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1 DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES ART. 171 CP - ESTELIONATO 1. Bem jurídico tutelado: O bem jurídico protegido é a inviolabilidade do patrimônio, particularmente em relação aos atentados que podem ser praticados mediante fraude. 2. Sujeitos do crime: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sem qualquer condição especial (cri-me comum). Sujeito passivo pode ser, igualmente, qualquer pessoa, devendo destacar-se que pode haver dois sujeitos passivos, quando a pessoa enganada for diversa da que sofre o prejuízo. Ademais, o sujeito passivo, necessariamente, deve ser pessoa(s) determinada(s). Tratando-se de pessoas indeterminadas, pode configurar- se crime contra a economia popular ou contra as relações de consumo. 2.1. Criança e débil mental: impossibilidade: Para poder ser enganada é indispensável a capacidade de discernimento. Assim, se a vítima não tiver essa capacidade, como a criança ou débil mental, o crime será o do art. 173 do CP. Se, no entanto, não tiver capacidade natural de ser iludida, como, por exemplo, ébrio em estado de coma, o crime será o de furto. 3. Tipo objetivo: adequação típica: A ação tipificada é obter vantagem ilícita (para si ou para outrem), em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro (mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento). Erro é a falsa representação ou desconhecimento da realidade; artifício é toda simulação ou dissimulação idônea para induzir uma pessoa cm erro, levando-a à percepção de uma falsa aparência da realidade; ardil é a trama, o estratagema, a astúcia; qualquer outro meio fraudulento é uma fórmula genérica para admitir qualquer espécie de fraude que possa enganar a vítima. 3.1. Requisitos fundamentais do estelionato: A configuração do estelionato exige: 1) emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento; 2) induzimento ou manutenção da vítima em erro; 3) obtenção de vantagem patrimonial ilícita em prejuízo alheio (do enganado ou de terceiro). 3.2. Vantagem ilícita: elemento normativo: Vantagem ilícita é todo c qualquer proveito ou benefício contrário à ordem jurídica, isto é, não permitido por lei. A simples imoralidade da vantagem é insuficiente para caracterizar esta elementar típica. Há divergência doutrinário-jurisprudencial sobre a natureza da vantagem, isto é, se deve ser necessariamente econômica ou não. 3.3. Prejuízo alheio: correlato à vantagem ilícita: A vantagem ilícita deve corresponder, simultaneamente, um prejuízo alheio; a ausência de qualquer dos dois descaracteriza o crime de estelionato. Em relação ao prejuízo, há convergência sobre a necessidade de sua natureza ser econômico-patrimonial, devendo, no entanto, ser real, concreto, efetivo, e não meramente potencial. Não nos parece lógico que o prejuízo deva, necessariamente, ser patrimonial, e a vantagem ilícita poder ser qualquer outra natureza. 3.4. Fraude civil e fraude penal Na fraude civil, objetiva-se o lucro do próprio negócio, enquanto na fraude penal visa-se o "lucro" ilícito. A inexistência de dano civil impede que se fale em prejuízo ou dano penal (Frederico Marques, Estelionato, ilicitude civil e ilicitude penal, RT, 560:286). Essa distinção, além de complexa, não c nada pacífica. 3.5. Fraude nos negócios ilícitos ou imorais Para uma corrente, não se configura o crime de estelionato (Nelson Hungria, Comentários ao Código Penais v. 7); para outra corrente, configura-se normalmente (Heleno Fragoso, Lições de Direito Penal; Parte Especial, v. 1; Magalhães Noronha, Direito Penal, v. 2). 2 3.6. Estelionato por meio da informática Embora nosso CP ainda não tenha previsão específica sobre o tema, como ' ocorre com as modernas legislações (CP português, art. 221.1; CP espanhol, art. 248.Í; CP francês, arts. 323-1 a 323-3), é perfeitamente possível a prática de estelionato por meio da informática, desde que seus requisitos legais estejam presentes. Apenas uma legislação especial poderia ampliar suas modalidades, como fizeram as legislações referidas. 3.7. Idoneidade do meio fraudulento É indispensável que o meio fraudulento seja suficientemente idôneo para enganar a vítima, isto é, para induzi-la a erro. A inidoneidade do meio, no entanto, pode ser relativa ou absoluta: sendo relativamente inidôneo o meio fraudulento para enganar a vítima, poderá configurar-se tentativa de estelionato; contudo, se a inidoneidade for absoluta, tratar-sc-á de crime impossível, por absoluta ineficácia do meio empregado (art. 17). 3.8. Crime de duplo resultado Trata-se de crime de resultado duplo, uma vez que para se consumar exige a obtenção de vantagem ilícita, de um lado, c a ocorrência efetiva de um prejuízo para a vítima. A ausência de qualquer desses resultados descaracteriza o estelionato consumado, restando, em princípio, a figura tentada. 4. Tipo subjetivo: adequação típica O elemento subjetivo geral do estelionato c o dolo, representado pela vontade livre e consciente de ludibriar alguém, por qualquer meio fraudulento. Faz-se necessário, ainda, o elemento subjetivo especial do tipo, constituído pelo especial fim de obter vantagem patrimonial ilícita, para si ou para outrem. A simples finalidade de produzir dano patrimonial ou prejuízo a outrem, sem visar a obtenção de vantagem, não caracteriza o estelionato. 4.1. Dolo antecedente à fraude O dolo, na primeira figura, "induzir em erro", deve anteceder ao uso do meio fraudulento e à produção dos resultados "vantagem ilícita" e "prejuízo alheio". Na segunda figura, "manter em erro", o dolo é concomitante ao referido erro: ao constatar a existência do erro, o dolo consiste exatamente na sua manutenção (Magalhães Noronha, Direito Penal, p. 375). 5. Concurso de crimes 5./. Estelionato e falsidade: correntes 1) O estelionato absorve a falsidade — quando esta foi o meio fraudulento utilizado para a prática do crime-fim que é o estelionato (Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido"). Para esta corrente é indiferente a espécie ou natureza da falsidade; 2) há concurso formal entre estelionato e o crime de "falsum" — c indiferente a espécie ou natureza da falsidade: material, ideológica, documento público ou particular, ou simples uso de documento falso (STF, RTJ, 177:70); TRF da 4â Região, DJU, 5-9-1990, p. 20104-5); 3) o crime de falso prevalece sobre o estelionato — mas somente quando se tratar de falsidade de documento público, cuja pena é superior à do estelionato (TRF da 2a Região, DJU, 20-7-1993, p. 28577); 4) há concurso material — para esta corrente é indiferente que a falsidade seja de documento público ou particular (TJSP, RJTJSP, 85:366). 5.2. Estelionato e extorsão: distinção 3 No crime de extorsão, há a entrega da coisa, embora a vítima não a queira entregar; no estelionato, por encontrar-se iludida, entrega a coisa conscientemente. A diferença entre ambos reside no ânimo da vítima. 5.3. Estelionato e apropriação indébita No estelionato o dolo existe desde o começo da ação delituosa, ao passo que na apropriação indébita ele é subseqüente, determinando a inversão da natureza da posse. 5.4. Relação causai: dupla Há dupla relação causai: primeiro, a vítima é enganada mediante fraude, sendo esta a causa e o engano o efeito; segundo, nova relação causai entre o erro, como causa, e a obtenção de vantagem ilícita e o respectivo prejuízo, como efeito (Paulo José da Costa Jr., Comentários ao Código Penal, p. 524). Na verdade, é indispensável que a vantagem obtida, além de ilícita, decorra de erro produzido pelo agente, isto é, que aquela seja conseqüência deste. Não basta a existência do erro decorrente da fraude, sendo necessário que da ação resulte vantagem ilícita e prejuízopatrimonial. Ademais, à vantagem ilícita deve corresponder um prejuízo alheio. 5.5. Fraude bilateral: irrelevância Há duas correntes doutrinárias, uma admitindo o estelionato, outra negando-o. O Supremo Tribunal já decidiu, no entanto, que a má-fé da vítima, isto é, a torpeza bilateral, não desnatura o crime de estelionato (STF, RT, 622:387). 5.6. Negócio comercial: mero inadimplemento O simples inadimplemento de compromisso comercial não é suficiente para, por si só, caracterizar o crime de estelionato. Trata-se de mero ilícito civil, que deve resolver-se na esfera privada. 6. Classificação doutrinária Trata-se de crime comum (não necessita de qualquer qualidade ou condição especial do sujeito ativo); material (exige resultado naturalístico), doloso (não admite modalidade culposa) e instantâneo (cujo resultado se produz de imediato). 7. Consumação e tentativa Consuma-se no momento e no lugar em que o agente obtém o proveito a que corresponde o prejuízo alheio. Tratando-se de crime material, que admite seu fracionamento, é perfeitamente admissível a tentativa, uma vez que o iter criminis pode ser interrompido. 8. Estelionato privilegiado (§ l2) Embora semelhante à previsão do furto privilegiado, aqui se requer pequeno valor do prejuízo, enquanto no furto se exige pequeno valor da "res furtiva ", necessitando, conseqüentemente, ser avaliado o efetivo prejuízo sofrido pela vítima. 8.1. Redução obrigatória: direito público subjetivo Esta minorante constitui direito subjetivo do réu cujo reconhecimento é obrigatório, estando presentes os dois requisitos legais (primariedade e pequeno prejuízo). Para reconhecimento da figura privilegiada, tem predominado o entendimento (mais liberal) de que o limite de um salário mínimo não é intransponível. 9. Figuras especiais de estelionato O § 2° prevê seis modalidades especiais de estelionato: disposição de coisa alheia como própria; alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria; de-fraudação de penhor; fraude na entrega de coisa; fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro e fraude no pagamento por meio de cheque. 9.1. Disposição de coisa alheia como própria (1) Consiste em realizar qualquer dos atos jurídicos mencionados tendo por objeto coisa alheia, como se fosse própria. Exige-se a má-fé do sujeito ativo e correspondente boa-fé do sujeito passivo, no caso, o comprador enganado, além do proprietário, é claro. A disposição da coisa c inerente ao domínio, e só o tem o proprietário (art. 1.228 do CC). 9.1.1. Sujeitos do crime Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo 6 o comprador de boa-fc, enganado pelo 4 vendedor, incluindo, inclusive, o próprio proprietário da coisa. Exige-se uma antagônica relação de subjetividade: a má-fé do sujeito ativo versus a boa-fé do sujeito passivo. 9.2. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria (II) O sujeito ativo é o dono da coisa, mas está impedido — por lei, contrato ou testamento — de aliená-la. Pode, também, a coisa ser gravada com ônus impeditivo de alienação (v. Código Civil, art. 1.225). Em qualquer das hipóteses é necessário que o sujeito ativo iluda a vítima sobre a condição da coisa, silenciando sobre qualquer das circunstâncias enumeradas. 9.2.1. Sujeitos do crime Sujeito ativo só pode ser o dono da coisa objeto da ação. Sujeito passivo é quem recebe a coisa nas condições enumeradas, e, na última hipótese, também o promitente comprador. 9.3. Defraudaçao de penhor (III) A ação tipificada é defraudar garantia pignoratícia mediante alienação (venda, troca, doação etc.) ou por outro modo (desvio, consumo, destruição, abandono etc), sem consentimento do credor. Defraudar significa lesar, privar ou tomar um bem de outrem. 9.3.1. Sujeitos do crime Sujeito ativo é o devedor dono do objeto empenhado. Sujeito passivo é o credor pignoratício. 9.4. Fraude na entrega de coisa (IV) A ação tipificada é defraudar (trocar, adulterar, alterar). A fraude deve ter por objeto a substância (essência), qualidade (espécie) ou quantidade (número, peso ou dimensão). O sujeito ativo deve ter a obrigação de entregar a coisa (obrigação legal, judicial ou contratual). 9.4.1. Sujeitos do crime Sujeito ativo é quem tem a obrigação jurídica de entregar a coisa, e sujeito passivo 6 quem tem o direito de recebê-la. 9.5. Fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro (V): O objeto jurídico é o patrimônio do segurador. As modalidades de ação elencadas são taxativas, exigindo o tipo que o dano produzido seja idôneo para o recebimento da indenização ou valor de seguro. 9.5.1. Destruir, ocultar ou lesar Destruir significa aniquilar, fazer desaparecer ou extinguir, total ou parcialmente; ocultar significa esconder ou encobrir coisa própria; lesar significa ofender fisicamente, causar dano, danificar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar as conseqüências da lesão ou doença. 9.5.2. Fim especial: receber indenização ou seguro O elemento subjetivo especial do tipo é o recebimento de indenização ou de seguro. Qualquer das condutas tipificadas constitui meios ou formas de fraude utilizados pelo sujeito ativo; no entanto, o fim não precisa ser atingido: basta que seja a finalidade desejada pelo agente. 9.5.3. Sujeitos do crime Sujeito ativo é o segurado, e sujeito passivo é o segurador. É crime próprio, de perigo (não exige o efetivo recebimento). 9.6. Fraude no pagamento por meio de cheque (VI) Duas são as figuras tipificadas: emitir tem sentido de colocar em circulação o cheque, sem suficiente provisão de fundos. Não se confunde com o simples ato de preenchê-lo ou assiná-lo. Frustrar significa obstar o pagamento, bloqueando, re- tirando o saldo existente ou dando contra-ordem, mas somente afrustração indevida pode configurar crime. Nesta segunda figura, no momento da emissão do título havia fundos. 9.6.1. Cheque: elemento normativo. Cheque é uma ordem de pagamento a vista, título de crédito, cuja definição é encontrada no âmbito do direito comercial. Sua valoração é jurídica. 5 9.6.2. Suficiência de provisão de fundos . A suficiência de provisão de fundos (elemento normativo) consiste na existência de fundos disponíveis em poder do sacado (banqueiro, em regra), que sejam suficientes para efetivar o pagamento quando da apresentação do referido título (art. 42, § l2, da Lei n. 7.357/85). 9.6.3. Cheque especial: limite excedido Habitualmente as agencias bancárias tem honrado o pagamento de cheques de clientes especiais mesmo quando ultrapassam os limites contratados. A recusa, nesses casos, é eventual. Essa eventualidade não pode ser decisiva para tipificar criminalmente a conduta do emitente. O estelionato pressupõe sempre a má-fé do agente, que, nesses casos, à evidência, não existe. Nesse sentido, aplica-se a Súmula 246 do STF: "Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos". 9.6.4. Cheque pós-datado: garantia ou promessa O cheque pós-datado desnatura a ordem de pagamento a vista que o instituto cheque representa. Cheque emitido em garantia de dívida, isto é, pós-datado, representa uma promessa de pagamento, a exemplo da nota promissória. A eventual inexistência de fundos suficientes quando de sua apresentação não caracteriza o estelionato definido no dispositivo em exame. Aliás, a existência de avalista no cheque permite a presunção de que foi dado como garantia ou promessa, e não como ordem de pagamento. 9.6.5. Frustração fraudulenta de cheque O emitente tem o direito de obstar o pagamento do cheque, desde que fundado em motivo justo. Somente a frustração fraudulenta do pagamento de cheque tipifica o crime em exame. Igualmente, a frustração de cheque pós-datado não configura crime, pois essetipo de cheque não é ordem de pagamento. 9.6.6. Sujeitos do crime Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, menos o endossante, uma vez que endossar não se confunde com emitir (STF, RTJ, 707:123). E também não teria autoridade para frustrar o pagamento. Sujeito passivo é o tomador, o beneficiário do cheque, podendo ser, indiferentemente, pessoa física ou jurídica. 10. Formas qualificadas de estelionato O estelionato não apresenta figuras qualificadas, mas prevê a majoração da pena aplicada em um terço (§ 32), se a infração é cometida em prejuízo de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Vide Súmula 24 do STJ. 11. Crimes equiparados ao estelionato Nas leis especiais alguns crimes são equiparados ao estelionato, tais como: l2) comercialização proibida de café (Dec.-lei n. 47/66, art. 22); 2S) aplicação indevida de créditos governamentais ou incentivos fiscais (Lei n. 7.134/83, art. 32); 3S) contra a Previdência Social (Dec. n. 3.807/60, art. 155, IV, e Lei n. 8.212/91, art. 95 J). 12. Fraudes especiais Fraude em cédulas rurais hipotecárias — art. 21 do Dec.-lei n. 167/67; desvio de créditos e financiamentos governamentais ou incentivos fiscais — art. 32 da Lei n. 7.134/83; fraude em relação aos benefícios da "Lei Sarney" — art. 14, §§ l2e 2° da Lei n. 7.505/86. A respeito de fraude no pagamento por meio de cheque vide as Súmulas 246, 521 e 554 do STF. 13. Questões especiais O erro, artifício ou ardil devem preexistir à obtenção da vantagem ilícita. A enumeração legal do meio fraudulento é meramente exemplificativa, podendo ocorrer o estelionato por outros subterfúgios. Deve existir uma relação causai entre o meio utilizado pelo sujeito ativo e o erro do lesado. No furto praticado com fraude, o agente ilude a vítima para facilitar a subtração da coisa. Para 6 caracterizar o estelionato, é irrelevante a má-fé da vítima, isto é, a torpeza bilateral. Estelionato no exercício de comércio, sobrevindo a falência, constitui crime falimentar. Em caso de fraude processual, ver art. 347 do CP. 14. Pena e ação penal 74.7. Penas cominadas As penas cominadas são a reclusão, de um a cinco anos, e multa. Na hipótese do § 32 a pena será majorada em um terço; na figura do privilegiado, pode ter a reclusão substituída por detenção, diminuída de um a dois terços ou substituída por multa. 14.2. Natureza da ação penal A ação penal é pública incondicionada, salvo nas hipóteses do art. 182, quando será condicionada à representação. Haverá isenção de pena se for praticado contra ascendente, descendente ou cônjuge (na constância da sociedade conjugai). 15. Direito sumular Súmula 246 do STF: "Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos". Súmula 521 do STF: "O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão < de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado". Súmula 554 do STF: "O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal". Súmula 17 do STJ: "Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido". Súmula 24 do STJ: "Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica a Previdência Social, a qualificadora do § 3a do art. 171 do Código Penal". Súmula 48 do STJ: "Compete ao juízo local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque". Súmula 107 do STJ: "Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação de guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal". II - JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA a) Estelionato "Age com manifesta intenção delituosa, o agente de turismo que, após receber a quase-totalidade do valor relativo à viagem de um grupo, foge para outra cidade, não devolvendo o dinheiro e cancelando junto ao hotel previamente designado as reservas feitas em nome das vítimas. Havendo má-fé e intenção de enriquecimento ilícito, não há que se falar em descumprimento contratual a ensejar ilícito meramente civil e, sim, o delito de estelionato, sendo a fraude a falsa promessa de realização do serviço objeto do contrato" (TAMG, AC 313.782-8, Rei. Alexandre V. de Carvalho, j. 19-9-2000). "Para se configurar o delito de estelionato, torna-se indispensável a concorrência de dois requisitos: fraude e lesão patrimonial. Inexistindo um dos requisitos configuradores, o delito resta incompleto" (TACrimSP, AC, Rei. Renê Ricupero, RT, 719:463). "Pratica o crime de estelionato o agente que autoriza a celebração de contrato com a vítima, de venda de linha telefônica, como se já estivesse com ela à sua disposição, quando, na verdade, já sabia que, por ser ela inexistente, não tinha condições de transferi-la para o nome da vítima" (TACrimSP, AC, Rei. Mesquita de Paula, RT, 756:648). "Em se tratando de conta encerrada, caracteriza-se o delito previsto no caput do art. 171, ou seja, o estelionato em sua forma geral, quando o agente emite cheque sem provisão de fundos em poder do sacado, porque, então, patenteia-se o dolo do emitente, traduzido na intenção de ludibriar o credor, o qual sofre prejuízo" (TACrimSP, AC, 673.607, Rei. Leonel Ferreira, RT, 718:409). "Caracteriza o estelionato a obtenção de vantagem ilícita mediante ardil, com prejuízo alheio, por vendedor comercial que se faz passar por fiscal da Sunab. Sendo, entretanto, favorável ao agente as variáveis do art. 59 do CP, de se reduzir a pena e conceder o sursis" (TARS, AC, Rei. Nério Letti, RT, 622:346). "O agente que, visando a lucro ilícito, emite cheque falsificando o nome do titular da conta, pratica crime de estelionato na sua forma fundamental" (TJMG, AC, Rei. Márcio Batista, RT, 647:328). "O delito de estelionato consuma-se 7 com a obtenção de vantagem ilícita em prejuízo alheio. Desde que o sujeito ativo desfrute, durante algum tempo, da vantagem indevida, em prejuízo alheio, consuma-se o crime, que não desaparece pelo ressarcimento do dano" (STF, RE, Rei. Cordeiro Guerra, RT, 605:422). a. 1) Disposição de coisa alheia como própria "A assinatura de contrato de promessa de compra e venda, através de procuração por instrumento público para alienação de imóvel alheio, não caracteriza fraude penal, uma vez que o ato de vender referido no art. 171, § 2°, I, do CP, não se confunde com o mero compromisso de compra c venda" (TAMG, AC 1.382- 1, Rei. José Loyola, RJTAMG, 30:263). "O ato de prometer vender coisa alheia como própria não constitui o crime previsto pelo art. 171, § 2a, I, do CP. Subsiste, porém, o estelionato em sua forma fundamental desde que presentes todos os elementos do tipo" (TAMG. AC 123.478-8, Rei. Mercedo Moreira). "Na modalidade de estelionato prevista no § 2°, I, do art. 171, do CP, a ciência do adquirente descaracteriza o crime, dada a ausência de fraude, de seu induzimento em erro" (TACrimSP, AC, Rei. Reynaldo Ayrosa, RT, 589:336). "Responde pelo delito do art. 171, § 22,1, do CP, e não por apropriação indébita, o agente que aliena objeto adquirido com reserva de domínio" (TACrimSP, AC, Rei. Onei Raphael, JTACrimSP, 47:239). a.2) Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria "Para efeitos criminais não há como se confundir venda com promessa de compra e venda, visto que a obrigação de fazer, que resulta da promessa, deve ser resolvida no juízo cível, alheando-se ao tipo penal, que no art. 171, § 2°, II, exige para sua configuração o núcleo vender, sendo, portanto, diferentes os seus conceitosnormativos e doutrinários" (TAMG, AC 1.468-3, Rei. Paulo Medina, RJTAMG, 31:342). REsp — Penal — Emissão de cheque sem fundo (CP, art. 171, § 22, VI) cumpre distinguir-se a emissão do cheque como contraprestação, da emissão relativa a dívida preconstituída. Na primeira hipótese, configurados o dolo e o prejuízo patrimonial, haverá o crime. Na segunda, não. A explicação é lógica e simples. Falta o dano patrimonial. O estelionato é crime contra o patrimônio. Se a dívida já existia, a emissão da cártula, ainda que não honrada, não provoca prejuízo algum ao credor (STJ, RE, Rei. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ, 25-8-1997). "A promessa de venda não está compreendida como forma de delito nos conceitos de venda, permuta ou dação em pagamento do art. 171, § 2-, do CP. Assim, o silêncio do promitente vendedor sobre o fato de estar o imóvel arrestado em execução não tipifica o crime de alienação fraudulenta de coisa própria, que se refere expressamente ao ato de vender, que não se confunde com o mero compro-'misso de compra e venda, onde este tipifica obrigação de fazer. Só recorrendo à analogia seria possível enquadrar a promessa de venda no art. 171, § 22, II, do CP, mas a incriminação analógica é vedada pelo Direito Penal moderno" (TJSP, HC, Rei. Dirceu de Mello, RT, 625:280). "A venda, pelo proprietário, de imóvel penhorado não tipifica o crime do art. 171, § 2a, II, do CP — alienação fraudulenta de coisa própria — porque a penhora não torna a coisa inalienável, não a grava de ônus, ou seja dos direitos reais elencados no art. 674 do CC, e nem a faz litigiosa, isto é, pendente de litígio sobre a propriedade, conforme exige referido dispositivo legal" (TACrimSP, AC, Rei. Barbosa de Almeida, RT,640:3\\). a.3) Defraudação de penhor "(■••) havendo o crime de estelionato em sua modalidade de defraudação de penhor se o devedor pignoratício, quando tem a posse do objeto empenhado, 'de-frauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia' (artigo 171, III, do Código Penal)" (STF, HC 75.904/SP, Rei. Sepúlveda Pertence, DJU, 25-6-1999). "A alienação de lavoura de arroz constituída em garantia por meio de cédula rural pignoratícia, sem que tenha havido o consentimento do credor e tratando-se de contrato firmado na modalidade EGF-SOB — Empréstimo do Governo Federal sem Opção de Venda, configura o fato típico. Ocorre a defraudação de penhor quando é feita a alienação do objeto empenhado (inciso III, § 2a, do art. 171 do CP) sem o consentimento do credor, independentemente da espécie de depósito, se regular ou irregular (art. 1.280 do CCB), porque não há confundir a esfera cível e 8 a penal, que são autônomas c independentes entre si. Interessa ao direito penal reprimir a conduta fraudulenta" (TRF-42 Reg., AC 1999.04.01.122707-9/RS, Rei. José B. Germano da Silva, DJU, Ia-11-2000). "A defraudação do penhor para aperfeiçoar-se cm sua anatomia jurídica prescinde do exame pericial. A exigência, além de estimular a impunidade, seria verdadeira contradicta in re ipsa, dado que é da natureza desse ilícito penal o desaparecimento da garantia real representada pelo penhor nos termos do art. 647 do CC" (TACrimSP, AC, Rei. Fernandes de Oliveira, RT, 723:606). "Defraudação de penhor — Agente que, tendo penhorado em garantia de empréstimo, sacas de café em coco, vende parte destas — Ausência de dolo — Para a configuração do delito exige-se o dolo. Não se pode ver na atitude do réu, vendendo parte de minguada safra, ante dificuldades financeiras, o dolo de defrau-dar, mediante alienação não consentida, a garantia pignoratícia" (TACrimSP, AC, Rei. Boaventura Guglielmi, BMJ, 32:23). "A penhora destinada a servir a garantia da execução não se equipara à hipótese prevista no n. III, § 2°, do art. 171 do CP, onde se cuida de fraude relativamente à coisa pertencente ou possuída pelo agente, mas vinculada, em garantia de débito, a um direito real (penhor). Tal crime, portanto, só se configura quando o objeto empenhado permanece em poder do devedor em determinadas situações, expressamente previstas na lei, por força da cláusula constituti" (TACrimSP, HC, Rei. Silva Leme, RT, 467:358). a.4) Fraude na entrega de coisa "A simples falta de quantidade ou de qualidade da coisa não constitui crime previsto no art. 171, § 2°, IV, do CP. Para que se componha o estelionato é imprescindível a ocorrência da fraude, a beneficiar o agente e a prejudicar o ofendido" (TACrimSP, Rei. Dínio Garcia, RT, 436:406). "O estelionato consistente na fraude na entrega de coisa se não configura com a simples defraudação, mas com a efetiva tradição da coisa ao destinatário. Assim, inexistindo esta, responde pelo delito do art. 275 e não do art. 171, § 2a, IV, ambos do CP, quem monta estabelecimento destinado a encher garrafas de uísque estrangeiro com produto nacional para vendê-las como mercadoria importada" (TACrimSP, Rei. Edmond Acar, JTACrimSP, 31:34). a.5) Fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro "A fraude para recebimento de seguro é crime formal, que não requer a ocorrência de efetivo dano em prejuízo da vítima para sua consumação, o que ocorre pela simples conduta de ocultar" (TAPR, Rei. Oswaldo Espíndola, RT, 572:383). "Na ação do agente ateando fogo em seu estabelecimento industrial para obter o respectivo seguro há de se inferir apenas o delito de incêndio qualificado pela obtenção de vantagem, c não também o de estelinato previsto no art. 171, § 2a, V, do CP, em concurso material" (TJSP, Rei. Coelho de Paula, RT, 557:321). a.6) Fraude no pagamento por meio de cheque "Somente na hipótese do § 22, VI, art. 171 do Código Penal — fraude no pagamento por meio de cheque — o ressarcimento do dano causado à vítima antes do início da ação penal descaracteriza o crime de estelionato. No caso dos autos, o recorrente foi denunciado pelo fato típico do art. 171, 'caput', não sendo possível o trancamento da ação penal pelo ressarcimento do prejuízo antes do oferecimento da denúncia" (STJ,RO-HC 8.226/SP, Rei. Luiz Vicente CernicchiaroJ. 4-2-1999). "A figura do cheque sem fundos, embora se destaque no seio do capítulo dedicado ao estelionato, deste último recebe as linhas estruturais. Assim, a ausência de prejuízo, um dos elementos típicos dessa figura, impõe a absolvição" (TACrimSP, AC, Rei. Fábio Araújo, RT, 727:439). "O estelionato, na forma preconizada no art. 171, § 2°, inciso VI, do Código Penal, é crime material que deixa vestígios, exigindo, portanto, para sua caracterização a prova inequívoca da realização do fim fraudulento visado pelo sujeito" (STJ, RHC 1.679-0, Rei. Flaquer Scartezzini, DJU, 31-8-1992, p. 13651). "O pagamento feito com cheque oriundo de conta corrente encerrada configura crime de estelionato em seu tipo fundamental (art. 171, caput, CP) e não o delito previsto no inciso VI, § 2e, da mesma norma penal, não podendo ser erigido em causa de extinção da punibilidade, o ressarcimento do prejuízo, ainda que antes do oferecimento da denúncia" (STJ, RHC 2531-5, 9 Rei. Flaquer Scartezzini, DJU, 19-4-1993, p. 6685; RT, 702:402). "Penal. Estelionato. Cheque sem fundos. Emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos. Súmulas 246 e 554 do STF. Validade dos verbetes sumulados e ,sua compatibilização com o art. 16 da nova parte geral do Código Penal. Havendo fraude na emissão do cheque sem fundos, o pagamento deste caracteriza o arrependimento posterior (art. 16 do CP). Não havendo fraude — situação que muitas vezes se revela pelo pagamento antes da denúncia —, não há crime a punir. Precedentes jurisprudenciais" (STJ, 5-T., RHC, Rei. Assis Toledo, DJU, 12-11-1989, p. 18143). "Indiciada que manda bloquear pagamento de cheque dado a médico por exame realizado, em virtudede não fornecimento de recibo pelo facultativo — O direito de reter o pagamento. Enquanto se não passa o recibo, constitui garantia do devedor e tem assento na boa razão" (TACrimSP, RHC 81/91). "O delito do art. 171, § 22, VI do CP só se aperfeiçoa com demonstração de que o título fora emitido para pagamento à vista" (TACrimSP, AC, Rei. Xavier Homrich, JTACrimSP, 59:293). b) Arrependimento posterior "Estelionato. Concurso de pessoas. Reparação do dano antes do oferecimento da denúncia por um dos agentes. Arrependimento posterior configurado. Art. 16 do Código Penal. Circunstância objetiva que alcança os demais partícipes" (STJ, REsp 122.760/SP, Rei. José Arnaldo da Fonseca, DJ, 21-2-2000). "Conforme reiterado entendimento jurisprudencial, '... o ressarcimento do prejuízo antes do recebimento da denúncia não exclui o crime de estelionato cometido na sua modalidade fundamental (art. 171, caput, CP), apenas influindo na fixação da pena, nos termos do art. 16 do CP...'" (STJ, CC 25.283/AC, Rei. José Arnaldo da Fonseca, DJU, 22-11-1999). b. 1) Arrependimento e cheque pré-datado "Tratando-se de transações efetuadas por meio de cheques pré- datados, resta descaracterizado o 'pagamento à vista' e evidencia-se, em princípio, o delito do art. 171, caput, do CP, firmando-se a competência do juízo do local onde se deu a obtenção da vantagem ilícita em prejuízo alheio" (STJ, CC 28.293/MG, Rei. Gilson Dipp,j. 13-9-2000). Não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista no art. 171, § 2a, VI, do Código Penal, a emissão de cheque sem provisão de fundos e a sua entrega ao credor como garantia de dívida, sendo certo que para a configuração de tal delito é imprescindível a prática da fraude para a obtenção da vantagem ilícita" (STJ, RO-HC 9.221/MT, Rei. Vicente Leal, j. 14-3-2000). "O ressarcimento do prejuízo antes do recebimento da denúncia não exclui o crime de estelionato cometido na sua modalidade fundamental (art. 171, caput, CP), apenas influindo na fixação da pena, nos termos do art. 16 do CP" (STJ, RO-HC 8.917/SP, Rei. José Arnaldo da Fonseca, j. 3-2-2000). "Em sede de estelionato, salvo a hipótese de pagamento por meio de cheque sem provisão de fundos (§ 2a, VI), o ressarcimento do dano antes do recebimento da denúncia não é causa de extinção da punibilidade, impondo-se, apenas fazer incidir a causa obrigatória de diminuição de pena do art. 16, do Código Penal" (STJ, HC 7.578/PE, Rei. Vicente Leal, j. la-6-1999). c) Questões diversas c. 1) Cheque falsificado "O agente que adquire mercadorias de estabelecimento comercial, pagan-do-as com cheque falsificado, pratica o crime de estelionato na modalidade prevista no caput do art. 171, ou seja da figura básica do delito" (TACrimSP, AC, Rcl. José Santana, RT, 724:664). c.2) Adulteração grosseira: meio ineficaz "Não caracteriza estelionato a obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo alheio, se, não obslante comprovada a autoria, o meio empregado pelo agente é ineficaz para induzir ou manter a vítima em erro, em face da grosseira adulteração de documento, a desfigurar a materialidade do delito" (TAMG, AC, Rei. Audebert Delage, RT, 724:1 \1). c.3) Atos preparatórios "No estelionato, crime que requer a cooperação da vítima, o início de sua execução se dá com o engano da vítima. Quando o agente não consegue enganar a vítima, o simples emprego de artifício ou ardil caracteriza apenas a prática de atos preparatórios, não se podendo cogitar de tentativa de estelionato" (TARS, AC, Rei. Vladimir Giacomuzzi, RT, 697:355). c.4) Crime impossível "Crime impossível — Tentativa de prática de estelionato — Agente com 'animus' de fraudar mas descoberto dada a inidoneidade da execução — Hipótese em que a conduta não apresenta probabilidade de ocorrência de resultado penalmente relevante" (STJ, RHC, Rei. Luiz Vicente Cernicchiaro, RT, 696:4\4). c.5) 10 Sustação de pagamento de cheque: crime impossível "Se praticamente inviável conseguir o agente lesar o patrimônio alheio, não há que falar em crime de estelionato, ainda que apresentado o cheque a desconto. Não há fraude sem a possibilidade objetiva de enganar. É crime impossível a tentativa de estelionato com a apresentação ao banco de cheque, se a vítima já determinara a sustação do pagamento da cártula furtada" (TACrimSP, AC, Rei. Wálter Guilherme, RT, 726:692). c.6) Estelionato e falsa identidade "Se a falsificação da carteira de identidade se dá como o único e exclusivo intento de constituir o meio fraudulento para iludir as vítimas e obter as vantagens ilícitas com cia transmitindo a aparente segurança de ser realmente o titular dos cheques que emitia, deve o agente responder apenas pelo estelionato" (TJSP, AC, Rei. Marcial Hollanda, RT, 735:569). c.7) Estelionato e falsificação de documento público "Pune-se somente o crime de estelionato que absorve a falsidade quando esta foi o meio fraudulento empregado para a sua prática" (TJRJ, AC, Rei. José Lucas Alves de Brito, RT, 733:661). "A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, em se tratando dos crimes de falsidade e de estelionato, este não absorve aquele, carac-nerizando-se, sim, concurso formal de delitos" (STF, HC, Rei. Sydney Sanches, RT, 735:532). c.8) Estelionato e furto "Ao modificar o medidor, para acusar um resultado menor do que o consumido, há fraude, e o crime é estelionato, subentendido, naturalmente, o caso em que o agente está autorizado, por via de contrato, a gastar energia elétrica. Usa ele, então, de artifício que induzirá a vítima a erro ou engano, com o resultado fictício, do que lhe advém vantagem" (TACrimSP, AC, Rei. Luiz Ambra, RT, 726:689). c.9) Estelionato e uso de documento falso "Falsidade documental — Uso de documento falso — Crime-meio para obtenção de indevida vantagem econômica — Absorção pelo crime-fim, no caso o estelionato — Inteligência da Súmula 17 do STJ" (TJSP, Rev., Rei. Breno Guimarães, RT, 724:618). "A pretensão de ver a absorção do delito de uso de documento falso pelo estelionato não pode ser acolhida, destacando-se que a jurisprudência do STF é no sentido de desautorizar o entendimento que defende a absorção, afirmando a ocorrência de concurso formal quando a falsidade é o meio para prática de estelionato" (STF, RHC, Rei. limar Galvão, RT, 737:545). c.10) Denúncia pormenorizada "A essência do tipo fundamental do estelionato está em induzir ou manter alguém em erro. Logo, ao imputá-lo, deve a denúncia narrar, em pormenores, no que constitui o meio produtor de engano para o sujeito passivo, sob pena de inépcia, por omitir descrição de circunstância elementar do crime" (TACrimSP, AC, Rei. Haroldo Luz, RT, 725:596). c. 11) Contra a previdência social "O crime de estelionato é instantâneo, porquanto sua consumação
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