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RELATÓRIO 3 DE TGC Classificação das Normas Penais

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RELATÓRIO III DE TGdC - Classificação das Normas Penais 
As normas contidas no bojo de um Código Penal não são exclusivamente incriminadoras, isto é, normas que têm a finalidade exclusiva de punir aquele que viola as proibições ou mandamentos penais. Há outras normas, despidas de proibições e mandamentos, que têm caráter permissivo, explicativo ou complementar daquelas conhecidas como normas incriminadoras, normalmente encontráveis na Parte Geral do Código Penal. 
Diversos autores propuseram formas de classificar as normas, mas, segundo Carlos Roberto Bittencourt, a classificação mais adequada é aquela que começa por estabelecer a distinção entre normas penais incriminadoras e não incriminadoras. 
As normas penais incriminadoras têm a função de definir as infrações penais, proibindo (crimes comissivos) ou impondo (crimes omissivos) a prática de condutas, sob a ameaça expressa e específica de pena, e, por isso, são consideradas normas penais em sentido estrito. Essas normas, segundo uma concepção universal, compõem-se de dois preceitos: 1) preceito primário, que descreve, com objetividade, clareza e precisão, a infração penal, comissiva ou omissiva; 2) preceito secundário, que representa a cominação abstrata, mas individualizada, da respectiva sanção penal. 
As normas penais não incriminadoras são aquelas que estabelecem regras gerais de interpretação e aplicação das normas penais em sentido estrito, repercutindo tanto na delimitação da infração penal como na determinação da sanção penal correspondente, e podem ser permissivas, complementares ou explicativas. 
As normas permissivas são aquelas que se opõem ao preceito primário da norma incriminadora, autorizando a realização de uma conduta em abstrato proibida. Por último, as normas penais explicativas e complementares correspondem àquelas proposições jurídicas que esclarecem, limitam ou complementam as normas penais incriminadoras dispostas na Parte Especial: seja na determinação da infração penal, esclarecendo ou complementando o preceito primário; ou na determinação da consequência jurídica, esclarecendo, limitando ou complementando o preceito secundário. No entanto, quando estabelece normas não incriminadoras, isto é, quando não tipifica condutas puníveis, o Direito Penal formula proposições jurídicas das quais se extrai o conteúdo da respectiva norma, seja ela permissiva, explicativa ou complementar. Essa técnica encontra-se na Parte Geral do Código Penal e sua função, como vimos acima, está relacionada com a interpretação e delimitação do alcance da norma penal incriminadora.
A maioria das normas penais incriminadoras, compõe-se de normas completas, integrais, possuindo preceitos e sanções. Há, contudo, algumas normas incompletas, com preceitos genéricos ou indeterminados, que precisam da complementação de outras normas, as chamadas normas penais em branco, estas são imperfeitas, e, por conseguinte, incompreensíveis por não se referirem a uma conduta juridicamente determinada e, faticamente, identificável. Trata-se, na realidade, de normas de conteúdo incompleto, vago, impreciso, por dependerem de complementação por outra norma jurídica (lei, decreto, regulamento, portaria, resolução etc.), para concluírem a descrição da conduta proibida. A falta ou inexistência dessa dita norma complementadora impede que a descrição da conduta proibida se complete, ficando em aberto a descrição típica.
A doutrina tem distinguido, com fundamento na origem legislativa das normas, a sua classificação em normas penais em branco em sentido lato e em sentido estrito. Em sentido estrito, há fonte formal heteróloga, remetem a especificação do preceito a regras cujo autor é um órgão distinto do poder legislativo. Em sentido amplo, em que há fonte formal homóloga, são aquelas que recorrem a regulamentações da mesma lei ou de outra lei, ou seja, originadas da mesma instância legislativa.
No entanto, é indispensável que essa integração ocorra nos parâmetros estabelecidos pelo preceito da norma penal em branco. . É inadmissível, por exemplo, uma remissão total do legislador penal a um ato administrativo, sem que o núcleo essencial da conduta punível esteja descrito no preceito primário da norma incriminadora. 
 BITENCOURT, Cezar Roberto – Tratado de Direito Penal 21ªed.

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