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AULA 02.pdf AULA 02 I. OBRIGAÇÕES PROPTER REM Obrigações “PROPTER REM”: PROPTER = em razão de REM = coisa, portanto, obrigação propter rem = em virtude de uma coisa. Características: 1. Independe da vontade do devedor: O devedor está ligado ao vínculo, em decorrência de sua particular situação em relação a um bem do qual é proprietário ou possuidor; 2. O sucessor a título singular assume automaticamente as obrigações do sucedido, ainda que não saiba de sua existência. DAR EXEMPLO DO APARTAMENTO. Quem adquire fica responsável pelas despesas de condomínio. Claro que depois caberá ação de regresso contra o antigo proprietário 3. Em regra decorre da lei, MAS pode também decorrer de convenção entre as partes: EXEMPLO: 2 proprietários limítrofes podem convencionar sobre o uso e gozo de determinada área dos imóveis. SE essa convenção constar do REGISTRO DE IMÓVEIS, será transmissível aos futuros proprietários e possuidores. PARTICULARIDADES das obrigações PROPTER REM: 1. Relação obrigacional que se caracteriza por sua vinculação à coisa; 2. O nascimento, transmissão e extinção da obrigação PROPTER REM seguem o direito real, como acessório. 3. É estudada na parte de direito real, por ser vinculada à coisa, porém, faz parte do direito OBRIGACIONAL. OBRIGAÇÕES PROPTER REM NO CC: ARTS: 1.315; 1297, “caput”; 1.383. II. POSSE (arts. 1.196 a 1.224 CC) II.I. DEFINIÇÃO: é uma situação de fato que é protegida pelo legislador. É uma conduta de quem age como dono e tem consigo um dos direitos de propriedade (art. 1.196 CC): Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. IUS POSSIDENDI: Quando a posse vem acompanhada de um direito anterior, diz- se que sua posse derivou de um (ex: o sujeito de direito toma posse do imóvel porque dele se tornou proprietário – título aquisitivo); IUS POSSESSIONIS: a posse (relação de fato) vem desacompanhada de um direito anterior, todavia os efeitos que derivam do IUS POSSESSIONIS que também serão protegidos pelo ordenamento jurídico. Ex. terreno invadido com exercício da posse mansa e pacífica por mais de ano e dia. II.2. ELEMENTOS DA POSSE: Objetivo: “corpus”: poder físico sobre a coisa. Subjetivo: “animus”: é um elemento intelectual: vontade de ter a coisa como sua. ANIMUS DOMINI II.3. TEORIAS SOBRE A POSSE: 1. Teoria de Savigny – é a teoria subjetiva da posse. CORPUS + ANIMUS. Só tem posse quem se comporta e quer se transformar em dono. EX.: Para Savigny: locatário, comodatário, usufrutuário, não são possuidores. 2. Teoria de Ihering: é a teoria objetiva da posse. CORPUS + ANIMUS, porém o animus para Ihering é apenas agir como dono. Não é necessária a vontade de se tornar dono (irrelevante). O Nosso CC adotou a teoria de IHERING III. DETENÇÃO (arts. 1.198 e 1.208) Há poder de fato sobre a coisa, há os elementos da posse, mas existe uma barreira legal que retira seus efeitos possessórios. (ou seja, não são possuidores apesar de terem corpus+animus). Ex: caseiro de sítio, soldado em relação às armas do quartel. ART. 198 – LER!!!! Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. SERVO da POSSE ou fâmulo da posse. Falta ao detentor autonomia, pois age em interesse alheio. P.unico: o possuidor pode se converter em detentor e vice-versa ART. 1.208 - Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 1ª parte: não são posse os atos de mera permissão ou os de mera tolerância ATOS DE MERA PERMISSÃO: ato comissivo de inciativa do possuidor que não perde o controle da posse, mesmo compartilhando algum de seus poderes com 3ºs não possuidores / detentores ATOS DE TOLERÂNCIA: é um ato OMISSIVO. O hóspede só é hóspede pois houve tolerância por parte do possuidor. 2ª parte: não começam a posse os atos violentos e os clandestinos, senão depois de cessar a violência e a clandestinidade. IV. COMPOSSE: (art. 1.199): Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. Situação pela qual, duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. É A COMPOSSE PRO INDIVISO. Admite-se a composse em todos os casos em que ocorre condomínio É o que ocorre com co-herdeiros antes da partilha e com marido e mulher em regime de comunhão de bens. COMPOSSE PRO DIVISO: cada compossuidor exerce a posse sobre uma parte definida da coisa, cada qual poderá defender seu pedaço contra os demais compossuidores que lhe atentar ao exercício da posse. Contra 3º, são como único sujeito e qualquer dos compossuidores poderá proteger a posse total da coisa. V. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE: não é direito real, é um direito especial. É um mero estado de fato. Está fora do art. 1.225, que é fiel ao princípio da taxatividade (numerus clausus) VI. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE: Posse direta x indireta Boa-fé x Má-fé Justa x injusta Nova x velha Natural x civil (ou jurídica) Ad Interdicta x Ad Usucapionem 1. DIRETA x INDIRETA (art. 1.197 CC) Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. DIRETA: tem posse direta aquele que tem a coisa em seu poder imediato e temporário em virtude de uma relação jurídica de dir. real ou pessoal. Ex.: o locatário, o comodatário, usufrutuário. O proprietário da coisa exerce a posse indireta e o os citados, a posse direta. Uma não anula a outra. O possuidor direto e indireto tem a seu favor os efeitos da posse, inclusive a tutela possessória. Locador e locatário tem legitimidade para intentar ação de reintegração de posse. DIFERENÇA ENTRE O DETENTOR E O POSSUIDOR DIRETO? Detentor: age em nome do possuidor, é SUBORDINADO; Possuidor direto: age em nome próprio e tem autonomia PROBLEMA: 1. AGRAVO REGIMENTAL AgRg – RESP 1.250.408 (2011/0093161-3). PROBLEMA: CONDOMÍNIO CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS PAEQUERÊ II PROPOS AÇÃO De cobrança de cotas condominiais contra COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA - COHAB/CURITIBA visando ao recebimento dos valores das cotas de condomínio relativas ao período de março de 2012 a março de 2013. COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA - COHAB/CURITIBA, em sua defesa, alega que não é responsável pelo pagamento, pois, tornou-se proprietária do imóvel devedor somente em janeiro de 2014. A alegação de defesa da ré deve ser acolhida? APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE COBRANÇA DE DÉBITOS CONDOMINIAIS - COHAB – DÍVIDA PROPTER REM – ENCARGOS DE CONDOMÍNIO CONSTITUEM ÔNUS REAL, DEVENDO O ADQUIRENTE DO IMÓVEL RESPONDER POR EVENTUAL DÉBITO EXISTENTE – AQUELE QUE ADQUIRE A UNIDADE CONDOMINIAL, A QUALQUER TÍTULO, RESPONDE PELOS ENCARGOS JUNTO AO CONDOMÍNIO, MESMO OS ANTERIORES À POSSE DO IMÓVEL, POR SE TRATAR DE OBRIGAÇÃO “PROPTER REM”, QUE ACOMPANHA O BEM, ASSEGURANDO-SE O DIREITO DE REGRESSO – DESPROVIMENTO AULA 03.pdf I. AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE AQUISIÇÃO: (Art. 1.204 CC) Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. II.1. QUANTO À FORMA EXEMPLOS DE AQUISIÇÃO: APREENSÃO: APROPRIAÇÃO UNILATERAL DE COISA “SEM DONO” (res derelicta – abandonada, ou, res nullius (coisa de ninguém)). Pode ainda ocorrer através da retirada da coisa de outrem sem sua permissão, ainda que injusta (sob violência ou clandestinidade). Esse possuidor terá proteção possessória em face de terceiros, que não tem melhor posse que ele – (art. 1.210 CC) Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. EXERCÍCIO DO DIREITO - exemplo clássico: servidão de passagem (art. 1.379 CC Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos. TRADIÇÃO: acordo de vontades – negócio jurídico de alienação. Pode ser a título gratuito (doação), ou oneroso (compra e venda); Cláusula CONSTITUTI: o vendedor transfere o domínio da coisa à terceiro, mas a conserva em seu poder, porém na qualidade de locatário. Essa cláusula não se presume. Deve ser expressa. II.2. QUANTO À ORIGEM: MODO ORIGINÁRIO: não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Ex: quando há esbulho, e depois o vício convalesce. Os eventuais vícios da posse anterior não são transmitidos para a posse atual MODO DERIVADO: anuência do anterior possuidor (ex.: tradição). Nesse modo, a posse conservará os mesmos vícios anteriores (arts. 1.203CC e 1.206) Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Exceção aos arts. 1203 e 1206 CC: art. 1.207, 2ª parte. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. PERDA DA POSSE Art. 1.223 CC: Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. Art: 1.196: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Exemplos de perda da posse: Abandono Tradição Destruição da coisa A posse de outrem. PERDA DA POSSE PARA O AUSENTE: ART 1.224 CC. Essa perda é provisória, pois, o possuidor pode recorrer às ações possessórias. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. EFEITOS DA POSSE 1. proteção possessória (autodefesa + interditos); 2. percepção dos frutos 3. responsabilidade pela perda ou deterioração da posse 4. indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção 5. usucapião. 1. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA: 1.1. Pode se dar por: 1.1.1 legítima defesa: possuidor está presente e é TURBADO no exercício da sua posse 1.1.2. desforço imediato: o possuidor perde momentaneamente a posse através de ESBULHO. Art. 1.210, §1º do CC: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. por sua própria força = sem apelar para autoridade, polícia ou justiça legítima defesa Desforço imediato Só ocorre enquanto a turbação perdurar e a posse não foi ainda perdida Já ocorreu a perda da posse (esbulho), e o possuidor consegue reagir e retomar a coisa 1.2. Ações possessórias: Em sentido estrito (manutenção (turbação), reintegração (esbulho), interdito proibitório (ameaça): arts. 926 a 930 CPC (73) e 560 a 565 CPC/15; Ameaça: sem atos concretos de agressão à posse, mas existe sério fundamento; Turbação: já existem atos concretos de agressão, mas a vítima ainda não perdeu a posse; Esbulho: a vítima efetivamente perde a posse do bem. Ex: imóvel invadido e possuidor retirado do imóvel - Legitimidade ativa: (art. 560 CPC 2015) – nenhuma alteração. Exige-se a condição de possuidor para a propositura dos interditos. Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho. Detentor; Sucessor “causa mortis”: tem direito pelo saisine Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Nascituro tem posse? Há discussão na doutrina, mas a que prevalece: não, pois o nascitura tem mera expectativa de direito, não é possuidor de direitos subjetivos, nem possuidor (José Carlos Moreira Alves). Possuidores diretos e indiretos: direito a ação possessória contra terceiros, e uns contra os outros. - Legitimidade passiva: é do autor da ameaça, turbação ou esbulho (art. 927, II e 932 CPC/73 e 561, II e 567 CPC/15) – sem mudanças. Art. 927. Incumbe ao autor provar: Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Turbação ou esbulho praticados por pessoa privada de discernimento ou menor incapaz: legitimado passivo será o encarregado de sua vigilância (curador, pai ou tutor); Herdeiro a título universal “causa mortis”: tbm pode ser legitimado passivo (art. 1.207 CC) Herdeiro a título singular: só será legitimado passivo, se, recebeu a coisa sabendo que era originária de esbulho. Pessoa jurídica de dir. privado: em nome próprio, se seu gerente ou administrador não agiram em nome próprio. Pessoa jurídica de dir. público: art. 928 do CPC/73 e art. 562 do CPC/15. OBS: CONVERSÃO DA AÇÃO POSSESSÓRIA EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO ART 921 CPC/ 73 E ART. 555 CPC/15 Se ocorreu o perecimento ou a deterioração da coisa, pode o possuidor intentar ação de indenização. AÇÕES POSSESSÓRIAS NA TÉCNICA DO CPC A. FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS: ART. 920 CPC/73 E 554 CPC/15 (foram adicionados 3 parágrafos que regulam as regras a serem observadas na citação, caso o polo passivo seja composto de grande número de pessoas. Princípio da MIHI FACTUM DABO TIBI JUS (a parte expõe o fato e o juiz aplica o direito). A fungibilidade só se aplica nos caso das possessórias em sentido estrito (imissão, reintegração e manutenção na posse). Não se pode fungir ação de reintegração com ação de imissão na posse (ação petitória), p.ex. B. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS: ART. 555 CPC/12 C. CARÁTER DÚPLICE: ART. 556 CPC/15: desnecessária a reconvenção, e o réu também pode cumular pedidos. D. DISTINÇÃO ENTRE JUÍZO POSSESSÓRIO E JUÍZO PETITÓRIO. A exceção de domínio (exceptio proprietatis) Art. 557 CPC/15 + art. 1.210, §2º CC. No juízo possessório, não adianta alegar domínio (propriedade ou outro direito real sobre a coisa), pois só se discute posse. No juízo petitório: só discute sobre o domínio, sendo secundária a posse. NA PRÁTICA: poderá o possuidor NÃO proprietário, através da ação possessória, impedir a recuperação da coisa pelo seu legítimo dono, pois este ficará impedido de recorrer à ação petitória até que julgada definitivamente a ação possessória. Diferença entre PROPRIEDADE E DOMÍNIO Denota-se nos casos expostos que ao proprietário resta apenas a titularidade do bem, faltando-lhe o domínio, ou seja, o gozar, dispor, usar e reaver o bem, já que não mantém mais a relação com a coisa, por não exercer mais o poder que lhe é inerente. O domínio é a ingerência direta sobre a coisa, a relação do indivíduo com ela, por isso Aronne expõe ser o domínio o centro dos direitos reais11. O campo dominial é apenas real, não havendo que se falar em terceiros ou em obrigações. No domínio conjuga-se o sujeito com o gozar, usar, dispor e reaver o bem e nada mais, está na parte interna, ligada ao poder. Já a propriedade vai muito além. Por certo que para se compreender a propriedade, mister se faz que se entenda o domínio. Porém, com os fundamentos constitucionais que adquiriram os direitos reais, é difícil entender a propriedade apenas como uma relação do sujeito com a coisa, antes disso, a propriedade assume muito mais uma relação obrigacional. E. EXIGÊNCIA DA PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO: ART. 559 DO CPC/15. OBS: o art. 559 ressalva a situação da “parte economicamente hipossuficiente” 1. FRANCISCO SIRENE AJUIZOU ação de interdito proibitório em face de ELENITA GONÇALVES sob a alegação que a ré ameaçava sua posse, pois possuía uma casa dentro do terreno que acabara de adquirir. Pretendia, nesta ação, a demarcação de sua propriedade, através de levantamento topográfico feito por prova pericial de engenharia (nítida ação demarcatória, de natureza petitória). A r. sentença prolatada julgou improcedente o pedido do autor, principalmente, ao perceber que o autor jamais havia exercido a posse sobre o imóvel. Pergunta-se: porque? Não seria possível a aplicação da fungibilidade das ações possessórias neste caso? Não. AÇÃO POSSESSÓRIA - INTERDITO PROIBITÓRIO – EXERCÍCIO DA POSSE NÃO COMPROVADO, BEM COMO NÃO EVIDENCIADA A AMEAÇA CONCRETA À EVENTUAL POSSE – DISCUSSÃO ENVOLVENDO DOMÍNIO E DEMARCAÇÃO DE PROPRIEDADE QUE DEVEM SER ARGUIDAS PELA VIA PRÓPRIA – FUNGIBILIDADE QUE SE APLICA SOMENTE ENTRE AÇÕES DE NATUREZA POSSESSÓRIA. Note-se, não é possível a fungibilidade entre a ação de interdito proibitório e a ação demarcatória, de natureza real, com fundamento no direito de propriedade. Tratam-se de ações de natureza e fundamentos distintos, de forma que não seria cabível a realização, nestes autos, de perícia visando a determinação de metragens e demarcação de terrenos confrontantes. (Relator(a): Paulo Roberto de Santana; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 23ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 17/02/2016; Data de registro: 23/02/2016) AULA 04.pdf AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE Características e natureza jurídica. - Utilizada pelo proprietário da coisa, mas não possuidor, pois recebeu do alienante só o domínio (jus possidendi), pela escritura, mas não recebeu a posse. - o autor da ação nunca teve posse. EX: tem sido usada por arrematantes de imóveis, com suporta na carta de arrematação, para haverem a posse dos bens arrematados em poder dos devedores. Já não era regulada no CPC 73, e também não é regulada no CPC 15, mas nem por isso deixa de existir (fundamento: art. 189 CC). Segue o rito comum, e não o rito especial das ações possessórias. - É ação petitória. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206 - Jurisprudência admite que o autor da ação seja o compromissário comprador, desde que o compromisso esteja registrado e integralmente quitado (STF, RTJ, 65:718) - Súmula 4 do TJSP: permite pedido de liminar em ação de imissão de posse. IMISSÃO NA POSSE E REIVINDICATÓRIA Reivindicatória: cuida de domínio + posse, que se perderam pela ação injusta do agente. Objetivo: REAVER a propriedade. Imissão: o proprietário quer a posse que NUNCA teve. Tem o domínio e quer ter a posse. Objetivo: consolidar a propriedade. AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA (NÃO FOI ACOLHIDA PELO NOVO CPC) Fundamento: DIREITO DOS VIZINHOS: art. 1.299, 1300, 1301 e 1302 do CC Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho. Obra – sentido amplo: toda e qualquer construção que possa prejudicar os vizinhos. PRESSUPOSTOS: obra NOVA, e não em fase final. Se em fase final: indenização por perdas e danos, ou demolitória; Prédios VIZINHOS, contíguos. A contiguidade não tem caráter absoluto. Ex: locatário e demais que possuem posse direta advinda de contrato celebrado com o proprietário. Obs ao inciso III: doutrina entende que não só o Município, mas também todos os demais órgãos da ADM. 1. PASSIVA: o dono da obra: por conta de quem é executada. - OBS.: Natureza pessoal da ação, portanto, dispensa outorga uxória para sua propositura, e também a citação da mulher do réu. EMBARGOS DE TERCEIRO (arts 674 a 681 do NCPC) TERCEIRO: aquele que não é parte no processo, ainda que possa vir a ser. Podem ser opostos pelo proprietário, pelo possuidor: Art. 674 DO CPC (LER) Art 674, III + arts. 133 a 137 do NCPC Difere das ações possessórias porque a apreensão dos bens é feita por Oficial de Justiça em cumprimento à ordem judicial. Pressupostos: a. Ato de apreensão judicial b. Condição de proprietário ou possuidor c. Qualidade de terceiro d. Observância do prazo do art. 675 do NCPC (1.048 CPC 73) OBS: Súmula 84 do STJ: SÒ LER: é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro. LEGITIMIDADE: ATIVA: de quem pretende ter direito sobre o bem que sofreu a constrição PASSIVA: §4º do art. 677 NCPC – sem correspondente no CPC 73. PROCEDIMENTO PRAZO: ART. 675 NCPC Obs: Se perdido esse prazo, não mais caberá embargos de terceiro, mas será possível pedir anulação do ato judicial (ação anulatória); Serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos (Art. 676 NCPC ); Valor da causa: deve corresponder ao valor do bem penhorado; Petição inicial: art. 677 NCPC Suspensão das medidas restritivas: art. 678 NCPC ( 1.052 CPC 73) RERSPOSTA AOS EMBARGOS: Art 679 NCPC: 15 dias Embargos contra credor com garantia real: art. 680 NCPC Art. 681 do NCPC EMBARGOS DE TERCEIRO E FRAUDE CONTRA CREDORES: A fraude contra credores acarreta a anulabilidade do negócio jurídico FRAUDE CONTRA CREDORES (art. 158 a 165) Dano (eventos damini)+ consilium fraudis(propósito malicioso de evitar a cobrança de credores) FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO Já existe um crédito mas ainda não O devedor aliena o bem depois da há ação de cobrança; a alienação é feita ANTES de citado o devedor citação na ação de cobrança. Exige-se o conluio SÚMULA 375 DO STJ: "O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente". PERCEPÇÃO DOS FRUTOS Condição fundamental para que o possuidor perceba os frutos: posse de boa-fé (art. 1.214 CC) e a existência de um justo título Frutos: são bens acessórios, pois dependem da coisa principal. Art. 95 do CC: Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Frutos: utilidades que uma coisa produz periodicamente, não acarretam a destruição ou diminuição. Frutos quanto à sua origem: Naturais: se renovam periodicamente em virtude da natureza: as fritas da arvores, a cria dos animais; Industriais: surgem pela atuação do homem: a produção de uma fábrica Civis: são as rendas produzidas pela coisa, em virtude da sua utilização por outrem que não o proprietário: juros e aluguéis. Frutos quanto a seu estado: Pendentes: ainda unidos à coisa que os produziu Percebidos ou colhidos: já foram separados da coisa Estantes: separados e armazenados para venda Percipiendos: os que deveriam ter sido colhidos, mas não foram; Consumidos: não existem mais porque foram utilizados. REGRAS DA RESTITUIÇÃO (CC, ARTS. 1.214 A 1.216) ART. 1.214 CC: O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. ART. 1.215 CC: Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Art. 1.216 CC:. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Os arts 1.215 e 1.216 vedam o enriquecimento sem causa. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA Art. 1.217 CC: O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. a que não der causa.= sem dolo ou culpa art. 1.218 CC: O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Cabe ao possuidor de má-fé comprovar a exceção: o prejuízo teria ocorrido mesmo sem qualquer interferência dele possuidor. Manoel Augusto opôs Embargos de terceiro em face de CL Carvalho & Cia Ltda sob a Alegação de que o imóvel penhorado na ação de execução contra devedor solvente fora adquirido de boa-fé, já que adquirido por meio de financiamento junto a Caixa Econômica Federal. Aduz que somente tomou conhecimento da ação de execução contra o executado, vendedor do imóvel no ano de 2011, sendo que o adquiriu no ano de 2003, e, quando de sua aquisição inexistia registro de penhora, nos termos da súmula 375 do STJ. CL Carvalho, o embargado alega ocorrência de fraude em execução. Julgue os presentes embargos e fundamente. RESP.: Apelação do embargante. Título. Registro. Fraude à execução: não reconhecimento. Ausência de registro de penhora. Aplicação da Súmula 375 do STJ. Má-fé dos adquirentes. Ausência de prova. Apelada que não se desincumbiu do ônus de provar fato que afastasse a pretensão do embargante (art. 333, II, do CPC). Neste sentido julgado do C. STJ: “PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA EM IMÓVEL. INEXISTÊNCIA DE REGISTRO EM CARTÓRIO. INEXISTÊNCIA DE FRAUDE. TRANSAÇÃO VÁLIDA. SÚMULA Nº 84/STJ. PRECEDENTES. (...) 2. Todavia, sobrelevando a questão de fundo sobre a questão da forma, a jurisprudência desta Casa Julgadora, como técnica de realização da justiça, tem imprimido interpretação finalística à Lei de Registros Públicos. Tal característica está assente na Súmula nº 84/STJ: “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro”. (...) 4. Não há fraude à execução quando no momento do compromisso particular não existia a constrição, merecendo ser protegido o direito pessoal dos promissários-compradores. (...)”. (grifei, REsp nº 762521/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Primeira Turma do C. STJ, j. 16.08.2005). AULA 05.pdf INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS E DIREITO DE RETENÇÃO (arts. 1.219 a 122 CC) Temos 2 figuras: a. O possuidor b. O retomante – quem está tomando a coisa de volta. O que é o Direito de retenção? É um meio coercitivo de pagamento, que privilegia o possuidor de boa-fé. Faculta ao possuidor o direito de ter a coisa até que seja indenizado pela benfeitoria por ele realizada. Deve ser alegado em contestação. É um poder jurídico direito e imediato de uma pessoa sobre uma coisa, com todas as características de um direito real. Benfeitoria: melhoramento em uma coisa que já existe. É produto da ação humana. Possuidor de boa-fé: direito de ser indenizado pelos melhoramentos que efetuou no bem. 1. Benfeitorias necessárias: indispensáveis à conservação da coisa; 2. Benfeitorias úteis: melhoram o uso da coisa. Ex.: acrescentar um banheiro no imóvel 3. Benfeitorias de luxo (voluptuárias): são os objetos de luxo e recreio. Ex.: uma fonte no jardim Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Possuidor de boa–fé tem direito à indenização pelas necessárias e as úteis. QTO ÀS VOLUPTUÁRIAS, o retomante pode optar por indenizá-las ou não. Se optar por não indenizar: O possuidor tem direito de levar a benfeitoria consigo, desde que não cause danos à coisa na qual se encontra. EX.: piscina: se o retomante não quiser pagar, o possuidor vai perdê-la, pois, não é possível retirá-la. Salvo se ele a retirar e refizer o dano causado Uma piscina numa casa pode ser benfeitoria voluptuária, numa escola, pode ser útil e num clube necessária. Só no caso concreto será possível analisar o tipo de benfeitoria DIREITO DE RETENÇÃO DO ART. 1219, parte final: só o possuidor de boa-fé tem o direito de reter as benfeitorias úteis e necessárias até que lhe seja paga a indenização. Quanto às voluptuárias NÃO há retenção. POSSUIDOR DE MÁ-FÉ: Só tem direito às benfeitorias NECESSÁRIAS. Perde o direito às úteis e às voluptuárias. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. OBS: o possuidor de má-fé pode pedir indenização pelas úteis e necessárias por vias ordinárias, nunca pela retenção. Art. 1.222 valor da indenização para o possuidor de BOA-FÉ e de MÁ-FÉ Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má- fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. MÁ-FÉ: só as necessárias: o retomante opta pelo valor atual ou de custo BOA-FÉ: úteis e necessárias: o retomante deverá indenizar pelo valor atual DIREITO DE PROPRIEDADE (ARTS. 1.228 A 1.368 CC) ART. 1228 “CAPUT”CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. USAR: tirar proveito direto da coisa; GOZAR: além de usar, pode tirar os frutos que a coisa gera DISPOR: direito de alienar (vender, doar, dar em pagamento, trocar) o que lhe pertence, inclusive pode ONERAR a coisa: constituir sobre ela direitos reais sobre coisa alheia. Posso DISTRUIR a coisa? (sim, desde que não viole a função social da propriedade). REIVINDICAR : direito de reaver a coisa das mãos de quem injustamente a possua ou detenha. Pede-se através da ação REIVINDICATÓRIA (petitória). É intentada pelo proprietário que tem título, mas não tem posse x quem tem posse, mas não tem título, Deve ser demonstrada a titularidade do domínio, a área que está sendo reivindicada e a posse injusta do réu. A boa-fé não impede a caracterização injusta da posse, para fins de reivindicatória, Ao possuidor direto, citado para a ação incumbe fazer o previsto no Art. 339 NCPC, ART. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo (PROPRIETÁRIO) da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. NO cpc73 ERA NOMEAÇÃO À AUTORIA, QUE DESAPARECEU DO NCPC. É ação real Posse injusta para efeito reivindicatório: sem justo título, uma razão que a justifique, mesmo que não seja violenta, clandestina ou precária, e, ainda que esteja de boa-fé. É imprescritível, mas esbarra na usucapião: Súmula 237 do STF: " O usucapião pode ser arguido em defesa" Art. 1228, §1º: função social da propriedade (tbm está no art. 5º, XXII CF): cláusula geral. Deve satisfazer o interesse do dono E também o interesse geral. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Art. 1228, §2º: abuso de direito. Deve ser analisado junto com o art. 187 do CC, que consagra a teoria objetiva do abuso de direito Art. 1228, § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 1.228, §§ 3º e 4º: tratam da desapropriação judicial; §4º: requisitos cumulativos: a. extensa área = indeterminada; b. ocupada por nº considerável de pessoas c. pessoas que tenham posse de boa-fé, por no mínimo 5 anos d. tenham feito no imóvel obras socialmente relevantes (deram função social ao imóvel) § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. §5º: alienação compulsória do mau proprietário que não deu função social a propriedade. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Não é USUCAPIÃO COLETIVO do Estatuto da Cidade, pois no §5º os possuidores precisam pagar para ter a propriedade. Na usucapião, o imóvel já lhes pertence pelo decurso do tempo e nada terão que pagar. REGRAS COMPLEMENTARES AO ART. 1.228 CC 1. ART. 1.229 CC: extensão do direito de propriedade imóvel Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. Ex: se passar uma linha de transmissão sobre a minha terra, terei direito a indenização se atrapalhar o proveito do proprietário. 2. ART. 1.230 CC: deve ser analisado com os arts. 176 e a77 da CF. É a União que faz regime de concessão à exploração por particulares. Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995) 3. Art. 1.231 CC: presunção relativa de que todos os poderes estão nas mãos do dono: propriedade plena Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. DA DESCOBERTA (ART. 1.233 e 1.234 CC) É o achado de coisa perdida por seu dono. Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. OUTROS MEIOS DE DEFESA DA PROPRIEDADE 1. Ação negatória: cabe quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição por alguém que se julgue com um direito de servidão do imóvel. 2. Ação de dano infecto: tem caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode ser oposta quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua construção (art. 1.280 CC). Cabe também nos casos de mau uso da propriedade vizinha. Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. Questão 1. IZÍDIO BARBOSA DOS SANTOS intentou ação reivindicatória contra SAMUEL TEODORO BORGES comprovando a propriedade do seu imóvel, individuação da coisa e o fato da coisa estar injustamente sob a posse do réu. A ação foi julgada procedente e o réu apelou alegando que sua posse era de boa-fé. Você reformaria a sentença prolatada? Juiz substituto TJ_AL, 2015. Julgue a seguinte assertiva: Um agricultor encontrou um carneiro perdido depois de evadir do aprisco e recusando-se as autoridades a abriga-lo, passou a alimentá-lo e cuidar. Passados 6 meses, o dono, descobrindo seu paradeiro foi busca-lo, sendo-lhe imediatamente entregue, porém cobrado das despesas comprovadamente realizadas, por quem o encontrou. O dono do carneiro deverá pagar ao agricultor as despesas que teve, e este poderá cobrá-las com fundamento na vedação do enriquecimento sem causa. CERTO. Fundamento art. 1.234 do CC AULA 06.pdf MODALIDADES DO DIREITO DE PROPRIEDADE 1. PLENA X RESTRITA Plena: o proprietário tem todos os direitos elementares que formam a propriedade Restrita ou limitada: algum ou alguns dos direitos elementares são atribuídos à terceiro. Através desse processo se formam os direitos reais sobre coisa alheia. Ex.: Coisa com usufruto. Os direitos de uso e gozo são do usufrutuário. 2. PERPÉTUA X RESOLÚVEL: Perpétua: é a regra. A propriedade tem duração ilimitada Resolúvel: é exceção (arts. 1.359 e 1.360 d CC): no título de aquisição, por sua própria natureza, ou pela vontade das partes, existe condição resolutiva. Ex.: fideicomisso, retrovenda (arts. 505 a 508 CC). O PROPRIETÁRIO, ao adquirir a propriedade, SABE QUE VAI perdê-la com o advento do termo ou condição. Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. RETROVENDA - Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá- la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. FIDEICOMISSO -Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo- se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário. AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL QUANTO À PROCEDÊNCIA QUANTO À PROCEDÊNCIA: 1. Aquisição originária: não há transmissão de um sujeito para o outro. Ex.: acessão, usucapião. A propriedade inaugura novo ciclo, e é adquirida sem as qualidades e vícios que tinha. 2. Aquisição derivada: relação negocial entre o adquirente e o antigo proprietário. Há transmissão de direito de propriedade, com as qualidades e defeitos que ela já possuía. Pode ser “inter vivos e “causa mortis”. MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL A. USUCAPIÃO (ARTS. 1.238 A 1.245 cc) E ARTS 10 A 14 DO Estatuto da Cidade (Lei 10257/01) Definição: é modo originário de aquisição da propriedade e outros direitos reais* pela posse prolongada e qualificada ** por requisitos previstos em lei. Também é chamada de prescrição aquisitiva. *Superfície, servidão, usufruto, uso, habitação. Efeitos: 1. Inaugura nova cadeia dominial (adquire-se contra alguém). Extingue-se a propriedade anterior, e com ela, todos os direitos reais que pendiam sobre ela (ex.: se havia hipoteca, se extingue c/a antiga propriedade). 2. Não incide ITBI, pois, não há fato gerador (a transmissão da propriedade); 3. A sentença que julga a usucapião ingressa no Registro de Imóveis sem preservar o princípio da continuidade dos registros, e também mitiga o princípio da especialidade. OBS.: Art. 1.244 CC: onde não corre a prescrição, não corre a usucapião. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. **Posse PROLONGADA (como) E QUALIFICADA (quando): prazos variar de 5 a 15 anos. Quanto mais curto o prazo, mais requisitos para a posse “ad usucapionem”. OBS 1: o compromisso de compra e venda é título aquisitivo desde que TOTALMENTE QUITADO o preço OBS 2.: A usucapião não se contenta com a inércia do dono. Deve haver conduta POSITIVA de quem vai adquiri-la. É modo simultâneo de perder e adquirir a propriedade. OBEJTOS DA USUCAPIÃO DE BENS IMÓVEIS: 1. NÃO são passíveis de usucapião imóveis públicos (art. 102 CC). Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. E os imóveis pertencentes à sociedade de economia mista e empresas púbicas? STJ: PODEM SOFRER USUCAPIÃO, POIS, REGIDOS PELAS REGRAS DO DIR. PRIVADO. 2. Bens particulares: a princípio, todos podem ser usucapíveis. ANÁLISE: A. Imóveis gravados c/ cláusulas restritivas (art. 1911 CC): incomunicabilidade, impenhorabilidade, inalienabilidade. Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. Podem SOFRER USUCAPIÃO? Sim, pois, a usucapião não é modo de alienação, pois, se adquire CONTRA alguém, e não de alguém. B. Imóveis em condomínio: Pode um condômino usucapir contra outro? SIM, desde que o condômino tenha posse exclusiva do imóvel todo ou de parte certa dele (condomínio “pro diviso”). IMPORTANTE: se 1 dos condôminos é incapaz, a incapacidade beneficia os demais condôminos e, portanto, não é possível a usucapião. C. Condomínio Edilício: Sobre unidade autônoma: é possível a usucapião da parte ideal do imóvel autônomo (devo citar o dono da unidade e o síndico); Sobre área comum: não cabe usucapião, pois, por norma de ordem pública são inapropriáveis, MAS: o STJ usa a “supressio” : se não se exerce a posse durante longo período, provoca-se a criação de justas expectativas em 3ºs, que devem ser respeitadas, e, embora não caiba usucapião, essa área não será devolvida ao condomínio. O requerente continua como possuidor, sem se tornar dono! D. Vagas de garagem indeterminadas: não há usucapião, pois, é de uso comum do edifício; MODALIDADES DE USUCAPIÃO 1. EXTRAORDINÁRIO: ART. 1.238 CC 2. ORDINÁRIO: ART. 1.242 CC 3. ESPECIAL URBANO: ART. 1.240 CC 4. ESPECIAL RURAL: ART. 1.239 CC 5. COLETIVO: ESTATUTO DA CIDADE: ARTS. 10 A 14 REGRA: quanto mais longo o prazo, menos requisitos tem a posse. Posse contínua, pacífica e animus domini são comuns a todos os tipos de usucapião. Modelo básico: 1. EXTRAORDINÁRIO; ART. 1.238 CC. Requisitos cumulativos: - PRAZO: 15 ANOS - POSSE CONTÍNUA (SEM INTERRUPÇÃO): não é possível somar períodos intervalados e separados de posse; - SEM OPOSIÇÃO = pacífica: que oposição é essa? (feita pelo dono). A oposição feita por terceiros não quebra a pacificidade. Como ocorre a oposição? somente através de atos lícitos (ações possessórias ou petitórias com sentenças procedentes). - TERA A POSSE COMO SUA= “animus domini”. O Possuidor dever possuir a coisa como sua, com soberania, sem reconhecer direito alheio sobre a coisa possuída. Estudo do art. 1.238 CC: Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Parte final: requisitos que a lei não exige: - posse de boa-fé, ou seja, o possuidor de má-fé pode usucapir. CUIDADO! Muitos autores dizem que só a posse justa gera usucapião, mas, o invasor, após 15 anos vai usucapir o imóvel. - Razão jurídica (título) para a posse. Art. 1.238, p.único: usucapião extraordinário com prazo reduzido a. Posse-trabalho: o possuidor usa o imóvel para habitação ou, ainda que não lá more, dá função social ao imóvel. Prazo cai para 10 anos. AULA 07.pdf 2. ORDINÁRIO: art. 1242 CC: Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Requisitos cumulativos: - prazo: 10 anos - contínua, - pacífica, - “animus domini” - 2 requisitos adicionais: 1. boa-fé na posse (ignorância dos vícios que a maculam), durante os 10 anos 2. justo título: comparação entre o justo título do art. 1.201 do CC com o do art. 1.242 CC. (art. 1.201 CC) : qualquer razão que justifique a posse da coisa alheia (ex.: contrato de comodato, locação). Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. (art. 1.242CC): é mais restritivo. Abrange o ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro. Ex.: aquisição de falso dono. Imóveis que em tese se é dono, mas não consigo registrar o título, pois, são imóveis irregulares. Ex.: comprador de u lote sem prévio parcelamento do solo. STJ: o compromisso de compra e venda com mpreço pago é justo título para usucapião ordinário. Art. 1.242, p. único: posse-trabalho. Prazo reduz para 5 anos, mas há requisitos adicionais: além da posse-trabalho, o justo título deve ter sido adquirido a título ONEROSO (compra, troca, dação em pagamento). O t´titulo, a princípio era verossímil, mas foi cancelada por padecer de vício. 3. ESPECIAL URBANA: ARTS. 1.240 e 183 do CF Art. 1.240CC: Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento) § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Requisitos: - prazo 5 anos - posse pacífica, contínua e “animus domini” - imóvel urbano apenas. Lei Municipal é que define o que é zona urbana; - área máxima de 250 m². OBS: A área de 250 m² é de terreno, portanto, a área construída pode ser maior que 250 m²; Este limite deve ser mantido durante todos os 5 anos; Apartamento: pode usucapir, desde que a área total seja de 250 m² ( e não a área útil) Usar o imóvel para fins de moradia – usucapião pró-moradia Único imóvel durante 5 anos. (quem faz a prova de ter outro imóvel? O contestante). Só pode ser requerido uma vez na vida: tem natureza social. Art. 1.240-A CC: usucapião especial urbana familiar: instituído em prol das pessoas de baixa renda que não tem imóvel próprio, seja urbano ou rural. - PRAZO: 2 anos. Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. - requisitos adicionais ao especial urbano: 1. O usucapiente dever ser coproprietário do imóvel, em comunhão ou condomínio com seu ex-cônjuge ou ex-companheiro; 2. Devem ter abandonado o lar de forma voluntária e injustificada. 4. RURAL (art. 1.239 CC e 191 CF) Art. 1.239 CC: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Art. 191 CF: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Requisitos: - prazo: 5 anos; - imóvel rural – critério de localização, não de destinação; - área máxima: 50 há - Ocupação de toda a área, durante todo o período; - usado para moradia; - O possuidor deve tomar o imóvel produtivo com o seu trabalho: é a usucapião “pro- labore” (pode ter empregados e prepostos) - único imóvel do possuidor (se era dono antes de usucapir, vendeu e comprou outro imóvel? Pode usucapir. O impedimento legal só se limita ao período aquisitivo). - pode ser requerido mais de uma vez : interesse geral em tornar terras produtivas – função social da propriedade. 5. COLETIVO (estatuto da cidade – arts 10 a 14 da Lei 10.257/01) - tem finalidade urbanística – visa recuperar imóveis degradados. Requisitos: - prazo 5 anos - posse pacífica, contínua e com “animus domini”; - Recai sobre imóvel urbano que deve ter: Mais de 250 m²; Usado para moradia; Deve ser o único imóvel durante o período aquisitivo; Só podem requerer as pessoas de baixa renda (lei 11.977/09 – Minha casa Minha vida); A Lei 11.977/09 disciplina a Usucapião administrativa ou extrajudicial, processada no Cartório de Registro de Imóveis, e não em juízo, pois, dá a possibilidade de o Poder Público legitimar a posse dos ocupantes de imóveis públicos ou particulares. *AÇÃO DE USUCAPIÃO* - Tem natureza declaratória, pois, a sentença apenas reconhece que o possuidor já era dono, quando consumou o período de (5, 10 ou 15 anos); - sentença tem efeito “erga omnes” - Citação: art. 246, §3º NCPC: A citação será feita: § 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. - Deve-se dar ciência à União, ao estado e ao DF e Município; Art. 259, I do NCPC: Serão publicados editais: I - na ação de usucapião de imóvel; Questão 1. HERBERT TELMO VARELA E OUTRO entrou com ação de usucapião extraordinário em face de IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO. Alegaram posse própria, iniciada em 1964, fundada em promessa verbal de venda feita pela proprietária, Rosa Stella Baffa, ocasião em que, com o consentimento desta, se instalaram no imóvel. A ação foi julgada procedente. Apela a ré e alega: que "a usucapião extraordinário somente pode ser concedido a quem demonstre ter exercido a posse do imóvel pelo prazo vintenário, com ânimo de dono e que referido imóvel não esteja gravado com cláusula de inalienabilidade". A apelante tem razão? Não: exigidos para sua caracterização - Procedência - O fato de ser o imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade não impede a posse ad usucapionem . AULA 08.pdf REGISTRO DE IMÓVEIS (ARTS. 1.245 A 1.247 CC) e Lei 6.015/73 (LRP) DO REGISTRO DO TÍTULO Aquisição pelo registro: é o modo mais importante de aquisição da propriedade imóvel. O domínio da coisa imóvel só se transfere pelo registro do título (art. 1245 CC) Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Princípios que regem o Registro de Imóveis: 1. Publicidade: o registro confere publicidade às transações imobiliárias. Vale contra terceiros. (art. 17 LRP): Art. 17. Qualquer pessoa pode requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido. 2. Força probante ou presunção: (fé pública) gozam de presunção de veracidade. Presunção relativa, pois, admite prova em contrário. (Exceção: registro torrens: tem presunção absoluta – somente imóvel rural: art. 277 e ss da LRP) Art. 1.247 CC: Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Art. 1.245, §2º CC : § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. 3. Legalidade: cabe ao oficial do cartório examinar a legalidade e validade do título. Se estiver em ordem, será registrado. Art. 198 da LRP- Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la. 4. Territorialidade: Art. 169 LRP- Todos os atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no Cartório da situação do imóvel, O registro dever ser feito na circunscrição imobiliária da situação do imóvel. 5. Continuidade: só se admite o registro de um título se a pessoa que nele aparece como alienante é a mesma como alienante é a mesma que figura no RI como seu proprietário. Art. 195 da LRP: Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro. 6. Prioridade: protege quem primeiro registra seu título. A prenotação (nº do protocolo) assegura a prioridade do registro: arts1.246 CC, 182 e 205 da LRP; Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo; Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de ordem que lhes competir em razão da seqüência rigorosa de sua apresentação. art 205 LRP: Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais. (explicar: se um apartamento é vendido para duas pessoas de boa-fé, ao mesmo tempo: num dia vendo para um, no outro para outro. Aquele que 1º protocolar terá preferência para ser titular dos direitos reais.) 7. Especialidade: art. 225 LRP objetiva proteger o registro de erros que possam confundir as propriedades e causar prejuízos aos seus titulares. Art. 225 - Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certidão do registro imobiliário. 8. Instância: arts. 13 e 198 da LRP: o oficial do RI não pode, de ofício, proceder a registro, somente a pedido do interessado. Art. 13. Salvo as anotações e as averbações obrigatórias, os atos do registro serão praticados: I - por ordem judicial; II - a requerimento verbal ou escrito dos interessados; III - a requerimento do Ministério Público, quando a lei autorizar. Art. 198 - Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la, MATRÍCULA, REGISTROS E AVERBAÇÃO MATRÍCULA: deve ser feita antes do registro. arts. 176,§1º e 228 da LRP; Art. 228 - A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado. REGISTRO: sucede a matrícula. É o ato que efetivamente transfere a propriedade AVERBAÇÃO: qualquer alteração feita no imóvel: pode ser quanto à situação física do imóvel, (nova construção), ou jurídica de seu proprietário (ex: dono era solteiro e casou). LIVROS OBRIGATÓRIOS: art. 173 da LRP: Haverá, no Registro de Imóveis, os seguintes livros: I - Livro nº 1 - Protocolo; II - Livro nº 2 - Registro Geral; III - Livro nº 3 - Registro Auxiliar; IV - Livro nº 4 - Indicador Real; V - Livro nº 5 - Indicador Pessoal - protocolo: porta de entrada pela qual devem passar todos os títulos registráveis; - registro geral: nesse livro que se pratica o ato que transfere o domínio de imóveis - registro auxiliar: destina-se ao registro de atos que devem, por lei, ser registrados. - indicador real: pode ser localizado por seus dados e características. Possui dados do imóvel; - indicador pessoal – contém o nome de todas as pessoas que figuram no registro como proprietárias. RETIFICAÇÃO DE REGISTRO: ART. 1.247 CC e 212 da LRP art. 212 LRP: Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo Oficial do Registro de Imóveis competente, a requerimento do interessado, por meio do procedimento administrativo previsto no art. 213, facultado ao interessado requerer a retificação por meio de procedimento judicial. Art. 1.247 CC: Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. OUTROS MEIOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL - ACESSÃO: É modo originário de aquisição da propriedade, criado por lei. A coisa acessória segue a principal (arts. 1248 a 1259 CC). Passa a pertencer ao proprietário do solo tudo que lhe adere e não pode ser retirado sem estrago. É diferente da benfeitoria, que melhora algo que já existe. Acessão é a criação de coisa nova Para evitar o enriquecimento sem causa, possibilita ao proprietário desfalcado o percebimento de indenização. Pode ser dar por: (art. 1.248 CC) A - formação de ilhas: são de propriedade dos ribeirinhos, na proporção de suas testadas; B – aluvião: art. 1250CC: o rio deposita naturalmente segmentos. O dono do imóvel ribeirinho se torna dono da aluvião; Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. C – avulsão: art. 1. 251 CC: Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. D - abandono de álveo (leito do rio): mudança do leito do rio naturalmente: pertence aos ribeirinhos até p eixo médio do rio e na proporção de suas testadas. E- plantações e construções – acessões industriais (arts. 1253 a 1.259 CC): derivam de um comportamento ativo do homem. Regra básica: presunção relativa: art. 1.253 CC: Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. art. 1.254 CC: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. art. 1.255CC: Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. art. 1.255 CC, p. único: acessão inversa: A acessão passa a ser o principal e o solo o acessório Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. art. 1.258 CC: invasões de pequeno porte: 1/20 ou 5% do imóvel vizinho. Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. OBS: se a invasão ocorreu de má-fé, ou seja: sabia que estava invadindo: o vizinho pode exigir retomada e demolição da faixa, salvo se o invasor pagar 10X o valor da indenização. art. 1. 259: invasões maiores que 1/20 ou 5%: Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. AULA 09.pdf *DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL* 1. DA USUCAPIÃO: arts. 1.260 a 1262 CC Art. 1.260CC – usucapião ordinária: Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. Art. 1261 CC – usucapião extraordinária: Posse por 5 anos, independente de título ou boa-fé: Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé. Art. 1.262 CC – Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244. Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. 2. DA OCUPAÇÃO (art. 1.263 CC) : modo originário de aquisição. è a tomada de posse de coisa sem dono, com a intenção de se to9rnar seu proprietário. Coisas sem dono = res nullius (coisa de ninguém) ou res derelicta (coisa abandonada). Art. 1.263 CC: Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. 3. DO ACHADO DO TESOURO: (ART. 1.264 e 1.265 CC): TESOURO: depósito antigo de coisas preciosas, oculto ou de cujo dono não haja memória. Art. 1.264 CC: O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado. 4. DA TRADIÇÃO: ART. 1.267 CC: modo derivado de aquisição da propriedade móvel (pressupões vínculo jurídico com o antigo proprietário). Ato inter vivos. O contrato, por si só, não transfere a propriedade, gera apenas obrigações. A aquisição do domínio do bem móvel só se dá pela tradição. Art. 1.267 CC: A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. Constituto possessório: ex: o vendedor transfere a terceiro o domínio da coisa, mas conserva-a em seu poder, porém, na qualidade de locatário. A tradição pode ser: a. real: há entrega da material da coisa do alienante ao adquirente. b. simbólica: o comportamento concludente das partes, valorado pelos usos e costumes, produz o mesmo efeito da entrega real. c. ficta: resulta de convenção entre as partes, sem conduta ou sinais exteriores fáticos indicativos da transmissão da propriedade. 5. DA ESPECIFICAÇÃO: ARTS. 1.269 e 1.270 CC: ocorre quando uma pessoa, trabalhando em matéria-prima, obtém espécie nova. Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior. (ex.: esculturas) Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova. § 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má- fé, pertencerá ao dono da matéria-prima. § 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima. 6. DA CONFUSÃO, DA COMISTÃO E DA ADJUNÇÃO: (ART. 1.272 A 1.274 CC) OBS: houve erro de digitação na seção IV do CC e no art. 1.273. Consta comissão, mas é comistão. Confusão: mistura de coisas líquidas; Comistão: mistura de coisas sólidas; Adjunção: justaposição de uma coisa sobre a outra. Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. § 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado. § 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros. Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado. Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273. *DA PERDA DA PROPRIEDADE* Art. 1.275 CC: rol exemplificativo: alienação, renúncia, abandono, perecimento, e desapropriação. Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. Outros meios existentes de perda da propriedade no CC: usucapião e acessão A. Alienação: ocorre por meio de contrato para a transferência da propriedade. Pode ser a título oneroso (compra e venda) ou gratuito (doação); B. Renúncia: ato unilateral. O titular abre mão de seus direitos sobre a coisa, de forma expressa. art. 108 CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. art. 1.806 CC: A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. C. Abandono: ato unilateral. O titular abre mão de seus direitos sobre a coisa. Não há manifestação expressa. A conduta se caracteriza pela intenção (animus) de não mais ter a coisa para si. Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. § 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. § 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. D. Perecimento: decorre da perda do objeto; E. Desapropriação: nos casos expressos na CF *DO CONDOMÍNIO GERAL* Quando os direitos elementares do proprietário pertencem a mais de um titular, existirá o condomínio = domínio comum de um bem. - direitos elementares do proprietário: art. 1.228 CC, caput: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Quanto à origem, o condomínio pode ser: 1. CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO: se origina da vontade dos condôminos. Art. 1.314 CC e ss: Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
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