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3. O Mercado Página 33 3.1 Introdução Mercado é uma instituição social onde os bens e serviços, bem como os fatores de produção, são trocados por dinheiro. É onde interagem dois tipos de agentes: os compradores do lado da demanda de produtos, os vendedores do lado da oferta de produtos, determinando as quantidades demandadas e os preços de venda. As decisões dos produtores e compradores são orientadas pelos preços que é o mecanismo de equilíbrio do mercado: Preços baixos estimulam a compra e desestimulam a produção Preços altos reduzem a compra e estimulam a produção 3.2 A Moeda Toda moeda cumpre três funções: (i) Padrão de preços e contratos A moeda é uma forma simples de expressar os valores dos bens que, pela comparação dos valores relativos das mercadorias, torna possível a indicação de todos os preços numa só unidade. Da mesma maneira permite contabilizar ou exprimir numericamente os ativos e os passivos, os haveres e as dívidas (ii) Meio de pagamento ou instrumento de troca - Meio de Pagamento A Moeda é um símbolo, uma fichinha que atesta que o cidadão participou do processo produtivo e portanto pode ir ao mercado. Ela representa um direito sobre riquezas existentes, permitindo ao seu portador adquirir certa quantidade dessas riquezas, à sua escolha. Dessa forma, tem poder legal de liberar débitos. Sua aceitação é baseada fundamentalmente nos fatores confiança e hábito. O Mercado 3 3. O Mercado Página 34 - Instrumento de Troca A moeda é um instrumento intermediário de aceitação geral, que, por seu valor universal e divisibilidade é o melhor meio de troca. Substituiu o escambo (regime de troca direta) por um processo em duas fases distintas: operação de venda - Troca de bens ou serviços produzidos pelo indivíduo, por moeda; operação de compra - Troca de moeda por bens ou serviços produzidos por outro indivíduo (iii) Reserva de valor A moeda permite armazenar e conservar os valores para utilização oportuna. É trabalho armazenado, e como tal pode ser utilizada para acumulação de poder aquisitivo, a usar no futuro. Os motivos que levam qualquer indivíduo a reter a moeda são: transação, segurança e especulação. Se empresários, banqueiros, governo e trabalhadores não confiam mais na capacidade coletiva de gerar riqueza no futuro (ou seja crescer o PIB), começam a fugir da moeda nacional. Rejeitam o símbolo como quem denuncia a inviabilidade daquilo que é simbolizado [Gilson Schwartz]. 3.3 Estabilidade monetária Situações: Moeda cumprindo simultaneamente todas as suas funções padrão monetário estável. Ruptura da unidade das funções da moeda crise monetária caracterizada por: - Deteriorização das funções de reserva de valor e de padrão de preços e de contratos da moeda (a moeda não vale nada) processo hiperinflacionário - A função de reserva de valor absorve as demais, de tal modo que é interrompida a circulação de bens (a moeda é tudo) deflação A quantidade global da moeda regula/ordena os preços relativos e o sistema de valores dos ativos 3.4 Quase-Moeda São denominados quase-moeda os ativos financeiros Não monetários, Que têm liquidez imediata, e Que podem ser aceitos em pagamentos de tributos. Exemplos: Títulos públicos de curto prazo. Cadernetas de poupança, Depósitos a prazo Letras de câmbio Letras imobiliárias Bens e Serviços Moeda Venda Compra Nota: Da mesma maneira que o valor da passagem de ônibus não é medido pelo valor do papel do ticket da passagem (que é um bem inferior ao serviço prestado), também não existe necessidade de lastro ouro para a valorização de uma moeda. A produção (PIB) é o lastro da moeda. 3. O Mercado Página 35 3.5 Agregados monetários Conforme os requisitos das principais funções de uma moeda são atendidos e considerando a sua liquidez, as moedas e “quase moedas” podem ser agrupadas em agregados monetários cujos os mais comuns são: M1 (“narrow definition of money”) Moeda para Transações = moedas em circulação + cheques de viagem + depósitos à vista + outros depósitos É o agregado mais líquido. M2 (“broader definition of money”) quase-moeda = M1 + aplicações de overnight + fundos mútuos do mercado monetário (exceto pessoas jurídicas) + contas de depósito no mercado monetário + depósitos de poupança + depósitos a prazo de menor valor. M3 = M2 + fundos mútuos do mercado monetário (pessoas jurídicas) + depósitos a prazo de grande valor + acordos de recompra + eurodólares. M4 = Abrange o M1, o M2 e o M3, mais os títulos públicos para captação de recursos emitidos pelo Tesouro Nacional e Banco Central. 3.6 Preços É a proporção de moeda que se precisa renunciar (ou ceder) para obter uma unidade de um determinado bem ou produto. É o valor de um bem ou de um serviço expresso em moeda É quanto o mercado está disposto a pagar por um bem ou produto. Está, portanto, descolado do custo do produto. É o mecanismo básico através do qual as quantidades dos bens (que são escassas) são alocadas entre várias alternativas de uso e de pessoas no mercado. 3.7 Exemplo Considere um indivíduo, em um período determinado (1 semana, por exemplo), que pode produzir 5 unidades de um bem-2 ou 10 unidades de um bem-1, ou qualquer combinação linear entre essas 2 quantidades conforme o gráfico abaixo: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 1 unidade do bem-2 2 unidades do bem-1 bem-1 bem-2 Produção do Produção do Elasticidade: É o percentual de mudança na quantidade A, dado 1% de mudança na quantidade B: = %A / %B Não é um coeficiente angular e sim uma razão das percentagens de mudanças em A e em B: A|B =( A / B) × (B/A) Se a elasticidade é 5 significa que A varia 5% para uma variação de 1% em B Nota: O montante relacionado aos títulos públicos compõe a chamada DPMF (Dívida Pública Mobiliária Federal). 3. O Mercado Página 36 Para cada unidade de bem-2 produzida ele deve deixar de produzir 2 unidades do bem-1. Para cada unidade de bem-1 produzida ele deve deixar de produzir 1/2 unidade do bem-2. Então, a produção de uma unidade do bem-2 impede a produção de 2 unidades do bem-1, portanto seu preço é: Preço (bem-2) = 2 Preço (bem-1) O preço de um bem é a não produção um bem alternativo. 3.8 Custo Não é preço. É uma medida do esforço necessário para a produção de um bem. Corresponde ao total de remunerações pagas aos fatores utilizados na geração do produto. Preço é sempre igual à um valor unitário, já custo equivale a um valor total (não é unitário) que os indivíduos estão dispostos a dar para ter (caso de um bem) ou não ter(caso de um mal) algo. A convivência entre os aumentos de custos e a impossibilidade de reajustes nos preços torna os produtos ou as empresas inviáveis. 3.9 Custo dos Fatores Toda produção é paga e vai ser rendimento de alguém. A remuneração é o custo do fator de produção: Custo (trabalho) = salário Custo (capital) = juros Custo (terra) = aluguel Custo (Capacidade Empresarial) = lucro Custo (Capacidade Tecnológica) = royalties Custo (Governo) = impostos Despesas Demanda Oferta Produtos Mercado de Produtos Famílias (ou Pessoas) Rendimento Trabalho e Capital Unidades Produtivas Preço Moeda Custos Custo está descolado de preço Fatores de Produção: São os recursos necessários para a produção de bens e serviços. Em termos clássicos (desde Jean-Baptiste Say) são classificados como: Trabalho - homem Capital - máquinas, equipamentos, instalações, edificações, fábricas, ferramentas Terra - terras cultiváveis, florestas, minas Além destes, é usual incluir: Matéria prima – insumos da produção Capacidade Empresarial Capacidade Tecnológica Observação: Exceto em oligopólios (onde é custo + margem), em geral Preço está descolado de custo (não existe relação entre um e outro). Preço é quanto o mercado está disposto a pagar por um produto. 3. O Mercado Página 37 3.10 Desequilíbrio de Preços A renda compra o produto, isto é a totalidade das fichinhas que as famílias recebem, compram toda a produção (PIB), isto significa que Quando as famílias recebem uma grande quantidade de fichinhas, sem aumentar a produção, os preços sobem (inflação). Quando a quantidade de fichinhas distribuídas para as famílias é reduzida, mantendo-se constante o volume de produtos, os preços caem (deflação). Quando a quantidade de fichinhas distribuídas para as famílias é constante, e o volume de produtos aumenta (ou seja a produtividade aumenta), os preços caem O processo inflacionário é um processo descontrolado de aumento de preços sem aumento da produção, onde em um prazo curto: O que um perde o outro ganha (jogo de soma zero) ou seja: aparecem vencedores e perdedores. Os vencedores são definidos não por mérito (melhor tecnologia, maior esforço, etc.), mas pela sorte. A maioria (avessa ao risco) não gosta de participar deste tipo de jogo Quem pode retira seu dinheiro desta economia Os investidores são poucos. Os especuladores dominam a economia. Entretanto, os ajustes de preços são necessários e algumas vezes benéficos para todos, por exemplo: Quando em situação de escassez de um determinado produto, os preços altos incentivam o aumento de produção Quando novas tecnologias reduzem o preço e melhoram a qualidade. Alguns exemplos: Videocassete - apareceu na década de 70 ao preço de US$ 1.000,00 e só foi incluído no “Consumer Price Index” dos EUA em 1987, quando o preço já havia baixado para US$ 200,00. Nesse momento o aparelho incluía uma série de avanços que não existiam à época do lançamento. Uma TV plana à cores controlada por controle remoto é muito diferente das primeiras TVs em preto e branco da década de 1950, e no entanto é muito mais barata do que quando aquela foi lançada. Os automóveis de hoje têm muito mais eletrônica embarcada que os primeiros artefatos lançados ao espaço, e são muito diferentes dos automóveis dos anos 50 Mas, outros tipos de produtos permanecem o mesmo, por exemplo: uma tonelada de aço de hoje é praticamente o mesmo produto de há 30 anos, o mesmo ocorrendo com o petróleo, as frutas, etc. Porque então seus preços não são os mesmos? O acompanhamento da variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias é extremamente importante na regulagem da economia. Despesas Demanda Oferta Produtos Mercado de Produtos Famílias (ou Pessoas) Rendimento Trabalho e Capital Unidades Produtivas Problema do Preço 3. O Mercado Página 38 3.11 A Demanda Demanda é a quantidade de um bem que se deseja comprar, reflete uma intenção. Compra é a quantidade de um bem que se adquiriu, reflete um ação de aquisição. Considerando a condição “ceteris paribus” (todos os fatores constantes, exceto o preço do bem) a relação entre a quantidade demandada para cada preço do produto resulta graficamente na curva de demanda. Quando o preço do produto diminui, a quantidade demandada aumenta a curva da demanda tem inclinação negativa relação inversa entre preço e quantidade demandada. Lei da demanda: a cada aumento de preço corresponde uma redução na quantidade demandada devido: Efeito Substituição – produto caro é substituído por outros mais baratos Efeito Renda – produto caro diminui o poder aquisitivo dos compradores 3.12 A Oferta A Oferta é a quantidade de um bem que se deseja vender, reflete uma intenção. Venda é a quantidade de um bem que foram adquiridos pelos compradores, reflete uma ação. Considerando a condição “ceteris paribus” (todos os fatores constantes, exceto o preço do bem) a relação entre a quantidade ofertada para cada preço do produto resulta graficamente na curva de oferta. Os custos de produção não são cobertos para um preço muito baixo do produto a um preço muito baixo não se produz. Quando o preço do produto aumenta, a quantidade ofertada também aumenta a curva da demanda tem inclinação positiva relação direta entre preço e quantidade ofertada. Lei da oferta: quanto maior o preço de um produto, maior o desejo de vender esse produto. À medida que a quantidade sobe, aumenta a quantidade ofertada. Preço Quantidade Redução Aumento Preço Quantidade Redução Aumento Preço Quantidade Renda Substitui ção 3. O Mercado Página 39 3.13 Oferta e Demanda Interação entre os agentes: consumidor e produtor Na intersecção das curvas de oferta e demanda tem-se somente um preço de equilíbrio uma quantidade demandada que é igual à quantidade ofertada. Situações Excedente – quando se tem excesso de oferta Escassez – quando se tem excesso de demanda 3.14 Índice de Preços É uma estatística que mede a variação de preços de uma cesta básica de produtos entre períodos (mensal, semanal, anual, etc.). É, portanto, uma medida da inflação. Normalmente são definidas cestas a partir de um perfil de consumidor médio (tipo de produto consumido e em quais quantidades) de uma determinada classe social numa certa região do país. Por exemplo: INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) - determinado pelo IBGE, reflete o consumo dos que ganham até 8 salários mínimos IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) - determinado pelo IBGE, capta a variação de preços de uma cesta de consumo dos que recebem até 40 salários mínimo. Variando-se as cestas, variam-se os índices. Mas, como toda unidade produtora é ao mesmo tempo pagadora e recebedora no final todos os aumentos/reduções de preços acabam se distribuindo,igualando-se os aumentos/reduções de preços. Portanto, no curto prazo os índices podem até divergir, entretanto no longo prazo eles convergem sempre para um mesmo valor de aumento/redução. Da mesma maneira, se uma região tem índice de inflação mais alto que outra região, o equilíbrio econômico provocado pelo próprio transporte de mercadorias e o repasse dos aumentos para a população entre essas regiões faz com que o nível de preços termine por se igualar à longo prazo. O índice de preços no atacado (preços pagos pelo setor de comércio ao produtor), a longo prazo (p.ex. o IPA de um ano), é muito semelhante ao índice de custo de vida (preços pagos pela população ao setor de comércio) de longo prazo (p.ex. IGP de um ano). Os índices de preços podem ser utilizados como padrão para análise e referência de cálculos pelos agentes econômicos, mas nunca como preço para corrigir preços. Preço Quantidade Excedente Escassez 3. O Mercado Página 40 3.14.1 Fórmula de Laspeyres Se a cada produto-i for atribuído um peso dado pelas quantidades qi0.consumidas em um ano base, então, praticando-se os preços pi0 do ano base, o total gasto neste ano base será: pi0×qi0. Considerando que o consumo em um ano-n será o mesmo do ano base-0: qin q i0, então, o total gasto no ano-n será: pin×qi0. Portanto, um bom índice de comparação dos preços do ano-n com os preços do ano base é: 00 0 ii iin qp qp IPL Se for usado o aumento de preço rin = pin / pi0 de cada produto-i no ano-n, tem-se: pin = rin × pi0 = pin / pi0 × pi0 Substituindo-se na fórmula do IPL tem-se a expressão de Laspeyres: onde: pin = preço do item i no período n pi0 = preço do item i no período base (0) qi0 = quantidade do item i no período base (0) A fórmula de Laspeyres informa o nível alcançado pelos preços em um dado ano, relativamente a um ano base, ao qual se atribui o valor 100. Tem a vantagem de usar preços relativos (pin / pi0), contornando o inconveniente das unidades de medida. A fórmula de Laspeyres supõe que as quantidades permanecem as mesmas, apenas os preços flutuem (subam ou caiam). 3.14.2 Fórmula de Paasche Os preços relativos (pin / pi0) são ponderados por valores híbridos (pi0 qin) A fórmula de Paasche usa as quantidades qin consumidas no próprio ano i, e informa a variação de preços de um conjunto de produtos, supondo constantes as quantidades do ano dado. Para uma mesma cesta de artigos, a fórmula de Paasche cresce menos que a fórmula de Laspeyres. Ernst Louis Étienne Laspeyres (1834 – 1913) Hermann Paasche (1851 – 1925) ini inin ini ini i in qp qp qp qp p p IPL 00 0 0 00 0 00 00 0 ii iin ii ii i in qp qp qp qp p p IPL 3. O Mercado Página 41 3.15 Observações sobre Índice de Preços Por ser uma média de preços em um período, um índice de inflação mostra uma variação de valores muito acima das variações de preços de alguns produtos cujos custos não seguiram a média obtida Não é porque um produto-i subiu ri que devo aumentar o meu produto-j do mesmo valor a indexação na economia não tem justificativa. Os índices são calculados para cada região a partir dos preços coletados mensalmente É a partir da agregação dos índices regionais referentes a uma mesma faixa de renda que se obtém o índice nacional. Os índices mensais resultam da comparação dos preços vigentes nos 30 (trinta) dias do período de referência com os 30 do período base. A coleta integral de preços se dá a cada período de 30 dias que é segmentado, sem interrupção, em 4 subperíodos de cerca de 7 dias Em um subperíodo efetua-se a coleta de uma quarta parte fixa de estabelecimentos. 3.16 Exercício Resolvido 3.16.1 Considere a tabela abaixo com a evolução dos níveis de preços em 31 de dezembro de cada ano apresentado, usado no cálculo do IPCA (Índice Nacional De Preços Ao Consumidor). 1996 1997 Alimentação e Bebidas 3,62 1,37 Habitação 5,15 8,48 Artigos de Residência 5,86 3,04 Vestuário 3,7 0,46 Transportes 10,58 11,24 Saúde e Cuidados Pessoais 2,22 6,3 Despesas Pessoais 3,47 1,89 Educação 6,06 4,44 Comunicação 12,23 15,12 A porcentagem do gasto para cada item em relação ao total gasto da família média padrão no ano base de 1996 é visto na tabela abaixo Porcentagem do gasto 1996 Alimentação e Bebidas 24,80% Habitação 17,40% Artigos de Residência 6,40% Vestuário 5,50% Transportes 19,10% Saúde e Cuidados Pessoais 10,50% Despesas Pessoais 10,20% Educação 4,40% Comunicação 1,70% Total 100% A partir desses dados pode-se calcular o IPCA nos anos de 1996 e 1997: IPCA1996 = 24,80%.3,62/3,62 + 17,40%.5,15/5,15 + 6,40%.5,86/5,86 + + 5,50%.3,7/3,7 + 19,10%.10,58/10,58 + 10,50%.2,22/2,22 + + 10,20%.3,47/3,47 + 4,40%.6,06/6,06 + 1,70%.12,23/12,23 = 100 3. O Mercado Página 42 IPCA1997 = 24,80%.1,37/3,62 + 17,40%.8,48/5,15 + 6,40%.3,04/5,86 + + 5,50%.0,46/3,7 + 19,10%.11,24/10,58 + 10,50%.6,3/2,22 + + 10,20%.1,89/3,47 + 4,40%.4,44/6,06 + 1,70%.15,12/12,23 = 103,01 : Aumento de 3,01% 1996 1997 pi96 qi96*pi96/pi96 pi97 qi97*pi97/pi97 Alimentação e Bebidas 3,62 24,8 1,37 9,39 Habitação 5,15 17,4 8,48 28,65 Artigos de Residência 5,86 6,4 3,04 3,32 Vestuário 3,7 5,5 0,46 0,68 Transportes 10,58 19,1 11,24 20,29 Saúde e Cuidados Pessoais 2,22 10,5 6,3 29,80 Despesas Pessoais 3,47 10,2 1,89 5,56 Educação 6,06 4,4 4,44 3,22 Comunicação 12,23 1,7 15,12 2,10 Total 100 103,01 3.17 Índices Disponíveis no Brasil Os índices abrangem as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. 3.17.1 Índice Nac. de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA Orienta o sistema de metas inflacionarias da economia brasileira (portanto influencia a condução da política de juros do Brasil). É calculado pelo IBGE através da aplicação da fórmula Laspeyres, e tem como base os preços no varejo. A população objetivo do IPCA é referente a famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas de 11 regiões (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Brasília). A ponderação do IPCA reflete o hábito de consumo numa época, e é ajustada periodicamente. O índice é atualizado supondo que as quantidades permanecem as mesmas,apenas os preços caem ou sobem. Índice Descrição Instit. Variação de Preços Medida Metodologia IPA Índice de Preços no Atacado FGV No mercado atacadista 60% do IGP-M IPC Índice de Preços ao Consumidor FGV De famílias com renda de 1 a 33 sal. mínimo em SP e RJ. 30% do IGP-M INCC Índice Nacional de Custos da Construção FGV No setor da construção civi 10% do IGP-M IGP-DI Índice Geral de Preços Disp.Interna FGV Do dia 01 ao dia 30 do mês em referência: Pondera IPA,IPC e INCC IGP-M Índice Geral de Preços de Mercado FGV Do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência coletados do 21/n até 20/n+1 IGP-10 Índice Geral de Preços de Mercado FGV Entre os dias 11 de um mês ao dia 10 (inclusive) do mês subseqüente. (engloba cálculos de dois meses). coletados do 11/n até 10/n+1 IPC Índice de Preços ao Consumidor de S.P. FIPE Famílias de 1 a 10 SM INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor IBGE IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo IBGE Coletados de 29/n até 28/n+1 3. O Mercado Página 43 A variável de ponderação do IPCA é o "rendimento total urbano" obtido da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. A estrutura de ponderação do IPCA é determinada com base na POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) do ano anterior, que avalia os hábitos de consumo e estabelece relações entre a quantidade, o preço e a participação dos produtos que compõem a cesta no orçamento das famílias brasileiras que ganham de um a 40 salários mínimos. Os itens que compõem o IPCA são: Alimentação e bebidas – frutas, hortaliças e verduras, carnes, leite,etc. Transporte – combustíveis, tarifas de transporte público, etc Habitação – aluguéis, energia elétrica, combustíveis (gás), etc. Despesas Pessoais Saúde e cuidados pessoais –farmacêuticos, médicos (planos saúde),etc Artigos de residência – móveis, eletrodomésticos, etc. Vestuário Educação Comunicação – tarifas de telefones, jornais e revistas, etc. Item de Despesa Pesos (%) até 07/98 Pesos (%) até 07/99 Pesos (%) até 07/00 Alimentação e bebidas 30,43 27,72 24,15 Transporte 13,46 16,87 19,1 Habitação 26,18 10,24 15,39 Despesas Pessoais 9,82 10,63 Saúde e cuidados pessoais 4,44 8,8 10,46 Artigos de residência 8,34 6,78 Vestuário 8,57 13,24 6,54 Educação 3,86 4,84 Comunicação 1,08 2,1 O item mais pesado quando cai fortemente, puxa o IPCA para baixo mais acentuadamente do que deveria. Série Histórica - IPCA Número Índice (Dez 93 = 100) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Jan 1.693,1 1.822,1 2.085,7 2.246,4 2.412,8 2.550,4 2.626,6 2.746,4 2.906,7 3.040,2 3.222,4 3.422,8 3.633,4 Fev 1.700,9 1.828,6 2.118,4 2.260,1 2.427,1 2.560,8 2.638,1 2.759,8 2.922,7 3.063,9 3.248,2 3.438,2 3.655,2 Mar 1.707,3 1.839,6 2.144,5 2.270,8 2.441,9 2.571,8 2.647,9 2.773,1 2.928,6 3.079,9 3.273,9 3.445,4 3.672,4 Abr 1.717,2 1.854,3 2.165,3 2.279,2 2.463,1 2.577,2 2.654,5 2.788,3 2.942,6 3.097,4 3.299,1 3.467,5 3.692,6 Mai 1.724,3 1.858,2 2.178,5 2.290,8 2.475,2 2.579,8 2.661,9 2.810,4 2.956,5 3.110,7 3.314,6 3.479,9 3.706,3 Jun 1.733,2 1.866,0 2.175,2 2.307,0 2.474,7 2.574,4 2.669,4 2.831,2 2.967,1 3.110,7 3.319,6 3.482,7 3.715,9 Jul 1.756,3 1.888,2 2.179,6 2.328,0 2.480,9 2.579,3 2.675,8 2.846,2 2.974,2 3.111,1 3.324,9 3.497,7 3.717,0 Ago 1.768,6 1.900,5 2.187,0 2.344,1 2.485,1 2.580,6 2.688,4 2.854,1 2.978,7 3.112,3 3.337,2 3.512,0 3.726,0 Set 1.773,5 1.914,2 2.204,1 2.351,8 2.493,8 2.586,0 2.693,2 2.861,6 2.985,8 3.126,3 3.354,9 3.532,1 3.739,0 Out 1.788,2 1.939,3 2.210,4 2.362,2 2.512,5 2.594,5 2.701,3 2.874,4 2.994,2 3.149,7 3.369,3 3.552,9 3.760,3 Nov 1.800,9 1.997,8 2.218,0 2.378,5 2.526,3 2.602,6 2.711,6 2.884,8 3.006,5 3.175,9 3.386,8 3.574,2 3.780,6 Dez 1.812,7 2.039,8 2.229,5 2.398,9 2.535,4 2.615,1 2.731,6 2.892,9 3.017,6 3.195,9 3.403,7 3.602,5 3.815,4 3. O Mercado Página 44 3.17.2 Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna - IGP-DI Na busca de uma medida abrangente do movimento de preços, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) concebeu no final da década de 1940 o Índice Geral de Preços que considera os níveis de preços no varejo e no atacado. A partir daí, este indicador passou a ser usado como deflator do índice de evolução dos negócios, resultando em um indicador mensal do nível de atividade econômica. O IGP, calculado pela FGV, mede a variação dos preços para famílias: Com renda mensal de até 33 salários mínimos Moradoras do Rio de Janeiro e São Paulo O IGP é a média aritmética ponderada de três outros índices de preços. São eles: • Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) com peso de 60% • Índice de Preços ao Consumidor (IPC) com peso de 30% • Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) com peso de 10% Daí resultando a fórmula: IGP-DI = 60% .IPA + 30%.IPC + 10%.INCC IGP-10 - mede a evolução de preços entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência (a série teve início em 1993). IGP-M - é coletado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência (a série começa em 1989) IGP-DI - é coletado entre o primeiro e o último dia do mês de referência (a série histórica retroage a 1944) Série Histórica - IPCA Variação (%) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Jan 0,57 0,52 2,25 0,76 0,58 0,59 0,44 0,54 0,48 0,75 0,83 0,56 0,86 0,55 1,24 Fev 0,46 0,36 1,57 0,61 0,59 0,41 0,44 0,49 0,55 0,78 0,80 0,45 0,60 0,69 1,22 Mar 0,38 0,60 1,23 0,47 0,61 0,43 0,37 0,48 0,20 0,52 0,79 0,21 0,47 0,92 1,32 Abr 0,58 0,80 0,97 0,37 0,87 0,21 0,25 0,55 0,48 0,57 0,77 0,64 0,55 0,67 0,71 Mai 0,41 0,21 0,61 0,51 0,49 0,10 0,28 0,79 0,47 0,43 0,47 0,36 0,37 0,46 Jun 0,52 0,42 -0,15 0,71 -0,02 -0,21 0,28 0,74 0,36 0,00 0,15 0,08 0,26 0,40 Jul 1,33 1,19 0,20 0,91 0,25 0,19 0,24 0,53 0,24 0,01 0,16 0,43 0,03 0,01 Ago 0,70 0,65 0,34 0,69 0,17 0,05 0,47 0,28 0,15 0,04 0,37 0,41 0,24 0,25 Set 0,28 0,72 0,78 0,33 0,35 0,21 0,18 0,26 0,24 0,45 0,53 0,57 0,35 0,57 Out 0,83 1,31 0,29 0,44 0,75 0,33 0,30 0,45 0,28 0,75 0,43 0,59 0,57 0,42 Nov 0,71 3,02 0,34 0,69 0,55 0,31 0,38 0,36 0,41 0,83 0,52 0,60 0,54 0,51 Dez 0,65 2,10 0,52 0,86 0,36 0,48 0,74 0,28 0,37 0,63 0,50 0,79 0,92 0,78 3. O Mercado Página 45 3.17.3 Índice de Preços por Atacado – IPA O IPA mede o ritmo dos preços praticados pela comercialização atacadista, nas transações entre empresas, que antecedem as vendas no varejo. O IPA é construído sobre amostras de preço de 481 mercadorias, selecionadas de um universo de produtos regularmente comercializados no atacado. 3.17.4 Índice Nacional de Custo da Construção - INCC É um índice formado a partir de preços levantados em sete capitais estaduais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília) auxiliando na evolução dos custos no setor da construção, um dos termômetros do nível de atividade da economia.IGP-DI (FGV) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Jan 0,8 0,33 0,72 0,43 0,99 0,01 1,01 0,98 0,3 0,31 0,4 Fev 1,08 0,4 -0,06 0,23 0,38 -0,13 1,09 0,96 0,07 0,2 0,85 Mar 0,93 0,99 -0,45 0,22 0,7 -0,84 0,63 0,61 0,56 0,31 1,48 Abr 1,15 0,51 0,02 0,14 1,12 0,04 0,72 0,5 1,02 -0,06 0,45 Mai 1,46 -0,25 0,38 0,16 1,88 0,18 1,57 0,01 0,91 0,32 -0,45 Jun 1,29 -0,45 0,67 0,26 1,89 -0,32 0,34 -0,13 0,69 0,76 -0,63 Jul 1,14 -0,4 0,17 0,37 1,12 -0,64 0,22 -0,05 1,52 0,14 -0,55 Ago 1,31 -0,79 0,41 1,39 -0,38 0,09 1,1 0,61 1,29 0,46 0,06 Set 0,48 -0,13 0,24 1,17 0,36 0,25 1,1 0,75 0,88 1,36 Out 0,53 0,63 0,81 0,75 1,09 -0,04 1,03 0,4 -0,31 0,63 Nov 0,82 0,33 0,57 1,05 0,07 0,07 1,58 0,43 0,25 0,28 Dez 0,52 0,07 0,26 1,47 -0,44 -0,11 0,38 -0,16 0,66 0,69 Ano 12,13 1,2321 3,7973 7,8984 9,1073 -1,4364 11,306 5,0125 8,1121 5,5278 1,6019 IPA(FGV) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Jan 0,75 0,08 0,81 0,32 1,08 -0,33 0,96 0,96 0,01 0 0,12 Fev 1,42 0,39 -0,12 0,19 0,52 -0,31 1,38 1,23 -0,03 0,09 1 Mar 1,09 1,14 -0,82 0,11 0,8 -1,46 0,52 0,6 0,55 0,12 1,91 Abr 1,57 0,33 -0,15 0,02 1,3 -0,1 0,68 0,24 1,25 -0,39 0,27 Mai 1,71 -0,98 0,46 -0,04 2,22 -0,1 2,06 -0,63 0,91 0,01 -1,21 Jun 1,57 -0,78 1,06 0,09 2,29 -0,64 0,43 -0,19 0,89 0,85 -1,21 Jul 1,35 -0,69 0,17 0,42 1,28 -1,16 0,34 -0,13 2,13 0,2 -1,01 Ago 1,59 -1,04 0,53 1,96 -0,8 0,07 1,7 0,77 1,77 0,58 0,04 Set 0,65 -0,28 0,28 1,64 0,44 0,29 1,47 0,94 1,11 1,9 -0,18 Out 0,61 0,79 1,16 1,02 1,36 -0,08 1,32 0,48 -0,68 0,71 Nov 1 0,24 0,75 1,45 -0,17 -0,04 1,98 0,34 0,16 0,12 Dez 0,48 -0,14 0,11 1,9 -0,88 -0,29 0,21 -0,55 0,74 0,78 Fonte: FGV INCC 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Jan 0,33 0,75 0,34 0,45 0,38 0,33 0,64 0,41 0,89 0,65 0,88 Fev 1 0,44 0,19 0,21 0,4 0,27 0,36 0,28 0,3 0,6 0,33 Mar 1,16 0,67 0,2 0,27 0,66 -0,25 0,75 0,43 0,51 0,5 0,28 Abr 0,59 0,72 0,36 0,46 0,87 -0,04 0,84 1,06 0,75 0,74 0,88 Mai 1,83 2,09 1,32 1,15 2,02 1,39 1,81 2,94 1,88 2,25 2,05 Jun 0,7 0,76 0,9 0,92 1,92 0,7 1,09 0,37 0,73 1,15 0,66 Jul 1,12 0,11 0,47 0,31 1,46 0,26 0,44 0,45 0,67 0,48 0,75 Ago 0,81 0,02 0,24 0,26 1,18 -0,05 0,14 0,13 0,26 0,31 0,08 Set 0,58 0,24 0,11 0,51 0,95 0,15 0,21 0,14 0,22 0,43 0,15 Out 1,19 0,19 0,21 0,51 0,77 0,06 0,2 0,23 0,21 0,26 Nov 0,71 0,28 0,23 0,36 0,5 0,29 0,37 0,72 0,33 0,35 Dez 0,51 0,37 0,36 0,59 0,17 0,1 0,67 0,11 0,16 0,1 Fonte: FGV 3. O Mercado Página 46 O índice de custo da construção está subdividido em Residenciais (construções habitacionais) Obras públicas de engenharia civil Obras públicas de infraestrutura 3.17.5 Índice de Preços ao Consumidor IPC O IPC mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias com nível de renda situado entre 1 e 33 salários mínimos mensais. A pesquisa de preços ocorre diariamente, em sete das principais capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. 3.18 INPC O Índice Nacional de Preços Ao Consumidor (INPC) foi criado com o objetivo de orientar os reajustes de salários dos trabalhadores. A amostra do INPC abrange as famílias com rendimentos mensais entre 1 (hum) e 5 (cinco) salários-mínimos ( 50% das famílias brasileiras), cujo chefe é assalariado e residente nas áreas urbanas . Série Histórica - INPC Número Índice (Dez 93 = 100) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Jan 1.685,2 1.849,8 2.151,8 2.337,3 2.474,2 2.594,2 2.670,1 2.813,3 2.994,2 3.124,8 3.328,8 3.516,1 3.749,3 Fev 1.693,5 1.855,5 2.183,3 2.346,4 2.485,1 2.600,1 2.681,3 2.826,8 3.003,4 3.146,6 3.346,7 3.529,8 3.768,8 Mar 1.701,6 1.867,0 2.213,2 2.359,8 2.503,2 2.607,2 2.693,1 2.841,2 3.009,4 3.169,0 3.368,8 3.536,2 3.791,4 Abr 1.715,9 1.879,7 2.243,7 2.369,4 2.526,0 2.610,3 2.700,1 2.859,4 3.026,0 3.192,1 3.393,1 3.558,8 3.813,7 Mai 1.725,7 1.881,4 2.265,9 2.378,9 2.543,7 2.613,7 2.707,1 2.886,9 3.044,2 3.205,8 3.412,4 3.578,4 3.827,1 Jun 1.736,0 1.892,9 2.264,6 2.390,8 2.540,9 2.611,9 2.715,5 2.913,1 3.056,9 3.202,3 3.419,9 3.587,7 3.837,8 Jul 1.755,3 1.914,7 2.265,5 2.408,3 2.541,7 2.614,7 2.724,2 2.930,0 3.064,0 3.200,1 3.419,9 3.603,1 3.832,8 Ago 1.769,1 1.931,1 2.269,6 2.420,3 2.541,7 2.614,2 2.740,3 2.936,2 3.066,4 3.197,8 3.434,3 3.619,3 3.838,9 Set 1.776,9 1.947,2 2.288,2 2.424,4 2.545,5 2.618,4 2.747,1 2.940,6 3.071,3 3.215,1 3.449,8 3.642,1 3.849,3 Out 1.793,6 1.977,7 2.297,1 2.428,5 2.560,2 2.629,6 2.755,3 2.955,3 3.078,7 3.244,7 3.460,8 3.668,0 3.872,8 Nov 1.816,8 2.044,8 2.305,6 2.439,2 2.574,1 2.640,7 2.767,2 2.966,5 3.090,1 3.278,1 3.480,5 3.687,8 3.893,7 Dez 1.830,2 2.100,0 2.318,0 2.460,2 2.584,4 2.657,1 2.794,0 2.975,1 3.097,5 3.297,8 3.498,3 3.715,1 3.921,7 Fonte: IBGE IPC 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Jan 1,08 0,85 0,65 0,69 0,97 0,83 1,29 1,27 0,81 1,01 0,99 Fev 0,28 0,43 0,01 0,34 0,00 0,21 0,68 0,49 0,24 0,33 0,66 Mar 0,46 0,70 0,22 0,48 0,45 0,61 0,86 0,71 0,60 0,72 0,85 Abr 0,31 0,88 0,34 0,31 0,72 0,47 0,76 0,95 0,52 0,52 0,77 Mai 0,71 0,79 -0,19 0,25 0,87 0,39 0,21 0,51 0,52 0,32 0,52 Jun 0,78 -0,05 -0,40 0,42 0,77 0,12 -0,21 -0,18 0,11 0,35 0,33 Jul 0,59 0,13 0,06 0,28 0,53 0,34 -0,21 -0,04 0,22 -0,17 0,10 Ago 0,79 -0,44 0,16 0,42 0,14 0,20 -0,08 0,40 0,44 0,20 0,12 Set 0,01 0,09 0,19 0,23 -0,09 0,18 0,46 0,50 0,54 0,30 Out 0,10 0,42 0,14 0,13 0,47 0,01 0,59 0,26 0,48 0,55 Nov 0,37 0,57 0,24 0,27 0,56 0,26 1,00 0,53 0,45 0,68 Dez 0,63 0,46 0,63 0,70 0,52 0,24 0,72 0,79 0,66 0,69 Ano 6,2784 4,9291 2,0644 4,6131 6,0664 3,9261 6,2281 6,3595 5,7332 5,6354 4,4193 Fonte: FGV 3. O Mercado Página 47 Considerações: Até 31.12.2011 amostras de famílias com rendimento de 1 à 6 salários mínimos A partir de 01.01.2012 amostras de famílias com rendimento de 1 à 5 salários mínimos (diminuiu para evitar a desvirtuação da faixa salarial em função da elevação real da renda do brasileiro), calculado com base nos valores de despesa obtidos na Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF (realizada a cada cinco anos pelo IBGE) Observar que pelo fato de considerar famílias de até 6 salários mínimos, o INPC produz uma estatística muito mais nervosa e com valores mais elevados do que o IPCA que considera famílias de até 40 salários mínimos, pois os itens que compõem o IPCA incluem itens de grife cujos preços oscilam muito pouco.Exemplo: INPC nov2002 = 3,39 >> IPCA nov2002 =1,99 3.19 A Inflação No mercado toda a produção é trocada por moeda. Se o volume de moedas aumentar, sem o correspondente aumento no volume de produtos, então mais moedas serão gastas para pagar uma mesma quantidade de produtos, isto é, os preços dos produtos aumentarão e as moedas se desvalorizarão. Tem-se inflação. O aumento da quantidade de moeda gera o aumento dos preços que provoca o crescimento automático da quantidade de moeda (círculo vicioso conhecido desde a hiperinflação húngara de 1946). A inflação deve-se, antes de tudo, à desigualdade na distribuição da renda. Qualquer economia funciona em ciclos de sazonalidade com safras e entresafras. Assim, no períodode um ano (ciclo completo), os preços flutuam livremente, isto significa que sobem na entressafra devido a escassez, e caem na safra, quando a oferta é maior. Portanto é natural as subidas e quedas de um índice de preços. As correções e reajustes têm que ser, portanto, anuais. O que não se pode admitir é que depois de uma entresafra os preços continuem grampeados no alto por uma questão de "vontade" do dono, como ocorria no Brasil. Série Histórica - INPC Variação (%) No Mês 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Jan 0,77 1,07 2,47 0,83 0,57 0,38 0,49 0,69 0,64 0,88 0,94 0,51 0,92 0,63 1,48 Fev 0,49 0,31 1,46 0,39 0,44 0,23 0,42 0,48 0,31 0,70 0,54 0,39 0,52 0,64 1,16 Mar 0,48 0,62 1,37 0,57 0,73 0,27 0,44 0,51 0,20 0,71 0,66 0,18 0,60 0,82 1,51 Abr 0,84 0,68 1,38 0,41 0,91 0,12 0,26 0,64 0,55 0,73 0,72 0,64 0,59 0,78 0,71 Mai 0,57 0,09 0,99 0,40 0,70 0,13 0,26 0,96 0,60 0,43 0,57 0,55 0,35 0,60 Jun 0,60 0,61 -0,06 0,50 -0,11 -0,07 0,31 0,91 0,42 -0,11 0,22 0,26 0,28 0,26 Jul 1,11 1,15 0,04 0,73 0,03 0,11 0,32 0,58 0,23 -0,07 0,00 0,43 -0,13 0,13 Ago 0,79 0,86 0,18 0,50 0,00 -0,02 0,59 0,21 0,08 -0,07 0,42 0,45 0,16 0,18 Set 0,44 0,83 0,82 0,17 0,15 0,16 0,25 0,15 0,16 0,54 0,45 0,63 0,27 0,49 Out 0,94 1,57 0,39 0,17 0,58 0,43 0,30 0,50 0,24 0,92 0,32 0,71 0,61 0,38 Nov 1,29 3,39 0,37 0,44 0,54 0,42 0,43 0,38 0,37 1,03 0,57 0,54 0,54 0,53 Dez 0,74 2,70 0,54 0,86 0,40 0,62 0,97 0,29 0,24 0,60 0,51 0,74 0,72 0,62 3. O Mercado Página 48 3.20 Série Histórica da Inflação Brasileira 3.21 Quadro Resumo da Inflação Brasileira Número de anos da Economia Brasileira (1910-2001) Recessão Moderado Rápido Totais Crescimento do PIB <0 Entre 0 e 5 >5 Deflação 2 3 3 8 Inflação Um dígito 1 16 9 26 Inflação Dois Dígitos 3 12 30 45 Inflação Superior a 2 Dígitos 4 4 5 13 Total 10 35 47 92 Fonte: Gesner Oliveira, 2001 em perspectiva histórica, Folha de São Paulo, 9/12/2000, pag.B2 3.22 Componentes de um Processo Inflacionário 3.22.1 A disputa pelo PIB As famílias brigam pelo produto e nesse processo leva o produto quem oferecer mais moeda. Ocorre uma disputa pelo PIB É caracterizada pela ânsia de recuperar ou adquirir situações ou privilégios O maior status (econômico/militar) de um dos lados alimenta as reivindicações do outro lado Greves. O sucesso da greve de uma categoria alimenta o aumento/repasse de preços de outra, ou das outras todas. 3.22.2 A crise de confiança Na essência, a inflação é um problema de credibilidade. Existe inflação porque as pessoas não acreditam na estabilidade do padrão monetário. Todos se comportam sob a expectativa de que haverá aumentos de preços no futuro compro agora para não pagar mais caro depois. Os consumidores compram mais rapidamente, acelerando a velocidade de circulação da moeda. As empresas aumentam os preços e os salários justamente porque acham que logo à frente esses aumentos serão validados pela inflação. Toda perda de confiança culmina no desencanto e em inflação. (*) (*) (*) (*) (**) (**) (**) (**) 1900 -15,70 1910 4,30 1920 19,00 1930 -12,40 1940 6,70 1950 12,30 1960 30,50 1970 19,30 1901 -10,80 1911 3,80 1921 -15,30 1931 -11,00 1941 10,00 1951 10,00 1961 4,77 1971 19,50 1902 21,50 1912 7,40 1922 7,40 1932 1,50 1942 17,00 1952 12,30 1962 51,30 1972 15,70 1903 13,46 1913 -12,80 1923 30,10 1933 0,10 1943 18,00 1953 22,50 1963 81,30 1973 15,50 1904 2,00 1914 -13,30 1924 12,30 1934 5,00 1944 20,60 1954 26,00 1964 91,90 1974 35,40 1905 -21,30 1915 12,60 1925 18,40 1935 4,80 1945 10,10 1955 25,50 1965 34,50 1975 29,20 1906 34,90 1916 20,90 1926 -18,10 1936 2,00 1946 22,50 1956 6,90 1966 38,80 1976 46,40 1907 4,00 1917 11,50 1927 -3,30 1937 9,40 1947 1,50 1957 22,00 1967 24,30 1977 38,80 1908 -16,50 1918 9,80 1928 11,50 1938 4,00 1948 9,00 1958 29,00 1968 25,50 1978 40,80 1909 3,70 1919 11,50 1929 1,00 1939 3,00 1949 11,50 1959 39,50 1969 20,10 1979 77,20 (*)Índices de Cláudio Haddad (**)IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas 3. O Mercado Página 49 A confiança no governo é perdida quando: - Há manipulação nos índices de aferição da economia. - Há atraso no câmbio, agravado com maxidesvalorização de surpresa. - Existe déficit público (negado pelo governo): mais despesas menos receitas. - O governo insiste no direito irrestrito ao uso e, inclusive, à reedição contínua de medidas provisórias. - O governo perpetra uma ação unilateral sobre a poupança ou sobre os impostos. O esgotamento do crédito é uma das consequências da falta de confiança: não empresto pois não sei se irei receber de volta 3.22.3 A obsessão pela segurança Aversão ao risco - Pressão demasiada contra a aceitação de riscos, e a favor de: - sucessos seguros (garantidos), ainda que modestos - resultados imediatos; - resultados de curto prazo. Falta disposição de todos para aceitar qualquer espécie de risco. Não há inovação - Os gestores (gerentes e diretores) das sociedades anônimas, responsáveis perante as juntas diretoras, e sujeitos a intensa vigilância pública e política, são quase sempre cobrados por menos riscos, portanto cada vez menos propensos a lances ousados, a jogadas calculadamente perigosas como as de lançar um produto inovador ou uma ideia imaginosa. Caracteriza os que têm muito a perder, quer dizer os ricos e os poderosos quem tem mais resiste mais ao risco de perda. Superpreço - É o grande motor tanto do superarmamento (corrida armamentista) quanto da inflação. Horizonte curto - Os agentes econômicos passam a exigir a correção monetária e buscam encurtar os prazos dos contratos. Jurídicos Fortes - Assim para se reduzir os riscos, as ameaças e evitar perdas, colocam-se proteções nos preços e formas jurídicas nos contratos para preservação da capacidade de revisão desses compromissos. Indexação - Essas proteções podem assumir várias formas: indexadores, custos adicionais fantasmas, prazos curtos, pagamento antecipado, lei salarial ,etc. Protecionismo - Leva ao paradoxo: partidários da livre empresa exigem que o governo proteja seus negócios e suas vendas contra rivais estrangeiros e nacionais. O protecionismo alfandegário, é claro, provoca a alta dos preços. As proteções são soluções individuais que custam caro (seguros, hedgings, cofres,etc.) aumenta preços agravam um problema coletivo. Exemplo - O repasse para a tarifa de transporte do aumento de salários dos motoristas e cobradores de ônibus, resolve o problema do empresário e o do funcionário da empresa de ônibus, mas gera inflação para todas as pessoas de uma comunidade. 3. O Mercado Página 50 3.22.4 Realimentação positiva (feedback) Pode ser resumido na expressão : "quanto mais, mais". A inflação é alimentada pelo excesso de defesa (alta reatividade) contra a própria inflação: - consumismo - estocagem - aplicações financeiras - proteções nos preços É um mecanismo do capital fazendo dinheiro e não produtos. Qualquerforma de reposição salarial com base na inflação passada (ex.: gatilho do cruzado, a URP do Bresser) implica no estabelecimento do índice de reajuste salarial como piso da inflação. Todo mundo corrigirá seus preços conforme aquele índice. E se restabelece a inércia: a inflação de um mês é sempre a do mês anterior mais alguma coisinha nova. A prefixação da correção salarial é outra armadilha: na cultura inflacionaria fatalmente todos os agentes econômicos aumentariam seus preços, no mínimo e previamente, conforme a inflação prefixada e ficariam à espera das novidades. 3.22.5 Teoria Monetária da Inflação Formulada por Jean Bodin em 1575. Princípio: O que faz os preços despencarem não é nem o tabelamento, nem a policia, mas a escassez de dinheiro no bolso dos consumidores. Admitindo-se que a inflação resulte, basicamente, de um excesso de demanda agregada, ou seja, do somatório do consumo, dos investimentos e dos gastos do governo, abstraindo o comércio exterior, se há aumento de preços e se - os assalariados não estão gastando em consumo mais do que seus salários (que são reajustados abaixo da inflação) e - os empresários não estão investindo além das poupanças do setor privado, então é o governo (federal, estadual ou municipal, empresas estatais e previdência social) que gasta muito além de suas possibilidades. 3.22.6 Comentários Em um processo hiperinflacionário, são as funções de reserva de valor e de padrão de preços e de contratos que vão se deteriorando (a moeda não vale nada) Na deflação, a função de reserva de valor absorve as demais, de tal modo que é interrompida a circulação de bens (a moeda é tudo) A quantidade global da moeda regula/ordena os preços relativos e o sistema de valores dos ativos 3. O Mercado Página 51 O ideal de inflação zero e as reformas monetárias apenas aceleram a tomada de consciência de que por trás dos novos nomes das novas moedas está a impossibilidade de gerar e distribuir nova riqueza. A corrida atrás de moeda estrangeira é apenas a busca de um refúgio, de um símbolo que representa uma riqueza verdadeira, produzida fora do país. O ideal é não ter nada, nem política salarial, nem índice oficial de inflação. O controle dos salários e dos preços continua a ser tão ilusório como o ouro dos tolos, pois assim que é removido os preços logo sobem. 3.23 Características do processo inflacionário 3.23.1 Os indivíduos e agentes econômicos: Conscientização da situação - aquisição da consciência da situação do ambiente em que se encontram imersos. Atitude típica: comprar isto agora, porque amanhã estará mais caro. Crença no pior - aspecto psicológico caracterizado pela assimilação da convicção de que o processo de subida de preços irá continuar. Obsessão pela segurança - deflagração de mecanismos de proteção de preços. Lógica do curto prazo - o público e os agentes econômicos não aceitam compromissos duradouros. Especulação com valores - a quase ausência de um padrão para preços facilita a exploração de oportunidades de ganhos que não obedece a nenhuma regra lógica. Regra: comprar qualquer coisa para não ficar com dinheiro desvalorizado no bolso. A disputa pelo PIB - a especulação com valores, caracterizada pela ausência de argumentos lógicos, deflagra uma corrida entre os agentes econômicos pela busca de uma melhor valorização de seus produtos. Queda dos investimentos privados 3.23.2 O governo: Aumento do déficit - o governo não consegue se financiar por meio de impostos que chegam corroídos pela inflação. Ciranda financeira - para se financiar, o governo lança mão de mecanismos do tipo: - emissão de moeda; - colocação de títulos públicos. Endividamento crescente - as altas taxas de juros provocam um endividamento cada vez maior do governo. Tirania da liquidez - a tarefa da política econômica passa a ser de adaptar os juros às expectativas de alta de preços, subordinando a oferta de moeda à demanda do mercado. 3. O Mercado Página 52 3.23.3 O ambiente: Crescimento da base monetária - ocorre através de mecanismos do tipo: - introdução de moeda (emissão via governo) - aumento da velocidade da moeda (ninguém quer ficar com moeda ). Aumento da liquidez - a aceitação dos títulos públicos pelos agentes econômicos, que tratam de fugir desses titulos tão rápido quanto possível, se dá através de altas taxas de desconto e de prazos curtos ou curtíssimos, o que significa dar rentabilidade e liquidez ao mesmo tempo. Desvalorização crônica da moeda - a moeda não é confiável, seja como reserva de valor, seja como unidade invariante de medida. Ambiente altamente instável - frequência elevada de mudanças e mudanças imprevisíveis. O presente passa a ser determinado antes pelo futuro (reflexo das apostas coletivas acerca da próxima rodada de alta dos preços ) 3.23.4 Liquidez A taxa de expansão da moeda (velocidade com que a moeda troca de mãos na economia) cresce com a inflação, ou seja, cresce com o custo de retenção da moeda. A velocidade de circulação é tanto mais alta quanto mais baixa for a confiança do público no padrão monetário. 3.23.5 Indexação – A Correção Monetária Mecanismo propagador e realimentador da inflação Acaba por deixar de ser um mero indexador de valores, para se transformar em moeda ou numa espécie de preço básico de todos os preços. Exemplificando, suponha que a inflação, e portanto a correção monetária, de um mês seja de 20 . Suponha também que os custos de uma empresa determinada não cresçam naquele mês. Porém, o seu capital é corrigido automaticamente. Então, para manter a rentabilidade sobre o capital, esta empresa terá que corrigir seus preços, mesmo sem qualquer pressão de custos. Outro exemplo: suponha que os preços da primeira quinzena de um mês de uma certa cesta alcancem Cr$10,00. Na segunda quinzena alcancem Cr$20,00. Portanto, a média deles no mês será de Cr$15,00. Suponha agora que há uma tendência a ficarem rigorosamente estáveis no mês seguinte, portanto estacionados em Cr$20,00. Neste caso, a correção monetária oficial será de 20/15 = 33 . Assim, todos os preços indexados serão imediatamente corrigidos, contaminando o conjunto deles. A tendência da cesta, então, imediatamente apontará para 33. A correção monetária obstrui qualquer tendência decrescente de inflação. 3. O Mercado Página 53 Com a inflação em alta, os ativos financeiros acabam registrando uma perda contínua, uma vez que a elevação corrente dos preços é sempre maior do que a correção monetária que se materializa no mesmo momento. Ou seja, a correção é atrasada em relação ao movimento dos preços. Por prudência, o sistema financeiro sempre estima uma inflação futura maior do que a alta dos preços correntes. A ausência de indexação sem a garantia do fim da inflação, ou pelo menos de "inflação civilizada" significa tão somente o aumento da incerteza, o que, regra geral, traduz-se em aumentos de custos. A indexação leva para frente a inflação passada. Torna rígida, portanto, a inflação do passado. Além disso, dissemina para todos os preços qualquer choque produzido por apenas um preço. 3.24 Parâmetros do processo Hostilidade inicial - é a primeira carta jogada na mesa. Se todo mundo está quieto e trabalhando,o primeiro preço remarcado ou a primeira greve estourada deve ser considerada como hostilidade inicial. Reatividade - é a resposta à hostilidade inicial. Qualquer reatividade maior do que um é perigosa. A reatividade aceitável como desaceleradora, realimentação negativa, pacificadora , é aquela na qual o produto das reatividades dos contendores é menor do que um. 3.25 Conclusões Para deter o medo e a desconfiança que geram a hostilidade inicial, tanto na corrida armamentista quanto na inflação, um remédio é mostrar-se ao rival por fora e por dentro, deixando-se espionar e até revistar. Quando tudo está quieto, ninguém deve iniciar nenhuma greve, nem aumentar nenhum preço, por mais justo (e sempre é justo) que seja o motivo. Os preços não se submetem , nem nunca se submeteram, a um desarme unilateral do tipo redução ou congelamento das tarifas públicas, na ilusão do governo obter uma reatividade menor do que um. A inflação mostra uma visão do mundo que afronta abertamente a solidariedade humana e a justiça social. Apregoa o lucro de uns poucos em prejuízo de muitos. Não fabrica homens livres, fabrica sim uns poucos senhores e muitos escravos Nunca houve um plano de estabilização baseado apenas em colaboração 3. O Mercado Página 54 É necessário uma espécie de pacto social em que os empregadores, os sindicatos e o governo reconheçam suas obrigações comuns no sentido de alcançar a estabilidade dos preços. Sem a estabilidade dos preços, as pessoas perdem o incentivo para economizar e acumular o capital que alimenta o sistema. A cultura que antes se voltava para o amanhã (projetos, poupança, pesquisa) passa a ser imediatista, voltada para o hoje, voltada para o consumo. Combate-se a inflação produzindo-se mais, encontrando-se estímulos e investimentos para suprir a demanda e estimular a concorrência. Jamais com artificialismos como o tabelamento de preços. Mais do que o excesso de moeda, o que faz a inflação subir é a escassez de produtos [José Eduardo de Andrade Vieira]. 3.26 Instrumentos clássicos de política ortodoxa Refrear as expectativas dos consumidores. Redução do excessivo crescimento do meio circulante e do crédito, a fim de restringir a procura e restaurar a estabilidade (restrição monetária ). Limitar severamente as despesas públicas. Eliminar o déficit público (contenção fiscal). Aumentar o abastecimento de mercadorias, através de incentivos fiscais à poupança e aos investimentos. A taxa de câmbio deve se manter fixa em relação a uma moeda externa. 3.27 Recessão Todo programa de combate à inflação inclui uma recessão temporária, para que as pessoas percam o hábito de reajustar preços e salários. Para acabar a cultura de remarcações, é preciso que as pessoas percebam e sintam que se aumentarem os preços não conseguirão vender. É a única maneira de manter os preços estáveis. Se o indivíduo quiser aumentar os preços para ter mais lucro, não vai conseguir vender, pois não existirá moeda suficiente para comprar no novo preço. Uma brutal falta de dinheiro acarreta uma queda dos preços, porque ninguém compra nada. Um grande aperto monetário liquida qualquer inflação. Quando o comércio vende seu estoque, a preços rebaixados, o dinheiro faturado não dá para recuperar o mesmo estoque. Compra-se cada vez menos mercadorias. Assim começa a recessão, a redução da atividade econômica. Vende-se menos, produz-se menos, emprega-se menos. 3. O Mercado Página 55 Quando não se consegue comprar toda a produção com a renda por causa de escapamentos (poupança, impostos, depreciação) a economia entra em recessão O encolhimento do mercado interno tem um impacto direto sobre os micro e pequenos empresários, responsáveis pela maioria dos empregos. As empresas desse porte dificilmente têm estrutura para optar pelo aumento dos negócios no mercado externo e funcionam, em sua grande maioria, como fornecedores complementares às grandes indústrias A recessão às vezes não é apenas inevitável mas ainda, muitas vezes benéfica à sociedade como um todo. Ela purga o sistema de seus excessos, dos produtos ruins, das companhias mal administradas e dos empresários espertinhos. A taxa enorme de desperdício e ineficiência que a inflação absorve fica a descoberta quando a inflação cai. Só o acirramento da concorrência terá poder suficiente para uniformizar os preços. Mas o custo desse fenômeno será a eliminação dos ineficientes. O alerta para o agravamento da recessão provoca uma ação de defesa do industrial: pensando que a contração da demanda vai ser pior do que já está, os empresários começam a ajustar sua produção de maneira desordenada. A regra é sobreviver a qualquer custo. A primeira ação é diminuir a produção via demissões. Ao ajustar a sociedade com a recessão, o governo consegue desordenar a oferta antes que a demanda caia. Assim tem-se menos produto para uma mesma quantidade de moeda. Os preços sobem. A inflação aparece. 3.28 Exercícios Propostos 3.28.1 Considere que em um mês uma empresa pode produzir 6 unidades de um bem-2 ou 8 unidades de um bem-1, ou qualquer combinação linear entre essas 2 quantidades conforme o gráfico mostrado a seguir. Determine qual deve ser o preço sugerido para o bem-2 em relação ao bem-1. 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Produção do bem-2 Produção do bem-1 3. O Mercado Página 56 3.28.2 Assinale o fator de produção (coluna) que o item listado pertence Itens Mão de obra Capital Terra Matéria prima Edificações Florestas Plásticos Ferramentas Trabalho Minas de ferro Tecidos 3.28.3 Dada a tabela abaixo, explique a diferença entre os valores dos dois índices avaliados para os mesmos meses. 2001 INPC IPCA Ago 0,79 0,70 Set 0,44 0,28 Out 0,94 0,83 Nov 1,29 0,71 Dez 0,74 0,65 3.28.4 De quanto deverá ser o câmbio R$/US$ em um ano t para manter o mesmo poder de compra do dólar no ano base 0, cujo cambio era de 2,3 R$/US$, sabendo-se que houve uma inflação do ano t para o ano base de 14,7% 3.29 Para saber mais [1] MOCHÓN, Francisco. Princípios da Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. [2] GLEISER, Ilan. Caos e Complexidade. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2002 [3] WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Introdução à Economia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, 1994. [4] MANKIW, N. Gregory. Introdução À Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [5] IBGE / série estatística: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?op=1&no=1 (acessado em 02/09/2014) [6] IBGE / Sidra: http://www.sidra.ibge.gov.br/ (acessado em 11/09/2014) [7] IBGE / indicadores: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendiment o/pme_nova/defaulttab_hist.shtm (acessado em 02/09/2014) [8] Datasus: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.htm (acessado em 11/09/2014) [9] Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/sddsp.htm?perfil=1(acessado em 11/09/2014) 3. O Mercado Página 57 [10] Trading Economics: http://pt.tradingeconomics.com/brazil/gdp- growth (acessado em 11/09/2014) [11] SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&id=135&Itemid =218 (acessado em 02/09/2014) [12] CEIC Data Euromoney Institutional Investor http://www.ceicdata.com/ (acessado em 02/09/2014) [13] Secretaria de Política Econômica: https://www1.fazenda.gov.br/spe/novo_site/home/hist_inflacao.html (acessado em 11/09/2014) [14] Portal Brasil: http://www.portalbrasil.net/ipc_di.htm (acessado em 11/09/2014)
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