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UNIVERSIDADE PAULISTA IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ANA LÚCIA ALVES MENDES ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2016: Estudo de caso sobre negação de fornecimento de prótese por plano de saúde SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2016 i IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ANA LÚCIA ALVES MENDES ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2016: Estudo de caso sobre negação de fornecimento de prótese por plano de saúde Trabalho da disciplina Atividades Práticas Supervisionadas (APS) do 6º semestre do Curso de Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP Orientador: Prof. Rogério Messias Alves de Abreu SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2016 ii IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ANA LÚCIA ALVES MENDES ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2016: Estudo de caso sobre negação de fornecimento de prótese por plano de saúde Trabalho da disciplina Atividades Práticas Supervisionadas (APS) do 6º semestre do Curso de Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ ____ /_____ /_____ Professor: Rogério Messias Alves de Abreu Universidade Paulista – UNIP iii AGRADECIMENTOS Ao Prof. Rogério Messias Alves de Abreu pela orientação desta APS. Este grupo, na pessoa de sua líder, aluna Irma Aparecida de Souza, agradece ao Instituto de Estudos Avançados, onde a mesma é bolsista do CNPq, por ceder a infraestrutura computacional e horas de trabalho, necessárias à execução deste trabalho. Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica, obtida por aprovação em processo seletivo (concurso). iv RESUMO O presente trabalho é um estudo de caso de uma situação hipotética, onde o segurado de um plano de saúde, necessitando de uma prótese a ser aplicada em cirurgia ortopédica reparado de dano sofrido num acidente, tem o seu custeio negado pela operadora do plano de saúde. É apresentada uma análise da aplicabilidade da Lei nº 9.656/98 e do Código de Defesa do consumidor ao problema-objeto de estudo, bem como, a aplicação da lei processual civil (CPC antigo e novo CPC) numa demanda judicial pleiteando o pagamento da prótese pela operadora do plano de saúde. Do estudo da jurisprudência verificou-se nestas demandas, via de regra, sentença condenatória. Como resultado deste estudo concluiu-se que o Novo CPC possibilita que o outrora pedido liminar, que verse sobre a antecipação dos efeitos da tutela no bojo da ação de obrigação de fazer, seja uma demanda própria e única, sem a necessidade da veiculação de um processo de conhecimento propriamente dito e, ademais, num procedimento simplificado. Palavras chave: Plano de saúde. Implantação de prótese. Clausula excludente. Direito do consumidor. Ação Civil. v SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6 1.1 O problema proposto ............................................................................................. 6 1.2 Objetivo deste trabalho ......................................................................................... 6 1.3 Metodologia ............................................................................................................ 7 1.4 Roteiro deste trabalho ........................................................................................... 7 2 REVISÃO DA LITERATURA E DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL .............. 8 2.1 Legislação aplicável ao problema-objeto de estudo ............................................ 8 2.2 Validade, vigência e eficácia .................................................................................. 9 2.3 A lei processual aplicável ....................................................................................... 11 2.4 Legislação aplicável a contratos de planos de saúde ........................................... 13 3 ANÁLISE DO PROBLEMA PROPOSTO .......................................................... 15 4 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA PROPOSIÇÃO DE UMA AÇÃO. 17 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 19 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 20 6 1 INTRODUÇÃO Trata-se o presente trabalho da análise de um caso hipotético estabelecido pela Coordenação de APS (Atividade Prática Supervisionada) do segundo semestre de 2016, a qual estabeleceu, inclusive, a metodologia de pesquisa, conforme descrito nas subsecções 1.1 e 1.3 da presente introdução. Em termos de tipologia de trabalhos acadêmicos, este trabalho é um estudo de caso, em Direito Civil. 1.1 O problema proposto Foi estabelecido como problema objeto de estudo a seguinte situação hipotética (UNIP, 2016): Marcos Orlando contratou um seguro de saúde individual junto a OMP Seguros Saúde. O contrato foi assinado em 17 de março de 2014 com vigência renovada a cada ano e com o objetivo de fornecer procedimentos de saúde na rede de médicos e hospitais credenciados pela empresa. Em junho de 2015 Marcos Orlando teve conhecimento de que precisa realizar um procedimento de colocação de prótese no joelho esquerdo, cuja cartilagem foi fortemente prejudicada em um tombo que ele levou jogando futebol com os amigos. O médico informou que todas as despesas de cirurgia e hospitalização estão cobertas no contrato, porém a prótese não será fornecida pelo plano de saúde porque há cláusula expressa de não fornecimento. Para a finalidade do presente estudo, desde que não foi fornecido o contrato firmado entre o segurado e a operadora do plano de saúde, adota-se que este seria um plano de referência, conforme estabelecido no artigo 10º da LEI Nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, com a nova redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001. 1.2 Objetivo deste trabalho O objetivo do presente trabalho é o estudo de caso da situação-problema hipotética estabelecida como objeto de estudo, elencando a legislação aplicável ao fato jurídico em questão, que serviria de base para a linha de argumentação e a forma de proposição de uma ação civil de conhecimento condenatória por parte do associado do plano de saúde contra a operadora, pela negativa de fornecimento de prótese para ato cirúrgico por esta operadora dentro da cobertura do referido plano, segundo a legislação processual vigente. 7 1.3 Metodologia A metodologia adotada é a pesquisa da legislação e da jurisprudência aplicada a demandas judiciais iguais ou similares ao problema-objeto de estudo e a sua análise à luz do estudo deste material de pesquisa. Os passos metodológicos para a execuçãodeste trabalho foram pré-estabelecidos pela Coordenação da APS e são os seguintes (UNIP, 2016): 1. Pesquisar se o Novo Código de Processo Civil se aplica a esse caso concreto, ocorrido antes da entrada em vigor da nova lei, porém sem demanda judicial ajuizada porque Marcos Orlando ainda não tomou a decisão. 2. Pesquisar se os contratos de seguro saúde são regulados pelo Código Civil ou por legislação especial, no caso, a Lei 9.656, de 1998; ou, ainda, se por ambos os textos de lei. 3. Decidir como advogados de Marcos Orlando qual a melhor solução a ser adotada e justificar. 4. Pesquisar como os Tribunais brasileiros têm decidido questões semelhantes a estas. 5. Pesquisar de que forma as demandas judiciais têm sido propostas em casos semelhantes e se o novo CPC mantém os mesmos dispositivos. 1.4 Roteiro deste trabalho Este trabalho está dividido em cinco seções. Na presente seção de introdução deste trabalho foram definidos o escopo do trabalho, o problema-objeto de estudo, o objetivo do trabalho e a metodologia de abordagem. Na seção 2 é apresentada a legislação aplicável e uma breve revisão da literatura, discutindo-se brevemente a vigência, eficácia e a aplicabilidade da lei a contratos de plano de saúde, bem como, a lei processual aplicável à demandas judiciais decorrentes da negativa de fornecimento de próteses pelos planos de saúde. Na seção 3 é apresentada uma sucinta análise do problema proposto e na seção 4 os aspectos importantes para a proposição de uma ação. A quinta e última seção é a conclusão do presente trabalho. 8 2 REVISÃO DA LITERATURA E DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL 2.1 Legislação aplicável ao problema-objeto de estudo O contrato seguro de saúde individual foi assinado em 17 de março de 2014 com vigência renovada a cada ano e com o objetivo de fornecer procedimentos de saúde na rede de médicos e hospitais credenciados pela empresa. Em junho de 2015 o segurado teve conhecimento de que precisa realizar um procedimento de colocação de prótese no joelho esquerdo, cuja cartilagem foi fortemente prejudicada em um acidente, porém foi informado que todas as despesas de cirurgia e hospitalização estariam cobertas no contrato, porém a prótese não seria fornecida pelo plano de saúde porque há cláusula expressa de não fornecimento. Ainda não há demanda judicial ajuizada porque o segurado ainda não tomou a decisão. Aqui temos fatos jurídicos acontecidos em momentos diferentes, sobre os quais deve-se analisar a aplicabilidade da legislação vigente, a saber: a) O contrato foi assinado em 17 de março de 2014; b) A renovação se dá a cada ano, ou seja, a primeira novação em 17 de março de 2015; c) A ciência do segurado na necessidade de ato cirúrgico para a colocação de uma prótese e a negação de custeio da mesma pelo plano de saúde em junho de 2015; d) A possibilidade de ajuizamento de ação pelo segurado a partir de junho de 2015 até o presente momento. Observando-se esta cronologia, neste trabalho, foi feito um levantamento da legislação que seria aplicável aos fatos jurídicos atinentes ao problema em questão, conforme listado a seguir: a) LEI Nº 9.656, DE 3 DE JUNHO DE 1998. Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. Alterações pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 24 de agosto de 2001. b) LEI Nº 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973. Institui o código de Processo Civil. Revogada pela Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. c) LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Código de Processo Civil. Publicada em 17 de março de 2015. d) Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. Com as seguintes alterações e regulamentações atualizadas até 2016: Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004. Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997. Decreto nº 5.903, de 20 de setembro de 2006. Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008.; Decreto nº 7.962, de 15 de março de 2013. Decreto nº 7.963, de 15 de março de 2013. e) RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 338, DE 21 DE OUTUBRO DE 2013. Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para 9 cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999; fixa as diretrizes de atenção à saúde; revoga as Resoluções Normativas - RN nº 211, de 11 de janeiro de 2010, RN nº 262, de 1 de agosto de 2011, RN nº 281, de 19 de dezembro de 2011 e a RN nº 325, de 18 de abril de 2013; e dá outras providências. f) RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 349, DE 09.05.2014. Altera a Resolução Normativa - RN nº 338, de 21 de outubro de 2013, que dispõe sobre o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde no âmbito da Saúde Suplementar, para regulamentar o tratamento antineoplásico de uso oral, procedimentos radioterápicos para tratamento de câncer e hemoterapia de que trata a Lei nº 12.880, de 12 de novembro de 2013. g) RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 387, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015. Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999; fixa as diretrizes de atenção à saúde; revoga as Resoluções Normativas – RN nº 338, de 21 de outubro de 2013, RN nº 349, de 9 de maio de 2014; e dá outras providências. Aqui, nota-se que, a despeito do curto espaço de tempo decorrido, houveram alterações nas leis aplicáveis ao problema, de forma que se faz necessária, uma breve análise sobre a validade, vigência, eficácia e a eventual retroatividade de alguma norma legal em situações específicas. Na próxima seção discutiremos a validade, vigência e eficácia da lei. 2.2 Validade, vigência e eficácia Quatro conceitos distintos, mas interligados, devem ser considerados na aplicabilidade das normas jurídicas: validade, vigência, vigor e eficácia. Conceitos formais podem ser encontrados em vários livros texto de disciplinas básicas dos cursos de Direito, como, por exemplo em Reale (2014, p. 105-116) e Gonçalves (2015, p. 59-68). Reale (2014, p. 114) nos ensina que: Validade formal ou vigência é, em suma, uma propriedade que diz respeito à competência dos órgãos e aos processos de produção e reconhecimento do Direito no plano normativo, A eficácia, ao contrário, tem um caráter experimental, porquanto se refere ao cumprimento efetivo do direto por parte de uma sociedade, ao “reconhecimento” (Anerkenmung) do Direito pela comunidade, no plano social, ou, mais particularizadamente, aos efeitos sociais que regra suscita através de seu cumprimento. Entretanto, visando uma simplificação da compreensão destes conceitos para fins de análise do objeto de estudo do presente trabalho, apresentam-se a seguir tais conceitos de forma mais direta e simplificada de acordo com Couto (2014). 10 A validade indica que a norma pertence ao ordenamento jurídico, pois foi criada por autoridade competente, veiculada por instrumento adequado, ingressada no ordenamento jurídico atendendo ao processo legislativo pré-estipulado e relaciona-se de modo coerente com as demais normas jurídicas superiores. A vigência indica que a norma pode, em tese, produzir efeitos. O vigor, por sua vez, é a força obrigatória de uma norma. Uma norma com força obrigatória pode ser socialmente respeitada, possuindo, então, eficácia. A vigência envolve primariamente um critério temporal. Uma norma estará em vigência até que ocorra a sua revogação. Difere de vigor, pois este é a força vinculante da norma. A vigência representa a característica de obrigatoriedade da observância de uma determinada norma, ou seja, é uma qualidade da norma que permite a sua incidência no meio social. A vigência é, portanto, a aptidão da norma para produzir efeitos. A regra, no direito brasileiro,é de que a Lei entra em vigor em quarenta e cinco dias após a sua publicação, de acordo com o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, com nova redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010): "Art. 1º Salvo disposição contraria, a Lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada". Desse modo, a menos que a própria lei estabeleça outro termo para o início de sua vigência, ela passa a vigorar depois de transcorridos quarenta e cinco dias da data de edição do Diário Oficial em que ela foi publicada. A maioria das leis, porém, traz, em seu texto, a data em que passará a viger. Em geral, salvo em situações previstas em lei, como é o caso da legislação tributária, o início da sua vigência coincide com a data da sua publicação. Por vezes, faz-se necessária a concessão de um período de adaptação, para que os destinatários da nova disposição legal possam conhecer e compreender o que fora disciplinado. Por exemplo, a vigência do novo CPC, em seu artigo 1045, estabeleceu o prazo de um ano para início de sua vigência. O período no qual a lei é válida, mas, ainda não é vigente (não vigorará) chama-se “vacatio legis”. A validade não se confunde com a vigência, visto que pode haver uma norma jurídica válida sem que esteja vigente; isso ocorre claramente no interim da “vacatio legis” ou quando o dispositivo legal é revogado, embora continue vinculante para os casos pretéritos. A norma jurídica perde a vigência quando outra a modifica ou a revoga, salvo nos casos em que a norma se destina à vigência temporária, estipulada no próprio texto legal ou em uma norma de hierarquia superior (LOPES et al.,2016). A LINDB, no que diz respeito à antinomia e vigência normativa, estabelece que: Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 11 § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A irretroatividade da Lei no Direito Brasileiro é regra adotada no ordenamento jurídico de nosso país, mas podem haver situações específicas e particularizadas nas quais este princípio parece ser violado (SARAIVA FILHO, 2016; BIJOS, 2016). Na próxima seção deste trabalho abordaremos a questão da retroatividade da lei processual civil. Ainda, com relação à aplicabilidade da Lei, a LINDB estabelece critérios ao Juiz para a lacuna e para a finalidade da Lei: Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 2.3 A Lei processual aplicável A negação de custeio da prótese que se deu em junho de 2015 é um fato jurídico que surgiu na transição entre o antigo Código de Processo Civil (Lei 5.869/1973) e o Novo Código de Processo Civil – Novo CPC (LEI Nº 13.105), aprovado pelo Poder Legislativo em 17 de dezembro de 2014, publicado em 16 de março de 2015 e que começou a vigorar no dia 16 de março de 2016, por força do seu artigo 1045 (PEREIRA, 2016). Assim se uma eventual ação judicial for proposta pelo segurado, esta ação inicialmente será regida pelo antigo CPC se for ajuizada antes de 16 de março de 2016 e pelo novo CPC se for ajuizada a partir dessa data. Mas, a nova lei processual tem efeito imediato e geral, aplicando-se também aos processos pendentes (Art. 1046 do Novo CPC), respeitados os direitos subjetivo- processuais adquiridos, o ato jurídico perfeito, seus efeitos já produzidos ou a se produzir sob a égide da nova lei, bem como, a coisa julgada, como transcreve o artigo 6° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 com nova redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010): Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) 12 § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) A regra de sua aplicação é a irretroatividade e a exceção é a da retroatividade, mas, neste caso, mesmo assim, devendo ser expressa no respectivo texto legal e respeitados os limites do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito. No Brasil, portanto, existe amparo constitucional para a irretroatividade presumida da lei e um limite claro, do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito para a retroatividade da lei, quando expressa no seu texto (Art. 5º, XXXVI, CF). Isto decorre da preocupação maior com a segurança jurídica, com a preservação da confiança de todos na vigência da lei. É uma garantia àqueles que obtiveram algum direito ou entabularam alguma relação obrigacional sob a vigência de determinada norma, de que será ela a regular aquela situação jurídica, mesmo que a evolução legislativa modifique futuramente os regramentos sobre a matéria. O Código de Processo Civil de 2015 (NCPC) trouxe vários dispositivos acerca da incidência da lei no tempo, estabelecendo, no art. 1046, caput, a regra geral da aplicação imediata da lei aos processos pendentes. O art. 14 do mesmo código também trata do tema: “Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada”. Não se previu a retroatividade da lei processual civil, mas, ela tem efeitos imediatos. Segue-se a regra de que a lei foi feita para regular fatos presentes e futuros, mas não para fatos passados. Em consequência, pode-se afirmar que a lei processual nova tem eficácia, nos processos em curso, no ponto em que os encontrar, dali para frente, não prejudicando os atos já praticados e os direitos adquiridos provenientes destes atos passados (PEREIRA, 2016). Assim, a situação jurídica objeto deste estudo, se ocorrida ainda sob o império da lei revogada, que tenha completado todos os atos de sua formação e em condições de refletir um direito processual a uma das partes, estabiliza-se e respeita, também nos seus efeitos, a lei anterior revogada. Mesmo que estes efeitos venham a ocorrer no império da lei nova, é à lei antiga que deverá respeito (LISBOA, 2016). Na hipótese ventilada, no objeto deste estudo, houve um contrato inicial celebrado em 17 de março de 2014, contudo, de acordo com as suas condições, o mesmo teve vigência tão somente pelo período de 12 (doze) meses, até 17 de março de 2015, automaticamente, se firmou nova relação obrigacional extinguindo a anterior (LISBOA, 2016). Desde que tal contrato se renova até os dias atuais, a cada ciclo de 12 (doze) meses, portanto, o contrato vigente hoje entre as partes corresponde a obrigação do período de 17 de março de 2015 a 17 de março de 2016 e assim por diante. 13 É evidente que nos dias atuais o novo CPCalberga tal contrato, haja vista as sucessivas novações contratuais, na forma esculpida no próprio instrumento contratual, o que concebeu novas obrigações ao tempo em que extinguiu as primitivas (LIABOA, 2016). Se a ação fosse iniciada antes de 16 de março de 2016, também albergará o processo em curso, respeitando-se os atos processuais já praticados e seus efeitos. Assim, não há que se falar na retroatividade do novo CPC para alcançar os contratos auto renováveis celebrados antes de 2015 e vigentes até os dias atuais, mas sim na gênese de obrigações em data posterior a da promulgação do mencionado diploma legal, as quais jamais poderiam se contrapor ao ordenamento vigente. 2.4 Legislação aplicável a contratos de planos de saúde A Lei 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros privados de assistência à saúde, reza que será obrigatório o fornecimento de órteses, próteses e seus acessórios quando ligados ao ato cirúrgico (art. 10, VII), portanto, uma vez demonstrada a inter-relação entre a cirurgia e tais aparelhos devida será a cobertura. Nesse sentido, quando a utilização das órteses e próteses for diretamente vinculada ao procedimento cirúrgico e não for permeada por nenhuma finalidade estética, mas sim com o objetivo de prevenir riscos e/ou restabelecer a saúde do segurado, devida será a cobertura pela empresa seguradora (LISBOA, 2016). Quanto à aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados na vigência da Lei 9.656/98 esta é matéria pacífica na jurisprudência a partir da publicação em 06/12/2010 da Súmula 469 do STJ, julgada em 24/11/2010 (DJe 06/12/2010 / RSTJ vol. 220 p. 72), com a seguinte redação: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde”. A súmula consolida o entendimento, há tempos pacificado no STJ, de que “a operadora de serviços de assistência à saúde que presta serviços remunerados à população tem sua atividade regida pelo Código de Defesa do Consumidor, pouco importando o nome ou a natureza jurídica que adota” (Resp 267.530/SP, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJe 12/3/2001). Cabe esclarecer que a Lei 9.656 não limita a eficácia do Código de Defesa do Consumidor, cujas normas devem permear todas as relações de consumo. Dessa sorte, quando o diploma legal específico não for aplicável à matéria, pertinente buscar a solução do conflito por intermédio da aplicação da norma geral (LISBOA, 2016). Já desde antes da súmula 469 o STJ, a D. Ministra Nancy Andrighi, ao proferir o seu voto no julgamento do Recurso Especial nº 319.707 – São Paulo (2001/0047428-4), manifestou-se de forma acurada sobre o objeto do contrato de seguro de saúde e a 14 abusividade das cláusulas limitativas de direito do consumidor, nos termos a seguir transcritos: O contrato é aleatório porque o cumprimento da obrigação do segurador depende de se e quando ocorra aquele evento danoso. Todavia, o segurador estará obrigado a indenizar o segurado pelos custos com tratamento médico adequado desde que sobrevenha a doença, sendo esta a finalidade do seguro-saúde. Assim sendo, a exclusão da cobertura, a priori, de determinado procedimento médico, ferirá a finalidade básica do contrato se, no caso concreto, este for justamente o essencial para garantir a saúde e, algumas vezes, a vida do segurado. Por esses motivos, é de se concluir que a cláusula excludente, in casu, de cobertura de transplante de fígado, procedimento médico que se tornou, pela natureza da doença sofrida pela segurada, o único capaz de curá-la, e, até, de garantir sua vida, atenta contra o objeto do contrato, em si, frustra seu fim, restringindo os efeitos típicos do negócio jurídico, tornando-a inválida pelo disposto no art. 115 do Código Civil de 1916 (LEI Nº 3.071, DE 1º DE JANEIRO DE 1916) e art. 122 do atual Código Civil (LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.) Note-se, ainda, que, além de malferir o fim primordial deste seguro, a cláusula restritiva de cobertura, ora em comento, acarreta desvantagem excessiva ao segurado, pois este celebra o contrato justamente por ser imprevisível a doença que poderá acometê-lo, por recear não ter acesso ao procedimento médico necessário para curar-se, com o intuito, então, de se assegurar contra estes riscos. Tendo em mira que o objeto do contrato em tela é assegurar a saúde do consumidor, assim como assentado no voto ora apresentado, qualquer cláusula contratual predisposta que vede o acesso a serviços e produtos necessários para o seu cumprimento molesta diretamente o equilíbrio contratual e deve ser havida como nula de pleno direito. Por conseguinte, inexiste subterfúgio a ser galgado pelas companhias seguradoras para se escudar do cumprimento da obrigação de arcar com as despesas geradas por ocasião da utilização de órteses/próteses pelo consumidor, haja vista que o Código de Defesa do Consumidor proíbe a edição de cláusulas abusivas que importem na violação do objeto do contrato. 15 3 ANÁLISE DO PROBLEMA PROPOSTO O problema apresentado, se trata do seguinte fato jurídico: Marcos Orlando contratou um seguro de saúde da denominada OMP Seguros de Saúde em 2014 e, após a primeira renovação anual do contrato, viu-se necessitado a realizar uma cirurgia de colocação de prótese no joelho, em junho de 2015. Entretanto surpreendeu-se ao ser informado pelo médico que todas as despesas da cirurgia e hospitalização estavam cobertas pelo contrato, exceto a prótese, devido a uma clausula expressa de não fornecimento. Estaria, então, a partir daí para decidir ajuizar uma ação de conhecimento, solicitando sentença condenatória quanto à obrigação de fazer. Preliminarmente, é irrefutável que se trata de uma relação de consumo entre pessoa física (Marcos Orlando) e pessoa jurídica (OMP), que opera o plano de saúde, e que o tipo de contrato é de adesão. De acordo com a sumula 469 do STJ, é pacífica a aplicação do Código de Defesa do consumidor para análise do mérito. Sob a ótica do direito do consumidor, apesar da clausula de negativa de cobertura da prótese, a mesma, é a peça fundamental da cirurgia. De certo modo essa clausula opõe- se a finalidade do contrato do plano de saúde, em que o contratado garante a cirurgia que carece o contratante, uma vez que não tem sentido ter a cirurgia sem a prótese. Em toda relação contratual, de consumo, deve-se haver equilíbrio entre o fornecedor e o consumidor, para garantir essa igualdade e equilíbrio o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabeleceu princípios. Um deles refletindo o princípio da isonomia, garantia constitucional, estabeleceu no artigo 4 º, inciso I, o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor e, no inciso III, a boa-fé na relação contratual. Além disso, o artigo 47 do CDC, diz: “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. O artigo 47 é aplicável quando há conflito ou obscuridade nas cláusulas contratuais, que, no caso proposto, a clausula apesar de expressa, diverge da essência do contrato com o plano de saúde, de modo que é desfavorável e prejudicial ao consumidor, pois oferece vantagem desproporcional de uma parte em detrimento da outra, pela não observância dos princípios da vulnerabilidade e boa-fé objetiva. Há vasta jurisprudência sobre o assunto e, a título ilustrativo, citam-se apenas duas: 1) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA - PLANO DE SAÚDE - ANGIOPLASTIA - CLÁUSULA CONTRATUAL QUE NÃO COBRE DESPESAS COM PRÓTESES - NECESSIDADE DE COLOCAÇÃO DE STENT PARA O ÊXITO DO PROCEDIMENTO - ABUSIVIDADE - CLÁUSULA AMBÍGUA EM CONTRATO DE ADESÃO - INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR - ART. 47 DO CDC - RECURSO IMPROVIDO. (TJ-MS - AC: 20700 MS 2006.020700-4, Relator: Des. Paschoal Carmello Leandro, Data de Julgamento: 02/12/2008, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: 29/01/2009; 2) PLANODE SAÚDE - PRÓTESE - Se a entidade que promove assistência médica cobre o tratamento e o procedimento cirúrgico, arcará com os materiais essenciais para sua realização de modo eficaz, o que inclui próteses, órteses e seus acessórios. 16 Dano moral, entretanto, não configurado. APELO PROVIDO EM PARTE. (TJ-SP - APL: 9172323142007826 SP 9172323-14.2007.8.26.0000, Relator: Gilberto de Souza Moreira, Data de Julgamento: 29/08/2012, 7ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/10/2012) Assim, é notório que a clausula contratual que não cobre a aplicação da prótese, se trata de clausula abusiva, diante da vulnerabilidade, hipossuficiência1 e não favorecimento do consumidor. O CDC prevê a nulidade dessa clausula no artigo 51, IV, §1º, II, a vedação dessas práticas no artigo 39, IV e a proteção do consumidor no artigo 6º, IV. Tratando-se de processo civil, o artigo 6º, VIII do CDC dispõe que o consumidor é favorecido da inversão do ônus da prova: “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências ”. Com a instauração do novo CPC, o artigo que tratava do ônus da prova (art.333 e agora 373), em que nos incisos I e II, manteve-se a distribuição do ônus probatório, entretanto, o §1º desse artigo traz uma nova visão, a viabilidade de utilizar-se da Distribuição Dinâmica do ônus da prova. Caso seja feito o pleito da ação em juízo, aplicaria o ônus da prova do novo CPC, mesmo o contrato ter sido pactuado antes da lei entrar em vigor, pois sua aplicação é imediata, como previsto no artigo 14 do NCPC, conforme discutido na seção anterior deste trabalho. 1 No campo do direito do consumidor significa falta de conhecimento técnico 17 4 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA PROPOSIÇÃO DE UMA AÇÃO Conforme discutido nas seções precedentes, visando a cobertura da prótese necessária à cirurgia de recuperação dos resultados da lesão, Marcos Rogério (autor), poderia propor uma ação civil de conhecimento contra OMP (ré), com sentença condenatória de obrigação de fazer pela ré. Caso esta ação fosse iniciada antes da vigência do novo CPC, considerando a urgência e necessidade do tratamento, deveria também, em ação autônoma e separada da primeira, requerer a tutela antecipada. A partir da vigência do Novo CPC, estabeleceu-se que a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência (Art. 294); mais especificamente, nos casos das demandas de saúde, é aplicável a Tutela Provisória de Urgência Antecedente (Art. 300 e 301), in verbis: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1 º. Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2 º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3 º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. O Novo CPC possibilita que o outrora pedido liminar, que verse sobre a antecipação dos efeitos da tutela no bojo da ação de obrigação de fazer, seja uma demanda própria e única, sem a necessidade da veiculação de um processo de conhecimento propriamente dito e, ademais, num procedimento simplificado. A antecipação antecedente é tratada no artigo 303 do NCPC, assim redigido: Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Assim, segundo a nova disposição, a tutela antecipada poderá ser requerida de forma autônoma e antecedente, independentemente da necessidade da propositura conjunta de uma ação de conhecimento. A parte envolvida deverá apresentar um requerimento escrito, na forma de uma simples petição, obedecendo aos seguintes requisitos (PISSUMO, 2016): 18 1) Endereçamento ao juízo competente para o pedido principal (NCPC, art. 299) 2) Denominação da súplica, para tornar claro o objetivo da peça (NCPC, art. 303); 3) Exposição sucinta da lide (NCPC, art. 303); 4) Exposição do direito que se pretende realizar (NCPC, art. 303); 5) Configuração dos pressupostos da concessão da medida, quais sejam, a evidência da probabilidade do direito; o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, a ausência de risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão e, eventualmente, a demonstração de hipossuficiência apta a justificar o afastamento das contracautelas de caução (NCPC, art. 300, caput, c/c §§ 1º e 3º); 6) Pedido de aditamento da petição inicial (NCPC, art. 300, I); 7) Indicação da pretensão de valer-se do rito de estabilização previsto no artigo 303, § 5º do NCPC2; 8) Protesto pela citação e intimação do polo passivo (NCPC, art. 303, II) na forma do art. 334; 9) Apontamento do valor da causa, levando-se em conta o aspecto financeiro da tutela final (NCPC, art. 303, § 4º). Ainda, em sua publicação Pissumo (2016) acrescenta os seguintes passos do andamento do processo: 1) Indeferida a liminar, o processo terá curso regular, segundo o procedimento comum (NCPC, arts. 318 a 512) ou 2) Concedida a liminar, caso a parte contrária não interponha agravo de instrumento, o provimento estabilizará (NCPC, art. 304, caput) e, após o esgotamento dos meios necessários ao implemento da ordem judicial, o processo será extinto sem julgamento do mérito (NCPC, arts. 304, § 1º. E 485, X). No prazo de 02 (dois) anos contados da ciência da decisão extintiva do processo, qualquer das partes poderá acionar a outra para rever, reformar, ou invalidar a decisão (NCPC, art. 304, §§ 2º à 5º). 2 O art. 303, § 5º. Imputa ao autor o dever de indicar na inicial se pretende valer-se do benefício do caput. Todavia, tal preceito faz remissão errada, pois, na verdade, a norma a ser reportada é aquela prevista no caput do art. 304, afeto à estabilização da tutela antecedente (PISSUMO, 2016). 19 5 CONCLUSÃO A situação fática estudada neste trabalho é a alegada não cobertura por parte da operadora de um plano de saúde dos custos de implantação de uma prótese em cirurgia ortopédica reparadora que necessita um segurado deste plano de saúde. O contrato de adesão foi firmado na vigência da Lei 6.956/98, tendo prevista em cláusula contratual, a sua renovação anual. Na solução de demandas de contratos de plano de saúde aplica-se o Código de Defesa do Consumidor (CDC), jurisprudência hoje pacífica nos tribunais, com a edição da súmula 469 do STJ. De acordo com o CDC a clausula contratual que restringe o custeio de próteses, quando estas são necessárias ao ato cirúrgico que visa o restabelecimento do paciente, quando não estrita mente para fins estéticos, é considerada abusiva e, portanto, nula. A ação a ser movida pelo segurado que se encontrar nesta situação é, em princípio uma ação de conhecimento condenatória, cabendo,também a tutela antecipada. Até o início da vigência do novo CPC, este caso exigiria duas ações autônomas e independentes, a ação de conhecimento e a ação liminar. A partir da vigência do Novo CPC, estabeleceu-se que a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência (Art. 294); mais especificamente, nos casos das demandas de saúde, é aplicável a Tutela Provisória de Urgência Antecedente (Art. 300 e 301). Assim, segundo a nova disposição, a tutela antecipada poderá ser requerida de forma autônoma e antecedente, independentemente da necessidade da propositura conjunta de uma ação de conhecimento. A parte envolvida deverá apresentar um requerimento escrito, na forma de uma simples petição. Por fim, se concedida a liminar, caso a parte contrária não interponha agravo de instrumento, o provimento estabilizará e, após o esgotamento dos meios necessários ao implemento da ordem judicial, o processo será extinto sem julgamento do mérito. 20 REFERÊNCIAS COUTO, Reinaldo. Considerações sobre validade, vigência e eficácia das normas jurídicas. Revista CEJ, Ano XVIII, n. 64, p. 7-12, set/dez. 2014. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte geral. Vol. 1. 13ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. LISBOA, Artur Ribeiro Barachisio. Os contratos de seguro de saúde celebrados antes de 04 de setembro de 1998 e a cobertura obrigatória de próteses e órteses. Disponível em Ambito Jurídico < http://ambitojuridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=961&r evista_caderno=10 >. Acesso em 15 nov 2016. LOPES, Fernanda Antunes Tofani; GONÇALVES, Julia Marcia Napoleão; MAFIA, Juliana Lima. Interpretação e a Lei de Introdução ao Código Civil. 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Disponível em Jusbrasil < https://marcopissurno.jusbrasil.com.br/artigos/322581915/novo-cpc-ao-vivo-tutela- provisoria-antecipada-antecedente-arts-303-304-breves-ponderacoes-e-um-modelo-de- requerimento-contra-plano-de-saude >. Acesso em 15 nov 2016. REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27ª ed., 12ª tiragem. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. SARAIVA FILHO, Oswaldo Othon de Pontes. A irretroatividade da lei no direito brasileiro. Disponível em Advocacia Geral da União < http://www.agu.gov.br/page/download/index/id/892454 >. Acesso em 14 nov. 2016. UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA. ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – 2016 – ATIVIDADE DO 6º/5º SEMESTRES. Comunicado sem data, 2016.
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