Buscar

impressao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
Comportamento Empreendedor 
 
 
 
Conceitos e características 
do empreendedor 
 
 
 
Aula 1 
 
 
 
 
 
Prof. Elton Schneider 
 
 
2 
 
Conversa inicial 
“Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, 
dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, 
psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes 
recompensas da satisfação econômica e pessoal” (Hisrich, 2014). 
Olhando para essa definição, não nos surge a sensação de que se fala do 
Super-Homem ou de alguém muito especial e acima do normal? Daí surge o mito 
de que o empreendedor é alguém raro, altamente qualificado e além do alcance 
de nós, simples mortais. O mito é algo criado pelo imaginário popular e que se 
torna verdade sem que ninguém o questione. Felizmente, ser um empreendedor 
não é missão para escolhidos ou pessoas “fora da curva de normalidade”. Todos 
nós podemos e devemos ser empreendedores. 
A partir desta aula, derrubaremos esse mito e mostraremos que é bastante 
possível agirmos em nossa vida, no campo pessoal, social ou profissional, como 
verdadeiros e eficazes empreendedores. Conheceremos, portanto, mais sobre 
essa figura cada vez mais importante à sociedade e, com isso, aprenderemos a 
exercitar mais nosso espírito empreendedor. 
Vamos à nossa aula! 
Contextualização 
O ato de empreender é antigo, e com o tempo passou por transformações 
em termos do que fazer, como fazer, onde fazer e até mesmo por que fazer, porém 
sua essência não mudou. 
De forma simples, podemos dizer que empreender é transformar, seja a si 
mesmo, seu entorno, seu negócio, sua sociedade, seu mundo; enfim, empreender 
é agir pela mudança, mas não de forma impensada e desastrada. Empreender é 
a arte de transformar uma ideia em realidade, com o máximo de impacto positivo 
possível. 
A figura do empreendedor é a de uma pessoa que tem certo perfil e que 
segue algumas crenças e características. Ela tem um conjunto de competências 
e age com determinação, não temendo o fracasso ou o erro, aprendendo sempre. 
 
 
3 
 
 
A presente rota apresenta inicialmente os conceitos e as características da 
ação empreendedora, mostrando que ela tem características próprias que podem 
ser analogamente consideradas uma caminhada, na qual se percebem um 
começo, um caminho e um destino, havendo em seu caminhar diferentes 
desafios, riscos e decisões. 
A seguir, serão apresentados os diferentes focos e tipos de ações 
empreendedoras, de modo que o ato de empreender assuma diferentes feições, 
dependendo como, onde e por que se empreende. 
Posteriormente, discutiremos a relação entre a sorte, a criatividade e a ação 
empreendedora, buscando entender melhor como se processa o desafio de obter 
resultados mediante o esforço empreendedor. Isso nos remeterá ao CHA 
empreendedor; não à bebida quente e saborosa, mas às Capacidades, às 
Habilidades e às Atitudes (CHA) do empreendedor. 
Para finalizar, descreveremos quais elementos podem ser considerados as 
bases do empreendedor; ou seja, se o empreendedor tem um perfil, é preciso que 
se entenda quais são as características desse perfil, pois serão essas 
características que descreverão quem é esse tipo de pessoa que comumente é 
chamada de “empreendedor”. Também há muito mais: são indicados exercícios 
que propiciam melhor fixação do conteúdo aqui descrito. Bom estudo! 
Tema 1: Conceitos e características da ação empreendedora 
Ao analisarmos a evolução dos conceitos de empreendedorismo, notamos 
que se trata de um tema com diferentes facetas, conectando-se de modo amplo a 
pontos de vista bastante variados. No quadro abaixo, no qual se vê a definição de 
diferentes autores, essa realidade fica bastante perceptível: 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Figura 1 
Fonte: FARAH, 2008. 
 
Essa diversidade de definições é útil, pois nos faz analisar esse fenômeno 
da ação humana de modo mais amplo. No entanto, mesmo com todas essas 
vertentes, há elementos presentes nas diferentes definições que se repetem. 
Podemos dizer que empreender é todo esforço que se refere a uma pessoa 
que busca uma mudança, ao desejo de se querer sair de uma situação para outra. 
Empreender, portanto, tem forte relação com as palavras “decidir” e “agir”. 
“Decidir”, porque empreender depende do momento e do contexto em que 
o empreendedor percebe um caminho o qual deseja percorrer, vê que se trata de 
uma ação que vale a pena, e acredita que ela não só é possível como desejada. 
Daí a decisão de ir em busca de sua realização. Por tal razão, os dicionários 
colocam “decidir fazer algo” ou “cismar” como sinônimos de “empreender”, além 
de relacionar essa palavra com “tentar”, “experimentar”, “resolver executar”. 
 
 
 
5 
 
Conclui-se que o começo da caminhada empreendedora está na decisão 
de percorrer certo caminho em busca do alvo percebido, e isso só acontece 
quando a pessoa se mostra efetivamente disposta a participar desse processo de 
mudança. 
É importante considerar que a decisão de empreender está altamente 
relacionada à situação política, econômica, cultural e social do meio em que o 
empreendedor pretende interferir. Mesmo considerando que o empreendedorismo 
tem suas raízes na própria origem do homem – já que foi mediante sua ação que 
todas as transformações da humanidade aconteceram –, o empreendedor ganhou 
relevância no final do feudalismo, ampliando seu papel e sua importância a contar 
da Revolução Industrial, e depois com todas as transformações dos séculos XX e 
XXI. 
Cabe aqui analisar o empreendedorismo na realidade brasileira, e, para 
isso, analisaremos o quadro que se segue: 
Figura 2 - Análise histórica da relação entre o empreendedor e seu contexto de atuação 
ÉPOCA LOCAL CONTEXTO CONSTATAÇÕES 
Século 
XIV 
Europa 
Ocidental 
Fim feudalismo e início 
transformações como renascimento, 
reforma protestante, burguesia e 
cidades/nações. 
Surgimento do capitalismo comercial 
como um novo modo de produção, 
impulsionando, por sua vez, 
a expansão marítima europeia. 
1500 a 
2000 
Brasil 
A colonização atendeu a objetivos bem 
claros: o fornecimento de matéria 
prima para a Europa 
Sociedade alicerçada sobre o 
latifúndio, o trabalho escravo e a 
monocultura voltada à exportação. 
Sociedade em que as classes e grupos 
sociais fossem extremamente 
desiguais. 
Contexto adverso ao 
desenvolvimento do “espírito 
empreendedor”. 
A economia foi, quase sempre, 
negócios de poucos (os grandes 
proprietários), pois os escravos e, 
depois, os trabalhadores livres e 
assalariados pouco participaram como 
empreendedores. 
O burguês, nosso efetivo 
empreendedor, só aparecerá 
tardiamente no Brasil e, ainda por 
cima, ligado aos proprietários rurais 
(os cafeicultores). 
Nossa histórica, em seus cerca de 500 
anos, não privilegiou a liberdade seja 
econômica, 
social ou política. 
Tal situação dificultou muito a ação 
do empreendedor já que para ele a 
liberdade é de suma importância 
 
 
6 
 
A família patriarcal junto ao 
catolicismo, por sua vez, foram fatores 
de inibição do ethos empreendedor. 
 
A sociedade tinha duas castas: 
escravos negros e homens livres. 
Nestas, o trabalho sempre foi 
entendido como algo negativo, 
pejorativo, desvalorizado. O trabalho 
– no universo simbólico do 
catolicismo – é um fardo que se 
deve carregar por conta do pecado 
original. 
Foi em meados da década de 1930, 
que o Brasil e sua sociedade assumem 
um caráter urbano e, portanto, de face 
capitalista. 
A sucessão de presidentes que saiam 
dos estados mais poderosos (Políticado café com leite), fez com que o 
desenvolvimento econômico 
padecesse de agentes individuais 
empreendedores. 
Por fim, no regime militar, 
com supressão das liberdades 
democráticas, que se terá o maior 
volume de geração de capital, por 
conta da indústria. 
Essa modernização gerou, em seu 
bojo, uma enorme dificuldade nas 
esferas sociais, tornando a 
sociedade brasileira uma das mais 
industrializadas do mundo, mas com 
uma das piores distribuições de 
renda entre todos os países do 
globo. 
Fonte: Adaptado de Prando, 2010, p. 98-100. 
 
Essa abordagem é muito rica, pois nos mostra que temos uma herança 
empreendedora nem sempre favorável, na qual influências históricas de ordem 
cultural, política, religiosa e social fizeram com que nosso “espírito empreendedor” 
sofresse muito em seu crescimento e sua evolução. O importante é ver que, 
mesmo com todas essas limitações, o empreendedor brasileiro tem atuado de 
forma dinâmica e transformadora. 
Podemos perceber que a verdadeira ação empreendedora é formada pela 
percepção e pelo desejo de ação, seguida de um trabalho de mobilização de 
recursos e de cálculo de riscos que orienta e viabiliza a realização da mudança 
desejada. Esse trabalho é permeado por desafios de ordem pessoal, interpessoal, 
técnica e gerencial, sendo realizado mediante recursos de ordem física, humana, 
material, financeira e tecnológica, trabalhados de forma planejada, ordenada, 
negociada e voltada para a minimização dos riscos e erros. 
 
 
7 
 
 
Tema 2: Principais focos e tipos de ações empreendedoras 
O “querer” é o grande elemento motivador e direcionador da ação humana. 
É a contar da hora que a pessoa define o que ela quer que todo o processo de 
caminhar em direção à conquista desse alvo desejado começa. Contudo, em 
muitas vezes, as pessoas manifestam seu querer por aquisições de bens, 
realização de viagens, casamentos, constituição de família, etc. No fundo, tudo 
isso é apenas parte do efetivo querer de todas elas, que é a felicidade. Gikovate 
(1981) referenda essa visão ao dizer que “a meta do homem livre é a felicidade 
em vida; ou seja, aquilo que a religião prometeu para depois da morte e a ciência 
sugeriu que é impossível”. 
Toda e qualquer ação, de forma direta ou indireta, tem relação com o fato 
das pessoas quererem a felicidade. Em busca disso, as pessoas se abastecem 
para enfrentar as lutas e desafios da vida. Portanto, todo empreendedor é um 
excelente caçador de felicidade, ainda mais porque ele sabe que a felicidade, na 
verdade, não é um alvo, mas sim um caminho; ou seja, ser feliz tem relação com 
o que somos e fazemos a cada dia. Se nos dedicamos a algo que nos remete a 
boas sensações e nos motiva a seguir, significa que “vivemos” a felicidade. 
Sabendo disso, torna-se muito mais coerente pensar em enfrentar caminhadas 
empreendedoras, pois percebemos que esse caminhar é o que nos dá a saúde 
pessoal que nos faz levantar todo dia em busca de novas realizações. Dentro 
dessa percepção, podemos inferir que empreender é o combustível para nossa 
felicidade. 
 
Então, só é feliz quem monta o próprio negócio? 
 
Aí reside um dos grandes enganos relacionados ao empreendedorismo. 
Empreender é fazer acontecer e, portanto, criar a própria empresa empreendendo 
é apenas uma das maneiras possíveis de empreender. Há várias outras maneiras 
 
 
8 
 
de empreender. Tudo que possa acontecer dentro do caminhar em busca de 
realizações são formas de se empreender. 
 
Dentre essas formas, destacam-se: 
 O empreendedorismo de negócios: Aqui está o empreender mais 
clássico em termos do reconhecimento da palavra “empreender”. É o 
sujeito que deseja fazer acontecer de modo próprio, gerando retornos para 
si, sendo o grande senhor e o responsável por tudo que se relaciona com 
suas ações empreendedoras. Em outras palavras, o empreendedor aqui é 
o dono do negócio. Aquele que empreende em busca da montagem de um 
negócio próprio. 
 O intraempreendedor: Esse especial tipo de empreendedor é cada dia 
mais importante no mundo. São aquelas pessoas que agem e batalham 
para que tudo aconteça conforme planejado e desejado pelo dono do 
negócio, porém o empreendedor não é o dono. Ele age e trabalha como se 
fosse o dono, atuando dentro de seu espaço e nível de poder, e busca a 
transformação com o mesmo grau de motivação e fé do verdadeiro dono. 
Aqui se descreve o perfil de colaborador que o mercado mais quer, ou seja, 
aquela pessoa que se empodera pela energia de realização e parte para a 
ação com a máxima dedicação, usando o limite de suas capacidades e 
habilidades. 
 O empreendedor público: Aqui fazemos essa distinção em virtude do alvo 
do empreendedor. O empreendedor público é um intraempreendedor 
clássico, porém sua motivação não está na captação de lucros financeiros 
como o empreendedor tradicional. Sua ação, como um agente público, é a 
obtenção da maior efetividade por parte do cidadão. Toda a energia do 
servidor é direcionada para o atendimento das demandas públicas, 
trabalhando para que os resultados sejam os melhores possíveis com o 
máximo de amplitude. 
 
 
9 
 
 
 O empreendedor social: O empreendedor dessa natureza pode ser o 
dono de uma organização não governamental (ONG) ou mesmo um 
funcionário ou voluntário que age com determinação em busca de 
resultados socioambientais. Sua meta, mesmo não sendo financeira, 
demanda uma atuação firme e dedicada, competente e equilibrada para 
que as metas não econômicas se tornem reais, conforme planejado. 
No fundo, os diferentes tipos são apenas fotografias diferentes de um 
mesmo elemento: aquela pessoa que “compra a briga” em termos de fazer 
acontecer as metas que foram estabelecidas sejam elas próprias, de terceiros, 
econômicas, sociais ou ambientais. Esse agente transformador responde pelo 
nome de empreendedor, independentemente do contexto e da natureza de sua 
ação. É importante salientar que se tratam também de pessoas com senso crítico, 
determinadas a fazer do melhor modo possível, aliadas às mudanças e 
conscientes de seu papel na sociedade e no planeta. Esses são aspectos 
importantes a serem considerados, sem considerar o tipo de ação que será alvo 
do agir do empreendedor. 
 
Elementos que despertam as pessoas para a ação empreendedora 
 
Esses elementos são muito interessantes, pois, segundo estudos 
relacionados ao empreendedorismo, há dois grandes fatores que levam as 
pessoas a empreender: a necessidade e a oportunidade. O quadro abaixo 
resume o perfil desses dois tipos: 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Figura 3 
 
Fonte: Schneider, 2011. 
É característica de sociedades com maior escassez de recursos e preparo 
a grande incidência de empreendedores por necessidade, já que se trata de um 
tipo de ação que busca essencialmente a sobrevivência, algo ainda mais 
desafiante em lugares onde o volume de pessoas com esse nível de exigência 
básico é elevado. 
O Brasil, nos primeiros estudos a respeito, adquiriu um perfil de país 
possuidor de mais empreendedores por necessidade do que por oportunidade. 
Entretanto, no decorrer do tempo, essa realidade se alterou a ponto de estudos 
mais recentes apontarem que o percentual de empreendedores por oportunidade 
superou os por necessidade. É interessante ver que esse fato nos remete à 
importância dos governos incentivarem seus empreendedores a agir, dando a eles 
condições e apoio, pois as economias nunca foram tão dependentes de seus 
empreendedores como hoje. Desse contexto,surge o conceito do empreendedor 
de impacto, ou seja, aquele tipo de empreendedor cuja ação gera uma 
repercussão extremamente alta e de grande importância para o país em que atua. 
Esses empreendedores de impacto são, na verdade, os empreendedores de 
 
 
11 
 
grandes oportunidades, aqueles que conseguem perceber oportunidades de 
maior magnitude e se organizam para poder aproveitá-las da melhor maneira 
possível. 
Tema 3: A ligação entre sorte, criatividade e ação empreendedora 
Seria muito superficial pensar que as ações empreendedoras de sucesso 
foram fruto da simples sorte. O sucesso hoje, em meio a tantas transformações e 
complexidades, demanda uma boa dose de competência, arrojo, liderança, 
capacidade decisória e gestão, enfim, fatores como planejamento (capacidade 
técnica), gestão (capacidade gerencial), visão sistêmica (capacidade analítica) e 
criatividade (capacidade inovadora) são muito mais relevantes e decisivas do que 
a sorte. 
Se pensarmos que sorte é aquilo que acontece com a pessoa certa e 
preparada, na hora e no local certos, podemos concluir que o empreendedor se 
torna um excelente candidato à sorte. 
Afinal, é uma pessoa em constante processo de evolução (preparado), que 
consegue ter uma percepção acima da média do mercado e tendências, o que lhe 
coloca no lugar certo, e um timing dos acontecimentos que o habilita a chegar à 
frente dos outros (hora certa). 
Podemos até dizer que quando alguém diz que certo empreendedor de 
sucesso teve sorte, talvez ele esteja apenas dizendo que se trata de uma pessoa 
que se habilitou à maior colheita possível da sorte. No entanto, se pensarmos um 
pouco mais, concluiremos que a sorte é sempre bem recebida, e caso ela resolva 
aprontar no caminho do empreendedor, ele com certeza ficará muito feliz com sua 
ajuda, mesmo que já tenha se preparado para fazer acontecer sem contar com 
essa dose de sorte. 
 
Criatividade: será que isso é importante para o empreendedor? 
 
A seguir, há uma definição. Leia-a e tente descobrir se é a definição de 
“empreendedor” ou de “criatividade”: 
 
 
12 
 
 
É uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em informações e 
têm a sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas criativas possuem 
comportamentos diferentes: são curiosas ao extremo, são persistentes, são bem-
humoradas, são independentes em seus atos e responsáveis por tais, possui rápida 
desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no aprendizado e ainda são grandes 
visionárias, já que conseguem prever as consequências possíveis de ocorrer em suas 
criações por erros ou imprevistos. (CABRAL, 2016) 
 
Tudo bem! Você viu a fonte e descobriu que é a definição de criatividade, 
mas será que não poderia ser também a descrição do perfil de um empreendedor? 
São dois elementos tão próximos que é possível confundi-los. O empreendedor é 
essencialmente uma pessoa criativa. Ele utiliza essa qualidade em toda sua 
caminhada e, muitas vezes, é ela a grande arma para obter o sucesso. 
O empreendedor usa a criatividade desde o momento de buscar uma ideia 
que tenha o potencial de ser uma oportunidade, passando pela montagem – 
estruturação conceitual ou modelagem – dessa ideia, seu aprimoramento, seu 
planejamento e sua execução. Criar é uma das atividades mais úteis e frequentes 
de um empreendedor. 
A aliança da sorte com a criatividade pode ser um importante elemento de 
conquista do sucesso por parte do empreendedor. Contudo, ele conta com a 
criatividade e torce para que a sorte apareça, e não o contrário. É importante, 
então, que o empreendedor se esforce para obter o maior potencial criativo 
possível, pois se essa qualidade estiver presente em suas ações, com certeza ela 
servirá como um trevo de quatro folhas para atrair a sorte ou, pelo menos, para 
afastar o azar. 
Tema 4: O CHA empreendedor 
Fica nítida a necessidade de o empreendedor desenvolver todo um 
conjunto de habilidades e competências para poder fazer sua caminhada em 
busca da realização de seus sonhos/objetivos. Isso não significa, no entanto, que 
sua ação somente poderá começar quando ele estiver pronto; pelo contrário, boa 
parte desses requisitos são adquiridos no caminhar. 
 
 
13 
 
Considerando os desafios das mudanças pretendidas, o empreendedor 
precisa: 
Figura 4 
 
Também é preciso ter a consciência de que a decisão de empreender tem 
implícita a questão de que se vai agir ou estruturar algo novo, diferente do que 
está apresentado e com um bom grau de inovação em seu conteúdo, forma e/ou 
estrutura. 
Importante notar que não comparamos o inteligente com o não inteligente 
ou o mais provido com o menos provido. Destacam-se a postura do empreendedor 
perante o mundo, sua complexidade, seus desafios e suas demandas. A maneira 
de ser e de agir do “aquele um” é a mais coerente com a realidade do século XXI, 
pois, em um mundo competitivo, globalizado, tecnológico e altamente dinâmico, 
pessoas acomodadas, medrosas e pouco ativas tendem a colher menores frutos, 
já que o contexto complexo premia quem melhor o percebe, age sobre ele e se 
orienta pela criatividade e inovação em busca da superação. 
Ser um empreendedor, portanto, é agir a cada dia com a confiança e a 
determinação de que se aprende sempre, de que cada passo é uma forma de 
evolução, mesmo que seja um passo mal dado. Mesmo sem estar pronto, 
começa-se a caminhar e se torna melhor a cada dia, tal qual fazemos quando 
 
 
14 
 
aprendemos a andar de bicicleta: perdemos o equilíbrio a cada segundo em busca 
da obtenção do próprio equilíbrio, e cada movimento de compensação do 
desequilíbrio traz o novo equilíbrio, que gera novo desequilíbrio e nova ação de 
equilíbrio; assim se segue pedalando, aprendendo a se equilibrar, mesmo em 
estradas não pavimentadas, desconhecidas, perigosas ou fora de nosso caminho 
desejado. 
 
Existe um CHA para o empreendedor? 
 
Veja bem: não estamos falando dos deliciosos líquidos que tomamos 
quentes ou gelados, mas sim da sigla que, em administração, significa a soma 
das capacidades (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber fazer 
acontecer) de uma pessoa. 
Há com certeza uma formação sistêmica desses elementos na identificação 
e formato do empreendedor. Como é que um empreendedor pode querer agir 
sobre um mercado sem o saber a respeito desse mercado? A partir desse saber, 
ele agrega análises, reflexões e metodologias que lhe permitiram identificar como 
agir sobre aquele mercado; ou seja, ele lançará mão de habilidades que lhe darão 
a condição de saber o que fazer nesse mercado. Por fim, sabendo o que fazer e 
planejando isso, ele precisa agir tornando esse plano de interferência no mercado 
algo real e dentro do esperado. Aqui se fala de saber fazer acontecer o que havia 
se estabelecido em seu planejamento. 
Desse modo, podemos seguir em várias frentes nas quais se percebe essa 
relação das capacidades com as habilidades e atitudes. Um empreendedor 
precisa ter determinação e energia, mas não pode se perder o controle ou se 
deixar levar pelo sentimento, comprometendo sua visão e sua necessidade de 
ação sobre os problemas. Esse controle dos sentimentos demanda um 
autoconhecimento (saber), que o remete à reflexão (saber fazer) em momentos 
de crise, evitando que reações intempestivas e inadequadas minem a efetividade 
de suas ações (saber fazer acontecer). Observando desafios como o de implantar 
processos sinérgicos, definir e colocar em condições de uso uma estrutura 
 
 
15 
 
tecnológica ou desenvolver ações na qual dissemina valores, ética e moral, 
podemos ver que há essa estreita e importante relaçãoentre capacidades, 
habilidades e atitudes. Falhas nessa rede podem representar fracassos, más 
decisões ou mesmo ações desastrosas. 
Tema 5: O perfil do empreendedor 
Teria como apresentar o perfil do empreendedor? Existe um perfil que 
o represente? 
Sim, é possível se falar de perfil empreendedor. Observando a prática 
empreendedora, é possível identificar elementos que se destacam na ação do 
empreendedor. De imediato, a importância de ele ser um bom gerente, já que a 
todo o momento é desafiado a gerenciar pessoas, tempo, processos, planos, 
finanças, materiais, logística, tecnologias, etc. Ele não pode se eximir de tais 
questões, afinal, o negócio precisa que tudo isso funcione a contento para que se 
possa chegar aonde se deseja. É preciso gerenciar tudo ao mesmo tempo e de 
forma equilibrada, coerente e eficaz. 
Aquele perfil do empreendedor no início da ação empreendedora, 
extremamente criativo, sonhador, corajoso e perceptivo, precisa, na ação 
gerencial, receber boas doses de razão, de controle emocional, de gestão de 
informação, de boa tomada de decisão e, ainda, de gerenciamento claro, objetivo, 
que sabe pedir, controlar e rever rumos. Portanto, gerir uma ação empreendedora 
é uma missão que não é simples e nem rotineira. Demanda constante atenção e 
determinação para não se perder o norte e, ao mesmo tempo, manter o barco na 
direção e na velocidade corretas. Isso demonstra que, na verdade, o desafio 
passa pelo exercício de um triplo e dinâmico papel a ser desenvolvido: 
 Por um lado, o empreendedor deve ter boas ideias, ser visionário, 
determinado, criativo e sonhador. Deve manter sua essência 
empreendedora; 
 Deve também saber planejar, organizar os planos, ações, recursos e 
metas. Deve fazer uso de sua essência gerencial; 
 
 
16 
 
 Por fim, deve ser capaz de executar o que foi planejado. Fazer uso de sua 
essência técnica. 
 
Características essenciais ao empreendedor 
Na verdade, as características mudam dependendo do local por ele 
ocupado em sua caminhada empreendedora. Algumas características são 
essenciais no começo da ação, outras lhe apoiam no meio do trajeto, e há ainda 
as que o suportam nos locais mais avançados da trilha empreendedora. De um 
modo sintético, pode se dizer que existe um mix de características que dão ao 
empreendedor o perfil e as condições necessárias para sua ação: 
Figura 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com base na frase “ir a campo”, pode se resumir as características 
essenciais de um empreendedor, já que não se pode falar em empreender sem 
uma certa dose de inovação; muito menos, sem o exercício da gestão das 
diferentes frentes do negócio que demandam um “reger” bem afinado. A 
necessidade de agir e contribuir para que a mudança desejada saia do mundo dos 
sonhos para a realidade é crucial. Em vários momentos, a ação criativa será aliada 
e decisiva para o sucesso do empreendedor, ao se ter fé e acreditar que dará 
conta dos desafios, mantendo sua autoestima em bom grau. Como nada é feito 
sozinho em termos de empreendedorismo, é extremamente importante que o 
 
 
17 
 
empreendedor saiba motivar, não somente si mesmo mas também todos os 
demais envolvidos nas ações empreendedoras. Ele precisa não esmorecer 
perante os problemas e surpresas desagradáveis, pois sabe que nem tudo 
acontece conforme planejado e que o inesperado está sempre à espreita nas 
ações empreendedoras, desejando achar uma brecha para se manifestar. Deve 
se organizar no sentido de saber planejar e também de manter suas informações 
e ações bem claras, feitas da melhor forma possível e dentro dos custos e 
qualidades esperadas. 
Dentro da especificidade, da complexidade e dos desafios das ações 
empreendedoras, outras características ganham magnitude e passam a ser 
relevantes em termos de estarem presentes no empreendedor. Questões como 
bom relacionamento interpessoal, empatia, liderança, competência técnica, ética 
e outras sempre são úteis e desejadas, porém muitas delas estão embutidas nas 
características listadas anteriormente. O importante é perceber quais as 
demandas advindas da realização do sonho e se preparar o máximo possível para 
dar conta delas com o melhor nível possível de efetividade. Novamente, o lema 
de “eterno aprendiz” se realça na vida do empreendedor. 
Essa lista de características, contudo, não deve nos levar a crer que 
somente depois de se atingir um certo grau de competência nessas características 
é que se poderá partir para a ação empreendedora. Não se trata disso. Aqui é 
importante saber quais elementos circulam nas veias dos empreendedores e, a 
partir disso, tratar da cobertura das lacunas, ou seja, buscar o aperfeiçoamento 
nessas direções, dando maior prioridade às que se apresentam mais limitadas, 
para depois seguir para as demais, não de modo sequencial, mas sim sistêmico. 
A cada dia, deve se olhar essas características e buscar degraus a serem subidos 
na busca da obtenção do patamar adequado para se tornar um empreendedor de 
alto impacto e realização. 
 
 
18 
 
 
Síntese 
A presente aula teve o desafiante objetivo de apresentar o empreendedor, 
seu perfil, seus requisitos, suas características e ainda uma evolução histórica, 
conceitual e contextual. Importantes elementos desse sujeito cada dia mais 
importante na economia, na sociedade e nos negócios foram trabalhos, 
apontando não somente para sua relevância, mas também para os desafios a que 
nos submetemos quando resolvemos empreender em busca da obtenção de 
certos objetivos ou sonhos. 
Aprendemos que elementos como sorte, criatividade, capacidades, 
habilidades e atitudes permeiam as ações empreendedoras, fazendo com que os 
agentes dessas ações sejam pessoas preparadas, dinâmicas, persistentes e 
capazes de solucionar problemas, contornar obstáculos, superar resistências ou 
mesmo inovar quando o contexto assim o exigir. 
Esse conhecimento sobre o empreendedor e a ação empreendedora é de 
grande valia na formação do gestor na medida em que certas características 
presentes na essência do empreendedor precisam também estar presentes no 
gestor, possibilitando que alie a sua capacidade técnica e gerencial, uma 
personalidade empreendedora, criativa e inovadora, que incrementa muito sua 
atuação e a obtenção de resultados. 
 
 
19 
 
 
 
 
Referências 
 
ALVES, A. Empreendedorismo no Brasil e seus principais números. 
Disponível em: <http://www.altairalves.com.br/blog/empreendedorismo-brasil-e-
seus-principais-numeros/>. Acesso em: 3 ago. 2016. 
 
CABRAL, G. Criatividade. Mundo Educação. Disponível em: 
<http://www.mundoeducacao.com/psicologia/criatividade.htm>. Acesso em: 3 
ago. 2016. 
 
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 
Barueri: Manole, 2012. 
 
DIAS, R. Empreendedorismo no setor público. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 27 jul. 
2014. Disponível em: 
<http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/560899/empreendedorismo-no-setor-
publico>. Acesso em: 3 ago. 2016. 
DOLABELA, F. Pedagogia empreendedora. São Paulo: Cultura, 2003. 
 
ENDEAVOR BRASIL. 15 definições de empreendedorismo. Disponível em: 
<https://endeavor.org.br/15-definicoes-de-empreendedorismo/>. Acesso em: 3 
ago. 2016. 
 
FARAH, O. E. Empreendedorismo Estratégico. São Paulo: CENGAGE, 2008. 
 
 
 
20 
 
FONSECA, D. Histórias Reais de FRACASSO e SUCESSO! Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=rNIZnAhxe-k>. Acesso em 3 ago. 2016. 
 
FRANÇA, A. Febre de pintura eleva venda de lápis no país. Diário Comércio, 
Indústria e Serviços, São Paulo, 15 mai. 2015. Disponível em: 
<http://www.toddaicom.com.br/wp-content/uploads/2015/06/DCI_15-05-2015.jpg>. Acesso em 3 ago. 2016. 
 
GEHRINGER, M. Empreendedorismo com Max Gehringer. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=BQQnUddzyiU>. Acesso em: 3 ago. 2016. 
 
GIKOVATE, F. Em busca da felicidade. São Paulo: Summus, 1981. 
 
GREATTI, L. Empreendedorismo: uma visão comportamentalista. 
Anais do I EGEPE. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2000. p. 22-34. 
Disponível em: 
<http://www.anegepe.org.br/edicoesanteriores/maringa/EMP2000-01.pdf>. 
Acesso em: 3 ago. 2016. 
 
GUNTHER, M. O fator sorte. São Paulo: Best Business, 2013. 
 
HISRICH, R. D. Empreendedorismo. São Paulo: McGraw-Hill, 2014. 
 
LUDWIG, W. Waldez Ludwig 1. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=uyMY2uo-iqQ>. Acesso em: 3 ago. 2016. 
 
PRANDO, R. A. Empreendedor e empreendedorismo: história e sociedade – 
trajetórias sociais de empreendedores brasileiros de sucesso. Revista de 
Negócios, Blumenau, v. 15, n.4, p. 97-112, out./dez. 2010. 
 
 
 
21 
 
SCHNEIDER, E. I.; BRANCO, H. C. A caminhada empreendedora. Curitiba: 
Intersaberes, 2012. 
 
SEBRAE. Sobrevivência das empresas no Brasil. Brasília: SEBRAE, 2013. 
Disponível em: 
<http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Sobrevivencia_das
_empresas_no_Brasil=2013.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. 
 
VERÍSSIMO, R. As diferenças entre o empreendedor e o gestor. 
Administradores. Disponível em: 
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/as-diferencas-entre-o-
empreendedor-e-o-gestor/65492/>. Acesso em: 3 ago. 2016.

Outros materiais