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Adeodato – Ética e Retórica capítulo 5 Adeodato afirma que evidentemente percebe-se que Direito é uma ordenação da conduta humana. Já visando uma epistemologia a respeito do conceito do objeto direito, ou seja, uma visão mais científica da relação entre sujeito e objeto. “Nunca se põem dúvidas sobre algo de que nada se conhece. É o que denomina ‘aporia da consciência do problema’, sem a qual se quer poder-se-ia questionar a respeito do objeto jurídico” Há uma consciência inevitável. Para questionar algo, é preciso ao menos de uma ideia a respeito do que aquele algo seja. “Embora mescladas a elementos conceitualmente espúrios (hipotéticos) aos olhos da modernidade ocidental, como aqueles de ordem moral e religiosa, entre outras, tais noções preliminares são úteis como móveis iniciais da pesquisa. Ele fala que embora exista uma variedade conceitual essa ideia de consciência preliminar permanece. Dificuldades da fixação do conceito de Direito: Caráter Multívoco: A palavra direito é utilizada como conjunto de normas jurídicas objetivamente consagradas pelo ordenamento positivo, ex: “o direito civil brasileiro é inspirado na tradição Germânica”. Pode ser usada também como direito no sentido subjetivo, ex: todo ser humano tem direito a locomoção. Também tem o sentido epistemológico, ex: Eu estudo direito. ETC. A Complexidade: Constituição que possibilita concepções que o vêem ora como um fato social, ora como realização de valores, ora como específica teoria da norma jurídica, além das combinações desses fatores citados. A falta de acordo entre os juristas. Inadequação Ontológica: Inadequação ontológica do conceito em relação ao objeto a que se refere. (diferentes interpretações) 2. Estrutura e classificação do conceito e da definição do direito. Adeodato define o conceito como um conjunto de características básicas de um objeto. A definição consiste em explicar os elementos do conceito. Fala das investigações lógicas de Edmund, que diz que a definição relaciona conceitos e esses conceitos por si só já está repleto de significados. Diz que um conceito adquiri sentido pleno a partir de um outro conceito já conhecido. Conceitos: dotados de compreensão e extensão. A compreensão como precisão dos elementos contidos no conceito e o seu rigor em confronto com o objeto. A extensão é o agrupamento de objetos relacionados aquele mesmo conceito. Adeodado diz que, quanto maior a compreensão , mais restrita a extensão. O conceito de ética, por exemplo, é mais extenso e menos preciso que o direito. Tipos de definição: Etimológica ou Nominal, Semântica e Real. Definição Etimológica procura as raízes do sentido do conhecimento na própria gênese de seu signo, no caso, o vocábulo. Direito se origina do latim DIRECTUM… reger, governar. Definição Semântica: tenta fixar vários significados do termo “direito” com a intenção de encontrar um núcleo. Definição Real: tem pretensões definitivas, por se referir à essência mesma do objeto jurídico. 3. Evolução histórica de perspectiva sobre o direito Adeodato faz uma retrospectiva na história, analisando características relacionadas ao direito. Fragmentos de uma “lei natural” de cunho moral e jurídico, como elemento essencial a logos universal. Fala sobre o humanismo cético dos sofistas, levando a identificar o direito com a lei do mais forte, argumentando que o ordenamento positivo seria apenas uma artimanha dos mais fracos para assegurar uma previsibilidade a eles vantajosa. A teoria do mundo das ideias possibilita a Platão uma concepção rígida e objetiva do direito como tentativa de realização da justiça. O senso comum de Aristóteles leva ao estabelecimento da equidade (julgamento justo) ou justiça do caso concreto . A práxis romana que se caracteriza pelo saber jurídico como “prudência”, sem preocupações epistemológicas de estabelecer um conceito de direito. Jusnaturalismo Teológico: desenvolvido sob respaldo do cristianismo medieval, chega ao ápice na obra de Tomás de Aquino, que classificou as leis em ETERNAS, NATURAIS e HUMANAS e fixou o direito natural como base do conceito de direito. O jusnaturalismo racionalista: procura eliminar a vontade de Deus como elemento exterior ao direito, buscando uma base racional independente. “Todas essas concepções padecem de um desinteresse ‘científico’, pelo menos no sentido atual do termo. Fixam bases de seus conhecimentos em pressupostos cientificamente não comprováveis, tais como a vontade de Deus ou uma ‘razão’ determinada, pois a atitude científica apenas começa nas áreas experimentais e estava longe do que pensavam o direito”. Não atendem para o rigor metodológico. Savigny: Sua maior contribuição para o conceito de direito consiste na exigência de positividade como pressuposto fundamental, reagindo às concepções “idealistas” do jusnaturalismo. Herman: “direito livre” como centro da investigação do jurista, reagindo ao imperativismo da norma jurídica, pressuposto filosófico da preponderância da fonte legislada (lei jurídica) na práxis. Kelsen: identifica o conceito de direito com o de norma jurídica, sua categoria de pensamento, conferindo-lhe também o caráter de objeto ontológico da epistemologia jurídica 4. Pressupostos lógicos do conceito de direito Adeodato afirma que a característica básica do direito está em sua necessidade de universalidade. Afirma que o direito é um fenômeno histórico contingente em muitas de suas características, então o seu conceito tem que ser encontrado naquilo que permanece ao longo das mudanças. Se o direito é um aglomerado de coisas incertas em contínua e desordenada sucessão, não haveria possibilidade de construir um conceito a respeito dele . Adeodato diz que uma referência lógica é essencial para uma base conceitual. Diz que a capacidade de funcionar, sua operacionalidade se manifesta no sentido de separar os elementos essenciais daqueles elementos contingentes, incertos. Eliminando o número de discrepâncias. “A lógica não é tudo, porém. Como objeto real, o direito é positivo, histórico, fático, enfim. Seu conceito é conceito de algo, de algum objeto efetivo. Daí a necessidade de uma ontologia jurídica, determinação de elementos palpáveis como coercitividade, bilateralidade positividade etc.” 5. Especificidade do objeto jurídico Adeodato fala das 4 ordens normativas básicas: a religião, a moral, os usos sociais e o direito. Afirma que os esforços da doutrina jurídica é de separar o direito das outras ordens normativas. Exterioridade: Ex: a moral e religião serial algo interno, uma discussão interna enquanto o direito teria que ser algo externo. Heteronomia: O direito seria heterônomo por serem normas fixadas independente do sujeito em questão. Alteridade: natureza ou condição do que é outro, do que é distinto. O direito preocupa-se com as relações entre os sujeitos; a moral e a religião, com os sujeitos. Coercitividade: Qualidade do que impõe uma pena, uma punição judicial. É a possibilidade que o direito tem de se fazer valer, primeiramente por meio de uma sanção diante de um descumprimento da norma jurídica e pela possibilidade de coagir o sujeito a cumprir. Bilateralidade: consiste no fato de o direito situar sempre o indivíduo perante outro, estabelecendo a relação jurídica, numa união de direitos e obrigações. “A bilateralidade do direito dispõe da exigibilidade da conduta devida, ao contrário da bilateralidade simples (envolve apenas dois sujeitos como faz as normas morais e religiosas), que apresenta dois pólos mas apenas um vínculo, pois só um dos pólos tem o dever. 6. Conclusão: o direito como direito posto “O conceito de direito será melhor compreendido pelo esclarecimento de seus aspectos ontológicos, ao lado de suas condiçõesde possibilidade como objeto de conhecimento”. Aporias básicas que são reveladas pela observação do fenômeno direito e das doutrinas que estabelece seu objeto: Positividade: Tipo, se a essência e existência do direito residem em um ponto inexperienciável como Deus, a natureza ou a razão metafísica, ou se radicam em fatos externos e objetivos, perceptíveis, positivos e independentes de qualquer base de outra ordem. Aporia seria um caminho sem saída, uma discussão sem solução, onde não há consenso a respeito de tal assunto. Fundamento de Validade: não há acordo a respeito do fundamento do direito, se ele vem de uma norma ou de um fato palpável. Não há acordo quanto a se o conceito de direito tem necessariamente de partir de um único fenômeno, como lei, costume, etc ou se é um conceito único a partir de manifestações diversas, nas quais se possa eventualmente detectar uma “essência universal” da juridicidade. Aspectos mais importantes da realidade jurídica: - Caráter empírico do fenômeno jurídico: A necessidade de ver o direito como algo mais palpável, real, positivo. (ler página 118) - Caráter analítico - Caráter Hermenêutico: Análise e interpretação dos conceitos, compreensão dos fundamentos da metodologia jurídica. Hermenêutica: ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos Interpretação dos textos, do sentido das palavras. A hermenêutica jurídica é o ramo da hermenêutica que se ocupa da interpretação das normas jurídicas, estabelecendo métodos para a compreensão legal.
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