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Revisão AV2 Direito Processual Penal II (2)

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GLEISON OTÁVIO BATISTA ALVES
DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
Revisão AV1 – Direito Processual Penal II. 
Teoria geral da prova. 
Introdução. 
O processo penal é um instrumento retrospecção, vez que toda a atividade realizada durante o processo criminal, tem como intuito, reconstruir a realidade. Tal retrospecção, tem sua criação, a partir de elementos trazidos pelas partes e tais elementos, são denominados de provas.
Tal reconstrução, com os elementos trazidos aos autos, não cria, no entanto, uma verdade real, mas sim uma verdade processual, aproximada ou formal. 
Conceito de prova. 
Segundo Nestor Távora, prova é tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do magistrado, demonstrando os fatos, atos ou até mesmo o próprio direito discutido no litígio.
Já segundo Norberto Ávena, prova é o conjunto de elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz (que no Brasil, tem natureza subsidiária e excepcional, vez que somos regidos por um sistema acusatório), visando a formação do convencimento quanto a atos, fatos e circunstancias. 
Natureza jurídica da prova.
Trata-se de um direito subjetivo de as partes demonstrarem a “realidade”, que dentro do processo, é a versão trazida por cada uma das partes. 
Destinatário da prova. 
O destinatário direto ou principal da prova é o juiz, vez que as partes buscam seu convencimento. No entanto, ambas as partes (acusação e defesa) também são considerados destinatários indiretos da prova. 
Exemplo: como destinatário indireto da prova, o Ministério Público, órgão acusador, pode ser convencido da inocência da parte contrária, requerendo, neste sentido, a absolvição do réu ao órgão julgador. 
Finalidade da prova. 
A prova tem como principal finalidade, a formação do convencimento do julgador. 
Fontes de prova x meios de prova x elementos de prova. 
As fontes de prova é tudo aquilo que é idôneo a fornecer resultado apreciável para a decisão do juiz. Podemos, por assim dizer, que as fontes de prova são as pessoas e coisas. 
Exemplo: pedra manchada de sangue, revólver, vestígios e etc. 
Meios de prova é o instrumento através do qual as fontes de prova são trazidas ao processo.
Exemplo: conduzir testemunhas ao processo, arrolar testemunhas, elaborar laudo pericial acerca de um objeto criminoso (revólver, por exemplo). 
Elementos de prova é o dado duplo que se extrai da fonte de prova. 
Exemplo: as informações prestadas por uma testemunha em audiência, as informações contidas dentro de um laudo pericial confirmando que uma arma está apta a disparar. 
Momentos probatórios.
Investigação 
A investigação consiste na busca de fontes de prova. Ou seja, a busca realizada pelos órgãos de persecução (polícia, MP) de pessoas e coisas. 
Proposição 
Consiste no requerimento das provas. Tal requerimento é realizado pelas partes (acusação e defesa), indicando quais serão as modalidades de provas a serem utilizadas. Em regra, a proposição, para a acusação, se dá no oferecimento da denúncia ou queixa-crime e para a defesa, na resposta à acusação ou defesa preliminar. 
Surgindo novos fatos durante o processo, novas testemunhas e modalidades de provas podem ser propostas. 
Exemplo: em audiência, uma das testemunhas diz que seu vizinho viu a situação melhor, neste caso, poderá o juiz deferir o arrolamento de tal, ainda após o momento oportuno. 
Admissão 
A admissão é realizada pelo Juiz, deferindo ou indeferindo os requerimentos de provas solicitados pelas partes, vez que, embora a prova tenha natureza de direito subjetivo, alguns requerimentos podem se dar para apenas haver procrastinação do feito. 
Produção 
Trata-se do momento de realização da prova. É o momento da oitiva da testemunha ou da análise do laudo pericial, por exemplo. 
A produção da prova deve observar o contraditório, de forma que ambas as partes terão oportunidade de acesso à prova.
Exemplo: uma testemunha arrolada pela acusação poderá ser questionada pela defesa. 
Valoração 
Trata-se do momento em que o julgador realiza um juízo de valor das provas em seu conjunto, confrontando umas com as outras para se chegar a uma valoração final. 
De acordo com nosso sistema, não há hierarquia entre as provas. 
Objeto de prova. 
Todos os fatos relevantes para o processo e que reclamem uma apreciação judicial. Tal relevância deve ser analisada de acordo com o caso concreto, pois, algo que não seja relevante em um processo, poderá ser em outro. 
Fatos que independem de prova. 
Fatos inúteis; 
O direito: na maioria das situações, o direito independe de prova, vez que o juiz é o maior conhecedor de tal. São exceções a tal regra, o direito estrangeiro, bem como decretos municipais. 
As presunções legais: a menoridade penal, por exemplo. 
Os fatos notórios: são aqueles fatos que são de conhecimento de todos. 
OBS. Fatos incontroversos. Diferentemente do processo civil, estes, no processo penal, precisam ser comprovados. No processo penal inexiste confissão ficta, pois este lida com direitos indisponíveis. 
Princípios
Princípio da garantia da jurisdição: defende a ideia de que os atos de prova devem ser produzidos perante a autoridade judiciária, com observância do contraditório e da ampla defesa. 
A doutrina faz ainda uma diferenciação entre os elementos de investigação e os elementos de prova. Os elementos de investigação são aqueles colhidos sem observância do contraditório e da ampla defesa, durante a fase policial. Já os elementos de prova, são colhidos com observância destes princípios. 
Princípio do estado ou da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF): o indivíduo poderá apenas ser considerado culpado, a partir do transito em julgado da sentença condenatória. Tal princípio, se relaciona com as provas em geral, no que tange ao ônus da prova, ou seja, tal ônus, de acordo com este princípio, é de quem acusa (art. 156, CPP). 
Princípio da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere): ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
Princípio do contraditório: trata-se da dialeticidade que se deve garantir na produção da prova, ou seja, deve haver o constante diálogo durante a produção da prova. 
Ex. testemunha que pode ser questionada por ambas as partes, bem como laudo, que poderá ser analisado por ambas as partes. 
Princípio do in dubio pro reu (art. 386, CPP): para uma condenação é necessário uma prova robusta, contundente, que porta um juízo de certeza, vez que tal prova está relacionada a direitos indisponíveis. Havendo dúvida, a absolvição é a regra. 
Princípio da identidade física do juiz (art. 399, §2º): o juiz que instrui é o que deve sentenciar, vez que está mais apto, por ter contato direto e pessoal com as provas. 
Princípio da comunhão das provas: as provas pertencem ao processo, e não às partes. Independentemente de quem a tenha trazido à tona, a prova pertence ao processo. 
Ex. MP indica testemunha ao processo, mas não será o único a arguir questionamentos à mesma, pois esta pertence ao processo. 
Princípio da publicidade: as diligências probatórias, em regra, são públicas. Há exceções, no entanto. 
Princípio da oralidade: sempre que possível, a colheita das provas deve se dar de forma oral. 
Princípio da auto responsabilidade das partes: é de responsabilidade das partes, trazer os elementos probatórios que irão formar a convicção do julgador. Caso não desempenhem tal papel a contento, sofrerão as consequências, quais sejam, ao órgão acusador a absolvição, à defesa, a condenação. 
Princípio do convencimento motivado: o juiz, deve formar sua convicção através da análise do acervo probatório (todas as provas trazidas no processo) e de forma motivada. 
Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CF e art. 157, CPP): em um Estado democrático de direito, os órgãos de persecução devem agir em conformidade com a lei, sendo inadmissível a obtenção de provas obtidas por meios ilícitos. 
Ex. invadir domicílio sem mandato,torturar para obter um testemunho. 
Sistemas de apreciação da prova. 
Sistema da certeza moral do juiz ou da intima convicção. 
Por tal sistema, o julgador não precisa justificar a sua decisão, não necessitando indicar quais provas o convenceram da culpabilidade ou inocência do indivíduo. Tal sistema não prevalece no Brasil, embora exista e seja aplicado no Tribunal do Júri. 
Sistema da certeza moral do legislador ou da prova tarifada. 
A partir de tal sistema, a própria lei define um certo valor para a prova, de forma que de acordo com este sistema, há hierarquia entre as provas. Como exemplo, cita-se a confissão, que dentro deste sistema, é o meio de prova mais valorado. Embora no Brasil este sistema não seja aplicado, há resquícios, como no caso de crime que deixa vestígios, onde o exame de corpo e delito será mais valorado que a confissão. 
Sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional. 
De acordo com tal sistema, não há hierarquia entre as provas, de forma que todas são consideradas por igual valor, devendo o juiz analisar o acervo probatório em seu conjunto para dar a decisão de forma motivada. Este é o sistema de apreciação da prova adotado pelo Brasil. 
Ex. refutar um laudo pericial, indicando por qual motivo discorda de tal. 
Ônus probatório.
Em razão do princípio do Estado ou da presunção de inocência, cabe a acusação, comprovar a pretensão punitiva Estatal, ou seja, mostrar os indícios de autoria e materialidade para que haja a condenação. 
Quanto a materialidade, deveria o órgão acusador demonstrar que há fato típico, ilicitude e culpabilidade. 
No entanto, os fatos extintivos e modificativos, devem ser provados pela defesa, quais sejam, as excludentes de ilicitude (legitima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal) e as excludentes de culpabilidade. Caso a defesa não consiga provar, mas traga à tona dúvida ao julgador, a absolvição se impõe.
Meios de prova. 
São as formas em que as partes poderão provar o alegado durante o processo penal. Dividem-se em meios de prova nominados e inominados. 
Meios de prova nominados 
São aqueles que tem expressa previsão na legislação. 
Meios de prova inominados 
São os meios de provas que não portam previsão legislativa, mas são aceitos pela doutrina e pela jurisprudência. São meios de provas inominados, porém aceitáveis: 
Reconhecimento fotográfico e fonográfico;
Prova emprestada: quando houver identidade de fato e quando esta for produzida em contraditório. 
Ex. roubo a uma mercearia por 05 meliantes, porém apenas 03 foram identificados e sofreram denúncia. Posteriormente, identificaram os 02 restantes, havendo identidade de fato, caso a prova, no primeiro processo, tenha respeitado o contraditório, poderá haver o empréstimo de prova. 
Classificação das provas. 
Quanto ao objeto. 
Pode ser: 
Direta: refere-se diretamente ao fato probando, aquele que se quer provar. Ex. testemunha que viu o fato. 
Indireta: refere-se a outro fato, que tem relação ao fato que está sendo apurado. Como exemplo clássico, cita-se o álibi. 
Quanto aos efeitos. 
Pode ser: 
Plena ou indiciária: é a prova exigida para uma sentença condenatória. 
Não plena ou não indiciária: é aquela utilizada para a decretação de uma medida cautelar. Ex. decretação de uma prisão preventiva, onde há necessidade apenas de indícios de autoria. 
Quanto a causa 
Pode ser: 
Real: é a que emerge do fato criminoso. Ex. corpo, projétil ou arma encontrada no local do crime. 
Pessoal: decorre do conhecimento de alguém. Ex. testemunha quando prestam seus depoimentos. 
Quanto a possibilidade de renovação em juízo. 
Pode ser: 
Repetível: é aquela prova que pode ser renovada em juízo, ou seja, apesar de ser colhida em fase de inquérito, poderá ser produzida novamente em juízo. Ex. prova testemunhal, acareação, reconhecimento de pessoas e coisas. 
Irrepetível: é aquela em que não há possiblidade de renovação. Ex. exame de corpo e delito. 
Quanto à forma
Pode ser: 
Testemunhal: é a prova baseada em declarações das testemunhas. 
Documental: são documentos.
Material: vestígios submetidos a perícia. 
Teoria dos frutos da árvore envenenada. 
Trata-se da teoria da ilicitude por derivação, prevista expressamente em nosso diploma processual penal no seu artigo 157. Tal teoria, prega que as provas que derivarem de outras provas ilícitas, serão consideradas ilícitas por derivação.
Ex. Torturar para obter local onde está alguns documentos. Tal prova documental será ilícita por derivação. 
Ex. 2. Coletar digitais de uma prisão ilegal.
OBS. Escutas ambientais. A divulgação da escuta ambiental (somente a gravação é permitida), sem conhecimento dos interlocutores, somente será considerada lícita, se provinda de uma ordem judicial ou se houver um justo motivo (relevante). No entanto, caso haja a chamada cláusula de reserva de sigilo, ainda que haja um justo motivo, tal gravação será considerada ilícita. Esta clausula existirá, quando um dos interlocutores, nesta conversa gravada, pedir segredo, podendo esta ser expressa ou implícita, nesta quando subentende-se, pela relação dos interlocutores. Ex. conversa entre marido e esposa. 
Exceções legais à teoria dos frutos da árvore envenenada (02 teorias). 
Teoria da fonte independente: é aquela fonte que não guarda nenhum nexo de causalidade com a prova considerada ilícita, ou seja, não há nenhuma relação, sendo totalmente independente da prova originária (ilícita). 
Ex. coleta de digitais em uma prisão ilegal x coleta de digitais por uma ficha nomástica. 
Teoria da descoberta inevitável: ocorre quando mesmo que a conduta ilícita para a obtenção da prova não fosse realizada, inevitavelmente, em razão da atividade persecutória a descoberta da prova ocorreria. 
Ex. torturar para que o agente indique onde escondeu o corpo de um homicídio e uma varredura de policiais no local onde ele indicou. 
Outras teorias. 
Teoria do encontro fortuito de provas ou serendiquidade: ocorre quando uma prova é encontrada de forma casual durante a investigação de outro crime. Tal prova, no entanto, somente será considerada lícita se guardar relação com o crime que está sendo investigado. Não havendo relação, o elemento encontrado, no máximo, servirá como notitia criminis para gerar uma nova investigação. 
Ex. Policiais que vão a determinada residência apreender animais e encontram uma gaveta com documentos que dão indício de uma possível sonegação fiscal, tal prova não será admitida. 
Ex. 2. Policiais vão a determinada residência apreender animais e encontram em uma gaveta, cocaína, que só por manter em depósito já se trata de um crime, tal prova será admitida. 
Teoria da mancha purgada ou da tinta diluída: apesar de não ter previsão expressa em nosso sistema jurídico, há decisões jurisprudenciais que admitem tal teoria. Ocorre quando entre a prova ilícita e a dela derivada, há uma ligação ínfima, de forma que a derivada passa a ser considerada lícita, seja em razão do decurso do tempo, seja em razão de fato superveniente. 
Ex. Indivíduo preso ilegalmente que confessa e é solto, posteriormente, sem coação, vem a confessar novamente, ocorrendo assim, fato superveniente.
Teoria da exceção da boa-fé: ocorre quando o agente estatal desconhecia da ilicitude durante a produção da prova. 
Hipóteses de exclusão da ilicitude da prova (Pacelli). 
Excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito): quando presentes alguma destas hipóteses durante a produção da prova, haverá a exclusão da ilicitude. 
Ex. pai que conhece algum funcionário estatal e o convence de realizar uma interceptação clandestina a fim de obter informações do cativeiro e dos sequestradores de seu filho. 
Flagrante delito: ocorre quando a prova é produzida no momento em que o crime está sendo praticado. Ex. filmar um homicídio no momento em que este está acontecendo. 
Hipótesesde aproveitamento da prova ilícita. 
Pela aplicação do princípio da proporcionalidade, pode-se admitir a utilização de uma prova ilícita para o favorecimento do acusado, restrigindo-se, tal possibilidade, apenas ao réu. 
Cabe salientar, que deve haver um juízo de razoabilidade na utilização do princípio acima mencionado, pois o mesmo não autoriza que o réu se utilize desta exceção para produzir provas irrestritamente. Ex. torturar para obter a prova. 
Segundo alguns doutrinadores, tal possibilidade se estende à vítima, quando esta for a responsável pela produção da prova, vez que a restrição total se dá ao agente estatal, porém, tal entendimento não é majoritário. 
Meios de prova. 
Prova pericial. 
O Juiz, apesar de ser o julgador, muitas vezes, necessitará de conhecimento de outros ramos, pois como bacharel em direito, o Juiz não conhece de todos os assuntos momentos.
Conceito. 
Trata-se do exame realizado, por pessoa, com conhecimentos técnicos, científicos, ou domínio específico em determinada área do conhecimento, que tenha relevância para o processo. 
Legitimidade para requerer a prova pericial. 
São legítimos a requerer: 
O juiz; 
A autoridade (delegado) policial: na verdade, na maioria dos casos, há realização de perícia em fase policial. Cabe salientar, que o delegado não necessita da autorização do Juiz para realizar tal diligência. 
Prazo para a realização da perícia (art. 160, § 1º). 
O prazo para a realização da perícia, após a sua determinação é de 10 (dez) dias, podendo ser prorrogável, a pedido fundamentado do perito. Tal prazo, no entanto, é impróprio e, normalmente, não há cumprimento. 
Sistema de apreciação da prova pericial. 
Sistema liberatório (adotado no Brasil, art. 182, CPP): neste tipo sistemático, o Juiz não está vinculado às conclusões encontradas pelo perito. Portanto, analisando todo o acervo probatório, pode o Juiz, verificando divergências, rejeitar o laudo pericial. Tal rejeição, no entanto, deve ser devidamente fundamentada. 
Sistema vinculativo (não adotado no Brasil): neste tipo sistemático, o Juiz deve julgar a causa de acordo com o resultado do laudo pericial. 
Laudo pericial (art. 160, CPP). 
Trata-se do documento elaborado pelos peritos (indivíduo que detém os conhecimentos específicos).
Em regra contém o preambulo, a descrição do objeto, os quesitos (perguntas) e as conclusões dos peritos. 
O perito. 
O perito nada mais é que o profissional, com conhecimentos técnicos específicos de matéria importante ao julgamento do processo. 
O perito é considerado um auxiliar da justiça (art. 275, CPP), sendo considerado, portanto, um sujeito processual acessório. 
O perito, assim como o julgador, deve ser imparcial, neste sentido, também está submetido às regras de suspeição e impedimento.
Classificação dos peritos. 
Oficial (é a regra, art. 159, CPP): é aquele investido no cargo através de concurso público, vale mencionar que aqueles que ingressaram antes da CF/88, portam direito garantido. Os peritos devem ser portadores de diploma de curso superior. 
O perito oficial presta o compromisso no momento da investidura do cargo, não havendo necessidade de fazê-lo a cada perícia realizada. 
Dada uma interpretação literal ao artigo 159, se a perícia for realizada por perito oficial, basta que apenas um atue. 
Há, no entanto, a possibilidade de realização da perícia oficial por mais de um perito, desde que seja uma perícia complexa, que abranja mais de uma área específica ou quando, a Lei, expressamente indicar que determinada perícia deve ser realizada por mais de um perito oficial. 
Ex. crimes contra a ordem financeira. Neste caso pode haver a necessidade de um perito em informática e outro em contabilidade. 
Ex. 2. Crimes contra a propriedade imaterial. Neste caso, o próprio CPP exige que a perícia seja realizada por mais de um perito oficial. 
Não oficial ou louvados (art. 159, § 1º): na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica, relacionada com a natureza do exame. 
São, portanto, os peritos nomeados para a realização de perícia, quando não existirem peritos oficiais. 
Como mencionado, não havendo peritos oficiais, serão nomeados 02, para a realização do exame, não bastando apenas 01, como ocorre com os oficiais. 
Ex. A que leva um golpe de faca em cidade do interior, onde não há peritos. Neste caso, poderá o delegado nomear um médico ou enfermeiro para auferir a gravidade do golpe. 
Divergência entre peritos (art. 180, CPP). 
Havendo mais de um perito e ocorrendo divergência entre estes quanto a conclusão, o Juiz nomeará um terceiro perito e prevalecerá o entendimento com mais adeptos. 
Se este terceiro nomeado entender diferente dos outros, havendo assim uma divergência tripla, o Juiz determinará a realização de nova perícia, designando novos peritos à realização desta.
Exame de corpo de delito. 
O exame de corpo de delito é uma espécie de perícia. 
Conceito. 
São os elementos sensíveis deixados pelo crime, ou seja, são os vestígios deixados pelos crimes. 
Ex. a arma deixada pelo crime, o corpo, a porta arrombada, o sangue, as pegadas por onde o indivíduo escalou e etc. 
É chamado de crime não transeundi, a espécie de crime que deixa vestígios. Tal conceito se faz necessário, pois se houver vestígios deixados pelo crime, o exame de corpo de delito será obrigatório, ainda que o acusado confesse (art. 158, CPP). 
Espécies do exame de corpo de delito. 
Direto (trata-se da regra): é aquele realizado diretamente sobre os vestígios. É a regra por ser, de certa forma, fidedigno, vez que há o contato direto com os vestígios. 
Indireto: é aquele em que o perito utiliza de meios acessórios para a realização da perícia e consequente elaboração do laudo pericial, vez que não há mais contato direto com os vestígios. 
Ex. colisão de veículos em determinada via, onde há a retirada dos carros (vestígios) e o perito conversará com populares e utilizará de outros recursos (filmagens, por exemplo) para a produção do laudo.
 
OBS. art. 167, CPP: o artigo 167, refere-se ao suprimento da prova de corpo de delito pela prova testemunhal, quando não há a realização do exame de corpo de delito, seja direto ou indireto, por impossibilidade. 
Ex. casa na praia, onde os vestígios foram queimados ou retirados e não há moradores por perto. 
Assistente técnico (art. 159, § 3º e 4º). 
É uma pessoa com conhecimentos técnicos específicos, contratado pelas partes, para a confecção de parecer técnico semelhante ao laudo pericial. Por ser contratado pelas partes, em termos, não goza de total imparcialidade. 
O assistente técnico não presta compromisso, somente atua durante o processo e após a realização da perícia, ou seja, somente depois que a perícia for realizada, poderá o assistente técnico analisar o objeto de perícia, dando seu parecer, sob a supervisão do perito oficial. 
O assistente técnico pode ser contratado pelas partes, bem como pelo assistente de acusação. 
Desde que de forma fundamentada, fazendo valer o princípio do livre convencimento do juiz, pode este, utilizar do parecer, ao invés da perícia, para fundamentar sua decisão. 
Outras espécies de perícia. 
São outros tipos de provas periciais e portam regulamentação na legislação processual. 
Autópsia (art. 162, CPP). 
Trata-se do exame realizado no cadáver para descobrir a causa morte deste, quando houver fundada suspeita.
A autópsia deve ser realizada, pelo menos, 06 horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência do sinal de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo. 
Nos casos de morte violenta, em que fique evidente a causa morte, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal, não necessitando o exame interno. 
Exumação (art. 163, CPP). 
Trata-se do desenterramento do cadáver, é o oposto de inumação. Apesar de não ocorrercom muita frequência, será possível quando, posteriormente, surgirem suspeitas a respeito da causa morte. 
Desta diligência, deve ser lavrado auto que retrate todos os fatos relevantes que ocorreram durante a exumação.
A exumação necessita de ordem judicial, não podendo, de ofício, determinar, o delegado. 
Exame laboratorial (art. 170, CPP). 
Sempre que necessário, haverá provas fotográficas e microfotográficas. 
Exame merceológico ou avaliação (art. 172, CPP). 
Normalmente realizado em crimes de natureza patrimonial, vez que se destina à avaliação do prejuízo patrimonial causado pelo crime, ou proveito em face do acusado. 
Tal prova se faz eficiente, pois a partir da mesma, pode o juiz fixar o valor mínimo referente à indenização, por parte do acusado. 
Exame grafotécnico (art. 174, CPP).
Trata-se do exame realizado para o reconhecimento de escritos, ou seja, visa verificar se houve falsificação em documentos, bem como se foi realmente o réu que o escreveu. O inciso IV não foi recepcionado pela CF, não sendo obrigado, o réu, a redigir qualquer escrito que seja usado contra si. Fere o princípio da não autoincriminação. 
Exame documentoscopico.
Trata-se do exame realizado para aferir a autenticidade ou não de determinado documento, em sentido amplo. 
Perícia em caso de incêndio (art. 173, CPP). 
Trata-se da possibilidade de perícia no caso de incêndio criminoso. Visa verificar a causa, bem como o local onde se iniciou. 
Exame complementar (art. 168 e 181, CPP).
Em primeira mão, o exame complementar visará aferir a gravidade da lesão corporal (que pode ser leve, grave ou gravíssima). Neste caso deverá ser realizado no prazo de 30 dias, contados do dia do crime. 
Em segunda mão, o exame complementar se fará presente, quando o laudo pericial apresentado pelos peritos for omisso ou irregular, podendo o juiz determinar a sua complementação.
Interrogatório. 
O interrogatório, além de ser um meio de prova, é também um meio defesa (talvez até mais).
É o momento no qual o acusado irá dar a sua versão dos fatos, exercitando sua autodefesa em sede de audiência. O interrogatório é o último ato em sede de instrução, ou seja, o acusado somente será ouvido após a produção de todas as provas. 
O interrogatório por carta precatória, bem como por vídeo conferência é possível. 
Conceito. 
Trata-se da oitiva do acusado, acerca da sua versão dos fatos a ele imputados. É o momento em que o acusado contará a sua versão perante o julgador.
O acusado não presta depoimento nem declarações, ele é interrogado. 
O interrogatório é obrigatório, no sentido de que o Juiz deve oportunizar ao réu, a possibilidade de se defender, ou seja, tal obrigatoriedade se dá em face do Juiz, vez que pode o acusado não comparecer, bem como silenciar. 
Formalidades do interrogatório. 
Entrevista reservada com o defensor (art. 185, § 5º, CPP). 
Deve ser garantido ao réu, antes do início do interrogatório, se este quiser, a entrevista prévia e reservada com seu defensor (em sentido amplo, seja advogado ou defensor público). 
Alerta sobre o direito de permanecer em silêncio (art. 186, CPP).
O silêncio é uma garantia do acusado baseada no princípio da não autoincriminação, portanto, deve o acusado ser alertado sobre tal direito. 
Tal silêncio, não importará em confissão e não será considerado como prejuízo. 
Processamento do interrogatório (art. 188, CPP). 
O interrogatório será realizado pelo Juiz, dando ao final, oportunidade às partes (acusação e defesa, nesta ordem) de formulação de perguntas. 
Características do interrogatório. 
Ato personalíssimo.
Somente o acusado pode ser interrogado, não podendo ninguém fazê-lo em seu lugar. 
Oralidade. 
O interrogatório deve se dar na forma oral, garantindo assim, uma maior espontaneidade e fidedignidade.
Apesar disso, nos casos de surdos e mudos, haverá a possibilidade de interrogatório por escrito. 
Partes do interrogatório (art. 186 e 187, CPP). 
Antes do início do interrogatório propriamente dito, haverá a qualificação do acusado, que distingue-se das perguntas acerca da pessoa do acusado. 
Após a qualificação, haverá o alerta acerca do direito de permanecer em silêncio e, dando uma interpretação literal, entende-se que o acusado, na qualificação, não está sob o direito de silêncio, podendo, portanto, responder criminalmente se silenciar ou mentir durante a qualificação (desobediência ou falsa identidade). 
Parte I. 
Na primeira parte do interrogatório, o Juiz fará perguntas sobre a pessoa do acusado, buscando aferir as circunstâncias judiciais do artigo 59, servindo para fixação da pena-base. 
Ex. estudou até que série? Já foi preso ou processado? Ingere bebida alcoólica? Utiliza entorpecentes?
Parte II. 
Na segunda parte do interrogatório, o Juiz fará perguntas sobre o fato criminoso. O rol do artigo 187 é meramente exemplificativo, de forma que o Juiz não está obrigado a realizar as perguntas nele constante, bem como não fazê-las. 
Reinterrogatório. 
Trata-se da possibilidade de realização de novo interrogatório. Tendo em vista que o interrogatório pode ser realizado em qualquer das fases processuais, pode haver a figura do reinterrogatório. 
Ex. acusado nega e depois resolve confessar. 
Interrogatório por videoconferência (art. 185, § 1º, CPP). 
O interrogatório do réu preso, segundo a lei, deve ser realizado no estabelecimento prisional, porém, de acordo com uma interpretação doutrinária, tal estabelecimento não garantiria segurança a todos os participantes do processo (Juiz, Promotor, Defensor, publicidade da audiência). 
Neste sentido, segundo o art. 185, em seu parágrafo 2º, excepcionalmente, por decisão fundamentada e baseada em elementos concretos, informando e especificando qual o risco relativo a segurança pública, pode o Juiz, realizar o interrogatório do réu preso, por videoconferência. 
Cumpre salientar, a existência de uma resolução do CNJ que regulamenta o interrogatório por videoconferência. 
Deve haver também a intimação prévia das partes processuais de até 10 dias antes, para a realização da tal videoconferência. 
Confissão
Conceito. 
A confissão consiste no reconhecimento, por parte do acusado, da imputação a ele feita, ou seja, é quando o acusado admite, a acusação a ele feita. 
Valor probatório (art. 197, CPP). 
A confissão tem valor probatório relativo, vez que pode o acusado, realiza-la, para, de certa forma, se eximir. 
Para a sua apreciação, o juiz deverá, confronta-la com as demais provas existentes no processo, aferindo assim a compatibilidade e concordância. 
Classificação da confissão. 
Primeira classificação. 
Confissão extrajudicial 
É a confissão realizada em sede policial. 
Confissão judicial. 
É a confissão realizada em juízo, perante a autoridade judiciária. 
Segunda classificação. 
Confissão expressa. 
É a confissão em que o réu admite, expressamente, a prática delitiva. 
Confissão ficta. 
Inexiste no processo penal. Difere-se assim, do processo civil. 
Terceira classificação. 
Confissão simples 
Ocorre quando o réu admite um único crime. 
Confissão complexa
Ocorre quando o réu admite todos os crimes a ele imputados. 
Confissão qualificada. 
Ocorre quando o réu admite o fato, mas o justifica amparado em uma excludente de ilicitude ou culpabilidade. 
Ex. confesso que lesionei a vítima, porém em legítima defesa (excludente de ilicitude). 
Ex. 2. Atropelei e o matei, mas estava embriagado por completo e involuntariamente. 
Características da confissão (art. 200, CPP). 
Divisibilidade. 
O juiz pode aceitar total ou parcialmente a confissão. 
Ex. o acusado admite todos os crimes da denúncia, mas o Juiz aceita apenas 3, dos quatro crimes. 
Ex. 2. O acusado diz que lesionou em legítima defesa, mas o Juiz não a enxerga, acatando apenas a lesão. 
Retratabilidade. 
Trata-se da possibilidade do acusado voltar atrás da confissão realizada. 
A atenuante da confissão espontânea, quando há retratação, apenasserá aplicável quando o Juiz, na fundamentação da sua sentença, utilizar da confissão feita em sede policial, como um dos principais elementos condenatórios. 
Portanto, é possível a aplicação da atenuante da confissão espontânea, mesmo tendo o réu se retratado, se, o Juiz na sentença condenatória, utilizar a confissão em sede policial, como fundamento para a condenação. 
Chamamento de corréu ou delação. 
Consiste na afirmativa feita por um acusado que, além de confessar, atribui a um terceiro, a participação no crime, como seu comparsa. 
Tal delação ou chamamento de corréu, não tem força para embasar uma sentença condenatória. 
Delação premiada (Lei 12.850/2013). 
O delator ganha, de certa forma, um prêmio em um acordo judicial. Tal delação apresenta algumas fases. 
Fase de negociação e acordo; 
Homologação judicial; 
Sentença. 
Declarações da vítima. 
Considerações gerais. 
A vítima não é testemunha, não prestando, portanto, depoimento, mas sim, declarações. Por tanto, a vítima não responderá pelo crime de falso testemunho, vez que não é compromissada. 
Pode a vítima, no entanto, responder pelo crime de denunciação caluniosa, caso impute falso crime, dando início a instauração de algum procedimento investigatório. 
Valor probatório das declarações do ofendido. 
O valor probatório das declarações da vítima, é relativo. 
Possibilidade de condução coercitiva.
Apesar de não ser testemunha, caso seja devidamente intimada e não compareça, pode o Juiz determinar a condução coercitiva da vítima.
Prerrogativas concedidas à vítima. 
Comunicação dos atos processuais (art. 201, § 2º): para resguardar o direito de comunicação, os atos processuais mais relevantes (prisão ou soltura do réu, designação de audiência, sentença e etc.) serão comunicados à vítima, seja pessoalmente, seja até por meio eletrônico. 
Lugar separado antes e durante a audiência (art. 201, § 4º): a vítima ocupará um lugar separado dos demais participantes da audiência, tal prerrogativa visa evitar o constrangimento. 
Encaminhamento judicial para atendimento multidisciplinar: tal fato ocorrerá por solicitação da vítima ou quando houver necessidade. São exemplos, atendimento psicológico, médico e etc. Tal atendimento deverá ser custeado, a priori, pelo ofensor, sendo dever do Estado apenas quando este não tiver condições. 
Preservação da intimidade e da privacidade da vítima (art. 201, § 6º): pelo juiz de ofício ou quando a vítima assim desejar, poderá ser determinado o sigilo processual para visar a privacidade da vítima. 
Prova testemunhal. 
Conceito de testemunha. 
Pessoa que declara, perante a autoridade policial ou judicial, o que sabe, acerca dos fatos. Em regra (art. 202, CPP), qualquer pessoa pode figurar como testemunha. 
Características da prova testemunhal. 
Objetividade: a testemunha presta depoimento sobre os fatos, não sobre a pessoa do acusado. As apreciações pessoais, somente integrarão o testemunho, quando forem imprescindíveis. Ex. crime de estupro. 
Individualidade: as testemunhas são ouvidas separadamente. Visa obter maior veracidade e espontaneidade. 
Incomunicabilidade: as testemunhas não devem manter contato nem antes e nem durante o depoimento. 
Oralidade (art. 204, CPP): em regra, os depoimentos testemunhais devem se dar na forma oral. No entanto, breves apontamentos anotados em papel, não serão vedados. 
OBS. Prerrogativa do depoimento por escrito (art. 221, § 1º). Algumas autoridades, poderão prestar seu depoimento por escrito, quais sejam, o presidente e o vice-presidente da república, bem como o presidente do senado. 
Retrospectividade: a testemunha fala de fatos que já ocorreram, não versando sobre futuro. 
Número de testemunhas. 
Trata-se da quantidade de testemunhas que podem ser arroladas. Não há número mínimo, pois a prova testemunhal é facultativa. Não são computados nesse número máximo, a vítima, bem como os chamados informantes. 
Procedimento comum ordinário (procedimento padrão – pena que superam os 04 anos): o número máximo de testemunhas possíveis é de 08 por fato criminoso. Ou seja, se responde a mais de um crime, poderá arrolar mais.
Procedimento comum sumário (pena máxima de 02 a 04 anos): o número máximo de testemunhas possíveis é de 05. 
Procedimento comum sumaríssimo (pena não superior a 02 anos JECRIM): há confusão doutrinária. Parte entende que o número máximo de testemunhas são 03 (por analogia aos juizados cíveis), enquanto outra parte MAJORITÁRIA entende que são 05 (por analogia ao Código Processual Penal). 
Procedimento da Lei de Drogas: independente da pena, sendo o crime da Lei de Drogas, o número máximo será de 05 testemunhas. 
Tribunal do júri: por ser escalonado, na primeira fase, perante o Juiz togado, o número máximo será de 08 testemunhas, enquanto na segunda fase, perante os jurados, será de 05. 
Classificação 
As testemunhas podem ser classificadas em: 
Numerárias: são aquelas arroladas pelas partes e compromissadas. 
Extranumerárias: são aquelas testemunhas arroladas pelo Juiz, que quando julgar necessário, poderá nomear testemunhas que não as indicadas pelas partes. 
Testemunhas próprias: são aquelas que prestam depoimento sobre o fato criminoso objeto do processo. 
Testemunhas impróprias ou instrumentais: essas testemunhas não prestam depoimento sobre o fato objeto do processo, mas sim sobre um ato praticado por uma autoridade, seja o delegado, seja uma autoridade judiciária. 
Ex. na recusa ou na impossibilidade de assinatura do auto de prisão em flagrante pelo acusado, 02 testemunhas o assinarão, mostrando que tal auto foi lido para o acusado. 
Informantes (arts. 206 a 208, CPP): são aquelas testemunhas que não prestam compromisso. São considerados informantes, os parentes próximos do acusado (art. 206, CPP); menores de 14 ou doentes mentais (art. 208, CPP); aqueles que por ofício, função, profissão, tenham o dever de sigilo (padre, psiquiatra, advogado, psicólogo e etc.), salvo se a parte acusada permitir que estes deponham e os mesmos se dispuserem. Já o advogado, mesmo com autorização e seu querer, não poderá. 
Testemunhas abonadoras: são aquelas que falarão sobre o comportamento do indivíduo, sua conduta social e reputação.
Processamento do depoimento. 
Primeiramente, há a qualificação da testemunha. Após, será alertada que deve dizer a verdade do que sabe, prestando compromisso, caso seja compromissada. 
A parte que arrolou a testemunha, deve iniciar as perguntas, após, será a vez da parte contrária e, por fim, será a vez do Juiz, vez que seus questionamentos são de caráter supletivo e cabem às partes a produção de provas. 
O direito processual penal brasileiro, adota o sistema de perguntas diretas, não havendo necessidade que o Juiz transmita as perguntas elaboradas pelas partes, com exceção do Tribunal do Júri, onde o sistema de perguntas ainda passa pelo Juiz. 
OBS. Contradita ou arguição de defeito (art. 314, CPP). Antes de iniciar o depoimento, mas após a qualificação da testemunha, podem, as partes, contraditar (hipóteses previstas nos artigos 252 a 254 do CPP, suspeição, incompatibilidade e impedimento) ou arguir defeitos (nas demais hipóteses em que haja dúvida sobre a imparcialidade da testemunha). Exemplo de arguição, funcionário demitido com processo trabalhista contra a empresa, que é arrolado por seu ex patrão por um crime no seu antigo local de trabalho. 
Deveres da testemunha.
Dever de comparecimento: caso deixe de comparecer, poderá ser determinada a sua condução coercitiva, bem como multa e ser-lhe imputado o crime de desobediência, caso ainda com a condução coercitiva, a testemunha não compareça.
Atualização do endereço: a testemunha deve manter seu endereço atualizado para possíveis intimações. 
Dever de dizer a verdade: sob pena de responderem pelo crime de falso testemunho, as testemunhas devem dizer a verdade. Ainda aqueles considerados informantes (descompromissados), podem também responder por tal crime. 
Reconhecimento de pessoas e coisas. 
Conceito.É o ato pelo qual, vítima, testemunhas ou acusado, identifica terceira pessoa. 
Procedimento para o reconhecimento de pessoas e coisas (art. 226 e 227, CPP). 
O reconhecedor deve descrever a pessoa a ser reconhecida; 
A pessoa a ser reconhecida, será colocada ao lado de outras, que, se possível, terão características semelhantes; 
Para preservar o reconhecedor, o reconhecido não ficará frente a frente com o reconhecedor: tanto na fase policial como na fase judicial, não se aplicando, pois, o parágrafo único deste supra artigo. 
Será lavrado auto, pormenorizando todos os atos realizados. 
OBS. Caso não sejam realizadas as formalidades presentes neste artigo, segundo entendimento do STJ, o reconhecimento ainda será válido. 
Acareação. 
Conceito. 
Consiste no ato de colocar face a face pessoas que apresentam versões contraditórias para os mesmos fatos. A acareação pode se dar tanto na fase policial, quanto na fase judicial. 
Passíveis de acareação (art. 229, CPP). 
Podem ser acareados: 
Os acusados; 
Acusado e vítima; 
Acusado e testemunha; 
Vítimas; 
Testemunhas e vítimas; 
Testemunhas. 
Acareação por Carta Precatória. 
Com o avanço tecnológico, a acareação é realizada pelo sistema de videoconferência. 
Prova documental. 
Conceito de documento. 
Documento apresenta um conceito amplo. É todo meio físico capaz de retratar uma situação fática. Ex. fotografias, mídias, bem como documentos escritos. 
A prova documental poderá ser juntada a qualquer tempo, até o final da instrução. Existem, no entanto, exceções. 
Art. 479, CPP: traz limitação à juntada de prova documental no procedimento do júri, de forma que, só se pode juntar provas documentais até os 03 dias que antecedem a sessão de julgamento. 
Indícios (art. 239, CPP). 
Conceito. 
Consistem em uma situação conhecida e provada, que através de uma lógica dedutiva, conclui-se pela existência de uma outra circunstância. Ou seja, de um fato provado, por um raciocínio lógico, chega-se à conclusão de outra circunstância interessante ao processo. 
Ex. acusado de praticar roubo em determinado dia e horário que junta prova que demonstra que estava em outro país no momento do crime, portanto, tal circunstância servirá para demonstrar que ele não é o autor. 
Atos jurisdicionais. 
Conceito. 
São os atos praticados pelo Juiz, durante o iter processual. 
Classificação dos atos jurisdicionais. 
Os atos jurisdicionais, podem ser divididos em:
Despachos: são atos de mera movimentação processual, com o intuito de impulsionar, dar andamento ao processo. Os despachos não tem cunho decisório, não solucionando, portanto a lide. O despacho não produz sucumbência, não causando prejuízo e impossibilitando a existência de interposição de recurso. 
Decisões: trata-se do ato jurisdicional em que o juiz soluciona o incidente ou controvérsia havida no processo. Nas decisões, sempre haverá a sucumbência de uma das partes. Por haver sucumbência, deve haver um meio de impugnação, na maioria dos casos, o recurso. As decisões subdividem-se ainda em: 
b.1) Decisões interlocutórias: solucionam conflitos que não dizem respeito ao mérito principal da lide penal. Ou seja, o juiz toma uma decisão que não a condenação ou a absolvição (objeto principal da ação). Em regra, o recurso cabível contra as decisões interlocutórias é o recurso em sentido estrito. 
Ex. decretação de prisão, concessão de liberdade provisória, determinação de interceptação telefônica e etc. 
As decisões interlocutórias subdividem-se ainda em: 
Simples: é a decisão interlocutória que soluciona o incidente que não diz respeito ao objeto principal, sem encerrar o processo ou uma fase do processo. A maioria das decisões tomadas durante o processo, são interlocutórias simples. 
Ex. decretação de prisão preventiva, recebimento de denúncia. 
Mista: é a decisão interlocutória que soluciona o incidente que não diz respeito ao objeto principal, mas que encerra o processo, ou parte dele. 
Ex. reconhecimento da extinção da punibilidade, rejeição da denúncia, coisa julgada, litispendência e etc. 
As decisões interlocutórias mistas, subdividem-se em: 
Terminativas: são aquelas que encerram o processo sem condenar ou absolver. 
Não terminativas: são aquelas que não encerram o processo, mas encerram uma fase dele. Na prática é difícil haver, pois há poucos procedimentos com fases. 
Ex. Tribunal do Júri, quando o juiz, na decisão de pronúncia (decidir se o indivíduo realmente vai a júri). 
b.2) Sentença: trata-se da decisão que julga procedente ou improcedente a pretensão punitiva estatal. A sentença subdivide-se em: 
Absolutória: trata-se da sentença em que o Juiz julga improcedente a pretensão punitiva estatal. Subdivide-se em: 
Própria: não impõe qualquer tipo de sanção. 
Imprópria: é aquela que impõe como sanção uma medida de segurança, ocorrendo quando o indivíduo é considerado inimputável. 
Condenatória: trata-se da sentença em que há o julgamento procedente ou parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal. 
Sentença simples: é aquela exarada, por uma única pessoa, ou seja, por um único órgão julgador, trata-se da regra. 
Sentença complexa: é aquela advinda da reunião de dois julgadores. Ex. Tribunal do Júri. 
Formalidades (art. 381, CPP). 
Trata-se das partes em que se subdivide a sentença. 
Relatório (art. 381, I e II): o relatório traz um resumo dos principais acontecimentos do processo. No procedimento sumaríssimo, o relatório é dispensável. 
Fundamentação ou motivação: são as razões pelas quais o juiz absolve ou condena o acusado. 
Dispositivo: é o comando. Sendo sentença condenatória, a dosimetria estará presente no dispositivo. 
Autenticação: trata-se da data e da assinatura por parte do magistrado. 
Esgotamento da instância. 
Trata-se de um efeito genérico da sentença, que uma vez proferida, não mais poderá ser modificada pela autoridade que a prolatou, sendo passível de modificação em fase recursal. 
Há, no entanto, exceções, quais sejam: 
Embargos de declaração (art. 382, CPP): quando a decisão apresentar omissão, contradição, obscuridade ou ambiguidade, poderá ser opostos os embargos de declaração, onde o próprio Juiz prolator da sentença, corrigirá sua decisão. 
Erro material: são erros, por exemplo, de digitação. 
Retratação: trata-se da possibilidade de o próprio juiz voltar atrás na sua decisão antes do julgamento do recurso. A retratação, no entanto, cabe apenas quando foi possível a interposição de recurso em sentido estrito. 
Princípio da correlação. 
Traz a ideia de que a sentença, dentro do processo penal, deve guardar relação com os fatos indicados na inicial, e não em relação aos pedidos. 
Neste viés, o acusado, deve elaborar sua defesa, em cima dos fatos narrados na inicial acusatória, independentemente da tipificação atribuída. 
Ex. pode o Juiz, por exemplo, julgar um criminoso por roubo, desde que seja esse o seu convencimento, ainda que na denúncia, haja a tipificação por furto pelo MP, independentemente de a pena ser maior ou menor. 
OBS. Emmendatio libeli (art. 383, CPP). Trata-se da discrepância entre a exposição fática e a capitulação jurídica apontada na inicial acusatória. A partir de tal, pode o juiz, condenar além e aquém dos pedidos da inicial acusatória, desde que os fatos, assim o demonstrar, podendo, inclusive, conceder o Sursis, se cabível. 
Pode ainda, a partir da emmendatio, o Juiz, remeter o processo ao juízo competente, se assim o for cabível. 
Mutatio libeli (art. 384, CPP). 
Ocorre quando, durante a instrução processual, surge fato novo que altera a situação fática descrita na inicial acusatória, devendo, por conseguinte, ser promovido o aditamento, abertura de vista à defesa e posterior designação de audiência.
Trata-se do surgimento, durante o processo, de um fato novo, que não estava presente na denúncia e que modifica a situação fática. 
Diferentemente da emmendatio, não pode o Juiz, de pronto, condenar o acusado pelo novo fato que surgiu, faz-se presente, pois,o princípio da correlação. 
A providência a ser tomada, portanto, é a vista dos autos ao MP para a promoção do aditamento à denúncia e em homenagem ao contraditório, após tal aditamento, deve-se abrir vista dos autos ao acusado e sua defesa, sendo marcada nova audiência de instrução. 
Se o Ministério Público, entender não ser caso de aditamento, os autos serão remetidos ao procurador geral e se este, entender da mesma forma do MP, o juiz será obrigado a julgar se mo aditamento. 
Cabe salientar, que pela corrente majoritária, não cabe mutatio libeli contra ação penal privada, e, portanto, quando o dispositivo menciona queixa, refere-se a ação penal privada subsidiária da pública.
Ex. denúncia que relata a entrada do acusado na casa das vítimas que estavam jantando fora, subtraindo os bens que guarneciam a casa. Ao final da denúncia, o MP o tipifica por furto. Durante a instrução, na oitiva de um dos proprietários da casa, descobre-se que um dos filhos da vítima estava na casa e foi ameaçado com uma arma. Neste momento, haverá a alteração da tipificação, vez que foi configurado, neste caso, o delito de roubo. 
OBS. Súmula 453. A mutatio libeli não é aplicável em sede recursal, visando evitar a chamada supressão de instância, ou seja, surgindo um fato novo em sede recursal, impede ao juiz primário que tenha oportunidade de apreciar tal fato. 
Tal inaplicabilidade, no entanto, não se estende aos crimes que tenham competência já em segunda instância, não versando assim, sobre recurso.
Sentença absolutória. 
A sentença absolutória está vinculada às hipóteses descritas na lei, mais precisamente no artigo 386 do Código de Processo Penal. 
Em síntese, significa que o Juiz não pode apenas absolver, deve justificar a absolvição e enquadrar em uma das hipóteses do artigo 386. 
Cabe salientar, que a sentença absolutória, em algumas hipóteses, faz coisa julgada no âmbito cível (art. 386, I, IV e parte do VI, no que tange às excludentes de ilicitude, com exceção do estado de necessidade agressivo e legítima defesa com erro na execução), afastando a possibilidade de reparação do dano, nos determinados casos. 
Estado de necessidade agressivo: quando o sacrifício recai sobre bem de terceiro que não criou a situação de necessidade. 
Legítima defesa com erro na execução: é o indivíduo que ao tentar praticar a legítima defesa, atinge terceiro que nada tem a ver com a situação. 
Sentença condenatória (art. 387, CPP).
Ao proferir a sentença condenatória, o juiz: 
Poderá reconhecer as agravantes e atenuantes de ofício, independentemente de pedido da defesa e da acusação; 
Mencionará as outras circunstancias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena; 
Aplicará as penas de acordo com essas conclusões; 
Trata-se da possibilidade de o juiz, na sentença criminal, definir valor mínimo que o acusado tem que pagar à vítima a título de reparação; entendendo a vítima que os danos foram superiores, poderá adentrar em âmbito cível. Pelo entendimento atual do STJ, não pode o juiz, fixar de ofício, tal indenização à vítima, devendo, portanto, haver um pedido. Tal vedação, visa evitar a inexistência de contraditório ao acusado. 
Tal inciso está ultrapassado, tendo em vista que a medida de segurança, atualmente, se dá apenas em sentença absolutória. 
Tal inciso também está ultrapassado. 
§1º: o juiz, na sentença condenatória, obrigatoriamente, deve se manifestar acerca da necessidade ou não de decretação ou manutenção da prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
O STJ entendeu, que se na sentença condenatória for fixado o regime aberto ou semiaberto, haverá incompatibilidade com a decretação da prisão preventiva. Tal incompatibilidade, se dá ao ponto que as prisões preventivas são cumpridas em penitenciárias de regime fechado. Assim, a 5º turma do STJ, restringe, de certa forma, um eventual recurso interposto pela defesa. 
Já a 6º turma do STJ, entende ser aplicável, ainda que haja condenação em regime aberto e semiaberto. 
§2º: versa sobre a possibilidade de detração (abatimento do tempo já preso), realizada pelo Juiz da vara de execução, em que o próprio juiz sentenciante, poderá promove-la. No entanto, entende o STJ que o juiz sentenciante só poderá promover a detração, se o tempo de prisão provisória possibilitar uma progressão de regime. 
Ex. A condenado a 06 anos de cadeia, tendo passado um ano preso preventivamente, na sentença condenatória, pode este juiz, vez que há 1/6 do cumprimento da pena, aplicar a detração. 
 
Comunicação dos atos processuais (arts. 351 a 372, CPP). 
A comunicação dos atos processuais envolve citação e intimação, pois é através de tais recursos, que ocorre a comunicação dos atos processuais. A citação e intimação, promove, pois, dois princípios constitucionais, quais sejam, o contraditório e a ampla defesa. 
Citação. 
Conceito. 
Ato processual de chamamento do acusado ao processo, cientificando-o da imputação criminal e oportunizando a sua defesa. A citação é dirigida exclusivamente ao acusado e se dá no início do processo. 
A partir de tal conceito, extrai-se, pois, a dupla finalidade da citação, qual seja: 
Cientificação do inteiro teor da acusação: recebe, inclusive, cópia da inicial acusatória. 
Chamamento do acusado para promover sua defesa; 
Discorrido tais considerações, por uma visão lógica, tem-se que a ausência de citação causa a nulidade absoluta do processo, que pode ser arguida a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em julgado, por meio de revisão criminal (art. 570, CPP). 
Considera-se sanado o vício de ausência de citação, quando o acusado comparece espontaneamente, tomando ciência de todos os atos processuais. 
O não atendimento ao ato citatório (ou seja, foi devidamente citado), acarreta em revelia. A revelia do processo penal, difere-se daquela presente em âmbito cível, vez que naquele, não há a presunção de confissão ficta, como ocorre neste. A consequência, em âmbito penal, portanto, é a não comunicação dos atos posteriores, com exceção da sentença, caso em que ocorre a comunicação. 
Cabe mencionar que a revelia será apenas aplicável na citação real. 
Espécies de citação. 
Real ou pessoal: é a regra no processo penal. Ocorre quando há o contato direto entre o oficial de justiça e o acusado. Sendo citado em qualquer das formas abaixo expostas e não atender às determinações constantes, implicará em revelia. 
a.1) Mandado: em regra, a citação real ou pessoal se dá por mandado, sendo cumprido pelo Oficial de Justiça. A citação real por mandado, apresenta requisitos intrínsecos e extrínsecos, que se não atendidos, podem acarretar em uma nulidade relativa, são requisitos: 
Requisitos intrínsecos (art. 352, CPP): dizem respeito aos elementos que constituem o mandado citatório, ou seja, o que deve conter em tal mandado. O nome do juiz; do querelante nas ações iniciadas por queixa; do réu ou suas características; a residência do réu, se conhecida; o fim para que é feita a citação; o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deva comparecer; e a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
Requisitos extrínsecos (art. 357, CPP): dizem respeito à forma de cumprimento do mandado, ou seja, como o Oficial de Justiça cumprirá aquele determinado mandado. 
a.2) Precatória: ocorrerá quando o acusado residir em local diverso daquele onde tramita o processo. O juízo deprecante (local onde tramita o processo) enviará ao juízo deprecado (local onde reside o réu), as determinações necessárias para a citação do réu. Tal precatória, deve observar os requisitos presente no artigo 354, CPP, indicando o juízo deprecado e o juiz deprecante; a sede da jurisdição de um e de outro; o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; e o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deva comparecer. 
OBS. Se o acusado residir em região contígua ou metropolitana daquela onde tramita o processo, será desnecessária a citação por precatória,devendo ser feita por mandado. 
OBS. 2. Precatória itinerante. Ocorre quando a precatória é expedida com o endereço antigo do acusado, porém, o oficial de justiça, por informações recebidas, sabe que o acusado passou a residir em outra cidade. Por uma questão de economia processual, para não devolver a precatória ao juízo deprecante, pode o juízo deprecado remeter a precatória à cidade que passou a residir o acusado. Tal possibilidade só será viável, no entanto, caso o prazo estipulado para o cumprimento da precatória ainda seja hábil de tal. 
a.3) Rogatória (art. 368, CPP): ocorre quando o acusado se encontra fora do país, em local certo. Ou seja, são dois os requisitos: acusado fora do país; residente em local certo. 
A citação por carta rogatória suspende o prazo prescricional até o seu cumprimento. Tal suspensão, dá-se em virtude da burocracia de tal modalidade de citação. 
Vale mencionar, que a suspensão supracitada, não se aplica às citações dirigidas a legações estrangeiras. 
a.4) Carta de ordem: enquanto a citação por precatória se dá em ordem horizontal, ou seja, os envolvidos estão no mesmo nível, a carta de ordem envolve órgãos jurisdicionais de níveis diversos, ocorrendo assim, na vertical. 
Ex. processo tramitando no STF, onde o mesmo determina que uma vara criminal cite o réu. 
a.5) Por escrivão ou chefe de secretaria (art. 246, CPC): trata-se da única modalidade de citação real ou pessoa, em que não há expedição de mandado. Ocorre quando o acusado se dirige à vara em que o processo está tramitando, sendo citado pessoalmente pelo escrivão/chefe de secretaria. 
Ficta: somente ocorrerá se restar impossibilitada a citação real. Tal impossibilidade não é qualquer, vez que antes da decisão pela citação ficta, devem ser realizadas diligências no sentido de localizar o acusado. Nesta modalidade de citação, não há o contato entre o oficial de justiça e o acusado. O legislador deu tratamento diferenciado às modalidades desta citação. 
b.1) Edital: atualmente, a citação por edital se dá quando o acusado está em local incerto e não sabido. O prazo para o edital é de 15 dias. 
Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, a fim de não prejudicar a sua defesa, haverá a suspensão do processo, bem como do seu prazo prescricional, não havendo que se falar em revelia. 
Sabidamente, a doutrina entendeu que por haver a suspensão do prazo prescricional, podem haver casos de imprescritibilidade eterna, ocorrendo assim uma forte insegurança jurídica, pois o Estado poderia punir a qualquer tempo. Sabe-se também, que as únicas hipóteses de imprescritibilidade são trazidas pela CF (art. 5º, XLII). Dito isto, tem-se que a suspensão da prescrição por não comparecimento do réu nos casos de citação por edital, pela corrente majoritária (súmula 415, STJ), será regulada pelo máximo da pena cominada, ou seja, a pena máxima prevista em abstrato será utilizada como parâmetro para a descoberta do prazo pelo artigo 109 do Código Penal. O termo inicial para a contagem do prazo prescricional, será do recebimento da denúncia. Com a suspensão, a partir do momento que volta a contar, haverá a computação do prazo do recebimento da denúncia até a suspensão. 
Ex. recebimento da denúncia em 01/2017, suspensão do processo em 01/2018. Processo suspenso por 08 anos, devido ao prazo prescricional, voltando a prescrição a contar em 01/2026. Neste caso, tendo em vista que já se passou um ano, o crime prescreverá em 07 anos.
A suspensão do processo, bem como do prazo prescricional, são efeitos automáticos do artigo 366, CPP (citado por edital que não comparece e nem constitui advogado). 
Cabe salientar que apenas a suspensão do prazo prescricional não será ad eternum, pois a suspensão do processo continuará vigorando.
Assim como na citação por mandado, a citação por edital apresenta requisitos intrínsecos e extrínsecos, quais sejam: 
Requisitos intrínsecos (art. 365, I a V, CPP): dizem respeito ao conteúdo do edital. Nome do juiz; nome do réu ou sinais característicos; crime para que é feita a citação; o juízo, o dia, a hora e o lugar onde deva o réu comparecer; o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. 
Requisitos extrínsecos (art. 365, § único): dizem respeito às formalidades que devem ser realizadas na expedição do edital. Ser afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo; a fixação ser certificada pelo oficial; a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão com a data da publicação. 
Efeitos não automáticos da citação por edital. 
Produção antecipada das provas consideradas urgentes: somente deve ser determinada se houver urgência, ou seja, quando houver risco de perecimento da prova. A decisão que determina a produção antecipada das provas, deve ser devidamente fundamentada. 
Ex. testemunha de 90 anos. 
Decretar prisão preventiva: somente deve ser determinada, se estiverem presentes os fundamentos e requisitos do artigo 312 (risco para a ordem pública, conveniência da instrução criminal e etc.). 
b.2) Hora certa (art. 362, CPP): é um instituto importado do CPC (arts. 252 a 254, CPC). Deve se dar quando houver fundadas suspeitas de que o acusado está se ocultando para não ser citado. Tal suspeita é subjetiva, pois a avaliação é feita pelo próprio oficial de justiça (ex. escuta barulho, mas não vem atender e etc.). Esta modalidade, portanto, é bastante perigosa, vez que será decretada a revelia, caso o acusado não se apresente. 
Posteriormente, se o acusado demonstrar que não estava se ocultando, poderá gerar uma nulidade à citação por hora certa realizada, dando fim a todo o processo. 
O procedimento é de que o oficial se dirija a duas vezes à residência do acusado, não o encontrando e suspeitando a sua ocultação, neste sentido, informará a qualquer pessoa da família do acusado ou até mesmo a vizinhos, que em tal dia e em tal hora estará lá para acusa-lo. O código também autoriza que a informação seja dada ao porteiro, nos casos de condomínio. 
A inobservância dos requisitos presentes no CPC, acarretará à nulidade do ato citatório. 
Particularidades. 
Citação do militar (art. 358, CPP): o militar é citado por intermédio do seu superior em seu respectivo serviço. 
Funcionário público (art. 359, CPP): o funcionário público é citado como qualquer civil, porém, o dia designado para que este compareça em juízo, será notificado não só a ele, mas também ao chefe de sua repartição. Tal particularidade, não é aplicável nos dias atuais, vez que o funcionário público oferecerá defesa preliminar em escrito. Ainda neste sentido, a doutrina atual tem entendido que há uma violação de sua intimidade, sendo, pois, tal artigo, inaplicável. 
Citação do preso (art. 360, CPP): a citação do réu preso sempre será pessoal. 
Súmula 351, STF: é nula a citação por edital do réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 
A tal súmula, não se deve dar uma interpretação literal, pois ainda que o indivíduo esteja em unidade federativa diversa, sua citação deverá ser promovida pessoalmente. 
Intimação. 
Conceito. 
Trata-se do ato processual que dá ciência da realização de um outro ato processual. Também está diretamente ligada aos princípios do contraditório e ampla defesa. 
Diferentemente da citação, a intimação se dá a qualquer momento, durante o processo. 
A intimação se dirige às partes ou qualquer pessoa envolvida no processo (testemunhas, peritos e etc.). 
A intimação do advogado constituído, em regra, se dá através de publicação no Diário da Justiça. 
A intimação do representante do MP, bem como do representante da Defensoria Pública, se dá na forma pessoal, com vista dos autos. 
A intimação do defensor dativo, também será pessoal, mas não se dá com vista dos autos. 
Intimação x Notificação. 
A intimação é um ato processual que dá ciência de ato pretérito, enquanto a notificação é um ato processual de ato que ainda vai se realizar. Tal interpretaçãodada pela doutrina, não foi utilizada pelo nosso diploma processual penal. 
Procedimento. 
O processo, diferentemente do inquérito policial, tem um caminho a ser seguido, ou seja, a própria lei define como o processo se inicia, se desenvolve e tem seu encerramento. 
Tal caminho traçado, é composto por uma série de atos processuais interligados entre si, e é justamente isso que conceitua “procedimento”. 
Segundo Pacelli, “procedimento é a forma de desenvolvimento do processo, delimitando os caminhos a serem seguidos, na apuração judicial do caso penal”. 
Já Nucci, traz um conceito conciso, qual seja, “procedimento é o modo pelo qual se desenvolve o processo, no seu aspecto interno”. 
Tal procedimento acima explanado, divide-se em procedimento comum e especial (art. 394, CPP). 
Procedimento Comum. 
A definição do procedimento a ser seguido é regulado pela pena máxima do delito praticado. 
Quando houverem causas de diminuição e aumento no crime praticado, para se definir o procedimento a ser seguido, deve-se aplicar a fração que menos diminui ou a que mais aumente. 
Ex. A responde a calúnia (6 meses a dois anos) em concurso formal. Não fosse em concurso formal, A responderia pelo procedimento sumaríssimo, porém, presente a causa de aumento, será acrescido à pena a metade (01 ano) e A responderá perante o procedimento sumário.
O procedimento comum subdivide-se ainda em: 
Procedimento comum ordinário: para os delitos cuja pena máxima é maior ou igual a 04 anos. E o chamado procedimento padrão, pois é o utilizado no caso de lacunas dos outros procedimentos, por ser mais longo e garantir, em maior grau de chance, a ampla defesa do acusado. 
Procedimento comum sumário: para os delitos com pena máxima maior que 02 anos e menor que 04 anos. Regulado pelo Código Processual Penal. 
Procedimento comum sumaríssimo: é o procedimento aplicável aos delitos de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima é menor ou igual a dois anos. O procedimento sumaríssimo é regulado pela lei n. 9.099/95. 
Procedimento especial. 
Os procedimentos especiais, são utilizáveis em determinados tipos de crime. Como exemplo conhecido, cita-se o Tribunal do Júri. 
Há também procedimentos especiais definidos não em razão do crime, mas em razão do acusado, neste caso, um exemplo conhecido, é o procedimento para aqueles que gozam de prerrogativas de foro. 
Por derradeiro, há a criação de procedimentos especiais também em razão da vítima, neste caso, o exemplo conhecido, é a Lei Maria da Penha. 
Procedimento comum ordinário. 
Como dito, o procedimento comum ordinário é o competente a ser adotado nos casos de crimes com pena máxima igual ou superior a 04 anos. 
Recebimento da denúncia: o processo criminal, inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa, podendo, a partir de tal, o magistrado, receber ou rejeitar. 
O ato de recebimento da denúncia é uma decisão interlocutória simples, vez que causa sucumbência a uma das partes e deve ser minimamente fundamentada (entendimento atual). Da decisão que recebe a denúncia, não cabe recurso, cabendo, no entanto, habeas corpus. 
Recebida a denúncia, o processo terá seu devido prosseguimento com a citação, para apresentação da chamada defesa preliminar. 
Rejeição da denúncia (art. 395, CPP): da decisão que rejeita a denúncia, caberá recurso em sentido estrito (art. 581, I). São hipóteses de rejeição da denúncia: 
Inépcia: quando na peça acusatória faltar qualquer dos elementos essenciais presentes no artigo 41, quais sejam: exposição dos fatos criminosos e identificação do acusado. 
Ausência de pressuposto processual ou condição da ação: juízo competente, legitimidade e etc. 
Justa causa: não há necessidade deste inciso, vez que está implícito no inciso II. 
Defesa preliminar (art. 396-A, CPP): a defesa preliminar deve ser formulada no prazo de 10 dias, a partir da citação. Deve-se abordar todas as teses defensivas possíveis, visando a absolvição sumária, se for o caso. É também a oportunidade na qual as testemunhas de defesa devem ser arroladas. 
A defesa preliminar tem caráter obrigatório, de forma que se o acusado não a apresente, o processo será encaminhado à Defensoria Pública para apresentação. A falta de defesa preliminar gera a nulidade absoluta. 
Oferecida a defesa preliminar, irá o juiz analisar se há possibilidade de absolvição sumária, numa forma de julgamento antecipado da lide, vez que há esta possibilidade, desde que seja para absolvição. A absolvição sumária ocorrerá nas hipóteses do artigo 397 do CPP, quais sejam: 
Existência manifesta de causa excludente de ilicitude: ou seja, quando restar comprovado, de forma irrefutável, a presença de alguma causa excludente de ilicitude (leg. Defesa, estado de necessidade e exercício regular de direito). Contra tal sentença absolutória, caberá apelação. Já contra a sentença que não absolve sumariamente, não caberá recurso, mas habeas corpus. 
Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade: coação moral irresistível e etc. Quanto à ressalva, deve-se dar a interpretação de que somente se aplica, quando se tratar de doença mental, vez que será aplicado a este, medida de segurança. Contra tal sentença absolutória, caberá apelação. Já contra a sentença que não absolve sumariamente, não caberá recurso, mas habeas corpus. 
Que o fato narrado evidentemente não constitui crime: ou seja, trata-se da atipicidade manifesta. Contra tal sentença absolutória, caberá apelação. Já contra a sentença que não absolve sumariamente, não caberá recurso, mas habeas corpus. 
Extinta a punibilidade do agente: declarar extinta a punibilidade, não significa absolver o réu, tal inciso, portanto, não se trata de uma absolvição sumária. Contra tal sentença não absolutória, caberá recurso em sentido estrito (art. 581, VIII). Já contra a sentença que não absolve sumariamente, não caberá recurso, mas habeas corpus. 
Designação da audiência de instrução e julgamento (art. 399, CPP): recebida a denúncia e não sendo caso de absolvição sumária, o Juiz dará prosseguimento ao processo designando audiência de instrução e julgamento.
A audiência de instrução e julgamento deve ser marcada nos 60 dias posteriores à não absolvição sumária do réu. Tal prazo, no entanto, é impróprio, vez que comumente é descumprido. Serve, portanto, para caracterizar o excesso de prazo na prisão, caso o réu esteja preso, tornando-a ilegal e passível de relaxamento. 
Nesta referida audiência ocorrerá, em ordem: 
Tomada de declarações da vítima; 
Inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa: caso a ordem seja invertida, configurar-se-á nulidade relativa, tendo, a parte que alega-la, comprovar o efetivo prejuízo. Há uma ressalva à testemunha residente em outro Estado (Carta Precatória), em que não há necessidade de espera do retorno da Precatória enviada para dar continuidade. 
Esclarecimento dos peritos: não é muito comum a oitiva dos peritos, vez que estes se manifestam por laudo pericial. A solicitação da oitiva destes, é possível, desde que seja feita com antecedência por uma das partes. 
Acareação: se necessário.
Reconhecimento: também se necessário. 
Interrogatório do réu: após a realização de todos os supracitados atos, será realizado o interrogatório do réu. Se o interrogatório for realizado fora desta ordem, tratar-se-á de nulidade absoluta, vez que é o momento em que o réu tem a maior oportunidade de defesa e deve, ouvir, todas as teses acusatórias para se defender. 
Art. 402, CPP: produzidas as provas, ao final da audiência, o MP, o querelante e o assistente, bem como o acusado, a seguir, poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstancias ou fatos apurados na instrução. O legislador restringiu a solicitação de diligências apenas se a necessidade da mesma se originou na audiência de instrução e julgamento, portanto, se houve a oportunidade de solicitá-las antes, haverá o indeferimento. 
Ex. em audiência, durante a oitiva de uma testemunha, háa menção a outra pessoa, que não foi arrolada por nenhuma das partes. Neste caso, poderá haver solicitação para a oitiva deste terceiro, vez que foi descoberto em audiência. 
Se houver o deferimento de qualquer diligência, haverá o encerramento da audiência de instrução e julgamento. 
Art. 403, CPP: Se não houver o deferimento, ou não houver solicitações, a audiência prosseguirá com os debates orais, quais sejam, as alegações finais. 
As partes terão prazo de 20 minutos prorrogáveis por mais 10 para apresentarem alegações finais. 
OBS. Possibilidade de apresentar alegações finais por memoriais (escrito), art. 403, § 3º, no prazo de 05 dias, para a acusação, e mais 05 dias para a defesa, sucessivamente. 
Quando houver o deferimento de diligências; 
Complexidade do caso;
Número elevado de acusados.
Art. 405, CPP: atualmente, em regra, todas as provas colhidas em audiência, são gravadas em mídia audiovisual. 
Procedimento comum sumário. 
É o procedimento competente aos crimes com pena maior que 02 (dois) anos e menor que 04 (quatro). Assemelha-se muito com o procedimento comum ordinário, divergindo-se apenas nos pontos que seguem. 
Testemunhas: no procedimento sumário, há apenas a possibilidade de arrolar 05 testemunhas. 
Prazo máximo para a realização da audiência de instrução e julgamento (art. 531, CPP): diferente do procedimento comum ordinário, o prazo, neste procedimento, será de 30 dias. 
Requerimento de diligências: não há previsão, no procedimento comum sumário, de requerimento de diligências. Isto, no entanto, não impede que o Juiz defira diligências, vez que se houver alguma diligência imprescindível ao julgamento, haverá o deferimento. 
Alegações finais por memoriais: no procedimento comum sumário não há previsão acerca da possibilidade de alegações finais na forma escrita. Apesar de não haver a previsão, nada impede que o Juiz converta os debates orais em alegações escritas. 
Procedimento comum sumaríssimo. 
É o único dos procedimentos que não porta previsão expressa no Código de Processo Penal. 
Está previsto na Lei 9099/95, inaugurando um modelo de justiça trazido pela Constituição Federal, em seu artigo 98, I, CF, qual seja, o modelo de justiça consensual, que busca o ajuste na superação do conflito entre o autor e a vítima, do que a aplicação de uma pena propriamente dita. Tal objetivo, fica evidenciado na leitura do artigo 62 da Lei 9.099/95, em sua parte final: “objetivando sempre, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade”. 
O procedimento sumaríssimo é aplicável aos chamados crimes de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima não excede a dois anos, bem como às contravenções penais.
Para dar início ao procedimento sumaríssimo, primeiramente, lavra-se o chamado termo circunstanciado de ocorrência, sendo este encaminhado ao JECRIM. 
Princípios que orientam o procedimento sumaríssimo 
Princípio da oralidade: trata-se da preferência pelos atos processuais realizados na forma oral. 
Princípio da informalidade: o procedimento sumaríssimo visa simplificar o processo, portanto, a formalidade só deverá ser utilizada, quando necessária. Neste sentido, o exame de corpo e delito, no procedimento sumaríssimo, pode ser substituído por boletim médico. 
Princípio da economia processual: o procedimento sumaríssimo é enxuto, com poucos atos processuais, vez que o processo deve terminar no menor prazo possível. 
Princípio da celeridade: a solução do conflito, deve ser buscada no menor prazo possível. 
Crimes com pena máxima inferior a dois anos que não são de competência do procedimento sumaríssimo. 
Casos de violência doméstica e familiar contra a mulher: neste caso, mesmo se tratando de infração de menor potencial ofensivo (pena inferior a dois anos), não se aplica o procedimento sumaríssimo. O procedimento competente será o comum sumário.
Art. 90-A, 9.099/95 – Crimes militares: aos crimes previstos no CPM, ainda que a pena máxima não exceda a dois anos, não se aplica o procedimento sumaríssimo. O procedimento competente será o comum sumário.
Quando houver necessidade de citação por edital (art. 66, § único, 9.099/95): no procedimento sumaríssimo, não é possível a citação editalícia. O procedimento competente será o comum sumário.
Complexidade do crime investigado (art. 77, § 2º): sendo o crime que seria objeto do procedimento sumaríssimo, complexo, o procedimento competente será o comum sumário. 
Audiência preliminar. 
No procedimento comum sumaríssimo, há a chamada audiência preliminar que visa encerrar o conflito, antes mesmo da instauração do processo, esta, subdivide-se em 03 etapas, quais sejam: 
Composição civil: nada mais é que uma tentativa de acordo entre o acusado e a vítima, buscando uma reparação ao dano causado que pode ser realizado por um Juiz togado, ou por um conciliador (bacharel em direito). A composição civil somente se dará, se houver acordo. Havendo, tal acordo será homologado por Juiz togado e não caberá recurso de tal homologação. A parte prejudicada, no entanto, poderá adentrar com ação anulatória. 
Se realizada, a composição civil, nos crimes de ação penal privada ou pública condicionada a representação, implica em renúncia ao direito de queixa ou de representação. 
Sendo de ação penal pública incondicionada, não haverá a extinção e proceder-se-á a nova etapa. 
Transação penal (art. 76, 9.099/95): consiste em uma proposta feita pelo Ministério Público, ao acusado, de antecipação de pena restritiva de direito, ou multa. A natureza jurídica da transação penal, é de direito público subjetivo, vez que se preenche os requisitos, terá direito à proposta, estando o Ministério Público obrigado, de forma que se o juiz entenda que o acusado preenche os requisitos e o representante do MP não, haverá o encaminhamento dos autos ao PGJ que fará a proposta ou delegará para outro promotor a fazer, ou ainda manterá o entendimento do promotor primário, fato em que não será feita proposta. 
O acusado pode, ou não aceitar a proposta de transação, não necessitando de anuência da vítima para tal. 
O juiz poderá, se a pena aplicada for multa, reduzi-la até a metade. 
São requisitos para a concessão da transação penal (art. 76, § 2º, CPP): 
Não condenação a pena privativa de liberdade, por sentença irrecorrível; salvo na hipótese do “tecnicamente primário”, quando já se passaram 05 anos da condenação. 
Não ter sido o acusado, beneficiado, nos últimos 05 anos, por transação penal; 
Circunstâncias judiciais favoráveis. 
Tais requisitos são cumulativos, de forma que se faltar algum, não será concedida. 
Preenchidos os requisitos e oferecida a transação penal, haverá a extinção do processo e o acusado ainda será considerado primário, não acarretando em reincidência, caso seja condenado por outro crime. 
OBS. Súmula vinculante 35: a homologação da transação penal, não faz coisa julgada material, de forma que se alguma das obrigações impostas na mesma for descumprida, o processo será reaberto e haverá o oferecimento da denúncia ou queixa. 
Da decisão que homologa a transação penal, o recurso cabível é a apelação. 
Vale ressaltar que é possível a transação penal, nos crimes de ação penal privada, tal proposta, no entanto, deve ser realizada pela vítima, havendo interferência do MP, quando os termos da proposta forem excessivos. 
Oferecimento da denúncia ou queixa: o oferecimento da denúncia ou queixa ocorrerá com a não aceitação da transação por parte do acusado, bem como se este não preencheu os requisitos. 
O oferecimento da denúncia ou queixa se dará na forma oral. Se feita em sede de audiência preliminar, haverá a citação do réu e intimação da vítima, bem como a designação de audiência preliminar, que se dará conforme o artigo 81 da 9.099/95. 
Audiência de instrução e julgamento (art. 81): primeiramente, cabe mencionar que caso o acusado não compareça a audiência preliminar, a composição, bem como as outras etapas, podem ser realizadas em sede de audiência de instrução

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