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Criminalização do Revenge Porn

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1 
 
Criminalização do Revenge Porn 
 
Ítalo Augusto Camargos Pereira 
 
Resumo: o presente estudo é uma análise da conduta de divulgar conteúdo íntimo 
de uma relação, sem expressa autorização da parte exposta, com fito de enquadra-
la criminalmente. Consiste em um levantamento sobre a definição de Revenge Porn 
para conformá-la dentro das figuras típicas já previstas pelo direito pátrio. A discus-
são se estende aos Projetos de Lei em trâmite no Congresso Nacional sobre a maté-
ria, com análise minuciosa do texto aprovado pela Câmara dos Deputados em 21 de 
fevereiro de 2017. 
 
Palavras-chaves: Pornografia não consensual; Revenge Porn, Delitos Informáticos. 
 
Abstract: This study is an analysis of the conduct of disclosing intimate content of a 
relationship, without express authorization of the exposed party, in order to criminally 
frame it. It consists of a survey on the definition of Revenge Porn to conform it within 
the typical figures already provided by the country laws. The discussion extends to 
the Draft Laws in progress in the National Congress on the matter, with a detailed 
analysis of the text approved by the Chamber of Deputies on February 21, 2017. 
 
Key words: Non-Consensual Pornography, Revenge Porn, Computer crime. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A divulgação de conteúdo pornográfico está para a internet do mesmo modo 
que a internet está para o computador. Os dados carecem de precisão, mas diferen-
tes fontes de pesquisa estimam um percentil entre doze e trinta por cento da internet 
relacionado à pornografia. A mais citada é a publicada em 2010 pela empresa britâ-
nica Optenet com uma amostra representativa de quatro milhões de URL’s em seu 
banco de dados. Segundo a pesquisa, a conclusão é que cerce de 37% da internet é 
composta por conteúdo pornográfico. Em setembro de 2016, o Instituto Brasileiro de 
Opinião e Estatística IBOPE1 publicou uma pesquisa sobre o comportamento do 
internauta brasileiro relativamente ao entretenimento erótico na internet e conclui 
que 65% dos internautas brasileiros acessam conteúdo adulto enquanto navegam. 
Outra fonte também bastante citada é a revista americana The Week2 que, além de 
indicar 12% da internet relacionado à material erótico, ainda estima um faturamento 
anual do setor em torno de US$ 97 bilhões. Há quem conteste essas informações, 
como Mark Ward da BBC Brasil3, e aponta distorções no método de pesquisa adota-
do capazes de dirimir esses números. Mas é inegável que independente da porcen-
tagem tomada como referência o acesso a conteúdo erótico é fácil e amplamente 
disseminado. Isso engloba tanto conteúdo com finalidade comercial – produzido e 
orientado para venda – como conteúdo dissociado de viés comercial – produzido por 
razões particular. 
 
 A facilidade de produção e divulgação de mídias através de dispositivos ele-
trônicos como smartphones e tablets amplia o potencial de perpetração da pornô, 
 
1
 IBOPE. 3ª onda do CONECTAí Express 
 
2
 THE WEEK STAFF. The internet porn 'epidemic': By the numbers. The Week, jun. 2010. 
 
3
 WARD, Mark. Há menos pornografia do que se pensa na intenet. BBC Brasil, jul. 2013. 
2 
 
sobretudo o não comercial. O anglicismo sexting surge nesse contexto definindo a 
divulgação de conteúdo erótico através de dispositivos eletrônicos. Nude Selfies – 
selfies de nudez – são utilizados para flertar ou seduzir outrem através da internet, 
ou apenas retribuir um favor de uma mídia anteriormente recebida. A prática se 
tornou comum e frequentemente é utilizada por casais para seduzir a outra parte da 
relação, realizar fantasias, ou apenas sair da rotina. 
 
 Não há óbice ou restrição à liberdade sexual do casal. No entanto, o conteúdo 
erótico produzido não se extingue com o término da relação e sua publicidade pode 
causar prejuízos imensuráveis. São inúmeros os exemplos que podem ser citados 
de vazamento de conteúdo íntimo após o término da relação para ridicularizar e 
envergonhar a pessoa frente à sociedade, por inconformismo de uma das partes da 
relação ou como forma de revanche por alguma situação desagradável. A exposição 
da intimidade através de mídias enviadas pelas redes sociais após o término do 
relacionamento viola direitos fundamentais não podendo o Estado coadunar com 
essa conduta ao arrepio da lei. 
 
 Sob esse aspecto o presente artigo é um estudo sobre a divulgação de ima-
gens e vídeos eróticos de forma não consensual, em especial das mídias produzidas 
e adquiridas por meio de relações afetivas. O objetivo principal é definir uma tipifica-
ção penal coesa e coerente com a grave exposição da intimidade e capaz de reparar 
ao menos parte do dano sofrido. 
 
 Para tanto a discussão se dá sobre o conceito de Revenge Porn – Pornogra-
fia de Vingança – e suas consequências, discutindo em quais tipos penais já descri-
tos pelo ordenamento pátrio a conduta encontra conformação. Após, passamos para 
uma análise crítica dos Projetos de Lei em trâmite no Congresso Nacional direciona-
dos à criminalização da exposição da intimidade no meio virtual; nesse ponto a aná-
lise mais profunda será dada acerca do texto aprovado na Câmara dos Deputados 
em 21 de fevereiro de 2017 do Projeto de Lei n° 5.555/2013 de João Arruda 
(PMDB/PR). 
 
2. REVENGE PORN 
 
A ameaça de se divulgar conteúdo íntimo para obtenção de alguma vantagem 
não é uma conduta delituosa muito recente. Mas o que outrora fora utilizado de 
modo anômalo como instrumento para prática de extorsão, tem hoje ampliados a 
forma e o contexto de atuação. Isso se deve a fácil e rotineira produção de conteúdo 
virtual e a célere disseminação destas informações pela internet por meio de, princi-
palmente, redes sociais. 
 
 Nesse cenário uma nova perspectiva tem sido oferecida à divulgação de con-
teúdo íntimo. Frente à agilidade de envio e recebimento de dados, transitando rapi-
damente pela internet, o ataque à imagem com intento de imputar a alguém fato 
ofensivo à sua reputação (Difamação) e/ou lhe ofender a intimidade ou decoro (Injú-
ria) por meio da propalação de mídias produzidas no seio da intimidade tem sido 
cada vez mais recorrente na atualidade. Casos como o de Francyelle dos Santos e 
Carolina Portaluppi são noticiados quase que diariamente, e causam danos incalcu-
láveis para as vítimas. 
 
 O conceito de Revenge Porn surge nesse contexto. O termo estrangeiro – 
traduzido como Pornô de Vingança – é utilizado no Brasil para se referir as imagens 
3 
 
e filmes de conteúdos pornográficos adquiridos de maneira consensual, porém dis-
tribuídos sem o consentimento da vítima. Acerca dessa definição cabe ressaltar a 
ressalva feita pela professora Mary Anne Franks4. Sob o seu prisma de análise esse 
conceito é exíguo por não abranger a distribuição de conteúdo íntimo adquirido sem 
o consentimento da vítima, pois, não raro, o acesso a essas informações se dá sem 
a anuência do proprietário. Basta evocar o caso Carolina Dieckmann no qual infor-
mações de cunho pessoal da atriz foram obtidas sem seu assenso por hackers que 
as utilizaram ulteriormente para extorqui-la. Portanto, Franks (2013) sugere que “um 
termo mais preciso é pornografia não consensual, definida como a distribuição de 
imagens sexuais de indivíduos sem seu consentimento” (tradução do autor). 
 
 Pertine-nos, nesse ponto, valer-nos de certo preciosismo para definição cate-
górica da conduta em comento. Isso porque a pornografia não consensual criou 
dimensões tão sobressalentes que se tornou um gênero e suas formas de se apre-
sentar passaram tornaram-se espécies desse gênero. Rogério Sanches Cunha 
(2017)5, promotor de justiça do estado de São Paulo e professor de Direito Penal, 
em uma recente publicação no seu canal do YouTube, aborda uma vertente da por-
nografia não consensual e as figuras típicas em que se enquadram. Ele analisa anova conduta denominada pela doutrina de Sextorsão. Ela se configura na ameaça 
de divulgação de conteúdo íntimo, adquirido por meios lícitos ou não, com o fito de 
(a) obtenção de vantagem econômica, (b) satisfação da lascívia com conjunção 
carnal não consentida ou prática de ato libidinoso e (c) obrigar a fazer algo não per-
mitido ou não ordenado por lei. Rogério Sanches explica que na hipótese “a” a exi-
gência de vantagem econômica encontra enquadramento na Extorsão, descrita pelo 
art. 158 do Código Penal. Na hipótese “b” a exigência de conjunção carnal ou prática 
de ato libidinoso encontra enquadramento no Estupro, descrito no art. 213 do Código 
Penal. E, de forma residual, ausente elementos que atentem contra o patrimônio ou 
a dignidade sexual, o que implica a hipótese “c”, a conduta encontra enquadramento 
no Constrangimento Ilegal, descrito no art. 146 do Código Penal. Ou seja, é uma 
ação que, de acordo com o caso concreto, encontra conformação com vários tipos 
de delitos. 
 
 O revenge porn, não encontra enquadramento em nenhuma dessas situa-
ções. Pois, para sua caracterização, não há a ameaça ou exigência de alguma van-
tagem, seja patrimonial ou sexual. O agente ativo simplesmente dá publicidade ao 
conteúdo íntimo para vingar-se, de algo que lhe causou inconformismo, atacando, 
portanto, a honra, a dignidade e o decoro da vítima. A agressão visa lesar bem jurí-
dico distinto daqueles possíveis de serem maculados com a sextorsão. 
 
 Não obstante essa observação, destaque especial deve ser conferido à dis-
seminação nas redes sociais, por uma das partes de uma relação encerrada, de 
conteúdo adquirido ou produzido no convívio íntimo por inconformismo com o térmi-
no do relacionamento, ou outro motivo qualquer, e valendo-se, à época, da confian-
ça que lhe fora atribuída. Sob essa égide, o revenge porn é uma espécie do gênero 
pornografia não consensual – que traz consigo vários outros delitos distintos – utili-
zado com o único objetivo de se vingar, finda a relação, através da exposição da 
outra parte. É possível, com essa reflexão, descrever três elementos essenciais para 
 
4
 FRANKS, Mary A. Drafting Na Effective “Revenge Ponr” Law: A Guide for Legislator. jun. 2015. 
 
5
 "Sextorsão, adequação típica - Janeiro 2017." YouTube video, 13:00. Posted by: Rogério Sanches Cunha, 24 
jan. 2017. 
 
4 
 
a configuração do revenge porn, a saber: a) o delito deve ser praticado sem a exi-
gência de qualquer vantagem, pois, nesse caso, deveria ser analisado sob o crivo da 
sextorsão; b) é necessário que o agente ativo tenha relações íntimas, ou as tenha 
tido, com a vítima – namorado, cônjuge, companheiro, etc; c) a posse do conteúdo 
deve ter ocorrido no âmbito dessa relação. Presentes esses três elementos, é des-
caracterizada qualquer outra forma de pornografia não consensual restando apenas 
o enquadramento no revenge porn. 
 
 As consequências dessa forma de agredir são drásticas e perenes, pois a 
revelação da intimidade da vítima no ambiente virtual dificilmente será revertida e 
reconduzida à normalidade, dado o alcance e magnitude da internet. Esse quadro é 
atenuado por não existir ainda no ordenamento jurídico pátrio tipificação dessa con-
duta, levando o judiciário a analisar os casos concretos sob o crivo de outros tipos 
penais com cominações de penas muitas vezes aquém dos danos causados. Isso 
contribui para a majoração da sensação de impunidade e de baixo teor delitivo des-
ses atos, o que fomenta e encoraja atitudes dessa natureza. 
 
 Um estudo realizado pela ONG Cyber Civil Rights Initiative6 (CCRI) em 2013 
indica que cerca de 90% das vítimas de pornografia não consensual são mulheres. 
E encontramos certa lógica para esses números se examinarmos o tabu ainda re-
verberante na sociedade sobre a sexualidade feminina. Coexistem no âmago social, 
de modo até hipócrita, uma rasa antipatia à pornografia não consensual e um pro-
fundo juízo acerca da conduta da mulher que se deixou filmar ou fotografar. Consci-
entemente a coletividade deixa recair o entejo sobre a figura feminina e ameniza o 
tamanho da ofensa causada pela divulgação de seu conteúdo íntimo por outrem. A 
liberdade sexual feminina é mitigada recaindo sobre seus ombros o dever de se 
“valorizar” perante a sociedade, e passa despercebida a conduta delituosa cometida 
por terceiro que se valeu de relativa confiança e cumplicidade para adquirir o conte-
údo e posteriormente o propalar em meios virtuais. 
 
 O debate sobre a inércia falocrática da sociedade e moral contemporânea em 
detrimento das liberdades femininas nos foge ao tema, mas não podemos denegar o 
percentil de 90% das vítimas de pornografia não consensual ser do sexo feminino e, 
portanto, necessitar de medidas protetivas específicas quanto essas práticas. Nesse 
sentido, duas peculiaridades carecem ser destacadas e discutidas antes de se pro-
por ao debate mais profícuo: compreender melhor as infrações cometidas em meio 
virtual e as consequências do revenge porn. 
 
3. OS DELITOS INFORMÁTICOS 
 
 A popularização da internet e a facilidade de acesso à informática trazem 
consigo, inevitavelmente, uma nova seara para o cometimento de abusos e exces-
sos. Tais condutas podem se caracterizar por ataques a bens jurídicos das mais 
diversas naturezas como honra, patrimônio, inviolabilidade de segredos, propriedade 
imaterial, entre outros. 
 
 O surgimento da internet trouxe em seu bojo um quê de “realidade paralela” 
onde regras e normas positivadas pelo direito vigente são rechaçadas e não há 
limitação ou imputação das ações cometidas nesse cenário, principalmente no que 
 
6
 CYBER CIVIL RIGHTS INITIATIVE. 2013 Nonconsensual Pornography (NCP) Study Results. 2013. 
 
5 
 
se refere aos tipos penais, pois o princípio constitucional da legalidade exige de 
forma clara a tipificação da conduta para considera-la crime. Essa consciência pueril 
e equivocada – ou falta dela – logo encontrou cerceamento para os excessos come-
tidos no ambiente virtual. 
 
 Nesse sentido destaco a exposição de Allan E. V. Ferreira7 (2010, p. 16), Juiz 
Federal Substituto da 13ª Vara Federal de Pernambuco. Em suas palavras a neces-
sidade de tipificação anterior “não quer dizer que a atual legislação penal não permi-
ta a cominação de pena a esses delinquentes, uma vez que dentro dos contornos 
constitucionais e legais, cabe ao interprete buscar a leitura da norma conformada 
com a nova realidade social”. Sendo assim, a utilização de um novo modus operandi 
para a prática de conduta delituosa já descrita como crime prescinde da redefinição 
da figura típica. Logo, injuriar alguém no meio virtual é tanta injúria quanto fazê-la no 
meio concreto e se sujeita, de igual modo, às mesmas sanções legais. O Supremo 
Tribunal Federal (STF) tem entendimento nesse sentido e já se manifestou a respei-
to. No julgamento de uma publicação de cena de sexo infanto-juvenil (E.C.A., art. 
241), mediante inserção em rede BBS/Internet de computadores a decisão do excel-
so tribunal é que “não se trata no caso, pois, de colmatar lacuna da lei incriminadora 
por analogia: uma vez que se compreenda na decisão típica da conduta criminada, o 
meio técnico empregado para realizá-la pode até ser de invenção posterior à edição 
da lei penal: a invenção da pólvora não reclamou redefinição do homicídio para 
tornar explícito que nela se compreendia a morte dada a outrem mediante arma de 
fogo” (STF – HC 76689/PB – Rel. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE – DJ 06-11-
1998 PP-00003 EMENT VOL-01930-01 PP-00070). 
 
 Entretanto, peculiaridades penais e processuais carecem de esclarecimento 
dados a inexistência de limitação fronteiriça e o amplo alcance dos delitos informáti-
cos. Nessa direção surgiu em 2001 na Hungria a Convenção de Budapeste,cele-
brada pela comunidade europeia, que tipifica os principais crimes cometidos pela 
internet. Nas palavras do preâmbulo trata-se de “uma política criminal comum, com o 
objetivo de proteger a sociedade contra a criminalidade no ciberespaço (...) reco-
nhecendo a necessidade de uma cooperação entre os Estados e a indústria privada 
no combate à cibercriminalidade, bem como a necessidade de proteger os interes-
ses legítimos ligados ao uso e desenvolvimento das tecnologias da informação”8. 
 
 Augusto Rossini, apud Allan E. V. Ferreira (2010)9, “registra que a maioria das 
sugestões de direito material existentes na Convenção de Budapeste já está tipifica-
da no Brasil, restando poucas adaptações para que se possa aderir a ela (2004, p. 
248)”. Portanto, no Brasil algumas legislações também surgiram nessa direção. Dois 
clássicos exemplos podem ser elucidados: a Lei n° 12.737 de 30 de Novembro de 
2012 que dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos, altera o Código 
Penal e dá outras providências; e a Lei n° 12.965 de 23 de Abril de 2014 que estabe-
lece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil – Marco 
Civil da Internet. Existem outras normas mais específicas que também regulam a 
 
7
 FERREIRA, Allan E. V. Os Delitos Informáticos e a Competência em Matéria Penal. Revista Jurídica da Seção 
Judiciária de Pernambuco, Recife, n. 03, p. 15-28, 2010. 
 
8
 CONVENÇÃO DE BUDAPESTE (2001, p. 01) 
Disponível em: <www.prpe.mpf.mp.br/internet/index.../CONVENÇÃO%20DE%20BUDAPESTE.pdf> 
 
9
 ROSSINI, Augusto. 2004, p. 248. apud FERREIRA, Allan E. V, op. cit. 2010, p. 18-19. 
 
6 
 
utilização da internet como, por exemplo, o art. 241-A da Lei n°8.069 de 13 de Julho 
de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, entre vários outros. 
 
 O supracitado artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente, em especial, 
merece destaque no estudo em tela por relativa similaridade com a temática aqui 
abordada. Frente à necessidade específica de proteção integral à criança e adoles-
cente contra abusos pornográficos em meio virtual o legislador ordinário tipificou de 
forma específica o delito de – genericamente – produzir e/ou distribuir conteúdo com 
cena de sexo explícito ou pornográfico envolvendo criança ou adolescente. Tal me-
dida visa desencorajar a prática de criação e difusão da pornografia infantil diante da 
indispensável atenção especial que a menoridade demanda no que se refere a abu-
sos sexuais e acesso a esse tipo de conteúdo na rede. 
 
 Em situação párea se encontra a mulher relativamente à pornografia não 
consensual e em especial à prática de revenge porn. Faz-se necessária, nessa at-
mosfera, a criação de medidas capazes de proteger e desestimular essas condutas 
e, sui generis, a dilapidação da moral feminina e subjugação de sua condição frente 
à sociedade que ainda tem latentes ressonâncias machistas. A situação especial 
das mulheres já foi reconhecida pelo direito pátrio ao ser editada a Lei n° 11.340 de 
07 de Agosto de 2006 que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, conhecida como Lei Maria da Penha. Contudo, os abusos co-
metidos no ambiente virtual com objetivo de dirimir e ridicularizar a figura feminina 
pela exposição da sua imagem reclamam medidas de proteção da sua individualida-
de e intimidade mais efetivas, principalmente quando realizadas em situações capa-
zes de caracterizar a violência doméstica. 
 
4. AS CONSEQUÊNCIAS DA PORNOGRAFIA NÃO CONSENSUAL 
 
 O estudo realizado em 2013 pela CCRI10 indica que 93% das vítimas afirma-
ram já ter sofrido problemas emocionais em decorrência do publicização de sua vida 
íntima. Não raro, o processo de ridicularização da pessoa é agravado com a divul-
gação conjunta do conteúdo íntimo a informações que permitam localizar a vítima. 
Dados como nome completo, endereço, telefone, e-mail e até número do seguro 
social são divulgados no afã de maximizar a exposição da pessoa e perpetrar o a 
degradação social até os mais próximos ambientes de convívio da vítima. 
 
 O alcance e poder devastador desse delito são incalculáveis. O Marco Civil da 
Internet no Brasil prevê a possibilidade de o conteúdo publicado ser retirado do ar 
pelas empresas de forma imediata assim que solicitado pela vítima. Ainda obriga o 
armazenamento dos registros de conexão do usuário. Contudo, essas medidas não 
são suficientes para garantir a completa erradicação do conteúdo exibido na internet, 
pois a retirada do ar não implica a exclusão cabal das mídias armazenadas em to-
dos os dispositivos, podendo mais ou menos hora voltar à tona em qualquer parte do 
mundo. 
 
As sequelas emocionais, a restrição da liberdade, a exposição íntima, entre 
tantos outros impactos imateriais, acarretam para as vítimas uma depreciação pro-
funda e duradoura. Casos de suicídio – como o da jovem de 17 anos Júlia Rebeca 
dos Santos, na cidade de Parnaíba – oferecem uma visão real da dimensão e do 
 
10
 CYBER CIVIL RIGHTS INITIATIVE, op. cit. 2013. 
 
7 
 
nível de agressividade envolvido nessa forma de delito. A CCRI11 identificou que 3% 
das vítimas de pornografia não consensual chegam ao extremo de tirar a própria 
vida. 
 
Além de consequências imateriais há também sequelas materiais. Na mesma 
pesquisa a CCRI informa que 8% dos participantes deixaram o emprego – ou a vida 
escolar – e 6% foram desligados das empresas em que trabalhavam. Ainda, 13% 
das vítimas afirmaram dificuldades para conseguir emprego após a divulgação de 
seu conteúdo íntimo nas redes sociais. Rose Leonel12, vítima de revenge porn e 
fundadora da ONG Marias da Internet, em entrevista à jornalista Gabriela Varela da 
revista Época, afirma ter perdido o vínculo empregatício após a exposição da sua 
intimidade, tamanha a força do ostracismo sofrido por ela. 
 
Não há uma forma objetiva e clara de se mensurar o tamanho dos danos que 
podem advir com a pornografia não consensual, sejam emocionais, econômicos, ou 
de qualquer outra natureza. Deve se destacar ainda que a exposição não é peremp-
tória, pois se protrai no tempo, bastando, para isso, existir um único dispositivo ele-
trônico no qual o conteúdo armazenado não tenha sido excluído para haver chances 
reais de ressurgimento da ridicularização. É praticamente impossível garantir a ces-
sação dos efeitos decorrentes com essa prática. 
 
É significativo também dar destaque a figura da ação de terceiros que repas-
sam mídias de pornografia não consensual. A prática delitiva não é exaurida quando 
da publicização do conteúdo, mas é reexecutada a cada novo compartilhamento; 
isso corrobora para prolongar o sofrimento e a condição vexatória da vítima. Fato 
análogo pode ser observado na propagação do crime de Difamação (art. 139 do 
Código Penal). Nesse sentido Fernando Capez (2010, p. 300)13 explica que “a dou-
trina firmou entendimento no sentido de que o propalador, na realidade, comete 
nova difamação”. 
 
O direito brasileiro tem entendido a prática de revenge porn como ofensa à 
honra, tipificando a conduta como difamação e injúria, salvo se houver enquadra-
mento no crime de extorsão, estupro ou constrangimento ilegal14. A jurisprudência 
mais citada que converge nessa direção é a prolatada pela 2ª Câmara Criminal do 
Tribunal de Justiça do Paraná. In verbis. “3. Comete os crimes de difamação e de 
injúria qualificadas pelo emprego de meio que facilita a sua propagação – arts. 139 e 
140, c.c. 141, II do CP – o agente que posta na Internet imagens eróticas e não 
autorizadas de ex-namorada. (Apelação Criminal Nº 756.367-3, Segunda Câmara 
Criminal, Tribunal de Justiça do Paraná, Relator: Lilian Romero, Julgado em 
07/07/2011)”. O precedente trazido por essa decisão é imperioso, poisindica, de 
 
11
 CYBER CIVIL RIGHTS INITIATIVE, op. cit. 2013. 
 
12
 LEONEL, Rose. O que difere a Pornografia de Vingança de outros crimes é a Continuidade: entrevista. [16 de 
fevereiro, 2016]. Rio de Janeiro: Revista Época. Entrevista concedida a Gabriela Varela. 
 
13
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Especial Volume 2. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 
300. 
 
14
 Casos em que ocorre chantagem para conseguir indevida vantagem econômica (extorsão), ou a conjunção 
carnal não consentida (estupro) ou fazer / não fazer algo ao arrepio da lei (constrangimento ilegal), com enqua-
dramento na sextorsão ao invés do revenge porn, conforme já discutido em tópicos anteriores. 
 
8 
 
uma vez por todas, a conduta de publicização de imagens e/ou vídeos eróticos como 
delito punível pelo direito pátrio. 
 
Cabe nesse ponto inserir novamente a discussão levantada por Rogério San-
ches Cunha (2017)15. Em outra recente publicação no seu canal do YouTube, ele 
aborda o revenge porn e discute em quais fatos típicos a conduta encontra subsun-
ção. Nesse vídeo, ele defende que, em se tratando de revenge porn, quando há, em 
decorrência da exposição social, o surgimento de quadro depressivo ou qualquer 
outra patologia psíquica o delito deve ser entendido como lesão corporal e não ape-
nas como ofensa à honra – seja difamação ou injúria. Ele defende que o delito de 
lesão corporal, ao ser descrito como ofensa à integridade corporal ou à saúde de 
outrem, abrange três dimensões da saúde: física, fisiológica e mental. Em seu livro 
Rogério Sanches (2009, p. 46-47)16 aprofunda o tema e define o objeto jurídico da 
norma repressora descrita no art. 129 de Código Penal – Lesão Corporal – como “a 
incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-o a saúde corporal, fisiológica e 
mental (atividade intelectiva, volitiva e sentimental)”. Sendo assim, qualquer conduta 
capaz de afetar alguma das três dimensões é passível de ser enquadrada como 
lesão corporal. 
 
Nessa mesma linha de raciocínio há o posicionamento do professor Guilher-
me de Sousa Nucci (2010, p. 638)17. Ele afirma que em se tratando de lesão corpo-
ral “para a configuração do tipo é preciso que a vítima sofra algum dano ao seu 
corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo, ainda, abranger qualquer 
modificação prejudicial a sua saúde, transfigurando-se qualquer função orgânica ou 
causando-lhe abalos psíquicos comprometedores”. Logo, causando avaria nas fun-
ções psíquicas em decorrência da pornografia não consensual, o delito em análise 
transcende a seara de ofensa à honra e alcança a incolumidade pessoal da vítima. 
 
Independentemente da posição adotada pela justiça e apesar de já reconhe-
cida a conduta criminosa do revenge porn o jus puniendi do Estado ainda não alcan-
ça os agressores da forma que deveria, pois o Código Penal reserva para os crimes 
contra a honra, em regra, ação privada (C.P. art. 100 c.c. art. 145) e comina penas 
relativamente brandas pelo baixo teor ofensivo dessas condutas, não entendendo 
como necessária, para esses agressores, a restrição de liberdade. Ainda deve ser 
destacado que as indenizações morais pela exposição da imagem são processadas 
e julgadas na esfera civil, em outro litígio. Essa quantidade de ações judiciais em 
esferas distintas torna morosa, exaustiva e demasiada onerosa a pretensão das 
vítimas de levar ao conhecimento da justiça a agressão sofrida. No entanto, merece 
ser destacado que, em se tratando de ações indenizatórias, o entendimento da justi-
ça tem sido no sentido de considerar o revenge porn como “ato ilícito indenizável 
consistente na exposição sem autorização de foto íntima em rede social de grande 
porte, sendo impossível precisar o tamanho da exposição sofrida pela autora. Dis-
pensada a comprovação efetiva do dano, sendo suficiente a comprovação do ato 
ilícito e nexo de causalidade”. PRELIMINAR AFASTADA. APELO PARCIALMENTE 
 
15
 "O que se entende por Revenge Porn (ou pornografia de vingança)? - Janeiro 2017." YouTube video, 11:55. 
Posted by: Rogério Sanches Cunha, 27 jan. 2017. 
 
16
 CUNHA, Rogério S. Direito Penal – Parte Especial. 2ª ed. rev. atual. e ampli. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 46-47. 
 
17
 NUCCI, Guilherme de S. Código Penal Comentado. 10ª ed. rev. atual. e ampli. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2010. 
 
9 
 
PROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70052257532, Nona Câmara Cível, Tri-
bunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, 
Julgado em 12/12/2012). 
 
Merece ser ressaltado novamente nesse ponto da discussão os dados trazi-
dos pela CCRI18 em 2013, apontando cerca de 90% das vítimas de pornografia não 
consensual sendo do sexo feminino. O art. 14 da lei 11.340 atribui aos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher competência cível e criminal, julgan-
do ambos os méritos em um mesmo processo. Também afasta a necessidade de 
representação da vítima para a propositura da ação penal pelo Ministério Público 
nos crimes de lesão corporal leve ou culposa. Sob essa ótica, e assumindo a neces-
sidade de proteção das mulheres à essa nova modalidade delituosa, torna-se indubi-
tável a imprescindibilidade de se tratar a matéria sob a luz da Lei n° 11.340 de 2006, 
pois desse modo as ações cíveis e penais se processariam concomitantemente no 
mesmo trâmite e as sequelas psicológicas oriundas da exposição dispensariam 
oferecimento de representação como requisito de procedimentalidade do Ministério 
Público – tomando como parâmetro as considerações do professor Rogério San-
ches19. Inegavelmente, sob o crivo dessas consequências, a prática do revenge porn 
tenderia a ser desestimulada. 
 
No entanto, para a criminalização da conduta, é necessário fazer considera-
ções no afã de esclarecer as dicotomias sobre qual tipo penal o revenge porn encon-
tra melhor enquadramento: difamação, injúria ou lesão corporal. 
 
5. TIPIFICAÇÃO DO REVENGE PORN 
 
A justiça brasileira, conforme elucidado, tem entendido a prática de revenge 
porn como conduta conformada dentro dos limites previstos pela figura da Difama-
ção e/ou Injúria. Tais crimes estão previstos, respectivamente, nos arts. 139 e 140 
do Código Penal, enquadrados nos Crimes contra a Honra. Ambos os crimes tute-
lam dimensões distintas da honra. Enquanto a Difamação visa proteger a honra 
objetiva da pessoa, a Injúria importa-se apenas com a honra subjetiva. O professor 
Guilherme Nucci (2010, p. 673)20 diferencia as duas dimensões definindo a honra 
objetiva como “o julgamento que a sociedade faz do indivíduo, vale dizer, é a ima-
gem que a pessoa possui no seio social” e a honra subjetiva como “o julgamento 
que o individuo faz de si mesmo, ou seja, é um sentimento de autoestima, de autoi-
magem”. Portanto, apesar de as duas normas protegerem a honra, fazem-no sobre 
aspectos distintos: um global, projetivo e extrínseco – honra objetiva – e o outro 
pessoal, silente e intrínseco – honra subjetiva. 
 
Também não se pode denegar o perfeito enquadramento com a lesão corpo-
ral quando da ação decorrer sequelas psíquicas para a vítima, podendo se enqua-
drar em quase todas as modalidades de lesão corporal – exceto a culposa – inclusi-
ve a lesão corporal seguida de morte, caso a vítima venha a cometer suicídio pela 
divulgação indevida de sua intimidade. Sendo assim, passemos para a análise do 
enquadramento do revenge porn, segundo as figuras típicas vigentes na atual estru-
 
18
 CYBER CIVIL RIGHTS INITIATIVE, op. cit. 2013. 
 
19
 CUNHA, Rogério S. op. cit. 2017. 
 
20
 NUCCI, Guilherme de S. op. cit. 2010, p. 673. 
 
10 
 
tura penaldo Brasil, buscando a conformação mais adequada da conduta à norma 
repressora. 
 
5.1. Enquadramento na Lesão Corporal 
 
Nélson Hungria apud. Rogério Greco (2011, p. 253)21 explica que “o crime de 
lesão corporal consiste em qualquer dano ocasionado por alguém, sem animus 
necandi, à integridade física ou a saúde (fisiológica ou mental) de outrem”. Ele defi-
ne a lesão corporal como toda e qualquer ofensa ao funcionamento do corpo ou 
organismo humano que o desvie da plena normalidade. Casos como o de Rose 
Leonel22 em que o estado depressivo decorrente do repúdio social foi caracterizado 
encontra perfeito enquadramento com a posição da doutrina majoritária, sendo ne-
cessária, para a caracterização da lesão corporal, por essa via, a comprovação da 
patologia psíquica bem como do nexo de causalidade. Todavia, não necessariamen-
te o revenge porn terá associado a si a deflagração de um estado de patologia psí-
quica, pois não se trata de uma consequência fechada em si. 
 
Os dados da CCRI23, conforme já exposto, apontam o aparecimento de pro-
blemas emocionais em 93% das vítimas de revenge porn e, esses dados, não po-
dem ser desabonados. Contudo, a lesão corporal surge mais como um agravante do 
que como um elementar do tipo penal. Tratar essa conduta apenas sob o crivo da 
lesão corporal implica dizer que sete por cento das vítimas de pornografia não con-
sensual foram vítimas de fato atípico, por não terem desenvolvidos, em decorrência 
da agressão sofrida, patologia psíquica. De igual forma é imputar ao agressor o 
animus laendendi ao invés do animus diffamandi vel injuriandi, o que não correspon-
de à veracidade da conduta. Em suma, aparecendo disfunção psicológica condizen-
te com lesão corporal, o crime deve ser assim julgado e processado, mas na ausên-
cia de condições capazes de enquadramento no art. 129 do Código Penal é indis-
pensável a existência de outra figura típica idônea para acomodar em seus contor-
nos a conduta delituosa. 
 
Sendo assim, assumindo a lesão corporal como um possível e recorrente 
agravante do revenge porn ainda não reconhecido pela justiça brasileira, a busca 
por uma norma penal incriminadora menos restritiva nos conduz à análise das tipifi-
cações sob as quais o entendimento da justiça tem recaído: Difamação e Injúria. 
 
5.2. Enquadramento na Difamação 
 
O Código Penal define essa figura típica como difamar alguém, imputando-lhe 
fato ofensivo à sua reputação. Rogério Greco (2011, p. 423)24 explica que “os fatos 
considerados ofensivos à reputação da vítima não podem ser considerados como 
crime, fazendo, assim, com que se entenda a difamação como um delito de menor 
gravidade, comparativamente ao crime de calúnia”. Ele também salienta não haver 
 
21
 HUNGRIA, Nélson apud. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Especial Volume II. 8ª ed. rev. 
ampli. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 253. 
 
22
 LEONEL, Rose. op. cit. 2016. 
 
23
 CYBER CIVIL RIGHTS INITIATIVE, op. cit. 2013. 
 
24
GRECO, Rogério. op. cit. 2011, p. 423. 
 
11 
 
margem para a discussão se o fato ofensivo imputado é ou não verídico, pois a 
proteção à reputação da vítima se sobrepõe ao juízo de valor da coletividade impe-
dindo, assim, que o próprio conceito da vítima seja maculado. Isso porque “embora 
sem revestir caráter criminoso, o fato incide na reprovação ético-social e é, portanto, 
ofensivo à reputação da pessoa a quem se atribui” (HUNGRIA. apud GRECO, 2011, 
p. 424)25. 
 
É fundamental esclarecer que nesse ponto não discutimos se o revenge porn 
é ou não é considerado uma conduta delituosa, pois já está claro que o é. Entretan-
to, discutimos qual delito ele configura e, para um contorno genuíno dentro da difa-
mação, deve existir, com a divulgação de conteúdo íntimo, imputação de fato ofensi-
vo à reputação. Em suma, para haver difamação é necessária a existência de fato 
desairoso, capaz de lhe macular o conceito frente à sociedade. Portanto, para en-
quadrar a pornografia de vingança nessa figura típica é crucial enxergar a presença 
de fato ofensivo à reputação quando da prolação de fotos íntimas. Mas afinal, qual 
seria o fato ofensivo? 
 
Se pensarmos em revenge porn facilmente temos duas vertentes. Há quem 
defenda haver imputação de fato ofensivo à reputação quando se divulga conteúdo 
íntimo de outra pessoa e há quem refute essa hipótese. No argumento dos que 
defendem esse posicionamento existe a premissa postulada sobre o caráter e moral 
da “pessoa que se deixou filmar / fotografar”, independentemente das circunstân-
cias, pois, por essa linha de pensamento, a valorização pessoal deve ser priorizada 
em detrimento da lubricidade do ato sexual. Logo permitir a produção de fotos ou 
vídeos durante o coito demonstraria uma exacerbada propensão para a luxúria, o 
que atribui, em especial para as mulheres, caráter lascivo à pessoa, sujeitando-se, 
portanto, à reprovação da sociedade. Essa forma de pensar, apesar de considerada 
provinciana, ainda é facilmente percebida no mundo hodierno. 
 
Por outro lado, aqueles que não enxergam a existência de fato ofensivo à re-
putação da vítima, defendem existir total liberdade para a realização dos desejos 
sexuais não sendo reprovável produzir fotos ou vídeos sensuais ou eróticos. Grosso 
modo, é uma visão mais cosmopolita e libertária no tocante à sexualidade. Por essa 
linha de pensamento, mesmo a publicização de conteúdo íntimo agredindo de forma 
indubitável a vítima com a imagem violada, não há como enquadrar essa agressão 
dentro da difamação, pois não há imputação de fato que ofenda a reputação. 
 
Em síntese, o mérito recaí sob o quão conservador é sua forma de pensar. Se 
entender existir liberdade para o casal fotografar ou filmar o próprio ato sexual, não 
há como enquadrar o revenge porn na difamação. Por outro lado, se entender haver 
limites éticos, morais, religiosos, enfim, capazes de impedir o casal de fotografar ou 
filmar o ato sexual, há possibilidade de enquadramento do revenge porn nos contor-
nos da difamação. 
 
Contudo, o Direito não deve ficar completamente a mercê de tabus sociais pa-
ra interpretar o caso concreto. Havendo diferentes formas de analisar o enquadra-
mento da figura típica, é necessário continuar a busca por interpretações severa-
mente proibitória de questionamentos. Conclui-se então, que apesar de haver ata-
que à honra objetiva da vítima – com a exposição de sua intimidade para a socieda-
de –, o revenge porn não tem perfeito enquadramento com a difamação, pois lhe 
 
25
 HUNGRIA, Nélson. apud GRECO, Rogério. op. cit. 2011, p. 424 
12 
 
faltam elementos essenciais do tipo penal descrito. Nessa lógica, é importante des-
tacar o posicionamento do Professor Rogério Sanches Cunha (2017)26 que defende 
sem seu canal o afastamento de enquadramento do revenge porn como difamação 
por não haver, justamente, a imputação de fato ofensivo à alguém, ou seja, ausência 
de elementos essenciais do tipo. 
 
5.3. Enquadramento na Injúria 
 
O Código Penal define essa figura típica como injuriar alguém, ofendendo-lhe 
a dignidade ou o decoro. Fernando Capez (2010, p. 305)27 ensina que “o bem prote-
gido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento 
próprio de cada pessoa acerca de seus atributos morais (chamados de honra-
dignidade), intelectuais e físicos (chamados de honra-decoro)”. Guilherme Nucci 
(2010, p. 682)28, em sua análise sobre o núcleo do tipo, define injuriar como praticar 
uma ofensa ou insulto capaz de atingir a dignidade, materializada pela respeitabili-
dade ou amor próprio, ou o decoro, materializado pela correção moral ou compostu-
ra. Em sua análise, explica ser indissociável, para consumação do delito, a presença 
doelemento volitivo da conduta. Em suas palavras “exige-se majoritariamente (dou-
trina e jurisprudência), o elemento subjetivo do tipo específico, que é a especial 
intenção de ofender, magoar, macular a honra alheia”. Sendo assim a ofensa quan-
do proferida por agente que agiu com animus criticandi – crítica – ou animus corri-
gendi – corrigindo – descaracteriza a injúria, por não existir anseio de ofender a 
honra subjetiva da vítima. 
 
Não há dúvida que o revenge porn atinge de forma brutal a honra subjetiva da 
vítima, e esse é o objeto jurídico tutelado pela norma incriminadora em comento. 
Também não podemos afastar o elemento subjetivo do agressor, pois sua intenção 
ao propalar o conteúdo em qualquer meio de ampla divulgação é, inegavelmente, 
vingar-se, com a diminuição da vítima, de fato anterior que o tenha causado incon-
formismo. Entretanto, a conformação da conduta à essa figura penal encontra in-
completude, pois o dano causado à honra objetiva da vítima não é aqui apreciado. 
Rogério Greco (2011, p.435)29 ressalta que “de todas as infrações penais tipificadas 
no Código Penal que visam proteger a honra, a injúria, na sua modalidade funda-
mental, é a considerada menos grave”. Em síntese, tratar a matéria como injúria é 
fechar os olhos para a mácula causada à reputação da vítima na sociedade e des-
considerar todo o sofrimento oriundo da exposição ante ao corpo social e do julga-
mento do caráter e moral da vítima. 
 
O revenge porn não afeta apenas a honra subjetiva, mas afeta também a hon-
ra objetiva. Não existe em nosso ordenamento jurídico uma figura típica que con-
substancie ambas as dimensões da honra. Sendo assim, o crime de injúria não é 
capaz de tutelar todos os objetos jurídicos dessa conduta, mostrando inaptidão para 
reprimir a pornografia não consensual em qualquer uma de suas espécies. 
 
 
26
 CUNHA, Rogério S. op. cit. 2017. 
 
27
 CAPEZ, Fernando. op. cit. 2011, p. 305. 
 
28
 NUCCI, Guilherme de S. op. cit. 2010, p. 682. 
 
29
 GRECO, Rogério. op. cit. 2011, p. 435. 
13 
 
Frente ao crescimento dessa forma de agressão sui generis, radical e impie-
dosa, é imperioso conseguir moldar um tipo penal apto a desestimular essa conduta 
e proteger concomitantemente o binômio formado por honra objetiva e subjetiva no 
meio virtual. Diante dessa necessidade, surgiram no Congresso Nacional vários 
Projetos de Lei com intenção de criminalizar a pornografia não consensual. Analisa-
remos, portanto, os mais relevantes desses projetos, frente as considerações até 
então elucidadas. 
 
6. OS PROJETOS DE LEI 
 
Até o dia 21 de fevereiro do corrente ano, tramitavam no Congresso Nacional 
alguns Projetos de Lei orientados para a criminalização da pornografia não consen-
sual, e, de forma particular, o revenge porn. Ao todo eram doze projetos propostos 
por diferentes parlamentares e com peculiaridades específicas nessa matéria. O 
Apêndice I desse material apresenta uma tabela com (1) número dos projetos, (2) 
nome do parlamentar autor da proposta, (3) data de proposição e (4) resumo da 
ementa. Onze dos projetos estavam apensados ao Projeto de Lei (PL) n° 5.555/2013 
de João Arruda (PMDB/PR), pois foi o primeiro projeto a ser proposto nessa direção. 
Ele previa alterações na Lei Maria da Penha com intuito de criar mecanismos para o 
combate a condutas ofensivas contra a mulher na Internet ou em outros meios de 
propagação da informação. O organograma abaixo apresenta a lista dos projetos de 
lei apensados ao PL 5.555/13. 
 
 
 
 A discussão sobre o projeto do deputado João Arruda se apôs sobre o caráter 
pouco abrangente da proposta, pois tratando a matéria apenas sob a luz da Lei n° 
11.340/2006 restringia esse tipo de violência apenas às vítimas do sexo feminino, 
não conformando com essa tipificação a pornografia não consensual masculina. 
Mesmo sendo raro encontrar esse tipo de agressão voltada para homens, não é 
razoável agir como se não ocorresse. Exposição da intimidade de homossexuais e 
transexuais, por exemplo, que violam de igual forma a integridade moral dessas 
vítimas – quiçá ainda mais, dado o reverberante paradigma homofóbico ainda per-
sistente na sociedade brasileira – não estariam amparadas por essa legislação. 
Nesse sentido, alguns projetos surgiram tratando a matéria sob o crivo do Decreto-
Lei n° 2.848, de 7 de Dezembro de 1940 – Código Penal –, pois a abordagem penal 
do assunto seria capaz de ser a mais genérica possível, podendo criminalizar a 
violação da intimidade não consentida de homens, mulheres ou transexuais, não 
restringindo a figura típica à apenas um grupo ou gênero. O primeiro projeto a surgir 
com esse viés, e, na opinião do autor, um dos mais completos, foi o PL n° 
PL 5555/13 
PL 4527/16 PL 6630/13 
PL 3158/15 
PL 5862/16 
PL 6831/13 
PL 5647/16 
PL 7377/14 PL 6713/13 PL 5632/16 PL 6668/16 
PL 5822/13 
14 
 
6.630/2013 proposto pelo senador Romário (PSB/RJ) que previa a inclusão no Códi-
go Penal do crime de Divulgação Indevida de Material Íntimo cominando pena de 
detenção de um a três anos e multa. A Proposta ainda previa majorantes de pena 
para o delito se (I) cometido com finalidade de humilhação ou vingança, se (II) come-
tido por agente que manteve algum relacionamento amoroso com a vítima e se (III) 
cometido contra menor de dezoito anos, bem como a responsabilidade de indeniza-
ção por danos decorrentes da conduta, não se afastando a possibilidade de pleitear 
indenização civil por outras perdas e danos materiais e morais não discriminados na 
proposta. 
 
 Apesar das dicotomias a matéria deveria ser tratada tanto pelo Código Penal, 
quanto pela Lei Maria da Penha, o que nenhuma das duas propostas faziam. A pe-
nalização da matéria visa generalizar o fato típico e a introdução do seu conteúdo no 
rol das proteções à mulher visa desestimular a tão comum prática do revenge porn e 
proteger a intimidade feminina frente ao falocracismo da sociedade. Sendo assim, 
destaque deve ser dado ao PL 4.527/2016 proposto pelo deputado Carlos Henrique 
Gaguim (PMB/TO) que aborda o conteúdo por ambos os lados. Contudo, a tipifica-
ção da conduta não previa majorantes e comina pena demasiada leve para a porno-
grafia não consensual – detenção de três meses a um ano e multa. Ou seja, faltava 
para o PL um aprofundamento maior na matéria e a descrição de situações atenuan-
tes e agravantes para a conduta de acordo com os resultados advindos da prática 
delituosa. 
 
 Não posso negligenciar a perspicácia dos PLs n° 6.668/2016 de autoria do 
deputado Dilceu Sperafico (PP/PR) e n° 6.713/2013 de autoria da deputada Eliene 
Lima (PSD/MT) por tratarem de forma específica a pornografia de vingança, tipifi-
cando de forma expressa a conduta e cominando penalidades severas para esses 
delitos. Destaco o PL n° 6.668/16 por dar descrição minuciosa para vários cenários 
advindos do revenge porn como agravantes em caso de tentativa ou consumação de 
suicídio da vítima, prevendo na própria norma diferentes dimensões e contextos 
relacionados ao delito. 
 
 Nesse cenário, com ampla repercussão de casos informados pela mídia e 
com vários Projetos de Lei apensados ao PL 5.555/13, a Câmara dos Deputados 
aprovou em 21 de fevereiro desse ano um substitutivo para o texto original do proje-
to elaborado pela deputada Laura Carneiro (PMDB/RJ) em conjunto com a deputada 
Tia Eron (PRB/BA), relatora anterior da Comissão de Constituição e Justiça e de 
Cidadania. Ele traz inovações tanto no âmbito da Lei Maria da Penha quanto no 
âmbito do Código Penal. 
 
 No que se refere à Lei Maria da Penha o substitutivo amplia o rol dos direitos 
assegurados à mulher no art. 3° pela inserção do direito à comunicação e garantias 
de condições para o exercício efetivo dos direitos assegurados. Insere também o 
inciso VI no art. 7° queinclui, entre as formas de violência doméstica e familiar con-
tra a mulher, a violação da intimidade da mulher, entendida como a divulgação, por 
meio da internet ou outro meio de propagação de informações, de dados pessoais, 
vídeos, áudios, montagens e fotocomposições da mulher, obtidos no âmbito das 
relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade, sem seu expresso consenti-
mento. Tais medidas permitem o julgamento e processamento pelos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de crimes relacionados à pornografia 
não consensual no âmbito das relações domésticas. Permitem ainda ação do Minis-
tério Público independentemente de representação quando da conduta advier danos 
15 
 
psicológicos como, por exemplo, depressão ou sociofobia, segundo tese do profes-
sor Rogério Sanches. 
 
 No âmbito penal o substitutivo aprovado cria o crime de Exposição Pública da 
Intimidade Sexual, pela inserção do art. 140-A no Código Penal, definido como 
“ofensa à dignidade ou ao decoro de outrem, divulgando por meio de imagem, vídeo 
ou qualquer outro meio, material que contenha cena de nudez ou de ato sexual de 
caráter privado”. A pena cominada para o crime é de reclusão de três meses a um 
ano com aumento de um terço à metade se o crime for cometido por motivo torpe ou 
contra pessoa com deficiência. 
 
 A aprovação do substitutivo implicou o arquivamento dos PL’s n°s 4.527/16, 
6.630/13 e 5.822/13 por haver prejudicada a matéria. O substitutivo aguarda envio 
ao Senado Federal para apreciação pela casa revisora do Projeto de Lei. 
 
7. CONCLUSÃO 
 
 O caráter ímpar presente no revenge porn de ataque concomitante à honra 
objetiva e subjetiva da pessoa, bem como as consequências avassaladoras para a 
vítima não encontradas em nenhum outro delito que atente contra a honra, reclama 
a necessidade de se instituir uma nova figura típica no Código Penal idônea para 
tratar a matéria com a devida equanimidade, seja para o agente ativo ou passivo da 
conduta, pois não há subsunção perfeita do fato a nenhuma figura típica até então 
prevista no ordenamento jurídico brasileiro. Frente a essa peculiaridade, surgiram, 
desde 2013, vários Projetos de Lei no Congresso Nacional declinados à criminaliza-
ção da pornografia não consensual, em especial o revenge porn. É dito isso porque 
outras formas de pornografia não consensual, como a sextorsão, encontram enqua-
dramento genuíno às normas penais repressivas, conforme o caso concreto, restan-
do sui generis apenas o revenge porn. 
 
Contudo, mesmo a aprovação na Câmara dos Deputados do PL 5.555/13 fi-
gurando significativo avanço para incriminar a conduta, o texto do substitutivo pro-
posto ainda se mostra aquém das expectativas da sociedade. A norma penal, ape-
sar de abrangente, é silente em determinados aspectos – como a obrigação de repa-
rar o dano sofrido ou previsão de agravantes por patologias desenvolvidas em de-
corrência do crime bem como da possibilidade de suicídio – e a pena cominada é, 
do ponto de vista do criminoso, inócua por se tratar de pena demasiada branda. Na 
opinião do autor, não haverá, do ponto de vista prático e material, diferenças entre o 
tratamento da justiça antes e após a aprovação do projeto de lei. Isso porque o re-
sultado para o criminoso, hoje ou com a lei em vigor, será o mesmo, dadas as equi-
valência das penas e ausência da previsão de particularidades para o crime. 
 
O texto mostra ainda desprezar as orientações da doutrina majoritária no que 
se refere à consideração de patologias psíquicas como lesão corporal, não prevendo 
a possibilidade de agravamento da pena em razão dos resultados advindos da con-
duta delituosa. Peca também em não criar mecanismos para reparação do dano 
causado, ou retratação, desamparando a vítima. 
 
 Em síntese, o texto aprovado, apesar de acolher os anseios sociais, tipificar o 
delito e inserir essa espécie de pornografia não consensual no rol de crimes contra a 
mulher, o faz de forma rasa e prolixa. 
 
16 
 
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17 
 
"O que se entende por Revenge Porn (ou pornografia de vingança)? - Janeiro 
2017." YouTube video, 11:55. Posted by: Rogério Sanches Cunha, 27 jan. 2017. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pulYsVRnPlQ&sns=fb> 
 
"Sextorsão, adequação típica - Janeiro 2017." YouTube video, 13:00. Posted 
by: Rogério Sanches Cunha, 24 jan. 2017. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=kKw1TBSDWwc> 
 
SOUSA, Gills L. M; PEREIRA Dalliana V. A Convenção de Budapeste e as 
Leis Brasileiras. Seminário de Cibercrime e Cooperação Penal Internacional, 1, 
Paraíba. Anais, João Pessoa, mai. 2009. 
 
THE WEEK STAFF. The internet porn 'epidemic': By the numbers. The Week, 
jun. 2010. Disponível em: 
<http://theweek.com/articles/493433/internet-porn-epidemic-by-numbers> 
 
 
WARD, M. Há menos pornografia do que se pensa na intenet. BBC Brasil, 
jul. 2013. Disponível em: 
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/07/130703_pornagrafia_web_an> 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APÊNDICE I 
 
Tabela 1 – Projetos de Lei sobre Pornografia Não Consensual 
01 PL 5555/2013 João Arruda – PMDB/PR 09/05/2013 
Ementa: Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 - Lei Maria da Penha - criando mecanismos 
para o combate a condutas ofensivas contra a mulher na Internet ou em outros meios de propaga-
ção da informação. 
02 PL 6630/2013 Romário – PSB/RJ 23/10/2013 
Ementa: Acrescentaartigo ao Código Penal, tipificando a conduta de divulgar fotos ou vídeos com 
cena de nudez ou ato sexual sem autorização da vítima e dá outras providências. 
03 PL 7377/2014 Fábio Trad – PMDB/MS 07/04/2014 
Ementa: Altera o Código Penal para tipificar o delito de violação de privacidade. 
04 PL 6831/2013 Sandes Júnior – PP/GO 26/11/2013 
Ementa: Dispõe sobre o crime de exposição pública da intimidade física ou sexual. 
05 PL 5647/2016 Josi Nunes – PMDB/TO 21/06/2016 
Ementa: Inclui, no Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, o crime de 
exposição de intimidade. 
06 PL 6713/2013 Eliene Lima – PSD/MT 06/11/2013 
Ementa: Dispõe sobre punição a quem praticar a chamada vingança pornográfica. 
07 PL 5632/2016 João Fernando Coutinho – PSB/PE 20/06/2016 
Ementa: Altera o Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, para dispor sobre a exposição 
pública da intimidade sexual, e dá outras providências. 
08 PL 6668/2016 Dilceu Sperafico – PP/PR 13/12/2016 
Ementa: Esta lei tipifica o crime de pornografia e revanche, bem como a publicação de material 
pornográfico, como fotografias ou vídeos que contenham cenas consideradas pornográficas ou 
cenas de sexo explícito, se não houver ordem ou autorização da vítima, e dá outras providências. 
09 PL 3158/2015 Iracema Portella – PP/PI 30/09/2015 
Ementa: Tipifica a exposição pública da intimidade física ou sexual, modificando o Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal. 
10 PL 5862/2016 Felipe Bornier – PROS/RJ 20/07/2016 
Ementa: Dispõe do aumento de pena para os crimes de ato obsceno mediante a gravação porno-
gráfica, com o intuito de arrecadar valores monetários da imagem. 
11 PL 4527/2016 Carlos Henrique Gaguim – PMB/TO 24/02/2016 
Ementa: Tipifica a divulgação de foto ou vídeo íntimo de mulher, alterando o Decreto-Lei nº 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, e inserindo a conduta no âmbito protetivo do sistema de 
combate à violência contra a mulher, da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
12 PL 5822/2013 Rosane Ferreira – PV/PR 25/06/2013 
Ementa: Inclui a violação da intimidade da mulher na internet entre as formas de violência domésti-
ca e familiar constantes na Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, Lei Maria da Penha.

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