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Psicomotricidade

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Faculdade UNINASSAU Belém
CURSO DE PEDAGOGIA
PSICOMOTRIDADE
 
 
PSICOMOTRICIDADE
PROFª ANDRÉIA LUCIANA RIBEIRO DE FREITAS
 
“O corpo, nosso e dos outros esta em constante dialogo com o universo. Falar com corpo é diferente de falar do corpo não é possível relatar com palavras o que se deve vivenciar através de um processo conscientemente motriz” (Freitas, 2009).
Montes Claros – MG
Julho – 2014
 
1 Introdução
A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo o estudo do homem, através do seu movimento e como ele se relaciona com mundo. O corpo na Psicomotricidade é analisado pelos aspectos: neurofisiológicos, anatômicos, locomotores; e como os mesmos se interagem no tempo e no espaço. A Psicomotricidade leva em consideração a relação do HOMEM e do seu MOVIMENTO, ultrapassando a visão puramente motriz para analisar aspectos cognitivos e sócios afetivos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP, 1999): A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo de estudo a interação do homem com seu corpo em movimento e a relação entre mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o meio (pessoas), com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, cujo corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
 
O movimento psicomotor está carregado de intenção, pois é resultado de uma ação planejada (psico) voltada a um fim determinado (motriz). Sendo assim por meio da ação motora se estabelece o equilíbrio entre a organização motora, cognitiva e sócio-afetiva do ser, dando-lhe a possibilidade de encontrar seu espaço no meio ambiente que está inserido. A estimulação é um fator importante para a inclusão do individuo no seu meio, pois, leva o individuo a manipular, apropriar-se do meio, possibilitando experimentações concretas e significativas para a construção de uma base sólida para edificação do sujeito.
 
Segundo alguns estudiosos dentre eles Barreto (1997), a Psicomotricidade é uma área de conhecimento que esta dentro da ciência da Motricidade Humana e se divide em: Educação Psicomotora, Reeducação Psicomotora e Terapia Psicomotora.
 
Podem-se distinguir dois tipos de intervenção em Psicomotricidade: a terapêutica e a educativa. No primeiro âmbito, encontra-se a reeducação psicomotora, a terapia psicomotora e a clínica psicomotora. No segundo, fala-se em Educação Psicomotora, a qual tem um caráter eminentemente preventivo, facilitador de desenvolvimento do sujeito em geral aplicado às crianças em situação escolar. Busca trabalhar a criança e o grupo em movimento através da ação espontânea ou organização a priori. Beneficia-se a interação de si em relação com o outro e o meio em geral (CARVALHO, 2003: 84).
 
Educação Psicomotora
 
Apresenta-se sob um aspecto pedagógico e sua prática ocorre sobre tudo nas instituições educativas onde através da utilização do movimento humano procura-se desenvolver o individuo como um todo. Segundo BARRETO (1998:12) a Educação Psicomotora é, pois, a educação da criança através de seu corpo e de seu movimento, levando em consideração a idade, a cultura corporal, a maturação e os interesses da criança.
 
Reeducação Psicomotora
 
Insere-se numa estratégia de ajuda onde, através de jogos e exercícios psicomotores, procura corrigir as alterações existentes no desenvolvimento psicomotor, tais como: dispraxias, distúrbios da postura, equilíbrio, coordenação, debilidade motora, etc. Um de seus maiores objetivos e permitir que a criança ou adulto expresse, através de seu corpo, de uma forma harmônica e econômica movimentos e ações, “utilizando a motricidade individual como um instrumento de trabalho e a expansão pessoal como objetivo final” (GUILLARME, 1983:153).
 
Terapia Psicomotora
 
Refere-se particularmente a todos os casos problemas nos quais a dimensão afetiva ou relacional parece dominante na instalação inicial do transtorno (LÊ BOULCH, 1982:13). Na terapia psicomotora, a criança revive situações passadas, experimenta emoções, coloca todo seu contexto relacional e afetivo através dos jogos regressivos no corpo com terapeuta, por meio de atividades lúdicas diversas e jogos simbólicos (BARRETO, 1982).
 
1.2. Vocabulário Básico
Para começarmos a conhecer e discutir acerca do universo da Psicomotricidade é necessário esclarecer alguns termos básicos desta área de conhecimento.
Atitude = é o que se refere aos reflexos com certa intencionalidade, destinados a retornar as posturas habituais ou posição da espécie.
Cinestesia = capacidade do individuo de avaliar, sem controle visual, a direção e a velocidade do movimento, bem como, a posição das extremidades do corpo. A cinestesia está diretamente ligada a propriocepção, permitindo ao individuo perceber os movimentos musculares, peso e posição dos membros.
Consciência = estado de vigília que permiti o reconhecimento de si próprio e do ambiente que o cerca.
Crescimento = fenômeno biológico caracterizado pelo aumento do número e tamanho das células do organismo.
Desenvolvimento = representa a aquisição de funções cada vez mais complexas.
Dispraxias = distúrbios da capacidade de coordenar os movimentos; discordância entre o ato desejado e o realizado.
Filogênese = ciência que estuda a evolução das espécies.
Habilidade Motora = capacidade motora do organismo humano, expressada pela qualidade do movimento executado, em um plano perceptivo (organização espacial e temporal), manipulativo (motricidade fina), projetivo (esquema corporal), neuromotor (coordenação e equilíbrio).
Maturidade = refere-se ao nível de desenvolvimento que em um dado momento alcança um órgão ou sistema no individuo em crescimento.
Motricidade = é a capacidade de gerar movimento.
Movimento = é toda ação que permite um deslocamento no espaço de um lugar para outro e os efeitos que dele resultam.
Ontogênese = ciência que estuda a evolução das espécies.
Paratonia = perturbação da contração muscular na qual o músculo fica em estado de hipertonia em vez de relaxar voluntariamente.
Percepção = processo mediante o qual se toma consciência do mundo exterior; é a capacidade de adquirir conhecimento sobre o meio (pessoas ou objetos), através da interpretação de informações oriundas dos órgãos de sentido.
Posição = é a postura habitual da espécie para uma idade determinada, fixada por interação e aprendizagem.
Postura = é a atividade reflexa do corpo em relação ao espaço;
Praxia = movimentos coordenados com fins objetivos; atos complexos adaptados á um principio de aprendizagem voluntária até que as sequências se automatizem (atar um nó, abotoar uma camisa, etc).
Propriocepção = é a capacidade de perceber a posição das extremidades do corpo no espaço e a de detectar a força dos movimentos e a resistência que se opõe a eles.
Proprioceptores = receptores sensoriais localizados nos músculos, tendões, articulações, e no ouvido interno que proporcionam a informação sobre o movimento e a posição do corpo e suas partes.
Psicomotricidade = interação das diversas funções neurológicas, motrizes e psíquicas. É essencialmente, a educação do movimento, ou por meio do movimento, que provoca uma melhora na utilização das capacidades físicas, cognitivas e psíquicas.
Psicomotricidade Funcional = toma como referência o perfil psicomotriz da criança que é avaliada partindo de testes padronizados e utilizando-se de métodos diretivos, não deixando espaço para a exteriorização da expressão corporal. Prioriza gestos técnicos e exercícios analíticos como ferramenta pedagógica para fazer com que a criança adquira certas competências motrizes.
Psicomotricidade Relacional = abordagem psicossomática, que leva em consideração como o individuo estabelece suas relações interpessoais através da sua corporeidade, atuando na melhora da qualidade do movimento e consequentemente na melhora das relações sociais e afetivas do individuo.
Psicossomática = processo de transações entre os sistemas somático, psíquicos, sociais e culturais que interagem como um todo.Sensação = sentir = sentidos = reflexos das diferentes qualidades e propriedades dos objetos ou agentes da natureza. Impressão causada num órgão de sentido por um estímulo.
Sincinesia = perturbação da execução de um gesto voluntário acompanhada da execução de outros gestos não controlados pelo sujeito.
Sinestesia = Sinestésica = provocação por um estímulo de uma determinada sensação; associação imediata e espontânea entre estímulos e sensações distintas.
A sinestesia é um fenômeno psicológico, no qual um estímulo em determinado órgão de sentido provoca a resposta/sensação em outro (um cheiro que estimula as papilas gustativas, um som que estimula reflexos visuais).
Somatognosia = somato/corpo + gnosia/conhecimento = é a tomada de consciência do corpo na sua totalidade e respectivas partes, intimamente ligadas e interligadas com a evolução dos movimentos, ou seja, é a consciência corporal através da vivencia e convivência diária.
 
2. Origem, histórico e desenvolvimento do conhecimento na Psicomotricidade.
O termo Psicomotricidade surge no discurso médico, mais precisamente na área neurológica onde no inicio do séc. XIX surgiu à necessidade de nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras, com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia houve a diferenciação entre disfunções graves e disfunções sem lesões cerebrais. São descobertos distúrbios de atividade gestual e da atividade práxica que não poderiam ser explicadas como patologias neurológicas, partindo desta necessidade médica de explicar certos fenômenos clínicos que surge a psicomotricidade no ano de 1870.
 
Temos vários estudiosos que contribuíram na construção e desenvolvimento dos conhecimentos em psicomotricidade entre eles: Vygotsky, Dupré neuropsiquiatra, Henry Wallon (médico e psicólogo), Edouard Guilmain (neurologista), Julian Ajuriaguerra (psiquiatra), Aleksandr Luria (psicólogo), etc. Para nosso estudo consideraremos o trabalho de quatro deles: Aleksandr Luria (1981), Henry Wallon(1986), Julian Ajuriaguerra (1983), Vitor Fonseca (1988).
 
Luria foi pioneiro no estudo da neuropsicologia, contemporâneo e seguidor do trabalho de Vygotsky. Estudou o mecanismo do cérebro e seus sistemas funcionais, para Luria um comportamento ou conduta é resultado da coordenação de áreas em interação no cérebro. Para melhor entendimento Luria dividiu o funcionamento cerebral em sistemas ou unidade funcionais, cada unidade desempenha função especifica na realização de ações.
 
Primeira unidade funcional de Luria: ATENÇÃO. Esta unidade controla a entrada de estímulos do exterior para o interior, controla as funções de sobrevivência, vigilância tônico-postural.
 
Segunda unidade funcional de Luria: CODIFICAÇÃO. Está unidade controla o desenvolvimento das noções do corpo e sua parte.
 
Terceira unidade funcional de Luria: PLANIFICAÇÃO. Está unidade controla a saída, ou seja, a resposta do corpo a estímulos do meio representa o nível mais elaborado de desenvolvimento, pois é a realização, concretização, execução das ordens cerebrais em forma de movimento.
 
Para Wallon (1970) o movimento tem um significado de relação e de interação afetiva com o mundo exterior. No trabalho de Wallon o mais relevante para o nosso estudo da psicomotricidade é o entendimento das fases do corpo vivido, do corpo percebido e do corpo representado.
 
No trabalho de Ajuriaguerra vasto estudo sobre somatognosia, que é entendida por ele como sendo a tomada de consciência do corpo na sua totalidade e respectivas partes, intimamente ligadas e inter-relacionadas com a evolução dos movimentos intencionais, isto é, a tomada de consciência do corpo como realidade vivida e convivida.
Ajuriguerra propôs uma organização psicomotora relacionada com as unidades funcionais de Luria:
 
Organização do alicerce psicomotor: Que corresponde ao nascimento e a utilização da atividade reflexa. Esta fase tem como principal função a aquisição do sistema postural na qual todas as competências mais complexas irão se apoiar.
 
Organização do plano motor: Esta fase subtende um corpo com uma totalidade de dados vividos, experenciados, corporalizados, permitindo a criança uma projeção perceptiva do mundo, isto é, promovendo uma integração do espaço, do tempo, do outro e do eu, para imersão no universo simbólico.
 
Automatização (das aquisições): Possibilitada pela interiorização de todas as aquisições práxicas anteriores, que se reorganizam diante das necessidades adaptativas, levando a criança a novas aquisições.
 
Em seu trabalho Fonseca (2003, 2008) pontuou para cada unidade funcional de Luria algumas bases ou elementos psicomotores que são adquiridos a cada fase do desenvolvimento infantil de 0 a 7 anos.
Para a 1ª unidade funcional de Luria, Fonseca coloca o desenvolvimento da tonicidade/tônus e equilibração/equilíbrio estático-dinâmico.
Para a 2ª unidade funcional de Luria, Fonseca coloca o desenvolvimento e funcionamento dos seguintes elementos psicomotores: esquema corporal, imagem corporal, lateralização/lateralidade, estrutura espaço-temporal.
Na 3ª funcional de Luria, Fonseca coloca o desenvolvimento e funcionamento dos seguintes elementos psicomotores: Praxia global ou coordenação motora grossa ou coordenação motora global; Praxia distal ou coordenação motora fina.
 
O quadro abaixo aborda a relação entre o sistema funcional de Luria e os estudos de Ajuriguerra, Wallon e Fonseca em relação ao desenvolvimento psicomotor.
 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE 0 A 7 ANOS
Luria 1981 Ajuriagerra 1983 Wallon 1986 Fonseca 1988
1ª Unidade funcional Atenção Organização do Alicerce Motor Corpo Vivido Equilibração e Tonicidade
 
2ª Unidade funcional Codificação Organização do Plano Motor Corpo Percebido Esquema e Imagem corporal Lateralização Estrutura Espaço-Temporal
 
3ª Unidade funcional Planificação Automatização das Aquisições Corpo Representado Praxia Global e Praxia Distal
 
 
3. A Psicomotricidade e sua relação com o ritmo, à percepção e a aprendizagem
3.1 Os Pilares da Psicomotricidade
 
PSICOMOTRICIDADE
Estimulação Psicomotora
Poder Fazer
Sistema reticular
Atenção
Interação com o meio
Querer Fazer
Sistema Límbico
Motivação
Controle das emoções
Saber Fazer
Córtex Cerebral Cognição
Memória
 
APRENDIZAGEM
“O querer fazer”- Sistema Límbico
É a unidade responsável pelas emoções (conjunto de reações frente a uma sensação). As estruturas cerebrais que participam do sistema límbico são: Amigdala, hipocampo, tálamo, hipotálamo e tronco cerebral. O sistema límbico controla as emoções primarias (relacionadas às necessidades imediatas de sobrevivência-fome, sede, medo, raiva, etc); e as emoções secundarias (ligadas a reações mais complexos do individuo como ansiedade, prazer, amor, satisfação).
 
“O poder fazer”- Sistema Reticular
É a unidade responsável pela regulação dos estados de alerta e vigilância – Atenção. A estrutura cerebral do sistema reticular é o tronco cerebral, estrutura mediadora entre os estímulos externos e o meio interno.
 
“O saber fazer”- Córtex Cerebral
O córtex cerebral é responsável por funções mentais complexas e desenvolvidas, como, a linguagem, percepção, cognição, memória e emoções. Nele estão armazenadas as representações simbólicas que permite ao sujeito responder com uma ação as solicitações do meio.
 
Estimulo – representa –processa – integra – Resposta
 
3.2 O Ritmo
O ritmo pode ser conceituado como a ordenação constante e periódica de um ato motor. A palavra ritmo vem do grego rythmós que significa movimentos ondulares, indicando uma alternância regular de força, velocidade e duração que pode ser motora, visual ou auditiva. O ritmo do movimento é uma alternância regular entre a contração e o relaxamento pode ser forte ou fraco, rápido ou lento, acelerado ou retardado, súbito ou hesitante e de durações diferentes (HOLLE, 1990).
O apoio de uma educação rítmica e gestual de base para a criança é de suma importância, pois, as atividades rítmicas possibilitam a estruturação doesquema corporal, da lateralidade, da coordenação motora, etc.
 
3.3 A Percepção
Entendemos por percepção a relação que o individuo estabelece consigo mesmo e com o meio em que vive. Perceber é adquirir conhecimento de algo ou alguém pelas informações dos órgãos de sentido. É a capacidade de receber e interpretar os estímulos do mundo exterior e do próprio corpo.
A percepção desenvolve primeiramente ao redor do próprio corpo partindo então para o espaço e tempo, do meio ambiente e depois para o objeto. A percepção se difere da sensação, pois, a sensação nos remete aos sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão) que nos permiti sentir, experimentar algo por meio das impressões/informações causadas aos órgãos de sentido. Podemos definir a sensação como sendo o reflexo das diferentes propriedades e qualidades dos objetos ou agentes da natureza.
A percepção esta intimamente ligada à inteligência, pois, um vocabulário perceptivo rico torna o sujeito mais consciente dos seus atos e do mundo ao seu redor. A inteligência é resultante dialética da experiência motora integrada e interiorizada, isto é, assimilada pelo sistema (organismo). Resultado do diálogo entre desconhecido e o aprendido que será totalizado e incorporado.
 
3.4 Aprendizagem
Entendemos que para haver desenvolvimento no ser humano é necessário alterações na SOMA e na PSIQUE que ocorrerão por meio da aprendizagem. A aprendizagem é a modificação de atitudes e comportamentos; busca de informações; aquisição de habilidades, que irão ocorrer por meio da vivencia, exploração, manipulação, experimentação da criança no seu meio ambiente.
 
No caso das aprendizagens escolares (ler, escrever e somar) a transformação deverá ter apoio em aprendizagens, anteriormente conseguidas e conservadas, a partir das quais a introdução de novos elementos será permitida. Para a leitura a criança terá que vivenciar na prática, ou seja, corporalmente e mentalmente os símbolos (letras e números) para que ocorra a incorporação sensorial e motora dos mesmos.
 
Sendo assim a utilização das ações psicomotoras na educação infantil se justificam, pois, é através das vivencias corporais, rítmicas e lúdicas; que será possível a interação de novos conhecimentos ao sujeito.
 
4 O Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem
Para que possamos entender o desenvolvimento global do individuo é necessário o estudo dos aspectos motores, sensoriais, perceptivos, cognitivos e afetivos presentes na aquisição das competências indispensáveis a aprendizagens escolares e cotidianas.
 
Primeiro vamos relembrar dois princípios do desenvolvimento:
1. Princípio Céfalocaudal, o desenvolvimento ocorre da cabeça para a cauda. Como o cérebro desenvolve-se muito rapidamente antes do nascimento, a cabeça de uma criança é desproporcional ao corpo, diminuindo essa diferença com o passar dos anos.
2. Princípio Próximo-Distal, o crescimento e o desenvolvimento motor ocorrem da linha medial para a distal do corpo, ou seja, do centro para as extremidades.
 
4.1 Aspectos Cognitivos do Desenvolvimento Psicomotor
A inteligência é o conjunto de capacidades mentais subjacentes ao comportamento inteligente – é influenciada tanto pela herança quanto pela experiência. A inteligência permite que as pessoas adquiram, lembrem, e usem o conhecimento, compreendam conceitos e relações, e resolvam problemas da vida cotidiana. Vamos relembrar algumas teorias que explicam a aquisição das capacidades cognitivas.
 
A abordagem behaviorista (comportamentalista) estuda a mecânica básica da aprendizagem. Investiga como o comportamento muda em resposta à experiência.
 
O condicionamento clássico permite que os bebês prevejam um evento antes de ele acontecer, estabelecendo associações entre estímulos (como a câmera e o flash) que regularmente ocorrem juntos. A aprendizagem adquirida por condicionamento clássico desaparece ou se extingue se não for reforçada.
 
No condicionamento operante o aprendiz age ou opera sobre o ambiente. O bebê aprende a dar uma determinada resposta a um estímulo ambiental (sorrindo ao ver os pais) para produzir um determinado efeito (atenção dos pais). Os estudos que utilizam o condicionamento operante têm sido utilizados para testar a memória dos bebês.
 
A abordagem piagetiana observa mudanças ou estágios na qualidade do funcionamento cognitivo. Investiga como a mente estrutura suas atividades e adapta-se ao ambiente.
 
Enquanto o psicometrista mede as diferenças individuais na quantidade de inteligência que crianças (ou adultos) possuem, Piaget observou o modo como o pensamento das crianças desenvolvia-se durante a infância e a adolescência e propôs sequências universais de desenvolvimento cognitivo.
 
1º SENSÓRIO MOTOR: o estágio sensório motor é composto de seis subestágios:
 
No primeiro subestágio (do nascimento até aproximadamente 1 mês), ao exercitarem seus reflexos inatos, os neonatos adquirem certo controle sobre eles. Eles começam a apresentar um determinado comportamento mesmo quando o estímulo que normalmente o provoca não está presente.
 
No segundo subestágio (1 a 4 meses), os bebês aprendem a repetir uma sensação corporal agradável primeiramente obtida por acaso (como, por exemplo, sugar o polegar).
 
O terceiro subestágio (4 a 8 meses) coincide com um novo interesse em manipular objetos e aprender sobre suas propriedades. Ações intencionais repetidas não apenas por seu próprio valor, mas paraobter resultados que vão além do próprio corpo.
 
Quando atingem o quarto subestágio, coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses), os bebês já elaboraram os poucos esquemas corporais com os quais nasceram, engatinham para conseguir algo que querem pegar, ou afastam algo que os atrapalhe. Esse estágio, portanto marca o início do comportamento intencional.
 
No quinto subestágio (12 a 18 meses), os bebês começam a experimentar novos comportamentos para ver o que acontece. Depois que começam a caminhar, podem explorar o ambiente com mais facilidade.
 
O sexto subestágio, associações mentais (em torno dos 18 meses a 2 anos), é uma transição para o estágio pré-operacional da segunda infância. Desenvolve-se a capacidade representacional, isto é, a capacidade de representar mentalmente objetos e ações na memória, principalmente através de símbolos, como palavras, números e imagens mentais.
 
2º PRÉ-OPERACIONAL: (2/3 a 6 anos) uso de símbolos, mundo imaginário, a criança tem sua própria visão da realidade.
 
3º OPERAÇÕES CONCRETAS: (5/6 a 8 anos) regras e estratégias, adição e subtração e qualidades dos objetos.
 
4º OPERAÇÕES FORMAIS: (acima de 12 anos)
A abordagem do processamento de informações se concentra nos processos evolvidos na percepção, aprendizagem, memória e resolução de problemas. Procura descobrir o que às pessoas fazem com as informações antes de utilizá-las.
Muitas pesquisas sobre processamento de informações com bebês baseiam-se na habituação, um tipo de aprendizagem em que a repetida ou contínua exposição a um estímulo (como a réstia de luz) reduz a atenção àquele estímulo. Em outras palavras, a familiaridade gera a falta de interesse. À medida que se habituam, os bebês transformam o novo em familiar, o desconhecido em conhecido (Rheingold, 1985). Um novo som ou uma nova imagem, contudo, pode despertar a atenção do bebê, fazendo com que ele volte a parar de mamar. Este aumento do interesse em um novo estímulo é chamado desabituação.
 
A abordagem da neurociência cognitiva examina o hardware do sistema nervoso central. Ela procura identificar que estruturas cerebrais estão envolvidas em aspectos específicos da cognição.
 
A crença de Piaget de que a maturação biológica é um fator importante no desenvolvimento cognitivo era apenas uma suposição. Hoje, a pesquisa em neurociência cognitiva, o estudo das estruturas cerebrais que regem o pensamento e a memória, confirmam essa ideia.
 
A memória explícita é a lembrança consciente ou intencional, geralmente de fatos, nomes, eventos ou outras coisas que as pessoas podem afirmarou declarar. A memória implícita refere-se à recordação de hábitos e habilidades, como arremessar uma bola ou andar de bicicleta. Exames cerebrais fornecem evidência física direta da existência e localização desses sistemas de memória distintos.
 
A abordagem sociocontextual examina os aspectos ambientais do processo de aprendizagem, principalmente o papel dos pais e outros cuidadores.
 
 
 
 
4.2 Aspectos Afetivos do Desenvolvimento Psicomotor
Segundo Papalia e Olds (2006) emoções são reações subjetivas a experiências associadas a variações fisiológicas e comportamentais. As emoções desempenham diversas funções importantes para sobrevivência e o bem-estar humano.
 
Uma destas funções é a de comunicação, que é relevante a sobrevivência dos bebês, pois, os mesmos não desenvolveram a fala e se comunicam através das emoções dependendo da percepção dos adultos para satisfazer suas necessidades básicas. As emoções informam a condição interna do individuo provocando a resposta de outro.
Outra função das emoções e a de orientar e regular os comportamentos como: o medo e a surpresa. Por exemplo: se uma criança tem medo de escuro, ela não entrará sozinha em lugares escuros. Já outras emoções como o interesse e excitação, promovem a exploração do ambiente. As emoções humanas são flexíveis e modificáveis.
 
Funções das emoções:
Comunicação;
Orientar e regular comportamento;
Mobilização para emergências;
Promover exploração do ambiente; (excitação e interesse).
 
4.2.1 Primeiros sinais de Emoção
Chorar o mais poderoso e às vezes o único modo que o bebê tem de comunicar suas necessidades, Quase todos os adultos em qualquer parte do mundo responde ao choro de um bebê. O choro tem padrões distintos para cada necessidade: choro de fome é rítmico; choro de raiva é rítmico, mas, a criança força as cordas vocais com a passagem de ar; choro de dor um choro intenso com gemidos preliminares seguido de contenção da respiração; choro de frustração dois ou três gritos longos sem pausa.
 
Sorrir e Rir os primeiros esboços de sorrisos ocorre de modo espontâneo logo após o nascimento, aparentemente como resultado dos ciclos alternados de excitação e relaxamento na atividade do sistema nervoso subcortical. Nas primeiras semanas de vida o sorriso é uma resposta involuntária do bebê, pois ele não possui maturidade neurológica para controlar o sorriso; já após o 1 mês de vida a criança sorri com mais frequência e de forma mais sociável. No 2º mês o sorriso é em resposta a estímulos visuais como rostos conhecidos. À medida que os bebês crescem riem com mais frequência e com mais consciência do significado do sorriso.
 
 
4.2.2 Desenvolvimento de Outras Emoções
Identificar as emoções de um bebê é um desafio, porque os bebês não podem dizer-nos o que sentem. Contudo nada melhor do que os cuidadores e pais para ajudar os pesquisadores a entender o desenvolvimento emocional infantil.
 
As expressões faciais não são o único, nem necessariamente o melhor, indicador das emoções dos bebês, a atividade motora, a linguagem corporal e as mudanças fisiológicas também são indicadores importantes.
Emoções autoconscientes, como constrangimento, empatia e inveja, surgem somente depois que a criança desenvolve autoconsciência que é a compreensão cognitiva de que ela é um ser em funcionamento, separado do resto do ambiente. Essa consciência surge por volta dos 15 meses onde a criança já é capaz de fazer representações mentais de si mesmo e dos outros, ou seja, possui uma imagem corporal.
 
Emoções de auto-avaliação, por volta dos 3 anos de vida, a criança já obteve um conhecimento razoável sobre regras e padrões de comportamento necessários para convivência social. Assim começa a desenvolver sentimentos como o orgulho, vergonha e culpa a partir desta época a criança começa a avaliar seus pensamentos, planos e comportamentos que se considera socialmente adequados.
 
4.2.3 Temperamento
O temperamento é considerado por muitos como o modo pelo qual o individuo lidar ou reage a outras pessoas ou situações. Ou seja, qual é o comportamento de uma pessoa ao conviver com situações e pessoas diferentes? Quando criança os pesquisadores dividem o temperamento em 3 padrões distintos:
Crianças Fáceis: são crianças felizes, possuem um ritmo biológico regular, sempre disponível para novas experiências.
Crianças Difíceis: são crianças irritadas, possuem um ritmo biológico irregular e tem respostas emocionais intensas.
Crianças de aquecimento lento: são crianças quietas, aparentemente tranquilas, porém, não gostam de novas experiências, preferem à estabilidade do ambiente já conhecido.
 
4.3 Aspectos Motores do Desenvolvimento Psicomotor
Postura: Segundo Quirós (1979) citado por Gonçalves (2010) a postura é definida como a atividade reflexa do corpo em relação ao espaço. A criança pequena antes de estruturar seu equilíbrio, utiliza-se das posturas como única forma de reagir aos estímulos vindos do meio. Quando estas posturas se tornam habituais e apropriadas para a idade, se diz que ela se tornou uma posição. O equilíbrio e a tonicidade formam a organização motora de base para a estruturação da atividade mental superior, levando o ser humano ao desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem.
 
É com base na transformação e modificação da motricidade que a tonicidade e equilíbrio interferem na elaboração dos fatores psicomotores mais complexos como a lateralização, a noção do corpo, a estruturação espaço-temporal e a produção de praxias relacionadas à ativação atividades neurológicas mais avançadas. (FONSECA, 2004, P.75)
 
Podemos afirmar que a partir do momento em que a criança assume a postura bípede, sustentada pelo equilíbrio e pela tonicidade, ela está apta a adquirir competências mais complexas, resultantes das possibilidades de exploração do meio, propiciadas pelo sistema de locomoção.
Gesto: Antes da linguagem, as ações motoras são o que determinam as ações mentais, sendo assim, as crianças gesticulam para exprimir as significações de objetos, situações e ações que ainda não conseguem verbalizar. O gesto precede a representação e sustenta a ação, pois, se caracteriza como as primeiras manifestações do pensamento imitativo e lúdico, que aparecem estruturadas nas experiências sensório-motoras prévias.
 
4.3.1 Marcos do Desenvolvimento Motor
Os bebês primeiramente adquirem habilidades simples e depois combinam estas habilidades em sistemas de ação cada vez mais complexos. No desenvolvimento da ação de agarrar com precisão, o bebê primeiro tenta pegar os objetos com a mão inteira, fechando os dedos sobre a palma da mão (movimento ulnar); posteriormente o bebê aprende o movimento em pinça, no qual as pontas do polegar e do indicador se encontram formando uma pinça torna possível pegar objetos diminutos.
Controle da Cabeça: Ao nascerem os bebês são capazes de virar a cabeça de um lado para outro quando estão deitados de costas; já de bruços é capaz de erguer a cabeça o suficiente para virá-la. No 4ºmês de vida o bebê já manter a cabeça ereta quando alguém o segura ou quando está sentado com apoio.
Controle da Mão: Os neonatos nascem com reflexo de preensão qualquer estimulo os leva a fechar a mão com força. Com 3 meses o bebê consegue segurar objetos médios com facilidade, logo após, no 4º mês o bebê já pega o objeto segura e passa-o para outra mão. Entre o 7º e 11º mês o bebê desenvolve o movimento em pinça adquirindo a coordenação para manipular objetos diminutos.
Locomoção: Aos 3 meses o bebê revira-se com controle, primeiro de bruços para ficar de costa, depois de costas para ficar de bruços. No 5º ou 6º mês consegue ficar sentado sem apoio, no 8ºmês sentar-se sozinho; engatinhar e arrastar, mas, só no 10º mês estes movimentos estarão aperfeiçoados. Os ensaios dos primeiros passos iniciam- se entre o 11º e 12º mês.
 
4.4 Aspectos Sensoriais do Desenvolvimento Psicomotor
Os estímulos sensoriais estão presentes na vida o ser humano antes da sua concepção, pois o feto no útero materno é exposto a uma quantidadeenorme de estímulos que irão compor um repertorio sensorial capacitando o bebê a se adaptar ao meio exterior. Os sentidos são canais condutores de estimulo que podem ser classificados em:
1) Exterioceptivos: Sistema sensorial ativados por informações transmitidas por sistema sensitivo que são estimulados por eventos ocorridos no ambiente circundantes, isto é extra corporalmente.
2) Proprioceptivos: Sistema sensorial que dispões das informações sobre os movimentos corporais ou a posição do corpo.
3) Interioceptivos: Este sistema gerencia as informações emocionais relativas à manutenção do nosso equilíbrio fisiológico do organismo.
Tato: o tato é o sistema sensorial mais maduro, está presente na 32º semana de gestação onde todas as partes do corpo estarão sensíveis ao toque. Durante os 5 primeiros dias de vida o sistema tátil é aprimorado ao novo ambiente fora do útero e tornar-se mais sensível.
Olfato: Os odores desencadeiam processos de atenção seletiva e comparativa, nos remetendo a recordações de situações e experiências passadas. O bebê se utiliza muito dessa comunicação reconhecendo, pelo olfato, a presença de sua mãe e diferenciando-a dos outros. Os sentidos do olfato e paladar começam a desenvolver no útero, as papilas gustativas estão bem desenvolvidas na 20° semana de gestação. O sistema olfativo também, porém, são necessários pelo menos 6 dias fora do útero para aprimorar o olfato. Pesquisadores como Macfarlane (1975) coloca que uma criança de dois dias de vida não é capaz de reconhecer o cheiro do leite materno, no entanto no 6° dia ela não só reconhece como rejeita leite que não seja da própria mãe.
Paladar: As papilas gustativas e sensores gustativos localizados na língua são responsáveis pela transmissão de informações sobre as características e identificação dos gostos (amargo, azedo, salgado e doce) para o cérebro. Para Bartos e Becauchamp (1994) aput Papalia e Olds (2006) certas preferências gustativas são predominantemente inatas, a exemplo da preferência pelos alimentos adocicados que pelos amargos. Provavelmente um mecanismo de sobrevivência, visto que, a maioria das substâncias tóxicas possui gosto amargo.
Audição: A audição representa outro canal importante de aprendizagem, pois é por meio dela que percebemos os sons, principalmente da voz humana, reagindo a ela, discriminando-a. Reconhecemos e conhecemos grande parte do mundo que nos rodeia pela capacidade de ouvir. A audição esta em funcionamento antes do nascimento, prova disto é que um bebê é capaz de reconhecer a voz da mãe e prefere o idioma nativo a outros. Reage diferente a músicas ou historias ouvida no útero do que outras ouvidas pela primeira após o nascimento. A discriminação auditiva se desenvolve rapidamente após o nascimento no terceiro dia de vida a criança já diferencia a voz dos pais ou cuidadores de vozes de estranhos.
Visão: A visão é o sentido menos desenvolvido no nascimento, pois, as estruturas do retinianas estão incompletas e o nervo ótico não está totalmente desenvolvido. Aproximadamente no 2° mês o bebê já sabe distinguir as cores: verde e vermelho; no3°mês já podem distinguir o azul do amarelo. No 4° mês a criança já sabe identificar: o vermelho, o verde e o amarelo. A visão binocular, ou seja, a utilização dos dois olhos para focalizar, o que permiti a percepção de profundidade e distância geralmente só está amadurecida após o 5° mês de vida. Inicialmente, a criança explora o objeto com a mão e mais tarde, com a visão; com a maturação cerebral e o ajuste da visão binocular, a informação visual será controlada e categorizada com a informação motora. A visão participa na organização funcional dos seguintes subsistemas de aprendizagem: antigravitacional (postura e vestibular), corporal (lateralização e direcionalidade), somatognósia (conhecimento e identificação de si mesmo) e lingüístico (representação mental).
 
4.5 Aspectos Perceptivos do Desenvolvimento Psicomotor
Estudos indicam que a percepção dos bebês é intermodal, pois, ele utiliza mais de uma modalidade sensorial para aquisições perceptivas.
Luria, 1980; Fonseca, 2008, colocam que as sensações entram no organismo por meio dos órgãos sensoriais chegam à medula e ao tálamo passando pelos centros corticais, a sensação é transformada, sucessivamente em percepção, imagem, simbolização e conceptualização.
Percepção Visual: representa o primeiro degrau das funções cognitivas, pois garante a representação mental, que permite ao individuo reconhecer a distância, dimensões do objeto.
Coordenação visomotora: capacidade de coordenar a visão com a produção de respostas grafomotoras, como no desenho, na cópia ou na escrita.
Figura de fundo: capacidade que permite distinguir uma figura em especial dentro de um fundo repleto de outras informações.
Constância de forma: capacidade de reconhecer e identificar qualquer figura ou forma, independentemente do seu tamanho, orientação ou posição.
Posição no espaço: habilidade em reconhecer e perceber qualquer forma, em qualquer posição no espaço. É a capacidade adquirida com a consciência da lateralização do espaço corporal.
Relações espaciais ou direcionalidade: capacidade em reconhecer e detectar a posição de dados espaciais como frente/ atrás, embaixo/em cima, ao lado de, entre o, em objetos, figuras, pontos, letras e números entre si, em sua relação com o individuo.
Percepção Auditiva: é a capacidade que o individuo tem de diferenciar sons e demonstrar preferências, utilizando-os nas suas explorações e experiências. Entre as competências auditivas podemos citar:
A capacidade de atender ordens verbais ajustando-as a situação e respondendo-as de forma motora ou não;
Integrar, memorizar e reproduzir ritmos, traduzindo música em movimentos;
Diferenciar os sons dos instrumentos, retendo e integrando sons timbres e volumes.
Muda as expressões motoras de acordo com o som.
Percepção Tátil-cinestésica: é entendida como o meio pelo qual o individuo projeta,registra, analisa, armazena e integra no cérebro as informações captadas pelos receptores táteis e cinestésicos, por meio da manipulação experimentação do movimento no espaço ao redor de si mesmo e si próprio. A estimulação tátil-cinestésica pode facilitar capacidades como:
Memorização de movimentos e autoconhecimento;
Atitude postural relativo ao estado emocional;
Manipulação de objetos com destreza, avaliando as tensões utilizadas na ação e resolvendo os problemas propostos pelo ambiente com respostas corporais eficazes.
Percepção da Fala: trata-se aqui, de uma aquisição que se realiza na relação com a língua falada no meio familiar. Demonstrando assim mais uma vez que, a criança, a partir de algumas competências perceptivas ligadas a sua genética, pode adquirir outras que lhes são necessárias para sua interação com o meio, no qual uma determinada língua é falada.
 
4.6 Etapas do Desenvolvimento Psicomotor
1º Estágio impulsivo (recém–nascido até aproximadamente os 6 meses):
A atividade do individuo está totalmente monopolizada pelas necessidades vegetativas primarias, ou seja, necessidades de sobrevivência, respiração, alimentação, eliminação, sono, afeto e segurança. Os movimentos e reflexos são descargas musculares e tônicas representadas por espasmos descoordenados, “às vezes” demonstram certo desejo, porém falta ao individuo amadurecimento neurológico e muscular para execução.
“Como o recém-nascido é incapaz de autonomamente prover as suas necessidades de sobrevivência e de segurança mais elementares, o meio social envolvente terá de interpretar e dar significado a seus sinais, ao mesmo tempo em que terá de produzir respostas motoras relacionais que os satisfaçam.”(FONSECA, 2008, p.22)
 
A relação criança-meio (cuidadores e objetos) promove um repertorio tônico afetivo de respostas motoras que irão ajudar em aquisições de habilidades futuras. Os movimentos de afeto se colocam de forma recíproca, alcançando um relevante significado relacional.
 
2º Estágio tônico-emocional (dos 6 aos 12 meses):
A partir da descoordenação e inquietaçãomotora dos bebês surgem novas aquisições de movimento que apesar de confusos apresentam algum grau de objetivo, “para alcançar algo” e “realizar algo”. Comunicam-se através de gestos ou mímicas, ainda não verbal procurando através do seu movimento e atitudes corporais se fazer integrante do mundo. A criança parte de uma posição deitada para a sentada, registrando os movimentos de equilíbrio, de ações de compensação gravitacional e tátil-cinestesicas desta postura para em seguida adotar a postura quadrúpede e começar a engatinhar. Assim está iniciada a fase mais fascinante e curiosa para este individuo que passa a ser senhor de seus espaços, explorar se torna uma aventura. Graças ao contato com outros indivíduos as crianças começam a diversificar, tornar mais precisos e intencionais os seus movimentos.
 
3º Estágio sensório-motor (dos 12 aos 24 meses):
Nesta fase a criança atinge certa maturidade na organização de suas sensações, ações e emoções deixando de lado a impulsividade e dependência das fases anteriores. A criança já tem uma noção da sua existência como individuo que agora pode manipular e explorar o mundo tanto no aspecto motor como psíquico. O individuo é capaz de: locomover-se, libertação das mãos, reconhece e nomeia parte simples do corpo; preensão diferenciada, corre com dificuldade, empilha blocos grandes, manuseia a colher ao comer e inicio do controle do esfíncter.
 
4º Estágio projetivo (dos 2 aos 3 anos):
Nesta fase a criança começa a imitar o adulto em ações como atos dehigiene, vestir e despir, ações posturais e imagens mentais contextualizadas. A imitação não é o mesmo que a representação; a representação é atemporal, autônoma e definitiva. A criança cria uma linha recíproca na construção da sua linguagem, o pensamento e a ação motriz. A criança nesta fase é capaz de: caminhar com autonomia, corre com maior equilíbrio, tem condutas de higiene elementares adquiridas; sobe escada usando um pé por degrau, pula com dois pés juntos e consegue ficar em equilíbrio; equilibra com pé só. No aspecto sócio-cognitivo: interessa-se pelo outro, brinca com outras crianças, nomeia imagens, reconhece seu reflexo no espelho e em fotos; realiza atividades lúdicas e compreende instruções e direções, etc.
 
5º Estágio personalístico (dos 3 aos 6 anos):
Estágio voltado para a pessoa, “enriquecimento do eu”, e principalmente para a construção da personalidade, em que a consciência corporal adquirida ao longo de estágios anteriores e a aquisição da linguagem se tornam componentes principais e integrados de desenvolvimento. A criança transforma o espaço ao seu redor em fantasia, explora cria e transforma. Nesta fase o individuo é capaz de: controle automático da postura; dominância lateral; corre e salta com os 2 pés; usa corretamente a colher; sobe escada com facilidade; pedala; calça-se; manipulação construtiva; recorta com tesoura; aperfeiçoamento da coordenação global; etc. No aspecto sócio-cognitivo podemos destacar: o grande interesse pelo outro principalmente do mesmo sexo, função simbólica ativa (dramatiza e cria situações), estrutura temporal e espacial de acontecimentos, fala sem articulação infantil, condutas sociais, joga cooperativamente, enriquecimento de vocabulário, faz perguntas mais elaboradas, primeiros sinais de amizade, etc.
 
6º Estágio categorial (dos 6 aos 11 anos):
Ocorre a ampliação da capacidade de analisar, sintetizar, generalizar e comparar fatos. O centro das atenções da criança volta-se para os ganhos intelectuais, para aquisição de conhecimentos e para conquistar o mundo externo. Para a criança, os exercícios de exploração mental do mundo físico, mediante as atividades de agrupamento, seriação e classificação, são os mais relevantes. É por isso que Wallon (2005) denominou está etapa da vida humana de categorial. Nesta fase é capaz de: manipula, modela e cria objetos e estruturas; joga cooperativamente e com regras; grafismo, aperfeiçoamento da motricidade fina, situa-se no tempo e espaço, somatognosia (conhecimento de si próprio), etc. Já no aspecto sócio-cognitivo é capaz de: representação dos símbolos gráficos, domina a estrutura lógica da linguagem, conservação de massa e números; utiliza e cria conceitos; desenha a figura humana com detalhes, imita modelos do mesmo sexo, possui condutas sociais adquiridas,etc.
 
7º Estágio da puberdade e da adolescência (11 anos em diante):
Com achegada da puberdade, a tranquilidade afetiva é rompida, ocorrendo uma nova busca por definições pessoais. O púbere sente-se desestruturado devido às mudanças corporais resultantes das ações dos hormônios sexuais. (LOPES ,2010).
A crise se instala nesta fase o foco são as questões pessoais, morais e existenciais. O principal referencial é o grupo de amigos onde se faz, pensa e gosta. As reações emocionais são exageradas, o desejo de independência, de conquista, de surpreender, causa ansiedade e angustia a este individuo. Os grupos são geradores de estabilidade, conforto, ou seja, “eu não estou sozinho”. As atitudes corporais e motoras remetem a este estado de mudança e conflito, o individuo está estabelecendo uma identidade.
 
5 Elementos Psicomotores e Condutas Psicomotoras
5.1 Elementos Psicomotores
Imagem corporal: é a representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio corpo, formada a partir do momento em que este corpo começa a ser desejado, sentido, tocado; é o conceito mental do nosso corpo. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do espelho que começa aos 6 meses de idade quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o quê se vê é o reflexo do seu corpo.
Esquema corporal: é o saber pré-consciente a respeito do seu próprio corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaço, objetos e pessoas que o rodeiam. 
Evolução do Esquema Corporal
Fase do corpo vivido (0 aos 3 anos): Reflexos inatos. Aos poucos as ações motoras se tornam intencionais assim como as afetivas e sociais.
Fase do corpo percebido (3 aos 7 anos): Aparece a função de interiorização das características corporais e atividades simbolicas.
Fase do corpo representado ( 7 aos 12 anos): Consolidação do esquema corporal; representação mental de sequências de movimento e controle do corpo e dos gestos.
As informações proprioceptivas ou cinestésicas são responsáveis pela construção deste saber acerca do corpo, e à medida que o corpo cresce acontecem modificações e ajustes no esquema corporal.
Coordenação Motora: A coordenação motora deve ser centrada na harmonia do movimento, buscando o melhor desempenho na ação conjunta entre os músculos, nervos e sentidos. A coordenação motora tornar-se eficiente a partir dos 6 ou 7 anos de idade. Ela está intimamente ligada ao desenvolvimento do equilíbrio.
 
Tipos de Coordenação Motora:
Coordenação motora global ou motricidade ampla: é a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos.
“A relevância da motricidade ampla está na realização de movimentos harmônicos e econômicos utilizando todo o corpo” (ROSA NETO, 2002).
 
Coordenação motora fina ou motricidade fina: é a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando os pequenos grupos musculares principalmente a coordenação visio-manual a qual é responsável pelos atos de pegar, lançar, escrever e recortar.
Organização espaço – temporal: é a capacidade de orientar-se adequadamente no espaço e no tempo.
Organização espacial: capacidade de vincular o esquema corporal as percepções dimensões espaciais (perto/longe, ao lado de, dentro/fora, em cima de, acima de, abaixo de).
Organização temporal: é a capacidade de compreender e utilizar os dados relacionados ao tempo (antes/depois/agora, hoje/ontem/amanhã, rápido/lento).
Ritmo: é a ordenação constante e periódica de um ato motor, habilidade de manter de forma estável a força, a velocidade e a duração de uma ação seja ela motora visual ou auditiva. Para ter ritmo é preciso ter organização espacial e temporal.
Tônus: é a tensãofisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento.
Equilíbrio: é a capacidade de manter–se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo utilizando uma combinação adequada de ações musculares, parado ou em movimento. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico, devemos entender que o equilíbrio está ligado a questões emocionais, afetivas e psicológicas. Alterações de humor como: ansiedade, insegurança, depressão e insatisfação influenciam no desenvolvimento e desempenho do equilíbrio geral.
Lateralidade: é a capacidade de vivenciar os movimentos utilizando-se, para isso, os dois lados do corpo, ora direito, ora esquerdo. Existem muitas divergências quanto a conceito de lateralidade.
“O corpo está caracterizado pela presença de partes simétricas com funções funcionais assimétricas” (ROSA NETO, 2002; FREITAS, 2009).
 
Classificação da lateralidade pela forma de utilização do corpo em movimento:
Dominância lateral/hemisférica: “Preferência lateral na ação” o individuo executa o movimento com maior habilidade utilizando um determinado lado do corpo, pode ser pelo o lado direito ou esquerdo do corpo, sensorial ou neurológica (olho, ouvido, mão, pé e hemisfério cerebral).
Lateralidade cruzada: é quando ocorre a discordância na dominância lateral, em pelo menos um dos órgãos/membros.
Lateralidade indefinida: Preferência lateral não definida, isto é, quando o individuo executa suas atividades diárias utilizando ambas as mãos ou ambos os pés sem definir preferência por nenhum dos lados.
Direcionalidade: é a percepção do espaço fora do corpo envolvendo o conhecimento das direções.
Lateralidade contrariada: indivíduos canhotos que foram obrigados a mudar o lado dominante.
 
5.2 Condutas Psicomotoras
Muitos autores dividem os elementos psicomotores também chamados de condutas em três grupos:
1. Condutas psicomotoras de base:
São as formas mais elementares de movimento que correspondem as necessidades vitais.
1) Respiração: ao iniciar qualquer trabalho corporal é importante realizar exercícios respiratorio, priorizando a respiração do diafragmatica pois melhora o equilibrio a concentração, a atenção, o diálogo tônico e diminui a ansiedade.
2) Relaxamento: é o fenomeno neuromuscular resultante da redução da tensão da musculatura esqueletica.O relaxamento está relacionado ao controle do tônus, uma hipertonia (excesso de tônus muscular), hipotonia (ausencia ou redução do tônus muscular), em qualquer movimento ou ação realizada pelo corpo a tonicidade está presente, por isso o controle tônus pelo relaxamento e contração é relevante ao desenvolvimento das capacidades psicomotoras.
3) Coordenação Motora Global;
4) Coordenação Motora Fina.
 
2. Condutas Psicomotoras Neuromotoras: São assim determinadas pois dependem da condição neurológica e do desenvolvimento motor do individuo.
1) Esquema Corporal;
2) Lateralidade.
3. Condutas Psicomotora Perceptomotoras: São assim determinadas pois dependem da compreensão e interpretação de estimulos, características dos seres, objetos e meio ambiente.
1) Ritmo;
2) Orientação Temporal;
3) Orientação Espacial.
 
6. Transtornos Psicomotores
São distúrbios manifestados no corpo sem nenhuma relação com alterações neurológicas ou orgânicas aparentes. Nestes transtornos o esquema e a imagem corporal bem, como o tônus muscular aparecem comprometidos, impedindo que a criança tenha domínio de seu próprio corpo. Assim, ela apresentará dificuldades nos elementos psicomotores podendo resultar em dificuldade de aprendizagem, leitura, escrita, fala e linguagem. Fazem parte dos transtornos psicomotores os transtornos de aprendizagem que se subdividem em transtornos da fala, transtorno da linguagem, transtorno da escrita e da leitura. Os principais transtornos psicomotores são: Instabilidade psicomotora – neste transtorno a criança não consegue começar e terminar a brincadeira e é assim com todas as suas produções corporais. Há uma dificuldade em inibir seus movimentos, provocando ações explosivas e agressivas. São crianças agitadas, ansiosas e inquietas, pois possuem uma grande necessidade de movimentar-se. Encaixam-se nos diagnósticos de hiperatividade, precisando, em alguns casos com perturbações severas no sono e na atenção, de medicamentos como anfetaminas e psicotônicos. As crianças com este transtorno podem ter uma grande tensão muscular e paratonias severas caracterizando uma instabilidade tensional. Ou serem hipotônicas, elásticas e bastante flexíveis, o que chamamos de estado de deiscência. Em ambos os casos, a causa do transtorno é a falta de limite, a ausência de corte simbólico. Inibição psicomotora – neste transtorno a criança não usa seu corpo para relacionar-se com o mundo ou com os outros. É o oposto da instabilidade, pois também há uma falta de limite, mas esta falta barra o agir da criança. Ela mostra-se então sempre cansada, demonstrando pouca expressão facial e corporal. Seu aspecto é de extrema fragilidade e debilidade e é nele que se reconhece e é reconhecida. São crianças “quietinhas demais”. Segundo Levin, “a criança inibida, diferentemente da instável, possui outra estratégia para não se separar do Outro, ser o ‘objeto bom’ de seus pais, os quais usam expressar-se do seguinte modo: ‘É como se não estivesse’, ‘Nem dá para ouvir’, ‘Não briga com ninguém’, ‘Passa inadvertidamente”.
Debilidade - é caracterizada pela presença de paratonias e sincinesias. A paratonia é a persistência de uma rigidez muscular caracterizada por uma inadequada incontinência das reações tônicas. Pode aparecer nos quatro membros ou apenas em um dos. Há uma instabilidade na posição estática ou quando a criança caminha ou corre devido à rigidez. A sincinesia é caracterizada pela ação de músculos que não atuam em determinado movimento. Um exemplo desta situação é a criança fechar também a mão esquerda quando pega um objeto com a mão direita. Isto a impede de realizar atos coordenados e com ritmo devido a sua descontinuidade nos gestos e imprecisão dos movimentos. Podem aparecer ainda outros sintomas como tremores na língua, lábios, pálpebras e dedos quando estes são solicitados para a execução de um determinado movimento. A afetividade e a intelectualidade também podem estar comprometidas. A criança geralmente demonstra certa apatia e tem sonolência maior que as outras crianças. Mantém por muitos anos a enurese noturna, e, às vezes, a diurna, podendo apresentar também a encoprese (distúrbio de evacuação). A linguagem é atrasada e a atenção, prejudicada.
Dispraxia – dificuldade de associar movimentos para realizar uma tarefa. Há um transtorno espacial (dificuldade de lateralizar, de nomear objetos, espelhamento de letras, assimetria nos movimentos – todos estes aparecendo persistentemente). Há também um fracasso nos jogos. Há um desvio no desenvolvimento cognitivo no que diz respeito à distinção de aspectos figurativos, o que impede que a criança atinja a fase de operações concretas. Há uma perturbação do esquema corporal. Quando a dispraxia é no olhar, além das perturbações perceptivas, há dificuldades posturais e de equilíbrio.
 
6.1Transtornos da aprendizagem:
São obstáculos que apresentam algumas crianças na aquisição de aprendizagem especifica. Tais dificuldades podem se apresentar no nível de atenção, do pensamento, da palavra, da leitura, da escrita ou do cálculo. Podem ser subdividido em Transtorno da fala, transtorno da escrita e da leitura, transtorno da linguagem.
 
Dislexia: É um distúrbio na escrita e na leitura que pode ter vários sintomas e características peculiares, tendo como características básicas a leitura silabada e sem entendimento, troca e confusão de fonemas etc. Para alguns estudiosos os distúrbios descritos abaixo nada mais são que as varias formas de manifestação da dislexia.
 
Disgrafia: Falta de equilíbrio do tônus do braço e punho tornando a escrita cursiva mal desenhada ou incompleta. Erros ortográficos são comuns comosupressões ou substituições de letras, silabas ou números a escrita espelhada também é muito comum.
 
Disortografia: Distúrbio que altera a transposição da leitura para a escrita, principalmente na ordenação das letras e dos fonemas exemplo: confusão de letras p/b, m/n, x/s; omissão de letras rr, gr, ss,sc, inversões e adições.
 
Dislalia: Há uma alteração no aparelho fonador, lábios leporinos, discriminação auditiva ou fissura palatina, mas pode haver problemas de cunho emocional. Pessoa com Dislalia tem dificuldade na pronuncia e expressão verbal de palavras.
 
Dislogia: Caracteriza-se pelo desequilíbrio entre palavra escrita e a falada, sendo que há ausência de conteúdo lógico na falada. Pode ser congênita ou adquirida.
 
Discalculia: Dificuldade no processamento lógico matemático causado por deficiência na organização espaço-temporal e/ou na coordenação visio-motora, etc.
 
7 Educação Psicomotora
Através da ação, a criança vai descobrindo as suas preferências e adquirindo a consciência do seu esquema corporal. Para isso é necessário que ela vivencie diversas situações durante o seu desenvolvimento, nunca esquecendo que a afetividade é à base de todo o processo de desenvolvimento, principalmente o de ensino-aprendizagem.
Uma das principais propostas da psicomotricidade na Educação Infantil, portanto é o de criar espaços e oportunidades onde às crianças se vejam podendo realizar várias atividades, sempre experimentando, pois acreditamos que é só assim que elas podem de fato tornar-se cada vez mais saudáveis, confiantes e autônomas.
A base da Educação Psicomotora com as crianças na Educação Infantil é a estimulação perceptiva e desenvolvimento do esquema corporal. A criança organiza aos poucos o seu mundo a partir do seu próprio corpo. Regina Jakubovicz (2002) cita “que em uma espécie de sequência poderíamos dizer que as evoluções se passam mais ou menos assim”:
1. O que é latente a princípio estará fundido e integrado com o mundo ao redor, não havendo diferenciação das percepções internas daquelas que chegam do interior. Uma primeira etapa é tomar consciência dos limites de seu EU corporal e os limites de seu NÃO EU.
2. Após as primeiras percepções corporais, haverá uma separação e dispersão, em que essas primeiras percepções serão abandonadas e não reconhecidas mais como tendo relação entre si. Somente por volta dos 6 meses de idade que começarão as percepções a se unirem em um esquema de conjunto. A partir de então irá começar a noção de unidade do EU corporal, que será feita pela fusão dos dados visuais e proprioceptivos iniciais, tendo como referência uma imagem preferencial (geralmente a mãe).
3. Chega à fase da criança identificar-se como seu EU corporal, o que acontecerá lentamente. Esta fase inicia-se quando a criança entrar no período linguístico e começar a empregar o pronome EU. O uso do “eu quero”, “eu faço”... Pode ser considerada a primeira etapa de autoconhecimento, e esta etapa, só terminará por volta dos 6 anos.
4. Em paralelo ao período anterior, a criança, irá organizar e estruturar seu corpo, fazendo a distinção de suas partes... cabeça, pernas e posteriormente, tronco, peito, palma...”
 
 
7.1 A Sessão de Psicomotricidade
A sessão psicomotora (SP) estabelece um roteiro educativo de maturação global (motora, afetiva e cognitiva) marcado e contido por dispositivo espaço-temporal. Na sessão são trabalhadas atividades evolutivas a partir dos jogos de segurança profunda, dos sensórios-motores, das atividades de jogos simbólicos e das atividades de representação. O objetivo fundamental é, portanto, colocar a criança em uma situação que lhe permita viver emocionalmente o espaço, os objetos e a relação com os outros.
O desenvolvimento das SP vão de encontro com o desenvolvimento evolutivo proposto pela psicobiológica de Wallon, cognitiva de Piaget e psicanalítica de Freud. Trata-se de uma prática que respeita a evolução filogenética, uma vez que vai da mobilização corporal até a conquista da linguagem.
Segundo Darrault (1984) a sessão psicomotora é o espaço de atos enunciativos que são a linguagem oral, escrita e gestual bem como a musicalidade. No universo psicomotor é possível modificar o espaço, construir, delimitar novos espaços.
 
7.2 O Desenvolvimento da Sessão
A sessão de psicomotricidade pode ser desenvolvida levando em conta certa seqüência temporal: 1) momento inicial ou ritual de entrada; 2) jogos de segurança profunda; 3) jogos simbólicos; 4) narração de história; 5) atividades de representação e 6) momento final ou ritual de saída.
1) Ritual de Entrada: Preparação para a sessão (vestimenta / material), professor fala sobre o que será trabalhado (atividade);
2) Jogos de Segurança Profunda: Mobilizam as sensações, as emoções e o tônus com poucas imagens mentais que, durante o percurso da sessão, se multiplicam. Utilizam-se para tal, jogos de descarga corporal, destruição e reconstrução, movimentos primários, material grande e macio;
O objetivo destes jogos é liberação de tensões para mobilização das emoções. Entre eles podemos citar:
 
2.1) Jogos Pré-simbólicos: promove o viver a unidade de prazer corporal. Seria como sentir que, ao mesmo tempo, todas as partes do corpo se reunifiquem devido a experimentações de múltiplas sensações agradáveis com o movimento e o corpo. Construir / destruir; esvaziar / encher; fechar / abrir; ir / voltar.
 
2.2) Jogos de Prazer Sensório-motor: a criança experimenta situações corporais nas quais percebe e controla os parâmetros externos (giros, saltos, rolamentos). A reação é o controle do corpo e progressivamente a representação do esquema corporal.
 
2.3) Jogos Tônico-emocionais: estão baseados nos jogos de queda livre e são muito utilizados pelas crianças. A finalidade desses jogos no início da sessão é muito importante, uma vez que a criança vive essas sensações mobilizando o tônus, o equilíbrio e as emoções, com escassa representação mental.
 
3) Jogos Simbólicos: A criança utiliza objetos reais para transformá-los em objetos simbólicos. Assim a pulsão de prazer é explorada na ação e no jogo permitindo à criança viver a vida fantasmática mais profunda, e ao mesmo tempo ter acesso a uma dimensão da realidade.
 
4) Narração da História: A criança poderá colocar em palavras a experiência vivida e compartilhá-la com seus companheiros. Com o objetivo de acalmar e proporcionar uma situação de equilibraçãoentre o sensório-motor e a situação de representação.
 
5) Atividade de Representação: É utilizada para que a criança represente sua vivência motora de outras formas, seja esta por: pintura, desenho, redação, etc. Cabe ao educador escolher a maneira que mais se adapte ao grupo de trabalho.
 
6) Ritual de Encerramento: Termino dos Trabalhos. Recolhimento dos materiais, preparar para saída.
 
7.2.1 A sessão para crianças de 2 e 3 anos
Grupo: o número de crianças desta idade deve variar entre 18 e 25 crianças por grupo, pois nesta fase elas necessitam de maior atenção de seus cuidadores no que se refere à observação e cuidados com a segurança.
Horários e frequência: nesta idade a sessão deve durar entre 30 e 45 minutos com uma frequência de 2 a 3 vezes por semana.
Espaços e Material: O espaço para as intervenções psicomotoras deverá ser grande, iluminado e ventilado. Os procedimentos podem ser em lugares fechados (sala) ou ambientes abertos. Os materiais devem ser os mais variados possíveis como bancos de madeira, espumas de vários tamanhos, formas e espessuras; bolas, panos, cordas, aros, etc.
Orientações didáticas para a realização das sessões: as atividades nesta fase devem favorecer a espontaneidade e liberdade criativa das crianças, no entanto é preciso orientá-las para que haja uma sequência estruturada de atividades, com objetivo de garantir um desenvolvimento físico, psíquico e social seguro.
 
Sugestões de atividades
As atividades para crianças entre 2 a 3 anos podem ser agrupadas em:
Deslocamento sobre um plano horizontal: arrastar, balancear, rolar, engatinhar, girar passiva e ativamente.Deslocamento ativo em postura bípede: caminhar, correr, subir, descer, trepar e saltar.
Equilíbrio e desequilíbrio: sobre materiais duros e macios experimentar quedas e reequilíbrios.
Jogos sobre a presença e ausência: aparecer e desaparecer com auxilio e sem auxilio; agrupar e dispersar; esconder-se; perseguir e ser perseguida pelos colegas e ou professores.
Jogos sobre recreação em sua imagem: olhar-se no espelho e realizar atividades individuais e em grupo; pintura, toque, manipulação, etc.
Estimulação labiríntica em suspensão: movimento de balanço e ficar suspenso em diferentes objetos e alturas.
Manipulação e exploração dos objetos.
 
7.2.2 A sessão para crianças de 5 e 6 anos
Grupo: o número de crianças desta idade deve variar entre 25 e 30 crianças por grupo, nesta fase elas apresentam uma maior independência na realização das atividades propostas, mas ainda precisam da atenção de seus cuidadores com relação aos cuidados com a segurança.
Horários e frequência: nesta idade a sessão deve durar entre 45 minutos e 1 hora e 30 minutos com uma frequência de 1 a 2 vezes por semana.
Espaços e Material: O espaço para as intervenções psicomotoras deverá ser grande, iluminado e ventilado. Os procedimentos podem ser em lugares fechados (sala) ou ambientes abertos. Os materiais devem ser os mais variados possíveis como: bancos de madeira, espumas de vários tamanhos, formas e espessuras; bolas, panos, cordas, aros, etc.
Orientações didáticas para a realização das sessões: as atividades nesta fase devem favorecer a independência, as relações sociais, o respeito às regras pré-estabelecidas em grupo. As atividades nesta idade já englobam brincadeiras com maior grau de dificuldade física e cognitiva.
Sugestões de atividades
As atividades para crianças entre 5 e 6 anos podem ser agrupadas em:
Jogos musicais: cantigas de roda, ginástica historiada, manipulação de instrumentos de percussão.
Jogos recreativos: amarelinha, corda, pega-pega, esconde-esconde, estatua, etc.
Jogos utilizando materiais diversos: realizar estafetas com bolas, cones, balões, etc.
Criação de brinquedos.
 
8 Reeducação Psicomotora
“... educar novamente, dar nova estrutura....”
A psicomotricidade consiste em fazer o indivíduo tomar consciência de suas possibilidades e de seus limites, permitindo-lhe o reconhecimento de seu corpo e o desenvolvimento de suas potencialidades expressivas. Já a Reeducação Psicomotora se insere numa estratégia de ajuda onde os jogos e exercícios psicomotores procuram corrigir as alterações existentes no desenvolvimento psicomotor tais como: as dispraxias, debilidade motora, hipercinesia, etc. Os exercícios usados para a reestruturação do esquema corporal reativam o próprio desenvolvimento dessa estrutura e acompanham as etapas da evolução da criança. As etapas aqui destacadas não têm qualquer caráter rígido, imutável e universal. São apenas pontos de referência.
1. Investigação do próprio corpo: é, com efeito, o primeiro estágio da reeducação do esquema corporal. Ela faz-se por: designação, manipulação (contato corporal) e utilização das partes do corpo. Inicialmente, ela é segmentada e periférica. Progride pela atenção às grandes articulações que são frequentemente negligenciadas ou estão ausentes na imagem corporal. Quando a criança identificou todas as partes do seu corpo, deverá situá-lo no espaço e em face de outros.
2. Reconhecimento do corpo: trata-se de reconhecer ao mesmo tempo o seu corpo e o do outro. Nessa etapa, a relação corporal com o terapeuta é de importância primordial. Ela procede por designação – em si e no outro – de partes do corpo. A utilização de um espelho muito útil nesse momento.
3. Integração do esquema corporal: trata-se de permitir à criança o investimento, em toda e qualquer situação, desse esquema corporal. Podem-se distinguir-se dois níveis: o da ação e o da representação mental, passando esta pela simbolização. Utiliza-se inicialmente a denominação dos segmentos corporais, de articulações, de movimentos e a imitação de posturas, atitudes e gestos típicos. A criança descreve o seu corpo e descreve os seus colegas. A seguir, o relaxamento permite a representação, a conscientização da massa corporal e de sua plenitude. Enfim, a verbalização é uma contribuição necessária, por vezes indispensável.
A estruturação do esquema corporal é fundamental em todas as reeducações que envolvem as funções motoras: coordenação, lateralização, equilíbrio e deslocamento. Ela é importante para as reeducações de aprendizagens (higiene pessoal, micção, ler e escrever), desempenham ainda grande papel nas reeducações que visam ao comportamento tônico-emocional (inibidez, timidez, instabilidade).
 
9 Terapia Psicomotora
“... meios adequados para aliviar ou curar uma doença...”
A terapia psicomotora considera o desenvolvimento infantil como uma combinação de movimento, vivência, pensamento, sentimento e interação. Num jogo, a criança descobre e interrelaciona os seus movimentos, o mundo dos seus sentimentos e os seus pensamentos. O conceito de “psicomotor” salienta a interligação entre os processos motores e psíquicos. Toda a personalidade das pessoas que se movimentam está ligada ao ato do próprio movimento.
Objetivos: A terapia psicomotora oferece aos indivíduos uma evolução no domínio dos movimentos e da consciencialização e apóia o desenvolvimento das suas competências sociais. Estas desenvolvem estratégias e os seus próprios caminhos para a resolução dos seus problemas, o que lhes permite reforçar a sua autoconfiança e adaptarem-se melhor à sua vida cotidiana.
Na terapia psicomotora, a pessoa transforma os seus pontos fortes e interesses especiais em formas concretas de jogo e de relação. Aprende a ser determinada e motivada. As vivências de sucessos reforçam a autoconfiança e a motivação de aprender. Numa grande variedade de oferta de materiais para brincar e aprender, a criança descobre uma atividade emocionante: as experiências ativas e passivas do movimento e a descoberta e experiência próprias constituem elementos fundamentais do seu desenvolvimento.
O ver, o ouvir, o tocar, mas também a tomar consciência do seu corpo e dos movimentos, bem como, o sentido de equilíbrio estão intimamente associados ao movimento.
Através do seu corpo, da mímica e dos gestos, o individuo reforça os seus sentimentos. Brincar desempenha uma importante base para um relacionamento consciente e adaptado à realidade e é um elemento central da aplicação da terapia psicomotora.
 
REFERÊNCIAS
 
DE MEUR, A.; STAES, L. Psicomotricidade, Educação e Reeducação. São Paulo: Manole, 1991.
FONSECA, V. Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed, 1995.
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico, Petrópolis: Vozes, 1997.
LE BOUCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor – do nascimento até os 6 anos: a psicocinética na idade pré-escolar. Artmed, 2001. Porto Alegre – RS.
SANCHES, P. A.; MARTINEZ, M. R.; PEÑALVER, I. V. A Psicomotricidade na Educação Infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.
GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Ed. Phorte, 2005. São Paulo – SP.
PAPALIA, D.E.; OLDS, S.W. ; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. 8ª ed. Artmed, 2006. Porto Alegre – RS.
GONÇALVES,F.; Psicomotricidade e Educação Fisica: Quem quer brincar põe o dedo aqui. Cultural RBL Editora,2010.Cajamar-SP.
LOPES,V.G.; Fundamentos da Educação Psicomotora. Fael Editora,2010.Curitiba.

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