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4. A População Página 59 4.1 Introdução No modelo do fluxo circular: produto-renda-despesa (modelo de Quesnay), a população é o ponto central pois é lá que se encontram os donos dos fatores de produção (e portanto da renda) e é onde estão os consumidores dos produtos ofertados no mercado . População é um conjunto de pessoas que em um dado instante residem em um determinado lugar. Esse conjunto é afetado por movimentos devidos à imigração emigração nascimentos mortes 4.2 A População Argentina Brasil EUA Ano População Ano População Ano População 1870 1.859.000 1870 9.834.000 1870 38.555.983 1872 1.963.000 1872 9.930.478 1872 42.844.786 1880 2.457.000 1880 14.333.915 1880 50.200.000 1900 4.542.000 1900 17.438.434 1900 76.094.000 1920 8.861.000 1920 30.635.605 1920 106.461.000 1940 14.169.000 1940 41.165.289 1940 132.122.446 1950 17.150.300 1950 51.941.767 1950 152.271.417 1960 20.759.000 1960 70.070.457 1960 180.671.158 1970 23.364.400 1970 93.139.037 1970 205.052.174 1980 27.949.500 1980 119.002.706 1980 227.224.681 1990 32.547.000 1991 146.825.475 1990 249.464.396 1996 35.220.000 1996 157.070.163 1996 265.228.572 2000 36.955.200 2000 169.799.170 2000 282.162.411 2007 39.110.000 2007 183.987.291 2007 301.231.207 2010 40.280.000 2010 190.755.799 2010 309.326.225 2014 41.450.000 2014 202.768.562 2014 321.093.188 Fonte: IBGE Brasil Pop.Residente 2001 172.385.826 2002 174.632.960 2003 176.871.437 2004 181.581.024 2005 184.184.264 2006 186.770.562 2007 183.989.711 2008 189.612.814 2009 191.480.630 2010 190.747.855 2011 192.379.287 2012 193.946.886 2013 201.032.714 2014 202.768.562 2017 207.660.000 Fonte: IBGE A População 4 Despesas Demanda Oferta Produtos Mercado de Produtos Famílias (ou Pessoas) Rendimento Trabalho e Capital Unidades Produtivas Análise da População 4. A População Página 60 Definindo: p0 = Valor inicial da população pn = Valor Final da população i = taxa de crescimento anual Tem-se: Para o ano-1: p1 = (1 + i) p0 Para o ano-2: p2 = (1 + i) p1 = (1 + i) (1 + i) p0 = (1 + i) 2 p0 Para o ano-3: p3 = (1 + i) p2 = (1 + i) (1 + i) 2 p0 = (1 + i) 3 p0 ............................... Para o ano-n: pn = (1 + i) pn-1 = (1 + i) n p0 pn = (1 + i) n p0 Logo: pn / p0 = (1 + i) n (1 + i) = (pn / p0) 1/n i = (pn / p0) 1/n - 1 Exemplo: Uma cidade que após um ano tem uma população de 10.000 (p1 = valor inicial), e, em seguida, uma população de 65.000 após 5 anos (p5 = valor final). (i) Dividindo 65.000 por 10.000 obtém-se o crescimento do final do ano-0 (portanto ano-1) até o 5º ano: p5 / p1 = 6,5. (ii) Determina-se o número de anos partindo-se do final do ano 0 (portanto ano-1) para o Início do ano 5 n = 5 - 1 = 4 anos (iii) Elevando o quociente 6,5 à potência de 1/n = ¼ (p5 / p1) 1/4 = 6.51/4 = = 1.5967. (iv) Subtraindo 1 do resultado: i = 1.5967-1 = 0.5967. (v) Convertendo o decimal em uma porcentagem: 0.5967 59.67% a cidade tem uma percentagem de taxa de crescimento anual média de cerca de 60%. (vi) Verificando: Fim do ano 1. = 10,000. 10.000 x 1.5967 = 15.670 = fim do ano 2. 15.670 x 1.5967 = 25.198 = fim do ano 3. 25.198 x 1.5967 = 40.233 = fim do ano 4. 40.233 x 1.5967 = 65.000 = fim do ano 5. Regiões e UF População (2007) Regiões e UF População (2007) Regiões e UF População (2007) Regiões e UF População (2007) Norte 14 623 316 Nordeste 51 534 406 Sul 26 733 595 Sudeste 77 873 120 Rondônia 1 453 756 Maranhão 6 118 995 Paraná (2) 10 284 503 Minas Gerais 19 273 506 Acre 655 385 Piauí 3 032 421 Santa Catarina 5 866 252 Espírito Santo 3 351 669 Amazonas 3 221 939 Ceará 8 185 286 Rio Grande Sul 10 582 840 Rio de Janeiro 15 420 375 Roraima 395 725 Rio Grande Norte 3 013 740 Centro-Oeste 13 222 854 São Paulo (2) 39 827 570 Pará 7 065 573 Paraíba 3 641 395 Mato Grosso Sul 2 265 274 Brasil 183 987 291 Amapá 587 311 Pernambuco 8 485 386 Mato Grosso 2 854 642 Fonte: IBGE, 2007 Tocantins (2) 1 243 627 Alagoas (2) 3 037 103 Goiás 5 647 035 Sergipe 1 939 426 Distrito Federal 2 455 903 Bahia (2) 14 080 654 Cidades População (2017) São Paulo 12,1 milhões Rio de Janeiro 6,5 milhões Brasília 3 milhões Salvador 2,9 milhões Fonte: IBGE, 2017 Estados População (2017) São Paulo 45.094.866 Minas Gerais 21.119.536 Rio de Janeiro 16.718.956 Bahia 15.344.447 Rio Grande Sul 11.322.895 Paraná 11.320.892 Pernambuco 9.473.266 Ceará 9.020.460 Pará 8.366.628 Santa Catarina 7.001.161 Maranhão 7.000.229 Goiás 6.778.772 Fonte: IBGE, 2017 4. A População Página 61 4.3 Taxa de Natalidade e Fecundidade Taxa de natalidade é a estatística que mostra o número de crianças que nascem anualmente por cada mil habitantes, numa determinada área. Taxa Natalidade = n/p × 1000 Onde: n = é o número de crianças nascidas no ano e p = média populacional do período em questão Ano Taxa de natalidade /1000 Taxa de fecundidade 1960 6,30 1970 5,80 1980 4,40 1991 2,90 2000 20,86 2,39 2001 20,28 2,32 2002 19,73 2,26 2003 19,19 2,20 2004 18,66 2,14 2005 18,15 2,09 2006 17,65 2,04 2007 17,18 1,99 2008 16,72 1,95 2009 16,29 1,91 2010 15,88 1,87 2011 15,5 1,83 2012 15,13 1,80 2013 14,79 1,77 2014 14,4 1,70 Fonte: IBGE, Projeção da População do Brasil - 2013 Não confundir taxa de natalidade com taxa de fecundidade que é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu período reprodutivo, ou no conceito do IBGE que a define como: o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, de 15 a 49 anos. Observar que se cada casal gerar 2 filhos (portanto taxa de fecundidade = 2) a população não cresce. 4.4 A Redução da Taxa de Natalidade Dentre os diversos motivos responsáveis pela redução da taxa de natalidade, podem ser citados: Acesso à meios de planejamento familiar O acesso aos meios de planejamento familiar pelas mulheres dos países em desenvolvimento foi a chave da desaceleração do aumento da população mundial desde a Segunda Guerra Mundial. Observação: Antes de 1960 as famílias normalmente eram numerosas. Vários fatores contribuíam para isso, destacadamente: Ausência de previdência pública (os filhos eram a garantia dos idosos na velhice) População predominante rural (o campo requeria muita mão de obra) Ausência de métodos seguros anticoncepcionais4. A População Página 62 Ambiente Hostil A maternidade se depara com um ambiente social absolutamente hostil. Alguns dos fatores que tornam esse ambiente hostil são: - O tamanho reduzido das residências - A falta de espaços públicos para jogos e lazer - O nível mais alto de preços (por exemplo: segundo estudos oficiais, criar e educar uma criança no Japão custa hoje no mínimo US$ 173 mil). Educação Feminina A realização de estudos superiores e a incorporação da mulher ao trabalho postergam a idade do casamento (27,4 anos), o que está levando um número crescente de mulheres a renunciar ao casamento. Por exemplo: hoje, mais da metade das jovens japonesas com idade entre 25 e 29 anos está solteira, e na faixa de 30 a 34 anos a proporção é de 20%. Para a mulher japonesa, ainda é impossível compatibilizar a vida familiar com a carreira profissional. Desemprego Elevado A falta de perspectiva de emprego e a alta do custo de vida dos últimos anos tem acarretado o aparecimento de uma tendência a retardar a saída de casa dos filhos, a postergar o casamento e a reduzir a geração de filhos. 4.5 Taxa de Mortalidade Taxa de mortalidade é um coeficiente utilizado na medição do número de mortes (em geral, ou causadas por um fato específico) em determinada população. A taxa é expressa comumente em unidades de morte por 1000 pessoas ao ano. Assim, uma taxa de mortalidade de 6,14 numa população de 100.000 pessoas significa 614 mortes por ano em toda aquela área estudada Ano Taxa de mortalidade /1000 hab 2000 6,67 2001 6,56 2002 6,44 2003 6,35 2004 6,27 2005 6,20 2006 6,14 2007 6,10 2008 6,07 2009 6,05 2010 6,03 2011 6,02 2012 6,03 2013 6,04 2014 6,06 Fonte: IBGE, Projeção da População do Brasil - 2013 Observação: Cada vez mais os jovens estão entrando tarde no mercado de trabalho, e portanto tendo filhos mais tarde, o que faz com que entrem na região da gravidez de alto risco. Toda uma medicina e direitos são criados e direcionados para esse novo mercado (gravidez de alto risco), justificando investimentos em pesquisas do tipo “bebe de proveta”, “barriga de aluguel”, etc. 4. A População Página 63 4.6 O Crescimento de População Ao longo dos anos uma população qualquer forma uma sequencia de números crescentes: pn-1, pn, pn+1,... Esses valores variam por acréscimos inteiros (não existe meio indivíduo), não sendo, portanto, uma função contínua (logo não diferenciável no tempo). Observa-se que, para cada ano “n” que se analisa, a população fica multiplicada por certo número C, isto é: pn+1 = C . pn O número C pode ser da ordem de 2 ou de 3 para os mamíferos de porte médio, e é consideravelmente mais alto para pequenos animais, como os camundongos ou os coelhos. Aplicando-se repetidamente a expressão, ano após ano, pode-se estimar a população nesses anos. Entretanto, fazendo isto, em pouco tempo chega- se a um resultado absolutamente gigantesco. Por exemplo: partindo-se de uma quantidade ínfima (um único casal) e uma operação modesta (a multiplicação), repetida um número finito de vezes, chega-se a valores muito grandes. Esse fenômeno é conhecido como o crescimento da lei exponencial: uma população multiplicada várias vezes por um fator C > 1 cresce muito rapidamente. Para C = 3, tem-se: pn+1 = 3pn p0 = 10 p1 = 30 p2 = 90 ............ p10 = 60.000 valor enorme em apenas 10 iterações 4.7 Hipóteses Simplificadoras 4.7.1 Grandes populações variam continuamente são diferenciáveis no tempo. Define-se: p(t) = população no instante t r(t, p) = crescimento vegetativo (diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) 4.7.2 A população não se movimenta (não há imigração nem emigração). a alteração da população se deve exclusivamente ao crescimento vegetativo, isto é: dp t dt r p t ( ) . ( ) P0 P1 P0 P1 P2 P2 Nota: Observar que: p1 = C.p0 p2 = C.p1 = C(C.p0)= C 2.p0 p3 = C.p2 = C(C 2.p0)= C 3.p0 ------------------------------- pn = C n.p0 pn = p0.e n.ln(C) Curiosidade: As principais causas de óbito no mundo inteiro, segundo levantamento de 2002 da Organização Mundial de Saúde, foram: 1. Infarto (heart disease) 6. Doenças associadas à diarreia 2. Derrame cerebral (stroke) 7. Tuberculose 3. Infecções respiratórias 8. Malária 4. HIV/AIDS 9. Câncer de traqueia/brônquios/ pulmão 5. Doenças pulmonares obstrutivas 10. Acidentes de trânsito 4. A População Página 64 4.8 Lei de Malthus do Crescimento da População Thomas Malthus (1766-1834) publicou em 1798 um ensaio em que apresentava a tese de que a população crescia mais rápido do que a produção de alimentos (a população dobrava a cada 25 anos, enquanto que a os meios de subsistência cresciam segundo uma lei muito mais lenta). Hipótese de Malthus: r = a, é constante (não varia com o tempo nem com a população) Logo: dp t dt a p t ( ) . ( ) dp(t) = a.p(t).dt Valor inicial: p(t0) = p0 Solução: p(t) = p0.e a(t-t0) A população cresce exponencialmente com o tempo 4.9 Lei Logística de Crescimento da População – Lei da Evolução (Verhulst - 1837) Pierre-François Verhulst (1804-1849) continuou as idéias de Malthus onde incluiu a noção de fatores inibidores. Segundo ele, uma população não podia crescer indefinidamente. Devia limitar-se a um valor máximo. Sugeriu que a taxa de crescimento de uma população não seria constante, mas dependeria da grandeza dessa população. Em uma população extremamente grande os membros individuais irão competir entre si pelo espaço vital, reservas naturais e comida disponível, forçando uma redução da própria população Assim, acrescentando o termo competitivo -bp2 (média estatística do número de choques de dois membros por unidade de tempo que é proporcional a p2) à equação de Malthus, tem-se: dp t dt a p t bp ( ) . ( ) 2 onde a e b são os coeficientes vitais da população Dividindo-se ambos os membros pelo segundo membro obtém-se a equação equivalente: 1 12a p b p dp dt. . , isto é: 1 2a p b p dp dt . . . Então: 1 2 0 0 a p b p dp dt p p t t . . . Mas: 1 1 2a p b p p a b p A p B a b p A a B bA p p a b p. . . . . . Então: pbap pAbBaA pbap . .. . 1 Pierre-François Verhulst (1804-1849) População Alimentos Crise Anos Thomas Robert Malthus (1766-1834) 4. A População Página 65 Logo: A a B bA p. 1 , que para ser verdadeira para qualquer valor de p tem-se que: A a. 1 e B b A . 0 , portanto, A a 1 e B b a Assim, a integral fica: 1 1 1 2 0 0 0 00 a p b p dp a p dp b a b p dp a p p a b p a b p p p p p p p . . . . . ln . . 1 0 0 0a p p a b p a b p t tln . . Como o módulo é sempre positivo, tem-se: a t t p p a b p a b p ( ) ln . . . 0 0 0 , o que fornece: e p p a b p a b p a t t( ) . . . 0 0 0 , logo: p a b p e p a b pa t t0 00 . .( ) isto é: p t a p b p a b p e a t t ( ) . . ( . ). ( ) 0 0 0 0 Curva Logística de Verhulst Verhulst denominou essa fórmula de função logística. Esta função apresenta as seguintes características: dp dt é crescente para p t a b ( ) 2 dp dt é decrescente para p t a b ( ) 2 Comentários: Independente de seu valor inicial, a população tende sempre ao limite a / b A constante b, em geral, é muito pequena quando comparada com a. Se p não é bastante grande, então o termo -bp2 pode ser desprezado em relação ao termo a.p, e a população crescerá exponencialmente. Se p é muito grande, o termo -bp2 não é desprezível e serve para diminuir a rápida velocidade de crescimento da população. Quanto mais industrializada uma nação, quanto mais espaço vital ela tem, quanto mais alimento ela tem, menor o coeficiente b. Quando certas populações alcançam uma densidade suficientemente alta, elas se tornam suscetíveis a epidemias. A epidemia diminui a população para um número mais próximo do equilíbrio. Curiosidade: A curva logística de crescimento de populações é similar à do ciclo de vida de um produto (ou de seu consumo) a b a 2.b p(t) t Decrescente Crescente 4. A População Página 66 4.10 A Logística e a Teoria do Caos Ainda segundo Verhulst, a taxa de crescimento de uma população deveria ser proporcional ao desvio em relação ao máximo que a população podia alcançar. Assim, se Pi = população máxima, então o desvio em relação à esse máximo seria: (pi – pn). Como a taxa de crescimento é proporcional ao desvio, tem-se: C = K (pi – pn) Onde: C = taxa de crescimento = pn+1 / pn pi = população máxima Logo: pn+1 / pn = K (pi – pn) pn+1 = K pn (pi – pn) Dividindo tudo por pi e definindo p / pi = X, tem-se: Xn+1 = K.Xn (1 – Xn) Onde Xn é a população reduzida que varia entre 0 e 1, e K deve ser escolhido entre 0 e 4. Para p << pi X << 1 lei de crescimento Crescendo p X cessa de ser desprezível diante de 1 o termo (1 – X) modera o aumento Para K < 3: Depois de um período de crescimento, as sucessivas iterações convergem para um estado de equilíbrio X* a população acaba estabilizando-se Para K = 3: Mudança brusca de comportamento: bifurcação - depois da extinção do comportamento transitório, X assume dois valores de equilíbrio que se sucedem alternativamente: X1* e X2* A população voltará a ser a mesma a cada dois anos (um ano a cada dois ela é mais alta e, entre os dois, menor) Para K = 3,45: desta vez, já não são dois estados de equilíbrio que se sucedem periodicamente, e sim quatro estados. Para K = 3,57... : Os valores de K se aproximam cada vez mais. As sucessivas bifurcações ficam cada vez mais próximas e acabam acumulando-se num valor K = 3,57... para o qual é preciso esperar um tempo infinito para reencontrar o valor de uma população anterior Resumindo: Para K < K as populações se repetem, aguardando, conforme o valor de K (2,4, 8, 16,... anos), para reencontrar a seqüência já vista. Podemos nos deparar com o “déjà vu”. Essa repetição permite prever o futuro baseando-se no passado. O regime é predizível. É o eterno retorno. Xn Xn+1 K X 4. A População Página 67 Para K > K Os valores de X se sucedem de maneira aperiódica e desordenada, erraticamente, como se obedecessem apenas ao acaso. Não é possível previsões 4.11 Taxa de Crescimento da População O crescimento anual da população brasileira está hoje inferior a 1,3 % a.a. (que é aproximadamente o dobro da taxa de mortalidade 0,6%) indicando que cada casal gera menos do que duas pessoas no período de uma geração, ou seja: uma forte queda da população nos próximos anos, pois é inferior à taxa que produz 2 pessoas por geração (em 25 anos), que faz dobrar a população por geração, iIsto é: 1,3% << 2,81% a.a. Taxa de Crescimento 1986 1,96% 1987 1,88% 1988 1,80% 1989 1,72% 1990 1,64% 1991 1,58% 1992 1,50% 1993 1,43% 1994 1,38% 1995 1,33% 1996 1,29% 1997 1,25% 2015 0,83% 2016 0,80% 2017 0,77% Fonte: IBGE Média Geométrica de Crescimento Anual 1872-1890 2,01% 1890-1900 1,98% 1900-1920 2,91% 1920-1940 1,49% 1940-1950 2,39% 1950-1960 2,99% 1960-1970 2,89% 1970-1980 2,48% 1980-1991 1,93% 1991-2000 1,64% Fonte: IBGE Publicação: JB, 22/12/2000, pag.3 Como o crescimento populacional no Brasil tem caído fortemente, significa que a produtividade do brasileiro está crescendo pois um crescimento de 6% na década de 60 produzia o mesmo tipo de crescimento do PIB per capita que um crescimento de 4% está produzindo agora. [Francisco Lopes, JB, 28/12/97, pag.23] Taxa que faz dobrar a população em uma geração (25 anos) 0281,01221 2525 ii 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 1,9 1,9 2,4 2,9 1,9 1,3 0,9 Natalidade Mortalidade Crescimento Natural Crescimento natural da população brasileira Taxas (em %) Fonte: Alceu V.W.Carvalho. A população brasileira: estudo e i9nterpretação. Rio de Janeiro, IBGE, 1960/Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE, 1998 4. A População Página 68 Extensão Territorial 4.12 Tendências Demográficas Brasil ocupa hoje o quinto lugar dentre os mais populosos, conforme tabela: 1997 2010 2015 2025 Área km2 1. China 1.236 1.345.750.973 1.372.470.000 1.500 9.596.961 2. Índia 969 1.198.003.272 1.278.160.000 1.384 3.287.590 3. EUA 267,6 314.658.780 321.968.000 335,1 9.371.174 4. Indonésia 229.964.723 255.780.000 1.904.569 5. Brasil 160 190.755.799 205.002.000 212 8.515.767 6. Paquistão 180.808.096 188.925.000 880.254 7. Nigéria 154.728.892 182.202.000 1.267.000 8. Bangladesh 162.220.762 159.145.000 143.998 9. Rússia 140.873.647 146.606.730 17.125.187 10. Japão 127.156.225 126.832.000 372.824 11.México 95,7 109.610.036 121.005.815 140 1.964.375 16. Alemanha 82.166.671 81.197.500 356.733 20. França 62.342.668 67.087.000 551.500 22.Reino Unido 61.565.422 64.800.000 242.514 23.Itália 59.870.123 60.725.000 301.338 29.Espanha39,3 44.903.659 46.439.864 39 504.782 31.Argentina 35,5 41.400.000 43.131.966 47,1 2.780.400 37.Canadá 35.851.774 9.984.670 38.Austrália 23.919.400 7.692.024 Fonte: IBGE 4.13 O Aumento da Taxa de Longevidade Os idosos constituem uma parte da população que hoje cresce com uma velocidade muito alta devido a dois movimentos: Aumento da longevidade - graças principalmente ao avanço da medicina, às condições de saneamento e saúde (proporcionada pela urbanização) e à uma melhor qualidade da alimentação (que no Japão, país com mais idosos do mundo, está baseada em verduras, algas e peixes, e praticamente isenta de gorduras) Queda da natalidade - devido ao estímulo cultural, ao aumento da esterilização feminina, fazendo com que a população idosa em relação aos jovens seja muito maior. O custo social do envelhecimento da população vem sendo uma preocupação em todo mundo. Quase um quinto das famílias brasileiras é chefiada por pessoas com mais de 60 anos. Segundo Beltrão e Camarano (Ipea) o processo de envelhecimento fará com que aproximadamente 45% da oferta de força de trabalho urbana do país tenha em 2020 mais de 40 anos. Hoje são 23%. Assim, dentro de poucos anos a pirâmide demográfica da maioria das nações se inverterá. Haverá mais velhos que menores de 14 anos. País Área (km 2 ) Rússia 17.098.246 Canadá 9.984.670 China 9.596.961 EUA 9.371.174 Brasil 8.515.767 Austrália 7.692.024 Índia 3.287.590 Argentina 2.780.400 Cazaquistão 2.724.900 Argélia 2.381.741 Congo 2.344.858 Arábia Saudita 2.149.690 México 1.964.375 Indonésia 1.904.569 United Nations Statistics Division 4. A População Página 69 Problemas: Quando se estabeleceu 35 anos para a aposentadoria, morria-se aos 60 anos e começava-se a trabalhar com os 15 anos. Ou seja, aos 50 anos em média o indivíduo estava aposentado. Isto significa que a aposentadoria substituía uma geração (25 + 25 = 50) para dar espaço para a seguinte que tinha atingido a maturidade (25 anos). E garantia- se o pagamento de 10 anos de benefícios em média (50 + 10 = 60). Hoje essas relações têm que ser revistas. A Expectativa de vida cresce e a exigência de idade máxima para o trabalho tem que ser revista. 4.14 A PEA (População Economicamente Ativa) Uma população pode ser dividida em: População economicamente ativa(PEA) População não economicamente ativa Inativos PEA é a parcela da população que representa todas as pessoas que trabalham ou que estão procurando emprego. São pessoas que integram o sistema produtivo. É composta pelas pessoas de 10 a 65 anos de idade que foram classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa. PEA Homem Mulher Total (milhões) 2001 48,805 35,144 83,949 2002 49,979 36,856 86,835 2003 50,798 37,795 88,593 2004 52,744 39,917 92,661 2005 54,158 41,589 95,747 2006 54,590 42,299 96,889 2007 55,259 42,616 97,875 2008 56,157 43,322 99,479 2009 56,741 44,332 101,073 2011 56,850 43,373 100,223 A atuação da PEA pode ocorrer em três setores de atividade: Primário - atividades relacionadas com agricultura, pecuária, silvicultura, caça e pesca. Secundário - indústria de transformação, extrativismo mineral e construção civil. Terciário - comércio e prestação de serviços. No Brasil os dados de 2004 indicam: População = 149,8 milhões PEA = 92,9 milhões Desempregados = 8,3 milhões Trabalhando = 84,6 milhões distribuídos em: 58% no setor terciário; 21% no setor secundário; 21% no setor primário. Êxodo rural (mecanização da agricultura) 4. A População Página 70 No Brasil, antes de 2003, a PEA era inferior a PNEA, com índices inferior a 50% isso fazia com que o restante da população, ficasse à mercê do sustento dos economicamente ativos. Em muitos países o índice é de aproximadamente 75% atuando no setor produtivo PEA PNEA %PEA 2001 83.949 88.437 48,70% 2002 86.835 87.798 49,72% 2003 88.593 88.278 50,09% 2004 92.661 88.920 51,03% 2005 95.747 88.437 51,98% 2006 96.889 89.882 51,88% 2007 97.875 86.115 53,20% 2008 99.479 90.134 52,46% 2009 101.073 90.408 52,78% 2011 100.223 92.156 52,10% 2013 102.500 Fonte: Pnad 2013 PEA = População Ocupada + Desempregados Funcionários Público (Militares e Estatutários) Iniciativa Privada (com carteira de trabalho ass.) Emprego Informal (sem carteira de trabalho) Participação % na Força de Trabalho 10.4% 51% 38.6% % com 2 Grau completo 64% 29% 7% Fonte: PNAD-1993, IBGE JB, 22/03/96 4. A População Página 71 4.15 Tendência do trabalhador com Carteira Assinada Trabalhadores do Setor privado c/cart.assinada (milhões) 1994 18,77 1995 18,76 1996 18,92 1997 19,14 1998 19,24 2004 25,3 2008 30,2 2009 32,4 2011 33,9 2012 35,5 2013 36,8 4.16 O Desemprego Drama que os trabalhadores passam a enfrentar com a entrada inevitável de novas tecnologias nas empresas a economia pode crescer sem gerar novos empregos. As novas tecnologias são sempre extremamente excludentes de mão-de- obra. Anos de Estudo Desemprego 1997 0 4,30% 1 a 3 6,10% 1o. Grau 4 6,50% 5 a 7 12,00% 8 10,10% 2o. Grau 9 a 10 14,30% 11 8,00% Superior 12 a 14 7,90% 15 ou mais 3,20% Fonte: PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 1997 Publicação: O Globo, 26/09/99, pag.35 Observando-se o quadro acima, pode-se concluir que: O desemprego se concentra entre os que têm o Segundo Grau incompleto. Os que têm pouca educação aceitam qualquer tipo de emprego 0 1,5 4 6 8 9,5 11 13 15 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Anos de Estudo Desemprego 4. A População Página 72 As pessoas que não conseguem terminar um curso transmitem um sinal de fracasso ao mercado de trabalho, e por isso acabam preteridos As economias são forçadas a gerar desemprego para manter a competitividade. A lógica do sistema engendra desemprego. [Celso Furtado, JB, 23/01/94] Quando uma grande empresa como a IBM despede 50.000 pessoas, essas 50.000 pessoas deixam de consumir, por exemplo: deixam de viajar. Imediatamente as companhias aéreas começam a ter problemas e deixam de comprar aviões. A redução nas encomendas de aviões obriga os fabricantes a demitir mais pessoas. Homens e mulheres são privados de trabalho, de dignidade social e de consumo numa época radicalmente materialista mas incapaz de manter as garantias do Estado previdenciário. Em época de desemprego alto, a capacidade de mobilização dos sindicatos também fica limitada. Assim, os sindicatos são obrigados a renunciar a importantes conquistassociais, e os trabalhadores ficam mais desprotegidos 4.17 Impacto da Tecnologia no Desemprego A utilização crescente de máquinas e robôs, cada vez mais aperfeiçoados, tem como conseqüência inevitável o aumento do desemprego. Isto concorre para uma concentração da riqueza, reduzindo o número de beneficiados com o aumento da produção proporcionado pela própria máquina. Entretanto, a máquina é o oposto do homem: quanto mais uma máquina é utilizada, menos ela fica utilizável pois o desgaste vai lhe acabando. Enquanto que quanto mais o homem é utilizado, mais ele se aperfeiçoa. 4.17.1 A Automação a) Processo existente: b) Primeira fase da automação: otimização dos insumos A Produção mensal: 5 rolos de folhas de alumínio B Consumo mensal: 5 rolos de folhas de alumínio Produção mensal: Latas Perdas menores devido ao programa Programa para otimização do corte de folhas Aparecimento de excedente de insumo A Produção mensal: 5 rolos de folhas de alumínio B Consumo mensal: 5 rolos de folhas de alumínio Produção mensal: Latas Perdas devido ao corte das folhas 4. A População Página 73 c) Segunda fase da automação: queda de preços de insumos d) Terceira fase da automação: crise no setor e) Quarta fase da automação: crise nos demais setores A Produção mensal: 5 rolos de folhas de alumínio B Consumo mensal: 4 rolos de folhas de alumínio Produção mensal: Latas Perdas menores devido ao programa Programa para otimização do corte de folhas Estoque do período anterior Excedente de Produção Queda de Preços Desestímulo à produção Sem estoque de insumos A Redução da Produção mensal: 3 rolos de folhas de alumínio B Queda do Consumo mensal: 3 rolos de folhas de alumínio Redução da Produção mensal devido à escassez de insumos Perdas menores devido ao programa Programa para otimização do corte de folhas Desemprego Redução do consumo A Redução da Produção mensal: 3 rolos de folhas de alumínio B Redução da Produção mensal devido à queda no consumo Perdas Programa para otimização do corte de folhas Desemprego devido à redução da produção Redução das encomendas 4. A População Página 74 4.17.2 Especialização de Unidades de Produção A especialização na fabricação de um produto tem como vantagem diminuir ou eliminar o set-up (tempos e custos variáveis necessários para as mudanças na linha para a geração de outros produtos). Exemplos de set- up Limpeza de reatores quando há troca de produtos em empresas que trabalham por lotes. Troca de ferramental em empresas que produzem peças e componentes Por exemplo: as instalações para a fabricação de produtos de química fina são multipropósito (servem à fabricação de diversos produtos). Neste tipo de instalação, a passagem de um processo produtivo para outro exige uma demorada limpeza das instalações, reduzindo a produtividade. Considere duas fábricas A e B, produzindo dois produtos X e Y. Para essas fábricas existem duas possibilidades: Diversificação - cada fábrica produz X e Y: Especialização - uma fábrica produz X e outra produz Y Supondo que: X e Y são produzidos pelo menos uma vez por semana A troca da produção dura 6 horas (set-up) O tempo de fabricação de cada produto é de 12 horas A e B operam 24 horas durante 5 dias / semana Então Diversificação Especialização Total de horas semanais por fábrica (5 dias x 24 horas) 120 horas 120 horas Set-ups semanais por fábrica (2 x 6 horas) 12 horas - Horas úteis produtivas 108 horas 120 horas Número de giros produtivos 108 / 12 = 9 giros 120 / 12 = 10 giros Total de horas úteis nas duas fábricas 216 horas 240 horas Ganho de produção semanal - 24 horas Melhoria na produtividade - 11 % É claro que a especialização das unidades de produção leva à um aumento do desemprego A X Y B X Y A X A Y 4. A População Página 75 4.18 As Estatísticas do Desemprego A taxa de desemprego é a estatística que mostra a fração de força de trabalho (PEA) que não consegue emprego. 4.18.1 IBGE TDA = Taxa de desemprego aberto (% da população economicamente ativa em busca de emprego no mês) A taxa de desemprego do IBGE apresenta sazonalidade, com queda da taxa nos meses de outubro, novembro e dezembro, voltando a subir em janeiro (tradicionalmente o desemprego é alto no primeiro trimestre). São contabilizadas apenas as pessoas que estão procurando emprego na semana da pesquisa. Taxa Média Mensal para o Ano Taxa Média de Desemp. Aberto 1989 3.79% 1990 4,28% 1991 4,83% 1992 5,76% 1993 5,31% 1994 5,06% 1995 4,64% 1996 5,42% 1997 5,66% 1998 7,59% 1999 7,60% IBGE JB. Cad.Economia, 20/01/2000, pag.14 4. A População Página 76 4.18.2 Ministério do Trabalho (Em 1.000) Período Contratações Demitidos Saldo Jul/94 625.2 616.6 6.6 Ago/94 686.0 674.1 11.9 Set/94 741.2 676.5 64.7 Out/94 716.3 665.7 50.6 Nov/94 661.9 665.3 -3.3 Dez/94 628.4 799.2 -170.7 Jan/95 759.3 781.8 -22.4 Fev/95 842.8 782.6 60.1 Mar/95 906.3 885.1 21.2 Abr/95 817.4 737.6 79.7 Mai/95 892.8 809.8 83.0 Jun/95 787.2 786.1 1.1 Jul/95 722.6 793.6 -70.9 Ago/95 758.0 881.3 -123.3 Total 10,546.3 10,555.9 -9.6 Fonte: Min. Trabalho JB, 24/10/95 pag.17 4.18.3 DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) O SEADI (Sistema Estadual de Análise de Dados) do DIEESE também publica periodicamente estatísticas de desemprego na grande São Paulo Ano Taxa média anual* No de desempregados 1985 12,2% 777 mil 1986 9,6% 639 mil 1987 9,2% 623 mil 1988 9,7% 670 mil 1989 8,7% 614 mil 1990 10,3% 738 mil 1991 11,7% 879 mil 1992 15,2% 1.175 milhão 1993 14,6% 1.156 milhão 1994 14,2% 1.133 milhão 1995 13,2% 1.085 milhão 1996 15,1% 1.277 milhão 1997 16,0% 1.375 milhão 1998 18,3% 1.594 milhão * Em relação à População Economicamente Ativa Fonte: Seade-Dieese – Jornal do Brasil, 28/01/99, pag.19 4.19 Classificação da Informalidade A economia informal pode ser dividida em: Legítima - trabalhador por conta própria, Ilegítima - tóxicos, jogo-do-bicho, contrabando Ilegal - costureira, camelô, etc. 4. A População Página 77 4.20 A curva de Phillips A curva de Phillips descreve uma relação empírica entre preços e salários, ou também entre inflação e desemprego. Mostra que existe uma relação de trocas entre inflação e desemprego, tal que: Quanto mais alta a taxa de desemprego, menor a taxa de inflação Um desemprego menor pode sempre ser alcançado incorrendo-seem mais inflação A taxa de inflação pode sempre ser reduzida via mais desemprego. É negativamente inclinada (altas taxas de desemprego são acompanhadas por baixas taxas de inflação e vice-versa) A curto prazo não permanece estável deslocando-se quando as expectativas de inflação variam A longo prazo não há nenhuma troca significativa entre as duas variáveis, já que a taxa de desemprego é basicamente independente da taxa de inflação. Menos desemprego pode ser sempre ser alcançado obtendo-se mais inflação - ou a inflação pode ser reduzida permitindo-se maior desemprego. 4.21 Simbiose miséria-violência Um levantamento histórico demonstra que há uma relação direta entre o desemprego na construção civil e criminalidade. O trabalhador desse setor, normalmente analfabeto, ao perder o emprego, perde também os direitos que havia adquirido: alimentação, moradia e educação (que as empresas normalmente oferecem nos canteiros de obra). Assim, quando a construção civil demite, acaba tirando o sustento e a perspectiva de quem já vive num nível próximo da marginalidade. [Quadros, Vasconcelos, JB, 25/02/96, pag.14] Quem perde o emprego tende a beber mais, a permanecer mais tempo em casa, a freqüentar bares com mais assiduidade e a ficar mais violento. A condição psicológica dele se deteriora. É por isso que aumenta o número de mulheres mortas nas regiões de grande desemprego, aponta o cientista político Guaracy Mingardi, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. As estatísticas mostram que as duas principais modalidades de violência: homicídios e assaltos à mão armada, crescem quase na mesma proporção do desemprego e da má distribuição de renda. O desemprego é a causa fundamental. Uma estatística empurra a outra. 0 Taxa de Desemprego Taxa de Inflação 4. A População Página 78 Os números mostram ainda que, enquanto aumentam os homicídios e roubos, o furto diminui, significando uma migração do crime leve para o violento. Na nossa sociedade, o desemprego implica no aumento da violência, mas a curto prazo o maior efeito é nos crimes passionais ocorridos nas regiões mais pobres. 4.22 Perfil do desemprego O perfil de um desempregado em potencial é: chefe de família, do sexo masculino, com experiência profissional e mais de 40 anos. Cada vez mais os desempregados são profissionais qualificados e experientes, com segundo grau. Em 1985, 30% dos desempregados tinham 8 anos ou mais de experiência profissional. Hoje, esse índice deu um salto significativo, alcançando 43%. A tendência crescente de desemprego entre chefes de domicílio é a mais preocupante, porque atinge a família como um todo. Quando são demitidas, essas pessoas se desesperam, correm para o mercado de trabalho e acabam caindo na informalidade (ou na criminalidade) aceitando qualquer "bico".[Marta Barcellos, O Globo, 27/02/96] O avanço do desemprego está também associado à piora da situação financeira das famílias, provocada pelo próprio desemprego. Para compensar a perda de emprego ou a queda de renda do chefe de família, todos os membros (cônjuges, filhos e até aposentados) começam a procurar emprego. Isto explica porque a taxa de participação da mulher e das pessoas com mais de 60 anos estão sendo as mais altas desde 1985. [Sérgio Mendonça, O Globo, 21/05/96, pag.19] 4.23 A Economia do sub-emprego A qualidade dos empregos vem decaindo nos últimos anos. Os postos que são eliminados, com salários mais altos e registro em carteira, estão sendo substituídos por empregos informais e com remuneração inferior. Esta tática é usada de tal forma que o desemprego seja sempre abundante, acarretando uma aceitação incondicional das imposições das piores condições de trabalho. Essas imposições são feitas aos trabalhadores sem que estes tenham opção de escolha. O trabalhador é levado a buscar um equilíbrio entre o desemprego e a fome. 4. A População Página 79 4.24 Um Modelo de Crescimento Populacional 4.24.1 Variáveis explicativas para a Taxa de Natalidade: O nível de educação Feminino tem uma influência inversa na taxa de natalidade pois: A formação superior da mulher atrasa as datas de matrimônio, diminuindo as chances de gravidez para um mesmo período de fertilidade. Um nível maior de educação dá acesso a uma quantidade maior de informações sobre planejamento familiar Níveis superiores de educação aumentam as oportunidades de trabalho para a mulher, que é incompatível com uma prole numerosa A participação da mulher na força de trabalho também tem uma influência inversa na taxa de natalidade pois: Existe uma dificuldade natural de conciliação de uma dupla jornada: em casa (como mãe) e no trabalho (como funcionária). O trabalho é incompatível com uma prole numerosa A satisfação provocada pelo trabalho, desvia os desejos e amplia as possibilidades de realização da mulher em aspectos outros que diferem da maternidade 4.24.2 Calcula-se a educação média feminina (EMF) através da média ponderada entre o número médio de anos de educação feminina por nível educativo (AMF) e a porcentagem de mulheres férteis (TFF) em cada nível educativo, isto é: 4.24.3 Calcula-se a taxa de Natalidade, através da regressão: Onde: PEAF = População Economicamente Ativa Feminina PF = População Feminina Total Para estimar a PEAF deve-se usar uma taxa de crescimento desta população, defasada de 14 anos. 4.24.4 Variáveis explicativas para a Taxa de Mortalidade: A força de trabalho tem uma influência inversa na taxa de mortalidade pois: Existe uma ligação entre emprego e acesso a ambientes mais saudáveis. É normal a participação de empregados em planos de saúde A remuneração do trabalho facilita a aquisição de medicamentos O índice de urbanização de uma população influencia inversamente a taxa de mortalidade pois, PF PEAF EMF eTN .. NEduc i NEduc ii TFF AMFTFF EMF 4. A População Página 80 As zonas urbanas normalmente possuem condições de higiene pública melhores do que as zonas rurais (esgoto e água potável) As zonas urbanas disponibilizam rede de hospitais e pronto-socorro mais eficientes, melhores e mais rápidas do que as zonas rurais As zonas urbanas facilitam o acesso a oportunidades de trabalho melhor Percentagem da População Anos Urbano Rural 1950 36,2% 63,8% 1960 44,7% 55,3% 1970 55,9% 44,7% 1980 67,6% 32,4% 1991 75,6% 24,4% 2000 81,2% 18,8% Fonte: IBGE Publicação: Folha de São Paulo, 22/12/2000, pag.C1 4.24.5 Calcula-se a Taxa de Mortalidade, através da regressão: Onde: ZUR = Índice de População para zona Urbana PEA = População Economicamente Ativa P = População Total 4.24.6 Calcula-se a taxa de crescimento populacional através da diferença: T = TN - TM 4.24.7 Determina-se a nova população aplicando-se a taxa de crescimento em cima da população anterior 4.25 Exercícios Propostos 4.25.1 Que movimentos afetam o tamanho de uma população? 4.25.2 Sabendo-se a população do Brasil era de 190.755.799 em 2010, e de 202.768.562 em 2014: (i) Determine a taxa de crescimento anual da população do Brasil nesse período. (ii) Compareesta taxa com a que faz dobrar a população em uma geração (25 anos), o que você observa. 4.25.3 Dado que a renda per capita no instante i e igual ao PIB dividido pela população no período, então, (i) Se a população cresce a uma taxa de 1,5% a.a. e o PIB cresce à mesma taxa, explique o que acontece com a renda per capita. P PEA ZUR eTM .. 4. A População Página 81 (ii) Se a taxa de crescimento da população for decrescente (considere como 1,5%) e a taxa de crescimento PIB for 3% (o dobro da taxa da população), qual a renda per capita? 4.25.4 Considerando a Curva Logística de Verhulst dada por: p t a p b p a b p e a t t ( ) . . ( . ). ( ) 0 0 0 0 Onde a e b são os coeficientes vitais da população Esta função apresenta as seguintes características: dp dt é crescente para p t a b ( ) 2 dp dt é decrescente para p t a b ( ) 2 Então não correto afirmar-se que: (A) Independente de seu valor inicial, a população tende sempre ao limite a / b (B) A constante b, em geral, é muito grande quando comparada com a. (C) Quando certas populações alcançam uma densidade suficientemente alta, elas se tornam suscetíveis a epidemias. A epidemia diminui a população para um número mais próximo do equilíbrio. (D) Se p não é bastante grande, então o termo “-bp” pode ser desprezado em relação ao termo “a”, e a população crescerá exponencialmente. (E) Quanto mais industrializada uma nação, quanto mais espaço vital ela tem, quanto mais alimento ela tem, menor o coeficiente b. 4.25.5 Existe uma correlação muito forte entre desemprego e criminalidade. No momento atual em que o Brasil vive uma crise econômica onde o desemprego cresce a todo instante, diferentes classes estão sendo pressionadas para a linha da pobreza. Isto significa que: (i) Indivíduos de classes mais baixas perdem postos de trabalho para aqueles que estão descendo na hierarquia social (ii) Tentativa de manutenção do padrão de consumo das pessoas da classe que está caindo, obriga aos seus indivíduos a buscarem trabalho extra, novamente ocupando postos de trabalho das classes inferiores. (iii) O trabalho fica cada vez mais escasso e competitivo (iv) A classe que está sendo esmagada não vê perspectiva de futuro Este círculo vicioso leva ao aumento da violência, provocando e favorecendo crimes cada vez mais graves. Neste quadro, assinale a proposição que não pode ser afirmada: (A) O ego e a autoestima das pessoas das classes inferiores são enfraquecidos o que acaba por afetar seus aspectos morais facilitando o desvio para a criminalidade (B) Alguns indivíduos das classes mais baixas buscam atividades ilícitas (jogos de azar, camelô, atravessador, etc.) (C) A economia formal e a redução da corrupção crescem (D) Para operar com atividades ilícitas organizam-se grupos para garantir a segurança do próprio grupo e dos negócios do grupo A violência se organiza com bandos armados (milícias, traficantes, etc.) (E) Aumento da violência e da criminalidade 4. A População Página 82 4.26 Para saber mais [1] MOCHÓN, Francisco. Princípios da Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. [2] GLEISER, Ilan. Caos e Complexidade. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2002 [3] WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Introdução à Economia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, 1994. [4] MANKIW, N. Gregory. Introdução À Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [5] IBGE / série estatística: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?op=1&no=1 (acessado em 02/09/2014) [6] IBGE / Sidra: http://www.sidra.ibge.gov.br/ (acessado em 11/09/2014) [7] IBGE / indicadores: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendiment o/pme_nova/defaulttab_hist.shtm (acessado em 02/09/2014) [8] Datasus: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.htm (acessado em 11/09/2014) [9] Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/sddsp.htm?perfil=1 (acessado em 11/09/2014) [10] Receita Federal https://www1.fazenda.gov.br/spe/novo_site/home/hist_inflacao.html [11] Portal Brasil: http://www.portalbrasil.net/ipc_di.htm [12] IBGE-Brasil em síntese http://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-brutas-de-mortalidade [13] IBGE-População http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2013/serie _2001_2013_tcu.shtm [14]PEA http://dados.gov.br/dataset/populacao-economicamente-ativa-por-sexo [15] MTE-Portal: http://portal.mte.gov.br/portal-mte/
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