, com indicação na bula de mero ativador de memória, 
sem efeitos colaterais, por ocasião de sua disponibilização ao mercado, gerou 
o risco de dependência para usuários. A posterior alteração da bula do 
medicamento, que passou a ser indicado para o tratamento de transtornos 
depressivos, com alto risco de dependência, não é suficiente para retirar do 
fornecedor a responsabilidade pelos danos causados aos consumidores. O 
aumento da periculosidade do medicamento deveria ser amplamente divulgado 
nos meios de comunicação. A mera alteração da bula e do controle de receitas 
na sua comercialização não são suficientes para prestar a adequada 
informação ao consumidor. A circunstância de o paciente ter consumido o 
produto sem prescrição médica não retira do fornecedor a obrigação de 
indenizar. Pelo sistema do CDC, o fornecedor somente se desobriga nas 
hipóteses de culpa exclusiva do consumidor (art. 12, § 3º, do CDC), o que não 
ocorre na hipótese, já que a própria bula do medicamento não indicava os 
riscos associados à sua administração, caracterizando culpa concorrente do 
laboratório. A caracterização da negligência do fornecedor em colocar o 
medicamento no mercado de consumo ganha relevo à medida que, conforme 
se nota pela manifestação de diversas autoridades de saúde, inclusive a OMC, 
o cloridrato de amineptina, princípio ativo do Survector, foi considerado um 
produto com alto potencial de dependência e baixa eficácia terapêutica em 
diversas partes do mundo, circunstâncias que inclusive levaram a seu 
banimento em muitos países. Deve ser mantida a indenização fixada, a título 
de dano moral, para o paciente que adquiriu dependência da droga. “Recurso 
especial conhecido e provido.” 
 
Na jurisprudência em tela, o Tribunal julgador entendeu que o 
aprimoramento das informações contidas na bula do medicamento não é uma 
indicativa de “assunção de culpa” do laboratório. Tratando-se do risco do 
desenvolvimento inerente à atividade de consumo: 
 
DEFESA DO CONSUMIDOR – vício de segurança do produto indenização por 
ato ilícito – patologia adquirida pela autora-apelante por suposta ingestão de 
contraceptivo oral de fabricação do laboratório-apelado - alegação de falha na 
informação sobre a nocividade do produto - inocorrência - bula do 
medicamento que continha advertências sobre a ingestão - autora-apelante 
que não faz parte do grupo de risco – possível predisposição heredo-
constitucional da autora, vale dizer, constituição predisposta a desenvolver o 
transtorno, que não pode imputar à ré o dever de indenizar, mesmo porque a 
bula do medicamento adverte ao profissional que o prescreve, para a 
realização de histórico e exames antes da prescrição – aprimoramento 
posterior das informações lançadas na bula e na caixa do medicamento que 
não pode ser considerado como assunção de culpa, mas, sim, risco do 
desenvolvimento – recurso não provido.” (SÃO PAULO, 2010). 
 
O RISCO DO DESENVOLVIMENTO E PRODUTOS TRANSGÊNICOS 
 
Os produtos transgênicos ou geneticamente modificados são aqueles 
que resultam de alteração genética em sua estrutura, sofrendo modificações 
em sua essência. Originam-se de um cruzamento artificial, por meio da 
inserção de um gene de outra espécie ou através de um implante de cópia de 
seus próprios genes, o que naturalmente não aconteceria. 
 
Todas essas alterações têm como objetivo tornar o produto, que pode 
ser de origem vegetal ou animal, mais resistente, com mais nutrientes, melhor 
forma e mais produtivos. 
 
A sociedade moderna está coberta de situações em que prevalecem os 
alimentos transgênicos. Ocorre que todos esses produtos transgênicos vêm 
sendo colocados no mercado de consumo sem uma exata previsão do risco 
que qualquer um deles pode acarretar ao consumidor. Isto porque toda essa 
tecnologia é inovadora e passível de muitos testes a serem feitos ao longo do 
tempo. 
 
Os possíveis efeitos que esses alimentos podem trazer para o 
consumidor e para o meio ambiente ainda não estão claros. Os defensores 
dos transgênicos, posição defendida também por seus fornecedores, 
entendem que esses alimentos mau algum fazem à saúde ou ao meio 
ambiente. Como foi citado acima, o fornecedor é responsável por inserir no 
mercado um produto que não seja nocivo e cuja segurança possa ser 
garantida. Essa garantia só pode ser dada através de testes e pesquisas 
laboratoriais com especialistas na área. Quando o fornecedor aplica todos os 
testes, realiza todas as pesquisas e pela técnica disponível e pelo 
desenvolvimento da ciência na época da introdução do produto no mercado 
ele não encontra qualquer ameaça no produto e, posteriormente, com o 
passar do tempo e um maior desenvolvimento da ciência e da tecnologia se 
descobre que aquele produto pode ser nocivo à saúde. 
 
Sendo assim, os fornecedores podem e devem investir em novas 
tecnologias. Não cabe às normas protetivas impedir as pesquisas 
tecnológicas. No entanto, a segurança do consumidor deve ser preservada 
em todas as situações. 
 
O consumidor tem direito à informação. No entanto, ainda que nos 
rótulos dos produtos transgênicos conste expressamente a indicação de sua 
fórmula geneticamente modificada, devemos lembrar que a população 
brasileira não possui conhecimento e discernimento específicos para escolher 
de forma correta o que está comprando. O Código de Defesa do Consumidor 
é um Código protetista exatamente porque vem proteger esta parte mais fraca 
da relação, que, sozinha, não poderia defender-se de forma a evitar danos. 
 
Neste sentido Marques (2005, p. 712-713) afirma: 
“A ratio legis do Código de Defesa do Consumidor é 
justamente valorizar este momento de formação do contrato de 
consumo, que passamos a analisar. A tendência atual é de examinar a 
‘qualidade’ da vontade manifestada pelo contratante mais fraco, mais 
do que a sua simples manifestação: somente a vontade racional, a 
vontade realmente livre (autônoma) e informada, legitima, isto é, tem o 
poder de ditar a formação e, por consequência, os efeitos dos contratos 
entre consumidor e fornecedor.” 
Para que o consumidor possa fazer a escolha pelo alimento 
transgênico, ele deveria ter o verdadeiro conhecimento sobre o produto e 
sobre os possíveis danos que estes poderiam lhe causar no futuro. Como 
esses danos são imprevisíveis e não são passíveis de serem conhecidos hoje 
pelos cientistas, temos que a aplicação do risco do desenvolvimento com o 
excludente de responsabilidade, neste caso, retiraria qualquer tipo de 
responsabilidade do fornecedor destes alimentos, transferindo, desta forma, 
todo o risco para o consumidor. 
 
Porém, aceitar essa excludente seria ir contra todo o Código de Defesa 
do Consumidor que prega, essencialmente, a proteção da parte mais fraca,qual seja o consumidor. 
 
A única solução aceitável para esse caso é o investimento em 
pesquisas e testes de forma a assegurar que o produto que vai entrar no 
mercado está totalmente seguro. Atualmente no Brasil, os Tribunais têm 
entendido que os alimentos transgênicos colocados no mercado devem ter 
em suas embalagens menção expressa a respeito de sua modificação 
genética. Neste sentido decidiu o Tribunal do estado de São Paulo: 
“AGRAVO - Ação Civil Pública – Antecipação de tutela que não havia 
sido requerida pelo Ministério Público, por ocasião da interposição da 
ação civil pública e que foi concedida, de oficio - Determinação de 
adequação das linhas de produção da agravante e inserção nos 
rótulos do óleo produzido da observação relativa à utilização de 
produto transgênico - Inconformismo - Acolhimento - A titulo de 
antecipação de tutela, a concessão foi indevida, diante do disposto no 
artigo 273, caput, do CPC - É vedado ao Juiz concedê-la de oficio - 
Inexistência de justificado receio de ineficácia do provimento final — 
Inaplicabilidade do artigo 84 do CDC - Verossimilhança das 
alegações não demonstrada – Controvérsia quanto à existência do 
dever da fabricante de informar a presença de Organismo Modificado 
Geneticamente - OMG em sua embalagem - Lei n. 11.105/2005, art 
40, que obriga a informar sobre OMG, nos termos da regulamentação 
- Decreto n.4.680/03, art.2", que regulamenta a norma, que obriga o 
fabricante a informar apenas se a presença do OMG for superior ao 
limite de 1% - Antecipação da tutela que depende de interpretação de 
dispositivo de lei e que, em princípio, implicaria no afastamento de 
dispositivo do decreto de regulamentação - Cumprimento das 
exigências impostas no ordenamento vigente, que devem ser 
analisadas com o mérito - Decisão reformada - Recurso provido.” 
(SÃO PAULO, 2009). 
 
No entanto, ainda não há decisão a respeito dos danos que podem 
advir desses produtos e sobre quem recairia a responsabilidade. Sendo o 
entendimento mais aceitável o de recair sobre o fornecedor. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O trabalho elaborado teve como objetivo averiguar a responsabilidade 
do fornecedor de produtos ou serviços diante de possíveis danos a serem 
descobertos com o desenvolvimento da ciência e da técnica. 
 
O objetivo é demonstrar o quão significativo é a defesa do consumidor, 
neste caso a vítima, e a responsabilização do fornecedor diante dos danos 
causados por seus produtos. 
 
Por tanto, podemos ainda destacar a ausência de previsão expressa 
no CDC acerca da excludente de responsabilidade na hipótese de risco do 
desenvolvimento. Sendo assim, entendemos que não cabe a excludente de 
riscos do desenvolvimento, tanto pelo Código de Defesa do 
Consumidor quanto pelo Código Civil, pois tais riscos são elementos do risco 
proveito. 
 
Então, concluímos que a adoção do risco do desenvolvimento como 
excludente de responsabilidade se faz totalmente desconsiderável e 
inconveniente, visto que a exclusão da responsabilidade do fornecedor não 
pode ser aceita, pois em primeiro lugar deve estar sempre à proteção do ser 
humano, início, meio e, principalmente, fim de qualquer atividade econômica. 
Com isso, os fornecedores respondem objetivamente frente aos dissabores 
experimentados pelos consumidores. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990. Publicado em Brasília. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso 
em: 14 nov. 2017. 
 
Paulo R. Roque Khouri apud TARTUCE, Flávio. Direito Civil, V.2: Direito das 
Obrigações e Responsabilidade Civil; 11 ed., P. 533, São Paulo, 2016. 
 
SILVA, Marco A. L. Ferreira da. Responsabilidade pelo risco de 
desenvolvimento. Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VII, Nº 8 - 
Junho de 2006. Disponível em:< 
http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/Discente/MarcoAurelio.pdf
>. Acesso em: 14 nov. 2017. 
 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, V.2: Direito das Obrigações e Responsabilidade 
Civil; 11 ed., P. 532, São Paulo, 2016. 
 
WESENDONCK. Tula. A responsabilidade civil pelos riscos do 
desenvolvimento: evolução histórica e disciplina no Direito Comparado. 
Direito & Justiça, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 213-227, jul./dez. 2012. Disponível 
em:<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fadir/article/view/12549/84
12>.Acesso em: 14 nov. 2017. 
POLICARPO, Nathália Sant'Ana. O risco do desenvolvimento e a 
responsabilidade do fornecedor. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 
106, nov 2012. Disponível em: <http://www.ambito-
jurídico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12402
&revista_caderno=10>. Acesso em abr 2016. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, V.2: Direito das Obrigações e 
Responsabilidade Civil; 11 ed., P. 533, São Paulo, 2016. 
 
Araújo (2007,p.67), ensina que as companhias de seguro criaram os “siniestros 
tardios[...]http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&
artigo_id=12402. 
 
LIMA MARQUES, Claúdia. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: 
O novo regime as relações contratuais. 5ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2005

Outros materiais