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Revisão Psicodiagnóstico

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Revisão NP1 – Psicodiagnóstico
Observações Iniciais (anotações do caderno):
	- Sintoma = manifestação. Síndrome = conjuntos de sintomas.
	- Objetivo do PI = identificar forças e fraquezas do indivíduo.
	- Motivação = algo que vem de dentro. Estimulação = algo que vem de fora.
Livro: Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma prática
Autora: Silvia Ancona-Lopez
Capítulo I – Psicodiagnóstico fenomenológico-existencial: focalizando os aspectos saudáveis
- Saúde e doença não podem ser vistas de forma dicotômica, fazem parte de um único processo onde saúde não é simplesmente o fato de não ter doença, e vice-versa.
- Prática psicológica: acolher o sofrimento humano como perda de sentido.
- Modelo técnico-científico atual da clínica inicial, onde a atividade do profissional reduz-se apenas ao encaminhamento de pacientes aos respectivos especialistas, está entrando em esgotamento.
- Deslocamento do saber: postura ética de que não existe um “saber a priori”, e sim uma construção conjunta de sentidos. Deve-se acolher o cliente e desmistificar verdades naturalizantes e universalizantes, geradoras de exclusão social. A diferença possibilita a criação.
- A constituição do ser é sempre relacional: revela-se pelo encontro com o outro.
- Psicodiagnóstico Tradicional: uma ou duas entrevistas iniciais com os pais, testes com a criança, uma ou duas entrevistas devolutivas com os pais, somente. Pais pouco motivados, revelam desconhecimento do processo pelo qual passaram, repetem queixa inicial, decepcionados.
- Queixa surge quando há uma “ruptura” entre a criança e os objetos com os quais ela se relaciona – escola, pais, colegas, etc.
- No PI - Primeira sessão: questionamento acerca do motivo da consulta. Focalizar como os pais entendem o atendimento psicológico e qual sua expectativa em relação a ele. Nas sessões seguintes, segue-se um roteiro de anamnese para conhecer a história da criança e dos pais.
- Terceira ou quarta sessão: observação lúdica com a criança. Depois, intercalam-se sessões com os pais e a criança.
- Psicólogo deve “traduzir” os conceitos teóricos numa linguagem acessível aos pais.
- No fim do processo, é elaborado um relatório do atendimento, descrevendo processos e passos. É lido aos pais na última sessão.
- Diferenças do PI ao PT: reavaliação do papel do cliente e do psicólogo. Cliente parceiro ativo e envolvido, corresponsável pelo trabalho. Psicólogo não é mais técnico nem detentor do saber, seus conhecimentos apresentam apenas outro ponto de vista. Situação de cooperação, a compreensão dos pais e do psicólogo são equivalentes e compartilhadas. O uso de qualquer instrumento é discutido previamente com os pais. Psicólogo sugere alternativas de ação para os pais.
- No início do processo, as intervenções do psicólogo, em formas de perguntas, já podem ter efeito terapêutico. Psicólogo compreensivo e acrítico, incita os pais a se confrontarem com suas angústias. Simpático, salienta aspectos positivos ao invés dos patológicos. Esclarece que os pais e o filho são indivíduos separados, voltando-se às projeções e identificações recíprocas.
- Testes não devem ser recusados, apesar de criticados, pois são possibilidades de interação com a criança. A relação entre eles, durante os testes, é importante. Nos testes projetivos, por meio de metáforas, elas revelam sua construção de mundo.
- Em torno da quinta sessão, normalmente, os pais demonstram modificações na compreensão da criança na dinâmica familiar. Os pais descontroem a imagem do filho. Pais podem sentir angústia nesse momento, e psicólogo deve estar preparado para orientá-los terapeuticamente.
- Relatório final, que deve ser lido, pode ser modificado. Caso não haja consenso entre as partes, produz-se duas versões.
- Entrevista de follow-up: retoma, após algum tempo, a experiência do processo, e verifica sua eficácia.
Capítulo II – Psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial
- PT era somente investigativo, não estabelecia vínculo. PI é um processo ativo e cooperativo. São feitas devolutivas durante todo o processo (assinalamentos, clarificações, pontuações). Conscientiza os pais que, se há algum problema com a criança, toda a família está envolvida.
- Não há relação verticalizada entre psicólogo e pais. É uma prática compartilhada, colaborativa, contextual e intervencionista.
- Campo fenomenal: registro das experiências que as pessoas vão tendo ao longo da vida e que sentidos atribuem a essas. Psicólogo busca compreender esse campo e evita explicações teóricas, priorizando o sentido dado pelo cliente.
- A prática ultrapassa a teoria de referência, produzindo questionamentos ao psicólogo. Desconstrói-se a situação, buscando seu significado principal.
- Envolvimento existencial, psicólogo mergulha no mundo do cliente, mas com distância suficiente que permita refletir sobre a situação = Intersubjetividade.
- PI evita classificações. É descritivo, pois refere-se a um recorte da vida da pessoa, focalizando seu modo de estar no mundo naquele momento, seus significados implícitos.
- O importante é COMO dizer, e não O QUE dizer.
- Entrevista inicial: somente os pais. Apresentação do psicólogo, que deixa os pais falarem. Apresenta-se a forma de trabalho, e a importância da colaboração dos pais no processo como um todo, e que é um trabalho conjunto. Observa-se temores, fantasias, angústias.
- História de vida da criança: segundo encontro. Anamnese. O questionário pode ser entregue aos pais para levarem para casa e trazerem na próxima sessão, ou pode-se entrevista-los durante essa sessão. Tudo começa por quando os pais se conheceram. Objetivo: penetrar no mundo do casal, no projeto de vida, nas crenças. Formulam-se hipóteses sobre o que pode estar acontecendo, enquanto possibilidades de compreensão.
- Contato inicial com a criança: “sou psicólogo”, digo o que faz um psicólogo, e se ela sabe porque está ali. Propósito: conhecer fantasias e temores da criança diante do atendimento. Se a criança ficar na defensiva, explico que ela está ali porque seus pais se preocupam com ela. Se não fala nada, demonstrando muita ansiedade, digo que não precisa falar, naquele momento, e que voltaremos àquele assunto, quando ela se sentir mais confortável. Combino data e horário, reforço o sigilo do que for dito ali, dizendo que só falarei com os pais sobre minhas impressões sobre ela, e sempre falando disso para ela, antes. Observação lúdica (caixa lúdica). Analisa-se o brincar e como ela interage, sua criatividade, agressividade. Ao fim de cada sessão, converso com ela, usando metáforas das situações ali vividas.
- Sessões devolutivas com os pais: alternando-se com as sessões com a criança. Compartilho minhas visões sobre o comportamento da criança e trabalho os sentimentos deles diante da situação. Discuto quais procedimentos utilizarei, procurando não ter um tom de “receita médica”.
- Encontros com a criança – uso de testes psicológicos: escolha do procedimento depende do caso, não há padrão. Os resultados de cada teste só podem ser compreendidos no contexto das experiências do indivíduo, e as interpretações podem ou não serem legitimadas pelo cliente.
- Visita escolar: comunico, primeiramente, aos pais e à criança. Marco por telefone, e deixo a critério da escola indicar a pessoa com quem falarei. Observo as instalações da escola, suas possibilidades, sua conservação, condições de ensino, desempenho escolar da criança e seu relacionamento com colegas e professores.
- Visita Domiciliar: só se a família concordar. Agendada previamente, eles escolhem o horário. Pede-se que seja com todos que vivem na casa. Observo a casa, sua higiene, móveis. A organização da casa é a maneira como a família está no mundo (projeção).
- Últimas sessões com os pais: 5 objetivos: alinhavar as percepções ocorridas durante o processo, trabalhar o desligamento, avaliar conjuntamente o processo, apontar os fortalecimentos, trabalhar encaminhamentos (se necessário).
- Relatório Final: escrito. Constam as informações dadas pelocliente, as questões trabalhadas, todo o atendimento. É lido na íntegra para os pais, que podem acrescentar algo ou sugerir modificações.
- Devolutiva final para a criança: livro de história. Texto com legendas e gravuras, personagens são animais de preferência da criança. O enredo contempla a história de vida dela, seus conflitos e o próprio psicodiagnóstico.
Capítulo XII – Desafios no psicodiagnóstico infantil
- Dificuldades socioeconômicas dos clientes, acarretando carências em diversos aspectos. Isso requer inventividade e inteligência.
- Novas demandas, formas de linguagem, configurações familiares. A escola contribui para perpetuar injustiças sociais. Crianças pobres se veem como burras, incompetentes e preguiçosas, mas estão desestimuladas.
- O ideal seria avaliar o contexto escolar no qual a criança está inserida, pensando, primeiramente, em uma deficiência institucional, e não individual.
- PI: pais encontram formas de auxiliar a criança no seu desenvolvimento., discriminando quais são as dificuldades de seus filhos e o que é responsabilidade das instituições escolares, tornando-se cidadãos ativos = mudança de atitude.
- Mundo pós-moderno está preparado para viver em uma incerteza permanente (Baumann). Privilegiamos o consumo, o imediatismo e o individualismo competitivo. Laços afetivos voláteis e superficiais (amor líquido).
- Novas configurações familiares, muitas vezes, colocam em xeque os apoios teóricos dos psicólogos. É preciso despir-se dessas armas teóricas, no mundo contemporâneo.
- Atendimentos em grupo, como na clínica-escola, facilita a identificação e a troca entre os componentes do grupo, auxiliando na compreensão do próprio isolamento e eliminando a impressão de que seu caso é único.
- Compromisso do psicólogo é zelar pelo bem-estar da criança, sem cometer imprudências.
- Violência social, através da competitividade e desigualdade tem provocado consequências sociais perversas, como aumento de violência, uso de drogas, rupturas familiares, alienação social e política, xenofobia, doenças psicossomáticas. Psicólogo não pode se posicionar neutramente, mas discuti-las com as crianças, ajudando-as a encontrar formas de se defender.
- Também devemos desenvolver pesquisas nessas áreas, desafiando dilemas.
- Psicólogos são “profissionais do encontro”. Tem disponibilidade para a alteridade (natureza ou condição do que é outro, do que é distinto). Desenvolvem, ao mesmo tempo, um trabalho afetivo e intelectual.
Capítulo III – O psicodiagnóstico interventivo sob o enfoque da narrativa
- Discurso: expor um método, raciocinar, discorrer, dar largas explicações, discutir. Para o PI, no discurso, as palavras vão se juntando em histórias, que trazem momentos do passado e do futuro, e levantam percepções e sentimentos das pessoas. A construção e a descoberta do inesperado surgem no discurso. “A palavra revelas seu poder”.
- Narrativa é uma forma de discurso. O relato é mais importante que a história. Quando os pais falam de seus filhos no PI, não estão apenas dando informações, mas estão, antes de tudo, narrando uma história cheia de experiências. Demonstram o significado que adquiriram das experiências vividas.
- Aquilo que é contado pelos pais não deve ser entendido como uma verdade no sentido objetivo, mas sim como a verdade DELES. Pelo processo de significação do mundo estar em contínuo movimento, todos os significados são passíveis de mudança.
- PI não é mero processo de investigação, mas uma aventura dinâmica de construção artesanal, realizada a várias mãos: do psicólogo, das crianças, dos pais e das demais pessoas envolvidas no processo. É um processo de ressignificação.
- O espaço do PI possibilita mudanças, na medida em que algo pode ser experienciado e falado, uma transformação ocorre, uma transformação não meramente cognitiva, intelectual, mas EXISTENCIAL. “A fala não traduz, naquele que fala, um pensamento já feito, mas o consuma”. Falar e pensar são indissociáveis.
- Falar é encontrar a experiência no momento, como surge perante o outro e perante o próprio ser falante. A fala é o próprio manifestar e desdobrar do ser. A fala não é a “vestimenta” do objeto, mas seu emblema ou seu corpo. Toda fala tem um caráter inaugural, pois acrescenta novos sentidos às palavras existentes.
- O processo de PI não “mostra a alguém o que ele tem que saber”, como se o psicólogo estivesse apontando algo como correto ao outro. É um processo compartilhado, onde há o desenvolvimento do próprio processo, onde todos crescem e ganham consciência de suas próprias significações.
- Os significados das palavras não podem ser pressupostos, mas é necessário um esforço de compreensão para não correr o risco de achar que sabemos o que ainda não sabemos. As palavras são polissêmicas.
Capítulo IV – Movimentos transferenciais no psicodiagnóstico interventivo
- Dados transferenciais e contratransferenciais também são entendidos como dados recolhidos durante o PI na clínica-escola.
- Por valorizar o momento de busca pelo atendimento psicológico, entende-se que é fundamental intervir no presente, momento no qual as inquietações e sofrimentos do paciente o mobilizam suficientemente para ele pedir ajuda profissional, não delegando, assim, asa intervenções somente para o processo terapêutico e para um futuro profissional ausente. Essas intervenções são as DEVOLUTIVAS PARCIAIS.
- O supervisor do PI também ajuda a identificar esses processos transferenciais, recebendo de forma mediada e compartilhada o impacto transferencial.
- Winnicott fundamenta a prática na relação subjetiva de objeto que a criança – bem como os pais – estabelecem com o terapeuta, relação esta capaz de favorecer a emergência de uma comunicação significativa. Relata muitos casos em que as crianças sonharam com ele na noite anterior a do atendimento, como sendo um “preparo mental imaginativo”.
- É preciso identificar, durante o processo, qual dessas necessidades da criança ela necessita comunicar com mais urgência.
- Para Winnicott, a adaptação ativa do terapeuta às necessidades e expectativas da criança e, consequentemente, se necessária, a comunicação verba desse entendimento no momento adequado, são um aspecto fundamental nas consultas terapêuticas. Ele apresenta uma concepção de transferência que não se baseia apenas na repetição no presente de uma relação do passado, mas inclui a esperança de viver o que não aconteceu e que, portanto, busca realização.
- PT era centrado na coleta de dados.
- PI dura, ao total, cerca de 3 meses.
- Uma boa consulta não só leva a criança a um aumento da confiança da possibilidade de ser ajudada, mas também promove um enriquecimento do sentido de si mesma pela reintegração dos aspectos que estavam dissociados de seu self.
- Construção da “linha do tempo”, um trajeto temporal que retoma todas as etapas do PI. Utilizamos cartolina, barbante, fio de lã, cola, tesoura, recortes de revista, lápis colorido e grafite e canetinhas. Acontece no penúltimo atendimento com a criança. Vai relembrar tudo o que foi feito desde o primeiro encontro e registrar na cartolina a história dos encontros. Depois, contam como será o último atendimento, falando da entrega do livro de história para a criança poder leva-lo para casa. Tudo isso também funciona de forma terapêutico.
- Quando os pais se recusam a ajudar no desenvolvimento do processo de PI, no processo de cura, devemos intervir mais diretamente. Quando a transferência negativa não consegue ser minimamente cuidado, o mais comum é ocorrer a desistência do PI.
- Às vezes a transferência grupal pode impedir o trabalho grupal. A transferência supervisor-estagiário, também. A transferência inicial entre alunos/supervisores e clientes, ainda assim, é o que possibilita e propulsiona o atendimento.
- Enquanto a transferência é mais próxima do consciente, a contratransferência é mais próxima do inconsciente.
Artigo: Psicodiagnóstico Tradicional e Interventivo: Confronto de Paradigmas?
Autora: Valéria Barbieri
- A atividade diagnóstica destaca-sena psicologia por 2 razões: a) garante status científico dessa área do conhecimento por empregar instrumentos que atendem as exigências de padronização; b) constitui o marco distintivo da identidade profissional do psicólogo, pelo caráter privativo do uso de testes psicológicos.
- No PT: o processo diagnóstico não tem o intuito de produzir intervenções terapêuticas, embora possam sobrevir, de maneira involuntária.
- No PI: principal característica É a realização de intervenções durante as entrevistas e aplicações de técnicas projetivas.
- Paradigma: um conjunto de modelos de investigação que inclui lei, teoria, aplicação e instrumentos de pesquisa. Os paradigmas quantitativo e qualitativo são vistos, normalmente, como opostos. Sempre são construídos sob condições históricas, políticas, socioeconômicas e culturais.
- Os fundamentos da pesquisa quantitativa também podem ser remetidos ao positivismo lógico. Nela, os fenômenos sociais e psicológicos teriam uma realidade concreta e independente do pesquisador (objetivismo) e suas relações seriam investigadas em termos de efeitos causais. Leis imutáveis e universalmente aplicáveis (generalizações).
- Paradigma qualitativo preconiza uma aproximação da natureza, tendo como método a observação, a descrição e a comparação de exemplares. Busca a representação de um evento singular, de uma realidade temporalmente limitada. Tem alicerce na Fenomenologia, na Hermenêutica (compreensão dos fenômenos a partir do ponto de vista do outro) e do Interacionismo Simbólico (consideração da ação humana como baseada em significados construídos na interação social). Sujeitos da pesquisa se chamam participantes, agora.
- Pesq. Quant: passos sucessivos. Conjunto de normas (método) com o início de uma investigação sendo o momento em que TUDO se define. Causa a impressão que o método adquire supremacia sobre o problema investigado.
- Pesq. Quali: início da investigação NÃO é momento decisivo. Não subentende padronização de procedimentos pois o OBJETIVO FINAL tem primazia sobre o MÉTODO. Não visa o controle do fenômeno, mas sua compreensão, busca do sentido da experiência vivida pelos participantes.
- Pesq. Quant: gera descoberta de leis que regem uma realidade, visando sua generalização. Representatividade estatística. Quantidade de indivíduos relevante.
- Pesq. Quali: gera significados, conceitos, novas teorias ou revisões de antigas. Importância na natureza da composição do grupo, não quantos indivíduos o compõe.
- PT: processo temporalmente limitado, que emprega métodos e técnicas psicológicas para compreender os problemas, avaliar, classificar e prever o curso do caso, culminando na comunicação dos resultados. Possui caráter científico, levantamento de hipóteses a serem ou não confirmadas. Tem como objetivo conseguir uma descrição e compreensão profunda e completa da personalidade do paciente. Passos do PT: 1) Entrevista Inicial, 2) Aplicação de testes, 3) Entrevista devolutiva, 4) Encaminhamento formal para psicoterapia. Os potenciais efeitos terapêuticos são considerados INVOLUNTÁRIOS, já que o objetivo seria meramente o diagnóstico, e intervenções seriam consideradas perigosas, podendo prejudicar o vínculo com o paciente e provocar o abandono, por ansiedade. “A resposta está presente antes da pergunta”. Conhecimento estático e repetitivo. Passos pré-estabelecidos. Busca variáveis “puras”, isoladas do contexto de vida da pessoa.
- PI: aqui, a autora fala, especificamente, do PI de ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA. Tem passos a seguir: 1) Objetivo de elucidar o significado latente e a origem das perturbações, 2) Ênfase na dinâmica emocional inconsciente do paciente/família, 3) Consideração de conjunto para o material clínico, 4) Busca de compreensão globalizada do paciente, 5) Seleção de aspectos centrais/nodais para compreender os focas das angústias, fantasias e mecanismos de defesa, 6) Predomínio do julgamento clínico, 7) Subordinação do processo diagnóstico ao pensamento clínico, 8) Predomínio de métodos e técnicas de exames fundamentados na associação livre (entrevista clínica, observação, testes psicológicos).
- PI: simultaneidade dos processos de avaliação e intervenção. Conhecimento construído de maneira conjunta, processo ativo. Relação qualitativamente assimétrica, não autoritária. O apego às hipóteses, aqui, não se mantém durante todo o processo, diferentemente do PT; e não determinam o processo completo de avaliação. O momento inicial não é o mais importante, mas apenas uma tarefa entre outras. Não há passos sistematicamente estabelecidos, e o número de sessões não é definido de maneira precisa após a primeira entrevista. Não conformamos avaliações, durante o processo, a moldes das intepretações advindas dos estudos de padronização, gerando novos conhecimentos e o encontro com o inesperado. O psicólogo torna-se, em conjunto com o paciente, o elemento mais importante da avaliação/intervenção. É possível obter uma profunda compreensão individual e expandir a ação humana e implementar uma conduta transformadora.
- O PI, ao invés de constituir-se como agente desintegrador de nossa identidade, como o PT, a fortalece e estabiliza. Ele vai além da ênfase na experimentação que visa o controle e a predição.
Livro: Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma prática
Autora: Silvia Ancona-Lopez
Capítulo VI – Colagem: uma prática no psicodiagnóstico
- Nossos recursos, teóricos ou instrumentais, são limitados diante das diferentes demandas psicológicas dos clientes, dadas as múltiplas possibilidades de expressão da subjetividade.
- Qual o melhor termo: avaliação psicológica, diagnóstico psicológico ou psicodiagnóstico?
- Resolução CFP 002/2003: testes psicológicos passaram por uma revisão. Isso fez com que buscássemos novos procedimentos que pudessem nos oferecer, de alguma forma, a possibilidade de lidar com essas faltas.
- Colagem: Violet Oaklander (Gestalt). Colagem pode ser usada como experiência sensorial e também como manifestação emocional. É uma técnica projetiva. Revela estado de espírito pelo conjunto de imagens escolhido, contando o que a criança está sentindo naquele momento ou na sua vida, em geral. Representa seu mundo interno.
- Material utilizado: figuras de revistas, cola, tesoura, cartolina, lápis preto e colorido, canetinha, giz de cera. Figuras previamente recortadas, e devem abordar diversos temas. Prestar atenção nos versos das figuras. Evitar uso de imagens de artistas e personagens, por carregarem um significado cultural restrito (recortagem).
- Pode ser proposta em qualquer momento do PI.
- Seleciona-se tema (autoimagem, percepção de situações internas, pensamentos e sentimentos). Pede-se que façam uma colagem representando aquilo de que gostam ou não gostam em si mesmos, ou que lhes dão medo. Pode ser feito o “Álbum de Família”, também. Figuras são dispostas aleatoriamente sobre a cartolina. Na hora da escolha, observam-se comportamentos verbais e não-verbais sobre a escolha ou rejeição de determinadas figuras. Ao final, precisam apresentar o cartaz aos estagiários ou às outras crianças.
- Também pode ser feita com os pais na presença da criança, montando o Álbum de Família.
- Observa-se: tempo de reação, postura (observação e distância), figuras (escolhidas, coladas, abandonadas), tema preferido, tamanho das figuras, uso do espaço da cartolina, uso do verso, localização das figuras na cartolina (quadrantes), sentimentos impressos, figura central, recortar figura já cortada, associações, explicações, falas, uso do lápis de cor, modo de utilização da cola.
- Recortar uma figura já cortada com o objetivo de separar ou excluir alguns de seus elementos, significa que a criança não quer aceitar o significado a ela atribuído (por exemplo, excluir membros familiares, etc). Somente desenhar pode ser entendido como uma oposição ao psicólogo ou resistência em realizar a tarefa de colagem.
- Concluímos que o uso da colagem como material expressivo na clínica de crianças contribui sobremaneira para a compreensão diagnóstica que ultrapassaa individualidade da criança e oferece efetivamente material de intervenção que está além dos limites de uma comunicação verbal.
Livro: Gestalt terapia com crianças: teoria e prática
Autora: Luciana Aguiar
Capítulo VI – As entrevistas iniciais com a criança (pg. 154 – 165)
- Objetivo das entrevistas iniciais com a criança: criar vínculo. Para que ele se estabeleça, precisamos adotar uma postura de acolhimento, aceitação e respeito pela criança, independentemente do que possa acontecer (sem “a prioris”). Precisamos estar preparados para todas as situações, e não podemos alimentar expectativas irreais acerca delas acerca de um comportamento ideal.
- A criança é um ser de potencialidades, e que só devemos confrontá-la na FRONTEIRA. Isso não significa ausência de limites (ela não pode levar brinquedos para casa). O que vai ser permitido ou não para a criança deve obedecer rigorosamente nossos critérios básicos de limites no espaço terapêutico. Porém, não podemos deixar que nossa pressa em construir vínculo com a criança atrapalhe a própria construção de tal. Não podemos ser sedutores ou persuasivos (oferecer doces, por exemplo).
- Na 1ª vez, recomenda-se realizar um “aquecimento”, como passear pela clínica, apresentando-lhes o espaço. Depois, ao chegar novamente à sala, pergunto à criança se ela pode me levar onde está sua mãe (responsável) = RESPEITAR e FAMILIARIZAR a criança. Desde o primeiro momento ela percebe que não estamos lá para força-la a fazer algo, porque não queremos que ela faça isso ou aquilo, mas estamos ali para prestar atenção e respeitar o que ELA precisa e QUER fazer.
- A única regra de condução é acompanhar a criança em suas escolhas, baseando-nos no critério da economia de intervenções. O campo da entrevista é configurado prioritariamente pela criança.
- Interessar-se genuinamente pela criança e o que ela tem a mostrar, aceitar seus convites, sugestões e pedidos (desde que não quebrem o critério de limites). Muitas perguntas, no começo, podem soar persecutoriamente. Você precisa “tolerar o desconforto” do silêncio, muitas vezes. No afã de “extrair” informações e relatos mirabolantes da criança, pode, simplesmente, perde-la de vista.
- Psicólogo deve priorizar a linguagem lúdica e metafórica, em detrimento da linguagem verbal. Esperar que uma criança fale sobre seus problemas e questões costuma ser algo bastante frustrante para o psicoterapeuta e uma ameaça para o vínculo com a criança.
- 3 Momentos da entrevista: momento inicial (vínculo), momento intermediário (observar o que a criança traz para a sessão), momento final (verificar como ela lida com términos).
- Ao final, é importante verificar o que ela achou do encontro, como se sentiu e se gostaria de estar novamente ali, mas sem forçar respostas tendenciosas (“quem gostou da sessão? ”).
- Devemos “construir um contrato” com a criança, também, dentro de regras que ela entenda, sobre horário fixo, tempo de cada sessão, sigilo, acompanhamento com os responsáveis, possibilidades de sessões conjuntas, limites do setting terapêutico, etc. A criança escolhe uma pasta colorida onde ficarão as fichas de seu processo, com o seu nome e será usada somente por ela, naquele espaço. Isso lhe passa a sensação de privacidade.
- Na hora de se despedir, o terapeuta deve intervir, demonstrando que não há necessidade de uma despedida formal. Não podemos permitir que a criança se despeça dando-nos um beijo ou um abraço, ou qualquer outra coisa que seja estipulada por alguém que não ela mesma. Tudo acontecerá no momento dela. Não por crianças no colo, apertar bochechas, dar abraços apertados, nem pedir beijos, sem necessidade da criança.
- Tão importante, após a sessão e durante a discussão com o supervisor, quanto identificar os pontos de cristalização, padrões enrijecidos e bloqueios e distorções de contato, é identificar seus aspectos de saúde, capacidades não desenvolvidas e recursos disponíveis.
- Categorias diagnósticas: 1) Tema das atividades (tema GERAL de cada atividade), 2) Tema central da sessão (mais investido pela criança), 3) Padrões temáticos (temas que se repetem), 4) Organização da autoimagem (autopercepção), 5) Padrões de contato com a realidade (mecanismos de contato com o externo), 6) Uso de fantasia (faz-de-conta), 7) Sequência da sessão (cronológica), 8) Habilidade de fazer escolhas (como escolhe em toda a situação terapêutica, desde a sala de espera), 9) Uso da criatividade (transformação ativa do meio), 10) Uso da curiosidade (busca ativa do meio), 11) Responsabilidade pelos seus atos e/ou sentimentos e necessidades, 12) Disponibilidade às intervenções do terapeuta (como ela reage às intervenções do psicólogo), 13) Respeito e tolerância aos limites e frustrações, 14) Tipo de vínculo estabelecido com o terapeuta (dependente, queixoso, confrontador, etc), 15) Uso do tato, 16) Uso da audição, 17) Uso da visão, 18) Uso da linguagem verbal, 19) Postura, expressão e gestual (corporal e de movimento), 20) Movimento e deslocamento geográfico (uso do espaço físico).
- Nosso trabalho é baseado fundamentalmente nessas observações e nem tanto na história, nos sintomas ou na queixa dos responsáveis/escola. O conteúdo da história tem sua validade, mas NÃO DEFINE a criança. Ninguém está “certo” ou “errado”, mas tem percepções diferentes.
- A ênfase do PI é traçarmos um “mapa” das interações da criança com o mundo, sem julgamentos, críticas ou interpretações daquilo que estamos observando. Aceitamos o fenômeno “como ele se apresenta”, sem a prioris ou verdades absolutas, no “aqui e agora”. Foco no momento presente.
Livro: Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma prática
Autora: Silvia Ancona-Lopez
Capítulo VII – Interlocuções entre a clínica psicológica e a escola no psicodiagnóstico interventivo
- Escola é um espaço físico e um campo relacional, que envolve professores, alunos, funcionários e direção.
- Deve-se compreender como a família se relaciona com a escola da criança e quais as expectativas em relação ao papel que esta deve cumprir, os projetos de futuro que eles teceram para o filho (sonhos de uma vida melhor). É comum ouvirmos que eles querem que seus filhos ultrapassem seu próprio nível escolar, “para não terem que passar pelo o que eu passei”.
- No PI, independentemente de qual seja a queixa trazida pelos pais, realizamos uma visita à escola, especialmente quando essa avaliação aborda a queixa escolar. Essa aproximação da escola também ajuda a desmistificar a atuação do psicólogo e diminui a possibilidade de toda a problemática infantil ser atribuída apenas a problemas intrapsíquicos, culpabilizando a criança por suas dificuldades.
- Deve ser marcada após o primeiro encontro com a criança, e tanto ela como seus pais e a escola precisam ser esclarecidos quanto aos seus objetivos, concordando com sua realização.
- O que deve ser observado: espaço física da escola, sua organização, brinquedos/equipamentos disponíveis, se há inspetores; higiene ambiental; Disposição do espaço e do mobiliário, acesso à direção e aos diferentes ambientes da escola; a merenda e qualidade dos materiais pedagógicos. O foco dessa visita deve ser as relações sociais da criança.
- Ao programar a visita, deve haver o cuidado de procurar garantir a presença da professora e um coordenador/diretor. Durante a visita, toma-se o cuidado de não expor a criança. É importante entrevistar a professora, também, ver como ela se conduz diante das dificuldades apresentadas pela criança. Durante a aula, procuramos compreender sua didática, seu relacionamento com as crianças e o que deixa transparecer de sua relação com a profissão.
- Psicólogo deve ouvir a versão da escola a respeito da queixa, reconhecendo esforços e recursos da escola quanto às dificuldades da criança.
- Concluída a visita, preparamos uma sessão para os pais na qual expomos nossas impressões sobre a escola.
- É importante nos atentarmos para o caderno escolar da criança, pois oferece registro de fragmentos do dia a dia escolar e permite apreender asrelações que se estabelecem nesse contexto. Expressam as relações entre professor e aluno. É ideal pedir que a própria criança “apresente” seu material, explicando as situações. Seu nível de organização deve ser avaliado de acordo com a idade da criança.
- Somente a partir do 4º ano é que a criança conquista um espaço próprio no uso do caderno, usando-o de uma forma mais livre, não somente para registro dos conteúdos das disciplinas.
- Muitos pais apresentam queixas em absoluto: criança não lê, ou não escreve, ou só copia. Podemos utilizar jogos educativos diversos para verificar tais informações, no próprio atendimento.
- Na avaliação formal, existem 5 níveis: Pré-silábico (diferencia letras de números, desenhos ou símbolos), Silábico (conta sílabas), Silábico-alfabético (conflitante, valor sonoro imperioso, começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba), Alfabético (reconstrói sistema linguístico e compreende sua organização) e Ortográfico (fase alfabética e necessite de intervenção do professor na ortografia).
- Após apresentação do relatório aos pais, é encaminhado à escola. Em seguida, agenda-se uma segunda entrevista na escola, para entrega e discussão do relatório. Cabe ao psicólogo propor alternativas para reorientação da prática pedagógica, junto ao professor.
Cap. VIII – Visita domiciliar: a dimensão psicológica do espaço habitado
- São excepcionais, casos isolados (pacientes com mobilidade física debilitada, Residências Terapêuticas, reabilitação fisioterápica), e muitos profissionais deixam de registrar esse atendimento na literatura por receio de críticas de sua classe profissional, principalmente pelas alterações do setting terapêutico.
- Mudanças de comportamento durante nossa presença no domicílio dos pacientes variam apenas em grau, e não em qualidade.
- Função da visita: observar os padrões de interação familiar e a adaptação ao papel familiar. Avaliar clima emocional da casa, a identidade psicossocial da família e sua expressão em um ambiente definido. É informal e pode durar de 2 a 3 horas (segundo ACKERMAN).
- O profissional não deve fazer anotações na hora, pois pode prejudicar a espontaneidade da experiência. Porém, ele deve ter um roteiro semiestruturado em mente com o que deve ser observado.
- Visita domiciliar x visita familiar: chama-se domiciliar porque a proposta não se trata apenas de conhecer os membros da família do paciente, mas sim entrar em contato com o espaço da casa da criança, não só com quem ela vive, mas COMO vive.
- Deve ser agendada com todos ou a maioria dos familiares presentes. Só pode ser realizada mediante a concordância da criança e dos pais, pois não é obrigatória.
- No caso da autora, sugeria-se que durasse apenas 1 hora na casa do cliente, nem mais, nem menos, porque esse seria o tempo necessário e suficiente para a ocorrência das observações sem cansar o cliente. Observar cada membro da família em suas interações e os aspectos da casa que mais chamavam atenção. Os familiares escolhem em qual cômodo da casa ela se dará. Nenhuma devolutiva deve ser dada na casa do cliente, somente quando de volta ao setting terapêutico. A função da visita é OBSERVAR/COMPREENDER e não INTERVIR.
- Toda casa “conta uma história”. Há algo que se revela no ambiente da casa.
- É acordada logo nas entrevistas iniciais, marcada com data previamente combinada (preferencialmente). A própria recusa da visita serve de construto para análise da condição familiar. A data da visita domiciliar é sempre posterior ao conhecimento da história de vida da criança e o estabelecimento de um vínculo mais significativo com os clientes. Deve haver certo grau de “intimidade” entre psicólogo e clientes, a fim de que eles não se sintam “investigados”. Contudo, a visita não pode perder o cunho de um trabalho profissional e assumir um caráter de visita social.
- O tempo de permanência não pode ser previsto, ao certo, mas deve ser estabelecido um limite para sua realização.
- Habitação: transformação do espaço em lugar, um centro identitário, relacional e histórico. O homem organiza sua vida nos espaços aos quais dá forma e sentido. Os objetos, além de funções próprias, detêm um valor adicional, chamado “competência”, que é o seu(s) significado(s). O mundo interno das pessoas é projetado sobre esses espaços e objetos. O próprio corpo das pessoas, em seus movimentos, recria as trajetórias e a história de cada um. “AS CASAS EXALAM ODORES PRÓPRIOS”.
- Se nós produzimos o espaço da casa e ele nos reflete, também somos “produzidos” por ele. Há a emergência de um “espaço-casa”. As casas produzem homens (“ostras”). Não podemos nos restringir apenas ao visual, mas também avaliamos o que ouvimos, sentimos e todas as associações que nos despertam.
- O ambiente revela nosso modo de estar no mundo. A forma como organizamos nosso espaço externo está intimamente ligada com a nossa subjetividade. Clientes normalmente “arrumam” a casa para a visita, o que é um comportamento humano típico. Porém, por mais arrumada que ela esteja, o que está “escrito” na casa não há como apagar: faz parte daquilo que imprimimos, dia após dia, naquele lugar.
- A MANEIRA COMO RECEBO O OUTRO EM MINHA CASA É A MESMA QUE O RECEBO DENTRO DE MIM.
Capítulo X – Metáfora e devolução: o livro de história no processo de psicodiagnóstico interventivo
- Construção da narrativa. O mito é um tipo de narrativa alegórica e/ou simbólica. As fábulas, diferentemente dos mitos, são história construídas por um determinado autor e seu objetivo é transmitir uma ideia moral, um valor. Os contos de fada transmitem conhecimento sobre questões humanas universais, colocando em foco as questões-limite da existência, como nascimento, vida e morte.
- Semelhanças entre o livro de história elaborado com a finalidade de devolução diagnóstica à criança e os contos de fada: tem por objetivo a transmissão de algum conhecimento, como conhecimento de si, da sua história, seus conflitos, ou alguma situação peculiar ao existir humano. Atingem diferentes camadas da psique, contemplando a trajetória de vida da criança através de metáforas, analogias e imagens visuais.
- A verdade é apresentada, e não omitida. A criança é colocada com as questões-limite da existência (morte), em forma de metáfora.
- Diferenças: contos de fada tem caráter moral, o livro de história, não. Além disso, promovem a interiorização de certos valores, e esse também não é o objetivo do livro de história. Ao contrário, seu objetivo é contemplar as possibilidades criativas da criança, bem como seus conflitos centrais.
- Devolução = mecanismo de reintrojeção de aspectos identitários. Objetivo: auxiliar o paciente a realizar uma integração psíquica daqueles aspectos de sua personalidade que estão dissociados, contribuindo para a preservação de sua identidade. Mas, como um único momento devolutivo no fim do processo não é o ideal, existem as devolutivas parciais durante todo o PI.
- Fazer uso de linguagem simples e apropriada à criança. A criança precisa apropriar-se da própria história, bem como seus conflitos, defesas, desejos e maneira de se relacionar com o mundo.
- Autores que relatam a importância do uso de histórias: Winnicott, Oaklander, Gardner, Safra. A narrativa favorece o aparecimento do ESPAÇO TRANSICIONAL. Oferecer histórias a uma criança é promover um programa eficiente de saúde mental.
- Constance Fischer, psicóloga norte-americana, quem inspirou e incentivou o desenvolvimento do livro de história como técnica de devolutiva infantil, conhecido como “psicodiagnóstico centrado na vida”.
- Elementos norteadores do livro de história: é uma metáfora que expressa a compreensão do psicodiagnóstico; a história e os personagens DEVEM ser escolhidos em função das afinidades e analogias com os conteúdos evidenciados no psicodiagnóstico (evitar personagens culturalmente pejorativos, especialmente no Brasil); deve traduzir a história de vida da criança, o sintoma, a busca por atendimento, a explicitação dos sentimentos do personagem de identificaçãoe a integração dos diferentes aspectos observados nos jogos, testes, visitas, etc.

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