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Resenha de BOMENY - Os intelectuais da educação

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TRABALHO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Data 3 Junho 2014
Aluno: Maria Campello Matrícula: 2014023675
	As duas primeiras décadas do Brasil republicano foram marcadas por terem vindo à tona os malogros da nossa sociedade, inábil no que disse respeito à assimilação dos cidadãos na vida em sociedade, especialmente após a abolição da escravidão, e as discussões sobre o que seria a solução para todos nossas mazelas: alfabetizar toda a população.
	A educação foi tida como um privilégio durante o Império, destinada apenas a pouquíssimo, uma vez que chegamos ao início do século XX com cerda de 74,6% da população em idade escolar analfabetos. Esse número, distribuído quase homogeneamente pelo País, pôde ser explicado como herança dos séculos de escravidão no Brasil, que excluía do convívio social aqueles submetidos ao trabalho forçado.
	A constituição de 1891 determinou que a educação básica seria incumbência dos governos de estados e municípios, enquanto caberia ao governo federal cuidar do ensino superior. Consequentemente, os investimentos na educação ficaram à mercê dos interesses e prioridades das políticas dos governos vigentes, políticas essas, nem sempre oportunas à otimização do sistema educacional. 
	Em países como a França, a educação já era tida como um objeto de integração social e de criação de um sentimento que unisse as distintas realidades do país, forjando um laço cultural comum. No Brasil, o pouco que relacionava-se à educação era o trabalho. 
	Na década de 1910, quando o conceito do progresso passou a ser abordado aqui mais recorrentemente - uma vez que o Brasil passou a se ver numa posição desfavorecida se comparado às nações prósperas - passou-se a falar sobre relacionar o avanço da nação com investimentos em educação. 
	Mas tendo sido o Brasil um império escravocrata, a noção de trabalho sempre esteve ligada a escravidão, ganhando um sentido extremamente pejorativo e transpondo ao trabalhador essa conotação negativa. Mas em face ao almejado progresso, o trabalho passou a ser uma necessidade para se adentrar o mundo civilizado, impulsionando o investimento e o aprimoramento das escolas técnicas e do ensino profissional.
	Essa necessidade de mão de obra qualificada foi vista na racista política de trazer para o Brasil imigrantes europeus. Essas pessoas, então “mais preparadas e letradas” mostrou-se como uma tentativa de “higienizar” a sociedade brasileira. Essa política refletiu o conceito das elites econômicas de que o negro era raça inferior e incapaz.
E comicamente, os imigrantes trouxeram com eles a mentalidade de promoção da educação básica, construindo em suas colônias escolas, mantendo nelas o conjunto de valores da sua cultura de origem. As escolas eram, portanto, “o segmento do espaço familiar, uma vez que nelas se cultivavam os valores de suas próprias culturas”
	Com a primeira guerra mundial e as consequentes dificuldades no processo imigratório, o Brasil se viu obrigado a inserir no mercado de trabalho sua “massa inculta, despreparada e abandonada à própria sorte”. 
O ensino profissional foi remodelado, mas numa forma assistencialista, que estendia as dimensões negativas do trabalho e se mostrava direcionado aos “coitados que estavam fadados a frequenta-lo.” 
	Na década de 1930 o Brasil finalmente viu uma busca por parte do Estado por nortear a institucionalização de uma política concreta. 
Porém, esse projeto de reforma educacional gerou embates entre grupos que pretendiam dominá-lo, sendo um dos principais, a Igreja Católica, empenhada em se manter como adestradora de mentalidades. Os Intelectuais, que desde de 1920 expressaram seu ideário no Manifesto dos pioneiros da educação nova, propunham a “escola pública, gratuita e laica”. 
Acabou havendo um confronto com a Igreja, cujos membros mais conservadores chegaram a comparar o liberalismo do ensino laico ao comunismo, os tachando de “desagregadores da sociedade”. É possível ver um grande paradoxo no fato de que os Intelectuais buscavam, com seus planos para a educação, atingir uma sociedade liberal e capitalista no Brasil, semelhantes àquelas em que se buscou inspiração para os modelos para o Manifesto, a estadunidense e a de alguns países europeus.
	As definições e iniciativas mais firmes nas orientações e diretrizes do sistema educacional brasileiro foram vistas na gestão de Gustavo Capanema, entre 1930 e 1945. Apesar de ter estabelecido um padrão para o ensino superior, pôde-se notar a clara intenção formar apenas a elite, principalmente pelo fato de o ensino básico ter sido mantido quase intacto durante seu ministério. 
	Mudanças mais profundas chegaram no final da década de 1940, no pós guerra, quando o liberalismo aristocrático e reduzido a poucas pessoas se viu caduco. Os meados do século XX passaram a pedir um Estado com um maior espírito democrático, que interviesse e garantisse educação a todos. Mas não bastava somente a educação que qualificava mão de obra, era preciso abrir caminhos em direção a maior participação política e social, melhorar as condições de vida e criar um acesso mais amplo às políticas públicas. 
	As décadas seguintes, os anos 1950 e o início dos 1960, viram as ciências sociais legitimarem as manifestações por participação na vida pública e o problema da exclusão social ser colocada em discussão por movimentos sociais. 
	Mesmo a ditadura militar, que chegou no início dos anos 1960, manteve os insucessos na sistematização de um serviço de educação básica no Brasil, mesmo que tenham sido feitos investimentos no ensino superior. Como resposta à perpetuação dos malogros da sociedade analfabeta brasileira, nasceram movimentos como o Mobral, que se lançou numa corrida pela alfabetização, inclusive de adultos. 
Até mesmo a década de 1970, do “milagre brasileiro” com os altos índices de desenvolvimento econômico, não focou seus investimentos na educação.
	Chegado o final do século XX, a sensação de derrotismo e fracasso pairava pelo país, cujos números de acesso a educação, apesar de convidativos, contavam com altos índices de repetência, desempenho insuficiente em cálculo e escrita, incompatíveis com a vida numa “sociedade urbana industrializada”.
	Nos anos 1990, somados aos números de analfabetismo, viu-se os índices de discriminação de pretos e pardos, mostrando que estes se mantiveram ainda excluídos do sistema educacional. 
	O paralelo feito pela autora entre nossos primeiro anos republicanos e o final do milênio nos mostra que apesar de termos deixado os 74,6% de analfabetismo e possuirmos agora uma extensão maior da educação, ainda contamos com um passado repugnante no que disse respeito a falta de vontade de desenvolver um sistema educacional que fosse acessível a todos.
	Ainda há muito o que ser feito para que deixemos de ser o “imenso hospital” de Miguel Pereira para nos tornarmos o mundo social construído por intelectuais de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.
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BIBLIOGRAFIA:
BOMENY, Helena. Os intelectuais da educação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. 85 p

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