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Unidade 2: Análise de Concentração Industrial
 
Introdução
O tema concentração industrial está presente em diversos estudos científicos na área econômica. Esses estudos têm por objetivo analisar como é a estrutura de um determinado mercado e, assim, verificar o comportamento dos agentes econômicos nesse mercado. Com essa análise estrutural é possível estabelecer estratégias que venham a garantir a competividade das organizações.
As medidas de concentração do mercado buscam indicar, de uma forma antecipada, os setores que tenham poucas empresas dominando a oferta de produtos ou serviços, bem como revelar os setores em que o poder de mercado não está concentrado em poucas empresas, isto é, mercado competitivo. 
 
1.    Modelo Estrutura, Conduta e Desempenho (ECD)
Segundo Farina (1997) apud Corte e Filho (2010), o modelo ECD advém da Organização Industrial (OI) e tem como utilidade definir as forças que são responsáveis pela organização da indústria, bem como suas modificações ao longo do tempo. A proposta inicial do modelo era examinar a relação entre concentração de mercado e o nível de lucro dos oligopólios nos EUA e, com isso, elaborar uma política antitruste.
 
O ECD tem por missão captar as variáveis que determinem as diferenças de desempenho entre as organizações, ao considerar que a conduta das empresas está centrada na estrutura de mercado, onde ela está inserida. Essa estrutura poderá depender de algumas condições, tais como: tecnologia, aspectos institucionais e fatores da demanda. Na figura 2.1 é possível analisar, em resumo, o modelo ECD por meio dos seus fatores.
 
Figura 2.1| Modelo ECD
Fonte: Adaptado de Lopes (2016).
2.    Concentração industrial
Os índices de concentração têm por objetivo demonstrar, de uma maneira resumida, a concorrência de um determinado mercado na economia. Assim, por meio desses índices, podemos entender que quanto maior é o valor da concentração de um mercado, menor será sua competição, uma vez que poucas empresas têm o poder no mercado.
 
O padrão concorrencial em um mercado é ditado pelo comportamento dos agentes econômicos, isto é, as estratégias definidas, individualmente, pelos produtores para definição dos preços de mercado e, também dos níveis (volume) produtivos diante das características de cada produto e do consumidor final.
 
Logo, devemos ressaltar alguns elementos e/ou fatores que determinarão o padrão da concentração industrial, tais como: produtos substitutos; produtos diferenciados; preferência dos consumidores; barreiras de mercado; acesso à informação; fatores tributários; fatores jurídicos; tendência de fusões; economias de escala; políticas governamentais etc.
Segundo Kupfer e Hasenclever (2002, p. 75), “o poder de mercado de uma empresa está relacionado com sua capacidade de controlar o preço de venda do produto”. Por este motivo, empresas com uma maior eficiência produtiva têm a capacidade de reduzir custos de forma contínua, porém limitada e, dessa forma, ter preços mais baixos no mercado.
Esse fato eleva sua competitividade no mercado, bem como traz a possibilidade de melhorar sua participação nesse mercado (Market share), uma vez que poderão sempre ter preços competitivos, visto a otimização dos custos fixos e variáveis. O poder de mercado de uma empresa pode ser traduzido pelo seu Market share (que pode ser medido pela razão entre suas vendas (oferta de mercado) e as vendas totais da indústria (oferta total)). Todavia, podemos encontrar outras medidas que podem traduzir a concentração de mercado, tais como:
- Tamanho do patrimônio líquido. 
- Capacidade produtiva instalada.  
- Número de empregados.
Embora, essas medidas possam ser levadas em conta para analisar a concentração de mercado, elas não revelam, efetivamente, a participação de mercado de uma empresa. A maior parte dos índices de concentração consideram o Market share como sendo um elemento fundamental para analisar a estrutura do mercado.
Na sequência de nossos estudos, analisaremos as medidas de concentração de mercado. Com essas medidas será possível a mensuração da concentração de um mercado e, com isso, passaremos a analisar, indiretamente, o comportamento dos agentes econômicos.
 
3.    Medidas de concentração
No estudo da economia industrial, podemos classificar as medidas de concentração em parciais ou sumárias, positivas ou normativas. No estudo das medidas parciais não são utilizadas todas as empresas como base para a análise da estrutura de mercado (concentração), mas apenas parcela das empresas. Por outro lado, as medidas sumárias se baseiam na totalidade das empresas como fonte de dados para analisar a concentração de mercado.
 As medidas positivas estão em função apenas da estrutura aparente do mercado industrial, isto é, do nível e da distribuição das parcelas de mercado. Já as medidas normativas também consideram a estrutura aparente de mercado, mas não deixam de levar em conta os padrões comportamentais, sendo eles:
 - Variações conjunturais. 
- Aversão ao risco.
- Elasticidades e coeficientes de substituição.
 
Estes padrões comportamentais referem-se às preferências dos consumidores e produtores no mercado. As medidas normativas avaliarão o desempenho das indústrias tanto pelo lado oferta (resultados financeiros e econômicos) quanto pelo lado demanda (excedente do consumidor).
 
3.1    Principais medidas de concentração
 Nesta seção de nosso estudo, apresentaremos as principais medidas para análise de concentração de mercado. As medidas que serão apresentadas são normalmente utilizadas em diversos estudos científicos na área econômica.
 
3.1.1 Razões de concentração
A razão de concentração na ordem k é uma medida positiva que tem por objetivo analisar a parcela de mercado das k maiores empresas.
 
Onde: 
CR = razão de concentração.
S = é a parcela de mercado de cada empresa. 
i = medida para quantificar as informações (volume de vendas e quantidades produzidas, por exemplo).
Na interpretação do índice, devemos compreender que quanto maior o seu valor, maior é a concentração, isto é, o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas. Normalmente se utiliza k = 4, k = 8, CR(4) e CR(8), ou seja, o grau de concentração do mercado que é obtido pelas 4 ou 8 maiores empresas do setor.
Conforme Kupfer e Hasenclever (2002), este índice apresenta algumas deficiências que merecem atenção:
 a.    Ele ignora a presença das n - k empresas menores da indústria (ou seja, das outras empresas desse mercado). Deste modo, fusões horizontais ou transferências de mercado que ocorram entre elas não alterarão o valor do índice se a participação de mercado da nova empresa resultante da fusão estiver abaixo da k-ésima posição.
 b.    Este índice não leva em consideração a participação relativa de cada empresa no grupo das k maiores. Assim, se importantes transferências de mercado ocorrerem no interior do grupo (sem exclusão de nenhuma delas), a concentração medida pelo índice não será afetada.
 c.    Uso do índice para acompanhar a evolução da estrutura industrial pode levar a inconsistências de natureza, uma vez que as k-empresas podem não ser as mesmas em dois diferentes períodos.
3.1.2  Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH)
Este é um índice que determinará a concentração de mercado e, assim, compreender o poder de mercado das empresas.  A fórmula do IHH é:
Esse é um índice que contém algumas características e propriedades fundamentais, tais como:
 a) Ao elevar ao quadrado as parcelas de mercado, estamos atribuindo um peso maior para as organizações relativamente maiores.
 b) Quanto maior é o valor do índice, maior será a concentração de mercado e menor a concorrência.
 c) O índice varia entre: 1/n ≤ IHH ≤1. O limite inferior de IHH declina à medida que aumenta o número de empresas e no limite ele tende a zero, quando n→∞. Isto não significa que IHH sempre diminui com o aumento do número de empresas. A entrada de uma empresa adicional é compatível tanto com o aumento como com a redução da concentração. Pode se observaro aumento da concentração absoluta e a redução da concentração relativa e vice-versa.
 •    Caso 1: todas as seis maiores empresas produzem 15% cada uma (totalizando 90%).
•    Caso 2: a maior empresa produz 80% e as cinco maiores empresas seguintes produzem 2% cada uma (totalizando 90%).
 
Nessas situações, a razão de concentração das seis empresas seria igual a 90% tanto no Caso 1 como no Caso 2. Entretanto, no primeiro caso existe uma significativa competição, enquanto o segundo caso se aproxima do monopólio. O índice IHH para estas duas situações mostra de forma clara a falta de competição no segundo caso:
 
•    Caso 1: índice Herfindahl = (0,152+0,152+0,152+0,152+0,152+0,152) + (0,012+0,012+0,012+0,012+0,012+0,012+0,012+0,012+0,012+0,012) = 0,136 (13,6%, ou seja, há baixa concentração nesse mercado).
 
•    Caso 2: índice Herfindahl = 0,802 + 5 x 0,022 + 10 x 0,012 = 0,643 (64,3%, ou seja, há alta concentração nesse mercado).
 
Se o valor resultante está acima de um certo nível, então os economistas consideram que existe uma elevada concentração no mercado. Por exemplo, nos EUA este nível está fixado em 0,25.
3.2 Aplicação das medidas de concentração
Para compreender as medidas apresentadas nas seções anteriores desses estudos apresentaremos alguns casos que tratam da aplicação do índice HH e da razão de concentração para analisar alguns estudos científicos.
 
I. Análise da Concorrência e Concentração de Mercado na Indústria de Refino de Petróleo no Sudeste do Brasil
No estudo de Ribeiro, Santos e Souza (2013), podemos verificar aplicação dos índices HH e a razão de concentração. Esse estudo buscou averiguar a concentração do mercado na indústria de refino petrolífero na região Sudeste do país. Para o desenvolvimento da pesquisa, coletou-se dados sobre a produção de barris, diariamente, junto à Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O período de análise foi entre os anos de 2010, 2011 e 2012.
 
Nos cálculos da razão de concentração (CRk) e do índice de "Hirschman-Herfindahl" (HH) considerou-se a maior indústria no mercado e, logo depois, a segunda e a terceira maiores do segmento no mercado, sendo elas: REPLAN, REVAP e REDUC. Assim, foi possível analisar a evolução dos índices no limite do período considerado para análise. A Tabela 2.1 mostra a evolução da concentração econômica no setor.
 
Tabela 2.1 | Razão de concentração e índice HH
Fonte: Ribeiro, Santos e Souza (2013).
 
Com os resultados obtidos foi possível analisar que no ano de 2010, o maior grupo deste segmento industrial tinha 17,77% da produção de refino petrolífero (CR (1) = 17,77). Os dois maiores grupos tinham 38,11% da produção industrial e os três maiores detinham 58,62% do mercado em aspectos produtivos (CR(3) = 58,62). Em outro plano, o índice de HH apresentou um valor de 23,00% que, segundo os autores, é considerado alto em termos de concentração econômica.
4. Concentração econômica no Brasil
Na economia brasileira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é o responsável por prevenir e repreender as infrações econômicas cometidas pelas empresas, bem como inibir os atos de concentração de mercado. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda é também um órgão responsável por garantir o funcionamento perfeito dos mercados, em aspectos econômicos.
 
Conforme o art. 90 da Lei 12.529/2011, os atos de concentração no mercado podem acontecer quando:
 
I. Duas ou mais empresas, anteriormente independentes, se fundem.
II. Uma ou mais empresas adquirem, direta ou indiretamente, o controle (ou partes) de uma ou outras empresas. 
III. Uma ou outras empresas incorporam outra (ou outras) empresa(s).
IV. Duas ou mais empresas celebram contrato associativo, consórcio ou joint venture.
Todavia, entende-se que não é um ato de concentração os consórcios ou as associações que ocorrem por meio de licitações comandadas por órgãos públicos. Esses são casos em que a administração pública está preocupada em ofertar um bem ou serviço essencial a toda população.
 
No Quadro 2.1, estão estruturadas as formas básicas de concentração no mercado, isto é, fusão, incorporação, aquisição e joint venture:
 
Quadro 2.1 | Concentração de mercado
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.1 Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
A competência do CADE está pautada em analisar os aspectos de concorrência e atos de concentração de mercado. Assim, o CADE tem uma função essencial na economia, ou seja, garantir a livre concorrência entre os agentes econômicos e, com isso, zelar por alguns dos princípios do art. 170 da Constituição Federal do Brasil de 1988.
 
O CADE observa alguns elementos de mercado para verificar os atos de concentração. Assim, são observados os seguintes elementos:
 
- A participação de mercado das empresas. 
- O grau de rivalidade entre os concorrentes. 
- Aspectos relacionados ao setor em análise.
 
Esses elementos são considerados para a análise de qualquer operação que envolva a concentração de mercado (fusão, incorporação, associação ou aquisições). Além disso, o CADE busca zelar pela garantia da concorrência, com o objetivo de preservar a diversidade e a qualidade de produtos e serviços ofertados no mercado.

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