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Jurisdição e Competência

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar
domingo, 9 de abril de 2017 - 22:16
domingo, 9 de abril de 2017
Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO
“Jurisdição é a função estatal de aplicar as normas de ordem jurídica em relação a uma pretensão.” (Frederico Marques)
É o poder-dever pertinente ao Estado-Juiz de aplicar o direito ao caso concreto.
DEFINIÇÃO
“Jurisdição é a função estatal de aplicar o direito objetivo a um caso concreto, protegendo um determinado direito subjetivo, através do devido processo legal, visando o acertamento do caso penal” (Rangel)
“É aquela função do Estado consistente em fazer atuar, pelos órgãos jurisdicionais, que são os Juízes e Tribunais, o direito objetivo a um caso concreto, obtendo-se a justa composição da lide.” (Tourinho)
DEFINIÇÃO
4. “Função do Estado, destinada à solução imperativa de conflitos e exercida mediante a atuação da vontade do direito em casos concretos” (Dinamarco)
5. “Enfim, a Jurisdição é a função estatal, decorrente da soberania do estado, que através da aplicação das normas soluiciona os casos concretos, dirimindo os litígios, sempre considerando os princípios constitucionais de justiça (ressalta-se o devido processo legal), os direitos fundamentais e a expressão efetiva da legitimidade desse poder-dever-garantia.” (Clodovil)
DEFINIÇÃO
A Jurisdição consiste na função soberana desempenhada pelo Judiciário:
a) com o objetivo de reprimir e prevenir ofensas aos direitos fundamentais;
b) baseada nas necessidades sociais de convivência, cuja expressão ocorre por meio dos princípios constitucionais de justiça;
c) pela participação dos jurisdicionados nos procedimentos públicos das decisões soberanas e das técnicas de controle de constitucionalidade difuso e, conforme o sistema, concentrado. (Paulo de Tarso F. de Souza)
Natureza tríplice da Jurisdição
Poder: na capacidade de decidir imperativamente e impor decisões, manifestação da potestade do Estado;
Função: quando expressa o encargo de promover a pacificação dos conflitos, mediante a realização do direito e através do processo;
Atividade: no complexo de atos do juiz no processo.
FORMAS EXTERNAS
A Jurisdição deve apresentar as seguintes formas externas:
Um órgão adequado, distinto dos órgãos que exercem as funções estatais de legislar e administrar, e colocado em posição de bastante independência;
A existência de um contraditório regular;
Procedimento prestabelecido em lei, no qual as partes externarão suas pretensões.
JURISDIÇÃO TÍPICA E ATÍPICA
Típica: Ordinariamente, a prestação jurisdicional é feita pelos órgãos que compõem a estrutura do Poder Judiciário.
Atípica: A Justiça Extraordinária ou Justiça Política é constituída de órgãos do Poder Legislativo.
PRINCÍPOS DA JURISDIÇÃO
INVESTIDURA: 
para exercer a função jurisdicional é preciso nela ser investido, através de ato legítimo (concurso de provas e títulos, nomeação e posse). Os atos de jurisdição exercidos sem investidura são absolutamente inexistentes.
PRINCÍPOS DA JURISDIÇÃO
INDECLINABILIDADE: 
Investido o Juiz da jurisdição não poderá declinar da sua função, pois não pode se negar a exercer a jurisdição. Assim, uma vez provocado (e somente se for), o juiz deve apreciar o que se lhe pede.
CF, Art. 5º XXXV – “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.”
PRINCÍPOS DA JURISDIÇÃO
INDELEGABILIDADE: 
A função jurisdicional não pode ser delegada a um outro órgão. Exceções: precatórias e cartas de ordem, onde há a prática de atos processuais por um outro magistrado, que não o originariamente competente.
PRINCÍPOS DA JURISDIÇÃO
INÉRCIA: 
No procedat jude ex officio: decorre do sistema acusatório e em garantia a imparcialidade, a inércia da jurisdição significa que está vedada a atuação ex officio do Juiz. A Jurisdição somente será exercida pelo juiz mediante prévia invocação.
PRINCÍPOS DA JURISDIÇÃO
JUIZ NATURAL: 
Não é mero atributo judicial, senão um verdadeiro pressuposto para sua própria existência. É uma garantia constitucional indisponível, assegurada a qualquer réu de saber, de antemão, qual a autoridade ou tribunal que irá julgá-lo, caso pratique uma conduta definida como crime.
COMPETÊNCIA
A competência é o limite ao exercício de jurisdição, ao poder-dever do Estado, regulado pelas normas processuais.
Todos os órgãos jurisdicionais tem o dever de prestar a jurisdição, mas não diante de qualquer infração penal, mas sim diante daquela infração daquele caso concreto, tendo em vista os critérios previstos em lei;
A competência nada mais é que a divisão do trabalho, entre os órgãos jurisdicionais.
CRITÉRIOS
Competência Material
Competência Funcional
COMPETÊNCIA MATERIAL
Leva em conta as características da questão criminal: ratione materiae, ratione personae e ratione loci.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL
Leva-se em conta como elemento de distribuição os atos processuais praticados:
a) Fase do processo: normalmente um só juiz é competente para praticar todos os atos do processo. Contudo, pode haver segmentação. Cuida-se de competência funcional horizontal
b) Objeto do juízo: há uma distribuição de tarefas na decisão das várias questões trazidas durante o processo. Também se trazidas durante o processo. Também se trata de competência funcional horizontal.
c) Grau de jurisdição: é a chamada competência funcional vertical (ou hierárquica), podendo dar azo ao duplo grau de jurisdição.
4.1 – CONCRETIZAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
B – PROPOSTA APORÉTICA 
CONCRETIZAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Critérios do Código de Processo Penal
        Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
        I - o lugar da infração:
        II - o domicílio ou residência do réu;
        III - a natureza da infração;
        IV - a distribuição;
        V - a conexão ou continência;
        VI - a prevenção;
        VII - a prerrogativa de função.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Militar
Julga somente os crimes militares.
Composição:
a) Justiça Militar dos Estados: definida pelo local onde o policial estadual desempenha as suas funções.
b) Justiça Militar Federal: julgar os membros das Forças Armadas, e além deles, os civis que incorram em crime militar.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Militar
Advirta-se que os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, tentados ou consumados, foram retirados da alçada militar, passando para a Justiça Comum, dentro da competência do júri, em razão da redação do art. 9º, parágrafo único, do CPM e do art. 125, § 4º, da CF. 
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Militar
Se o crime é culposo, subsiste a competência da Justiça Militar. Da mesma forma, se o delito doloso contra a vida se deu entre militares. Entendemos que a alteração normativa é aplicável não só aos policiais e bombeiros militares, mas também aos integrantes das forças armadas. É verdade que o § 4º do art. 125 da CF trata apenas dos militares estaduais, todavia, não há dissociação no âmbito do Código Penal Militar, onde a matéria é também disciplinada.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Militar
Elementos:
Ser uma das condutas tipificadas no CPM;
Estar presente uma das situações do Art. 9º. do CPM;
Situação de interesse militar com efetiva violação de dever militar ou afetação direta de bens jurídicos das forças armadas.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Situações:
Civil não pode ser julgado pela justiça militar estadual, tratando de crimes cometidos por militares;
Crime de abuso de autoridade – Justiça comum Estadual;
Tribunal do jùri – Crime doloso contra a vida, exceção militar vs militar;
Desclassificação própria – jurados negando o dolo.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Eleitoral
Apreciar as infrações eleitorais e as que lhes sejam conexas. É também competente para apreciar o habeas corpus e o mandado de segurança,
desde que exista pertinência temática.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Especializada Eleitoral
Justiça Eleitoral prevalece sobre a justiça comum. (Art. 78, IV c/c Art. 79, I do CPP
Situações:
Em caso de conexão de crimes de competência da Justiça eleitoral e da Justiça Comum, aquela terá competência para julgar ambos;
Mas, tratando-se de crime doloso contra a vida, ocorre a cisão, estabelecendo o tribunal do júri.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
A competência da justiça comum federal é prevista no art. 109, CF. O dispositivo atribui aos juízes federais o dever de processar e julgar:
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
a) Os crimes políticos (inciso IV, primeira parte): A ideia majoritariamente aceita pela doutrina e jurisprudência é a de reconhecer a existência de crime político, cuja espécie, nas palavras de Roberto Luchi Demo, “somente se caracteriza quando presentes os pressupostos cristalizados no art. 2º, da Lei 7.170/1983: motivação política e lesão real ou potencial aos bens juridicamente tutelados”.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
b) Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas, empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (inciso IV, parte final).
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
c) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V).
d) As causas relativas a direitos humanos (inciso V-A).
e) Crimes contra a organização do trabalho (inciso VI, primeira parte).
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
f) Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira (inciso VI, parte final).
g) O habeas corpus e o mandado de segurança em matéria criminal (incisos VII e VIII).
h) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (inciso IX).
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
i) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro (inciso X).
j) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI).
k) Competência territorial da Justiça Federal.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Federal
Situações:
Crimes contra a Caixa Econômica Federal (empresa pública) e não Banco do Brasil (economia mista);
Crimes contra os Correios;
Tráfico Internacional de Drogas.
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE
Justiça Comum Estadual
Sua competência é a mais residual de todas. Um crime só será julgado na justiça comum estadual quando não for de competência das especiais (militar e eleitoral), nem da comum federal. em caso de conflito resolve o Art. 78, III do CPP, nos termos da súmula 122 do STJ. 
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Em regra a competência é determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Três teorias a respeito do local do crime:
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Teoria da atividade: a competência seria fixada pelo local da ação ou omissão. É adotada nas hipóteses de crime tentado e também nos Juizados Especiais Criminais (art. 63 da Lei nº 9.099/1995). No crime de homicídio, o STJ tem construído sólida jurisprudência no sentido de que a competência é fixada pelo local da ação, e não do resultado.
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Teoria do resultado: o juízo territorialmente competente é o do local onde se operou a consumação do delito.
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Teoria da ubiquidade (mista ou eclética): a competência territorial no Brasil é estabelecida tanto pelo local da ação quanto pelo do resultado, desde que um ou outro aqui ocorram. É aplicada nos crimes à distância (§§ 1º e 2º, art. 70, CPP).
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Competência em razão do lugar
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Art. 14 CP
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Crimes à distância – Crimes praticados na fronteira – Art. 70, §1° do CPP: “se iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.”
Ex: Austerix leva um tiro em Foz do Iguaçu e morre em Assunção – Art. 5° CP – Teoria da Ubiqüidade.
Art. 70 § 2o  Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado 
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Crimes praticados na fronteira de duas Comarcas – Art. 70, §3° do CPP: “Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.” 
1ª hipótese: local do crime conhecido e limites entre as comarcas desconhecidos ou duvidosos. Prevenção (Art. 83, CPP)
2ª hipótese: limites entre as comarcas conhecido local do crime desconhecido. Prevenção (Art. 83, CPP)
3ª hipótese: local do delito completamente desconhecido. Domicílio do Réu (Ar}t. 72, CPP) 
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Critério do domicílio ou residência do réu
Em caso de não conhecimento do local do crime, a competência é determinada pelo domicílio ou residência do réu (art. 72, caput, CPP). Trata-se do foro supletivo.
Nas ações exclusivamente privadas, o querelante pode, mesmo sabido o local da consumação, optar por propor a ação no domicílio ou residência do réu.
Critério do domicílio ou residência do réu
Art. 72.  Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
§ 1o  Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2o  Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Ação Penal Privada: Opção do querelante
Art. 73.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
Opção I – local do delito;
 II – domicílio ou residência do réu
Único caso de eleição de foro no Processo Penal
COMPETÊNCIA RATIONE LOCI
Critério Subsidiário
Se além de desconhecido o local da consumação, são também desconhecidos a residência e o paradeiro do réu, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (§ 2º, art. 72, CPP).
Competência em razão do lugar 
continuidade delitiva
Art. 71.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Crime continuado: existe mais de um crime, mas por ficção jurídica é tratado como um crime único.
Crime permanente: é aquele cuja ação se protai no tempo (sequestro), e, por outro lado, só existe uma conduta que se prolonga no tempo, e sempre estará se dando a consumação, que pode ocorrer em vários lugares
A prevenção neste caso é critério de especificação de foro. 
Competência em razão do lugar
Crimes praticados fora do território nacional
Art. 7°, CP – Critérios: defesa real, justiça penal universal, representação, nacionalidade ou personalidade ativa.
Art. 88.  No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.
Ex: indivíduo mata brasileiro em Paris e foge para o Brasil;
Competência em razão do lugar
Crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação
nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
Viagens Internacionais: Se navio ou aeronave vem de estrangeiro, ou parte em direção ao exterior, para firmar competência pressupõe que a infração aconteceu em território brasileiro, no local da saída, no primeiro caso, ou no da chegada, no último.
Competência em razão do lugar
Crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves
Art. 90.  Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.
Viagens Nacionais: Se navio ou aeronave iniciar a viagem e a encerrar em território brasileiro, o juízo competente é o do local onde primeiro a aeronave pousar ou o navio atracar após a ocorrência da infração, mesmo que fora da rota original.
Qual a vara, o juízo competente
Assim, fixamos as possibilidades da Justiça competente (Comum ou Especial; Justiça Estadual ou Justiça Federal), e definindo o foro competente, passamos a analisar qual o “Juízo Competente”, pois, mesmo fixado o Juízo pelo local ou foro competente para julgamento de determinada infração, pode se dar que dentro daquele juízo seja a competência distribuída entre juízes em face da peculiar natureza da infração. Havendo um juiz só, a competência é cumulativa, ele assume a causa. Mas e se houver dez juízes, qual o juiz será competente? Aí há a competência de Juízo 
Qual é a vara, o juízo competente
COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
A competência ratione materiae reparte as atribuições jurisdicionais entre as justiças especiais e comuns, isto é, entre as categorias de juízes e tribunais constitucionalmente previstos, e que também serve de critério para distinguir, na justiça comum, os juízos especiais dos juízos ordinários.
Art. 74.  A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
Qual é a vara, o juízo competente
DISTRIBUIÇÃO
Pode ocorrer que fixada a competência do Juízo (v.g Juízo Estadual) existam vários juízes igualmente competentes (v.g. existem na comarca oito juízes criminais competentes para aquela natureza da infração), e neste caso, consoante art. 75 dar-se-á a distribuição.
Art. 75.  A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
 Parágrafo único.  A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
 
Qual é a vara, o juízo competente
PREVENÇÃO
Art. 83.  Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
Podemos dizer que a prevenção assume diferentes natureza:
Critério da definição de foro subsidiário – Art. 72, §1º e 2º
Critério da especificação do foro – Art. 70, §3º e Art. 71
Fator de fixação da competência, em caso de conexão e continência – Art. 78, III, “c”
COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa de função e manutenção do cargo ou mandato
Atualmente não há mais de se falar em manutenção do foro privilegiado uma vez encerrado o cargo ou o mandato, nem muito menos em prerrogativa de função para as ações de improbidade administrativa.
COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Antes do exercício de função com prerrogativa de foro ou regra da atualidade
Se a infração penal tiver sido perpetrada em data anterior ao início do exercício de cargo ou função com prerrogativa de foro, o processo criminal deve ser remetido para o órgão competente para julgar o agente, segundo disponha a julgar o agente, segundo disponha a norma que estabeleça o foro privilegiado.
É a regra da atualidade.
COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Durante o exercício de função com prerrogativa de foro ou regra da contemporaneidade
A regra da contemporaneidade partia do pressuposto de que a competência era definida pela data do cometimento da infração penal.
Com o cancelamento da súmula nº 394 do STF, não é mais aplicável em nosso sistema, a regra da contemporaneidade.
COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Após o exercício da função com prerrogativa de foro
A competência por prerrogativa de função não se estende para o tempo para atingir a competência de processamento e julgamento de crimes cometidos posteriormente ao término do exercício funcional (súmula nº 451 do STF).
COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa X tribunal do júri
As autoridades com foro privilegiado estatuído na CF não irão a júri, sendo julgadas pelo respectivo tribunal competente. Já aquelas com foro por prerrogativa de função previsto na Constituição estadual, caso incorram em crime doloso contra a vida, irão a júri.
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa Funcional dos Prefeitos
Serão julgados perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, CF). Nos crimes contra a União, suas autarquias e empresas públicas, quem julgará o prefeito é o TRF, e nos crimes eleitorais, o TRE. Aplica-se também este entendimento aos Deputados Estaduais.
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa Funcional e deslocamento
Sempre que a autoridade que goza de foro privilegiado incorrer em infração penal, mesmo que esteja fora da jurisdição territorial do respectivo tribunal, será julgada perante o tribunal de origem.
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa de função: crime de responsabilidade x improbidade administrativa
Prevalece o entendimento de que crime de responsabilidade em sentido estrito (infração político-administrativa) é ilícito diverso daquele que tipifica a improbidade administrativa. Em outras palavras, é possível o acionamento do agente em esferas distintas: seja na criminal-política (quando o agente político responde a processo tendente a afastá-lo das funções por órgão geralmente político), seja na judicial por improbidade administrativa (ilícito civil, cujo julgamento compete ao Poder Judiciário, investido de jurisdição civil).
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa de função e indiciamento
Quando a pessoa investigada a ser indiciada é detentora de foro por prerrogativa de função, o delegado de polícia não pode realizar o indiciamento, salvo se autorizado pelo órgão detentor de competência para processar e julgar o investigado ou, no âmbito do STF, pelo Ministro-Relator.
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Duplo grau de jurisdição x cessação da prerrogativa de função
O duplo grau de jurisdição para acusados com prerrogativa de função é limitado e, nas ações originárias perante o STF, inexiste
A cessação da prerrogativa de função não torna nulos os atos praticados e os recursos contra as decisões e prazos correspondentes são aqueles previstos na data de suas prolações.
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COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE
Prerrogativa de função fixada na Constituição Estadual e princípio da simetria ou do paralelismo
Deve haver relação de semelhança relativamente à prerrogativa de função conferida pela Constituição Federal em razão de exercício de determinado cargo, para ser válida a regra do constituinte estadual que estabelece prerrogativa de função em face de cargo que guarda correspondência na esfera estadual, ou seja, com atribuições similares ao cargo que conta com previsão
de foro privilegiado na Carta Magna
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Competência em razão da pessoa
A Prerrogativa de função 
Algumas pessoas por exercerem determinadas funções tem prerrogativa (não é um privilégio, mas prerrogativa funcional) de serem julgadas originariamente por determinados órgãos. Trata-se ainda, de assegurar a independência de quem julga.
Situações:
Crime cometido antes da posse: adquire a prerrogativa quando assumir o cargo
Crime cometido durante o exercício do cargo ou função pública: o agente tem a prerrogativa
Em qualquer caso, cessado o exercício do cargo ou função, termina a prerrogativa e o processo será remetido para a Justiça competente, no primeiro grau de jurisdição.
Improbidade administrativa – não existe prerrogativa 
 A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O desenho constitucional
A- Supremo Tribunal Federal (Art. 102, da CF)
EXECUTIVO
Presidente;
 Vice – Presidente;
 Ministros de Estados;
 Advogado Geral da União;
 Presidente do Banco Central;
 Controlador Geral da União.
LEGISLATIVO
STF
Membros do Congresso Nacional:
Deputados Federais e Senadores.
JUDICIÁRIO
 Membros dos Tribunais Superiores: STF, STJ, TST, TSE, STM.
Outras 
Autoridades:
 Procurador-Geral da República;
 Comandantes da Forças Armadas;
 Membros do Tribunal de Contas da União;
 Chefes de Missão Diplomática permanente.
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B- Superior Tribunal de Justiça (Art. 105, da CF)
EXECUTIVO
 Governadores de Estado.
LEGISLATIVO
STJ
JUDICIÁRIO
 Membros dos Tribunais: TRFs, TREs, dos TJs, e dos TRTs.
Outras 
Autoridades:
 A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O desenho constitucional
 Membros dos Tribunais de Contas dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios e Membros do M.P. da União que atuam perante Tribunais.
C- Tribunais de Justiça (Art. 105, da CF)
EXECUTIVO
 Prefeitos. 
LEGISLATIVO
TJ
JUDICIÁRIO
 Membros do M.P. Estadual: Promotores de Justiça.
Outras 
Autoridades:
 Deputados Estaduais. 
 Juízes. 
 A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O desenho constitucional
D –Tribunais Regionais Federais (Art. 108, da CF)
EXECUTIVO
Prefeitos.
LEGISLATIVO
TRF
Deputados Estaduais.
JUDICIÁRIO
 Juízes Federais, Juízes do Trabalho, Juízes Militares da União.
Outras 
Autoridades:
 Membros do M.P. da União (MPE, MPT, MPM, MP do DF)
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA: A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
ALGUMAS PRERROGATIVAS IMPORTANTES
STF (Art. 102, I, “b” e “c” da CF);
STJ ( Art. 105, I, “a”);
TJs e TREs (Art. 98,III, da CF) prevalece sobre tribunal do júri e justiça federal – v.g. Juiz de Direito e diversas pessoas praticam crime contra o INSS;
TRFs ( Art. 108, I, “a” da CF);
Deputado Estadual – TJ (Crime comum), TRF ( crime Federal) e TRE (crime eleitoral);
Prefeitos – Art. 29, X, Súmula 702 do STF e Súmulas 208 e 209 do STJ;
Vereadores – Imunidades – Art. 29, VIII, não possuem prerrogativa de foro. Uma decisão do STJ invocando a simetria entre os poderes e a representação popular.
Colisão da Prerrogativa com a Competência do Tribunal do Júri
Se uma pessoa com prerrogativa de foro cometer um crime de competência do júri, será julgada por quem?
Se a prerrogativa estiver contida na Constituição Federal, prevalecerá. Mas, do contrário prevalecerá o Tribunal do Júri. – Súmula 721 STF
Colisão da Prerrogativa com a Competência do Tribunal do Júri
Se um particular pratica um crime doloso contra a vida, juntamente com alguém que tenha prerrogativa de foro, haverá uma cisão processual?
Vários julgados e maioria da doutrina afirma que não, serão todos julgados no foro privilegiado. O STF (H.C. 83.583) já decidiu de modo contrário.
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
“A conexão e a continência são fatos, resultantes de vínculos entre infrações penais ou seus agentes, que alteram o caminho ordinário de determinação da competência, impondo a reunião, num mesmo processo mais de uma infração ou mais de um agente” (Vicente Greco Filho)
reco 
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CONEXÃO
É a interligação entre duas ou mais infrações, levando a que sejam apreciadas perante o mesmo órgão jurisdicional. Nas infrações conexas os fatos entre si guardam uma interligação, que recomenda a reunião dos fatos para julgamento único.
reco 
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ESPÉCIES DE CONEXÃO
Intersubjetiva – vários crimes são cometidos ao mesmo tempo por várias pessoas (por ex: lesões corporais em um estádio de futebol ou show musical).
I – Conexão intersubjetiva por simultaneidade (art. 76, I) – torcedores enfurecidos depredam estádio de futebol;
II – Conexão Intersubjetiva concursal (art. 76, I) – quadrilha pratica vários delitos para dificultar o trabalho da polícia;
III – Conexão Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I) – num duelo, os desafiantes sofrem e provocam lesões recíprocas
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ESPÉCIES DE CONEXÃO
b) Objetiva (ou lógica, teleológica, consequencial) – ocorre quando uma infração é praticada para garantir a impunidade ou a vantagem do crime anterior, em uma relação de caráter objetivo (ex: morte de testemunha para ocultar a revelação da autoria ou do destino d produto do crime anterior. (art. 76, II)
c) Instrumental (probatória, processual ou ocasional – a prova de uma infração ou de suas elementares influem na prova de outra infração (decorre da instrumentalidade do processo). Ex: clássico é o do furto e da receptação. (art. 76, III)
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ESPÉCIES DE CONEXÃO
d) Conexão na fase preliminar investigatória: a princípio não haverá reunião de inquéritos em razão da conexão. Contudo, se for necessário, ocorrerá com autorização judicial e com a oitiva do Ministério Público.
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CONTINÊNCIA
É o vínculo que une vários infratores a uma única infração, ou a ligação de várias infrações por decorrerem de conduta única, ou seja, resultarem do concurso formal de crimes, ocasionando a reunião de todos os elementos em processo único
CONTINÊNCIA
Dar-se-á continência, indica o próprio nome, quando um crime não puder se dissociar do outro (um está contido no outro).
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas situações previstas nos arts. 52 (atual art. 70), 53, segunda parte (atual art. 73) e 54 (atual art. 74) do código penal. 
ESPÉCIES DE CONTINÊNCIA
Concursal ou de cumulação subjetiva (CPP, art. 77, I): ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática da mesma infração. Ex: co-autoria em homicídio.
Por cumulação objetiva (CPP, art. 77, II): implica na reunião em um só processo de vários resultados lesivos advindos de uma só conduta. Hipóteses: por concurso formal (CP. Art. 70), aberratio ictus (art. 73, segunda parte) e aberratio delicti (art. 74, segunda parte) – CPP, art. 77, II
Preclusão e momento de reconhecimento da conexão ou continência
A conexão e a continência podem ser reconhecidas quando da propositura da ação penal, no momento em que o juiz recebe integralmente a petição inicial, tal como formulada pela parte autora.
É possível, também, o reconhecimento superveniente da conexão e da continência, para o fim de ser determinada a reunião de julgamentos relativamente a fatos descritos em petições iniciais diversas, objetos de processos distintos.
Preclusão e momento de reconhecimento da conexão ou continência
No entanto, para tal proceder é necessário que haja compatibilidade de fases processuais e que não haja prejuízo à eficácia do direito ao contraditório e à ampla defesa do imputado. Para o Código de Processo Penal, a prolação de “sentença definitiva” é obstáculo ao reconhecimento de conexão ou de continência verificada posteriormente (art. 82 do CPP).
Preclusão e momento de reconhecimento da conexão ou continência
Quanto à descoberta de conexão ou continência superveniente à pronúncia do acusado, porém anterior à sessão plenária de julgamento, e a possibilidade de o juiz de instrução preliminar avocar processos com fatos conexos ou continentes, há três posições.
Filiamonos ao entendimento que sustenta a aplicação analógica do parágrafo único, do art. 421, do CPP, para admitir o reconhecimento
de conexão ou de continência posterior à pronúncia, ainda que já tenha se operado a preclusão.
FORO PREVALNTE
Concurso entre júri x jurisdição comum ou especial
Se um crime doloso contra a vida for conexo a um crime comum, ambos serão apreciados pelo Tribunal Popular, pois este é o prevalente. O júri aprecia os crimes dolosos contra a vida e os crimes que lhes sejam conexos.
Se houver a concorrência entre o júri e crime de competência da Justiça Federal, ambos serão apreciados dentro do júri a ser realizado na esfera federal.
Havendo a concorrência entre o júri e crime de competência da jurisdição especial, seja ela militar ou eleitoral, deverá ocorrer separação de processos.
FORO PREVALNTE
b) Concurso entre jurisdições de diversas categorias:
Em havendo concorrência entre órgãos de hierarquia distinta, prevalecerá a de maior graduação. Acreditamos, contudo, que se os autores do delito possuem foro privilegiado previsto na Constituição Federal, impõe-se a separação de processos, pois a aplicação das regras de foro prevalente, em razão da conexão ou continência, desaguaria na violação da própria Carta Magna.
FORO PREVALNTE
c) Concurso entre jurisdição comum X especial:
Na concorrência entre a Justiça comum e a especializada, esta última prevalecerá. A regra não se aplica à justiça especializada militar, afinal, esta só aprecia infrações militares. Em havendo conexão entre crime militar e qualquer outra infração que não seja militar, resta a separação de
processos.
FORO PREVALNTE
d) Concurso entre jurisdições de mesma categoria: Havendo concorrência entre jurisdições de categoria similar, aplicaremos as seguintes regras:
d.1) Prevalecerá o local da consumação da infração mais grave.
d.2) Se as infrações interligadas tiverem igual gravidade, prevalecerá o juízo do local da consumação do maior número de crimes.
d.3) Se as infrações forem de igual gravidade e em igual quantidade, resolve-se pela prevenção.
FORO PREVALNTE
Se mesmo havendo conexão ou continência, os processos tramitarem separadamente, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros magistrados, salvo se já tiver, no processo desgarrado, a prolação de sentença definitiva (art. 82, CPP).
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
Separação Obrigatória
a) Concurso entre a jurisdição comum e a militar
b) Concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores
c) Superveniência de doença mental
d) Fuga de corréu
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
Separação Obrigatória
No procedimento do júri, com a alteração do art. 420 do CPP pela Lei nº 11.689/08, não sendo possível a intimação pessoal da decisão de pronúncia, haverá a intimação editalícia, e o réu não encontrado será julgado à revelia, sendo portanto suprimida tal hipótese de separação. Além disso, com a reforma, o não comparecimento de um dos corréus (solto) implica no seu julgamento à revelia, de sorte que o desmembramento não irá se operar pela ausência. Continua possível, entretanto, havendo elementos que façam crer que o mesmo fugiu, a decretação da preventiva (art. 457, CPP).
Já se um dos corréus preso não foi conduzido pela autoridade, o julgamento, quanto a ele, será adiado, podendo-se julgar o comparsa presente. Subsiste, neste caso, a possibilidade de desmembramento.
e) Recusas no júri
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
Separação Facultativa
a) Infrações praticadas em circunstância de tempo ou lugar diferentes.
b) Número excessivo de acusados
c) Qualquer outro motivo relevante
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Havendo reunião de infrações e/ou infratores pela conexão ou continência, o juiz prevalente, mesmo que venha a absolver ou desclassificar a infração que determinou a atração, continuará competente para julgar as demais.
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
No procedimento do júri, é necessária a distinção:
a) Se ao final da primeira fase o juiz desclassificar a infração, entendendo que não se trata de crime doloso contra a vida, remeterá os autos ao juízo competente. Da mesma forma, caso o magistrado impronuncie o réu ou o absolva sumariamente, havendo infrações conexas, serão remetidas ao juízo competente (parágrafo único, art. 81, CPP).
b) Já na segunda fase, em plenário, se os jurados desclassificam o crime doloso contra a vida, o julgamento, não só deste, mas também dos crimes conexos, fica afeto ao juiz Presidente do Júri. Já se os jurados absolverem o réu pelo crime doloso contra
a vida, estão reconhecendo que são competentes, e por isso continuam aptos para apreciar as infrações conexas (§ 2º, art. 492, CPP).
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Surgimento de nova vara (remissão ao Novo CPC)
Tanto na doutrina quanto na jurisprudência, tem-se admitido a aplicação, por força da analogia, do art. 87 do CPC, de forma que a competência é determinada no momento da propositura da ação (oferta da denúncia ou da queixa-crime), sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas em momento posterior, salvo nas seguintes hipóteses:
a) Supressão do órgão jurisdicional
b) Alteração da competência em razão da matéria
c) Alteração da competência em razão da hierarquia
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Surgimento de nova vara (remissão ao Novo CPC)
O Novo CPC traz exceção à perpetuação da jurisdição quanto à “alteração de competência absoluta” que acaba alcançando as espécies de alterações de competência em razão da matéria ou da hierarquia, como aptas a excepcionar o princípio da perpetuação da jurisdição.
Dessa forma, a modificação da competência absoluta de órgão jurisdicional determina a remessa dos autos ao órgão que passa a deter a competência, sem incidir a perpetuatio jurisdictionis. A regra já era encampada pela doutrina processual penal e, agora,
resta positivada.
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Cuida-se de fenômeno que estende a competência de um órgão jurisdicional para o fim de abarcar o processamento e o julgamento de causas que não estariam, originariamente, na sua alçada jurisdicional.
A incompetência absoluta não pode ser objeto de prorrogação.
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
A prorrogação necessária ou legal é a que não depende de ação ou omissão das partes, mas decorre de fato jurídico por si só suficiente para determinar que haja modificação de competência
relativamente a um ou mais crimes que não estariam abrangidos pela competência fixada para um órgão jurisdicional.
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Prorrogação Facultativa
Quando tal prorrogação acontece em razão de fato omissivo, recebe o nome de tácita.
Será expressa quando houver pedido das partes para que o feito seja remetido para outro juízo, incompetente relativamente, mas que as circunstâncias do fato recomendam a prorrogação, tal como se dá com as hipóteses de desaforamento do processo do Júri.

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