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150724043015 NOVO CPC PROC TRAB AULA 01

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O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
O Novo CPC e seus Reflexos no Processo do Trabalho 
Aryanna Manfredini 
 
1 
1. NOVO CPC 
 
 o novo CPC começou a tramitar em 
julho de 2010 no Senado Federal; 
 quatro meses depois, em dezembro de 
2010, o tramite encerrou-se no Senado; 
 O Brasil teve 2 CPC em período 
ditatoriais; 
 1939 – Estado Novo 
 1973 – Ditadura Militar 
 Este é o primeiro código democrático 
no Brasil; Aliás isso não ocorreu com nenhum 
código no Brasil. Mesmo o Código Civil de 
2002 tem seu projeto datado de 1972. 
 Após os 4 meses no Senado, o projeto 
tramitou aproximadamente 2 anos e meio da 
Câmara (31/08/2011 a 26/03/2014); 
 Em razão das diversas alterações da 
Câmara retornou ao Senado, foi sancionado 
pela Presidente da República e depois 
publicado em 17/03/2015. 
 Trata-se, portanto, de um código 
democrático em que vários seguimentos da 
sociedade foram ouvidos. 
 Dentro deste contexto vamos estudar 
algumas das implicações dos mais relevantes 
temas do NCPC no Processo do Trabalho. 
 
2. PRINCÍPIOS 
 
Cassio Scarpinella Bueno: 
"(…) é um código de brasileiros feito para 
brasileiros. Embora o art. 1º do Senado diga 
“Leia a Constituição e depois volte aqui”. O 
art. 2º do próprio Senado diz: “Eu sei que 
você não leu. Então vamos falar aqui os 
melhores momentos dos princípios 
constitucionais aplicáveis ao Processo. 
 
Vejamos os primeiros artigos do NCPC: 
 
CAPÍTULO I 
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO 
PROCESSO CIVIL 
 
Art. 1o O processo civil será ordenado, 
disciplinado e interpretado conforme os 
valores e as normas fundamentais 
estabelecidos na Constituição da República 
Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições deste Código. 
 
Art. 2o O processo começa por iniciativa da 
parte e se desenvolve por impulso oficial, 
salvo as exceções previstas em lei. 
 
Art. 3o Não se excluirá da apreciação 
jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2o O Estado promoverá, sempre que 
possível, a solução consensual dos conflitos. 
§ 3o A conciliação, a mediação e outros 
métodos de solução consensual de conflitos 
deverão ser estimulados por juízes, 
advogados, defensores públicos e membros 
do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial. 
 
Art. 4o As partes têm o direito de obter em 
prazo razoável a solução integral do mérito, 
incluída a atividade satisfativa. 
 
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa 
do processo deve comportar-se de acordo 
com a boa-fé. 
 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem 
cooperar entre si para que se obtenha, em 
tempo razoável, decisão de mérito justa e 
efetiva. 
 
Art. 7o É assegurada às partes paridade de 
tratamento em relação ao exercício de direitos 
e faculdades processuais, aos meios de 
defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação 
de sanções processuais, competindo ao juiz 
zelar pelo efetivo contraditório. 
 
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o 
juiz atenderá aos fins sociais e às exigências 
do bem comum, resguardando e promovendo 
a dignidade da pessoa humana e observando 
a proporcionalidade, a razoabilidade, a 
legalidade, a publicidade e a eficiência. 
 
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma 
das partes sem que ela seja previamente 
ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se 
aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência 
previstas no art. 311, incisos II e III; 
III - à decisão prevista no art. 701. 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau 
algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha 
dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria 
sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do 
Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de 
justiça, pode ser autorizada a presença 
somente das partes, de seus advogados, de 
defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão 
obedecer à ordem cronológica de conclusão 
para proferir sentença ou acórdão. 
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento 
deverá estar permanentemente à disposição 
para consulta pública em cartório e na rede 
mundial de computadores. 
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: 
I - as sentenças proferidas em audiência, 
homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
II - o julgamento de processos em bloco para 
aplicação de tese jurídica firmada em 
julgamento de casos repetitivos; 
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de 
incidente de resolução de demandas 
repetitivas; 
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 
485 e 932; 
V - o julgamento de embargos de declaração; 
VI - o julgamento de agravo interno; 
VII - as preferências legais e as metas 
estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Justiça; 
VIII - os processos criminais, nos órgãos 
jurisdicionais que tenham competência penal; 
IX - a causa que exija urgência no julgamento, 
assim reconhecida por decisão 
fundamentada. 
§ 3o Após elaboração de lista própria, 
respeitar-se-á a ordem cronológica das 
conclusões entre as preferências legais. 
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de 
que trata o § 1o, o requerimento formulado 
pela parte não altera a ordem cronológica 
para a decisão, exceto quando implicar a 
reabertura da instrução ou a conversão do 
julgamento em diligência. 
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, 
o processo retornará à mesma posição em 
que anteriormente se encontrava na lista. 
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista 
no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o 
processo que: 
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, 
salvo quando houver necessidade de 
realização de diligência ou de 
complementação da instrução; 
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, 
inciso II. 
 
CAPÍTULO II 
DA APLICAÇÃO DAS NORMAS 
PROCESSUAIS 
 
Art. 15. Na ausência de normas que regulem 
processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativos, as disposições deste Código 
lhes serão aplicadas supletiva e O NCPC 
dedica o 1º capítulo as normas fundamentais 
(art. 1º ao 12). 
As normas fundmsentais dividem-se em: 
a) Princípios: Ex. Devido processo 
legal; 
b) Regras: Ex. Proibição do uso de 
prova ilícita; 
 Esse capítulo dedica-se ao estudo 
das normas fundamentais do processo civil, 
sejam elas extraídas da Constituição ou do 
CPC. 
 Há normas fundamentais do 
processo civil dividem-se em: 
a) Direitos fundamentais – art. 5º da 
CF/1988 
b) Outras que não possuem o status 
de direito fundamental. 
 Os 12 primeiros artigos versam 
sobre essas normas fundamentais, mas há 
outras previstas na Constituição e no próprio 
CPC. 
 
2.1 Aplicação Subsidiária do CPC no 
Processo do Trabalho 
- art. 769, CLT 
- art. 889, CLT 
- art. 15, NCPC: 
 
“Art. 15. Na ausência de normas que regulem 
processos eleitorais, trabalhistas ou 
 
 
 
 
 
 
 
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administrativos, as disposições deste Código 
lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente". 
c) O art. 15 é mais amplo do art. 769 da CLT? 
d) A grande questão é: e quando a legislação 
processual trabalhista não for omissa e o 
Código de Processo Civil se mostrar mais 
justo, atual e compatível com o processo do 
trabalho? 
 
2.2 - Princípio do Contraditório 
- NCPC revoluciona a idéia de contraditório; 
- Art. 10. O juiz não pode decidir,em 
qualquer grau de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha 
dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria 
sobre a qual deva decidir de ofício. 
- Incabível a decisão surpresa; 
 
2.3. Princípio da cooperação 
- Em decorrência do princípio do contraditório 
o NCPC inaugura um novo modelo de 
processo o da COOPERAÇÃO. Cooperação 
das partes com o tribunal e do tribunal com as 
partes. 
- Ressalta-se para as PARTES o dever de 
boa-fé, traduzido no dever de agir com ética e 
lealdade processual; 
- Exigir-se-a do tribunal 4 categorias de 
deveres: 
a) dever de esclarecimento: 
b) dever de prevenção: 
- o NCPC tem artigos nesse sentido: 
 art. 772, II, NCPC: impõe ao juiz que, em 
qualquer momento da fase executiva, advirta 
o executado que o seu procedimento constitui 
ato atentatório a dignidade da justiça, o que 
acarreta multa de até 20% do valor da causa, 
de acordo com a gravidade da conduta. Antes 
de punir o executado, o juiz deve adverti-lo 
quanto o comportamento aparentemente 
temerário, para que a parte possa explicar-
se. 
b) art. 77, § 1°, NCPC: ao expedir a ordem ou 
mandado para cumprimento de diligência o 
juiz deverá advertir aos sujeitos de que seu 
comportamento recalcitrante poderá resultar 
na aplicação da multa por ato atentatório a 
dignidade da justiça. 
c) dever de consulta: 
d) dever de auxílio: 
2.4. Princípio da Garantia da Solução Integral 
do Mérito 
 
Art. 4º, NCPC. As partes têm o direito de obter 
em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
 O NCPC tem artigos nesse sentido: 
 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem 
cooperar entre si para que se obtenha, em 
tempo razoável, decisão de mérito justa e 
efetiva. 
 
art. 76: verificada a incapacidade processual 
ou a irregularidade de representação da 
parte, juiz suspenderá o processo e designará 
prazo razoável para que seja sanado o vício. 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme 
as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
IX - determinar o suprimento de pressupostos 
processuais e o saneamento de outros vícios 
processuais;: 
 
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz 
declarará que atos são atingidos e ordenará 
as providências necessárias a fim de que 
sejam repetidos ou retificados. 
§ 2o Quando puder decidir o mérito a favor da 
parte a quem aproveite a decretação da 
nulidade, o juiz não a pronunciará nem 
mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
 
Art. 317. Antes de proferir decisão sem 
resolução de mérito, o juiz deverá conceder à 
parte oportunidade para, se possível, corrigir 
o vício. 
 
art. 321: ao verificar que a petição inicial não 
preenche os requisitos do art. 319 e 320 do 
NCPC ou que apresenta defeitos ou 
irregularidades capazes de dificultar o 
julgamento de mérito, determinará que o autor 
no prazo de 15 dias emende ou complete a 
petição inicial. 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito 
quando: 
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos 
casos de que tratam os incisos deste artigo, o 
juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 
 
 
 
 
 
 
 
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Obs: a possibilidade de retratação consiste 
em um estímulo para que o juiz reexamine 
sua decisão de não examinar o mérito. 
 
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá 
o mérito sempre que a decisão for favorável à 
parte a quem aproveitaria eventual 
pronunciamento nos termos do art. 485. 
Obs: é o artigo que mais evidencia o princípio 
da primazia da decisão de mérito. 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
Parágrafo único. Antes de considerar 
inadmissível o recurso, o relator concederá o 
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que 
seja sanado vício ou complementada a 
documentação exigível. 
 
Art. 1.017. A petição de agravo de 
instrumento será instruída: 
§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no 
caso de algum outro vício que comprometa a 
admissibilidade do agravo de instrumento, 
deve o relator aplicar o disposto no art. 932, 
parágrafo único. 
 
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o 
recurso especial, nos casos previstos na 
Constituição Federal, serão interpostos 
perante o presidente ou o vice-presidente do 
tribunal recorrido, em petições distintas que 
conterão: 
§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o 
Superior Tribunal de Justiça poderá 
desconsiderar vício formal de recurso 
tempestivo ou determinar sua correção, 
desde que não o repute grave. 
 
DISPOSITIVO SEMELHANTE HÁ NA CLT – 
ART. 896, § 11. 
 
vício formal de recurso tempestivo ou 
determinar sua correção, desde que não o 
repute grave. 
 
DISPOSITIVO SEMELHANTE HÁ NA CLT – 
ART. 896, § 11. 
 
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para 
Turma do Tribunal Superior do Trabalho das 
decisões proferidas em grau de recurso 
ordinário, em dissídio individual, pelos 
Tribunais Regionais do Trabalho, quando: 
§ 11. Quando o recurso tempestivo contiver 
defeito formal que não se repute grave, o 
Tribunal Superior do Trabalho poderá 
desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, 
julgando o mérito. 
 
3. REGRAS 
 
3.1. Instauração do processo por iniciativa da 
parte e impulso oficial 
As normas fundamentais do processo civil 
dividem-se em princípios fundamentais e 
regras. 
O art. 2º do CPC apresenta duas regras: 
a) A instauração do processo por iniciativa da 
parte; 
b) o processo desenvolve-se por impulso 
oficial. 
 
Art. 2o, NCPC. O processo começa por 
iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas 
em lei. 
Instauração do Processo por iniciativa da 
parte 
 
Obs: Art. 856, CLT - A instância será 
instaurada mediante representação escrita ao 
Presidente do Tribunal. Poderá ser também 
instaurada por iniciativa do presidente, ou, 
ainda, a requerimento da Procuradoria da 
Justiça do Trabalho, sempre que ocorrer 
suspensão do trabalho. 
 
Obs 2. Art. 878, CLT - A execução poderá ser 
promovida por qualquer interessado, ou ex 
officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou 
Tribunal competente, nos termos do artigo 
anterior. 
 
Obs. 3. Há incidentes processuais a que o 
órgão julgador pode dar início sem 
necessidade de provocação da parte. Ex. 
Incidente de resolução de demandas 
repetitivas (art. 976, NCPC), conflito de 
competência (art. 951, NCPC), incidente de 
arguição de inconstitucionalidade (art. 948, 
NCPC) e, se admitido no Processo do 
Trabalho, o incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica. 
 
 
Impulso Oficial 
 
 
 
 
 
 
 
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Obs 1. Art. 765, CLT - Os Juízos e Tribunais 
do Trabalho terão ampla liberdade na direção 
do processo e velarão pelo andamento rápido 
das causas, podendo determinar qualquer 
diligência necessária ao esclarecimento 
delas. 
 
Obs 2. Não impede que o autor simplesmente 
desista da ação. A vedação à desistência é 
regra excepcionalíssima e deve decorrer de 
previsão em lei. 
 
Obs 3. A regra é importante para a solução de 
problemas da prescrição intercorrente, que é 
a que se croncretiza durante a tramitação do 
processo. 
 
Como o processo se desenvolve por impulso 
oficial, a demora do judiciário não pode levar 
a prescrição. 
 
No processo do trabalho devemos considerar: 
- art. 878, CLT 
- Súmulas 114, TST 
- Súmulas 327, STF 
 
3.2. Regra da obediência a ordem cronológica 
da conclusão 
 
Visando concretizar o princípio da igualdade 
e da duração razoável do processo, o art. 12, 
NCPC impõe ao juiz observar a ordem 
cronológica de conclusão do processo 
quando proferir uma decisãofinal. 
 
Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão 
obedecer à ordem cronológica de conclusão 
para proferir sentença ou acórdão. 
 
Conclusão: “ato em que o escrivão ou chefe 
de secretaria (ou outro servidor) certifica que 
o processo está pronto para a decisão, pois 
nada mais há para ser feito, por isso, os autos 
(eletrônicos ou não) são “entregues” 
(eletronicamente ou não) ao gabinete do juiz 
para que ele profira a decisão”. (Fredie 
Didier) 
 
A lista de processos aptos a julgamento 
deverá estar permanentemente à disposição 
para consulta pública em cartório e na rede 
mundial de computadores (art. 12, § 1º, 
NCPC). 
 
A regra somente se aplica as sentenças ou 
acórdãos finais (art. 12, caput). 
 
Não se aplicam às decisões interlocurórias ou 
acórdão interlocutórios (que não encerram o 
processo). 
 
3.2.1. Exceções a ordem cronológica 
 
Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão 
obedecer à ordem cronológica de conclusão 
para proferir sentença ou acórdão. 
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: 
 
I - as sentenças proferidas em audiência, 
homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
 
II - o julgamento de processos em bloco para 
aplicação de tese jurídica firmada em 
julgamento de casos repetitivos; 
Ex. Teses firmadas em incidentes de 
resolução de demandas repetitivas ou em 
recurso de revista repetitivos. 
Agrupam-se os processos para a aplicaçào 
da tese. Trata-se de técnica de aceleração 
dos julgado. 
 
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de 
incidente de resolução de demandas 
repetitivas; 
Ex. Recurso de revista repetitivos pelo TST e 
incidentes de resolução de demandas 
repetitivas pelos TRTs. 
É preciso criar uma lista de conclusão para as 
preferências legais (art. 12, § 3º, NCPC). 
 
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 
485 e 932; 
Apenas as decisões finais submentem-se a 
observância da ordem cronológica de 
conclusão. A decisão do relator pautada no 
art. 932 do NCPC não observam a ordem. 
Também não entram na fila as sentenças que 
extinguem o processo sem resolução do 
mérito (art. 485, NCPC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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V - o julgamento de embargos de declaração; 
O julgamento de embragos de declaração 
integra o julgamento embargado. Trata-se de 
um complemento dele, sua continuação. 
 
VI - o julgamento de agravo interno; 
Recurso cabível contra a decisão do relator. 
O caso já foi julgado, de maneira que o 
agravo apenas submete a decisão a revisão 
pelo órgão colegiado. 
Além disso, a as decisões monocráticas do 
relator estão for a da fila, logo é natural que o 
julgamento do agravo interno que é 
prologamento do julgamento monocrático do 
relator também estivesse. 
 
VII - as preferências legais e as metas 
estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Justiça; 
Preferências legais – Ex: idoso (art. 1.048, I, 
NCPC); casos regulamentados no Estatuto da 
Criança e do Adolecente (art. 1.048, II, 
NCPC); dissídios que versem apenas sobre 
salários ou decorra, da falência do 
empregador (art. 652, CLT) 
Portadores de doença grave, assim 
considerados os elencados no art. 6º, XIV, Lei 
7713/88: 
 
Art. 6º, XIV, lei 7713/88 – os proventos de 
aposentadoria ou reforma motivada por 
acidente em serviço e os percebidos pelos 
portadores de moléstia profissional, 
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose 
múltipla, neoplasia maligna, cegueira, 
hanseníase, paralisia irreversível e 
incapacitante, cardiopatia grave, doença de 
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, 
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados 
avançados da doença de Paget (osteíte 
deformante), contaminação por radiação, 
síndrome da imunodeficiência adquirida, com 
base em conclusão da medicina 
especializada, mesmo que a doença tenha 
sido contraída depois da aposentadoria ou 
reforma; 
 
VII - as preferências legais e as metas 
estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Justiça; 
Preferências legais – Ex: idoso (art. 1.048, I, 
NCPC); casos regulamentados no Estatuto da 
Criança e do Adolecente (art. 1.048, II, 
NCPC); dissídios que versem apenas sobre 
salários ou decorra, da falência do 
empregador (art. 652, CLT) 
A insobservância das metas do CNJ para 
julgamento com prioridade de processos 
ajuizados em determinado ano pode acarretar 
infração disciplinar. 
 
VIII - os processos criminais, nos órgãos 
jurisdicionais que tenham competência penal; 
Não se aplica na Justiça do Trabalho; 
 
IX - a causa que exija urgência no julgamento, 
assim reconhecida por decisão 
fundamentada. 
Situações excepcionais; 
O interessado poderá requerer uma tutela de 
urgência, que no caso virá conjuntamente 
com a sentença. 
 
 Ocuparão o primeiro lugar na fila: 
 
Art, 12, § 6º, NCPC. Ocupará o primeiro lugar 
na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, 
no § 3o, o processo que: 
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, 
salvo quando houver necessidade de 
realização de diligência ou de 
complementação da instrução; 
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, 
inciso II. 
O Inciso II do art. 1.040 do NCPC refere-se a 
hipótese em que o tribunal reapreciará a 
causa e aplicará a tese firmada pelo Tribunal 
Superior. 
 
3.2.2. Caledário Processual e Ordem 
Cronológica 
 
 O calendário processual está previsto 
no art. 191 do CPC. 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as 
partes podem fixar calendário para a prática 
dos atos processuais, quando for o caso. 
§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e 
os prazos nele previstos somente serão 
modificados em casos excepcionais, 
devidamente justificados. 
§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para 
a prática de ato processual ou a realização de 
audiência cujas datas tiverem sido 
designadas no calendário. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Como compatibilizar o calendário 
processual com a ordem cronológica de 
conclusão? 
2 alternativas (Fredie Didier): 
a) marcar audiência para a prolação da 
sentença (art. 12, § 2º, I, NCPC); 
b) a prolação da sentença é ato que não pode 
ser inserido no calendário. 
 
3.2.3 Consequências do descumprimento da 
regra 
 O terceiro preteridopoderá 
representar contra o juiz no respectivo tribunal 
e no Conselho Nacional de Justiça; 
 Não é o caso de nulidade da 
decisão, por ausência de norma nesse 
sentido e também porque o desrespeito a 
ordem não prejudica nenhuma das partes. 
 Embora o prejuízo seja de terceiros, 
a decisão proferida antes não tem por objeto 
qualquer direito de terceiro, por isso, não 
autoriza recurso de terceiro com o objetivo de 
invalidar a decisão; 
 O desrepeito a ordem cronológica, 
por si só, não pode caracterizar a suspeição 
do juiz, mas pode constituir indício da mesma 
por interesse no julgamento do processo em 
favor de uma das partes (art. 145, IV, NCPC). 
 
3.2.4 Extensão da Regra à atuação dos 
servidores ou chefes de secretarias 
 
Art. 153, NCPC. O escrivão ou chefe de 
secretaria deverá obedecer à ordem 
cronológica de recebimento para publicação e 
efetivação dos pronunciamentos judiciais. 
 A lista de processos recebidos 
deverá ser disponibilizada, de forma 
permanente, para consulta pública (§ 1º) 
 
Exceções: 
 
Estão excluídos da regra do caput: 
 
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo 
juiz no pronunciamento judicial a ser 
efetivado; 
 
II - as preferências legais (§ 2º) 
 Exceções: 
Estão excluídos da regra do caput: 
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo 
juiz no pronunciamento judicial a ser 
efetivado; 
II - as preferências legais (§ 2º) 
 Listas própriasde situações de 
urgência e preferências legais: Após 
elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a 
ordem cronológica de recebimento entre os 
atos urgentes e as preferências legais 
 A parte que se considerar 
preterida na ordem cronológica poderá 
reclamar, nos próprios autos, ao juiz do 
processo, que requisitará informações ao 
servidor, a serem prestadas no prazo de 2 
(dois) dias (§ 4º) 
 Constatada a preterição, o juiz 
determinará o imediato cumprimento do ato e 
a instauração de processo administrativo 
disciplinar contra o servidor (§ 5º) 
 
3.2.5 – regras de transição 
 
Art. 1.046, § 5o A primeira lista de processos 
para julgamento em ordem cronológica 
observará a antiguidade da distribuição entre 
os já conclusos na data da entrada em vigor 
deste Código.

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