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direito de greve e direito administrativo

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Superior Tribunal de Justiça
MANDADO DE SEGURANÇA Nº 18.162 - DF (2012/0027627-0)
RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS
IMPETRANTE : ALFREDO GONÇALVES NASCIMENTO 
ADVOGADO : ULISSES BORGES DE RESENDE E OUTRO(S)
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO 
INTERES. : UNIÃO 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator): 
Cuida-se de mandado de segurança impetrado por ALFREDO 
GONÇALVES NASCIMENTO contra ato reputado coator praticado pelo 
MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, consubstanciado em aplicação da pena 
de suspensão por quarenta (40) dias ao impetrante, nos termos dos arts. 116, inciso III, 
129, parte final, e 130, todos da Lei n. 8.112/90, "por ter descumprido o dever de 
observar as normas legais e regulamentares " (fl. 700, e-STJ).
Na sua petição inicial (fls. 1-34, e-STJ), o impetrante alega que não 
poderia ter lhe sido aplicada a penalidade de suspensão, pois estava em exercício como 
dirigente sindical e não como servidor público. Argumenta, também, que os fatos 
punidos seriam "fatos de greve" e não configurariam "exercício das atribuições" no ditame 
do art. 148 da Lei n. 8.112/90, o que induziria a ilicitude da pena. Alega que o estado de 
greve suspende a relação laboral e, assim, não há falar em violação no exercício das 
funções. Alega, ainda, violação do devido processo legal, da ampla defesa e do 
contraditório. Postula que o art. 130 não poderia ter sido mobilizado, uma vez que o 
termo de indiciamento não permitiria tal enquadramento (suspensão) e somente a 
advertência. Refere à alegação anterior com base no argumento de que a comissão teria 
proposto sua demissão. Por fim, alega que os fatos teriam sido distorcidos para lhes 
imputar mais gravidade.
Pleiteou a concessão da medida liminar, que foi indeferida nos termos da 
seguinte ementa (fl. 778, e-STJ):
"ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO. 
APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE FEITA POR INTERMÉDIO 
DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. 
INEXISTÊNCIA DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN 
MORA. LIMINAR NEGADA" .
Interposto agravo regimental pelo impetrante, o qual foi negado 
provimento pela Primeira Seção desta Corte (fls. 832-833, e-STJ).
Prestadas informações pela autoridade coatora, MINISTRO DE 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 1 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
ESTADO DA EDUCAÇÃO (fls. 818-829, e-STJ). Suscita duas preliminares. A 
primeira, argumenta pela inadequação da eleita, haja vista que a discussão sobre a 
suposta prática de ato ilegal demanda dilação probatória. A segunda seria de inépcia da 
petição inicial, porque não teria havido a pertinente argumentação referente à violação do 
devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, o que conduziria à intelecção 
de que não houve a necessária exposição da causa de pedir. No mérito, alega que a 
paralisação na prestação de serviços, em decorrência de greve, não teria o condão de 
obstar o fiel cumprimento das normas que tratam dos deveres funcionais dos servidores 
públicos, motivo pelo qual não se pode entender como lícita a conduta do servidor que 
participou do bloqueio das portas da entrada do edifício-sede do FNDE com correntes 
e cadeados. Aduz, ainda, que, em relação ao argumento de que não teria sido adequada 
a aplicação da penalidade de suspensão, o ato disciplinar não pode ser visto como 
violação do princípio da proporcionalidade, porquanto, ao considerar a gravidade e a 
repercussão do ilícito administrativo – fechamento das portas de entrada do seu local de 
trabalho –, foi aplicada a reprimenda prevista na legislação de regência. Defende, 
também, ser manifesta a adequação da penalidade e que sua revisão demandaria a 
revisão do mérito administrativo. Por fim, postula que não haveria qualquer violação do 
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, pois o impetrante 
manifestou-se diversas vezes nas necessárias fases do Processo Administrativo 
Disciplinar, inclusive por meio de pedido de reconsideração da decisão proferida pelo 
Ministro de Estado da Educação.
O agravo regimental interposto pelo impetrante contra a decisão que 
indeferiu a liminar foi improvido pela Primeira Seção (fls. 832-840, e-STJ).
Parecer do Ministério Público Federal pela denegação da ordem. Eis a 
ementa do parecer (fl. 848, e-STJ):
"MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. 
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. TRANSGRESSÃO COMETIDA 
DURANTE ATO DE GREVE. PROCESSO DISCIPLINAR. - 
Insurgência do impetrante contra entendimento regularmente 
manifestado pela comissão processante. - Parecer pela denegação da 
ordem."
É, no essencial, o relatório.
 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 2 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
MANDADO DE SEGURANÇA Nº 18.162 - DF (2012/0027627-0)
EMENTA
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. 
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. DIREITO DE GREVE. ATO 
ABUSIVO E ILÍCITO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO. 
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO 
IDENTIFICADA. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL. 
APLICAÇÃO DO MI 712/PA. ART. 15. PENA POR EXCESSO. 
POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DA PROPORCIONALIDADE E DA 
RAZOABILIDADE. PENALIDADE ADEQUADA. AUSÊNCIA DE 
DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. Mandado de segurança impetrado no qual se pede a 
anulação de processo administrativo disciplinar cujo resultado foi a 
aplicação da pena de suspensão por quarenta dias (fl. 700), com base no 
art. 130 da Lei n. 8.112/90, em razão de atuação ilícita em ato de greve; 
o processo administrativo disciplinar apurou que o servidor atuou em 
conjunto com outros para trancar os acessos do edifício-sede da 
repartição; o cerramento mostrou-se perigoso, pois outro servidor 
derramou líquido inflamável na porta e, assim, criou situação de risco.
2. O impetrante alega que não poderia ter sido punido 
com suspensão, uma vez que seus atos não teriam sido praticados no 
exercício da função, nos termos do art. 148 da Lei n. 8.112/90; além 
disso, postula que a penalidade teria sido excessiva e alude a violação do 
devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
3. Do exame acurado do processo disciplinar, bem se vê 
que foi dada publicidade de todos os procedimentos ao longo do 
processamento, bem como facultado o direito de defesa, junto com 
informações hábeis para contradição; além disso, houve garantia da 
produção de provas pedida. Não há falar em nenhuma violação de cunho 
formal.
4. A alegação central é a pretensa impossibilidade de 
aplicação da penalidade ao servidor público que, por integrar comando 
de greve, postula que seus atos de greve estariam fora das atribuições do 
cargo e, logo, não poderia responder por nenhuma procedimento 
disciplinar por prática de abuso do direito.
5. Está pacificado o cabimento da aplicação da Lei de 
Greve – Lei n. 7.783/89 – aos movimentos grevistas federais, em razão 
do decidido pelo Supremo Tribunal Federal no Mandados de Injunção 
712/PA (Relator Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, publicado no DJe-206 
em 31.10.2008 e no Ementário vol. 2339-03, p. 384), e a referida Lei 
prevê a possibilidade de penalização por ato ilegal de greve, como se 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 3 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
infere do seu art. 15.
6. A aplicação da penalidade de suspensão está em 
conformidade com as provas apuradas no processo administrativo 
disciplinar e com o enquadramento nos inciso III do art. 116, combinado 
com os arts. 129 e 130 da Lei n. 8.112/90, tendo havido, inclusive, 
adequação do rigor por parte do parecer jurídico (fls. 681-685) em 
relação à recomendação inicial do relatório final, que opinou pela 
demissão. Não há violação da proporcionalidade e da razoabilidade.
Segurança denegada.
 
 
 
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator): 
Deve ser denegadaa ordem pleiteada.
Como resta claro do relato efetuado, põe-se em discussão a aplicação da 
pena de suspensão por quarenta (40) dias de servidor público que, estando em greve, 
impediu a entrada de servidores públicos às dependências do FNDE, valendo-se na 
ocasião do uso de correntes e cadeados para cerrar as portas de acesso. Eis o ato 
coator (fl. 700, e-STJ):
"O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas 
atribuições, tendo em vista o disposto no inciso II, do artigo 141, da 
Lei 8112, de 11 de dezembro de 1990, e o que consta no Processo 
Administrativo Disciplinar nº 23034.001162/2010-53 e no Parecer 
nº 647/2011/CGEPD/FHL, resolve:
Aplicar a penalidade de SUSPENSÃO por 40 (quarenta) dias 
ao servidor ALFREDO GONÇALVES NASCIMENTO, matrícula 
SIAPE nº 1695912, ocupante do cargo de Especialista em 
Financiamento e Execução, do Quadro de Pessoal do Fundo 
Nacional de Desenvolvimento da Educação, com fulcro no art. 130 
c/c o art. 129, parte final, e art. 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90, 
por ter descumprido o dever de observar as normas legais e 
regulamentares" .
A pena de suspensão foi aplicada ao impetrante, servidor público federal 
lotado no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, já que, durante 
um período em que houve greve, este – junto com outros servidores – impediu a entrada 
de trabalhadores às dependências da entidade estatal, valendo-se na ocasião, para tanto, 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 4 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
do uso de correntes e cadeados para cerrar as portas de acesso. Todavia, o cerramento 
da porta tornou-se perigoso, já que comprovado ter havido o derramamento de líquido 
inflamável na porta.
O termo de indiciação consta dos autos (fls. 468-485, e-STJ).
O relatório final da comissão de processo administrativo disciplinar consta 
dos autos (fls. 568-576, e-STJ; fls. 598-603, e-STJ; fls. 614-648, e-STJ).
O parecer da Procuradoria Federal junto ao Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação – FNDE consta dos autos (fls. 607-613, e-STJ; fls. 
649-670, e-STJ).
O parecer da consultoria jurídica do Ministério da Educação consta dos 
autos (fls. 673-685, e-STJ).
Transcrevo trechos da conclusão da comissão processante sobre a 
conduta do impetrante (fls. 569-571, e-STJ):
"O presente processo teve sua origem a partir do Memo nº 19 
do Coordenador Geral de Recursos Logísticos / FNDE (fls. 03 e 04) 
que comunica ao Presidente do FNDE ocorrências no dia 05/05/2010 
referente a bloqueio das portas da entrada principal, da garagem e 
de serviço com correntes e cadeados e derramamento de líquido com 
características de óleo diesel na calçada que dá acesso à entrada 
principal do prédio, por membros do comando de greve. Tais 
ocorrências foram comunicadas à Superintendência da Polícia 
Federal de Brasília, representada pela Senhora Mara Toledo Piza 
Biocchi, com cópia ao Senhor Delegado Marcelo Mozart Rocha Galli, 
por ser a área em frente ao Prédio do FNDE de responsabilidade da 
União (fl. 05).
(...)
Em conformidade com o que se apresenta nos autos do 
presente processo, tem-se aqui a ocorrência de um fato tido como 
irregular envolvendo servidores públicos vinculados ao Fundo 
Nacional de Desenvolvimento da Educação / FNDE - o que, por 
força legal, justifica, desta forma, o procedimento em curso - o qual 
se caracteriza como ato de aparente responsabilidade funcional.
É pertinente e necessário que se esclareça, sucintamente, de 
que forma tal suposta irregularidade se corporificou.
Um Movimento de Greve promovido por servidores do FNDE, 
cuja deflagração, segundo os autos (fls. 78 - Volume I) ocorreu no 
dia 26 de abril de 2010, deu origem a atos e atitudes promovidos por 
alguns servidores grevistas, os quais, conforme as peças de denúncia 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 5 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
(fls. 03 a 98 - Volume I) foram caracterizados como atos de 
irresponsabilidade funcional, descritos na sequência deste relatório.
Nestas peças de denúncias, constam detalhamentos de como se 
sucederam tais ações. Trata-se de um volume de documentos, 
composto por várias correspondências e cópias de imagens 
fotográficas, que tramitaram internamente ao órgão e que foram 
registradas por seguranças e servidores não participantes do referido 
movimento.
A Polícia Federal periciou a substância que teria sido 
despejada e derramada no acesso ao edifício sede do FNDE pelos 
grevistas, durante os atos de greve, contando no laudo de exame de 
combustível nº 772/2010-INC/DITE/DPF da Polícia Federal às fls. 
86 a 90 - volume I - item III.2 - Resultados que o líquido examinado é 
constituído de composição dominante do combustível ÓLEO 
DIESEL, bem como substâncias constituintes do BIODIESEL" .
O relato da conduta fática individualizada pode ser apreendido nos 
seguintes extratos do relatório final da comissão processante (fl. 632, e-STJ):
"(...)
A testemunha Márcio José de Souza, na ocorrência registrada 
no Departamento de Polícia Federal, conforme fls. 71/72, informou 
que, no dia 04/05/2010 percebeu a presença dos Srs. Manuel, 
Iriovaldo, Alfredo e aproximadamente um grupo de sete pessoas do 
'Comando de Greve' e que 'Manuelzinho' derramava o líquido em 
frente à porta principal e ao ato contínuo, 'Manuelzinho' e Iriovaldo, 
juntamente com seis ou sete pessoas, passaram a acorrentar o 
portão de acesso às garagens e a 'rota de fuga' que dá acesso ao 
canteiro de obras, fatos estes confirmados em seu termo de 
declaração à Polícia Federal no mesmo dia, conforme documentos 
às fls. 73/75.
Além dessa documentação apresentada pelo servidor Márcio 
José de Souza, onde aponta de forma convicta e peremptória a 
identificação dos três servidores já citados como autores ativos dos 
fatos acima mencionados, ainda é corroborada pelos depoimentos 
das testemunhas Sandro de Jesus (fls. 217/218 - volume II) e Adeni 
Andrade (fls. 219/220 - Volume II) que confirmaram serem 
verdadeiros os fatos e a imputação da autoria, por serem 
testemunhas oculares e diretas no momento dos fatos.
(...)" .
Bem descritos os fatos, passo ao julgamento.
Inicio com as preliminares trazidas pela autoridade coatora. Alega 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 6 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
inadequação da eleita, porquanto a apreciação da demanda exigiria dilação probatória. 
Também, alega que a petição inicial seria inepta, uma vez que não teria havido a 
pertinente argumentação referente à violação do devido processo legal, da ampla defesa 
e do contraditório, o que conduziria à intelecção de que não houve a necessária 
exposição da causa de pedir. 
A via mandamental é adequada para apreciar a controvérsia.
Estão claras as teses jurídicas. O impetrante alega que não poderia ter 
sido punido com suspensão, uma vez que seus atos não teriam sido praticados no 
exercício da função, nos termos do art. 148 da Lei n. 8.112/90. Ainda, postula que a 
penalidade teria sido excessivo e somente deveria ter sido penalizado com a advertência.
Esses argumentos são suficientes para garantir a cognição do Writ of 
Mandamus , ainda que determinados argumentos não sejam aferíveis em razão de 
demandarem dilação probatória. O impetrante não nega a existência dos fatos. Defende 
que teriam sido distorcidos para lhes dar mais gravidade. No entanto, uma controvérsia 
sobre o panorama fático exigiria FNDE – inexoravelmente – a produção de provas e 
contra-provas.
A petição inicial também não é inepta, pois os argumentos trazidos são 
coerentes com o objetivo buscado, que é a anulação do ato administrativo de aplicação 
da penalidade de suspensão. Transcrevo o pedido (fl. 34, e-STJ):
"(...)
o) finalmente, seja CONCEDIDO o presente MANDADO DESEGURANÇA, confirmnando-se os efeitos da liminar, se deferida, 
para, no mérito, ser declarado NULO o processo administrativo e, 
em especial, a DECISÃO ADMINISTRATIVA proferida pela 
Autoridade Coatora (Autoridade Impetrada), por meio da qual, 
ilegalmente, foi aplicada a penalidade de SUSPENSÃO, na pessoa do 
ora IMPETRANTE, de acordo com o que ficou acima alegado, 
discutido e comprovado.
(...)" .
Em suma, rejeito as duas preliminares.
Passo ao mérito.
De plano, localizado que não há falar em violação do contraditório, da 
ampla defesa e do devido processo legal. O processo administrativo seguiu os ritos 
previstos na legislação de regência.
Foi dada ciência da instauração do processo administrativo (fl. 148, 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 7 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
e-STJ), por meio de notificação pessoal (fl. 156, e-STJ). Foi fornecida cópia integral do 
processo, em dois momentos, após pedido do servidor (fls. 178 e 496, e-STJ). Houve 
defesa técnica ao longo do processo, por meio de advogado constituído pelos servidores 
(fls. 179-180 e 184, e-STJ). Os servidores arrolaram várias testemunhas e foram 
notificados de suas oitivas (fls. 192, 198-207 e 222, e-STJ). Os servidores – e o 
impetrante – puderam ofertar depoimentos (fls. 366-369 e 372, e-STJ). O depoimento 
do impetrante consta dos autos (fls. 401-402, e-STJ). Houve indiciamento (fls. 468-485 
e 499-509, e-STJ), com intimação para a oferta de defesa escrita (fl. 493, e-STJ). Por 
fim, houve defesa técnica por advogado constituído nos autos (fls. 510-517, 525-541 e 
545-554, e-STJ).
Em suma, compulsando os autos, noto que houve participação do 
impetrante ao longo do processo administrativo, com defesa técnica e direito à 
contraditar as provas, bem como ofertar aquelas que julgasse necessárias.
Impossível localizar, faticamente, qualquer cerceamento.
O argumento que postula deduzir alguma violação dos princípios de 
regência do direito de defesa em razão da interpretação esposada pela comissão 
processante aos fatos é descabida do ponto de vista lógico. A comissão possui a 
prerrogativa de, com base no acervo fático dos autos, sugerir o enquadramento jurídico 
das condutas apuradas no relatório final. É ato interpretativo que, aliás, pode ser alterado 
se estiver em dissonância com os fatos.
Logo, não há como deduzir violação do direito de defesa.
Passo às duas outras alegações.
A primeira é de que o abuso de direito de greve não seria passível de 
punição administrativa. A segunda é de que a pena seria excessiva.
Sobre a primeira alegação, a comissão de processo disciplinar rechaçou a 
tentativa de afastar a imputação da responsabilidade administrativa dos servidores com 
base na tese de que os servidores em "estado de greve" não estariam no exercício da 
função e, portanto, deveriam ser tratados somente como particulares.
Essa tese é o ponto central do mérito do presente mandamus e pode ser 
apreendida da seguinte transcrição da peça inicial (fl. 2, e-STJ):
"Ocorre que o referido ato é nulo de pleno direito, posto que o 
IMPETRANTE não se encontrava no exercício das atribuições de seu 
carpo. nem a pretexto de exercê-las, ao tempo em que também não 
se encontrava na repartição em que trabalha, senão na liderança de 
urna greve, enquanto grevista, Membro do Comando de Greve. 
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 8 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Logo, não se aplicaria ao caso o disposto no Título IV da Lei nº 
8.2219/90" .
Para elucidar o debate, transcrevo o ponto de vista da comissão (fls. 
645-647, e-STJ):
"No que tange à alegação de que os fatos diriam respeito à 
'ações de particulares e que tais atos não teriam vínculo com o 
serviço público e nem com o exercício do cargos dos servidores, a 
própria defesa comete um enorme contra senso quando, de forma 
paradoxal, defende, por um lado o direito de greve e licitude das 
atuações dos servidores (empregados)e cometidas à título de 'atos 
grevistas', por outro lado, alega que os atos apontados na denúncia 
seriam 'ações particulares' cometidas por 'particulares' e, portanto, 
fora da esfera da investigação da seara administrativo/disciplinar.
Ora, a greve - e as ações inerentes à mesma - só pode ser 
exercida por servidores investidos dessa condição! Qual seria o 
propósito de uma greve deflagrada por 'pessoas particulares'?! Qual 
seria o objetivo de tal greve? Um objetivo 'particular'?
(...)
A Lei nº 7.783/89, que regulamenta o direito de greve, em seu 
art. 15, exige sejam responsabilizados perante as esferas penal, cível 
e trabalhista todos os trabalhadores que praticam atos ilícitos ao 
longo da greve.
(...)
A fim de evitar qualquer confusão acerca da responsabilidade 
dos trabalhadores, quando do abuso do direito de greve, foi criada 
uma distinção doutrinária sobre o tema. Nesse sentido, vale 
transcrever ensinamento de Arnaldo Sussekind (Instituições de 
Direito do Trabalho, 22 ed., São Paulo - LTr, 2005):
'(...) Os atos ilícitos de que tratamos no item 
anterior, configuradores do abuso do direito de greve, 
devem ser analisados em dois planos: a) no da 
responsabilidade de dirigentes da entidade sindical pela 
deflagração da greve, prática de atos ilícitos ou omissão 
quanto a providências impostas por lei; b) no da 
participação ativa de empregados na prática de atos 
ilícitos (piquetes obstativos), 'arrastão', agressão física ou 
moral, ocupação e local de trabalho, depredação de 
estabelecimento, máquina, equipamentos e outros bens, 
etc.), ou sua negativa em integrar turmas de emergência 
para a prestação de serviços considerados indispensáveis 
pela lei.
(...)
Documento: 48058642 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 9 de 15
 
 
Superior Tribunal de Justiça
A constatação dos excesso cometidos, 
caracterizando a conduta abusiva e, portanto, afronta ao 
direito de greve, equivale ao ato ilícito (...) Destarte, 
restou cristalino que qualquer que seja a forma de abuso 
do direito de greve, estará o responsável sujeito a uma 
pena, não havendo complacência com o infrator, haja 
vista que há um tema de extrema relevância em jogo, não 
havendo margem para a impunidade.'
(...)" .
Em síntese, o argumento basilar da impetração recai na alegação de 
impossibilidade de aplicação da penalidade ao servidor público que, ao integrar 
comando de greve e – no seu ponto de vista – estar fora das atribuições do cargo, não 
poderia responder por procedimento disciplinar por prática de abuso do direito de 
greve.
De plano, friso que está pacificado o cabimento da aplicação da Lei de 
Greve – Lei n. 7.783/89 – aos movimentos paredistas federais, em razão do decidido 
pelo Supremo Tribunal Federal no Mandados de Injunção 712, cuja ementa transcrevo, 
que é pertinente:
"MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À 
NORMA VEICULADA PELO ARTIGO 37, INCISO VII, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE 
ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS TRABALHADORES EM 
GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO 
DA LEI FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO 
ATÉ QUE SOBREVENHA LEI REGULAMENTADORA. 
PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO 
DE GREVE PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR 
ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. GREVE 
NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO 
ANTERIOR QUANTO À SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE 
INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE SOCIAL. 
INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL 
DAR-SE-IA OFENSA À INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE 
OS PODERES [ART. 2O DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E À 
SEPARAÇÃO DOS PODERES [art. 60, § 4o, III, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. INCUMBE AO PODER 
JUDICIÁRIO PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR 
VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVEDOS 
SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO NO ARTIGO 37, VII, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
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1. O acesso de entidades de classe à via do mandado de 
injunção coletivo é processualmente admissível, desde que 
legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano.
2. A Constituição do Brasil reconhece expressamente possam 
os servidores públicos civis exercer o direito de greve --- artigo 37, 
inciso VII. A Lei n. 7.783/89 dispõe sobre o exercício do direito de 
greve dos trabalhadores em geral, afirmado pelo artigo 9º da 
Constituição do Brasil. Ato normativo de início inaplicável aos 
servidores públicos civis.
3. O preceito veiculado pelo artigo 37, inciso VII, da CB/88 
exige a edição de ato normativo que integre sua eficácia. 
Reclama-se, para fins de plena incidência do preceito, atuação 
legislativa que dê concreção ao comando positivado no texto da 
Constituição.
4. Reconhecimento, por esta Corte, em diversas oportunidades, 
de omissão do Congresso Nacional no que respeita ao dever, que lhe 
incumbe, de dar concreção ao preceito constitucional. Precedentes.
5. Diante de mora legislativa, cumpre ao Supremo Tribunal 
Federal decidir no sentido de suprir omissão dessa ordem. Esta 
Corte não se presta, quando se trate da apreciação de mandados de 
injunção, a emitir decisões desnutridas de eficácia.
6. A greve, poder de fato, é a arma mais eficaz de que dispõem 
os trabalhadores visando à conquista de melhores condições de vida. 
Sua auto-aplicabilidade é inquestionável; trata-se de direito 
fundamental de caráter instrumental.
7. A Constituição, ao dispor sobre os trabalhadores em geral, 
não prevê limitação do direito de greve: a eles compete decidir sobre 
a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por 
meio dela defender. Por isso a lei não pode restringi-lo, senão 
protegê-lo, sendo constitucionalmente admissíveis todos os tipos de 
greve.
8. Na relação estatutária do emprego público não se manifesta 
tensão entre trabalho e capital, tal como se realiza no campo da 
exploração da atividade econômica pelos particulares. Neste, o 
exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses 
egoísticos do sujeito detentor de capital --- indivíduo ou empresa --- 
que, em face dela, suporta, em tese, potencial ou efetivamente 
redução de sua capacidade de acumulação de capital. Verifica-se, 
então, oposição direta entre os interesses dos trabalhadores e os 
interesses dos capitalistas. Como a greve pode conduzir à diminuição 
de ganhos do titular de capital, os trabalhadores podem em tese vir a 
obter, efetiva ou potencialmente, algumas vantagens mercê do seu 
exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária, no âmbito da 
qual, em tese, aos interesses dos trabalhadores não correspondem, 
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antagonicamente, interesses individuais, senão o interesse social. A 
greve no serviço público não compromete, diretamente, interesses 
egoísticos do detentor de capital, mas sim os interesses dos cidadãos 
que necessitam da prestação do serviço público.
9. A norma veiculada pelo artigo 37, VII, da Constituição do 
Brasil reclama regulamentação, a fim de que seja adequadamente 
assegurada a coesão social.
10. A regulamentação do exercício do direito de greve pelos 
servidores públicos há de ser peculiar, mesmo porque 'serviços ou 
atividades essenciais' e 'necessidades inadiáveis da coletividade' não 
se superpõem a 'serviços públicos'; e vice-versa.
11. Daí porque não deve ser aplicado ao exercício do direito de 
greve no âmbito da Administração tão-somente o disposto na Lei n. 
7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os parâmetros atinentes a 
esse exercício.
12. O que deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a 
coerência entre o exercício do direito de greve pelo servidor público 
e as condições necessárias à coesão e interdependência social, que a 
prestação continuada dos serviços públicos assegura.
13. O argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o 
que se afiguraria inconcebível, por ferir a independência e harmonia 
entre os poderes [art. 2º da Constituição do Brasil] e a separação 
dos poderes [art. 60, § 4º, III] --- é insubsistente.
14. O Poder Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no 
mandado de injunção, formular supletivamente a norma 
regulamentadora de que carece o ordenamento jurídico.
15. No mandado de injunção o Poder Judiciário não define 
norma de decisão, mas enuncia o texto normativo que faltava para, 
no caso, tornar viável o exercício do direito de greve dos servidores 
públicos.
16. Mandado de injunção julgado procedente, para remover o 
obstáculo decorrente da omissão legislativa e, supletivamente, tornar 
viável o exercício do direito consagrado no artigo 37, VII, da 
Constituição do Brasil" .
(MI 712/PA, Relator Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 
25.10.2007, publicado no DJe-206 em 31.10.2008 e no Ementário vol. 
2339-03, p. 384.) 
Firmado que é aplicável a Lei n. 7.783/89, no que couber, bem se vê que 
a mesma prevê a hipótese de que ilícitos sejam apurados e, depois, que sejam aplicadas 
sanções. Cito:
"Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou 
crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, 
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segundo a legislação trabalhista, civil ou penal" .
Em suma, rejeito a alegação de que não seria aplicável a pena ao servidor 
grevista em razão de ato abusivo. Assim o faço por considerar que a legislação pátria 
não confere ao servidor público federal grevista o salvo conduto para infringir os deveres 
previstos no regime jurídico próprio. Com outras palavras, a legislação pertinente não 
estabelece nenhuma espécie de imunidade que o torne desimpedido de responder pelos 
atos praticados contrários à ordem jurídica.
No caso dos presentes autos, há plena suficiência de provas sobre a 
participação do impetrante no cerramento das portas de acesso do edifício sede do 
FNDE e em ação concertada contra o patrimônio público.
Passo à alegação de excesso da pena.
Postula o servidor que sua conduta – participação no cerramento das 
portas com cadeados – seria passível apenas de advertência, em razão do art. 130 da 
Lei n. 8.112/90:
"Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência 
das faltas punidas com advertência e de violação das demais 
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de 
demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias" .
Como pode ser visto dos autos, a comissão processante opinou pela 
aplicação da penalidade de demissão. Todavia, o parecer jurídico, produzido pela 
Procuradoria Federal junto ao FNDE opinou, em melhor correlação com as provas 
juntadas aos autos, pela aplicação da pena de suspensão de quarenta dias, no que foi 
acompanhado em tal entendimento pela Consultoria Jurídica do Ministério da Educação. 
Transcrevo o parecer da CONJUR (fls. 681-685, e-STJ):
"(...)
Por fim, no que se refere à plausibilidade das conclusões da 
Comissão Processante, quanto à conformidade com as provas em 
que se buscou para formar a sua convicção, à adequação do 
enquadramento legal da conduta e da penalidade proposta, bem 
quanto à inocência ou responsabilidade dos servidores (...), 
Gonçalves do Nascimento (...), faz-se mister tecermos algumas 
considerações.
(...)
No caso dos autos, o Colegiado Processante, após ouvir 
servidores e examinem os documentos carreados aos autos, conclui 
pela aplicação da penalidade de demissão aos servidores (...), Alfredo 
Gonçalves Nascimento (...) pela práticade condutas abusivas ao 
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direito de greve nos seguintes termos:
- demissão ao servidor Alfredo Gonçalves Nascimento, por 
infração ao artigo 116, III, VII e XI c/c o artigo 128, todos da Lei nº 
8.112/90, em virtude da ocorrência de ilicitude de conduta tipificada 
nos artigos 5º e 9º da Lei nº 7.783/89, por ofensa ao artigo 6º, 
parágrafos 1º e 3º da mesma Lei;
(...)
A Procuradoria do FNDE, entretanto, após otejar as provas 
dos autos, divergiu da conclusão do Relatório da Comissão 
Processante, nos seguintes pontos:
(...)
No que tange ao servidor Alfredo Gonçalvez nascimento, a 
Procuradoria do FNDE verificou não restar comprovada a utilização 
de fogos de artifício em nenhum momento por parte daquele 
servidor, nem a sua adesão ao evento 'derramamento de óleo diesel', 
restando apenas comprovada a conduta de que o servidor procedeu 
ao fechamento de portas do prédio.
Desta sorte, aquele órgão jurídico opinou, com fulcro no art. 
128 e 129, parte final, combinado com o art. 130 e art. 116, III da 
Lei nº 8.112/90 e em desacordo com as conclusões auferidas pela 
Comissão Processante, pela aplicação da penalidade de suspensão 
por 40 (quarenta) dias ao servidor Alfredo Gonçalves do 
Nascimento.
(...)
Ante todo o exposto, proponho que o processo seja submetido 
ao julgamento do Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação, com a 
sugestão de que, na forma do art. 168, acolha parcialmente o 
relatório da comissão, em razão das provas constantes nos autos e, 
acompanhando o parecer nº 328/2010/DICAD/PFFNDE/PGF/ AGU 
aplique as seguintes penalidades:
(...)
b) ao servidor Alfredo Gonçalves do Nascimento da penalidade 
de 40 (quarenta) dias de suspensão com fulcro no art. 130 c/c o art. 
129, parte final, e art. 116, III, da Lei nº 8.112/90; (...)
(...)" .
Reitere-se que não há alegação de negativa dos fatos.
A divergência do impetrante se refere ao enquadramento.
Do exame dos fatos apurados e do enquadramento normativo feito – art. 
116, inciso III, tenho que está correto o parecer do Ministério Público Federal no qual 
se postula não haver ilegalidade no julgamento (fl. 852, e-STJ):
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"Por derradeiro, quanto ao argumento insculpido na letra 'c', 
de que a penalidade correta seria 'advertência', em vez de suspensão, 
extrai-se do Parecer nº 647/2011/CGEPD/FIIL que o impetrante foi 
administrativamente enquadrado nas violações ao art. 116, incisos 
III, VII e XI c/c art. 128 da Lei nº 8.112/90, em razão de suas conduta 
ter sido tipificada nos artigos 5º e 9º da Lei nº 7.783/89, pelo que não 
há de se cogitar a hipótese de aplicação de simples penalidade de 
advertência, vez que o art. 130 da Lei nº 8.112/90 é claro ao 
determinar que 'a suspensão será aplicada em caso de reincidência 
das faltas punidas com advertência e violação das demais proibições 
que não tipifiquem infração sujeita à penalidade de demissão', a cuja 
hipótese se subsume perfeitamente o caso em exame" .
Logo, não visualizo desproporção na pena aplicada.
Examinadas as alegações, não há falar em máculas.
Ante o exposto, denego e segurança.
É como penso. É como voto.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS
Relator 
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