Buscar

Controle Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

� PAGE \* MERGEFORMAT �16�
INTRODUÇÃO
O DIREITO COMO PROPULSOR E OBSTÁCULO DA MUDANÇA SOCIAL
 
 O CONCEITO DE MUDANÇA SOCIAL
 
A mudança social indica uma reestruturação das relações sociais.
“A mudança social indica uma modificação na forma como as pessoas trabalham, constituem famílias, educam seus filhos, se governam e dão sentido à vida” (Vago, 1997, p. 286). 
A sociologia parte do princípio que a sociedade encontra-se em transformação contínua: “a realidade social não é um estado constante, mas um processo dinâmico” (Sztompka, 1998, p. 358) O fenômeno da “mudança social” (social charge) começa a ser objeto de estudos específicos nas primeiras décadas do século XX (Ferrari, 1999, p. 271).
Podemos dizer que o objeto geral de todos os trabalhos de sociologia são as mudanças da sociedade no tempo.
Os sociólogos estudam principalmente as formas de mudança social (total ou parcial; lenta ou rápida; contínua ou descontínua) e as suas causas, distinguindo os fatores que desencadeiam um determinado processo de mudança. Entre eles situam-se os fatores geográficos, demográficos, ideológicos, econômicos, o contato entre as diversas sociedades (difusão de conhecimentos e valores) e as inovações, tais como as descobertas e invenções. A mudança social é sempre considerada como produto da combinação de vários fatores (Sztompka, 1998);
Relações entre o sistema jurídico e a mudança social
 
No âmbito da sociologia jurídica, “a mudança contínua das regras do direito constitui uma hipótese teórica fundamental” (Papachristou, 1984, p. 125). Esta hipótese constitui um elemento comum das várias abordagens da sociologia jurídica. Isto pode ser observado nos estudos de Marx e Engels sobre a determinação do direito pelas mudanças econômicas, nas análises de Durkheim sobre a passagem do direito repressivo ao direito restitutivo, nos estudos de Weber sobre a racionalidade do direito moderno e, recentemente, nas análises sobre a transformação do direito e do Estado na época da globalização. Constata-se assim o fenômeno da “dinâmica” ou mesmo do “evolucionismo” do direito (Papachristou, 1984, pp. 125-126). 
 LEGITIMIDADE E DIREITO.
 O DIREITO COMO FATOR DE CONSENSO SOCIAL
 1. MONOPÓLIO DE VIOLÊNCIA LEGAL
 
É muito comum ouvir, entre sociólogos do direito, as seguintes frases: o Estado mantém o monopólio da violência legítima; o Estado é um aparelho violento ou um mecanismo de violência. Estas afirmações, que provêm de Max Weber, indicam que o Estado, quer o indivíduo aceite ou não, tem a capacidade de impor a sua vontade. Weber definia o Estado como um mecanismo que consegue manter o monopólio do exercício legítimo da violência física.
 A palavra monopólio é de origem grega: monos = único e pôlion = venda, significando a prerrogativa exclusiva de venda.
As formulações exatas são: “Uma empresa com caráter de instituição política denominamos Estado, quando e na medida em que seu quadro administrativo reivindica com êxito o monopólio legítimo da coação física para realizar as ordens vigentes” (Weber, t991, p. 34). “Hoje, o Estado é aquela comunidade humana que, dentro de determinado território (...), reclama para si (com êxito) o monopólio da coerção física legítima..”.
 Das análises de Weber destacam-se três elementos
 a- Violência legítima. As manifestações de violência física (exercício de força e coação) podem ser divididas em duas categorias: aquelas que são aceitas pela maioria da população (violência legítima) e aquelas que são consideradas injustas, abusivas, sem justificação (violência ilegítima). A vítima de uma calúnia que arresta o caluniador e o mantém em prisão por dois anos exerce violência ilegítima, que a sociedade reprova e o Estado pune. 
O Estado que condena o mesmo caluniador a dois anos de detenção, aplicando o art, 138 do Código Penal, exerce um constrangimento legítimo. Hoje pode ser legítima somente a violência física que provém do Estado (exemplo: ação policial) ou é autorizada por ele (exemplo: legítima defesa).
 b) Violência legal. A justificação da violência legítima difere historicamente e depende do tipo de organização social. Nas sociedades modernas, a violência é aceita somente se fundamentada na lei estatal; em outras palavras, a violência legítima é, hoje, um sinônimo da violência legalmente prevista.
 c) Monopólio de violência. A prerrogativa exercer violência legítima pode ser difusa ou centralizada. Na Idade Média era frequentemente permitida a vingança. Nas sociedades modernas a violência legítima é centralizada; o Estado é a única organização social que possui esta prerrogativa em seu território.
Resumindo. A coação física é considerada legítima nas sociedades modernas se for fundamentada numa lei estatal e exercida por autoridades do Estado ou — em casos excepcionais — por quem foi legalmente habilitado para isto.
 
Um exemplo nos oferece a política tributária. O governo pode exigir o pagamento de impostos, fundamentado na legislação tributária. Se uma pessoa se nega a pagá-los, o governo conta com meios para constrangê-la a efetuar este pagamento. Portanto, o Estado pode impor a sua política, exercendo o “monopólio da violência legal”, dado que o Estado é a única instância social que possui aparelhos de violência fortes e também legais. Os aparelhos do Estado atuam, em geral, com o monopólio da coação física legitima (...). Este é considerado a única fonte do ‘direito’ de exercer coação” (Weber, 1999, pp. 525-526). 
Segundo Kelsen (2000, pp. 40-41), a ordem jurídica possui o “monopólio da coação” e o Estado moderno “representa uma ordem jurídica centralizada no mais elevado grau”.
A base nas normas jurídicas, que lhes oferecem a possibilidade (competência) de atuar, estabelecendo as finalidades e os limites desta atuação. Neste sentido podem exercer uma violência legal (prevista e regulada através de normas jurídicas) e aplicar o direito independentemente da vontade dos cidadãos.
Um criminoso pode constranger uma pessoa, com ameaça ou violência física, a entregar sua carteira. Esta é uma forma de violência ilegal, contrária à lei e, como tal, punível. Quando o Estado constrange alguém a pagar impostos empregando, se for necessário, até violência física —, exerce um poder, que lhe confere a lei. 
O Estado atua de forma legal e emprega a violência somente para enfrentar a resistência da pessoa que se nega a cumprir uma obrigação legalmente estabelecida.
Outros exemplos oferecem as condutas que infringem a legislação penal. Se alguém se nega a respeitar a propriedade privada e pratica furtos, o Estado pode impor, através da sua violência, um limite à sua conduta, levando-o à prisão. Assim os aparelhos do Estado (neste caso a polícia) nos ameaçam com o constrangimento e, se for o caso, exercem o constrangimento (arresto do infrator, inclusive com violência física).
Porém, apesar de ser um aparelho violento, o Estado é fundamentado no consentimento (aceitação) por parte da população, e a sua atuação também gera consenso. Assim, um governo que tem uma boa política social, consegue suscitar a adesão dos cidadãos, ou seja, a população passa a apoiá-lo.
 A obtenção do consenso é um tema de extrema importância para o Estado, sendo o fundamento de sua legitimidade. O emprego de violência gera custos materiais para o poder político, ademais de causar uma situação de tensão e instabilidade. Por esta razão, os detentores do poder têm todo o interesse de minimizar o uso de violência, procurando obter a adesão da população e o cumprimento voluntário das obrigações. 
.
 Exemplo: Se todos os brasileiros se negarem a servir o exército, o governo tem meios militares e policiais, para constrangê-los ao cumprimento desta obrigação constitucional. Mas qualquer um pode imaginar quais seriam as dificuldades práticas e as consequências políticas de um tal empreendimento.
 
2. LEGITIMIDADE DO PODERO que se entende por legitimidade? 
A legitimidade é decorrente do sentimento expresso por uma comunidade de que determinada conduta é justa, correta. Daí dizer-se que esta implica sempre reconhecimento.
A ETIMOLOGIA DA PALAVRA PODER
A palavra poder vem do latim vulgar potere, substituído ao latim clássico posse, que vem a ser a contração de potis esse, “ser capaz”; “autoridade”. Dessa forma, na prática, a etimologia da palavra poder torna sempre uma palavra ou ação que exprime força, persuasão, controle, regulação etc.
De acordo com o dicionário de filosofia, a palavra poder, na esfera social, seja pelo indivíduo ou instituição, se define como “a capacidade de este conseguir algo, quer seja por direito, por controle ou por influência. O poder é a capacidade de se mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter certo resultado (...)” (Blackburn, 1997:301). Muito embora, de acordo com o autor, esse poder possa ser exercido de forma consciente ou não, e/ou, frequentemente, exercido de forma deliberada.
Podem-se encontrar definições do tipo: “É poder social a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um governo de dar ordens aos cidadãos” (Bobbio, 2000:933). E ainda, “o poder evoca a ideia de força, capacidade de governar e de se fazer obedecer, império” (Souza, Garcia e Carvalho, 1998:417).
No que se refere ao poder, direito e verdade, sob a análise de Foucault, existe um triângulo em que cada item mencionado (poder, direito e verdade) se encontra nos seus vértices. Nesse triângulo, o filósofo vem demonstrar o poder como direito, pelas formas que a sociedade se coloca e se movimenta, ou seja, se há o rei, há também os súditos, se há leis que operam, há também os que a determinam e os que devem obediência.
Michel Foucault 
Foucault, 1962– Tecnologia do Poder – o poder permeia toda a sociedade e, nas sociedades modernas pelas relações de consumo.
O poder disciplinar – consiste, segundo o autor, construir uma pessoa pela ação do poder sobre o corpo desse indivíduo (sociedade);
A disciplina vem de fora, não se internaliza nesse indivíduo – as pessoas são “sequestradas” onde os indivíduos eram retirados do seu espaço social e dentro das instituições seriam doutrinados.
 Foucault chamou de tecnologia política cujo elemento unificador era a hierarquia.
O objetivo do autor é entender os interesses, formas de controle e analisa os processos disciplinares adotados pelas instituições (escolas, hospitais, manicômios, prisões), identificando os padrões de condutas normais ou não.
No contexto histórico, sobre o período do iluminismo, Foucault acredita que internamente, o novo conceito de homem foi importante para a sociedade mas que existiam apenas sujeitos que variavam de tempo ou lugar;
Externamente, porém, as mentes e os corpos poderiam ser moldados por diversas instituições sociais.
Panótiptico – Foucault utilizou o modelo do Filósofo Geremy Benthan(sec XVIII) – para explicar como seria possível um controle. A criação de um lugar onde as pessoas pudessem ser vistas sem ver. Representa o controle de um poder central sobre uma população, um lugar para ver sem ser visto.
Exemplo: Uma torre; as câmeras de vigilância...
3(três) mecanismos do poder disciplinar:
Soberania: poder do soberano sobre a vida e a morte do indivíduo
Disciplina – o poder disciplinar vai agir sobre cada um desses corpos (hierarquia)
Biopoder - No final do sec. XVIII e XIX se complementou a tecnologia disciplinar. Age sobre as grandes populações, os grandes corpos populacionais
“O estudo das instituições prisionais” – Nas prisões o poder se manifesta de forma concreta.
O autor discorre que as relações de poder existentes, seja pelas instituições, escolas, prisões, quartéis marcados pela disciplina: “mas a disciplina traz consigo uma maneira específica de punir, que é apenas um modelo reduzido do tribunal” (Foucault, 2008:149). 
É pela disciplina (hierarquia) que as relações de poder se tornam mais facilmente observáveis, pois é por meio da disciplina que estabelecem as relações: opressor-oprimido, mandante-mandatário, persuasivo-persuadido, e tantas quantas forem as relações que exprimam comando e comandados.
Foucault tratou também sobre o conhecimento como forma de controle social e acreditou que as ciências humanas intervêm na vida do indivíduo, pelos saberes que controlam o controlam. Cada conhecimento novo pode representar um mecanismo de alteração de comportamento e, nesse sentido não existia relação de poder que não estivesse acompanhada da criação de um saber.
Exemplo: na família, uma criança com problema na fala é levado ao fonoaudiólogo que, usando de seus conhecimentos irá mudar o comportamento; um psicólogo que contribui para a mudança de comportamento através do conhecimento da área de psicologia.
A ação não seria sempre opressora mas poderiam estar relacionadas a criação nova.
Por isso o homem poderia pensar sobre outras possibilidades para o mundo em que vive, criando assim, novas perspectivas. Por isso seus estudos foram importantes também na psicologia nas novas tecnologias de tratamento para os males da mente humana, Como estudioso da psicanálise, criticou as abordagens sobre a internação e o domínio das concepções médicas para lidar com a doenças.
Seu estudo impulsionou as terapias alternativas
Exemplo a reconstrução (recuperação) do homem a partir da sua significância.
Diante do triângulo demonstrado por Foucault, poder — direito — verdade, e das passagens em que ele remete ao aparelho de Estado, a figura, por meio de recurso analógico, compara-o ao triângulo do tripé da sociedade, Estado – mercado – sociedade civil.
											
Temos um poder legítimo, se a população reconhece que as ordens emanadas das autoridades são justas e que existe a obrigação de cumpri-las (dever de obediência). Em outras palavras, a população obedece ao poder legítimo não somente por temer a aplicação de eventuais sanções, mas também por convicção. (Valores)
Neste caso, a ordem política encontra um amplo reconhecimento e consegue facilmente aplicar o direito.
Ao analisarmos a relação entre legitimidade e Estado, podemos apontar como marco histórico o discurso filosófico sobre o contrato social. 
Ao final do século XVIII e início do século XIX, a ideia de legitimidade, que estará na base do nascimento dos primeiros Estados, se relacionava a um consenso inicial de todos os cidadãos, onde se configurava a idéia de adesão ao contrato social, para a fundação de um Estado: os cidadãos iguais e livres decidem organizar a sociedade através de um contrato social, cujas regras fundamentais são fixadas na Constituição.
Atualmente pode-se falar de um consenso funcional e permanente, que consiste na participação dos cidadãos no processo de tomada de decisões. 
A comunidade política se converte em protagonista do exercício do poder: os súditos tornam-se, pelo menos formalmente, cidadãos, detentores da soberania, e legitimam o poder através da eleição dos governantes e da participação cotidiana nos processos políticos (debates, protestos, greves etc.).
 Lembramos que o termo “legitimidade” é também utilizado com relação ao direito. Uma norma jurídica é legítima quando é considerada justa e necessária. 
A sociologia jurídica analisa a legitimidade do direito de dois modos:
- Pesquisa a opinião da população sobre o direito e averigua a eficácia das normas jurídicas, que está relacionada com a aceitação das normas pelas pessoas).
 
O PAPEL DO DIREITO NO PROCESSO DE LEGITIMAÇÃO DO PODER POLÍTICO. LEGITIMIDADE FORMAL E MATERIAL
 “O mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, senão transformando sua força em direito e a obediência em dever”. Esta constatação de Rousseau exprime uma lei fundamental da política. (Livro 1, Cap. 111; 1997, p. 59) 
 Não é difícil constatar que o direito tem uma importânciaparticularmente grande para o processo de legitimação do poder político. 
O direito dá ao poder, o que o constitucionalista alemão Carl Schmitt (1978, p. 323) chamou de “mais-valia política” (politischcr Mehrwert). Através do direito é possível criar legitimidade para um governo, que passa a usufruir as vantagens que oferece a aceitação popular (estabilidade social, diminuição dos conflitos, obediência espontânea).
O direito é um instrumento que permite legitimar o poder por duas razões:
 Em primeiro lugar, a existência de um sistema jurídico está ligada à ideia do justo. Se as leis são respeitadas por todos, as pessoas acreditarão que a justiça prevalece, que as autoridades do Estado não exercem o poder arbitrariamente, mas se restringem a aplicar as regras previamente estabelecidas.
Em segundo lugar, a existência do direito e o respeito a ele oferecem ao cidadão uma sensação de segurança. O direito lhe permite saber o que deve fazer e o que pode esperar dos outros, ou seja, lhe permite organizar a sua vida e conseguir uma estabilidade.
De tal forma, os detentores do poder não são julgados somente em base às suas decisões políticas, mas também ganham um “prêmio” da legitimidade devido ao funcionamento do sistema jurídico. Esta é a “mais-valia política” da qual se apropriam os detentores do poder legal.
Para conseguir legitimidade, o poder político deve atuar de conformidade com as características e exigências de cada sociedade. Nos sistemas capitalistas, a legitimidade é de tipo formal-legal. Os cidadãos aceitam submeter-se somente a ordens que emanam de normas jurídicas estabelecidas segundo procedimentos previstos na Constituição. Acreditam na legalidade, considerando-a como um elemento necessário para o bom funcionamento da sociedade.
 O poder político moderno não se legitima somente por tomar decisões justas, como acontecia com os “bons reis” na Idade Media. A legitimação passa pelo respeito às regras e aos procedimentos definidos pelo direito escrito: “obedece-se à ordem impessoal, objetiva e legalmente estatuída” e não a determinadas pessoas (Weber, 1991, p. 141).
 Dentro do sistema de legitimidade formal, o exercício da violência física é considerado legítimo, somente quando praticado dentro dos limites da legalidade. Assim sendo, falar-se do monopólio da violência legítima nos sistemas capitalistas significa falar da violência legal
ORDEM (SOCIAL)
=PRODUTO DAS INSTITUIÇÕES, RELAÇÕES E PROCESSOS SOCIAIS E NÃO APENAS POR SISTEMAS JURÍDICOS E SUAS SANÇÕES. 
 O controle está baseado em valores relacionados com cada sociedade em particular
Segundo Émile Durkheim, numa sociedade socializada, dotada de capacidade nos processos de interação e integração, os valores são fortes, capazes de exercer o controle social através da AÇÃO COLETIVA (CONSCIÊNCIA COLETIVA). – SOCIEDADES MECÂNICAS.
QUANTO MAIOR O GRAU DE COESÃO, A ACEITAÇÃO DOS VALORES VIGENTES, MAIOR O CONTROLE SOCIAL. 
CONCEITUANDO….
BOUDON, Raymond & BOURRICAUD, François. "Controle social". In: Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática, 1993, pp. 100-106.
Boudon e Bourricaud definem o controle social como "o conjunto dos recursos materiais e simbólicos de que uma sociedade dispõe para assegurar a conformidade do comportamento de seus membros a um conjunto de regras e princípios prescritos e sancionados" (p. 101). 
A noção de controle social, na sociologia, é bem diversa daquela existente no senso comum, onde se entende que ele seria apenas o controle formal e legal exercido pela sociedade sobre os indivíduos. 
Na verdade, o controle social representa também a maneira através da qual se garante, pelas relações sociais, que os indivíduos ajam em conformidade com as normas sociais consensuais de uma determinada sociedade. 
Para que o controle social seja plenamente efetivo, portanto, não basta apenas que ele seja externo ao indivíduo, mas é preciso também que ele faça parte da subjetividade deste indivíduo.(VALORES)
Para Boudon e Bourricaud nossa conduta "não é regrada exclusivamente pelas coerções do meio exterior (físico ou moral). Está também submetida a exigências internas, das quais algumas, rebeldes a todo controle, buscam satisfazer-se literalmente a qualquer preço, e outras, domadas, entram em estratégias mais complexas e de mais longo alcance" (p. 102). 
No pensamento de Parsons, a partir das idéias de Freud, "o controle social se funda na capacidade do ator de ver seus próprios atos com o olhar com que um outro ator, qualquer que seja ele (...), veria" (p. 102). 
Na verdade, o controle social supõe reciprocidade, ou seja, supõe a existência de normas que estabelecem obrigações comuns e recíprocas entre os membros de uma determinada sociedade. 
Em resumo, podemos pensar a sociedade como um conjunto de estratégias de controle, que ao mesmo tempo estimulam e limitam a ação social e que, desse modo, possibilitam a interação entre as iniciativas e recursos individuais, as coerções coletivas e as normas morais. Nessa perspectiva, o controle social nunca é total: nem a sociedade controla totalmente o homem e nem o homem controla totalmente a sociedade, pois ambos se limitam mutuamente. 
Controle Social e anomia 
BOUDON, Raymond & BOURRICAUD, François. "Anomia". In: Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática, 1993, pp. 25-29. 
O conceito de anomia tem a intenção de precisar a idéia de desregramento social e é um dos mais utilizados na sociologia. 
O conceito de anomia se aproxima da idéia marxista de alienação, traduzindo a existência de um "desregramento fundamental das relações entre o indivíduo e sua sociedade" (p. 25). 
Podemos dizer que existe anomia quando as ações individuais não são mais reguladas por normas sociais claras e coercitivas. 
Para Durkheim, o que causa a anomia é a crescente complexificação das estruturas sociais, fato que ocasiona um aumento da individualização dos membros da sociedade e, conseqüentemente, o crescimento dos efeitos deste "desregramento". 
Toda sociedade tem valores que são, em maior ou menor grau, compartilhados pelos seus membros, e para Boudon e Bourricaud a interiorização individual destes valores se constitui na base sobre a qual se constrói o conjunto de objetivos individuais que devem obedecer – ou não – às normas sociais para serem atingidos. 
O conceito de anomia, tal qual o de alienação, se propõe a dimensionar as sociedades concretas através da idealização de um modelo social em que os indivíduos estejam plena e harmoniosamente integrados na sociedade. 
A Anomia em Merton 
Robert K. Merton(1938), sociólogo americano, escreveu um artigo famoso de apenas dez páginas, que teve o mérito de estabelecer os fundamentos de uma teoria geral da anomia. O artigo foi posteriormente revisto e transformado pelo autor em sua obra clássica Teoria e Estrutura Sociais.
Partindo de uma análise da sociedade americana, Merton sustentou que em toda sociedade existem metas culturais a serem alcançadas, entendendo-se como tais os valores sócio-culturais que norteiam a vida dos indivíduos. Para atingir essas metas existem os meios, que são os recursos institucionalizados pela sociedade, aos quais aderem normas de comportamento. De um lado, metas sócio-culturais, de outro, meios socialmente prescritos para atingi-las.
Ocorre, no entanto, que os meios existentes não são suficientes nem estão ao alcance de todos, acarretando, assim, um desequilíbrio entre os meios e os objetivos a serem atingidos. Isso quer dizer que, enquanto todos são insistentemente estimulados a alcançar as metas sociais, na realidade apenas alguns poucos conseguem por ter ao seu dispor os meios institucionalizados.
Os tipos de comportamento mencionados pelo autor são: 
a-conformidade (comportamento modal);
b-inovação, comportamento que condiz com as metas culturais mas que se os meios institucionalizados não estiverem ao alcance, tenta-se atingir as metas por meios socialmentereprováveis; 
c-ritualistas: o desinteresse em atingir as metas e o medo do fracasso e as regras sociais são consideradas “ritos”; 
d-evasão: o abandono das metas e dos meios institucionalizados. O indivíduo não se adere as regras; e
e-rebelião: inconformismo e revelia. O indivíduo se nega a seguir os meios e as metas.
Esse desequilíbrio entre os meios e as metas ocasionaria o comportamento de desvio individual (ou em grupo), pois o indivíduo no empenho de alcançar as metas que lhe foram sugeridas e não dispondo de meios para tal, buscaria outros meios, mesmo que contrários aos interesses sociais.
Atualidade da anomia
 
 Qual é a importância da problemática da anomia para a sociologia jurídica moderna? Com base nas referidas críticas e~em algumas análises recentes (Orris, 1987; Marra, 1991; Hemández, 1993) podemos indicar três usos do conceito de anomia.
 
 Anomia e ineficácia do direito
 
 A anomia leva, muitas vezes, ao descumprimento das normas jurí dicas, causando a ineficácia do preceito (Lição 3, 2, b). Neste contexto, a anomia pennite distinguir duas hipóteses de ineficácia do direito:
 a) Ineficácia ocasional: descumprimento da norma apesar de sua aceitação. Exemplo: muitos homicidas estão plenamente de acordo com a proibição do homicídio e consideram que violaram a norma em uma situação excepcional (medo, desespero etc.). Aqui temos uma ineficácia do direito sem relação com a anomia.
 b) Ineficácia anômica: descumprimento de norma que o indivíduo considera inadequada ou injusta. Exemplo: um grupo político pratica atos terroristas puníveis pela legislação acreditando que age no interesse da humanidade. A ineficácia da norma é devida à situação de rebelião que vivencia este grupo.
 A ineficácia anômica causa particulares problemas porque os indivíduos violam as normas por convicção. 
DIFERENÇA ENTRE A CRIMINOLOGIA E A SOCIOLOGIA DOS DESVIOS
Qual é a diferença entre desvio e crime?  Ambos são a violação da norma social. O crime tem a característica adicional de que uma lei foi criada contra ele, tornando-o um crime ou uma ofensa criminal.  Nem tudo o que é ilegal é criminoso; uma multa de estacionamento não é uma ofensa criminal; conduzir sobre o efeito do álcool já é
Duas disciplinas distintas, mas relacionadas, ocupam-se do estudo do crime e do desvio. A Criminologia interessa-se pelas formas de comportamento sancionadas pela lei criminal. 
Os criminologistas normalmente se interessam por técnicas de mensuração do crime, tendências em índices de criminalidade e políticas que visem a redução do crime dentro das comunidades. 
A Sociologia do desvio se utiliza da pesquisa criminológica, mas também investiga a conduta que se encontra além do domínio da lei criminal. Os sociólogos procuram entender por que determinados tipos de comportamento são amplamente considerados desviantes.
Exemplo: CRIME DAS CORPORAÇÕES: Delito cometido por grandes corporações na sociedade. Ex: propaganda enganosa, poluição, etc. CRIME DO COLARINHO BRANCO Atividades criminosas realizadas por pessoas em cargos de colarinho-branco ou profissionais. 
SOCIOLOGIA DO DESVIO: O desvio trata-se de uma não-conformidade com determinado conjunto de normas aceitas pela maioria em uma comunidade ou sociedade. Nenhuma sociedade pode ser repartida, de um modo simples, entre aqueles que se desviam das normas e aqueles que agem de acordo com ela.
A maioria de nós, em algum momento da vida, transgride regras de comportamento geralmente aceitas. Ex: Exceder o limite de velocidade, passar trotes telefônicos, etc. Um exemplo é o culto Hare Krishna. Em alguns casos, são vistos com tolerância pela população, mesmo que suas idéias pareçam excêntricas. A sociologia do desvio é o ramo da sociologia que se ocupa com o estudo do comportamento desviante e a interpretação de suas razões. 
Subcultura desviante – uma subcultura cujos membros possuem valores que ferem substancialmente dos valores da maioria da sociedade. Os Hare Krishnas representam um exemplo de uma subcultura desviante.
- Crime e desvio
O desvio e o crime não são sinônimos, embora, em muitos casos, se sobreponham. O conceito de desvio é bem mais amplo do que o de crime, que se refere apenas a uma conduta que infringe uma lei. O conceito de desvio pode ser aplicado tanto no comportamento individual como no da atividade de grupos
DESVIO SOCIAL: 
 Modos de agir em desconformidade com as normas ou valores mantidos pela maioria dos membros de uma sociedade. As variações de interpretação do comportamento desviante são tão amplas quanto às normas e os valores que distinguem diferentes culturas e subculturas entre si. Muitas formas de comportamento que são apreciadas em um contexto são depreciadas por outros. 
CRIME:
Ação que transgrida leis estabelecidas por autoridade política. Embora pareça que os criminosos constituem uma subseção totalmente distinta da população, há poucas pessoas no mundo que não infringiram a lei de uma forma ou de outra no decorrer das suas vidas.
OS MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL PODEM SER:
a) inconsciente(tradição, costumes, convenção)
b)consciente: (técnicas utilizadas por lideres e chefes através de mecanismos negativos ou inibidores (policia, tribunais) e positivas (incentivos ou recompensas)
NORMAS E SANÇÕES A vida social do ser humano é governada por regras e normas. Na maioria das vezes, seguimos normas sociais porque estamos acostumados a isso, em função do nosso próprio processo de socialização. 
Normas são regras de comportamento que refletem os valores de uma cultura, prescrevendo ou proibindo um determinado tipo de comportamento. As normas são sempre apoiadas por sanções que promovem a conformidade e protegem-nas da não conformidade.
 SANÇÕES : A palavra "sanções" tem duplo sentido. Em primeiro lugar, e de uso mais comum, "aplicar sanções" significa aplicar penalidades por determinadas condutas que violem disposições legais, regulamentos, usos ou costumes, ou criar restrições e proibições que cerceiam a liberdade de conduta. Rituais punitivos como reforçadores da solidariedade
Num segundo sentido, entendeu-se por "sanção" qualquer forma de aprovação de um ato ou forma de conduta determinados, ou a aprovação com que se ratifica a validez de algum ato, uso ou costume.
As sanções podem ser:
positivas (recompensas pela conformidade) 
negativas (punições pelo comportamento desobediente).
formais (representados pelos tribunais e pelas prisões)
informais (repreensão social). 
Internas: decorrente dos valores e critérios de moralidade próprio de cada sociedade, cultura ou indivíduo
Externas: aplicadas pelo Estado, através das sanções
São causas dos desvios: 
- Socialização falha ou carente;
- sanções fracas;
-cumprimento banalizado da sanção;
- alcance indefinido da norma (radicais fanáticos, fundamentalistas)
- sigilo das infrações ;
- execução injusta ou corrupta da lei;
- legitimação subcultural do desvio;
-sentimento de lealdade para com o grupo em desvio
Alguns aspectos relacionados à conformidade e ao desvio:
A meta da pressão social trata-se de uma conformidade manifesta;
o grupo reprime variações extremas;
os limites da tolerância variam (status do infrator..)
mudanças da tolerância em épocas de crise, conflito;
 tolera-se mais o desvio das normas em uma conformidade grande e heterogênea do que numa pequena e homogênea (complexidade dos grupos)
a família, a vizinhança e a igreja são órgãos com menos poder que no passado, ao passo que as empresas e o Estado tendem a adquirir mais força.
 
II – DESVIO SOCIAL E TIPOS DE SOCIEDADE SEGUNDO DURKHEIM:
QUANDO HÁ DESAJUSTE, QUANDO A SOCIEDADE NÃO ESTÁ SOCIALIZADA, OCORRE O QUE DURKHEIM DENOMINOU DE ANOMIA
Durkheim entende que a sociedade passa por um determinado processo de evolução e essa evolução que está sendo provocada pela diferenciaçãosocial. Ocorre que a primeira etapa desse processo de evolução social, Durkheim chamou de “sociedade de solidariedade mecânica”, já o que se refere à etapa final de “sociedade de solidariedade orgânica”. Assim, organiza da seguinte forma os dois tipos de sociedade.
	
	Sociedade de solidariedade mecânica
	Sociedade de solidariedade orgânica
	Laço de solidariedade
	Consciência coletiva
	Divisão do trabalho social
	Organização social
	Sociedade segmentada
	Sociedades diferenciadas
	Tipo de direito
	Direito repressivo
	Direito restitutivo
Durkheim define a vida coletiva como “[...] um conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado que possui vida própria” (DURKHEIM, 1995, p. 50). Logo, esse laço de solidariedade forma a consciência coletiva.
A1-Sociedades de Solidariedades mecânica
“Nas sociedades primitivas, cada indivíduo é o que são os outros; na consciência de cada um predominam, em número e intensidade, os sentimentos comuns a todos, os sentimentos coletivos”. (ARON, 2003, p. 459).
O grupo na sociedade de solidariedade mecânica prevalece, possui mais eqüidade, aparece mais, logo tem predomínio sobre o indivíduo. O indivíduo não possui relação com o mundo exterior. Logo, são tão semelhantes que pouco se caracterizam como diferenciais, abrindo poucos intervalos para individualidades. Os indivíduos comungam entre si, vivem a comunidade fazendo-se interações, como por exemplo, as sociedades indígenas.
Porém, como fazer transparecer isso,
[...] Durkheim, optou pelo estudo das normas jurídicas que, segundo ele, são um dos meios pelo qual a sociedade materializa (ou torna concreta) suas convicções morais, que são um dos elementos da consciência coletiva. De acordo com a forma pelo qual ele é organizado, o direito é o símbolo visível do tipo de solidariedade que existe na sociedade. Assim, nas sociedades de solidariedade mecânica temos o predomínio do direito repressivo, [...] o predomínio da punição. De acordo com a explicação de Durkheim, isto mostra a força da consciência coletiva sobre a vida dos indivíduos. (SELL, 2001, p. 140-41).
Assim, as normas jurídicas representam de certa forma a sociedade em que vivemos, repressiva ou restitutiva. Nas sociedades de solidariedade mecânica as punições são dadas aos indivíduos e estes não podem dela fugir ou mesmo fazerem-se livres, pois a punição faz com que a sociedade de coesão e não se danifique, logo não se admite violação das regras sociais. “Quanto mais forte a consciência coletiva, maior a indignação com o crime, isto é, contra a violação do imperativo social”. (ARON, 2003, p. 463). A punição não passa de uma lição aos outros indivíduos para que não façam o mesmo.
A2- Sociedade solidariedade orgânica
Nas sociedades de solidariedade orgânica os laços de solidariedade exigem a divisão do trabalho social, o tipo de organização social é de uma sociedade diferenciada, também o tipo de direito, diferente da sociedade de solidariedade mecânica, deve ser restitutivo. Durkheim vê como uma lei na história a passagem da sociedade de solidariedade mecânica para a sociedade de solidariedade orgânica.
A atividade é mais coletiva, os indivíduos dependem uns dos outros, devido à especialização de funções ou mesmo a divisão do trabalho social. Demonstra que nas sociedades ditas modernas as sociedades são altamente desenvolvidas e diferenciadas, assim cada indivíduo exerce funções diferenciadas.
Na realidade o que leva as pessoas a interarem-se é mesmo o progresso dos meios da especialização das funções que os indivíduos exercem entre si, ou mesmo em conjunto, logo os indivíduos acabam se tornando independentes das atividades em diferentes setores da vida social.
Como conclusão, Durkheim afirma que a divisão do trabalho social não pode ser reduzida apenas a sua dimensão econômica, no sentido de que ela seria responsável pelo aumento da produção, sendo está a sua função primordial. Ao contrário, a divisão trabalho social tem antes de tudo uma função moral, no sentido de que ela passa a ser o elemento chave para a integração dos indivíduos na sociedade. (SELL, 2001, 144).
Dessa maneira Durkheim entende que a verdadeira função da divisão do trabalho social possui como fator principal o sentimento de solidariedade entre os indivíduos de determinada sociedade. Porém, com a crescente diversificação das funções, cresce também o sentimento de individualidade entre os indivíduos, a consciência coletiva acaba perdendo seu papel de interação social. Portanto, os “[...] efeitos produzidos pela divisão do trabalho, contribuindo para manter o equilíbrio da sociedade” (DURKHEIM, 1999, p.223). Quanto mais o trabalho for dividido, maior rendimento terá.[16]
Mas, se a divisão do trabalho produz a solidariedade, não é apenas porque ela faz de cada indivíduo um “trocador”, como dizem os economistas; é que ela cria entre os homens todo um sistema de direitos e deveres que os ligam uns aos outros de maneira duradoura. (DURKHEIM, 1999, P. 429).
Em seu estudo sobre o suicídio e ao indicar diversos tipos, Durkheim dá a um deles o nome de “suicídio anômico”, apresentando dois quadros diferentes e aparentemente contraditórios. O estudo indicou um aumento no número de suicídios nas épocas de depressão econômica e nos períodos de prosperidade, em crescimento da economia.
No primeiro quadro de aumento do número de suicídios nos períodos de depressão econômica, ocorre por que os indivíduos não conseguem atingir os níveis de vida considerados pela sociedade, tal fracasso para muitos significa vergonha, desespero, futilidade do sentido da vida, que parece não valer a pena ser vivida.
Já no segundo quadro, podemos notar que Durkheim quis mostrar que, os homens têm desejos ilimitados, não existindo um limite às pretensões humanas, de modo que quando atinjam todos seus objetivos, ou percebam que podem conseguir o que quiserem, todas as pretensões passam a valer pouco, criando assim uma espécie de desencanto, conduzindo a um comportamento de autodestruição, ao notarem que podem tudo, considerando as normas de comportamento social, inúteis e conseqüentemente abandonam as normas de comportamentos socialmente prescritas, figurando o suicídio em casos extremos.
Em conseqüência para segurança da sociedade além de ter que manter um progresso na busca dos objetivos, de como serão alcançados, ainda assim ela tem que manter bem claro quais são esses objetivos. 
LEGITIMIDADE DO CONTROLE
Não há como falar na conformação da sociedade atual, a qual estabelece regras de conduta entre os indivíduos, sem antes elaborar algumas considerações acerca do contrato social, cujo grande expositor foi Hobbes.(1608)
Hobbes partia sua explicação para a necessidade de elaboração do contrato social do "estado de natureza", onde os homens não possuem nenhum tipo de limitação para o uso dos meios e da força para o alcance dos interesses particulares. 
A solução de Hobbes para essa guerra de todos contra todos é a emergência de um contrato social entre os indivíduos, os quais, pela ameaça da coerção, realizarão os comportamentos indispensáveis a manutenção da ordem coletiva. Para que isso fosse possível, o monopólio do uso da força legítima deveria se concentrar nas mãos de uma só pessoa, que ele denominou como Leviatã ou, modernamente, Estado, o que ocorreria através da delegação de parte da soberania individual para esse que se consubstanciaria enquanto soberano.
No momento em que Hobbes coloca a ameaça da coerção legítima aos indivíduos que agirem em desacordo com o postulado pelo Leviatã para a manutenção da ordem social, ele conforma-se enquanto um dos primeiros teóricos do sistema penal. Para ele, o criminoso é aquele que rompe o contrato social sendo por isso uma ameaça a continuidade da coletividade. Dessa forma, é necessário punir o infrator como exemplo aos demais de maneira que todos venham a seguir as regras e a lei. 
Para efetivar esse ideal de coerção, Hobbes prevêa instituição do sistema de justiça criminal, o qual se materializaria no crime, no processo criminal, juiz e na punição final. 
Os aparelhos repressivos do Estado, aparecem como; A.R.E Exército, Polícia, os Tribunais, Cadeias e o aparelho político (chefe de Estado, governo, administração etc.).
O crime enquanto fenômeno natural da sociedade e os rituais de punição enquanto meio de reforçar os laços de solidariedade que mantém a coletividade coesa foi abordado pelo Sociólogo Emille Durkhein. 
Essa construção teórica parte da presunção de existência de um contrato social anterior que definiria as regras constitucionais do jogo social no qual os indivíduos aceitariam os benefícios derivados da solidariedade entre os membros da coletividade.
Durkheim percebia a sociedade como algo decorrente da interação cotidiana entre os indivíduos, bem como suas crenças e ações e, por isso, conformava-se com características distintas da mera soma de seus componentes. A partir do momento em que os membros sociais se relacionam é possível a formação de uma consciência coletiva apta a determinar quais seriam as ações contrárias a moral preponderante.
A sociedade é, na visão de Durkheim, um fato social, visto que constitui-se enquanto algo externo e maior que os indivíduos que a compõem, o que a dota de um poder imperativo e coercitivo. Isso porque nas hipóteses da ausência total de constrangimentos o indivíduo irá nortear suas ações de maneira egoísta, o que levará a desordem social.
Dessa forma, a sociedade é uma autoridade moral dotada de:
Solidariedade pré-contratual: permite a formação de redes de confiança que culminam no contrato social materializado pelas leis e pelo próprio Estado.
·Consciência coletiva: é a obrigação moral que liga o indivíduo a sociedade. Isso ocorre através da conformidade de um sistema de valores onde as crenças e anseios egoístas são compartilhados em prol do coletivo.
·Regras Morais: são os meios através do qual a coletividade expressa não apenas suas normas, como também seus mecanismos de controle. Com isso espera-se que nenhum indivíduo venha a transgredir os valores sociais. Os atores desviantes são os não socializados, ou seja, aqueles que não internalizaram a moral preponderante. Nesse sentido, apenas a absorção das regras permite a reunião do criminoso ao grupo social.
 
A Teoria da Burocracia desenvolveu-se dentro da gestão por volta dos anos 40, e propôs um modelo de organização social. Max Weber – 1864-1920
O ressurgimento da Sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, o seu criador, com o objetivo de atender a necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como, o comportamento dos membros dela participantes, é aplicável não somente aos setores da economia, mas a todas as formas de organização humana.
Princípios da burocracia:
Princípio da generalidade e da imparcialidade: Há regras de procedimentos preestabelecidas que vinculam a todos. A aplicação dessas regras idependem da vontade das pessoas que as executam e dos destinatários.
Exemplo: o empregado que falta ao serviço alegando cansaço.
Princípio da racionalidade: Manifesta-se na adequação da organização aos objetivos que persegue,
Principio da eficiência: Consiste na obtenção dos melhores resultados através da aplicação de técnicas mais idôneas, por pessoas com preparo profissional.
Princípio da impersonalidadeÇ as pessoas concretas não contam, o que vale são os cargos por elas ocupados. Os cargos sobrevivem as pessoas.
Segundo essa teoria, um homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada, muito minuciosamente e, em hipótese alguma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho. 
Então a burocracia é uma forma de organização, que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance dos objetivos. 
Weber identifica três fatores principais que favorecem o desenvolvimento da moderna burocracia: 
O desenvolvimento de uma economia monetária: 
 a centralização da autoridade e o fortalecimento da gestão burocracia; 
O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado Moderno; 
A superioridade técnica – em termos de eficiência – do tipo burocrático de gestão: serviu como uma força autônoma para impor sua prevalência. 
Segundo o conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como uma empresa, repartição ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo as soluções rápidas e eficientes. O termo é empregado também com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do sistema. (EXCESSO DE BUROCRACIA).
Entretanto para Max Weber a burocracia é exatamente o contrário, é a organização eficiente por excelência e para conseguir esta eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas devem acontecer.
A BUROCRACIA E O CONTROLE SOCIAL:
A burocracia permite a centralização política do poder moderno, o controle efetivo de um território e de uma população. Ela permite o conhecimentop do cidadão e a organização burocrática oferece base para que o direito possa desempenhar um papel de controle social sobre o comportamento da sociedade.
Resumo elaborado pela professora como apoio do conteúdo de controle social, com base nas seguintes referências bibliográficas:
MARCOS CÉSAR ALVAREZ: Professor da Unesp, campus de Marília, Pes-quisador colaborador junto ao Núcleo de Estudos da Violência da USP
(mcalvarez@uol.com.br).
BOUDON, Raymond & BOURRICAUD, François. "Controle social". In: Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática, 1993, pp. 100-106.
DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. In: ________.
Durkheim. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p.71-161. (Coleção Os Pensadores).
Sabadell, Ana Lúcia. Manuel de Sociologia Jurídica, 2ª ad. São Paulo
Netio, Pedro Scuro. Sociologia Geral e Jurídica, ed. Saraiva, 2007. São Paulo
Castro, celso Pinheiro. Sociologia do Direito, Atlas, 8ª ed. 2003, São Paulo
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA JURÍDICA
RESUMO DO CONTEÚDO CONTROLE SOCIAL
Prof. Nadia Sater Gebara
REGRA: QUANTO MAIOR É O CONSENSO OBTIDO PELO PODER POLÍTICO, MENOR É A NECESSIDADE DE CONSTRANGER AS PESSOAS AO CUMPRIMENTO DAS NORMAS JURÍDICAS
A LEGITIMIDADE PODE SER DEFINIDA COMO UM AMPLO CONSENSO, NO SEIO DA SOCIEDADE, DE QUE UMA AUTORIDADE ADQUIRE E EXERCE O PODER DE MODO ADEQUADO.
 
O TERMO LEGITIMIDADE UTILIZA-SE MAIS ESPECIFICAMENTE PARA REFERIR- SE AO PODER POLÍTICO, AO GOVERNO, AO ESTADO.
LEMBRAMOS QUE O TERMO “LEGITIMIDADE” É TAMBÉM UTILIZADO COM RELAÇÃO AO DIREITO
Conceito: É a capacidade que uma sociedade tem de se auto-regular, bem como os meios que ela utiliza para induzir os seus membros à submissão aos seus padrões estabelecidos. 
VALORES SOCIAIS: Sistemas de símbolos organizados dentro de idéias morais abstratas sobre o que é bom e mau, certo e errado, etc. Os valores divergentes representam aspectos fundamentais das variações na cultura humana. Os indivíduos estão inseridos em determinada cultura específica e elas exercem forte influência sobre aquilo que eles valorizam.
O controle social também pode ser visto como um processo por meio do qual se originam estímulos que deverão atuar eficazmente sobre determinadas pessoas e grupos provocando respostas adequadas que se inserem no ajustamento ou conformidade.
IDEOLOGIA Um elemento comum a todos os ideólogos é a sua natureza pessimista da natureza humana - eles observam-nos como basicamente maus, e com necessidades de melhorias (conseguidas através da "aprendizagem" da sua ideologia, que naturalmenteoferecem).
Os ideólogos consideram-se isentos desse princípio pessimista da natureza humana - eles estão bem como estão, os outros é que precisam de modificações, pois ainda não estão "abençoados" com a sua ideologia formidável.
*ANARQUISMO O anarquista, defende que os seres humanos são bons, e sem necessidade de orientação, coerção e controle – Há quem sustenta firmemente que os únicos males na sociedade advêem das tentativas de controlarmos e coagirmos os outros, e que os mecanismos de poder, privilégio e controlo transformam o mais santo dos ingénuos num manipulador compulsivo.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
Função da burocracia para a socialização e controle social:

Outros materiais