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O Luto e a Família: o momento da despedida ESTÁCIO/FASE CURSO DE ENFERMAGEM DISCIPLINA TANATOLOGIA Fim de vida • Alguns de nós (<10%) morrerá subitamente de um infarto do miocárdio, acidente ou algum evento inesperado. Fim de vida • A maioria de nós (>90%) morrerá : a) Doença grave com uma fase terminal curta ( alguns câncer) b) Uma deterioração progressiva com crises periódicas: ICC, enfisema, Alzheimer... O Apego e o Desapego • O Apego é definido como o instinto de formar laços relacionais com outros objetos (figuras primárias de apego). • O homem estabelece diversas formas de apego, quer do ponto de vista material (bens, finanças), emocional (relações afetivas, hábitos) ou social (status, posição, função), e isto pode significar resistência no que diz respeito à mudança de paradigmas. O Apego e o Desapego • O vínculo é um investimento afetivo e quanto maior este investimento, maior energia necessária para este desligamento. As dependências físicas ou psíquicas são fatores e podem agravar o desligamento com o objeto amado. (Kovács, 2002) Toda perda gera luto. O divórcio, a aposentadoria, a imigração, a mutilação, o aborto, a menopausa, a impotência TEORIA DO APEGO Bowlby, em sua teoria do apego: quando somos ameaçados pela perda (separação) desse objeto, reagimos de três maneiras. 1- protestamos, não admitimos a ausência do objeto amado; 2- o nosso comportamento é de desespero pois não temos mais acesso a ele e não sabemos lidar com essa privação; 3- nos defendemos e nos desapegamos, precisamos restabelecer a nossa homeostase e se não utilizarmos esse mecanismo de defesa, estaremos sujeitos a sucumbir emocionalmente. O luto: Perdas e Rompimento de Vínculos • A perda de um ente querido é uma das experiências mais dolorosas para um ser humano e mais nada no momento do luto iria causar o conforto e a paz do que a volta da pessoa perdida. • O rompimento de uma relação ou uma perda desencadeia o processo do luto terminando com a retomada da própria vida. • Na atualidade o luto passou a ser proibido, isolado e demonstração de fraqueza O luto: Perdas e Rompimento de Vínculos Atualmente, a expressão de sentimentos é associada à fraqueza, particularmente a exteriorização de sentimentos de dor e de tristeza • Esta ideia socialmente partilhada tem influência direta sobre os nossos comportamentos, dificultando muitas vezes a realização do luto. • Luto em privado, sem partilha e sem procura de ajuda, leva mais facilmente ao luto patológico. Luto: o inevitável percurso face à inevitabilidade da morte Na vida experimentamos a todo o momento a experiência de perder, abandonar e desistir. Esta condição é permanente e inerente à vida e mesmo assim é dolorosa e o processo de lamentação é difícil e lento. Luto: o inevitável percurso face à inevitabilidade da morte Segundo Viorst (1986), a lamentação da perda de um ente querido é relativa ao modo como sentimos nossa perda, depende da nossa idade e da idade de quem perdemos e de toda uma história compartilhada. Finda as sucessivas fases de mudanças, geralmente, por mais ou menos um ano completamos a principal parte deste processo. Sentimentos comuns no processo de luto • Tristeza • Raiva • Culpa e autocensura • Ansiedade • Solidão • Fadiga • Desamparo • Choque • Anseio • Emancipação • Alívio • Torpor Sensações físicas normalmente sentidas após a perda • vazio no estômago • aperto no peito • nó na garganta • hipersensibilidade ao barulho • sensação de despersonalização (nada parecer real, incluindo o próprio) • falta de fôlego, sensação de falta de ar • fraqueza muscular • falta de energia • boca seca Tipos de Luto • Segundo Melanie Klein, o luto normal e o patológico se contrastam pelo grau e não pela estrutura. • O luto normal, segundo Freud, consiste na perda consciente do objeto, enquanto no luto patológico esta perda fica radicalmente inconsciente • Tipos de luto – normal, complicado/crônico, adiado, não reconhecido e antecipatório Luto Normal • No luto normal a perda é consciente e a sua elaboração é bem sucedida e, apesar da dor do sofrimento vivido neste processo. No luto patológico defini-se como uma reação que fugiu do que se refere à sintomatologia e processo • Durante o luto existe a negação da veracidade do rompimento do vínculo, porque o enlutado rejeita o esquecimento no início do processo, havendo uma intensa necessidade de manter vivo o morto, por meio de lembranças e tentativas de contato. Teoria Integrativa do Processo de Luto de Sanders De acordo com a autora, o processo de luto tem 5 fases: Choque 2) Consciência da perda – à medida que este estado "dormente" face à perda desaparece, o enlutado tem que enfrentar a agonia física e mental. 3) Conservação-retirada – a pessoa acaba por ter que se retirar para salvar a pouca energia que lhe resta após as tremendas emanações da fase anterior. Teoria Integrativa do Processo de Luto de Sanders 4) Cura – Há uma mudança gradual de atitude. Do mesmo modo, o regresso da confiança vem vagarosamente e de uma forma irregular. Esta fase é também um período de perdoar e esquecer. 5) Renovação – Um sentimento de competência, derivado da aceitação de responsabilidade para o próprio, dá a força necessária para tentar novas coisas, encontrar novos amigos e começar a criar um estilo de vida em que as necessidades pessoais são satisfeitas. Duração do luto • Em geral, 1 a 2 anos- tristeza (em algumas pessoas durando a vida toda) • Sinais e sintomas ligados ao luto (alterações de sono, apetite, ilusões, disfunção): 1 a 2 meses Identificação do luto patológico • Evitar participar em rituais ou atividades relacionadas com a morte; • Realizar mudanças radicais no estilo de vida; • Apresentar comportamentos eufóricos ou distantes, inadequados à realidade; • Recusar mexer e/ou despedir-se dos bens materiais que pertenciam ao falecido; • Apresentar sintomas físicos semelhantes aos do falecido; • Desenvolver esperança irrealista, acreditando que o falecido vai voltar; • Apresentar comportamentos como se o falecido estivesse presente; • Desenvolver fobias em relação à doença e à morte. Assistência de enfermagem • Comunicação profissional-paciente-família do paciente é um campo no qual podem ser encontrados elementos facilitadores ou complicadores do luto • A implantação de hospitais para pacientes terminais com a preocupação de oferecer cuidados paliativos e assistência a família em situação de luto tem efeitos positivos e preventivos • É importante que a pessoa enlutada expresse, mais cedo ou tarde, seus sentimentos e emoções Assistência de enfermagem • Avaliar necessidades • Detectar sinais de sofrimento • Promover a comunicação • Ajudar a família a tratar o doente como pessoa viva • Estar presente sempre que necessário e possível • Ajudar a dizer “Adeus, Gosto de ti, Desculpa, Perdoo-te” • Reforçar o apoio à família durante a agonia • Prestar apoio quando da morte. Assistência de enfermagem • No momento da morte – Manter uma atitude calma e tranquilizadora; – Permitir à família a exteriorização dos seus sentimentos; – Reforçar positivamente os cuidados prestados, evitando sentimentos de culpabilização; – Mostrar disponibilidade; – Permitir à família participar nos cuidados ao corpo; – Dar espaço às despedidas. Lidar com a morte podeser conflitante e desconfortável, mas [...] não há como ignorá-la, deixá-la fora de nossos projetos de vida, pois ela nos acompanha a todo instante em cada perda. [...] Enfim, tudo é um fluxo constante, perdas e ganhos, chegadas e partidas, encontros e despedidas. Não podemos deter isto, mas como disse Chaplin “A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela”, ainda que o medo seja uma faceta dela. (Marlene de Carvalho Caterina)
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