Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2017: Estudo de caso sobre mediação SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2017 i IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2017: Estudo de caso sobre mediação Trabalho da disciplina Atividades Práticas Supervisionadas (APS) do 8º semestre do Curso de Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP Orientador: Prof. Dr. Fernando Peixoto SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2017 ii IRMA APARECIDA DE SOUZA ALINE RAFAELA SILVÉRIO DA SILVA ONI DE FREITAS GOMES PATRICIA APARECIDA TOMAZ DA SILVA KAWAKAMA RODRIGO APARECIDO BARBOSA PIRES SEGUNDA ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DE 2017: Estudo de caso sobre mediação Trabalho da disciplina Atividades Práticas Supervisionadas (APS) do 8º semestre do Curso de Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ ____ /_____ /_____ Professor: Dr. Fernando Peixoto Universidade Paulista – UNIP iii AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr Fernando Peixoto, pelas orientações recebidas e pelo incentivo constante. iv RESUMO Este trabalho relata e analisa um caso hipotético da controvérsia de dois vizinhos com respeito ao uso de aparelhos sonoros em alto volume por um deles que, alega o segundo, estar seu sossego sendo perturbado. Neste caso hipotético as partes recorrem à mediação da controvérsia e a audiência de mediação foi dramatizada pelos integrantes do grupo os quais, a seguir, relatam a sua experiência com a dramatização. Um breve estudo sobre o estatuto legal da mediação é apresentado neste trabalho e a sua aplicação na situação fática, embora hipotética, avaliada neste trabalho. Palavras chave: Mediação. Extrajudicial. Direitos disponíveis. v SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6 1.1 Contextualização da mediação e conciliação nos dias atuais ............................ 6 1.2 Objetivo deste trabalho ......................................................................................... 8 1.3 O problema proposto ............................................................................................. 8 1.4 Método de abordagem .......................................................................................... 9 1.5 Roteiro do texto ..................................................................................................... 9 2 DIFERENÇAS ENTRE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO .............................. 11 3 O CONFLITO E A DRAMATIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO 13 4 A EXPERIÊNCIA DA DRAMATIZAÇÃO........................................................ 16 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 18 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 19 6 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é o relatório de Atividade Prática Supervisionada (APS) do segundo semestre de 2017 e o objeto de estudo é a mediação extrajudicial. Para a execução do trabalho foi proposto pela Coordenação da APS um caso hipotético da controvérsia de dois vizinhos com respeito ao uso de aparelhos sonoros em alto volume por um deles que, alega o segundo, estar seu sossego sendo perturbado. Neste caso hipotético as partes recorrem à mediação da controvérsia e a audiência de mediação foi dramatizada pelos integrantes do grupo os quais, a seguir, relatam a sua experiência com a dramatização (UNIP, 2017). Um breve estudo sobre o estatuto legal da mediação é apresentado neste trabalho e a sua aplicação na situação fática, embora hipotética, avaliada neste trabalho. 1.1 Contextualização da mediação nos dias atuais Costuma-se dizer que onde está o homem está o conflito, pois mesmo sozinho, tem seus conflitos interiores. Se um ser humano se aproxima de outro surge a possibilidade de conflito entre eles, o que muitas vezes acontece. Tal possibilidade acentua-se na sociedade contemporânea, pois, com o progresso pós-revolução industrial, os homens se aglomeraram em cidades, o que causou o aumento dos conflitos e, em consequência, a violência que deles nasce. Assim, o conflito é inerente ao ser humano, tanto como indivíduo quanto como ser social (MICHELON, 2017). Conflitos sem solução transformam-se num verdadeiro tormento para as pessoas, gerando desesperança, falta de autoestima e uma verdadeira desconfiança em tudo e em todos, inclusive nos profissionais do Direito e nas instituições democráticas, como é o caso do Poder Judiciário. O conflito em si não é o problema. O problema é a forma de lidar com o conflito. De uma perspectiva negativa, o conflito é entendido como um mal que deve em si mesmo. Mas o conflito pode ser encarado de forma positiva, como oportunidade de crescimento e aprendizado: oportunidade de progresso, função esta desempenhada pela mediação e conciliação (MICHELON, 2017). Os Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos são instrumentos de pacificação social, garantidos constitucionalmente, na medida em que permitem o 7 acesso à justiça, o qual é um direito fundamental consagrado na Constituição Federal, devendo ser aplicados a sua máxima efetividade no plano fático. Os métodos alternativos de resolução de conflitos, negociação, conciliação, mediação e arbitragem, são meios complementares à jurisdição e não disputam com a adjudicação (CONIMA, 2017). A conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças. Em 2015, entrou em vigência a Lei de Mediação (Lei nº 13.140/2015), para dispor sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. A autocomposição consiste na solução direta entre os litigantes através de acordo firmado entre eles, isto é, o conflito é solucionado por ato das próprias partes, sem emprego de violência, sem a intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontades. O Parágrafo único do Art. 1º da Lei 13.140 de 26 de junho de 2015 estabelece que: “Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. Assim, a mediação é a composição do conflito com a participação de um terceiro, supra partes o mediador escolhido pelas partes, e que tem a função de ouvi-las, intermediar a negociação, subsidiar as partes de informação e formular sugestões de propostas conciliatórias, para decisão daspartes. As partes não são obrigadas a aceitar as propostas. O mediador nada decide, apenas interfere para aproximar as vontades divergentes dos litigantes. O mediador é um profissional qualificado que tenta fazer com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem removê-las. Trata-se de técnica para catalisar a autocomposição. Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação (Lei 13.140/2015, art. 3º). O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público (Lei 13.140/2015, art. 3º, § 2º). 8 De acordo com o Art. 20 da Lei 13.140/2015, o procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo final, quando for celebrado acordo entre as partes ou quando não se justificarem novos esforços para a obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido, seja por manifestação de qualquer das partes. O acordo celebrado pode ser total ou parcial. O documento de acordo constitui título executivo extrajudicial e, quando homologado judicialmente (no caso de direitos indisponíveis em que se admite negociação), constitui título executivo judicial (Lei 13.140/2015, art. 20, §único). No caso de descumprimento deste, o acordo pode ser executado perante o Poder Judiciário, através da propositura da ação executória, fundamentada no acordo escrito. 1.2 Objetivo deste trabalho O objetivo geral do trabalho é um breve estudo da mediação e o objetivo específico do trabalho é avaliar os reflexos do procedimento de mediação num caso hipotético, pela dramatização da postura e decisões dos litigantes durante a audiência de conciliação. 1.3 O problema proposto O problema apresentado em linguagem coloquial pela Coordenação da APS e que resultou no conflito de interesses a ser mediado é o seguinte (UNIP, 2017): Ginésio Solstício é morador de uma casa de fundos no Bairro Pedra Alta, em Itapepino, cidade do Estado do Rio de Janeiro. O morador da casa da frente, Sildácio Sepomeda é um senhor de 85 anos que vive sozinho, goza de muito boa saúde, porém tem perda auditiva significativa e, em consequência, ouve muito mal. O senhor Sildásio coloca todos os seus aparelhos eletrônicos em som muito alto, em especial durante o dia, quando ele liga o rádio e a TV ao mesmo tempo. O vizinho Ginésio é garçom de um bar muito famoso em Itapenino e trabalha diariamente no horário das 18 às 02 horas da manhã. Depois que o bar fecha, por volta de 01 hora da manhã, Ginésio tem que arrumar todas as mesas e cadeiras, ajudar a lavar o chão e a louça utilizada e ainda colocar refrigerantes e cervejas no freezer para 9 que estejam geladas no dia seguinte no almoço. É um trabalho bem desgastante fisicamente, por isso quando retorna para casa Ginésio quer tomar um banho, comer alguma coisa e dormir até o início da tarde. Mas, quem disse que ele consegue? Já às 06 horas da manhã o vizinho Sildásio liga o rádio, a TV e coloca no último volume em razão da sua deficiência auditiva. Ginésio adoraria mudar dali para outra casa, mas no momento não dispõe de condições financeiras e o aluguel está bem barato, o que é bastante conveniente para ele. Ele já tentou conversar com o vizinho, mas, todas as vezes, a conversa terminou em discussão. O vizinho Sildásio alega que só faz barulho durante o dia e que isso é permitido por lei. Cansado, Ginésio procurou o Grupo de Solução de Conflitos mantido pelo Fórum da cidade de Itapepino, para tentar obter uma solução por mediação ou por conciliação. 1.4 Método de abordagem O método de abordagem também foi definido pela coordenação da APS e consiste nos seguintes passos (UNIP, 2017): 1. Pesquisar as diferenças entre mediação e conciliação e escrever um texto de no mínimo 20 e no máximo 40 linhas sobre o conceito e a diferença entre os dois institutos jurídicos. 2. Escolher se a melhor solução para o caso de Ginésio e Sildásio é por mediação ou conciliação. 3. Organizar uma reunião de mediação ou conciliação, conforme a escolha acima, em que um integrante fará o papel de Ginésio, outro integrante do grupo fará o papel de Sildásio e, outro fará o papel de mediador ou conciliador. Os demais deverão observar e anotar os argumentos das partes em defesa de seus direitos, e as tentativas do conciliador/mediador em solucionar o problema. 4. O Grupo deverá relatar a experiência da dramatização do problema em até 40 linhas. Se necessário, a experiência deverá ser repetida com troca de papéis entre os componentes do grupo, de forma que todos possam experimentar a situação. 1.5 Roteiro deste trabalho O presente trabalho foi dividido em cinco seções principais, de acordo com a nomenclatura da ABNT. A primeira seção consistiu na apresentação do problema objeto de estudo, do objetivo do trabalho e do método de abordagem. Na segunda seção é feita uma breve discussão sobre as diferenças entre mediação e conciliação e a justificativa por se optar pela mediação para a resolução do conflito. Na terceira seção é narrada a dramatização da audiência de conciliação. 10 Na quarta seção é marrada e avaliada a experiência da dramatização. Por fim a quinta seção é apresentada a conclusão do texto desta monografia. 11 2 DIFERENÇAS ENTRE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO Conciliação e mediação, conforme apresentado na introdução do presente trabalho, são métodos alternativos da solução de conflitos, que apresentam algumas semelhanças, porém tem diferenças que definem as situações fáticas nas quais se aplicam, ou seja, no modo de atuação do terceiro imparcial e o tipo de conflito envolvido. Podemos dizer que esses dois métodos, são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças (COSTA, 2017). Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) são unidades do Poder Judiciário responsáveis pela realização das sessões de conciliação e mediação pré-processuais, que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem como pelo atendimento e orientação ao cidadão. Os Princípios que regem a conciliação e mediação são: Independência; Imparcialidade; autonomia da vontade (inclusive quanto à definição de regras procedimentais); confidencialidade (a todas as informações produzidas no procedimento); oralidade; informalidade e decisão informada (COSTA, 2017). A conciliação e a mediação podem ser judiciais ou extrajudiciais e as partes podem estar assistidas por advogados ou defensores públicos, sendo que se uma estiver assistida, a outra necessariamente também o será. Ao distinguir a mediação da conciliação, pode-se dizer que a mediação é atividade privada, mesmo que processual e visa resolver abrangentemente o conflito entre as partes, enquanto a conciliação contenta-se em solucionar o litígio conforme as posições apresentadas pelos envolvidos (JUSBRASIL, 2017). A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o conflito. Em regra, é utilizada em conflitos multidimensionais ou complexos. A Mediação é um procedimento estruturado, não tem um prazo definido e pode terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que compatibilizem seus interesses e necessidades. Aplica-se no caso dos controversos já terem um histórico de relação 12 social e, presumivelmente, continuarãoa ter após a resolução da controvérsia. Segundo Rech (2017): A mediação é técnica usada quando os sujeitos em conflito têm histórico de vínculo anterior e o canal de comunicação foi rompido. Comumente, são casos em que o conflito é incrementado por situações de cunho pessoal, marcadas por sentimentos como raiva, vingança e intolerância, infelizmente muito comuns em causas que envolvem o Direito de Família. A função do mediador é auxiliar os interessados a compreender o panorama de que são protagonistas, estimulando o restabelecimento do canal de comunicação, de modo a que eles possam encontrar, por si mesmos, soluções consensuais. A Conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra com relação ao conflito e imparcial. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social das partes. A técnica de resolução do conflito adotada foi a mediação pelo fato dos controversos serem vizinhos, muito próximos, que tinham relações de vizinhança antes do conflito de interesses e que, por força de suas residências próximas continuarão a manter tais relações de vizinhança, após a solução do conflito. 13 3 O CONFLITO E A DRAMATRIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO O Sr. Sildácio idoso com problemas de audição, sempre dorme por volta das vinte horas, enquanto o Sr. Genésio um jovem de aproximadamente 22 anos começa a trabalhar às 23 horas em um restaurante famoso na cidade, onde exerce função de garçom, função que exige atenção, educação, agilidade e uma aparência saudável. Diante de todas essas necessidades do Sr. Genésio para exercer o seu cargo de garçom, necessário era para o jovem ter nas suas horas de folga um sono tranquilo e reparador, para que, na noite seguinte poder trabalhar tranquilamente e com saúde. O Sr. Genésio começa a dormir por volta das três horas da madrugada logo após chegar em casa tomar um banho alimentar-se e então desfrutar do tão esperado descanso. Porém o Sr. Sildácio, que goza de boa saúde e dorme bem a noite toda, acorda por volta das seis horas da manhã, liga o seu televisor, o rádio e, também, costuma fazer bastante baralho para preparar seu dejejum. Entretanto, o Sr. Sildácio apesar de gozar de uma saúde invejável possui uma deficiência auditiva grave, o que o motiva colocar todos os seus eletroeletrônicos no volume máximo, causando grande transtorno ao Sr. Genésio que mora nos fundos da casa em que o Sr. Sildácio mora. Diante de tal desconforto o Sr. Genésio tentou por várias vezes convencer o Sr. Sildácio a mudar seu horário de ligar os aparelhos eletrônicos ou diminuir o volume e, até mesmo, esperar para começar suas atividades domesticas um pouco mais tarde. Mas nenhum pedido do Sr. Genésio foi atendido, foi então que Genésio resolveu pedir ajuda à justiça para resolver tal conflito pois já estava completamente sem esperança, além de querer preservar seu emprego ele não tinha condições de se mudar para outro local, pois o aluguel que pagava naquele pequeno recinto era o único que cabia em seu orçamento. O Sr. Genésio foi encaminhado para o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). O Sr. Sildácio foi convidado a comparecer juntamente com Sr. Genésio em reunião de mediação, o que o fez de boa-fé, entendendo que não estava cometendo nenhum ato lesivo ao seu vizinho. Na audiência de mediação, Sr. Genésio e Sr. Sildácio entraram e se sentaram em volta da mesa redonda, o que significa que vão discutir o assunto de maneira igualitária; a mediadora, Aline, presente na mesa como terceira, se apresentou, 14 confirmou os nomes das partes, indagou como as partes gostariam de ser chamadas, perguntou-lhes se já haviam participado de uma audiência de mediação, e diante da negativa, explicou-lhes o funcionamento e o papel de cada um. A mediadora esclareceu que estava ali para ajudar a resolver o problema deles, que era imparcial e que tudo o que diriam ali seria confidencial, que cada um teria sua vez de falar e que para não serem interrompidos teriam um papel para anotar o que gostaria de falar para a outra parte, quando terminasse de falar. Disse também que não era juíza e não estava lá para julgar, mas sim para ajudar as partes a chegarem em um acordo e estabelecer o diálogo, e que esse acordo seria firmado em um termo em que as partes assinariam. Após a abertura da audiência de mediação, as partes apresentaram suas versões do fato. Primeiramente Genésio tomou a palavra, e disse que trabalhava a noite e descansava durante o dia, mas que infelizmente isso era impossível devido seu vizinho da frente, Sildácio, colocar seus aparelhos eletrônicos em som muito alto durante o dia e que já tentaram conversar, mas não chegaram em nenhum acordo. Sildácio em sua vez disse que tem problemas de surdez e já ultrapassa os 80 anos, e que não poderia mudar sua rotina, pois tinha que tomar sua vitamina, assistir o jornal da manhã, fazer sua caminhada matinal e tomar seus remédios, e que ele achava muito estranho um rapaz jovem dormir o dia todo. Genésio explicou-lhe que trabalha como garçom, explicou-lhe suas atividades e o porquê descansava durante o dia. A mediadora perguntou a Sildácio o que ele tinha para propor para resolver a adversidade com Genésio. Sildácio disse que seu aparelho de surdez estava quebrado e que precisava dele, e que ele não tinha o dinheiro para o conserto, pois custava R$ 250,00 e perguntou se Genésio poderia colaborar financeiramente com o conserto. Genésio por sua vez, explicou-lhe que poderia contribuir com R$100,00 reais e nada além disso, pois não ganhava muito, Sildácio disse que estava bom, e que iria pedir ajuda de sua filha para completar o restante. Diante disso, Genésio se comprometeu em dar R$100,00 reais até o fim do mês para ajudar no conserto do aparelho de surdez, e Sildácio se comprometeu em abaixar o volume de seus eletrodomésticos assim que receber seu aparelho. 15 Com a mediação foi possível que ambas as partes dialogassem de forma pacifica e respeitosa, em que inclusive o Sr. Sildácio compreendeu que Genésio trabalhava a noite, e Genésio viu o sério problema de surdez de Sildácio. Ao final, apertaram as mãos e fizeram um termo em que assinaram, ficando acordado que: “Aberta a audiência, foi celebrado acordo entre as partes nos seguintes termos: 1º Genésio se responsabiliza que após o dia 20 deste mês vai dar o valor de R$100,00 reais para ajudar no conserto do aparelho de surdez de Sildácio. 2º Sildácio se compromete que assim que receber o aparelho de surdez em abaixar o volume de todos os seus eletroeletrônicos durante o dia.” No caso apresentado as próprias partes apresentaram a solução e resolveram o conflito. 16 4 A EXPERIÊNCIA DA DRAMATIZAÇÃO A Mediação é um Processo não-adversarial e voluntário de resolução de controvérsias por intermédio do qual duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, buscam obter uma solução consensual que possibilite preservar o relacionamento entre elas. Para isso, recorrem a um terceiro facilitador, o Mediador-especialista imparcial, competente, diligente, com credibilidade e comprometido com o sigilo; que estimule, viabilize a comunicação e auxilie na busca da identificação dos reais interesses envolvidos. O Mediador, através de uma série de procedimentos e de técnicas próprias, identifica os interesses das partes e constrói com elas, sem caráter vinculativo, opções de solução, visando ao consenso e/ou à realização do acordo. A Mediação envolve aspectos emocionais, relacionais, negociais, legais, sociológicos, entre outros. Assim, quando necessário, para atender às peculiaridades de cada caso,também poderão participar do Processo profissionais especializados nos diversos aspectos que envolvam a controvérsia, permitindo uma solução interdisciplinar por meio da complementaridade do conhecimento. O êxito na mediação judicial ou extrajudicial, depende de alguns fatores essenciais, sendo o principal deles a capacidade do profissional que atua como mediador. As características de um bom mediador são: auxiliar os interessados a compreender as questões e os interesses em conflito; auxiliar no restabelecimento da comunicação entre os envolvidos; auxiliar as partes a identificarem soluções consensuais benéficas para todos. Foi realizado uma reunião de mediação entre o Sr. Sildácio e Sr Genésio para que juntos pudessem encontrar uma solução para seus conflitos, que hora estava causando grande desconforto para ambas as partes. A reunião de mediação, conduzida pela mediadora Sra. Aline. Diante um do outro a Sra. Aline explicou-lhes como seria conduzida aquela reunião, onde os dois Sildácio e Genésio, cidadãos de bem, mas que até o exato momento não conseguiam entender as necessidades um do outro. Foi que surgiu a tão esperada mediação para que um idoso e um jovem pudessem entender as suas diferenças e com grande naturalidade conduzida pela sabedoria da Sra. Aline. 17 Foi então que o Sr. Sildácio compreendeu que aquele jovem que estava ali diante dele precisava ter o seu tempo para descansar. Por outro lado, o Sr. Genésio ficou sabendo da deficiência auditiva de que padecia aquele idoso. Foi resolvido o problema de conserto do aparelho auditivo de Sildácio com a colaboração financeira de Genésio, em comum acordo de vontades e, com isso, foi feita a promessa de diminuição do barulho para que Genésio pudesse dormir e ter suas energias renovadas para o trabalho. Foi uma experiência única onde duas pessoas de gerações diferentes não só chegaram a uma solução para seus conflitos quando, auxiliado por um terceiro imparcial, puderam entender a necessidade um do outro, ou seja: eram pessoas que precisam somente de um auxílio para que eles mesmos pudessem ver que havia uma solução para os seus problemas. Portanto, foi diante da mesa redonda, ali, um olhando para o outro com seres humanos passivos de cometerem erros, tiveram a oportunidade de encontrarem juntos uma solução para seus conflitos. As pessoas que dramatizaram este fato puderam sentir o que a mediação pode fazer, trazer a paz e o bom relacionamento entre pessoas. 18 5 CONCLUSÃO A mediação transcende à solução da controvérsia, dispondo-se a transformar um contexto adversarial em colaborativo. É um processo confidencial e voluntário, onde a responsabilidade das decisões cabe às partes envolvidas. Difere da negociação, da conciliação e da arbitragem, constituindo-se em uma alternativa ao litígio e, também, um meio para resolvê-lo (Silva, 2008). A opção pela Mediação prestigia o poder dispositivo das partes, possibilita a celeridade na resolução das controvérsias e reduz os custos. Os procedimentos são confidenciais e a responsabilidade das decisões cabe às partes envolvidas. A Mediação possui características próprias que a diferenciam de outras formas de Resolução de controvérsias, possibilitando inclusive estabelecer, a priori, a futura adoção da arbitragem (SALES, 2009). O compromisso com as pessoas envolvidas na controvérsia, a importância do instituto para a sociedade e a seriedade imprescindível ao seu exercício pela figura do mediador. Ante todo o exposto, conclui-se que a mediação extrajudicial é a melhor solução para os conflitos entre as partes, seja pela sua celeridade, seja pelo seu custo operacional, porém é imprescindível que o mediador possua conhecimento e capacidade técnica de excelência, preferencialmente por meio de curso credenciado, devidamente certificado pelo respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal. Por fim, caso a mediação judicial tenha sido alcançada, será essa reduzida a termo, constando todas as obrigações e responsabilidades de cada parte, tendo esse documento força de título judicial. Se o acordo ocorrer através da mediação extrajudicial, o termo será assinado entre as partes e por 2 (duas) testemunhas indicadas por essas, no qual também constará todas as obrigações e responsabilidades de cada parte, porém terá força extrajudicial. 19 REFERÊNCIAS ADVOCACIA LISSA RECH. Conciliação e mediação no Novo CPC. Disponível em https://juridicocerto.com/p/advocacia-lissa-rec/artigos/conciliacao-e-mediacao-no- novo-cpc-2221 . Acesso em 23/11/2017. COSTA, Alexandre Araújo. Cartografia dos métodos de composição de conflitos. Capitulo III - Entre mediação e conciliação. Disponível em http://www.arcos.org.br/artigos/cartografia-dos-metodos-de-composicao-de- conflitos/iii-entre-mediacao-e-conciliacao. Acesso em 23/11/2017. CONIMA. Regulamento Modelo Mediação do Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem, Disponível em http://www.conima.org.br/regula_modmed. Acesso em 23/11/2017. JUSBRASIL. Mediação, conciliação e arbitragem. Qual a diferença entre elas? Disponível em https://salomaoviana.jusbrasil.com.br/artigos/159810633/mediacao- conciliacao-e-arbitragem-qual-a-diferenca-entre-elas . Acesso em 23/11/2017. MICHELON, Regina Maria Coelho. A contribuição do mediador na ação comunicativa: estabelecendo o diálogo do aprendizado. Disponível em: http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10867. Acesso em: 23/11/2017. SALES, Lília Maia de Morais. Justiça e mediação de conflitos. Belo Horizonte: Del Rey 2009. SILVA, João Roberto da. Arbitragem. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 2008. UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA. ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – 2/2017 – ATIVIDADE DO 8º SEMESTRE. Comunicado sem data, 2017.
Compartilhar