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A AÇÃO DE POLUENTES SOBRE A FISIOLOGIA DE PEIXES

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A AÇÃO DE POLUENTES SOBRE A FISIOLOGIA DE PEIXES
 Tiago Gabriel Correia 
Os peixes representam o maior grupo de animais vertebrados. Sabe-se que estes animais desenvolveram uma série de adaptações ao habitat em que ocupam, desde adaptações morfológicas, até inúmeras variações fisiológicas. Muitas espécies ainda são desconhecidas da comunidade científica e, além disso, os impactos ambientais gerados pelos grandes centros urbanos e a devastação das áreas naturais, reduziram em muito a diversidade original, e em alguns casos específicos, é quase certo que muitas espécies tenham desaparecido antes de se tornarem conhecidas (Menezes, 1999). Os peixes constituem um instrumento muito importante para se avaliar a real qualidade de um corpo d’água. Nenhuma massa d’água pode ser considerada em condições satisfatórias se nela não viverem e proliferarem peixes. Nesse caso, conhecer a toxicidade de certos poluentes, e sua influência sobre a fauna íctica, constitui uma ferramenta valiosa nas atividades destinadas à preservação do ambiente aquático (Mucci et al ., 1987). A conservação das populações de peixes é determinada pela capacidade de reprodução de seus membros, e neste aspecto a imensa variedade dos ambientes aquáticos possibilitou a evolução de vários mecanismos de reprodução (Heath, 1995). A família Poeciliidae é composta por peixes vivíparos, muito utilizados em ensaios biológicos, talvez pela facilidade de captura, ou mesmo pela aquisição no comércio especializado. Sua distribuição é bastante ampla, sendo considerada espécie cosmopolita, pois são encontrados em pequenos cursos d’água, e em diversas variações de salinidade. Os peixes desta família, aparentemente, permanecem em ambientes com severos níveis de poluição, onde outras espécies têm dificuldades em se estabelecer, ou mesmo não conseguem sobreviver por curto período de tempo. Quando vários mecanismos homeostáticos são comprometidos pela exposição a poluentes, o organismo pode não sobreviver para conseguir se reproduzir. São registrados ainda níveis crônicos de poluição, que não necessariamente afetam a 102 sobrevivência de uma espécie, mas podem interferir no processo reprodutivo (Sumpter, 1999). Utilizada como modelo biológico para a determinação do efeito de poluentes sobre a fisiologia reprodutiva, a espécie Poecilia reticulata, família Poeciliidae, será apresentada para discussão dos efeitos de alguns disruptores endócrinos (poluentes), como por exemplo: pH ácido, metais pesados e amônia, sobre sua fisiologia reprodutiva, com ênfase ao eixo endócrino: hipotálamo-hipófise-gônadas, desenvolvimento oocitário, embrionário, e a relação com os mecanismos hepáticos, como por exemplo: vitelogênese e esteroidogênese (vitelogenina e estradiol). Serão abordadas também peculiaridades metabólicas, com relevância a proteínas e lipídios, bem como, aspectos bioquímicos ligados principalmente a ação da enzima aromatase P450. Haverá discussão sobre a ação dos poluentes acima mencionados sobre a respiração de peixes, abordando seus efeitos sobre as brânquias e osmorregulação. Será também apresentado um modelo fisiológico e biofísico no monitoramento de poluentes, através do estudo do campo elétrico de peixes elétricos. Fig.1: O estudo do campo elétrico produzido por espécies de peixes elétricos é utilizado na detecção de alterações no campo elétrico da água causado por poluentes. 103 
Referências Bibliográficas:
 Garrey, W. E. (1995) The resistance of fresh water fishes to changes of osmotic pressure and chemical conditions. Am. J. Physiol, 39: 313-329. Heath, A. G. (1995) Water pollution and fish physiology. Boca Raton; CRC Press, 359. Hwang, U. G.; Kagawa, N. (2000) Aluminium and cadmium inhibitor vitellogenin and its mRNA induction by stradiol-17 B in the primary culture of hepatocytes in the rainbow trout Oncorhynchus mykiss. General and Comparative Endocrinology, 119: 69-76. Kime, D. E. (1995) The effects of pollution on reproduction in fish. Fish Biology and Fisheries, 5: 52-96. Menezes, N. A. Padrões de distribuição da biodiversidade da Mata- Atlântica do Sul e Sudeste brasileiro: Peixes de água doce. São Paulo. Museu de Zoologia, USP, 1999. Mount, D. R.; Hockett, J. R.; Gern, W. A. (1988) Effect of long – term exposure to acid, aluminum, and low calcium on adult brook trout (Salvelinus fontinalis). Vitelogenesis and ormoregulation. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 45: 1633-1642. Mucci, J. L. N.; Damato, M.; Malagrino, W.; Rocha, A. A. (1987) Estudos comparativos da ação tóxica de efluentes da indústria petroquímica sobre Poecilia reticulata e Poecilia vivípara. Revista DAEE, 47: 150 –275. Mugiya, Y.; Tanahashi, A. (1998) Inhibitory effects of aluminium on vitellogenin induction by estradiol-17β in the primary culture of hepatocytes in the rainbow trout Oncorhynchus mykiss. General and Comparative Endocrinology, 109: 37-43. Sumpter, J. P. Endocrine disrupting chemicals in the aquatic environment. In Proceedings of the 6th International Simposyum on Reproductive Physiology of Fish, Institute of Marine Research and University of Bergen, 349-355 p, 1999. Tam, T. H, L.; Birkett, R.; Makaran, P. D.; Payson, Whitney, P. D.; Yu, C. K. C. (1987) Modification of Carbohydrate Metabolism and Liver Vitellogenic Function in Brook Trout (Salvelinus fontinalis) by Exposure to low pH. Canadian Journal of Fisheries and Aquaculture, 44: 630-635 Tam, W. H.; Zhang, X. (1996) The development and maturation of vitellogenic oocytes, plasma steroid hormone levels, and gonadotrope activities in acid-stressed brook trout (Salvenilus fontinalis). Canadian Journal of Zoology, 74: 587-593 Vuorinen, P. J.; Keinanen, M.; Seppo, P.; Tigerstedt, C. (2002) Reproduction, blood and plasma parameters and gill histology of vendace (Coregonus albula L.) in long – term exposure to acidity and aluminium. Ecotoxicology and Environmental Safety. 54: 255-276. Vuorinen, P. J.; Vuorinen, M. (1991) Effects of long – term prespawning acid/aluminium exposure on whitefish (Coregonus wartmanni) reproduction and blood and plasma parameters. Finish Fisheries Research, 12: 125-133.

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