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Parte Geral-PDF

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jadson.melo@bol.com.br 1 
Direito Penal – Parte Geral 
 Suspensão condicional da pena 
Verdadeira medida descarcerizadora, a suspensão 
condicional da pena tem por finalidade evitar o 
aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de 
curta duração, evitando-se, com isso, o convívio 
promíscuo e estigmatizante do cárcere. 
Direito subjetivo do condenado ou faculdade do juiz? 
Muito se tem discutido se a concessão da suspensão 
condicional da pena, conhecida também por sursis, é um 
direito subjetivo do condenado ou uma faculdade atribuída 
ao julgador ao proferir a sua decisão. Pela redação do art. 
77 do Código Penal, somos induzidos, equivocadamente, a 
acreditar ser uma faculdade do juiz, pois o mencionado 
artigo diz que a execução da pena privativa de liberdade, 
não superior a 2 [dois] anos, poderá ser suspensa, por 2 
(dois) a 4 (quatro) anos... 
A lei penal usa a expressão poderá ser suspensa, sugerindo 
ser uma faculdade do juiz. Contudo, esse não é o melhor 
entendimento. Isso porque o art. 157 da Lei de Execução 
Penal determina que o juiz ou tribunal, na sentença que 
aplicar pena privativa de liberdade, na situação 
determinada pelo seu art. 156, deverá pronunciar-se 
motivadamente sobre a suspensão condicional, quer a 
conceda quer a denegue. Ao determinar o obrigatório 
pronunciamento do juiz, a lei penal exigiu fossem 
analisados todos os requisitos que possibilitam a suspensão 
condicional da pena, os quais, se preenchidos, conduzirão 
à sua concessão pelo juiz. Assim, trata-se de direito 
subjetivo do condenado, e não simples faculdade do 
julgador, pois, conforme já decidiu o STF, "o réu tem 
direito à suspensão condicional da pena, se preenchidos os 
requisitos legais. Habeas corpus concedido para garantir o 
benefício" (HC 63.038-3-SP - 2a Turma - Rei. Francisco 
Rezek. 18/6/1985, p. 12.608). 
Aplicação do sursis 
Concluindo pela prática da infração penal, o juiz 
condenará o réu e dará início a aplicação da pena, 
atendendo ao critério trifásico previsto pelo art. 68 do 
Código Penal. Se o quantum da pena total aplicada se 
encontrar nos limites previstos pelo art. 77 do Código 
Penal, deverá o juiz analisar os requisitos necessários à 
concessão do sursis. Se presentes, concederá a suspensão 
condicional da pena e, na própria sentença condenatória, 
especificará as condições a que se terá de sujeitar o 
condenado, em substituição à sua privação de liberdade, 
pois, segundo o art. 78 do Código Penal, durante o prazo 
da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e 
ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. 
Essas condições podem ser legais ou judiciais. Legais são 
aquelas já determinadas previamente pela lei penal, 
elencadas pelo § 2º do art. 78 do Código Penal, a saber: 
a) proibição de freqüentar determinados lugares; 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem 
autorização do juiz; 
 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
Judiciais são as condições determinadas pelo juiz, devendo 
ser adequadas ao fato, bem como à situação pessoal do 
condenado (art. 79 do CP). Não poderá o julgador, por 
exemplo, arbitrar condições vexatórias, humilhantes ou 
que agridam a consciência do condenado. 
 
Transitada em julgado a sentença penal condenatória, o 
juiz da execução designará data para a realização da 
audiência admonitória, na qual serão lidas ao condenado 
todas as condições que lhe foram impostas ao 
cumprimento do sursis, advertindo-o das conseqüências de 
nova infração penal e do descumprimento das condições 
impostas (art. 160 da LEP). 
 
 Se intimado, pessoalmente ou por edital com prazo de 
vinte dias, o agente não comparecer injustificadamente à 
audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será 
executada imediatamente a pena (art. 161 da LEP). 
Comparecendo à audiência admonitória, depois de ouvir a 
leitura das condições que lhe foram impostas para a 
suspensão condicional da sua pena, deverá o condenado 
dizer se as aceita, dando-se, assim, início ao período de 
prova, ou se as recusa, preferindo cumprir a pena privativa 
de liberdade que lhe fora aplicada por intermédio da 
sentença penal condenatória. 
 
Deve-se ressaltar que o juiz poderá, a qualquer tempo, de 
ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante 
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as 
condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o 
condenado (art. 158, § 2º, da LEP). 
 
Requisitos para a suspensão condicional da pena 
O art. 77 do Código Penal elenca os requisitos objetivos e 
subjetivos necessários à concessão da suspensão 
condicional da pena, dizendo: 
Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não 
superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) 
a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - não seja indicada ou cabível a substituição prevista no 
art. 44 deste Código. 
§ 1º A condenação anterior a pena de multa não impede a 
concessão do benefício. 
§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não 
superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 
(quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior 
de 70 (setenta) anos de idade, ou razões de saúde 
justifiquem a suspensão. 
 
Espécies de sursis 
O Código Penal prevê quatro espécies de suspensão 
condicional da pena, a saber: 
a) sursis simples; 
b) sursis especial; 
c) sursis etário; 
d) sursis humanitário. 
 
O sursis simples veio previsto no § lº do art. 78 do Código 
Penal. Uma vez determinado o período de prova, no qual 
 
jadson.melo@bol.com.br 2 
deverá cumprir todas as condições que lhe foram 
determinadas na sentença penal condenatória, o 
condenado, no primeiro ano do prazo, deverá prestar 
serviços à comunidade (art. 46 do CP) ou submeter-se à 
limitação de fim de semana (art. 48 do CP). 
 
O sursis especial encontra-se no § 2º do art. 78 do Código 
Penal. Nesta segunda modalidade, se o condenado tiver 
reparado o dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo, e se 
as circunstâncias do art. 59 lhe forem inteiramente 
favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do § 1º, ou 
seja, a prestação de serviços à comunidade ou a limitação 
de fim de semana, pelas seguintes condições, aplicadas 
cumulativamente: 
 
a) proibição de freqüentar determinados lugares; 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem 
autorização do juiz; 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
Além dessas condições, poderá o juiz impor outras, nos 
termos do art. 79 do Código Penal, desde que adequadas 
ao fato e à situação pessoal do condenado. 
 
Sursis etário é aquele concedido ao maior de 70 anos de 
idade que tenha sido condenado a uma pena privativa de 
liberdade não superior a quatro anos. Nesta hipótese, a 
pena poderá ser suspensa por quatro a seis anos. 
 
O sursis humanitário foi uma inovação trazida pela Lei nº 
9.714/98, permitindo, agora, ao condenado a umapena não 
superior a quatro anos, ver concedida a suspensão 
condicional pelo período de quatro a seis anos, desde que 
razões de saúde a justifiquem. Assim, condenados 
portadores do vírus HIV, tuberculosos, paraplégicos ou 
aqueles que tenham sua saúde seriamente abalada poderão 
ser beneficiados com o sursis, evitando, dessa forma, o 
agravamento da sua situação que certamente aconteceria se 
fosse jogado no cárcere. 
 
Revogação obrigatória 
O art. 81 do Código Penal determina: 
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, 
o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, 
por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução 
da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a 
reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do 
art. 78 deste Código. 
Revogação facultativa 
O § lº do art. 81 do Código Penal assevera que a suspensão 
poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer 
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, 
por crime culposo ou por contravenção, à pena privativa 
de liberdade ou restritiva de direitos. Duas, portanto, as 
causas de revogação facultiva: a) descumprimento de 
qualquer condição sursitária; b) condenação irrecorrível, 
por crime culposo ou por contravenção, à pena privativa de 
liberdade ou restritiva de direitos. 
 
 
 
 
Prorrogação automática do período de prova 
O § 2º do art. 81 do Código Penal assevera que, se o 
beneficiário está sendo processado por outro crime ou 
contravenção, considera-se prorrogado o prazo da 
suspensão até o julgamento definitivo. Tal prorrogação é 
automática, não havendo necessidade de ser declarada nos 
autos. O juiz, obviamente, ao tomar notícia de outro 
processo por crime ou contravenção envolvendo o 
beneficiário, decidirá no sentido da prorrogação. 
 O que estamos querendo dizer é que, se porventura a 
notícia de outro processo surgir decorrido o prazo 
correspondente ao período de prova sem que tenha sido, 
ainda, declarada a extinção da pena, não terá o beneficiário 
direito subjetivo em vê-la reconhecida, bem como não 
haverá qualquer ilegalidade da parte do julgador que 
determinar a prorrogação do período de prova mesmo após 
decorrido completamente o seu prazo. 
Cumprimento das condições 
Expirado o prazo sem que tenha havido revogação do 
benefício, será considerada extinta a pena privativa de 
liberdade, conforme determina o art. 82 do Código Penal. 
A extinção da pena privativa de liberdade deverá ser 
decretada nos autos pelo juízo das execuções, ouvido 
sempre o Ministério Público. Isso porque se o condenado 
estiver respondendo a outras ações penais, não poderá o 
julgador decretar a extinção da pena, pois se o beneficiário 
estiver sendo processado por outro crime ou contravenção 
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o 
julgamento definitivo, nos termos do § 2º do art. 81 do 
Código Penal. 
Deverá o Ministério Público, antes de opinar pela 
decretação da extinção da pena, requerer aos órgãos 
competentes a folha de antecedentes criminais do 
beneficiário, a fim de saber se existe, ainda, algum outro 
processo pendente de julgamento. Depois de certificar-se 
de que não existe outro feito além daquele no qual o 
condenado estava cumprindo as condições sursitárias, 
expirado o período de prova, deverá emitir parecer 
favorável à decretação da extinção da pena. 
 
 Livramento condicional 
Durante o cumprimento de sua pena, o condenado poderá 
fazer jus a uma série de benefícios legais, podendo 
destacar-se, dentre eles o livramento condicional. Como 
medida de política criminal, o livramento condicional 
permite que o condenado abrevie sua reinserção no 
convívio social, cumprindo parte da pena em liberdade, 
desde que presentes os requisitos de ordem subjetiva e 
objetiva, mediante o cumprimento de determinadas 
condições. 
 
O livramento condicional assume, portanto, papel de 
grande importância na ressocialização do condenado, 
fazendo com que tenha esperança de um retorno mais 
abreviado à sociedade, evitando sua prolongada 
permanência no cárcere. 
O pedido de livramento condicional deverá ser dirigido ao 
juiz da execução, que, depois de ouvidos o Ministério 
Público e o Conselho Penitenciário, deverá concedê-lo, se 
presentes os requisitos do art. 83, incisos e parágrafo único 
do Código Penal, pois trata-se de direito subjetivo do 
condenado, e não uma faculdade do julgador, como induz 
 
jadson.melo@bol.com.br 3 
a redação contida no caput do art. 83 do estatuto 
repressivo. 
Requisitos do livramento condicional 
O art. 83, incisos e parágrafo único do Código Penal 
traçam os requisitos necessários à concessão do livramento 
condicional, verbis: 
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior 
a 2 (dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não 
for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; 
II - cumprida mais da metade se o condenado for 
reincidente em crime doloso; 
III - comprovado comportamento satisfatório durante a 
execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe 
foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência 
mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-
lo, o dano causado pela infração; 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de 
condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o 
apenado não for reincidente específico em crimes dessa 
natureza. 
 
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, 
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a 
concessão do livramento ficará também subordinada à 
constatação de condições pessoais que façam presumir que 
o liberado não voltará a delinquir. 
Pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos 
- 0 primeiro requisito de natureza objetiva diz respeito ao 
tempo mínimo de pena aplicada ao condenado. Para que 
seja viabilizado o livramento condicional é preciso que o 
total das penas privativas de liberdade aplicadas seja igual 
ou superior a 2 (dois) anos, mesmo que para se chegar a 
esse quantum sejam somadas todas as penas 
correspondentes às diversas infrações penais praticadas, 
nos termos do art. 84 do Código Penal. 
Cumprida mais de um terço da pena se o condenado não 
for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes - 
Para que o condenado possa ser beneficiado com o 
livramento condicional é preciso que, nos termos do inciso 
I do art. 83 do Código Penal, tenha ele cumprido mais de 
um terço da pena que lhe foi aplicada, desde que não seja 
reincidente em crime doloso e que tenha bons 
antecedentes. 
A segunda hipótese do livramento condicional está 
destinada aos condenados reincidentes em crimes dolosos. 
Entendemos, também, que o portador de maus 
antecedentes, em face da redação do inciso anterior, deve 
cumprir mais da metade da pena, a fim de poder requerer a 
concessão do livramento condicional. O cumprimento de 
mais da metade da pena é o requisito objetivo, no caso do 
reincidente em crime doloso ou portador de maus 
antecedentes. 
Comprovado comportamento satisfatório durante a 
execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe 
foi atribuído e aptidão para prover a própria subsistência 
mediante trabalho honesto - O condenado deverácomprovar que durante a execução de sua pena cumpriu as 
obrigações que lhe são determinadas pelo art. 39 da Lei de 
Execução Penal, bem como ter tido um comportamento 
disciplinado, obedecendo aos servidores responsáveis pelo 
serviço de carceragem e respeitando-os, opondo-se aos 
movimentos individuais ou coletivos de fuga ou subversão 
da ordem ou da disciplina, executando os trabalhos, as 
tarefas e as ordens recebidas, enfim, demonstrando que a 
pena estava cumprindo a sua função ressocializadora. 
Tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, 
o dano causado pela infração - A reparação do dano 
causado pela infração penal levada a efeito pelo agente 
constitui um dos requisitos de ordem subjetiva elencados 
pelo art. 83 do Código Penal. Segundo as lições de 
Mirabete, "não pode postular o benefício o sentenciado 
que, não demonstrando haver satisfeito as obrigações civis 
resultantes do crime, igualmente não faça a prova da 
impossibilidade de reparar o dano causado pelo delito. 
Não tendo o condenado condições de reparar o dano 
causado pela infração penal, deverá comprovar essa 
situação nos autos. Se assim o fizer, poderá ser-lhe 
concedido o benefício, preenchidos os demais requisitos. 
 
Cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de 
condenação por crime hediondo, prática de tortura, 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e 
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em 
crimes dessa natureza - O inciso V foi introduzido no art. 
83 do Código Penal pela Lei nº 8.072/90, aumentando o 
tempo de cumprimento de pena para fins de livramento 
condicional para os crimes por ela previstos. Trouxe-nos 
de volta, ainda, o instituto da reincidência específica, que 
terá o condão de impedir a concessão do livramento 
condicional. Vejamos as novas situações criadas pela Lei 
nº 8.072/90. 
 
Condições para o cumprimento do livramento 
 
Ao analisar o pedido de livramento condicional, se o 
condenado preencher os requisitos objetivos e subjetivos 
previstos pelo art. 83 do Código Penal, o juiz da execução 
deverá concedê-lo, pois trata-se de direito subjetivo do 
condenado, mediante o cumprimento de determinadas 
condições, a serem especificadas na sentença (art. 85 do 
CP). 
Nos termos do § 1º do art. 132 da Lei de Execução Penal, 
serão sempre impostas ao liberado condicional as seguintes 
obrigações: 
a) obter ocupação lícita, no prazo razoável, se for apto para 
o trabalho; 
b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; 
c) não mudar do território da comarca do Juízo da 
Execução sem prévia autorização deste. 
Além dessas, o § 2º do art. 132 da Lei de Execução Penal 
diz ainda ser facultado ao juiz da execução impor ao 
liberado as obrigações de: 
a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à 
autoridade incumbida da observação cautelar e de 
proteção; 
 
jadson.melo@bol.com.br 4 
b) recolher-se à habitação em hora fixada; 
c) não freqüentar determinados lugares. 
O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou 
mediante representação do Conselho Penitenciário e 
ouvido o liberado, poderá modificar as condições 
especificadas na sentença, devendo o respectivo ato 
decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou 
funcionários indicados no inciso 1 do art. 137 da Lei de 
Execução Penal, observado o disposto nos incisos II e III, 
§§ 1º e 2º do mesmo artigo (art. 144 da LEP). 
Procedimento do livramento condicional 
Após concedido o livramento condicional, especificadas as 
condições ou obrigações a que terá que se submeter o 
liberado, será expedida a carta de livramento com cópia 
integral da sentença em duas vias, remetendo-a à 
autoridade administrativa incumbida da execução e outra 
ao Conselho Penitenciário (art. 136 da LEP). Em seguida, 
será designada data para a cerimônia do livramento, que 
será realizada solenemente no dia marcado pelo presidente 
do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está 
sendo cumprida a pena, cuja sentença será lida ao 
liberando, na presença dos demais condenados, pelo 
presidente do Conselho Penitenciário ou membro por ele 
designado, ou, na falta, pelo juiz (art. 137,I, da LEP). A 
finalidade de se fazer a leitura da sentença na presença dos 
demais condenados é estimular os detentos a que também 
procurem preencher, principalmente, os requisitos 
subjetivos necessários à concessão do benefício, 
permitindo-lhes ter a esperança de retornar ao convívio em 
sociedade, cumprindo parte de sua pena em liberdade. 
A autoridade administrativa chamará a atenção do 
liberando para as condições impostas na sentença de 
livramento, perguntando-lhe se as aceita, devendo o 
liberando expressar sua vontade (art. 137, II e III, da LEP). 
De tudo, em livro próprio, será lavrado termo subscrito por 
quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a 
seu rogo, se não souber ou não puder escrever (art. 137, § 
Ia, da LEP). Cópia desse termo deverá ser remetida ao juiz 
da execução (art. 137, § 2º, da LEP). Ao sair o liberado do 
estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo 
de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que 
exibirá à autoridade judiciária ou administrativa sempre 
que lhe for exigida. A caderneta conterá: 
a) a identificação do condenado; 
b) o texto impresso da seção V, da Lei de Execução Penal, 
que cuida dos dispositivos legais relativos ao livramento 
condicional; 
c) as condições impostas (art. 138, § l2, alíneas a, b e c, da 
LEP). 
Na falta da caderneta, será entregue ao liberado um salvo-
conduto em que constem as condições do livramento, 
podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu 
retrato pela descrição dos sinais que possam identificá-lo 
(art. 138, § 2º da LEP). Na caderneta e no salvo-conduto, 
deverá haver espaço para consignar o cumprimento das 
condições referidas no art. 132 da Lei de Execução Penal. 
Revogação do livramento condicional 
Os arts. 86 e 87 do Código Penal preveem, 
respectivamente, as duas hipóteses de revogação do 
livramento condicional, sendo obrigatória no primeiro 
caso e facultativa no segundo. O mencionado art. 86 deve 
ser analisado juntamente com o art. 88 do Código Penal, 
que determina. 
A primeira hipótese de revogação, tida como obrigatória, 
ocorre em virtude de ter o agente cometido novo crime 
após ter sido colocado em liberdade, quando já havia 
iniciado o cumprimento das condições aplicadas ao 
livramento condicional. A prática de novo crime 
demonstra a sua inaptidão para cumprir o restante da pena 
anterior em liberdade, devendo, pois, ser revogado o 
benefício, somando-se as penas, anterior e posterior, para 
efeitos de novo cumprimento. Como penalidade por ter 
praticado o crime após o início do livramento condicional, 
o liberado perderá todo o período em que permaneceu 
livre. 
Assim, se o condenado, após dois anos de efetivo 
cumprimento de sua pena, restando ainda quatro anos a 
cumprir, decorrido um ano de livramento condicional vier 
a praticar novo crime, esse tempo que permaneceu em 
liberdade, cumprindo determinadas condições, será 
perdido. O tempo total de pena anterior - quatro anos - 
será somado com a condenação posterior, para efeitos de 
cumprimento da pena privativa de liberdade. 
Extinção da pena 
Tendo cumprido todo o período de prova sem que tenha 
havido revogação do benefício, o juiz, de ofício, a 
requerimento do interessado, do MinistérioPúblico ou 
mediante representação do Conselho Penitenciário, 
declarará a extinção da pena, salvo enquanto não passar 
em julgado a sentença em processo a que responde o 
liberado, por crime cometido durante a vigência do 
benefício (art. 89 do CP). 
 Ação penal 
O conceito de ação pode ser facilmente entendido. Quem 
contempla a atividade processual vê o exercício: de um 
direito do autor: direito de exigir a proteção do Estado ou 
direito de ação; de um poder jurídico do Estado sobre o 
autor e réu: poder de jurisdição; de um direito do réu: 
direito de defesa. 
Carnelutti diz que o ponto de vista que se consolidava cada 
vez mais, o qual considerava verdadeiro, era o de que o 
"direito subjetivo processual, ao qual se costuma chamar 
de ação ou direito de ação, é um direito subjetivo público, 
que pertence a parte, não frente a seu adversário, senão 
frente ao juiz, sendo que a este compete o dever de fazer 
tudo quanto é necessário para se pronunciar sobre a 
demanda, propondo-lhe uma sentença justa. 
 
 
jadson.melo@bol.com.br 5 
Condições da ação 
Para que o Estado possa conhecer e julgar a pretensão 
deduzida em juízo, será preciso que aquele que invoca o 
seu direito subjetivo à tutela jurisdicional preencha 
determinadas condições, sem as quais a ação se 
reconhecerá natimorta, ou seja, embora já exercitada, não 
conseguirá alcançar a sua finalidade, pois perecerá logo 
após o seu exercício. O art. 395, II, do Código de Processo 
Penal, com a nova redação que lhe foi conferida pela Lei 
nº 11.719, de 20 de junho de 2008, assevera que a 
denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar 
pressuposto processual ou condição para o exercício da 
ação penal. 
 
Assim, são condições necessárias ao regular exercício do 
direito de ação de natureza penal: 
a) legitimidade das partes; 
b) interesse de agir; 
c) possibilidade jurídica do pedido; 
d) justa causa. 
Legitimidade das partes 
A legitimidade ativa no processo penal é expressamente 
determinada pela lei, que aponta o titular da ação, podendo 
tanto ser o Ministério Público, órgão acusador oficial, ou o 
particular. Podemos subdividir essa legitimidade ativa em 
primária e secundária, pois, em determinadas ocasiões, a 
lei pode transferir essa legitimidade a outra pessoa que não 
o titular original. 
 Como exemplo, podemos trazer a hipótese na qual o 
Ministério Público, por inércia, deixa de oferecer a 
denúncia no prazo legal, transferindo-se o direito de propor 
a ação penal ao particular, por meio de uma ação penal de 
iniciativa privada subsidiária da pública, ou seja, 
subsidiária àquela que deveria ter sido proposta pelo órgão 
oficial, legitimado primariamente a propô-la. Poderá 
ocorrer a mudança de legitimação ativa também na 
hipótese de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, uma vez que o seu direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão (art. 100, § 4º, do CP e 
art. 31 do CPP). Legitimado passivo6 será aquele em face 
do qual se propõe a ação, atribuindo-lhe a prática de uma 
infração penal, narrada na peça inaugural, mesmo que, 
posteriormente, venha a ser absolvido. 
 
Interesse de agir 
O interesse de agir, no processo penal, decorre da 
necessidade de ter o titular da ação penal que se valer do 
Estado para que este conheça e, se for convencido da 
infração penal, condene o réu ao cumprimento de uma 
pena justa. Liebman dizia que "o interesse de agir é o 
elemento material do direito de ação e consiste no 
interesse em obter o provimento solicitado".8 Podemos 
bipartir esse interesse de agir em: interesse-necessidade e 
interesse-utilidade da medida. Assim, por exemplo, 
quando o agente pratica uma infração penal, abre-se ao 
Estado a possibilidade de fazer valer o seu ius puniendi. 
Contudo, a aplicação da pena ficará sujeita, sempre, ao 
devido processo legal. 
Por mais que o réu assuma a culpa do fato criminoso por 
ele levado a efeito, não poderá o Ministério Público, por 
exemplo, fazer com que, antes da ação penal, cumpra 
qualquer sanção de natureza penal. Mesmo na hipótese 
dos chamados Juizados Especiais Criminais, em que o 
Ministério Público, nas infrações penais consideradas de 
menor potencial ofensivo - embora não exista ainda ação, 
isto é, embora não haja uma acusação formal perante o 
juízo criminal, imputando ao autor dos fatos a prática de 
uma infração penal, com o conseqüente pedido de 
condenação -, não podemos deixar de visualizar, no caso 
de proposta de transação penal, que importa na aplicação 
imediata de medida restritiva de direitos ou multa, a 
necessidade da tutela jurisdicional, pois somente ao juiz 
caberá impor a sanção penal cuja proposta de aplicação 
fora feita pelo Ministério Público e aceita pelo autor da 
infração. 
Mesmo aqui, não podemos abrir mão do Estado-Juiz para 
que se possa aplicar uma sanção de natureza penal, ao 
contrário do que acontece com a jurisdição civil. Se 
Alfredo deve a José a importância de R$ 100,00 (cem 
reais) e, no prazo avençado, procura efetuar o pagamento, 
não haverá necessidade, por parte de José, de cobrá-la 
perante a justiça cível, cuja atividade jurisdicional será 
secundária, ou seja, somente quando surgir uma lide entre 
as partes. Não sendo possível a resolução particular desse 
conflito de interesses é que o cidadão se valerá de seu 
direito subjetivo público à ação, exigindo um 
pronunciamento do Estado com relação à dívida na qual 
diz-se credor. 
 
Na verdade, o que estamos querendo traduzir é a 
necessidade sempre existente do exercício da jurisdição 
penal para que se possa aplicar qualquer sanção de 
natureza penal. Com ou sem ação, será sempre preciso a 
intervenção do Estado-Juiz na aplicação de uma pena, seja 
ela qual for (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou 
multa). 
 
Possibilidade jurídica do pedido 
A terceira condição da ação diz respeito à possibilidade 
jurídica do pedido. Nas lições de Vicente Greco Filho, "a 
possibilidade jurídica do pedido consiste na formulação de 
pretensão que, em tese, exista na ordem jurídica como 
possível, ou seja, que a ordem jurídica brasileira preveja a 
providência pretendida pelo interessado. 
 
Imagine-se a hipótese em que um filho subtraia, sem 
violência, o relógio pertencente ao seu pai, que contava 
com menos de 60 anos de idade, a fim de trocá-lo com um 
traficante de drogas, por certa quantidade de maconha para 
satisfazer o seu vício. Embora tenha subtraído o relógio de 
seu pai, o fato praticado por ele é típico, ilícito e culpável, 
havendo, pois, crime. Contudo, mesmo que tenha praticado 
uma ação típica, ilícita e culpável, o fato de ter cometido o 
crime contra seu ascendente faz com que seja erigida em 
seu favor a chamada escusa absolutória, ou imunidade 
penal de caráter pessoal, prevista no inciso II do art. 181 
do Código Penal, que diz ser isento de pena quem pratica 
qualquer dos crimes definidos no título correspondente aos 
crimes contra o patrimônio, em prejuízo de ascendente. 
Dessa forma, a existência de escusa absolutória torna 
juridicamente impossível o pedido de condenação, pois a 
isenção de pena fará, obrigatoriamente, com que o agente 
seja absolvido. Não poderá o Ministério Público, portanto, 
 
jadson.melo@bol.com.br6 
dar início à ação penal, pois lhe faltará uma das condições 
necessárias ao seu regular exercício. 
 
Justa causa 
 
A última condição necessária para o regular exercício da 
ação de natureza penal condenatória é a justa causa. Justa 
causa, aqui, quer dizer um lastro probatório mínimo que dê 
suporte aos fatos narrados na peça inicial de acusação. O 
art. 395, III, do Código de Processo Penal, com a redação 
determinada pela Lei nº 11.719, de 20 de junho de 2008, 
diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar 
justa causa para o exercício da ação penal. 
 
 Espécies de ação penal 
 
O Código Penal e a legislação processual penal prevêem 
duas espécies de ação penal, a saber: ação penal pública e 
ação penal privada. A regra prevista no art. 100 do Código 
Penal diz que toda ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. Na 
verdade, todas as ações penais, sejam elas quais forem, 
têm natureza pública, pois, conforme vimos anteriormente 
pela definição de Carnelutti, ela é um direito subjetivo 
público que, nas lições de Afrânio Silva Jardim, é 
"dirigido contra o Estado, de invocar a prestação 
jurisdicional, prometida a nível constitucional”. Contudo, 
na área penal, especificamente, a sua iniciativa é que se 
biparte em pública e privada. Assim, teremos ações penais 
de iniciativa pública e ações penais de iniciativa privada. 
As ações penais de iniciativa pública são promovidas pelo 
órgão oficial, ou seja, pelo Ministério Público, sendo que 
as de iniciativa privada são, ab initio, levadas a efeito 
mediante queixa pelo ofendido ou por quem tenha 
qualidade para representá-lo. 
 
Ação penal de iniciativa pública 
A ação penal de iniciativa pública pode ser: a) 
incondicionada ou b) condicionada a representação do 
ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça. 
Ação penal de iniciativa pública incondicionada 
Diz-se incondicionada a ação penal de iniciativa pública 
quando, para que o Ministério Público possa iniciá-la ou, 
mesmo, requisitar a instauração de inquérito policial, não 
se exige qualquer condição. É a regra geral das infrações 
penais, uma vez que o art. 100 do Código Penal assevera 
que a ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
Ação penal de iniciativa pública condicionada à 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro 
da Justiça 
Pode acontecer, contudo, que a legislação penal exija, em 
determinadas infrações penais, a conjugação da vontade 
da vítima ou de seu representante legal, a fim de que o 
Ministério Público possa aduzir em juízo a sua pretensão 
penal, condicionando o início das investigações policiais e 
o oferecimento de denúncia à apresentação de sua 
representação. Deve ser ressaltado que a representação do 
ofendido ou de seu representante legal não precisa conter 
grandes formalismos. Nela, o ofendido ou seu 
representante legal simplesmente declara, esclarece a sua 
vontade no sentido de possibilitar ao Ministério Público a 
apuração dos fatos narrados, a fim de formar a sua 
convicção pessoal para, se for o caso, dar início à ação 
penal pelo oferecimento de denúncia. Além da 
representação do ofendido, a lei penal fala também em 
requisição do Ministro da Justiça. 
Da mesma forma que a representação do ofendido, a 
requisição do Ministro da Justiça também tem a natureza 
jurídica de condição de procedibilidade, permitindo ao 
Ministério Público iniciar a ação penal, uma vez 
preenchida essa condição. Em ambas as hipóteses - 
representação do ofendido ou requisição do Ministro da 
Justiça -, o Ministério Público não está obrigado a dar 
início à ação penal, pois tem total liberdade para pugnar 
pelo arquivamento do inquérito policial ou das peças de 
informação após emitir, fundamentadamente, a sua opinio 
delicti. Tais condições, portanto, uma vez preenchidas, 
não impõem ao Ministério Público o dever de oferecer 
denúncia, mas sim dizem que, se assim entender, as 
pessoas envolvidas pela infração penal permitem que ele 
assim proceda. 
Princípios informadores da ação penal de iniciativa 
pública 
Os princípios que envolvem a ação penal de iniciativa 
pública, seja ela incondicionada ou condicionada à 
representação do ofendido ou à requisição do Ministro da 
Justiça, são: 
a) obrigatoriedade ou legalidade; 
b) oficialidade; 
c) indisponibilidade; 
d) indivisibilidade; e 
 e) intranscendência. 
 
O princípio da obrigatoriedade ou da legalidade traduz-se 
no fato de que o Ministério Público tem o dever de dar 
início à ação penal desde que o fato praticado pelo agente 
seja, pelo menos em tese, típico, ilícito e culpável, bem 
como que, além das condições genéricas do regular 
exercício do direito de ação, exista, ainda, justa causa para 
a sua propositura, ou seja, aquele lastro probatório mínimo 
que dê sustento aos fatos alegados na peça inicial de 
acusação. 
 
O princípio da oficialidade nas ações penais de iniciativa 
pública significa que a persecutio criminis in judicio será 
procedida por órgão oficial, qual seja, o Ministério 
Público, pois, segundo o inciso I do art. 129 da 
Constituição Federal, compete-lhe, no rol de suas funções 
institucionais, promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei. Pelo princípio da 
indisponibilidade fica vedado ao órgão oficial encarregado 
de promover a ação penal - ou seja, ao Ministério Público 
- desistir da ação penal por ele iniciada. Desistir da ação 
penal não significa o mesmo que pugnar, ao seu final, pela 
improcedência do pedido levado a efeito na denúncia. 
 
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O Ministério Público não só pode como deve pedir a 
absolvição dos acusados nas hipóteses em que não restar 
evidentemente demonstrada a prática da infração penal. 
Isso não quer dizer disponibilidade da ação penal. Nesse 
caso, a ação penal cumpriu o seu propósito, que é o de 
levar ao conhecimento do Estado-Juiz a prática, em tese, 
de determinada infração penal. Se depois da regular 
instrução do processo as provas evidenciarem não ter sido 
o réu o seu autor, por exemplo, deverá ele ser absolvido. 
Tal absolvição se imporá, até mesmo, nas hipóteses de 
dúvida, pois tal dúvida deve ser considerada em benefício 
do acusado segundo o inafastável brocardo que determina 
o in dúbio pro reo. 
 
O princípio da indivisibilidade determina que se a infração 
penal foi praticada em concurso de pessoas, todos aqueles 
que para ela concorreram devem receber o mesmo 
tratamento, não podendo o Ministério Público escolher a 
quem acionar. Como bem observado por Tourinho Filho, 
"a indivisibilidade da ação penal é uma conseqüência 
lógica do princípio da obrigatoriedade ou legalidade”. 
Finalmente, em virtude do princípio da intranscendência, a 
ação penal somente deve ser proposta em face daqueles 
que praticaram a infração penal, não podendo atingir 
pessoas estranhas ao fato criminoso. 
 
Ação penal de iniciativa privada 
Na precisa lição de Frederico Marques, "ação penal 
privada é aquela em que o direito de acusar pertence, 
exclusiva ou subsidiariamente, ao ofendido ou a quem 
tenha qualidade para representá-lo. Ela se denomina ação 
privada, porque seu titular é um particular, em 
contraposição à ação penal pública, em que o titular do ius 
actionis é um órgão estatal: o Ministério Público". 
As ações penais de iniciativa privada classificam-seem: 
a) privada propriamente dita; 
b) privada subsidiária da pública e 
c) privada personalíssima. 
Privada propriamente dita 
As ações de iniciativa privada propriamente ditas são 
aquelas promovidas mediante queixa do ofendido ou de 
quem tenha qualidade para representá-lo. Em determinadas 
infrações penais, a lei penal preferiu que o início da 
persecutio criminis ficasse a cargo do particular. Embora o 
Estado sempre sofra com a prática de uma infração penal, 
pois o seu cometimento abala a ordem jurídica e coloca em 
risco a paz social, existem situações que interessam mais 
intimamente ao particular do que propriamente ao Estado. 
Dessa forma, como veremos mais adiante, os princípios 
que regem as ações penais de iniciativa privada se 
diferenciam daqueles que são reitores das ações penais de 
iniciativa pública, uma vez que o interesse do particular se 
sobrepujará ao interesse do Estado. No caso de morte do 
ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão 
judicial, sendo a ação penal de iniciativa privada 
propriamente dita, o direito de oferecer queixa ou de 
prosseguir na ação penal passa ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, nos termos do § 4º do art. 100 do 
Código Penal e do art. 31 do Código de Processo Penal. 
 
Privada subsidiária da pública 
 
As ações penais de iniciativa privada subsidiárias da 
pública encontram respaldo não somente na legislação 
penal (art. 100, § 3º, do CP e art. 29 do CPP), como 
também no texto da Constituição Federal (art. 5a, LIX), 
que diz que será admitida ação privada nos crimes de 
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 
Com essa disposição, quis o legislador constituinte, a 
exemplo do que fazem o Código Penal e o Código 
Processual Penal, permitir ao particular, vítima de 
determinada infração penal, que acompanhasse as 
investigações, bem como o trabalho do órgão oficial 
encarregado da persecução penal. 
 
Em razão desses dispositivos legais, se o Ministério 
Público, por desídia sua, deixar de oferecer denúncia no 
prazo legal, abre-se ao particular a possibilidade de, 
substituindo-o, oferecer sua queixa-crime, dando-se, assim, 
início a ação penal. Merece ser ressaltado que somente 
caberá ao particular intentar a ação penal de iniciativa 
privada subsidiária da pública quando o Ministério 
Público, deixando decorrer in albis o prazo legal para o 
oferecimento da denúncia, não der início à ação penal. Isso 
quer dizer que o direito de dar início à ação penal que, 
originalmente, é de iniciativa pública, somente se transfere 
ao particular se houver desídia, inércia do Ministério 
Público. 
 
Mesmo que tal inércia seja justificada, como em virtude de 
acúmulo de serviço, o particular pode oferecer sua queixa-
crime. Contudo, se em vez de oferecer a denúncia o 
Ministério Público solicitar o arquivamento do inquérito 
policial ou requerer a devolução dos autos à delegacia de 
polícia para que sejam levadas a efeito algumas diligências 
consideradas indispensáveis ao oferecimento da denúncia, 
não poderá o particular intentar a sua ação de natureza 
subsidiária. 
 
Privada personalíssima 
 
As ações penais de iniciativa privada tidas como 
personalíssimas são aquelas em que somente o ofendido, e 
mais ninguém, pode propô-las. Em virtude da natureza da 
infração penal praticada, entendeu por bem a lei penal que 
tal infração atinge a vítima de forma tão pessoal, tão 
íntima, que somente a ela caberá emitir o seu juízo de 
pertinência a respeito da propositura ou não dessa ação 
penal. Como exemplo de ação penal de iniciativa privada 
personalíssima podemos citar aquela correspondente ao 
delito previsto no art. 236, que cuida do induzimento a erro 
essencial e ocultação de impedimento. 
 
O parágrafo único do mencionado artigo assevera que a 
ação penal depende de queixa do contraente enganado e 
não pode ser intentada senão depois de transitar um 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou 
impedimento, anule o casamento, afastando-se, com essa 
redação, qualquer possibilidade de ser transferida às 
pessoas elencadas no art. 100, § 4º, do Código Penal, haja 
vista que, em virtude de sua natureza personalíssima, como 
bem destacou Mirabete, "só podem ser intentadas única e 
exclusivamente pelo ofendido, não havendo, portanto, 
sucessão por morte ou ausência. 
 
 
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Princípios informadores da ação penal de iniciativa 
privada 
As ações penais de iniciativa privada são regidas por três 
princípios que as informam, a saber: 
a) oportunidade; 
b) disponibilidade; 
c) indivisibilidade. 
 
Segundo as lições de Tourinho Filho, o princípio da 
oportunidade "confere ao titular da ação penal o direito de 
julgar da conveniência ou inconveniência quanto à 
propositura da ação penal. Se quiser promovê-la, poderá 
fazê-lo, se não o quiser, não o fará”, justamente o contrário 
do que ocorre com o princípio da obrigatoriedade, que 
rege as ações penais de iniciativa pública, onde o 
Ministério Público deverá oferecer a denúncia se, em tese, 
o fato se configurar infração penal, presentes as condições 
necessárias ao regular exercício do direito de ação. 
 
Outra característica marcante das ações penais de 
iniciativa privada é, justamente, a sua disponibilidade. 
Mesmo depois da sua propositura, o particular pode, 
valendo-se de determinados institutos jurídicos, dispor da 
ação penal por ele proposta inicialmente, a exemplo do 
que ocorre com a perempção, na qual o querelante poderá 
deixar de promover o andamento do processo durante 
trinta dias seguidos, fazendo com que a ação penal seja 
considerada perempta, extinguindo-se, assim, a 
punibilidade, nos termos do art. 60, I, do Código de 
Processo Penal, c/c o art. 107, IV, última figura, do 
Código Penal. Vale lembrar que tal princípio da 
disponibilidade é o reverso daquele aplicável às ações de 
iniciativa pública, qual seja, o da indisponibilidade, nas 
quais o Ministério Público, uma vez oferecida a denúncia, 
não poderá dispor da ação penal por ele iniciada. 
 
O princípio da indivisibilidade, comum às duas espécies 
de ação penal, encontra-se consubstanciado no art. 48 do 
Código de Processo Penal que diz que a queixa contra 
qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de 
todos, e o Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade. A ação penal deve ser um instrumento de 
justiça, e não de simples vingança. Se o fato foi cometido 
por várias pessoas, todas elas devem, assim, por ele 
responder. Não poderá a vítima, por exemplo, escolher a 
quem processar, devendo a sua ação penal ser dirigida a 
todos os autores da infração penal. 
 
Ação penal no crime complexo 
 
Crime complexo é aquele no qual, em sua configuração 
típica, conseguimos visualizar a fusão de dois ou mais 
tipos penais. Assim, por exemplo, a fusão do crime de 
furto (crime simples) com o delito de lesão corporal ou 
ameaça faz surgir uma outra figura típica, agora 
denominada de complexa, que é o crime de roubo. 
 
Decadência do direito de queixa ou de representação, 
renúncia e perdão do ofendido 
 
Os estudos quanto à decadência do direito de queixa ou de 
representação, a renúncia e o perdão do ofendido serão 
realizados no capítulo correspondente às causas extintivas 
da punibilidade, elencadas no art. 107 do Código Penal, 
para o qual remetemos o leitor. 
 
 Extinção da punibilidade 
A punibilidadeé uma conseqüência natural da prática de 
uma conduta típica, ilícita e culpável levada a efeito pelo 
agente. Toda vez que o agente pratica uma infração penal, 
isto é, toda vez que infringe o nosso direito penal objetivo, 
abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer o seu 
ius puniendi. 
 
Entretanto, também é certo que o Estado, em determinadas 
situações previstas expressamente em seus diplomas 
legais, pode abrir mão ou mesmo perder esse direito de 
punir. Mesmo que, em tese, tenha ocorrido uma infração 
penal, por questões de política criminal, o Estado pode, em 
algumas situações por ele previstas expressamente, 
entender por bem em não fazer valer o seu ius puniendi, 
razão pela qual haverá aquilo que o Código Penal 
denominou de extinção da punibilidade. Deve ser frisado 
que quando nos referimos a causas de extinção da 
punibilidade estamos diante de dados que não interferem 
na infração penal em si, mas, sim, que a existência desses 
dados pode impedir que o Estado, mesmo existindo a 
infração penal, seja impedido de exercitar o seu direito de 
punir. 
 
O Código Penal, em seu art. 107, trouxe o rol das 
chamadas causas extintivas da punibilidade. Embora o art. 
107 do Código Penal faça o elenco das causas de extinção 
da punibilidade, este não é taxativo, pois, em outras de 
suas passagens, também prevê fatos que possuem a mesma 
natureza jurídica, a exemplo do § 3 do art. 312 do Código 
Penal, bem como do § 5º do art. 89 da Lei nº 9.099/95. 
 
Neste capítulo, estudaremos as causas previstas nos incisos 
I a IX, do art. 107 do Código Penal, a saber: 
I - a morte do agente; 
II - a anistia, a graça e o indulto; 
III - a retroatividade de lei que não mais considera o fato 
como criminoso; 
IV - a prescrição, a decadência e a perempção; 
V - a renúncia do direito de queixa e o perdão aceito, nos 
crimes de ação privada; 
VI - a retratação do agente, nos casos em que a lei admite; 
VII - (revogado pela Lei nº 11.106, de 28 de março de 
2005); 
VIII - (revogado pela Lei nº 11.106, de 28 de março de 
2005); 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
Morte do agente 
A primeira das causas extintivas da punibilidade previstas 
pelo art. 107 do Código Penal é a morte do agente. O art. 
62 do Código de Processo Penal determina: No caso de 
morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de 
óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará 
a extinção da punibilidade. Não é incomum o fato de o 
agente fazer juntar certidão de óbito falsa aos autos do 
processo no qual figura como acusado. 
Antes de opinar pela extinção da punibilidade, por medida 
de segurança, entendemos que o Ministério Público deverá 
requerer ao juiz que confirme o documento apresentado 
aos autos, expedindo ofício ao cartório de registro civil 
 
jadson.melo@bol.com.br 9 
indicado no documento apresentado em juízo, a fim de que 
este seja ratificado pelo tabelião. Até mesmo essa medida 
pode não ser eficaz, pois, como sabemos, se o agente 
falsificar um documento médico, atestando o seu óbito, 
poderá levá-lo ao cartório e o registro será realizado. 
 
Anistia, graça e indulto 
 
Pela anistia, o Estado renuncia ao seu jus puniendi, 
perdoando a prática de infrações penais que, normalmente, 
têm cunho político. A regra, portanto, é de que a anistia se 
dirija aos chamados crimes políticos. Contudo, nada 
impede que a anistia também seja concedida a crimes 
comuns. A concessão da anistia é de competência da 
União, conforme preceitua o art. 21, XVII, da Constituição 
Federal, e se encontra no rol das atribuições do Congresso 
Nacional, sendo prevista pelo art. 48, VIII, de nossa Lei 
Maior. Pode ser concedida antes ou depois da sentença 
penal condenatória, sempre retroagindo a fim de beneficiar 
os agentes. 
A anistia ainda pode ser reconhecida como: 
a) própria, quando concedida anteriormente à sentença 
penal condenatória; 
b) imprópria, quando concedida após a sentença penal 
condenatória transitada em julgado. 
 
A graça e o indulto são da competência do Presidente da 
República, embora o art. 84, XII, da Constituição Federal 
somente faça menção a este último, subentendendo-se ser 
a graça o indulto individual. A diferença entre os dois 
institutos é que a graça é concedida individualmente a uma 
pessoa específica, sendo que o indulto é concedido de 
maneira coletiva a fatos determinados pelo Chefe do Poder 
Executivo. Nos termos do art. 188 da Lei de Execução 
Penal, a graça, modernamente conhecida como indulto 
individual, poderá ser provocada por petição do 
condenado, por iniciativa do Ministério Público, do 
Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa, 
sendo que a petição, acompanhada dos documentos que a 
instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário para a 
elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao 
Ministério da Justiça (art. 189 da LEP). 
 
O indulto coletivo, ou simplesmente indulto, é, 
normalmente, concedido anualmente pelo Presidente da 
República, por meio de decreto. Pelo fato de ser editado 
próximo ao final de ano, esse indulto acabou sendo 
conhecido como indulto de natal. Não é possível conceder 
a graça (indulto individual) ou o indulto (indulto coletivo) 
às infrações penais previstas pela Lei nº 8.072/90. Merece 
registro, ainda, o fato de que a Lei nº 9.455/97 omitiu-se 
com relação ao indulto, dizendo no § 6º do art. 1º que o 
crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia. 
 
Prescrição, decadência e perempção 
A prescrição será analisada em capítulo à parte, em 
conseqüência da extensão do tema. A decadência é o 
instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha 
qualidade para representá-la, perde o seu direito de queixa 
ou de representação em virtude do decurso de um certo 
espaço de tempo. 
O art. 103 do Código Penal cria uma regra geral relativa 
ao prazo para o exercício do direito de queixa e de 
representação. 
 
No crime de lesão corporal de natureza culposa, cuja ação 
penal é de iniciativa pública condicionada à representação 
do ofendido, o prazo decadencial tem início a partir do 
momento em que o ofendido toma conhecimento de que 
foi vítima dessa infração penal, a exemplo do que ocorre 
nos casos do chamado "erro médico". Pode acontecer que 
a vítima tenha sofrido uma lesão corporal de natureza 
culposa, após ter-se submetido a uma intervenção médica 
qualquer, produzida em razão da imperícia do profissional, 
que, a todo custo, tentou ocultá-la. Mais tarde, mesmo 
depois de decorridos seis meses da primeira intervenção 
na qual ocorreram as lesões, a vítima descobriu o suposto 
erro médico. A partir desse instante é que se tem por 
iniciado o prazo decadencial. 
 
A perempção é instituto jurídico aplicável às ações penais 
de iniciativa privada propriamente ditas ou 
personalíssimas, não se destinando, contudo, àquela 
considerada como privada subsidiária da pública. Não tem 
aplicação, portanto, nas ações penais de iniciativa pública 
incondicionada ou condicionada à representação do 
ofendido, uma vez que o art. 60 do Código de Processo 
Penal determina. 
 
Além das hipóteses previstas pelo art. 60 do Código de 
Processo Penal, entende-se pela perempção, também, 
havendo a morte do querelante no caso de induzimento a 
erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236 do 
CP), haja vista que pela natureza da ação penal, queé 
personalíssima, a morte do querelante impede o 
prosseguimento da ação penal. Como bem destacou 
Mirabete, a perempção, como perda do direito de 
prosseguir na ação penal de iniciativa privada, é uma 
"sanção jurídica, imposta ao querelante por sua inércia, 
negligência ou contumácia. Não pode ocorrer, portanto, 
antes de proposta a queixa. 
 
Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos 
crimes de ação privada 
 
Renúncia ao direito de queixa 
 
A renúncia ao direito de queixa pode ser expressa ou 
tácita. Diz-se expressa a renúncia quando formalizada por 
meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais 
(art. 50 do CPP). Renúncia tácita ao direito de queixa é 
aquela na qual, nos termos do parágrafo único do art. 104 
do Código Penal, o ofendido pratica atos incompatíveis 
com a vontade de exercê-lo, como nas hipóteses daquele 
que convida o autor do crime para ser seu padrinho de 
casamento ou para com ele constituir uma sociedade. 
 
O art. 49 do Código de Processo Penal determina que a 
renúncia do direito de queixa, em relação a um dos 
autores, a todos se estenderá. Analisando o mencionado 
artigo, Mirabete preleciona: 
"O princípio da indivisibilidade obriga ao querelante 
promover a ação penal contra todos os coautores do fato 
delituoso em tese, não podendo abstrair nenhum, a menos 
que seja desconhecido. Excluído algum deles, tem-se que 
 
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o querelante tacitamente renunciou ao direito de processá-
lo, devendo ser estendida a todos sua abdicação". 
 
No mesmo sentido, decidiu o STJ: 
"Se o querelante tem notícia de ofensas proferidas por 
todos os querelados e deixa de incluir um deles na queixa 
crime, fere o princípio da indivisibilidade da ação penal, 
de que trata o art. 48 do CPP. A ocorrência de tal renúncia 
em relação ao copartícipe aproveita ao paciente, nos 
termos dos arts. 104 do CP e 49 do CPP. Trancamento da 
ação penal que se impõe" (RHC - Rei. Cid Fláquer 
Scartezzini). 
 
Perdão do ofendido 
O perdão do ofendido, que poderá ser concedido somente 
nas hipóteses em que se procede mediante queixa, pode 
ser: 
a) processual; 
b) extraprocessual; 
c) expresso; e 
d) tácito. 
Diz-se processual o perdão do ofendido quando levado a 
efeito intra-autos, após ter sido iniciada a ação penal de 
iniciativa privada; extraprocessual quando procedido fora 
dos autos da ação penal de iniciativa privada; expresso, 
quando constar de declaração assinada pelo ofendido, por 
seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais (art. 56 do CPP); tácito, quando o ofendido 
pratica ato incompatível com a vontade de prosseguir na 
ação penal por ele iniciada (art. 106, § 1º, do CP). 
Nos termos do art. 106 do Código Penal, o perdão, no 
processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - se concedido 
a qualquer dos querelados, a todos aproveita; II - se 
concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito 
dos outros; III - se o querelado o recusa, não produz 
efeitos. 
 
Assim, de acordo com o inciso I do art. 106 do Código 
Penal, o perdão do ofendido deverá ser dirigido a todos 
aqueles que, em tese, praticaram a infração penal, não 
podendo o querelante, portanto, escolher contra quem 
deverá prosseguir a ação penal por ele intentada. Caso seja 
da vontade dos demais querelados, o perdão do ofendido 
concedido a um deles, deverá ser estendido a todos. 
 
A segunda hipótese prevista pelo inciso II do art. 106 do 
Código Penal diz que se o perdão for concedido por um 
dos ofendidos isso não prejudica o direito dos outros. Isso 
quer dizer que, sendo a ação penal proposta por vários 
querelantes, pode cada um deles, individualmente, se for 
da sua vontade, conceder o perdão sem que, com isso, os 
demais se vejam também obrigados a perdoar. 
 
O inciso III do mencionado art. 106 demonstra a natureza 
bilateral do perdão esclarecendo que o querelado tem o 
direito de recusá-lo, caso ele seja oferecido pelo ofendido. 
O querelado, entendendo que não praticou qualquer 
infração penal, pode não aceitar o perdão, pugnando pelo 
regular andamento do processo, a fim de alcançar um 
provimento jurisdicional absolutório. Mesmo que seja essa 
a sua intenção, ou seja, mesmo que queira um julgamento 
definitivo dos fatos que foram levados ao crivo do 
Judiciário, não havendo aceitação do perdão pelo 
querelado, poderá o querelante gerar a extinção da 
punibilidade fazendo com que a ação penal seja 
considerada perempta, como na hipótese em que o 
querelante deixa de promover o andamento do processo 
durante trinta dias seguidos. 
 
Se o querelante já houver completado 18 anos de idade, 
somente ele poderá conceder o perdão, estando revogada 
pelo Código Civil a primeira parte do art. 52 do CPP. Se o 
querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e 
não tiver representante legal, ou colidirem os interesses 
deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá 
ao curador que o juiz lhe nomear (art. 53 do CPP). 
Concedido o perdão mediante declaração expressa nos 
autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três 
dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser 
cientificado de que o seu silêncio importará em aceitação 
(art. 58 do CPP). 
 
A aceitação do perdão fora do processo constará de 
declaração assinada pelo querelado, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais (art. 59 do 
CPP). 
Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade (art. 
58, parágrafo único, do CPP). 
 
Retratação do agente nos casos em que a lei a admite 
 
Retratação, na definição de Guilherme de Souza Nucci, "é 
o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o 
denuncia à autoridade, retirando o que anteriormente havia 
dito". Pela retratação, o agente volta atrás naquilo que 
disse, fazendo com que a verdade dos fatos seja, 
efetivamente, trazida à luz. 
 
Em várias de suas passagens, a legislação penal permitiu 
ao autor do fato retratar-se, como ocorre nos crimes de 
calúnia e difamação (art. 143 do CP) e nos de falso 
testemunho e de falsa perícia (art. 342, § 2º, do CP). O art. 
143 do Código Penal diz que o querelado que, antes da 
sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação 
fica isento de pena. Pela redação do mencionado artigo, 
podemos destacar dois pontos relevantes. O primeiro diz 
respeito ao termo ad quem para que o querelado leve a 
efeito a sua retratação, sendo que a lei penal determinou 
que seria até antes da prolação da sentença. Isso quer dizer 
que, uma vez proferida a decisão, a retratação do agente já 
não mais terá o condão de extinguir a punibilidade. 
 
 
O termo final, portanto, será a entrega da sentença em 
cartório pelo juiz. O segundo ponto que merece destaque 
no aludido artigo refere-se ao fato de que somente nos 
delitos de calúnia e difamação é que caberá a retratação, 
não sendo permitida, portanto, no crime de injúria. 
Sabemos que na calúnia e na difamação existe uma 
imputação de fatos, sendo que no primeiro há uma 
imputação falsa de fatos definidos como crime e no 
segundo somente fatos ofensivos à reputação da vítima. 
Na injúria, ao contrário dos delitos anteriores, existe uma 
ofensa à honra subjetiva da vítima, ou seja, do conceito 
que ela, vítima, acha que goza. 
 
Não se lhe imputam fatos, mas sim adjetivos, qualidades 
que ofendem a esseparticular conceito. Prelecionava 
 
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Hungria que a injúria "é a manifestação, por qualquer 
meio, de um conceito ou pensamento que importe ultraje, 
menoscabo o vilipêndio contra alguém", sendo que o 
objetivo primacial na injúria, segundo o renomado autor, é 
ferir a vítima no seu brio ou pudor. Como não existe, na 
injúria, a imputação de qualquer fato, a retratação pode 
não surtir o efeito desejado, mas, ao contrário, como 
alertou Damásio de Jesus, "pode macular ainda mais a sua 
dignidade ou decoro. Assim, se o ofensor diz que a vítima 
é ignorante, afirmando depois que é um sábio, não repara 
o dano, podendo causar ofensa maior". 
 
Nos crimes de falso testemunho ou falsa perícia, o § 2º do 
art. 342, com a nova redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28 de agosto de 2001, diz que o fato deixa de ser punível, 
se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, 
o agente se retrata ou declara a verdade. 
Perdão judicial, nos casos previstos em lei 
Inicialmente, é preciso destacar que o perdão judicial não 
se dirige a toda e qualquer infração penal, mas, sim, 
àquelas previamente determinadas pela lei. Assim, não 
cabe ao julgador aplicar o perdão judicial nas hipóteses 
em que bem entender, mas tão somente nos casos 
predeterminados pela lei penal. Com esse raciocínio, pelo 
menos ab initio, torna-se impossível a aplicação da 
analogia in bonam partem quando se tratar de ampliação 
das hipóteses de perdão judicial. Isso porque a lei penal 
afirmou categoricamente que o perdão judicial somente 
seria concedido nos casos por ela previstos, afastando-se, 
portanto, qualquer outra interpretação. 
 
Muito se discutiu sobre a natureza jurídica da sentença que 
concede o perdão judicial, sendo que as opiniões se 
dividiam no sentido de que seria absolutória, condenatória 
ou meramente declaratória de extinção da punibilidade. O 
STJ, por intermédio da Súmula nº 18, posicionou-se neste 
último sentido, afirmando que a sentença concessiva do 
perdão judicial é declaratória da extinção da 
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito 
condenatório, devendo ser realizada uma releitura do art. 
120 do Código Penal. A forma como o perdão judicial 
normalmente vem previsto a fim de ser aplicado a 
determinada infração penal nos deixa a dúvida se ele é 
uma faculdade do juiz ou um direito subjetivo do agente. 
A título de exemplo, o § 5º do art. 121 do Código Penal 
diz que, na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
 
Suponhamos que um pai, que possua porte legal para 
andar armado, chegue em casa apressado e, 
negligentemente, retire a arma da cintura e a coloque em 
cima da mesa da sala, indo, logo em seguida, ao banheiro. 
Seu filho menor, ao avistar a arma, começa a com ela 
brincar, ocasião em que esta dispara, atingindo 
mortalmente a criança. O pai ainda se encontrava no 
banheiro quando escuta o estampido. Desesperado, 
lembra-se de que havia deixado a arma ao alcance do seu 
filho, e, ao sair do banheiro, já o encontra morto. 
Pergunta-se: Será que esse pai, que em razão de ter 
deixado de observar o seu dever objetivo de cuidado 
culposamente causou a morte de seu próprio filho, 
necessita de mais alguma sanção? 
 
Acreditamos que não, devendo, pois, ser-lhe concedido o 
perdão judicial. Em casos como esse, indaga-se: 0 perdão 
judicial continua a ser uma faculdade do juiz ou é um 
direito subjetivo do agente? 
 
Respondendo à indagação formulada, Damásio de Jesus 
afirma tratar-se de "um direito penal público subjetivo de 
liberdade. Não é um favor concedido pelo juiz. É um 
direito do réu. Se presentes as circunstâncias exigidas pelo 
tipo, o juiz não pode, segundo puro arbítrio, deixar de 
aplicá-lo. A expressão 'pode' empregada pelo CP nos 
dispositivos que disciplinam o perdão judicial, de acordo 
com a moderna doutrina penal, perdeu a natureza de 
simples faculdade judicial, no sentido de o juiz poder, sem 
fundamentação, aplicar ou não o privilégio. Satisfeitos os 
pressupostos exigidos pela norma, está o juiz obrigado a 
deixar de aplicar a pena". 
 
Particularmente, entendemos que o art. 13 da Lei nº 
9.807/99 deverá ser conjugado com o inciso IX do art. 107 
do Código Penal, sendo que este último diz que o perdão 
judicial somente poderá ser concedido nos casos previstos 
expressamente em lei. Os casos mencionados no inciso IX 
são aqueles que encontraram previsão na própria figura 
típica, a exemplo do art. 140, § 1º, 176, parágrafo único, e 
180, § 5º, todos do Código Penal. A previsão para o perdão 
judicial, portanto, vem expressa no tipo penal 
incriminador, não podendo o julgador, ao seu talante, 
aplicá-lo às demais infrações penais para as quais não foi 
consignada expressamente tal possibilidade. 
 
Não acreditamos ser razoável, por exemplo, que aquele 
que, juntamente com os demais coautores, tenha praticado 
um delito de latrocínio, a fim de beneficiar-se com o 
perdão judicial, auxilie a autoridade policial a identificar 
os outros membros do grupo, bem como ajude a recuperar 
total ou parcialmente o produto do crime. Não há 
possibilidade, nesse caso, de se falar em localização ou 
mesmo preservação da integridade física da vítima, já que 
foi morta durante a prática do roubo. 
 
 Prescrição 
A prescrição como causa extintiva da punibilidade veio 
prevista no art. 107, IV, primeira figura do Código Penal, 
além de ter sido regulada pelos arts. 109 a 119 do mesmo 
diploma legal. Ao estudarmos as demais causas extintivas 
da punibilidade, dissemos que em algumas situações o 
Estado pode abrir mão do seu direito de punir e, em outras 
hipóteses, pode vir a perdê-lo. A prescrição é uma das 
situações em que o Estado, em virtude do decurso de certo 
espaço de tempo, perde seu ius puniendi. Embora exista 
alguma controvérsia doutrinária, como frisamos, 
entendemos que com a prescrição existe a perda do direito 
de punir, e não a renúncia ao direito de punir por parte do 
Estado. 
 
O Estado pode renunciar ao seu exclusivo ius puniendi 
quando concede, por exemplo, a anistia, a graça e o 
indulto. Nessas hipóteses, embora podendo levar a efeito o 
seu direito de punir, o Estado dele abre mão, ao contrário 
do que ocorre com a prescrição, quando, mesmo querendo, 
não poderá exercê-lo. 
 
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Dessa forma, poderíamos conceituar a prescrição como o 
instituto jurídico mediante o qual o Estado, por não ter 
tido capacidade de fazer valer o seu direito de punir em 
determinado espaço de tempo previsto pela lei, faz com 
que ocorra a extinção da punibilidade. 
 
 
Vários fundamentos surgiram ao longo dos anos para 
justificar a necessidade da prescrição, podendo-se 
destacar dentre eles o esquecimento a respeito da infração 
penal, o desaparecimento da necessidade do exemplo ao 
meio social, a dispersão de provas, além do fator 
tranqüilidade para aquele que praticou a infração penal, 
pois um erro cometido no passado não pode persegui-lo 
para sempre. 
Damásio de Jesus aduz que "a prescrição, em face de nossa 
legislação penal, tem tríplice fundamento: 
1º) o decursodo tempo (teoria do esquecimento do fato); 
2º) a correção do condenado; e 
3º) a negligência da autoridade." 
Natureza jurídica da prescrição 
Ainda hoje se discute a respeito da natureza jurídica da 
prescrição, ou seja, se a prescrição é um instituto jurídico 
de natureza material (penal), processual (processual penal) 
ou mista. Cezar Roberto Bitencourt preleciona que "para o 
ordenamento jurídico brasileiro, contudo, é instituto de 
direito material, regulado pelo Código Penal, e, nessas 
circunstâncias, conta-se o dia do seu início", posição à 
qual nos filiamos. 
 
Espécies de prescrição 
 
A legislação penal prevê duas espécies de prescrição, a 
saber: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da 
pretensão executória. A conclusão pela prescrição da 
pretensão punitiva terá repercussões importantíssimas 
tanto na esfera penal como na civil. O réu do processo no 
qual foi reconhecida a prescrição da pretensão punitiva 
ainda continuará a gozar do status de primário e não 
poderá ver maculado seus antecedentes penais, ou seja, 
será como se não tivesse praticado a infração penal. 
Na esfera cível, a vítima não terá como executar o decreto 
condenatório, quando houver, visto que a prescrição da 
pretensão punitiva impede a formação do título executivo 
judicial. 
Nesse sentido, decidiu o STJ: 
"A incidência da prescrição da pretensão punitiva importa 
na rescisão da sentença condenatória, que não faz coisa 
julgada material, e na supressão de seus efeitos principais 
e acessórios, resultando, ainda, na perda do direito de 
ação cognitiva, pois extingue a pretensão do Estado em 
obter qualquer decisão a respeito do fato criminoso, não 
acarretando nenhuma responsabilidade para o acusado, 
tampouco marcando seus antecedentes ou gerando futura 
reincidência. 
 
Eqüivale, na verdade, à exata proclamação de inocência, 
pois são apagados os efeitos da sentença condenatória, 
como se jamais tivesse existido ou sido praticado o crime" 
(MS 6877/DF, Mandado de Segurança 2000/0027913-7, 
3- Seção, Rei. Min. Fernando Gonçalves, julg. 25/4/2001, 
D] 21/5/2001, p. 55). 
 
Contudo, se a prescrição disser respeito à pretensão 
executória, o Estado, em razão do decurso do tempo, 
somente terá perdido o direito de executar sua decisão. O 
título executório foi formado com o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória, mas não poderá ser 
executado. O condenado, se vier a praticar novo crime, 
poderá ser considerado reincidente; caso a condenação 
anterior não sirva para efeitos de reincidência, como na 
hipótese do art. 64, I, do Código Penal, ainda assim 
importará em maus antecedentes. 
 
A vítima do delito terá à sua disposição o título executivo 
judicial criado pela sentença penal condenatória transitada 
em julgado, nos termos do art. 475-N do Código de 
Processo Civil. Portanto, faz-se mister a distinção entre a 
prescrição da pretensão punitiva e a prescrição da 
pretensão executória, cuja casuística estudaremos a seguir, 
de acordo com as disposições contidas no Código Penal. 
 
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença 
O art. 109 do Código Penal determina: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a 
sentença final, salvo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 110 
deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de 
liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 
12 (doze) anos; 
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é 
superior a 8 (oito) e não excede a 12 (doze); 
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 
4 (quatro) anos e não excede a 8 (oito); 
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 
(dois) anos e não excede a 4 (quatro); 
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 
(um) ano, ou sendo superior não excede a 2 (dois); 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 
(um) ano. 
Com a redação dada ao art. 109, percebe-se que o primeiro 
cálculo a ser feito sobre a prescrição deve recair sobre a 
pena máxima cominada em abstrato para cada infração 
penal. Se o cálculo deve ser realizado antes mesmo de 
qualquer sentença condenatória, na qual é concretizada a 
pena aplicada ao agente, podemos concluir que a 
prescrição que leva em consideração a pena máxima 
cominada a cada infração penal diz respeito à pretensão 
punitiva do Estado. 
 
Assim, suponhamos que alguém tenha praticado um delito 
de lesões corporais cuja pena máxima seja de um ano de 
detenção. Em razão do disposto no inciso V do art. 109 do 
Código Penal, a prescrição pela pena máxima em abstrato 
ocorrerá em quatro anos. Se, por exemplo, durante a 
instrução do processo, após o primeiro marco interruptivo 
da prescrição, que, como veremos, é o recebimento da 
denúncia, já tiver decorrido período igual ou superior a 
quatro anos, o juiz interromperá a instrução do feito e 
 
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reconhecerá a extinção da punibilidade com base na 
prescrição da pretensão punitiva do Estado. 
 
Esses prazos fornecidos pelos incisos do art. 109 do 
Código Penal servirão não somente para o cálculo da 
prescrição, considerando-se a pena máxima em abstrato, 
como também para aqueles relativos à pena já concretizada 
na sentença condenatória. 
Prescrição das penas restritivas de direitos 
Diz o parágrafo único do art. 109 do Código Penal: 
Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos 
prazos previstos para as privativas de liberdade. Como as 
penas restritivas de direitos são substitutivas, o prazo para 
efeitos de cálculo de prescrição será aquele previsto para a 
pena privativa de liberdade aplicada. Embora tenha havido 
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva 
de direitos, o tempo de cumprimento desta última será o 
mesmo daquela. 
No que diz respeito ao delito de consumo de drogas, como 
o art. 28 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, não 
previu qualquer pena de privação de liberdade que 
pudesse servir de orientação para efeitos de cálculo do 
prazo prescricional, o art. 30 do citado diploma legal 
determinou expressamente: Prescrevem em 2 (dois) anos 
a imposição e a execução das penas, observado, no 
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e 
seguintes do Código Penal. 
Prescrição depois de transitar em julgado a sentença 
penal condenatória 
 
O caput do art. 110 do Código Penal determina que a 
prescrição depois de transitada em julgado a sentença 
penal condenatória regula-se pela pena aplicada e 
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais 
se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 
 
Vimos, pelo art. 109 do Código Penal, que a prescrição, 
antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, é regulada pela pena máxima cominada a 
cada infração penal. Agora, o art. 110 assevera que o 
cálculo seja realizado sobre a pena concretizada na 
sentença. Contudo, o caput do art. 110 deverá ser 
conjugado com o seu § 1º, com a nova redação que lhe foi 
conferida pela Lei nº 12.234, de 5 de maio de 2010, que 
diz que a prescrição, depois da sentença condenatória 
com trânsito em julgado para a acusação ou depois de 
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não 
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data 
anterior à da denúncia ou queixa. 
 
Isso porque caso ambas as partes tenham recorrido, ou 
seja, Ministério

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