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26/11/2017 1 IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE PROFA. ME. JACQUELINE KERKHOFF INTRODUÇÃO → Substituição de órgãos e tecidos que não funcionam por órgãos e tecidos saudáveis. → Transplante é o processo da retirada das células, tecidos ou órgãos, chamado de enxerto, de um indivíduo e colocando-os em um indivíduo (geralmente) diferente. → Doador e receptor (ou hospedeiro). INTRODUÇÃO → Transplante Ortotópico INTRODUÇÃO → Transplante Heterotópico INTRODUÇÃO → Transfusão INTRODUÇÃO → Técnica Cirúrgica X Resposta Imunológica 26/11/2017 2 PRINCÍPIOS GERAIS DA IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE O transplante de células ou tecidos de um indivíduo para um indivíduo geneticamente não idêntico leva invariavelmente à rejeição do transplante devido à uma resposta imunológica adaptativa. Memória Especificidade Linfócitos PRINCÍPIOS GERAIS DA IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE Enxerto autólogo: é feito um enxerto do indivíduo para ele mesmo. Enxerto singênico: enxerto feito entre duas pessoas geneticamente idênticas ou singênicas. PRINCÍPIOS GERAIS DA IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE Enxerto alogênico (ou aloenxerto): enxerto transplantado entre dois indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie. Enxerto xenogênico (ou xenoenxerto): enxerto transplantado entre indivíduos de diferentes espécies. PRINCÍPIOS GERAIS DA IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE Aloantígenos ou Xenoantígenos: moléculas que são reconhecidas como estranhas em enxertos. Alorreativo ou Xenorreativo: linfócitos que reagem com os antígenos. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS ALOANTÍGENOS Resposta Celular Resposta Humoral 26/11/2017 3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Os antígenos que estimulam a resposta imunológica adaptativa contra aloenxertos são proteínas de histocompatibilidade, codificadas por genes polimórficos que diferem entre indivíduos. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS ▪ Células ou órgãos transplantados entre indivíduos da mesma linhagem isogênica de uma espécie nunca são rejeitados. ▪ A prole de um cruzamento entre duas diferentes linhagens isogênicas tipicamente não rejeita enxertos de qualquer dos pais, por outro lado os progenitores rejeitam o enxertos de sua prole. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS As moléculas responsáveis pelas reações fortes (rápidas) de rejeição são denominadas de moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC). RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS ▪ As proteínas do MHC são proteínas polimórficas, isto é, diferem entre indivíduos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes. ▪ Por isso são reconhecidas como agentes estranhos (antígenos) pelo sistema imune. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Os antígenos de histocompatibilidade secundários são antígenos polimórficos, diferentes de moléculas de MHC, contra os quais o receptor pode desencadear uma resposta imunológica (reações de rejeição fracas ou mais lentas). 26/11/2017 4 RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS As moléculas alogênicas do MHC de um enxerto podem ser apresentadas para reconhecimento pelas células T do receptor de duas maneiras fundamentalmente diferentes, chamadas de vias diretas e indiretas. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Reconhecimento Direto No caso do reconhecimento direto, as moléculas de MHC intactas exibidas pelas células do enxerto são reconhecidas pelas células T receptoras, sem a necessidade de processamento pelas APCs do hospedeiro. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Reconhecimento Indireto Na via indireta, as moléculas de MHC do doador são capturadas e processadas pelas APCs do receptor e os peptídeos derivados das moléculas de MHC alogênicas são apresentados em associação à moléculas de MHC. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Ativação de Linfócitos T Alorreativos A resposta das células T a um enxerto de órgãos pode ser iniciada nos gânglios linfáticos que drenam o enxerto. APCs do doador migram para os gânglios linfáticos regionais e apresentam moléculas de MHC alogênicas às células T do receptor (RECONHECIMENTO DIRETO). As células dendríticas do hospedeiro também podem migrar para o enxerto, pegar os aloantígenos e transportá-los de volta para os gânglios linfáticos, onde são apresentados (RECONHECIMENTO INDIRETO). RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Funções Efetoras das Células T Alorreativas As células T CD4+ e CD8+ Alorreativas, que são ativadas por antígenos do enxerto, causam rejeição por mecanismos distintos. CD4+ → diferenciam-se em células efetoras produtoras de citocinas que danificam enxertos através da inflamação. CD8+ → diferenciam-se em CTLs, que matam as células do enxerto que expressam MHC de classe I e também secretam citocinas inflamatórias. 26/11/2017 5 RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA AOS ALOENXERTOS Ativação de Linfócitos B Alorreativas e Produção de Aloanticorpos Os anticorpos contra os antígenos do enxerto também contribuem para a rejeição. Ativação do complemento e direcionamento e ativação de neutrófilos, macrófagos e das células NK. A maior parte do dano mediado pelo aloanticorpo visa a vasculatura do enxerto (antígenos em células endoteliais). PADRÕES E MECANISMOS DE REJEIÇÃO DE ENXERTOS A. Rejeição Hiperaguda É caracterizada pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto que começa dentro de minutos a horas após vasos sanguíneos do hospedeiro serem anastomosados aos vasos do enxerto e é mediada por anticorpos preexistentes na circulação que se ligam aos antígenos endoteliais do doador. Necrose Isquêmica Irreversível * Não representa um grande problema clínico atual, pois pode ser evitado por meio de prova cruzada entre doador e receptor. PADRÕES E MECANISMOS DE REJEIÇÃO DE ENXERTOS B. Rejeição Aguda É um processo de lesão do parênquima e dos vasos sanguíneos do enxerto mediada por células T Alorreativas e anticorpos. Antes dos fármacos imunossupressores, ocorria de dias a semanas após o transplante. Atualmente, podem ocorrer muito mais tarde, mesmo anos depois do transplante, se a imunossupressão for reduzida. Necrose da parede do vaso PADRÕES E MECANISMOS DE REJEIÇÃO DE ENXERTOS C. Rejeição Crônica A lesão dominante de rejeição crônica em enxertos vascularizados é a oclusão arterial e os enxertos eventualmente falham, principalmente por causa do dano isquêmico resultante. 26/11/2017 6 Falha / insuficiência do órgão PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA REJEIÇÃO As principais estratégias usadas para evitar ou retardar a rejeição são a redução das diferenças entre doador e receptor de transplantes e a imunossupressão. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA REJEIÇÃO Métodos para Reduzir a imunogenicidade de Aloenxertos ▪ Minimizar as diferenças alogênicas entre o doador e o receptor. ▪ Para evitar a reação hiperaguda, os antígenos do grupo sanguíneo ABO são selecionados para serem compatíveis. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA REJEIÇÃO Métodos para Reduzir a imunogenicidade de Aloenxertos ▪ No transplante renal, quanto maior a quantidade de alelos de MHC compatíveis, melhor a sobrevida do enxerto. ▪ Os receptores também são testados para a presença de anticorpos pré-formados (gestações, transfusões e transplantes anteriores) contra MHC do receptor. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA REJEIÇÃO Métodos para Induzir Tolerância Doador-Específica A rejeição de aloenxertos pode ser impedida, tornando os hospedeiros tolerantes aos aloantígenos do enxerto. ▪ Bloqueio coestimulatório. ▪ Quimerismo hematopoético. ▪ Transferência ou indução de células T reguladoras. PREVENÇÃOE TRATAMENTO DA REJEIÇÃO Imunossupressão ▪ Os fármacos imunossupressores que inibem ou matam os linfócitos T são os principais agentes utilizados para tratar ou prevenir a rejeição do enxerto. ▪ Permite um maior tempo de vida aos transplantados. ▪ A imunossupressão continuada leva ao aumento da suscetibilidade à infecções intracelulares e tumores associados à vírus. 26/11/2017 7 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA REJEIÇÃO Imunossupressão ▪ Inibidores das vias de sinalização das células T: ciclosporina, FK506 e rapamicina. ▪ Antimetabólitos: micofenolato de mofetil (MMF). ▪ Anti-inflamatórios: corticosteroides. TRANSPLANTE XENOGÊNICO Uma grande barreira imunológica ao transplante xenogênico é a presença de anticorpos naturais nos receptores humanos que causam rejeição hiperaguda. Por razões de compatibilidade anatômica, os suínos são as espécies xenogênicas preferidas para a doação de órgãos aos seres humanos. TRANSFUSÃO DE SANGUE E OS GRUPOS DE ANTÍGENOS SANGUÍNEOS ABO E RH ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS ▪ Cerca de 400 antígenos identificados. ▪ 25 sistemas de grupos sanguíneos descritos. ▪ Importância clínica: reações pós-transfusionais. ▪ Grupos mais importantes: sistemas ABO e Rh. ▪ Genes dos sistema ABO: localizados no cromossomo 9. ▪ Genes do sistema Rh: localizados no cromossomo 1. ▪ Estrutura dos antígenos: carboidratos ou proteínas. ANTICORPOS DE GRUPOS SANGUÍNEOS ▪ Anticorpos naturais: ocorrem naturalmente no plasma de indivíduos que não possuem o antígeno correspondente. ▪ Ex: anti-A e anti-B. ▪ Normalmente da classe IgM. ANTICORPOS DE GRUPOS SANGUÍNEOS ▪ Anticorpos imunes: formados em resposta à introdução de antígenos ausentes no indivíduo receptor. ▪ Ex: anti-D ▪ Normalmente da classe IgG. ▪ Apenas anticorpos da classe IgG atravessam a placenta. 26/11/2017 8 SISTEMA ABO ▪ Genes alelos: A, B e O ▪ Genes A e B: adição de um resíduo de carboidrato à substância H. ▪ Gene O: não transforma a substância H. ▪ Grupos sanguíneos: A, B, AB e O. 26/11/2017 9 Fenótipo Genótipo Antígenos Anticorpos Frequência “O” OO O anti-A anti-B 46 a 50% “A” AA ou AO A anti-B 36 a 42% “B” BB ou BO B anti-A 9 a 11% “AB” AB AB Nenhum 3 a 5% SISTEMA ABO SISTEMA RH ▪ Genes: RhD e RhCE ▪ Antígenos: D, Cc e Ee ▪ Antígeno D: Rh+ (presente); Rh- (ausente) ▪ Importância clínica: incompatibilidade transfusional e doença hemolítica do recém-nascido (eritroblastose fetal). A B AB O TRANSPLANTE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS (CTH) TRANSPLANTE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS (CTH) As células-tronco hematopoiéticas são mais frequentemente obtidas a partir do sangue de doadores, após tratamento com fatores estimuladores de colônias, que mobilizam as células-tronco da medula óssea. O receptor é tratado com uma combinação de quimioterapia, imunoterapia ou irradiação, para esgotar as células da medula para liberar locais para as células- tronco transferidas. TRANSPLANTE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS (CTH) Após o transplante, as células-tronco repovoam a medula óssea do receptor e se diferenciam em todas as linhagens hematopoiéticas. Uso Clínico: tratamento de leucemias e condições pré- leucêmicas. 26/11/2017 10 FONTES DE CTH Cordão Umbilical Medula Óssea Sangue Periférico Sangue Periférico TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO- HEMATOPOÉTICAS medula óssea, sangue periférico mobilizado ou cordão umbilical DOADOR QUIMIOTERAPIA IRRADIAÇÃO METHOTREXATE CICLOSPORINA A PACIENTE TRANSPLANTE ALOGÊNICO DE MEDULA ÓSSEA medula óssea ou sangue periférico QUIMIOTERAPIA FATOR DE CRESCIMENTO IRRADIAÇÃO Ou QUIMIOTERAPIA PACIENTE TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO- HEMATOPOÉTICAS TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE MEDULA ÓSSEA TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA TIPOS DE TMO ▪ Alogênico Efeito da quimioterapia e da radioterapia ▪ Autólogo Em doenças neoplásicas Aumento das doses de quimioterapia Em doenças Autoimunes Possibilidade de “resetar” o sistema imunológico DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO ▪ CEDH ou, do inglês, GVHD. ▪ Principal acometimento dos pacientes após o TMO. ▪ Ocorre através da resposta alogênica dos linfócitos T contra os tecidos do hospedeiro. ▪ Ataca principalmente intestino, pele, fígado e pulmão. Órgãos colonizados ou que tem contato íntimo com produtos bacterianos. 26/11/2017 11 DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO 3 fases: 1. Condicionamento: dano em tecidos com atividade proliferativa (epitélios) e transmigração bacteriana; 2. Chegada dos linfócitos do doador; resposta alogênica e estímulo inflamatório por células apresentadoras; 3. Dano tecidual inflamatório e celular. DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO Incidência Mediana: 60% Quadro Clínico • Febre • Rash Cutâneo • Náusea • Diarreia • Alteração da Função Hepática • Endotelite e Microangiopatia Trombótica • Trombocitopenia e Aplasia da Medula Mortalidade 35% PERSPECTIVAS ▪ Um dos grandes problemas dos transplantes é, sem dúvidas, a pequena disponibilidade de órgãos. ▪ Cerca de 30% dos pacientes morrem enquanto aguardam o doador na fila de espera. ▪ Muitas campanhas tem sido feitas pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 26/11/2017 12 UCT Sinop (66)35317325 POR HOJE... FIM! ☺
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