Buscar

150346040915 NOVO CPC 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
1 
PETIÇÃO INICIAL 
 
O princípio da inércia da jurisdição impede que 
o juiz inicie um processo de ofício, devendo 
aguardar a manifestação da parte interessada, 
sendo extremamente excepcional a exceção a 
essa regra. 
A forma de materializar o interesse em buscar 
a tutela jurisdicional é a petição inicial, 
conceituada pela doutrina como peça escrita 
no vernáculo e assinada por patrono 
devidamente constituído em que o autor 
formula demanda que virá a ser apreciada pelo 
juiz, na busca de um provimento final que lhe 
conceda a tutela jurisdicional pretendida. 
 
A petição inicial tem duas funções: 
1) provocar a instauração do processo 
2) identificar a demanda, decorrência natural 
da necessidade de menção às partes, causa 
de pedir e pedido. 
 
Essa segunda característica da petição inicial 
– indicar os elementos da ação – gera alguns 
efeitos processuais: 
a) permite a aplicação do princípio da 
congruência, indicando os limites objetivos e 
subjetivos da sentença; 
b) permite a verificação de eventual 
litispendência, coisa julgada ou conexão, 
quando comparada com outras ações; 
c) fornece elementos para fixação da 
competência; 
d) indica desde logo ao juiz a eventual 
ausência de alguma das condições da ação; 
e) pode vir a influenciar na determinação do 
procedimento. 
Por tratar-se da peça que inicia o processo, 
permitindo o seguimento do procedimento 
mediante a citação do réu, e gerando todos os 
efeitos referidos, a lei processual exige que tal 
peça preencha alguns requisitos formais, o 
que torna a petição inicial um ato processual 
solene. 
A ausência de quaisquer deles pode gerar uma 
nulidade sanável ou insanável, sendo, na 
primeira hipótese, caso de emenda da petição 
inicial e, na segunda, de indeferimento liminar 
de tal peça. 
 
 
REQUISITOS ESTRUTURAIS DA PETIÇÃO 
INICIAL 
Os requisitos estruturais da petição inicial 
estão, primordialmente, elencados no art. 282, 
CPC, conforme a seguir. Além desse 
dispositivo, o art. 39, I, CPC, indica outro 
requisito estrutural, qual seja, o endereço do 
patrono que a subscreve. Nesse tocante, 
cumpre esclarecer que a indicação em papel 
timbrado, nota de rodapé, ou na procuração, 
cumpre perfeitamente a exigência formal. Nas 
excepcionais hipóteses de dispensa de 
advogado, logicamente, esse requisito é 
dispensado. 
1)Juízo singular ou colegiado a que é dirigida 
a petição inicial 
O primeiro requisito previsto no art. 282, CPC, 
e que constará no topo da primeira página da 
petição inicial, é o “juiz ou tribunal” a que esta 
é dirigida. Sendo a primeira peça do processo, 
necessária é a indicação do juízo que a 
receberá nesse primeiro momento 
procedimental. A indicação do destinatário da 
petição é necessária para a remessa da 
petição inicial e formação dos autos perante o 
órgão pretensamente competente para o 
conhecimento da demanda. 
A indicação jamais será pessoal, mesmo 
quando a petição inicial for “distribuída por 
dependência”, ou ainda em comarca de vara 
única com somente um juiz, exigindo-se a 
indicação do juízo, e não do juiz (consequência 
do caráter impessoal do Poder Judiciário). 
Dessa forma, ainda que seja possível 
identificar o juiz que receberá a demanda, não 
será ele indicado no endereçamento, e sim o 
juízo que representa. Mesmo sabendo-se que 
será exatamente aquele juiz específico que 
receberá a petição inicial distribuída por 
dependência, não é correta a indicação 
pessoal do juiz. Apesar de incorreto do ponto 
de vista técnico, a indicação pessoal do juiz, 
desde que acompanhada da indicação do 
juízo, caracteriza mera irregularidade. 
2) Indicação das partes e sua qualificação 
Deve constar da petição inicial a qualificação 
das partes, com indicação de nome completo, 
estado civil, profissão, domicílio e residência. 
Tais elementos identificadores se prestam a 
duas funções principais: permitir a citação do 
réu e a individualização dos sujeitos 
processuais parciais, o que se mostrará 
importante para distingui-los de outros sujeitos 
e fixar com precisão os limites subjetivos da 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
2 
demanda e da futura e eventual coisa julgada 
material. 
Diante das razões justificadoras para a 
indicação de tais dados, o que importa na 
análise do preenchimento do requisito é se a 
irregularidade ou mesmo a ausência de algum 
deles gera alguma espécie de prejuízo ao réu 
ou ao processo. Sem a comprovação de 
efetivo prejuízo, não haverá nulidade, 
aplicando-se ao caso o princípio da 
instrumentalidade das formas. A indevida troca 
de um nome por outro é mera irregularidade, 
podendo ser corrigida a qualquer tempo, se o 
verdadeiro réu recebe a citação e contesta 
regularmente a demanda. O mesmo ocorre 
com os dados pessoais do réu, que nem 
sempre serão de amplo conhecimento do 
autor. 
Caso o autor tenha conhecimento de dados 
adicionais que possam auxiliar na localização 
e individualização do réu, deve levar tais 
informações ao conhecimento do juízo na 
petição inicial. A indicação de número de RG, 
CPF e CNPJ é prática comum e bem aceita na 
prática forense. Pode-se ainda imaginar a 
indicação de locais onde a pessoa possa ser 
encontrada, como o local em que comumente 
desfruta seus momentos de lazer (bar, 
restaurante, clube social etc.) ou ainda em que 
exerça função ou profissão (escritório, 
consultório, empresa etc.). Outra circunstância 
possível é a indicação do apelido do réu, ou 
seja, a forma como ele é conhecido na 
sociedade à qual pertence, o que poderá 
auxiliar o oficial de justiça a localizá-lo. 
O trabalho do patrono do autor nem sempre é 
fácil na indicação dos requisitos previstos pelo 
art. 282, II, CPC, considerando-se que nem 
sempre saberá com exatidão todos os dados 
do réu demandados pela lei. A indicação de 
informações não previstas em lei pode ser de 
extrema utilidade, ao menos para permitir que 
a citação seja realizada, restando ao próprio 
réu, em sua contestação ou qualquer outra 
espécie de resposta, regularizar sua 
qualificação, com a indicação de dados que 
faltaram à petição inicial por desconhecimento 
do autor. 
A indicação do estado civil das partes é 
importante em razão de normas processuais 
que exigem a presença de ambos os cônjuges 
em determinadas ações (art.10, §§ 1º e 2º, 
CPC – ações reais imobiliárias), ou ainda o 
consentimento do cônjuge não litigante. Esse 
pressuposto processual poderá ser analisado 
à luz da petição inicial quando houver a exata 
indicação do estado civil das partes. 
Há uma interessante exceção à regra prevista 
pelo inciso ora em comento, qual seja o 
litisconsórcio passivo multitudinário, que exige 
do autor a colocação no polo passivo da 
demanda de número considerável de pessoas 
(uma verdadeira multidão). Tomem-se como 
exemplo clássico as ações possessórias 
decorrentes de esbulho por grupos de 
pessoas. Nessas situações, sem conseguir 
responsabilizar o “órgão” ou “entidade” à qual 
pertencem os invasores – já que esses 
maliciosamente evitam se constituir em 
pessoas jurídicas – seria nítida ofensa ao 
princípio do acesso à justiça exigir do autor a 
perfeita identificação e qualificação de cada 
um dos réus, ou ainda a indicação de suas 
profissões e residências. A solução é permitir 
a indicação de algumas pessoas que o autor 
consiga identificar ou ainda do líder do 
movimento, se identificável, em nítida 
mitigação do dispositivo legal. 
Por fim, ainda que se reconheça a existência 
de dificuldades na indicação de todos os dados 
exigidos pela lei quanto ao réu, o mesmo não 
ocorre relativamente ao autor, dado que este é 
o sujeito responsável pela contratação do 
patronoque elabora a petição inicial. Somente 
um desconhecimento considerável da lei ou a 
má-fé em omitir determinado dado podem 
explicar uma qualificação deficitária do autor, 
não se devendo admitir que a demanda 
prossiga com tal irregularidade. Será caso de 
emenda da petição inicial em 10 dias (art. 284, 
CPC), seguida de indeferimento (art. 295, VI, 
CPC) se o vício não for sanado. 
3) Os fatos e os fundamentos jurídicos do 
pedido 
Apesar de o art. 282, III, CPC, indicar como 
requisito da petição inicial “o fato” no singular, 
e os “fundamentos jurídicos do pedido” no 
plural, é pacífico o entendimento que a petição 
inicial pode perfeitamente ter um ou mais fatos 
e um ou mais fundamentos jurídicos. Trata-se 
da apresentação fática – causa de pedir 
próxima – e das consequências jurídicas que o 
autor pretende que tais fatos tenham no caso 
concreto – causa de pedir remota. 
Considerando que dos fatos nasce o direito, 
cumpre ao autor narrá-los e demonstrar a 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
3 
razão jurídica para que, em decorrência 
desses fatos, seja merecedor da tutela 
jurisdicional pretendida. 
Registre-se que a exigência da narrativa dos 
fatos constitutivos do direito do autor já em sua 
petição inicial se limita aos fatos jurídicos, 
também chamados de fato principais. Ainda 
que seja recomendável a narrativa também 
dos fatos simples, também chamados de fatos 
secundários, estes não fazem parte da causa 
de pedir, de forma que podem ser levados ao 
processo depois do momento inicial de 
propositura da demanda. 
4) Pedido 
O Poder Judiciário não pode servir como mero 
órgão consultivo, devendo sempre ser 
chamado à atuação para entregar ao autor o 
que este pretender receber. Dessa forma, é 
requisito essencial da petição inicial a 
indicação de sua pretensão jurisdicional. O 
pedido pode ser analisado sob a ótica 
processual, conhecido como pedido imediato, 
representando a providência jurisdicional 
pretendida – condenação, constituição, mera 
declaração – e sob a ótica material, conhecido 
como pedido mediato, representado pelo bem 
da vida perseguido, ou seja, o resultado prático 
(vantagem no mundo prático) que o autor 
pretende obter com a demanda judicial. 
Enquanto o autor pode pleitear diversas tutelas 
jurisdicionais diferentes e incalculáveis bens 
da vida, o réu, ao contestar a pretensão do 
autor, fará sempre o mesmo pedido: sentença 
de improcedência (sentença declaratória da 
inexistência do direito material alegado pelo 
autor). Em razão dessa circunstância se 
justifica que a sentença – desde que de 
improcedência e em demanda que não seja 
declaratória – possa ser de natureza diversa 
da natureza da demanda, fixada pelo pedido 
imediato do autor. 
5) Valor da causa 
O art. 258, CPC, estabelece que “a toda causa 
será atribuído um valor certo, ainda que não 
tenha conteúdo econômico imediato”. Desse 
modo, ainda que o bem material objeto da 
pretensão do autor não tenha um valor 
economicamente aferível, é necessária a 
indicação de valor à causa, ainda que seja 
calculada de forma meramente estimativa. 
A exigência de atribuição ao valor da causa 
decorre de diversos reflexos que esse requisito 
gera sobre o processo: 
a)determinação de competência do juízo 
segundo as leis de organização judiciária, 
como a fixação de competência dos “Foros 
Regionais”; 
b)definição do rito procedimental (ordinário, 
sumário, sumaríssimo); 
c) recolhimento das taxas judiciárias; 
d) fixação do valor para fins de aplicação de 
multas, no caso de deslealdade ou má-fé 
processual (art. 14 – ato atentatório à 
dignidade da jurisdição; art. 17 – litigância de 
má-fé; art. 538, p.único – embargos 
meramente protelatórios, todos do CPC); 
e) fixação do depósito prévio na ação 
rescisória no valor correspondente a 5% do 
valor da causa (do processo originário – art. 
488, II, CPC); 
f) nos inventários e partilhas o valor da causa 
influi sobre a adoção do rito de arrolamento; 
g) honorários advocatícios também poderão 
ser fixados à luz do valor da causa. 
A lei pode expressamente prever uma regra 
específica a respeito do valor da causa de 
determinadas ações judiciais, sendo nesse 
caso afirmado que existe um critério legal ao 
valor da causa. O art. 259, CPC, indica as 
regras específicas para o cálculo do valor da 
causa: 
I) na ação de cobrança de dívida, a soma do 
principal, da pena e dos juros vencidos até a 
propositura da ação, podendo os juros ser 
convencionais ou legais; moratórios ou 
compensatórios; 
II) havendo cumulação de pedidos, a quantia 
correspondente à soma dos valores de todos 
eles; 
III) sendo alternativos os pedidos, o de maior 
valor; 
IV) se houver também pedido subsidiário, o 
valor do pedido principal; 
V) quando o litígio tiver por objeto a existência, 
validade, cumprimento, modificação ou 
rescisão de negócio jurídico, o valor do 
contrato, sendo admitido valor inferior a esse 
(valor do benefício econômico) quando a 
demanda não tiver como objeto o contrato 
integralmente, mas apenas uma ou algumas 
cláusulas; 
VI) na ação de alimentos, a soma de 12 
prestações mensais, pedidas pelo autor; 
VII) na ação de divisão, de demarcação e de 
reivindicação, a estimativa oficial para 
lançamento do imposto. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
4 
Não sendo hipótese de aplicação do critério 
legal caberá ao autor descobrir o valor 
referente à vantagem econômica que se busca 
com a demanda judicial. Basta verificar o valor 
econômico do bem da vida material 
perseguido e indica-lo como valor da causa. 
Não tendo o bem da vida valor econômico ou 
sendo esse valor inestimável, caberá ao autor 
dar qualquer valor à causa, sendo nesse caso 
comum a utilização na praxe forense da 
expressão “meramente para fins fiscais”. 
Registre-se que, havendo cumulação de 
pedidos, sempre que o valor da causa para um 
deles for regido pelo critério legal ou tiver valor 
economicamente aferível e para o outro for 
causa de valor da causa meramente 
estimativo, o valor da causa da ação será tão 
somente o do primeiro pedido. A indicação de 
qualquer valor à causa só se justifica quando 
não há alternativa para o autor, o que não será 
o caso na situação exposta. 
6) Provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados 
Caso os operadores do direito levassem a 
regra prevista no art. 282, VI, CPC, mais a 
sério, as petições iniciais viriam, a exemplo do 
que ocorre no procedimento sumário, com a 
devida especificação de provas (assim, por 
exemplo, o autor já indicaria quais as 
testemunhas que pretende ouvir ou ainda os 
quesitos de perícia requerida). Acontece, 
entretanto, que atualmente o dispositivo legal 
não encontra tal aplicação, bastando ao autor 
a indicação genérica de todos os meios de 
prova em direito admitidos, para que o 
requisito seja considerado preenchido. 
Tal prática, já arraigada em nossa praxe 
forense, enseja ao juiz, na fase de saneamento 
do processo, a prolação de despacho para que 
as partes especifiquem as provas que 
pretendem produzir, indicando e justificando 
os meios de prova requeridos. É medida 
tomada pelos juízes justamente em 
decorrência da generalidade do protesto 
realizado na petição inicial, sendo bastante 
improvável – para não dizer impossível – que 
a parte no momento em que é instada a 
especificar provas requeira todos os meios de 
prova admitidos. 
Há doutrina que entende ser completamente 
inútil a exigência legal, afirmando não se poder 
entender que a ausência de requerimento de 
provas na petição inicial gere preclusão para o 
autor. Nesse entendimento, mesmo não tendo 
feito pedido de provas na petição inicial,a 
partir do momento em que o juiz intima as 
partes para a especificação de provas, poderá 
o autor livremente as requerer. O mesmo 
raciocínio seria aplicado ao réu quanto à 
exigência de requerer a produção de provas 
em contestação (art. 300, CPC). O STJ 
entende que, mesmo tendo sido realizado o 
pedido genérico na petição inicial (autor) ou 
contestação (réu), haverá preclusão da prova 
na hipótese de a parte não reiterar sua vontade 
de produzi-las no momento em que for 
intimada para especificá-las. 
Ainda que se entenda correto o entendimento 
que aponta a exigência do art. 282, V, CPC, 
uma “ridícula inutilidade”, entendo ser 
interessante o requerimento genérico na 
petição inicial (bem como na contestação), não 
para evitar a preclusão, mas para permitir a 
alegação de cerceamento de defesa na 
hipótese de julgamento antecipado da lide. Em 
minha visão, o autor que deixa de pedir provas 
em sua petição inicial permite ao juiz um 
julgamento antecipado da lide, sem que possa 
em grau de recurso alegar cerceamento de 
defesa, visto que nada requerendo em termos 
de produção de prova permite ao juiz o 
julgamento imediato, sem a necessidade de 
produção de provas. 
7) Requerimento para citação do réu 
A última exigência do art. 282, CPC, é o 
requerimento de citação do réu. Parece que a 
única utilidade de tal requisito é a do autor 
indicar a forma pela qual pretende que ocorra 
a citação, sempre que lhe for possível a 
escolha, segundo os termos do art. 222, CPC. 
Ademais, seria importante tal indicação 
quando o autor optasse, desde já, pela citação 
editalícia, respondendo, no caso de opção 
temerária, nos termos do art. 233, CPC. 
Fora da indicação da forma de citação, o 
requisito se mostra, no mínimo, uma 
obviedade, considerando que naturalmente o 
juiz procederá à citação no caso de entender 
que a petição inicial preenche os requisitos 
mínimos formais exigidos pela lei e não é caso 
de aplicação do art. 285-A, CPC. A ausência 
de pedido expresso de citação não impede que 
esta ocorra, em pronunciamento oficioso do 
juiz, não podendo o réu alegar em contestação 
inépcia da petição inicial se a citação, embora 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
5 
não requerida expressamente pelo autor, 
tenha sido regularmente realizada. 
 
 
DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À 
PROPOSITURA DA DEMANDA 
Determina o art. 283, CPC, que a petição inicial 
será instruída com os documentos 
indispensáveis à propositura da demanda. A 
ausência de tais documentos enseja a 
possibilidade de emenda da petição inicial, 
considerando-se que o vício gerado pela não 
juntada de tais documentos é sanável. Não 
ocorrendo a emenda com a juntada dos 
documentos indispensáveis à propositura da 
demanda, a petição inicial será indeferida (art. 
295, VI, CPC). Caso o juiz só perceba a 
ausência de tais documentos após a citação do 
réu, não mais se admitirá o indeferimento da 
petição inicial, que deve ocorrer sempre 
liminarmente, mas diante da resistência do 
autor em não juntar aos autos tais 
documentos, o processo deve ser extinto sem 
resolução de mérito por falta de pressuposto 
processual (art. 267, IV, CPC). 
Documentos indispensáveis à propositura da 
demanda são aqueles cuja ausência impede o 
julgamento de mérito da demanda, não se 
confundindo com documentos indispensáveis 
à vitória do autor, ou seja, ao julgamento de 
procedência de seu pedido. Esses são 
considerados documentos úteis ao autor no 
objetivo do acolhimento de sua pretensão, 
mas, não sendo indispensáveis à propositura 
da demanda, não impedem a continuidade da 
demanda, tampouco a sua extinção com 
resolução do mérito. Numa demanda de 
divórcio, a certidão de casamento é um 
documento indispensável à propositura da 
demanda, porque sem esse documento é 
impossível o julgamento de mérito, o mesmo 
não se podendo dizer de um documento que 
comprove o adultério do cônjuge, que pode ser 
importante a parte que o apresente em juízo, 
mas cuja ausência não impedirá o julgamento 
de mérito da demanda. 
Registre-se que o STJ permite o ingresso de 
ação revisional de contrato mesmo que o autor 
não apresente com a petição inicial uma cópia 
do contrato que se busca rever. É interessante 
porque, na sociedade massificada em que 
vivemos, com ampla presença dos contratos 
de adesão, é possível a elaboração de uma 
petição inicial nesse tipo de ação sem a 
necessidade de sua instrução com cópia do 
contrato celebrado entre as partes. Diante 
dessa nova realidade, o STJ entende pela 
viabilidade do pedido de exibição do contrato, 
ao invés de ser elaborado por meio de ação 
cautelar precedente de exibição de 
documento, seja elaborado incidentalmente, 
ainda que continue a acreditar ser o contrato 
documento indispensável à propositura da 
ação (Informativo 413/STJ: 3ª Turma, REsp 
896.435/PR, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
27.10.2009). 
 
 
POSTURAS DO JUIZ DIANTE DA PETIÇÃO 
INICIAL 
O processo se inicia com a petição inicial. 
Autuado e registrado os autos são 
encaminhados ao juiz. 
O juiz deve conhecer de ofício a incompetência 
absoluta, determinado a remessa dos autos ao 
órgão competente. 
O juiz ainda pode: 
a)determinar a emenda da petição inicial (art. 
284, CPC – arts. 282 e 283); 
b) indeferir a petição inicial (art. 295, CPC); 
Hipóteses: 
1. inépcia da petição inicial (art. 282, III e 
IV – art. 460, CPC) 
2. manifesta ilegitimidade de parte (art. 
295, II, CPC) 
3. falta de interesse de agir 
4. prescrição e decadência (art. 295, IV, 
CPC) 
5. procedimento inadequado (art. 295, V, 
CPC) 
6. ausência de indicação do nome do 
patrono do autor e não realização de emenda 
(art. 295, VI, CPC) 
c) julgamento de improcedência liminar; 
d)citação. 
 
 
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL 
Em razão do caráter instrumentalista que 
norteia o processo civil moderno, a emenda ou 
complementação da petição inicial prevista no 
art. 284, CPC, ganha espaço. Sempre que for 
possível a escolha entre a emenda e 
indeferimento, o juiz deve optar pelo primeiro 
caminho, reservando-se o indeferimento para 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
6 
situações impossíveis de serem corrigidas ou 
saneadas. 
O STJ entende que a emenda da inicial é 
direito do autor, não podendo o juiz indeferir a 
petição inicial antes de oportunizar ao autor 
seu saneamento, sempre que isso se mostrar 
possível. 
De acordo com o art. 284, CPC, sempre que a 
petição inicial deixar de preencher os 
requisitos dos arts. 282 e 283, CPC, ou, ainda, 
apresentar defeitos ou irregularidades capazes 
de dificultar o julgamento do mérito, o juiz 
concederá o prazo de 10 dias para que o autor 
emende a inicial. 
O juiz poderá ampliar esse prazo quando 
entendê-lo exíguo para o saneamento exigido. 
Na hipótese de ausência de indicação do 
endereço do patrono, o prazo para a emenda 
será, excepcionalmente, de 48 horas (art. 39, 
p. único, CPC). 
A decisão que determina a emenda da inicial 
(decisão interlocutória agravável por 
instrumento) deve ser, como qualquer decisão, 
devidamente motivada. 
O juiz deve indicar precisamente o vício que 
entende presente na inicial, justificando seu 
entendimento. A omissão em indicar e justificar 
o vício deve ser afastada com a interposição 
de embargos de declaração. 
O STJ entende esse posicionamento do juiz 
como mero despacho, posicionando-se pela 
irrecorribilidade, o que Daniel Assumpção 
reputa equivocado. 
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência 
entendem pela possibilidade de emendas 
sucessivas, abrindo-se mais de uma 
oportunidade para a emenda da inicial. Se a 
emenda se der de forma incompleta, também 
à luz do princípio da instrumentalidade dasformas, é possível abertura de novo prazo para 
que complemente a primeira emenda. 
O limite das emendas sucessivas deve ser 
apreciado no caso concreto, não se podendo 
eternizar o início de um processo com 
sucessivas determinações de emendas 
cumpridas de forma falha. 
A possibilidade de emendas sucessivas deve 
ser analisada ainda à luz do disposto no art. 
284, CPC, ou seja, se o juiz determinar a 
emenda e o autor não agir positivamente, o 
único caminho viável ao juiz é o indeferimento 
da petição inicial. 
Se o autor não emendar a inicial, o juiz não 
poderá dar andamento à demanda, visto que 
no caso concreto se operou a preclusão pro 
iudicato. 
O STJ admite a emenda a destempo, em razão 
da possibilidade de dilação dos 10 dias, mas 
nunca a continuidade da demanda sem 
saneamento do vício. 
A emenda da petição inicial, por mais 
interessante que seja a sobrevivência do 
processo, não poderá ser determinada na 
hipótese de outras posturas já terem sido 
tomadas. 
No caso de indeferimento da inicial ou 
julgamento liminar de improcedência (art. 285-
A, CPC), será impossível a determinação da 
emenda da inicial por obstáculo material 
intransponível: extinção do processo. Mas, 
mesmo o processo não sendo extinto, o que 
ocorrerá com a determinação de citação do 
réu, já não mais será possível a emenda da 
inicial, operando-se a preclusão lógica para o 
juiz. 
 
ADITAR – diz respeito ao fato de acrescentar 
mais pedido e/ou mais causa de pedir, 
mantendo-se incólumes o pedido e a causa de 
pedir originariamente indicados (art. 294, 
CPC). 
MODIFICAR – equivale a alterar o pedido e/ou 
a causa de pedir, de uma maneira tal que o 
pedido e/ou a causa de pedir originários 
passam a ser outros (art. 264, CPC). 
 
EMENDAR – aqui, o objetivo é o de retirar 
incorreção da inicial, uma vez que o sistema 
impõe que, ao propor uma demanda, atenda a 
certas exigências formais. Caso não sejam 
satisfeitas tais exigências ou sejam realizadas 
de modo equivocado, a petição inicial deverá 
ser emendada (art. 284, CPC). 
 
COMPLETAR – completar significa que algo 
não está inteiro, é suprir uma falta, preencher 
uma lacuna da petição inicial. Difere de 
emendar, vez que a emenda se faz necessária 
não para preencher uma lacuna, mas para 
corrigir uma imperfeição cometida. 
 
 
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL 
Nas hipóteses em que o juiz se deparar com 
vícios insanáveis, de nada adiantará abrir 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
7 
prazo de 10 dias ao autor para emendar a 
petição inicial, considerando-se que o autor 
não será capaz de sanar a irregularidade ou 
vício constatado no caso concreto. Nestes 
casos não restará alternativa ao juiz senão o 
indeferimento liminar da petição inicial, nos 
termos do art. 295, CPC. 
Também deverá indeferir a inicial quando a 
emenda ou sucessão delas não tiver sido apta 
a sanar a irregularidade ou vício, ou nos casos 
de omissão do autor em realizar a emenda no 
prazo de 10 dias (art. 295, VI, CPC). 
Existe indeferimento total ou parcial da inicial. 
No caso de indeferimento parcial, mesmo que 
tenha a decisão matéria de mérito como 
objeto, a doutrina majoritária entende tratar-se 
de decisão interlocutória recorrível por agravo 
de instrumento. 
No caso de indeferimento total, o 
pronunciamento será uma sentença, recorrível 
por apelação. 
Havendo indeferimento da inicial no Tribunal 
(em casos de competência originária) o 
recurso cabível dependerá de quantos 
julgadores participaram do julgamento. Sendo 
o julgamento monocrático (em aplicação 
extensiva do art. 557, CPC), caberá agravo 
interno para órgão colegiado (art. 10, §1º, Lei 
12.016/2009). Tratando-se de decisão 
colegiada, caberá recurso especial, recurso 
extraordinário ou ainda embargos infringentes, 
dependendo do caso. 
Tanto em primeiro grau como no Tribunal, só 
haverá indeferimento da inicial antes da 
citação do réu. 
Se o réu já foi integrado no processo, ainda 
que o juiz acolha uma das causas previstas no 
art. 295, CPC, não será o caso de 
indeferimento da inicial, sendo simplesmente o 
processo extinto sem resolução do mérito por 
ausência de condição da ação ou de 
pressupostos processuais positivos (ou 
negativos). 
Como regra, o juiz só pode modificar sua 
sentença nos casos de erros materiais ou de 
cálculo (de ofício) ou quando houver omissão, 
obscuridade ou contradição (embargos de 
declaração). Sendo, entretanto, uma sentença 
de indeferimento da inicial, o art. 296, CPC, 
prevê a possibilidade do juiz, diante da 
apelação do autor, se retratar em 48 horas 
(prazo impróprio). 
A primeira condição para a retratação é a 
interposição de apelação. Sabendo-se que o 
juiz de primeiro grau é responsável pelo juízo 
de admissibilidade desse recurso, para que 
possa se retratar deve antes receber o recurso, 
ou seja, deve entender que o recurso preenche 
todos os requisitos de admissibilidade. Não há 
nenhuma necessidade de o apelante pedir 
expressamente a retratação, bastando que a 
apelação seja recebida. 
O réu não é intimado para participar do 
julgamento desse recurso, que constará 
exclusivamente com a participação do autor. 
No caso de provimento e retorno dos autos ao 
primeiro grau para continuação do 
procedimento, o réu, uma vez citado, poderá 
alegar a mesma matéria que já foi objeto de 
apelação, levando-se em consideração que, 
por não ter participado do julgamento, não 
pode sofrer seus efeitos, o que afrontaria o 
princípio da ampla defesa e do contraditório. 
 
Hipóteses de indeferimento da petição inicial 
(art. 295, p. único, CPC): 
 
1. Inépcia da petição inicial 
A petição será considerada inepta quando: 
- faltar o pedido ou causa de pedir; 
- da narração dos fatos não decorrer 
logicamente a conclusão; 
- o pedido for juridicamente impossível; 
- os pedidos forem incompatíveis entre si. 
O pedido e a causa de pedir compõem os 
elementos que identificam a ação, sendo 
exigência expressa do art. 282, III e IV, a 
narração na inicial da causa de pedir e do 
pedido. A importância dessa descrição na 
inicial deriva da necessidade de fixação dos 
limites objetivos da ação e da pretensão do 
autor, sem o que o réu não poderá exercer 
ativamente seu direito de defesa. O julgamento 
do juiz também restará prejudicado caso o 
autor não indique tais elementos, não se 
podendo respeitar o art. 460, CPC. 
Eventual incompatibilidade lógica entre os 
argumentos e a conclusão também gera o 
indeferimento da inicial. Não pode, por 
exemplo, narrar fatos e fundamentos jurídicos 
típicos da anulação de casamento – ser parte 
um enfermo mental sem discernimento para os 
atos da vida civil – e concluir requerendo o 
divórcio. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
8 
O pedido juridicamente possível é uma das 
condições da ação e não estando presente 
acarretará o indeferimento da inicial. Pedido 
juridicamente impossível é o vedado pelo 
ordenamento jurídico, não podendo, por 
expressa previsão legal, ser concedido pelo 
juiz. 
Por fim, a petição inicial não poderá conter 
pedidos incompatíveis. É preciso atenção para 
essa causa de inépcia da petição inicial, 
considerando-se que nem toda espécie de 
cumulação exige a compatibilidade dos 
pedidos. Havendo cumulação imprópria (em 
sentido geral), ou seja, cumulação subsidiária 
ou cumulação alternativa, não há problema em 
coexistirem pedidos incompatíveis. Se o juiz 
somente pode conceder um entre os pedidos 
cumulados, estes podem ser incompatíveis, 
não havendo nenhuma razão para o 
indeferimento da petição indeferimento da 
petição inicial na cumulação própria-simples e 
sucessiva, sendo que numa visão mais 
instrumentalistado processo seria caso de 
emenda da inicial, permitindo-se que o autor 
escolha entre os pedidos originalmente 
formulados. 
 
2. Manifesta ilegitimidade de parte 
Menciona o art. 295, II, CPC, que a parte deve 
ser “manifestamente ilegítima”, levando a crer 
que a mera ilegitimidade não seria o suficiente 
para o indeferimento. É claro que, se o juiz, ao 
analisar a petição inicial, se convencer da 
ilegitimidade de uma das partes – ou mesmo 
de ambas -, deverá indeferir a inicial. 
 
3. Falta de interesse de agir 
Ausência de interesse processual. 
 
4. Prescrição e decadência 
O art. 295, IV, CPC, cria hipótese de 
indeferimento da petição inicial que contém 
uma especialidade que a diferencia de forma 
bastante clara das outras formas de 
indeferimento. Como expressamente previsto 
no art. 269, IV, CPC, a sentença que 
reconhece prescrição e decadência é 
sentença de mérito, geradora da coisa julgada 
material. É interessante a situação em que o 
réu, apesar de nem ter sido integrado ao 
processo – não houve citação - , se beneficia 
de uma sentença definitiva. Como não 
participar do processo, o réu deverá ser 
intimado do resultado do mesmo, tomando 
ciência da coisa julgada material que o 
favorece, podendo utilizar tal alegação no caso 
de o autor repetir a propositura da mesma 
demanda (art. 219, §6º, CPC). 
O art. 219, §5º, CPC, passar a permitir ao juiz 
o conhecimento de ofício da prescrição 
independentemente dos sujeitos processuais 
ou do direito material tutelado, o que 
proporciona uma amplitude significativa de 
casos de indeferimento da petição inicial. A 
doutrina processual não gostou da novidade 
legislativa, lembrando que essa atuação 
oficiosa do juiz impede que o réu renuncie à 
prescrição, direito material expressamente 
previsto no art. 191, CC. O interesse do réu em 
renunciar a prescrição pode ser moral, ao 
preferir uma sentença de improcedência que o 
declare não ser devedor, ou econômico, 
considerando que o art. 940, CC, prevê o 
direito a cobrar em dobro aquele que demanda 
por dívida já paga ou o valor cobrado do que 
demanda valor superior ao da dívida, salvo se 
houver prescrição. Apesar da resistência, a 
jurisprudência vem admitindo o indeferimento 
com base na literalidade da lei. 
 
5. Procedimento adequado 
O art. 295, V, CPC, aponta como causa de 
indeferimento a inicial o procedimento 
inadequado escolhido pelo autor. Embora se 
trate de causa de indeferimento, o próprio 
artigo prevê que este só ocorrerá se não for 
possível a adequação ao procedimento 
adequado. Assim, sempre que for possível a 
adaptação, essa oportunidade deve ser dada 
ao autor, através de emenda à inicial. 
Seria também possível a conversão de 
processos e não só de procedimentos ? 
A doutrina majoritária e o STJ não admitem a 
conversão de um processo em outro, mas 
Daniel Assumpção tem entendimento diverso, 
entendendo que o juiz não pode modificar de 
ofício, mas não há nenhum inconveniente 
prático ou jurídico a impedir que o juiz 
determine ao autor a emenda da petição inicial 
para que providencie a adequação do 
processo às exigências do caso concreto. 
 
6. Ausência de indicação do nome do patrono 
do autor e não realização de emenda 
Por fim, o art. 295, VI, CPC, prevê que a inicial 
será indeferida quando não atendidas as 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
9 
prescrições dos arts. 39, p. único, e 284, CPC. 
Se não indicados o nome e endereço do 
patrono do autor e a irregularidade não for 
sanada quando dada a oportunidade de 
emenda, a inicial será indeferida. 
 
Julgamento de improcedência liminar 
Lei nº 11.277/2006 
Rejeição liminar pedido com enfrentamento do 
direito material alegado pelo autor (art. 285-A, 
CPC). 
Objetivo: encerrar demandas repetitivas, 
típicas da sociedade de massa em que 
vivemos. 
O art. 285-A, CPC, foi objeto da ADIn 3.695/DF 
proposta pela OAB, intervindo como amicus 
curiae o IBDP, em peça subscrita por Cassio 
Scarpinella Bueno, opinando pela 
constitucionalidade do dispositivo legal. 
Requisitos para julgamento de improcedência 
liminar: 
- matéria controvertida unicamente de direito; 
- já houver no juízo sido proferida sentença de 
total improcedência em casos idênticos. 
Como o disposto fala de “matéria 
controvertida” não está excluída sua aplicação 
quando houver matéria de fato. 
“Casos idênticos” – entendem-se similares, 
afinal não há casos idênticos. 
É possível julgamento imparcial de 
improcedência liminar? 
Não. A razão de ser da norma é celeridade e 
economia processual, o que não seria atingido 
se o processo prosseguir. 
 
ENUNCIADOS DOS FÓRUNS 
PERMANENTES DE PROCESSUALISTAS 
CIVIS 
 
283. (art. 319, §1º; art. 320; art. 396) Aplicam-
se os arts. 319, §1º, 396 a 404 também quando 
o autor não dispuser de documentos 
indispensáveis à propositura da ação (Grupo: 
Petição inicial, resposta do réu e saneamento). 
 
285. (art. 322, §2º) A interpretação do pedido e 
dos atos postulatórios em geral deve levar em 
consideração a vontade da parte, aplicando-se 
o art. 112 do Código Civil. (Grupo: Petição 
inicial, resposta do réu e saneamento). 
 
287. (art. 326) O pedido subsidiário somente 
pode ser apreciado se o juiz não puder 
examinar ou expressamente rejeitar o 
principal. (Grupo: Petição inicial, resposta do 
réu e saneamento). 
 
288. (art. 326) Quando acolhido o pedido 
subsidiário, o autor tem interesse de recorrer 
em relação ao principal. (Grupo: Petição inicial, 
resposta do réu e saneamento). 
 
292. (arts. 330 e 321; art. 4º) Antes de indeferir 
a petição inicial, o juiz deve aplicar o disposto 
no art. 321. (Grupo Sentença, Coisa Julgada e 
Ação Rescisória). 
 
293. (art. 331; art. 332, § 3º; art.1.010, § 3º) Se 
considerar intempestiva a apelação contra 
sentença que indefere a petição inicial ou julga 
liminarmente improcedente o pedido, não pode 
o juízo a quo retratar-se. (Grupo: Petição 
inicial, resposta do réu e saneamento). 
TEXTO CORRESPONDENTE NO NOVO CPC 
PARTE ESPECIAL 
LIVRO I 
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
TÍTULO I 
DO PROCEDIMENTO COMUM 
CAPÍTULO II 
DA PETIÇÃO INICIAL 
Seção I 
Dos Requisitos da Petição Inicial 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I – o juízo a que é dirigida; 
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a 
existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas 
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa 
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a 
residência do autor e do réu; 
III – o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido; 
IV – o pedido com as suas especificações; 
V – o valor da causa; 
VI – as provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
VII – a opção do autor pela realização ou não 
de audiência de conciliação ou de mediação. 
§ 1º Caso não disponha das informações 
previstas no inciso II, poderá o autor, na 
petição inicial, requerer ao juiz diligências 
necessárias a sua obtenção. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
10 
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a 
despeito da falta de informações a que se 
refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo 
não atendimento ao disposto no inciso II deste 
artigo se a obtenção de tais informações tornar 
impossível ou excessivamente oneroso o 
acesso à justiça. 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os 
documentos indispensáveis à propositura da 
ação. 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial 
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 
ou que apresenta defeitos e irregularidades 
capazes de dificultar o julgamentode mérito, 
determinará que o autor, no prazo de 15 
(quinze) dias, a emende ou a complete, 
indicando com precisão o que deve ser 
corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
Seção II 
Do Pedido 
Art. 322. O pedido deve ser certo. 
§ 1º Compreendem-se no principal os juros 
legais, a correção monetária e as verbas de 
sucumbência, inclusive os honorários 
advocatícios. 
§ 2º A interpretação do pedido considerará o 
conjunto da postulação e observará o princípio 
da boa-fé. 
Art. 323. Na ação que tiver por objeto 
cumprimento de obrigação em prestações 
sucessivas, essas serão consideradas 
incluídas no pedido, independentemente de 
declaração expressa do autor, e serão 
incluídas na condenação, enquanto durar a 
obrigação, se o devedor, no curso do 
processo, deixar de pagá-las ou de consigná-
las. 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I – nas ações universais, se o autor não puder 
individuar os bens demandados; 
II – quando não for possível determinar, desde 
logo, as consequências do ato ou do fato; 
III – quando a determinação do objeto ou do 
valor da condenação depender de ato que 
deva ser praticado pelo réu. 
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à 
reconvenção. 
Art. 325. O pedido será alternativo quando, 
pela natureza da obrigação, o devedor puder 
cumprir a prestação de mais de um modo. 
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo 
contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz 
lhe assegurará o direito de cumprir a prestação 
de um ou de outro modo, ainda que o autor não 
tenha formulado pedido alternativo. 
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido 
em ordem subsidiária, a fim de que o juiz 
conheça do posterior, quando não acolher o 
anterior. 
Parágrafo único. É lícito formular mais de um 
pedido, alternativamente, para que o juiz 
acolha um deles. 
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único 
processo, contra o mesmo réu, de vários 
pedidos, ainda que entre eles não haja 
conexão. 
§ 1º São requisitos de admissibilidade da 
cumulação que: 
I – os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II – seja competente para conhecer deles o 
mesmo juízo; 
III – seja adequado para todos os pedidos o 
tipo de procedimento. 
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder 
tipo diverso de procedimento, será admitida a 
cumulação se o autor empregar o 
procedimento comum, sem prejuízo do 
emprego das técnicas processuais 
diferenciadas previstas nos procedimentos 
especiais a que se sujeitam um ou mais 
pedidos cumulados, que não forem 
incompatíveis com as disposições sobre o 
procedimento comum. 
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às 
cumulações de pedidos de que trata o art. 326. 
Art. 328. Na obrigação indivisível com 
pluralidade de credores, aquele que não 
participou do processo receberá sua parte, 
deduzidas as despesas na proporção de seu 
crédito. 
Art. 329. O autor poderá: 
I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou 
a causa de pedir, independentemente de 
consentimento do réu; 
II – até o saneamento do processo, aditar ou 
alterar o pedido e a causa de pedir, com 
consentimento do réu, assegurado o 
contraditório mediante a possibilidade de 
manifestação deste no prazo mínimo de 15 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
11 
(quinze) dias, facultado o requerimento de 
prova suplementar. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste 
artigo à reconvenção e à respectiva causa de 
pedir. 
Seção III 
Do Indeferimento da Petição Inicial 
Art. 330. A petição inicial será indeferida 
quando: 
I – for inepta; 
II – a parte for manifestamente ilegítima; 
III – o autor carecer de interesse processual; 
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 
e 321. 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial 
quando: 
I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as 
hipóteses legais em que se permite o pedido 
genérico; 
III – da narração dos fatos não decorrer 
logicamente a conclusão; 
IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. 
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a 
revisão de obrigação decorrente de 
empréstimo, de financiamento ou de alienação 
de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, 
discriminar na petição inicial, dentre as 
obrigações contratuais, aquelas que pretende 
controverter, além de quantificar o valor 
incontroverso do débito. 
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso 
deverá continuar a ser pago no tempo e modo 
contratados. 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor 
poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 
(cinco) dias, retratar-se. 
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará 
citar o réu para responder ao recurso. 
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, 
o prazo para a contestação começará a correr 
da intimação do retorno dos autos, observado 
o disposto no art. 334. 
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será 
intimado do trânsito em julgado da sentença. 
CAPÍTULO III 
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase 
instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente 
improcedente o pedido que contrariar: 
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal 
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal 
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça 
em julgamento de recursos repetitivos; 
III – entendimento firmado em incidente de 
resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça 
sobre direito local. 
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente 
improcedente o pedido se verificar, desde 
logo, a ocorrência de decadência ou de 
prescrição. 
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será 
intimado do trânsito em julgado da sentença, 
nos termos do art. 241. 
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá 
retratar-se em 5 (cinco) dias. 
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o 
prosseguimento do processo, com a citação do 
réu, e, se não houver retratação, determinará 
a citação do réu para apresentar 
contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
CAPÍTULO V 
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE 
MEDIAÇÃO 
Art. 334. Se a petição inicial preencher os 
requisitos essenciais e não for o caso de 
improcedência liminar do pedido, o juiz 
designará audiência de conciliação ou de 
mediação com antecedência mínima de 30 
(trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo 
menos 20 (vinte) dias de antecedência. 
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, 
atuará necessariamente na audiência de 
conciliação ou de mediação, observando o 
disposto neste Código, bem como as 
disposições da lei de organização judiciária. 
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão 
destinada à conciliação e à mediação, não 
podendo exceder a 2 (dois) meses da data de 
realização da primeira sessão, desde que 
necessárias à composição das partes. 
§ 3º A intimação do autor para a audiência será 
feita na pessoa de seu advogado. 
§ 4º A audiência não será realizada: 
I – se ambas as partes manifestarem, 
expressamente, desinteresse na composição 
consensual; 
II – quando não se admitir a autocomposição. 
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, 
seu desinteresse na autocomposição, e o réu 
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
12 
10 (dez) dias de antecedência, contados da 
data da audiência. 
§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na 
realização da audiência deve ser manifestado 
por todos os litisconsortes. 
§ 7º A audiência de conciliação ou de 
mediação pode realizar-se por meioeletrônico, 
nos termos da lei. 
§ 8º O não comparecimento injustificado do 
autor ou do réu à audiência de conciliação é 
considerado ato atentatório à dignidade da 
justiça e será sancionado com multa de até 
dois por cento da vantagem econômica 
pretendida ou do valor da causa, revertida em 
favor da União ou do Estado. 
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por 
seus advogados ou defensores públicos. 
§ 10. A parte poderá constituir representante, 
por meio de procuração específica, com 
poderes para negociar e transigir. 
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida 
a termo e homologada por sentença. 
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou 
de mediação será organizada de modo a 
respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) 
minutos entre o início de uma e o início da 
seguinte.

Outros materiais