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Inquérito Policial

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar
quarta-feira, 1 de março de 2017 - 11:29
quarta-feira, 1 de março de 2017
Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar
INQUÉRITO POLICIAL
Considerações Gerais 
Antes de se chegar ao estágio atual de organização do Estado, diversas modalidades de represálias para determinadas condutas existiram, destacando-se a vingança privada. Entretanto, surgindo o Estado politicamente organizado, chamou a si o direito de punir os infratores das regras de conduta, desaparecendo a vingança privada.
Normas de conduta foram ditadas e codificadas no que se convencionou chamar de direito substantivo; no caso, o Direito Penal. Sempre que alguém viola tais normas, pratica uma infração, surgindo para o Estado o direito de punir o infrator.
Considerações Gerais 
A própria lei estabelece um limite de reserva legal, de forma que não existirá crime sem lei anterior que o defina: nullum crimen, nulla poena sine lege.
Assim, passou o Estado a ser o único detentor do jus puniendi. Mas a punição não é aplicada de maneira arbitrária e indiscriminada. Deve obedecer a regras, que também são codificadas no chamado direito adjetivo ou Direito Processual Penal.
Considerações Gerais 
Para se saber qual a pena a ser aplicada entre as cominadas e principalmente para a determinação da quantidade entre o mínimo e o máximo previstos, necessário se torna um Processo para que o Estado, na pessoa do Juiz, tenha condições de aplicar uma punição justa, ou mesmo absolver, se for o caso.
A simples prática de uma infração não autoriza a punição. É necessário que haja um Processo, em que as partes exponham os seus direitos: o de acusação, exercido pelo Ministério Publico ou ofendido; o de defesa pelo réu. Uma terceira pessoa, imparcial e eqüidistante, o Juiz, julgará o litígio. Desta forma, o jus persequendi e o direito de ação, de maneira a permitir a aplicação do juspuniendi.
Persecução Penal
Praticado um fato definido como infração penal, surge para o Estado o jus puniendi, que só pode ser concretizado através do processo.
É na ação penal que deve ser deduzida em juízo a pretensão punitiva do Estado, a fim de ser aplicada a sanção penal adequada.
Para que se proponha a ação penal, entretanto, é necessário que o Estado disponha de um mínimo de elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e de sua autoria. 
Persecução Penal
O meio mais comum, embora não exclusivo, para a colheita desses elementos é o inquérito policial. Tem este por objeto, assim, "a apuração de fato que configure infração penal e respectiva autoria, para servir de base à ação penal ou às providências cautelares".
Nos termos do artigo 4° do CPP, cabe à polícia judiciária, exercida pelas autoridades policiais, a atividade destinada à apuração das infrações penais e da autoria por meio do inquérito policial, preliminar ou preparatório da ação penal. 
À soma dessa atividade investigatória com a ação penal promovida pelo Ministério Público ou ofendido se dá o nome de persecução penal (persecutio criminis). 
Persecução Penal
Com ela se procura tornar efetivo o jus puniendi resultante da prática do crime a fim de se impor ao seu autor a sanção penal cabível.
 
Persecução penal significa, portanto, a ação de perseguir o crime. 
Assim, além da idéia da ação da justiça para punição ou condenação do responsável por infração penal, em processo regular, inclui ela os atos praticados para capturar ou prender o criminoso, a fim de que se veja processar e sofrer a pena que lhe for imposta. 
Persecução Penal: Conceito
Persecução Penal ou Jus Persequendi, é a atividade desenvolvida pelo Estado visando punir os infratores das normas descritas como condutas ilícitas.
Persecução Penal: Divisão
A persecução penal divide-se em duas partes: investigação e ação.
A investigação constitui a primeira fase, destinada a colher dados sobre a ocorrência delituosa. É exercida pela Policia Judiciária.
A segunda fase, a ação, a cargo do Ministério Publico ou ofendido, tem por objetivo pedir ao Estado-Juiz a instauração de Processo e a punição do infrator.
INVESTIGACÃO
Investigação é uma atividade estatal destinada a preparar a ação penal. 
A investigação preocupa-se com o esclarecimento da autoria, pois é necessário que o representante do Ministério Publico tenha em mãos os dados necessários para formular a denúncia.
É um procedimento preparatório, informativo e inquisitório, constituindo-se num conjunto de providências desenvolvidas para se esclarecer uma conduta que, pelo menos aparentemente, seja delituosa.
INVESTIGACÃO E INSTRUCÃO
A Investigação esta fora do Processo. 
A investigação é pre-processual;
Na investigação não há a observância do principio contraditório e não há participação da defesa
A instrução é o conjunto de dados probatórios colhidos no curso do Processo e que tem por finalidade formar a convicção do Juiz;
A instrução é processual;
Na instrução, os princípios do contraditório e da ampla defesa, obrigatoriamente, devem ser obedecidos, sob pena de nulidade do Processo.
Polícia
Polícia, do grego politeia, que significa “administração da cidade” (polis).
A Polícia, instrumento da Administração, é uma instituição de direito público, destinada a manter e a recobrar, junto à sociedade e na medida dos recursos de que dispõe, a paz pública ou a segurança individual. 
 
Polícia - Funções
Segundo o ordenamento jurídico do País, à Polícia cabem duas funções:
Administrativa ou de Segurança - de caráter preventivo, ela garante a ordem pública e impede a prática de fatos que possam lesar ou pôr em perigo os bens individuais ou coletivos;
Judiciária - de caráter repressivo, após a prática de uma infração penal recolhe elementos que o elucidem para que possa ser instaurada a competente ação penal contra os autores do fato. 
 
Da Segurança Pública – Constituição Federal
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Da Segurança Pública – Constituição Federal
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
Da Segurança Pública – CF/88
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as Militares.
Da Segurança Pública – CF/88
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ma­neira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e insta­lações, conforme dispuser a lei.
Polícia de Segurança
A Policia de Segurança ou Administrativa tem por objetivo as medidas preventivas, visando a não alteração da ordem pública.
A função da polícia de segurança exterioriza-se em meios preventivos que se realizam para evitar toda possível causa de turbação da ordem jurídica, ou de dano, ou de perigo as pessoas ou as coisas
Polícia Judiciária
A Polícia Judiciária intervém quando os fatos que a Polícia de Segurança pretendia prevenir não puderam ser evitados ou, então, aqueles fatos que a Polícia de Segurança nem sequer imaginava poderem acontecer.
A Policia Judiciária tem, assim, por finalidade investigar as infrações penais e apurar a respectiva autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos para ingressar em Juízo.
Ela desenvolve a primeira etapa, o primeiro momento da atividade repressiva do Estado, ou como diz Velez Mariconde, ela desempenha uma fase primária da administração da Justiça Penal.
Polícia Judiciária
Originariamente, o artigo 4° do CPP mencionava o exercício das autoridades policiais no território das respectivas "jurisdições", embora as funções exercidas pela Polícia Judiciária sejam sempre, em caráter estrito, administrativas e não jurisdicionais, sendo ela mero auxiliar da Justiça, atuando na área de sua circunscrição.
 Por isso, em nova redação dada ao citado artigo, dispôs: "A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria" (art. 1° da Lei n° 9.043, de 9-5-1995).
Polícia Judiciária
Os atos de investigação destinados à elucidação dos crimes, entretanto, não são exclusivos da polícia judiciária, ressalvando expressamente a lei a atribuição concedida legalmente a outras autoridades administrativas (art. 4°, do CPP).
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Polícia Judiciária
As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (art. 58, § 3°, da CF), tendo sua atuação regulamentada atualmente pela Lei n° 1.579, de 18 de março de 1952, que disciplina o inquérito parlamentar. 
O Código de Processo Penal Militar prevê o inquérito policial militar (IPM). 
Prevê-se a possibilidade de inquérito em determinadas infrações ocorridas nas áreas alfandegárias (art. 33, b, da Lei n° 4.771, de 15-9-1965).
Polícia Judiciária
Criou-se também o inquérito civil, presidido pelo órgão do Ministério Público e destinado a propositura da ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens de direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (Lei n° 7.347, de 24-7-85).
Há, por fim, disposições sobre o inquérito em caso de infração penal cometida na sede ou dependência do STF (art. 43 do RISTF), por Juiz de Direito (art. 33, parágrafo único, da LONM)(1) e por Promotor de Justiça (art. 20, parágrafo único, da LONMP).
CONCEITO
INQUÉRITO POLICIAL É O CONJUNTO DE DILIGENCIAS REALIZADAS PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA VISANDO À APURAÇÃO DE UMA INFRAÇÃO PENAL E SUA AUTORIA, PARA QUE O TITULAR DA AÇÃO PENAL POSSA INGRESSAR EM JUÍZO, PEDINDO A APLICAÇÃO DA LEI AO CASO.
 (Antonio Heráclito Mossin)
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CONCEITO
“INQUÉRITO POLICIAL É O INSTRUMENTO FORMAL DAS INVESTIGAÇÕES. É PEÇA INFORMATIVA, COMPREENDENDO O CONJUNTO DE DILIGÊNCIAS REALIZADAS PELA AUTORIDADE PARA A APURAÇÃO DO FATO E DESCOBERTA DA AUTORIA. RELACIONA-SE COM O VERBO INQUIRIR, QUE SIGNIFICA PERGUNTAR, INDAGAR, PROCURAR, INVESTIGAR, AVERIGUAR OS FATOS, COMO OCORREM E QUAL O SEU AUTOR.” 
 (Ismar Estulano Garcia)
CONCEITO
“O Inquérito Policial é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para apuração de uma infração e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. ” 
 (Tourinho Filho)
NATUREZA JURÍDICA
A natureza do inquérito no Brasil é de procedimento administrativo pré-processual, já que é a polícia judiciária que o realiza, e a polícia é órgão da administração.” 
 (Polastri Lima)
FINALIDADE
“É a apuração da existência da infração e a respectiva autoria (CPP, art. 4º e 12), fornecendo elementos para que o Ministério Público – ou o querelante – forme a opinio delicti e, em caso positivo, dar o embasamento probatório suficiente para que a ação penal tenha justa causa.” 
 (Gustavo H. Righi Ivahy Badaró)
DESTINATÁRIOS
Ministério Público: Estadual e Federal(Art. 129, CF);
Juiz (Art. 23 CPP);
Ofendido:Ação Penal Privada (Art. 30 CPP).
DISPENSABILIDADE
Art. 12.  O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. (CPP)
Art. 27  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. (CPP)
DISPENSABILIDADE
O INQUÉRITO POLICIAL NÃO É PEÇA OBRIGATÓRIA PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA, QUE PODE SER OFERECIDA COM BASE EM PEÇAS DE INFORMAÇÃO REMETIDAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO, OU REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, DESDE QUE CONTENHAM OS ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS PARA TAL. 
DISPENSABILIDADE
Art. 39.  § 5º.  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. (CPP)
Art. 46.  § 1o  Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação (CPP)
DISPENSABILIDADE
A Lei nº. 4.898/1965 – Lei de Abuso de Autoridade – prevê o oferecimento da denúncia apenas com a representação da vítima.
A Lei nº. 9.099/1995 – Lei dos Juizados Especiais – prevê o oferecimento da denúncia apenas com base no TCO.
CARACTERÍSTICAS
Inquisitorial: O inquérito policial está concentrado nas mãos de quem o preside, dando a autoridade policial a discricionariedade suficiente para tomar providências, realizar diligências e inquirir. 
Formal e Escrito: O Código de Processo Penal no art. 9º exige como formalidade que as peças do I.P. sejam reduzidas a termo, escritas e assinadas pela Autoridade Policial.
CARACTERÍSTICAS
Sistemático: As peças seguem uma sequência lógica, para que fique clara a linha de investigação seguida desde os acontecimentos dos fatos até o relatório. 
Unidirecional: O inquérito policial é dirigido a apuração dos fatos objeto de investigação, excluindo-se, assim, os juízos de valor do exercício investigatório.
CARACTERÍSTICAS
Sigiloso: O art. 20 do CPP assegura a Autoridade Policial o sigilo necessário a elucidação dos fatos ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Oficialidade e Autoritariedade : Somente um órgão oficial poderá exercer
atividade investigatória. O inquérito policial deve ser presidido por uma Autoridade Pública, no caso representado pelo Delegado de Polícia de Carreira, artigo 144 da Constituição Federal. 
CARACTERÍSTICAS
Indisponibilidade: O art. 17 do CPP proíbe a Autoridade Policial de mandar arquivar autos do inquérito policial. 
Oficiosidade: Em regra a Autoridade Policial ao tomar conhecimento de uma infração penal, deverá obrigatoriamente instaurar inquérito policial, artigo 5º do CPPB. O Delegado de Polícia deve agir de oficio, sem depender de terceiros. 
Características     
As atribuições concedidas à polícia no inquérito policial são de caráter discricionário, ou seja, têm elas a faculdade de operar ou deixar de operar, dentro, porém, de um campo cujos limites são fixados estritamente pelo direito. 
Lícito é, por isso, à autoridade policial deferir ou indeferir qualquer pedido de prova feito pelo indiciado ou ofendido (art. 14), não estando sujeita a autoridade policial à suspeição (art. 107). 
Características     
O ato de polícia é auto-executável pois independe de prévia autorização do Poder Judiciário para a sua concretização jurídico-material. 
Não se trata, porém, de atividade arbitrária, estando submetida ao controle jurisdicional posterior, que se exerce através do habeas corpus, mandado de segurança e de outros remédios específicos.
Características     
O inquérito policial é um procedimento escrito, já que destinado a fornecer elementos ao titular da ação penal.
Dispõe o artigo 9° do CPP que "todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade".
Embora não esteja sujeito a formas indeclináveis, como pode servir de base para a comprovação da materialidade do delito, a decretação da prisão preventiva etc., exige-se algum rigor formal da peça investigatória nas hipóteses do interrogatório (art. 6°, V), da prisão em flagrante (arts. 304 e ss) etc.
Características     
O inquérito policial é ainda sigiloso, qualidade necessária a que possa a autoridade policial providenciar as diligências necessárias para a completa elucidação do fato sem que se lhe oponham, no caminho, empecilhos para impedir ou dificultar a colheita de informações com ocultação ou destruição de provas, influência sobre testemunhas etc.
Por isso dispõe a lei que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade" (art. 20 do CPP). 
Características     
Como já se afirmou, o sigilo no inquérito policial, necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade, tem ação benéfica, profilática e preventiva, tudo em benefício do Estado e do cidadão. 
O sigilo não se estende ao Ministério Público, que pode acompanhar os atos investigatórios (art. 15, III, da LOMP, Lei Orgânica do MP, Lei Complementar 40/81), nem ao Judiciário. 
Características     
O advogado só pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legitimatio ad procedimentum e, decretado o sigilo em segredo de Justiça, não está autorizada a sua presença a atos procedimentais diante do princípio da inquisitoriedade que norteia nosso Código de Processo Penal quanto à investigação.
Pode, porém, manusear e consultar os autos, findos ou em andamento (art. 7°, XIII e XIV, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil). 
Características     
Diante do art. 5°, LXIII, da Constituição Federal, que assegura ao preso a assistência de advogado, não há dúvida que poderá o advogado, ao menos nessa hipótese, não só consultar os autos do inquérito policial mas também tomar as medidas pertinentes em benefício do indiciado, acompanhando a produção da prova e requerendo as providências e diligências necessárias à sua defesa, sob o crivo da autoridade policial, que poderá, fundamentadamente, deferi-las ou não.
Características     
Na hipótese de crime que se apura mediante ação penal pública, a abertura do inquérito policial é obrigatória pois a autoridade policial deverá instaurá-lo, de ofício, assim que tenha a notícia da prática da infração (art. 5°, I).
É também indisponível, pois, uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese, não poderá a autoridade arquivar os autos (art. 17).
Competência
  
Salvo as exceções legais, a competência para presidir o inquérito policial é deferida, em termos agora constitucionais, aos delegados de polícia de carreira, de acordo com as normas de organização policial dos Estados.
Ressalve-se que a palavra "competência” é empregada, na hipótese, em sentido amplo, como a "atribuição" a um funcionário público para as suas funções.
Competência
  
Essa atribuição é distribuída, de um modo geral, de acordo com o lugar onde se consumou a infração (ratione loci), em obediência à lei processual que se refere ao "território" das diversas circunscrições.
O artigo 22, do CPP, porém, dispõe que "no Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrições de outra, independentemente de precatório ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição". 
Competência
  
O artigo 4°, aliás, não impede que a autoridade policial de uma circunscrição (Estado ou Município) investigue os fatos criminosos que, praticados em outro local, hajam repercutido na de sua competência, pois os atos de investigação, por serem inquisitoriais, não se acham abrangidos pela regra do artigo 5°, LIII, da nova Constituição Federal, segundo a qual ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Inquérito não é "processo" e a divisão de atribuições entre as autoridades policiais objetiva não mais que a conveniência do próprio serviço, o que significa que as investigações encetadas por determinada Delegacia podem ser por outras avocadas ou realizadas.
Competência
  
Nada impede, também, que se proceda à distribuição da competência em razão da matéria (ratione materiae), ou seja, levando-se em conta a natureza da infração penal. Em vários Estados se tem criado delegacias especializadas para investigação sobre crimes determinados (homicídios, roubos etc.).
A competência para o inquérito policial que envolva titulares de prerrogativa de função cabe ao próprio foro do titular (STF, STJ, TJ etc.).
Valor probatório
  
  
Como instrução provisória, de caráter inquisitivo, o inquérito policial tem valor informativo para a instauração da competente ação penal.
Entretanto, nele se realizam certas provas periciais que, embora praticadas sem a participação do indiciado, contêm em si maior dose de veracidade, visto que nelas preponderam fatores de ordem técnica que, além de mais difíceis de serem deturpados, oferecem campo para uma apreciação objetiva e segura de suas conclusões. 
Valor probatório
  
  
Nessas circunstâncias têm elas valor idêntico ao das provas colhidas em juízo.
O conteúdo do inquérito, tendo por finalidade fornecer ao Ministério Público os elementos necessários para a propositura da ação penal, não poderá deixar de influir no espírito do juiz na formação de seu livre convencimento para o julgamento da causa, mesmo porque integra os autos do processo, podendo o juiz apoiar-se em elementos coligidos na fase extrajudicial. 
Valor probatório
  
  
Como bem assinala Silvio Di Filippo, de acordo com o princípio do livre convencimento que informa o sistema processual penal, as circunstâncias indicadas nas informações da polícia podem constituir elementos válidos para a formação do convencimento do magistrado.
Certamente, o inquérito serve para colheita de dados circunstanciais que podem ser comprovados ou corroborados pela prova judicial e de elemento
subsidiário para reforçar o que for apurado em juízo.
 Não se pode, porém, fundamentar uma decisão condenatória apoiada exclusivamente no inquérito policial, o que contraria o princípio constitucional do contraditório. Essa conclusão ficou reforçada com as garantias processuais estabelecidas pela Constituição de 1988, embora já presente na jurisprudência.
Vícios 
  
Sendo o Inquérito Policial mero procedimento informativo e não ato de jurisdição, os vícios nele acaso existentes não afetam a ação penal a que deu origem. 
A desobediência a formalidades legais pode acarretar a ineficácia do ato em si (prisão em flagrante, por exemplo), mas não influi na ação já iniciada, com denuncia recebida.
Eventuais irregularidades podem e devem diminuir o valor dos atos a que se referem e, em certas circunstancias, do próprio procedimento inquisitorial globalmente considerado, merecendo consideração no exame da causa. Contudo, não se erigem em nulidades, máxime para invalidar a própria ação penal subseqüente.
 NOTITIA CRIMINIS: CONCEITO E ESPÉCIES
 
CONCEITO: Notitia criminis, ou notícia do crime, é o conhecimento, espontâneo ou provocado, pela autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. 
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MODALIDADES
Notitia criminis de cognição espontânea ou Inqualificada – o conhecimento da infração ocorre de forma direita e imediata pela Autoridade Policial, no exercício rotineiro de suas atividades, Inclui a denúncia anônima (delação apócrifa).
Notitia criminis de cognição provocada, indireta, mediata ou qualificada – quando transmitida a Autoridade policial por ato de terceira pessoa, seja pelo requerimento da vítima, requisição do MP ou do juiz, ou ainda pela representação do ofendido. 
Notitia criminis de cognição coercitiva – decorrente da prisão em flagrante.
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A – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
B – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
C – AÇAO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
I – De ofício: pela Autoridade Policial, que baixa uma portaria; 
II – Mediante requisição do Ministério Público ou do Juiz;
III – mediante requerimento do ofendido; 
IV – Auto de prisão em flagrante delito.
O inquérito só poderá ser instaurado se houver representação, escrita ou oral, do ofendido ou se procurador ou requisição do Ministro da Justiça. 
O inquérito somente se inicia mediante requerimento do ofendido ou de seu representante legal, não se confunde com o oferecimento da queixa-crime, pois, esta só ocorrerá em juízo. 
INICIO DO INQUÉRITO POLICIAL (CPP, Art. 5º.)
 
 DILIGÊNCIAS (CPP, Art. 6º.) 
O DISPOSITIVO ESTABELECE UM ROL DE DILIGÊNCIAS, REALIZADOS DE ACORDO COM AS POSSIBILIDADES:
I – Preservação do local do crime;
II – Apreensão dos objetos relacionados ao crime;
III – Colher provas esclarecedoras;
IV – Ouvir o ofendido;
V – Ouvir o indiciado;
VI – Reconhecimento de pessoas coisas e acareações; ( CPP, Art. 229 e 230)
VII – Determinar o Exame de corpo delito e demais perícias;
VIII – Se necessário identificação do indiciado;
IX – Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, a condição econômica, atitude e estado de ânimo(antes, durante e depois do crime) e demais elementos que descrevam seu temperamento e caráter. 
 
OUTRAS ATRIBUIÇÕES DA AUTORIDADE POLICIAL
I – Reprodução simulada (CPP, Art. 7º.);
	(CPP, Art. 13):
II – Fornecer informações complementares ao Juiz e ao MP;
III – Cumprir mandados de prisão;
IV – Representar pela preventiva;
V – Atender ou não as diligências requeridas pelo ofendido ou seu representante legal(CPP, Art. 14);
VI – Outros meios de investigação estabelecidos pela Lei 9.034/95: Flagrante diferido ou retardado; Quebra de sigilo bancário e telefônico;
	- Infiltração de agentes policiais.
 INDICIAMENTO DO ACUSADO 
CONCEITO: É O ATO DE INDICIAR. Indiciar é, com base nos elementos de informação colhidos no inquérito policial, indicar uma pessoa como sendo o provável autor do crime que se investiga.
 INCOMUNICABILIDADE DO PRESO (CPP, Art. 21) 
NÃO RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO
CF. ART. 136,§ 3º, INCISO IV; ART. 5º, INCISO LXIII; ART. 5º, LXII.
 DEVOLUÇÃO PARA NOVAS DILIGÊNCIAS (CPP,Art. 16)
Sendo o M.P. o dominus littis, constituindo-se no órgão que irá formar a opinio delicti e deduzir a acusação em juízo, terá as seguintes opções, ao receber o inquérito:
I- Imediata deflagração da ação penal;
II- Requer Arquivamento;
III- Requisita novas diligências. 
TÉRMINO DO INQUÉRITO POLICIAL
O INQUÉRITO SERÁ FINALIZADO POR UM RELATÓRIO, QUE É UMA PEÇA SUBSCRITA PELA AUTORIDADE POLICIAL HISTORIANDO MINUCIOSAMENTE O QUANTO TIVER SIDO APURADO DURANTE AS INVESTIGAÇÕES. (CPP, ART. 10, § 1º)
NO RELATÓRIO DEVE-SE EVITAR JUÍZO DE VALOR SOBRE A CULPABILIDADE E A ANTIJURIDICIDADE, DEVE-SE ATER A UMA DESCRIÇÃO OBJETIVA DOS FATO.
COM O RELATÓRIO A AUTORIDADE POLICIAL DEVERÁ REMETER A JUÍZO OS OBJETOS E INSTRUMENTOS DO CRIME QUE FORAM APREENDIDOS DURANTE O INQUÉRITO (CPP, ART.11)
PRAZOS PARA O ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
PRAZO COMUM: 10 DIAS, INDICIADO PRESO, E DE 30 DIAS, INDICIADO SOLTO. (CPP, ART. 10)
POLÍCIA FEDERAL: 15 DIAS, PRORROGÁVEIS, SE O INDICIADO ESTIVER PRESO. ( LEI 5.010/66, ART. 66)
PRAZO ESPECIAIS: 
● Lei 1.533/51(Crimes contra a economia popular), ART. 10, § 1º. 10 DIAS, INDICIADO PRESO OU SOLTO.
● Lei 11.343/06 (Crimes de drogas), no caso de indiciado preso o prazo de conclusão do I.P. é de 30 dias, e no caso de indiciado solto o prazo será de 90 dias, podendo requerer a duplicação de ambos.
● Crimes Hediondos – Lei 8.072 c/c Lei 11.464/07 – investigados presos, prazo de 30 dias, prorrogavéis por mais 30 dias.
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Já vimos que: A autoridade policial não poderá mandar arquivar os autos do Inquérito (CPP, Art. 17), o que só pode ser feito por Ordem da Autoridade Judiciária.[função anômala] (CPP, Art. 18) 
Mas, restam algumas questões: 1º. Quem pode requerer o arquivamento? 2º. Quem arquiva. 3º. Como se arquiva? 4º. Qual a natureza jurídica do ato de arquivamento? 5º. Quais as razões que autoriza o arquivamento?
● A Autoridade Policial pode, com cautela, sugerir pelo arquivamento, que após manifestação do Autor da Ação Penal o juiz decidirá.
● O órgão do Ministério Público, autor da ação penal, poderá requerer o arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação. (CPP, Art. 28)
● Recorrer de ofício no arquivamento de crimes da Lei 1.521. 
A decisão de arquivar ou não o inquérito é do juiz. Se o juiz indeferir o pedido de arquivamento? 
CABE AO PROCURADOR–GERAL TRÊS OPÇÕES:
1ª. Ele próprio oferecerá a denúncia;
2ª. Designará outro Promotor de Justiça para oferecê-la (delegação – a decisão é do Procurador -Geral)
3ª. Insistirá no arquivamento. (Cabe ao juiz obedecer)
A decisão de arquivar ou não o inquérito é do juiz. Se o juiz indeferir o pedido de arquivamento? 
● Quem arquiva é o juiz quando acolhe o requerimento e o Procurador-geral , quando o juiz não acolhe o requerimento.
● Ainda não foi desencadeiada a jurisdição, a decisão de arquivamento tem natureza jurídica de ato administrativo, tanto faz se quem o fez foi o juiz ou o Procurador-Geral.
● O Arquivamento do inquérito policial paralisa as investigações policiais, que só poderão ser reiniciadas se de outras provas a Autoridade Policial tiver notícia. Para o desarquivamento e propositura de Ação Penal deve haver efetiva produção de prova nova. (Art. 18 c/c Súm. 524 STF)
● Os motivos autorizadores do arquivamento são aqueles do artigo 43 do CPP.
VÍCIOS DO INQUÉRITO POLICIAL 
 A afirmação corrente que os vícios do inquérito policial não se projetam e, muito menos, acarretam a nulidade da ação penal. Não pode ser aceita de forma absoluta.
● Princípio da Legalidade (Ex. Auto de Prisão em flagrante sem oitiva do condutor);
● Atos de obtenção de provas, carentes de autorização judicial, os vícios são projetados na ação penal (Interceptação telefônica para crimes punidos com detenção);
● Provas irrepetíveis com eventual
vício impedirá a eficaz valoração (Exame de Corpo delito realizado por um único perito);
● Somente á simples colheita de fontes de prova ou indicação de elementos de prova cuja produção se dará em juízo, é que eventuais vícios não serão projetados na ação penal.
Professor Clodovil Moreira Soares FTC/Itabuna
O INQUÉRITO POLICIAL E A LEI 9.099/95 – Termo Circunstanciado. 
● Criados os JECs (JECRIM) para julgamento e execução dos crimes de menor potencial ofensivo por determinação do Art. 98, I, da Constituição Federal de 1988.
● Crimes de Menor Potencial Ofensivo: Lei 11.313/2006 alterou o Art. 61, estabelecendo que são aqueles crimes ou contravenções cuja a pena máxima cominada não supere dois anos, cumulada ou não a pena de multa.
● Crimes de Menor Potencial Ofensivo → Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO – registro de ocorrência minucioso).
 Exceções: desconhecimento dos envolvidos e complexidade dos fatos. 
● A recente Lei 11. 340 ( Lei Maria da Penha) retirou dos Juizados o processamento dos agressores em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. ( Art. 41)
● Características dos Juizados: Oralidade, Economia processual e Celeridade. 
● Arquivamento do TCO: segue ´´a mesma disciplina do Art. 28, CPP, estabelecida para o inquérito.

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