Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Esp. Mauricio Barcelos Ao analisar o conceito de saúde da OMS, “como um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”, Dejours e Caponi reafirmam suas crenças, com as quais concordo, de que a saúde das pessoas deve ser encarada como “um assunto ligado às próprias pessoas” (Dejours, 1986, p.8), “alheia a qualquer padronização e a qualquer determinação fixa e pré-estabelecida” (Caponi, 1997, p.2), de modo a impedir diferentes interpretações e legitimações, a priori, de controle e governo dos outros Nascimento (1992, p.189), ao analisar o conceito ampliado de saúde proposto pela VIII CNS, realizada em 1986, em q dentre outras, de condições de alimentação, moradia, educação, lazer, transporte e emprego, e das formas de organização social de produção, constata que, além de se dar a superação da tradição higienista e curativa pela determinação social da doença, a saúde parece situar-se, assim, num âmbito superestrutural, resultante de uma base sócio-econômica que a saúde resultaria, em saúde completa. “estar em equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço” FISIOLOGIA DO ENVELHECER Fisiologia Definição A fisiologia (do grego physis = natureza e logos = palavra ou estudo) é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Sinteticamente,a fisiologia estuda o funcionamento do organismo. FISIOLOGIA DO ENVELHECER O organismo humano está em constante desequilíbrio com o meio externo. Por isso, em cada situação particular (calor, umidade), tende a adaptar o meio interno às necessidades de suas células. Adaptações Fisiológicas Temperatura, altitude, alimentação, exercício, envelhecer FISIOLOGIA DO ENVELHECER A homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos. Homeostase é a propriedade dos seres vivos de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes controlados por mecanismos de regulação interrelacionados. Homeostasia Do ponto de vista Fisiológico ológico Envelhecimento consiste num encolhimento e num gradual declínio de todas as estruturas e funções fisiológicas, que estão predefinidas pelo nosso relógio biológico. Envelhecimento Patológico (Senilidade) Refere-se ao envelhecimento na presença de traumas e doenças que “desviam” a curva de capacidade para baixo. • Diabetes mellitus por Obesidade • Osteoartrose por esforço repetitivo • DPOC por tabagismo Hábito + Genética = Patologia Patologia + Envelhecimento Usual = Envelhecimento Patológico Incapacidade Infância Adulto Velhice Envelhecimento Saudável Envelhecimento Patológico Envelhecimento Saudável X Envelhecimento Patológico Idade cronológica Indivíduo PESSOA Humanização ou Conscientização (Para quê?) “Conhece-te a ti mesmo” ESFORÇO PESSOAL VULNERABILIDADE Reserva homeostática Liberdade Plena Aceitação da realidade e maior tolerância à dor O envelhecimento fisiológico é dividido em: • Envelhecimento usual: apresenta prejuízos significativos, mas não são qualificados como doentes; • Envelhecimento Bem Sucedido: perda fisiológica mínima, com preservação da função robusta em uma idade avançada. O processo de envelhecimento é “puro”, isento de danos causados por hábitos de vida inadequados, ambientes inapropriados e doenças. Idade Infância e adolescência Adultez Velhice Limiar de Incapacidade Envelhecimento patológico do organismo Psiquismo infantil Autor: Prof. Mauricio Barcelos Barros Cruz Idade Infância e adolescência Adultez VELHICE Limiar de Incapacidade ORGANISMO PSIQUISMO Grandes Síndromes Geriátricas Bio-Psico-Sociais Incapacidade Cognitiva Imobilidade Instabilidade Postural Incontinência Urinária Iatrogenia Insuficiência Familiar Indiferença Isolamento Social Institucionalização Durante este período acontecem a adaptações ao envelhecimento, à perda de forças físicas e à maior fragilidade da saúde, ocorrendo estabelecimento de novas formas de viver e de relacionar-se com as pessoas. com essoas. FISIOLOGIA DO ENVELHECER . Adaptações dos Sistemas Fisiológicos • Composição corporal / Nutrição / Antropometria • Metabolismo hidroeletrolítico • Imunossenescência • Termorregulação • Órgãos dos sentidos (visão e audição) • Estruturas envolvidas na voz, fala, motricidade oral e cavidade oral FISIOLOGIA DO ENVELHECER • Pele e anexos • Sistema endócrino • Sistema cardiosvascular • Sistema respiratório • Sistema gênito-urinário • Sistema gastrointestinal • Sistema nervoso Porque envelhecemos? Teorias do Envelhecimento Envelhecimento Biológico Teorias Estocásticas 1. Teoria do “Uso-Desgaste”: O envelhecimento e a morte seriam resultado da constante exposição dos diversos tecidos às injúrias ambientais. 2. Teoria das “Proteínas Alteradas”: O envelhecimento derivaria do acúmulo de proteínas que tiveram “erros” nos processos de transcrição . Teoria das “Mutações Somáticas: O envelhecimento seria conseqüência do acúmulo de mutações somáticas com o avançar da idade, alterando a função dos diversos órgãos corporais. . Teoria da “Desdiferenciação”: A célula perderia a diferenciação, ou parte dela, e passaria a produzir proteínas e produtos celulares exógenos aquele tecido Quebra da Homeostase Teoria do “Erro Catastrófico” Falhas no aparato protéico de célula causariam a ação errônea da proteína no ambiente celular, mesmo com a integridade do códon.A somatória desses erros chegaria a um ponto incompatível com a vida Morte. Teoria do “Dano Oxidativo e Radicais Livres”: O envelhecimento seria resultante da sobreposição dos mecanismos lesivos sobre os reparadores. FISIOLOGIA DO ENVELHECER Teoria do “Acúmulo de Detritos” Lipofuscina”: O acúmulo de detritos no interior da célula, sem turnover do mesmo, geraria o envelhecimento e morte celular Teoria da “Mudança pós-tradução em proteínas” Modificações químicas em proteínas importantes, como colágeno e elastina, afetariam a constituição e função dos tecidos Teorias Sistêmicas Teorias Sistêmicas Teoria da “Taxa de Vida”: Quanto mais lento o metabolismo de um ser, maior sua longevidade. Teoria do “Dano Mitocondrial”: Dano do Oxigênio sobre a Mitocôndria levando a uma menor eficiência respiratória da mesma. Apoptose: Morte celular programada, ativada por fatores extra celulares. Fagocitose: Proteínas anormais de superfícies tornariam as células “no self” e, consequentemente, seriam eliminadas. Teoria GenéticaTeorias Neuroendócrinas: Desregulação dos sistemas neuroendócrinos afetando a Homeostase. Teoria Imunológica: Alterações qualitativas e quantitativas no sistema imunológico levariam a perda da Homeostase. Conclusão Nenhuma das teorias, sozinha, consegue explicar todos os passos deste complexo processo que é o envelhecer. Em cada uma delas encontramos “pedaços” da “verdade” biológica do envelhecer. . “Nem todo mundo me trata como velho. Acho graça disso. Por quê? Porque um velho nunca se sente velho. Compreendo, a partir dos outros, o que a velhice implica para aquele que a olha de fora. Mas eu não sinto a minha velhice, logo, a minha velhice não é algo que, em si mesmo, me ensine alguma coisa. O que me ensina alguma coisa é a atitude dos outros em relação a mim [...]. A velhice é uma realidade minha que os outros sentem; eles me vêem e dizem “este velho senhor”; são amáveis porque vou morrer logo, e são também respeitosos, etc.; os outros é que são a minha velhice.” (Sartre; Levy, 1992. p.37) ENVELHECIMENTO CELULAR Redução tetravalente do oxigênio molecular na mitocôndria até a formação de água. Várias espécies reativas de O2 são formadas no processo. Fontes endógenas: -Respiração aeróbica; -Inflamações; -Peroxissomos; -Enzimas do citocromo P450. Fontes exógenas: -Ozônio; -Radiações gama e ultravioleta; -Medicamentos; -Dieta; -Cigarro. Algumas fontes de antioxidantes na dieta. Alimento Antioxidante Alimento Antioxidante Mamão -Beta-caroteno Uva -Ácido elágico Brócolis -Flavonóides Salsa -Flavonóides Laranja -Vitamina C Morango -Vitamina C Chá -Catequinas Curry -Curcumina Vinho -Quercetina Noz -Polifenóis Cenoura -Beta-caroteno Espinafre -Clorofilina Tomate -Carotenóides Repolho -Taninos Envelhecimento Cutâneo ENVELHECIMENTO DA PELE - Achatamento das papilas dérmicas -Reduzida proliferação basal dos queratinócitos - Perda de aproximadamente 20 % da espessura da derme. O colágeno fica mais estável com a idade. O que causa um aumento na rigidez e na perda de elasticidade do tecido conjuntivo. O decréscimo da atividade enzimática celular dos fibroblastos torna mais lenta a cicatrização no idoso. Scanning electron micrograph of skin epithelial cells Coloured electron micrograph (SEM) of epidermal skin cells after sunburn. O foto-envelhecimento consiste nas mudanças na aparência e nas funções da pele como resultado direto da exposição à radiação ultravioleta do sol ao longo da vida. O foto-envelhecimento é caracterizado por rugas, amarelamento, aspereza, atrofia, pintas pigmentadas , máculas amarronzadas e vasodilatação. A epiderme torna-se seca, flácida e muito fina como decréscimo do tamanho do queratinócito. Os melanócitos declinam numa taxa de 10 % por década. Os melanócitos declinam numa taxa de 10 % por década. O cabelo torna-se branco e aproximadamente 50% das pessoas com idade em torno dos 50 anos. A perda de cabelo na região frontal e temporal nos homens inicia-se entre o fim da adolescência e o fim da terceira década . A menopausa nas mulheres pode causar perda de cabelo. SISTEMA NERVOSO Massa cerebral diminuída. Aumento do percentual de líquido cerebroespinhal. •Redução progressiva do número de neurônios cerebrais • Degeneração vascular amilóide; • Aparecimento de placas senis e degeneração neurofibrilar; • Comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e colinérgica. • Lentificação da velocidade da condução nervosa Fluxo sangüíneo cerebral alterado. Alterações sinápticas. •Redução da atividade motora(reflexos posturais). •Alteração da pressão arterial Sono Alterações no sono de ondas lentas. Aumento de despertares. Percepção •Achatamento da superfície da córnea. •Alterações no cristalino. •Perda de elementos da retina e sistema de processamento neuronal. Visão VISÃO NORMAL Catarata Degeneração da mácula Glaucoma Audição •Perda da elasticidade da membrana basilar; •Perda de receptores sensoriais; •Perda de neurônios do 8º nervo; Gustação Aumento da viscosidade e ph da saliva. Olfato Perda crescente de receptores no epitélio nasal. •Perda de corpúsculos de Meissner; •Redução de terminais nervosos; •Pele menos deformável; Somestesia O ENVELHECIMENTO DOS VASOS diminui elasticidade do vaso; acúmulo intra e extracelular de lipídeos; calcificação. deposição de tecido adiposo Tecido de condução: perda gradual de fibras marca-passo Valvas tornam-se mais rígidas Miocárdio:espessamento da parede ventricular Esqueleto fibroso: calcificação Formação de placas (ateromas) Calibre do vaso diminuído Coração e cérebro: geralmente fatal Dilatações ou tortuosidades Veias perdem elasticidade Disfunção das válvulas Geralmente em membros inferiores Em geral a partir dos 30 anos SISTEMA RENAL • Redução do número de néfrons e da quantidade total de tecido renal. •Os vasos sanguíneos tornam-se rígidos • Bexiga menos elástica com o envelhecimento •Obstrução uretra Problemas comuns com o efeito do envelhecimento: • Incontinência; • Retenção urinária; • Insuficiência renal; • Câncer de próstata; • Infecções urinárias. • •A disfunção erétil NÃO é uma conseqüência inevitável do envelhecimento normal. • Ocorre em 15 a 25% dos idosos maiores de 65 anos e em 50% dos homens maiores de 80 anos. • Causas emocionais, endócrinas, vasculares, neurológicas e drogas devem ser investigadas. TUBO DIGESTIVO GLÂNDULAS ANEXAS Problemas Odontológicos Redução do paladar ESÔFAGO • Alterações estruturais • Declínio na secreção ácida • Esvaziamento gástrico retardado ESTÔMAGO SISTEMA RESPIRATÓRIO Logo após o nascimento... formação acelerada de alvéolos e capilares Lentificação em torno dos oito anos de idade... o crescimento ocorrerá por aumento de volume Na adolescência... Fase de maturação término do crescimento 20 a 25 anos... Fase de platô Redução de 20% dos parâmetros funcionais no idoso Modificações nos pulmões. Diminuição do tamanho das vias aéreas Estreitamento de bronquíolos Aumento de ductos alveolares Achatamento dos sacos alveolares PAREDE TORÁCICA Osteoporose e Osteoartrose Calcificação das cartilagens condroesternais. Alterações nas articulações costovertebrais. Músculos Respiratórios Substituição do tecido muscular por tecido gorduroso Maior participação do diafragma e dos músculos abdominais... Menor participação dos músculos torácicos O volume de ar inspirado contido no espaço morto aumenta de 1/3 para ½ do volume corrente. O fechamento prematuro das pequenas vias aéreas ocasiona uma desproporção na relação ventilação/perfusão. complacência torácica força dos músculos respiratórios complacência pulmonar redução da capacidade vital O mecanismo declareamento encontra-se reduzido... Atrofia do epitélio colunar ciliado Atrofia das glândulas da mucosa brônquica SISTEMA ESQUELÉTICO • Sustentação • Proteção • Mobilidade • Síntese • Armazenamento REMODELAÇÃO ÓSSEA osteoclasto Maior pico de massa óssea na terceira década de vida Degeneração óssea Formação óssea osteoclasto OSTEOPENIA Light micrograph of a section through osteoclasts in bone. • Perda de massa óssea • Maior risco de fraturas • Alterações na postura e no caminhar OMS: •1/3 das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras de osteoporose •homens brancos acima de 60 anos têm 25 % de chance de ter uma fratura osteoporótica. • ossos da pelve • coluna • punho • costelas •Desgaste da cartilagem •Após os 55 anos, é mais comum em mulheres • Tratamento: minimizar a dor OSTEOARTRITE cartilagem OSTEOARTRITE Dor perda da flexibilidade perda da mobilidade Raio-X colorido de quadril de homem de 70 anos com osteoartrite OSTEOARTRITE SISTEMA MUSCULAR SARCOPENIA • A massa muscular diminui • As fibras musculares diminuem em 20% • Há redução das unidades motoras CONSEQÜÊNCIAS DA SARCOPENIA ENVELHECIMENTO DO SISTEMA IMUNE • na meia idade tem 15% do tamanho original REGRESSÃO DO TIMO DIMINUIÇÃO DA FUNÇÃO IMUNE •Risco de infecção e câncer Cartilagem danificada pela artrite reumatóide “Predomina a idéia de que a velhice é uma sentença da qual se deve fugir a qualquer custo – até mesmo nos mutilando ou escondendo. [...] Isso se manifesta até na pressa com que acrescentamos como desculpa: “sim você está, eu estou velho aos 80 anos, mas... jovem de espírito”. [...] Vou detestar se, ficando velha, alguém quiser me elogiar dizendo que tenho espírito jovem. Acho o espírito maduro bem mais interessante.” Perdas e ganhos, Lya Luft (2003) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 ALMEIDA, A. O. Para Sacks, doença é um conceito falho. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 ago. 1997. Caderno 3, p.4. 2 CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990a. 3 _____. La santé. Concept vulgaire & question philosophique. Paris: Sables, 1990b. 4 CAPONI, S. A proposito del concepto de salud. Florianópolis: UFSC, 1997. mimeogr. 5 CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 8, 1986. Brasília, Anais. Brasília: Ministério da Saúde, 1987. 6 DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.14, n.54, p.7-11, abr./ jun.1986. 7 FOUCAULT, M. Tecnologias del yo y otros textos afines. Barcelona: Paidós Ibérica, 1990. 8 GARCIA, A. V. O caráter educativo das ações em saúde: entre o biológico e o político. Santa Catarina: UFSC, 1997. 149 p. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina, 1997. 9 HORTA, W. A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU:EDUSP, 1979. 10 LUNARDI, V. L. Do poder pastoral ao cuidado de si: a governabilidade na enfermagem. Florianópolis:UFSC, 1997. 270 p. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade Federal de Santa Catarina, 1997. 11 NASCIMENTO, P. C. Democracia e saúde: uma perspectiva arendtiana. In: FLEURY, S., (org.) Saúde coletiva? questionando a onipotência do social. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992. p.177-196. 12 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Documentos básicos. 26.ed. Ginebra: OMS, 1976. 13 SCLIAR, M. Paraísos artificiais. Veja, São Paulo, n.1497, p. 9-11, 28 maio 1997. Entrevista.
Compartilhar