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Educação a Distância Elias de Oliveira Motta Texto da LDB A LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais conhecida como Lei Darcy Ribeiro ou LDB, dispôs sobre a educação a distância em oito dispositivos, sendo um artigo, quatro parágrafos e três incisos, regulando a matéria da seguinte forma: "Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1° A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições, especificamente credenciadas pela União. § 2° A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3° As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4° A educação a distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem anus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. " LIBERDADE E INCENTIVO EM TODOS OS NÍVEIS E MODALIDADES O art. 80 da LDB trata da educação a distância, determinando, inicialmente, que o Poder Público deverá incentivar, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada, o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância. Com esse art. 80, a educação a distância adquiriu sua carta de alforria. Ele, além de a tornar livre em todos os níveis e modalidades, tanto de ensino quanto de educação, ordenou ao Poder Público que a incentivasse e não que a limitasse com toda a sua burocracia credencialista. CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS Podemos conceiturar a educação a distância como sendo a forma de educação que se baseia na crença no Homem e em suas potencialidades, como sujeito ativo de sua própria aprendizagem. Parte, esta modalidade de ensino, do princípio de que o ser humano, independentemente de escolas ou de professores, pode se autodesenvolver, o que é mais do que comprovado pelo imenso número de autodidatas que tantos benefícios já proporcionaram à sociedade. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS A característica principal da educação a distância é, pois, basear-se no estudo ativo, independente e construtivista, que pode dispensar preleções, professores e locais específicos para aulas, ao mesmo tempo em que possibilita aos educandos a escolha dos horários, a duração e os locais de estudo. Outra característica, decorrente dessa primeira, é a utilização de materiais didáticos especiais de auto-instrução para a veiculação dos cursos. Desta forma, portanto, a educação a distância pode não só reduzir a exigência de freqüência do aluno na escola, como até mesmo dispensá-lo de presença. INÍCIO: POR CORRESPONDÊNCIA Page 1 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... Este tipo de educação teve seu começo com os chamados cursos por correspondência e, a seguir, aperfeiçoou-se com instruções programadas, baseadas na teoria behaviorista de SKINNER e na forma de material didático avulso, de cartilhas, de módulos, de manuais e de livros, que continham todo o conteúdo básico, para a formação do aluno em determinada área. Com o início da radiodifusão, começou também a utilização do rádio com finalidades educativas. ETAPAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL Primeira etapa Na evolução da educação a distância no mundo, o Brasil aparece como o sexto país a desenvolver atividades e a criar instituições de EAD. Os primeiros foram Suécia (1833), Inglaterra (1840), Rússia (1850), Alemanha (1856) e USA (1874). A educação a distância, no Brasil, começou em 1904, quando as Escolas Internacionais (representação de uma organização norte-americana) lançaram alguns cursos por correspondência. Os programas radiofônicos educativos começaram em 1923 quando foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Roquette Pinto, o qual, em 1936, doou-a ao MEC, que continuou dando-lhe funções educativas e criou a Fundação Roquette Pinto, a qual existe até hoje e tem prestado excelentes serviços ao próprio Ministério da Educação e do Desporto. Dos cursos profissionalizantes por correspondência que se desenvolveram no Brasil e tiveram continuidade, o primeiro começou a ser ministrado em 1939, pelo Instituto Rádio Técnico Monitor, sediado na cidade de São Paulo. Pouco tempo após o lançamento de seu primeiro curso (Preparatório para Oficiais da Marinha), esse instituto transformou-se na maior escola latino- americana de ensino por correspondência (Ver ilustração de uma página de publicidade deste instituto que era divulgada em revistas e gibis da época). Ainda nesta primeira etapa de desenvolvimento da educação a distância, no Brasil, surge, na cidade de São Paulo, em 1941, o Instituto Universal Brasileiro, que já treinou cerca de três milhões e duzentas mil pessoas, transformando-se, hoje, na maior escola do gênero no País, com aproximadamente duzentos mil alunos matriculados. Segunda etapa Em uma segunda etapa, a educação a distância, no Brasil, passou a utilizar mais os programas radiofônicos, com o lançamento, em 1941, do Programa Universidade do Ar, da Rádio Nacional, destinado ao treinamento de professores leigos. Apesar do pequeno resultado prático desta experiência precursora, serviu ela para demonstrar que o rádio poderia ser importante instrumento de educação a distância. Em 1947, o SESC e o SENAC fizeram sua primeira experiência de treinamento a distância, para comerciários, com a sua transmissão em rede por doze emissoras de rádio. O Ministério da Educação, em 1957, decidiu lançar o seu próprio programa educativo pelo rádio, criando o SIRENA ou Sistema Rádio Educativo Nacional, que poucos resultados positivos obteve pela própria falta de interesse do Governo em apoiar o aperfeiçoamento de seu pessoal e a melhoria da qualidade, o que prejudicou o seu desenvolvimento. A Arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norte, associada ao Serviço de Assistência Rural, lançou, em 1958, um sistema de radiodifusão, cujo sucesso inspirou, três anos depois, a criação do MEB. O mais importante trabalho de educação a distância para a alfabetização de adultos teve início em 1961 e ocorreu no Nordeste, através do Movimento de Educação de Base-MEB, que era mantido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, da Igreja Católica Apostólica Romana. Essa experiência teve bons frutos, mas grande parte dos resultados do trabalho de alfabetização se perdeu pela falta de continuidade do programa. Além disso, sua cartilha impressa foi considerada pelos governos militares, a partir de 1964, como uma tentativa de subversão da ordem e todo o material pronto foi apreendido. Este fato, aliado tanto à falta de recursos para se dar continuidade ao trabalho após a primeira etapa de alfabetização, quanto ao desinteresse do MEC e das Secretarias Estaduais de Educação em apoiar a iniciativa da CNBB, prejudicou o desenvolvimento do MEB. Com o desenvolvimento da televisão, houve a criação, em 1961, de um curso para alfabetização de adultos, ministrado pela Fundação João Batista do Amaral e divulgado pela TV Rio até 1965, mas com pequena repercussão. Em 1962, com a colaboração da Missão Norte-Americana de Cooperação Técnica, essa Fundação lançou, também pela TV Rio e, depois, por outras redes de televisão, um Page 2 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da...importante programa, o qual era destinado ao aperfeiçoamento de professores primários. É também em 1962 que Gilson Amado lança a idéia de uma Universidade de Cultura Popular, que começou a se concretizar em 1966, transmitindo, pela TV Continental, o curso Artigo 99. Logo, outras emissoras de televisão aderiram ao programa e seu sucesso foi decisivo para uma maior participação dos Governos Federal e Estaduais, a partir de 1967. Em 1967, cria-se, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a Lei n° 5.198, a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa. Em 1968, a Fundação Padre Landell de Moura-FEPLAM dá início, no Rio Grande do Sul, a uma série de cursos profissionalizantes e de madureza pela TV e pelo rádio; neste mesmo ano, é inaugurada a TV Universitária do Recife, em Pernambuco. Terceira etapa A terceira etapa começou com a criação e implantação, em 1969, do primeiro sistema de televisão escolar do Brasil, no Estado do Maranhão, que foi uma feliz iniciativa da administração do então Governador José Sarney, motivada pela inexistência de uma rede de ensino público que atendesse da 5ª a 8ª série do ensino fundamental e pela falta de professores qualificados. Organizada inicialmente como uma fundação, a Fundação Maranhense de Televisão Educativa, primeira TV Educativa do Brasil, graças à sua autonomia, obteve grande sucesso na obtenção de seus objetivos e desenvolveu-se rapidamente até que, em 1981, transformando-se em autarquia, teve seu modelo pedagógico alterado e, a partir de 1984, passou ela a ser um mero apêndice da Secretaria Estadual de Educação. Essa experiência, que foi bem sucedida por mais de uma década e que forneceu excelentes ensinamentos, para a evolução da educação a distância no País, serviu de exemplo para a implantação das TVs educativas do Ceará (em 1974, com cursos para o ensino médio, denominado então como de 2° grau) e de Pernambuco. A TV Educativa de Pernambuco teve seu início com apoio do Governo Japonês e com vocação para se transformar logo em um centro regional de produção de programas, mas seu sucesso foi bastante limitado porque, naquela época, as transmissões se davam via microondas e não por satélites e, além disso, as TV Educativas dos demais Estados não possuíam equipamentos compatíveis. Mais tarde, a Televisão Educativa do Maranhão, em 1986, foi absorvida pela FUNTEVE e passou a se denominar Centro de Televisão Educativa do Nordeste. O Decreto n° 65.239, de 1969, criou o Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais-SATE, em âmbito federal. Logo em seguida, o Governo brasileiro desenvolveu, com uma equipe de alto nível do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), objetivando o uso de satélite para a divulgação de programas educativos. Como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte já havia obtido a concessão de um canal de televisão, o INPE, ao iniciar, por volta de 1971/1972, os experimentos de transmissão de programas do Projeto SACI, de educação a distância para ensino de 1° grau menor (para as quatro primeiras séries do ensino fundamental), utilizou a TV Universitária. Ao término do Projeto SACI, suas instalações e equipamentos foram transferidos para a TV Universitária do Rio Grande do Norte, que assumiu a direção e a continuidade dos programas. O Sistema de Televisão Educativa do Rio Grande do Norte-SITERN voltou seus programas especialmente para as escolas das zonas rurais, onde a deficiência do ensino regular era maior, e obteve, nas primeiras fases de seu desenvolvimento, resultados bastante positivos para o desenvolvimento do ensino fundamental no Estado. Ainda nessa terceira etapa da educação a distância, no Brasil, voltou-se ela para a formação supletiva nos níveis do ensino fundamental e médio (1° e 2° graus), com o chamado Projeto Minerva, criado em 1970, que logo incorporou a televisão para a divulgação dos programas educativos. O sucesso inicial do Projeto Minerva teve influência decisiva para que, em 1971, fosse incluído, na Lei n° 5.692, em seu art. 25, um parágrafo (o 2°) prevendo que os cursos supletivos poderiam ser ministrados, tanto em classe, como mediante a utilização de rádio e televisão e outros meios de comunicação, que permitissem alcançar um maior número de alunos. Consolida-se, assim, na legislação brasileira, pela primeira vez, a educação a distância, como sendo aquela que se realiza mediante uso de meios de comunicação e com freqüência livre, diferente, pois, da educação presencial. É, pois, na década de 70 que começa a haver, nos meios oficiais e particulares, certa compreensão e aceitação da educação a distância. Todas as experiências anteriores, apesar de importantes, pois significaram passos decisivos na história da EAD no Brasil, foram muito limitadas. O real desenvolvimento da educação a distância em nosso País só começa a ocorrer em 1969, ainda em sua terceira etapa de evolução, com a inauguração da TV Cultura e da Rádio Cultura, ambas da Fundação Padre Anchieta. A Fundação Padre Anchieta, em 1978, uniu-se a outra organização da maior importância para a educação a distância, no Brasil: a Fundação Roberto Marinho, ligada à rede Globo de Televisão. Ambas começaram a divulgar o programa Telecurso 2° Grau. A Fundação Anchieta elaborava o material didático e os programas, e a TV Globo os divulgava, tudo em convênio com o Ministério da Educação. Em relação aos Telecursos, duas portarias do Ministério da Educação e da Cultura e do Ministério das Comunicações, de números 408/70 e 568/80, tiveram grande importância para o seu Page 3 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... desenvolvimento. Elas estenderam a veiculação dos programas educativos oficiais de educação a distância (pela televisão e pelo rádio) a todas as emissoras comerciais. Foi esta abertura que permitiu o rápido crescimento do número de alunos e a efetiva divulgação dos Telecursos, os quais, até hoje, prestam inestimável colaboração para a educação de jovens e adultos, facilitando-lhes a terminalidade do ensino fundamental e do ensino médio, por meio de um moderno sistema de multimeios, que utiliza a televisão, o rádio e criativo material didático impresso, além de monitores especialmente treinados. É importante ressaltar-se também que é desta terceira etapa a criação do Programa Nacional de Teleducação, mais conhecido como PRONTEL, por meio do Decreto n° 70.185, de 1972, com o objetivo de "integrar em âmbito nacional, as atividades didáticas e educativas através do rádio, da televisão e de outros meios, de forma articulada com a Política Nacional de Educação". O PRONTEL desenvolveu suas atividades até 1979, quando foi substituído pela Secretaria de Aplicações Tecnológicas-SEAT, que assumiu suas incumbências, de acordo com o Decreto n° 84.240, de 1979. Quarta etapa A quarta fase começou com o projeto-piloto brasileiro para utilização da recepção de imagem via satélite em processos educativos, elaborado por um grupo de trabalho interministerial, e cuja estréia se deu em agosto de 1991, com o nome de Jornal da Educação-Edição do Professor. A participação da Fundação Roquette Pinto, nesta etapa de desenvolvimento da educação a distância no Brasil, foi de capital importância, pois coube a ela, desde a elaboração da proposta pedagógica e do plano de geração dos programas até a avaliação do projeto-piloto, passando pela concepção e produção dos programas televisivos e dos boletins impressos, bem como pela veiculação. O sucesso dessa experiência, envolvendo seis unidades da Federação e cerca de seiscentos cursistas, aconselhou a sua continuidade, a qual se deu, a partir de 1992, com novo nome para o programa: Um Salto para o Futuro. Esta quarta etapa consolida definitivamente a educação a distânciano Brasil, principalmente com a criação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa-SINRED (Portaria do MEC n° 344, de 9 de agosto de 1993) e do Sistema Nacional de Educação a Distância-SINEAD (Convênio de Cooperação Técnica n° 6, de 1993, assinado pelo Ministério da Educação e do Desporto-MEC, Ministério das Comunicações-MC e Empresa Brasileira de Telecomunicações-EMBRATEL, com a participação do Ministério da Ciência e da Tecnologia, do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras-CRUB, do Conselho de Secretários Estaduais de Educação-CONSED e da UNDIME, pela assinatura do Protocolo de Cooperação Técnica n° 3, de 1993). O Decreto n° 1.237, de 6 de setembro de 1964, consolidou, no âmbito da administração federal, sob a coordenação do MEC, o Sistema Nacional de Educação a Distância. Caracteriza-se esta etapa pela maior divulgação e aceitação da educação a distância; por um conjunto de experiências novas e isoladas nos sistemas estaduais de educação e em escolas particulares; por uma tentativa de sistematização normativa; por uma maior compatibilização e modernização dos equipamentos de transmissão e de recepção; por uma maior integração das instituições de educação a distância, que começaram a atuar em co-produções e aumentaram o intercâmbio entre elas e com organismos internacionais; por realização de pesquisas e por uma maior participação do MEC, seja diretamente, seja por meio de convênios e de apoios financeiros, em diversos programas como, ultimamente, o Telecurso 2000 (protocolo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo-FIESP e a Fundação Roberto Marinho), nas escolas da rede federal; como o projeto dos Centros Rurais de Educação a Distância (em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR); como a TV Escola e Um Salto para o Futuro, os quais, com o Programa de Apoio Tecnológico à Escola, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional- FNDE, para equipar as escolas com televisores videocassetes e antenas parabólicas, estão produzindo programas documentários e treinando milhares de professores por todo o Brasil Em novembro de 1996, Um Salto para o Futuro já tinha conectados mais de um mil e quinhentos telepostos espalhados por todo o Brasil em um mil e oitenta municípios; e o programa TV Escola já havia credenciado 51.920 escolas, das quais 38.000 já haviam adquirido seus kits e 28.197 já os haviam instalado, segundo informações da Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento de Projetos do MEC ( Professora Tânia Maria Maia Magalhães CASTRO). Um problema já constatado no Programa da TV Escola é que com a descentralização dos recursos para a compra dos equipamentos (o que é positivo), e a obediência às normas de licitação (o que também é positivo), as aquisições estão sendo feitas com base no menor preço, o que nem sempre corresponde a uma boa qualidade dos kits Resultado: a qualidade das gravações, em muitos casos, tem sido péssima, o que impede a utilização, em sala de aula, dos programas gravados pelos professores. Quinta etapa A quinta etapa está sendo iniciada agora, com o programa do MEC de equipar todas as escolas Page 4 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... públicas brasileiras com mais de cem alunos (cerca de 51.920, segundo o Cadastro de Repasse do FNDE) com computadores e kits multimídia e de ligá-las em rede via satélite, possibilitando, inclusive, ligação com a Internet. No entanto o início do programa está-se dando, em 1997, apenas em pouco mais de oitocentas escolas e cem núcleos de tecnologia educacional, pois o MEC decidiu dar prioridade ao treinamento de multiplicadores técnicos em informática e professores para, só então, equipar as escolas que forem selecionadas pelas Secretarias Estaduais de Educação, tendo como critério os melhores projetos pedagógicos. Com uma previsão de recursos da ordem de 476 milhões de dólares para o biênio 97/98, o Programa Nacional de Informática na Educação-PROINFO tem como objetivo inicial a formação de mais de trezentos multiplicadores e cerca de seis mil técnicos; a capacitação de vinte e cinco mil professores e a reciclagem de aproximadamente 31.300. Para a montagem dos sistemas de informática está prevista a aquisição de cerca de cem mil hardwares e softwares operacionais para as escolas de ensino fundamental e médio. Comentando esse programa e o da TV Escola, o Ministro de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, destaca que "ao queimar etapas, podemos dar um salto de qualidade que não seria possível com técnicas tradicionais" Nesta etapa de desenvolvimento da educação a distância, no Brasil, a Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Avaliação Educacional-SEDIAE, do MEC, "tenciona implantar o curso secundário regular a distância, utilizando toda a estrutura que já está sendo viabilizada com a recente liberação de recursos do Governo às escolas públicas estaduais e municipais para a compra de equipamentos necessários para a recepção dos programas educativos da TV Escola. Ainda como parte das inovações tecnológicas previstas para o próximo ano, o MEC pretende implantar a universidade aberta, idéia lançada pelo Ministro Paulo Renato de SOUZA, ainda no início deste ano. A Secretária Maria Helena Guimarães de CASTRO explicou que a universidade aberta funcionaria como o apoio de toda a estrutura do ensino a distância e do Sistema Internet." POTENCIAL INIMAGINÁVEL DOS NOVOS ACELERADORES PEDAGÓGICOS Com a evolução dos meios de comunicação de massa, especialmente dos equipamentos e aparelhos eletrônicos, com a disseminação dos computadores de uso pessoal, dos kits multimídia e dos CD- roms e com as supervias de informação de fibra óptica, as chamadas infohighways, a educação a distância adquiriu um potencial ainda inimaginável. A chamada multimídia, com a interatividade e com a realidade virtual que está criando um mundo novo, poderá, em pouco tempo, revolucionar os processos, métodos e técnicas de ensino e de avaliação, que o sonhador e revolucionário Marshall KICLUHAN, na década de 1960, com toda a sua extraordinária visão prospectiva, apenas começou a vislumbrar. Darcy RIBEIRO, um entusiasta da educação a distância, ressaltava que "os educadores de todo o mundo passaram a contar, nos últimos anos, com aceleradores pedagógicos de eficácia antes impensável. Falo do instrumental audiovisual, televisivo e informático que, em conjunto, configura uma revolução tecnológica. Maior que a representada pela tipografia de Gutemberg e, posteriormente, pela produção industrial de livros acessíveis. Se estas deram os livros à mão cheia que pedia o poeta, a nova oferta nos dá a mesma e até melhor quantidade de saber da forma escrita e ilustrada, falada e sonorizada, visualizada, filmada, televisionada e computadorizada. Tudo isso individualizado para o aproveitamento de cada aluno". UMA REVOLUÇÃO CULTURAL Darcy falava com propriedade, pois uma revolução na escrita também está ocorrendo. Quando muitos pensavam que ela seria relegada a um segundo plano, o mundo eletrônico, que o autor William GIBSON chamou de cyberspace (ciberespaço), antes dominado secretamente apenas por técnicos e militares, foi invadido por milhões de pessoas das mais diferentes partes do mundo. Hoje, elas se comunicam, através da Internet, por ícones, signos e sons, inimagináveis há uma década e, o que é mais incrível, também por palavras escritas, levando-as a uma propagação que só é comparável à da época de Gutemberg (surgimento da imprensa). É a revolução cultural da "aldeia global", ligando em rede milhões de computadores e de pessoas, que ninguém sabe até onde pode ir. A INTERNET Com efeito, a rede mundial de computadores, chamada Internet, criada em 1964 pelo Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América), graçasàs experiências do renomado pesquisador da Rand Corporation de nome Paul Baran, como um meio seguro de defesa e de comunicação com suas forças armadas - durante o auge da guerra fria entre os países ocidentais e os comunistas, bem no período de ameaça constante de uma guerra nuclear capaz de tornar Page 5 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... inoperantes todos os vulneráveis meios de comunicação a distância até então inventados e desenvolvidos - hoje, não pertence a ninguém e se tornou um símbolo da evolução da comunicação de nosso tempo. Não se tem controle sobre essa anárquica teia eletrônica que, de maneira incontrolável, continua a se espalhar por todo o mundo, envolvendo, já, milhões de computadores e cerca de cinqüenta milhões de pessoas. Da mesma forma que a Internet, outros sistemas de processamento em rede estão-se desenvolvendo rapidamente, como Bitnet, Minitel etc. NOVAS POSSIBILIDADES COM O MUNDO VIRTUAL Não se trata apenas de uma mera renovação tecnológica. É uma mudança muito mais profunda, que envolve novas técnicas, mas também novos métodos, novos objetivos, novos conteúdos e um mundo novo, realmente virtual, que possibilitará: 1) atender à crescente demanda em todos os níveis de ensino, sem necessidade de se ampliar o número de salas de aula, de instalações, de professores e de funcionários o que, além de significar redução de custos, poderá, definitivamente, proporcionar a democratização do ensino básico; 2) suprir o problema da baixa qualificação dos professores, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste, para as quais deve ser dada prioridade pelos programas governamentais 3) melhorar a qualidade do ensino nas escolas presenciais, com a utilização, nas aulas presenciais, de programas de educação a distância; 4) oferecer o mesmo nível de qualidade para todas as regiões do País, respeitando e valorizando características das culturas regionais; 5) otimizar os recursos disponíveis nos diversos sistemas de educação; 6) aumentar a motivação dos alunos para sua própria aprendizagem; 7) implantar, em ritmo muito mais rápido, novos métodos e técnicas de ensino; 8) desenvolver uma educação de qualidade muito superior à vigente nas escolas presenciais; 9) criar escolas virtuais; 10) libertar o estudante das paredes das escolas, facilitando o ensino e a aprendizagem no lugar e no tempo mais adequados ao aluno; 11) transformar os prédios escolares em centros de estudos e de pesquisas e em verdadeiros clubes para práticas esportivas e encontros sociais, principalmente festivos, com uma integração maior com a comunidade; 12) possibilitar ao aluno o desenvolvimento de sua capacidade para avaliar o seu próprio trabalho escolar; o desafio de verificar o seu autodesenvolvimento educativo e de se autocorrigir aumenta o prazer de aprender; 13) implantar, efetivamente, a educação permanente, com a transformação e a abertura do ensino superior, tanto de graduação quanto de pós-graduação; 14) modificar as relações entre professores e alunos, com a utilização de encontros e aulas virtuais, totalmente flexíveis, reduzindo, assim, a necessidade de encontros diários, com horário inflexível e em sala de aula, como ocorre hoje. Apesar de apresentar inegáveis qualidades, o modelo tradicional de ensino em salas de aula, com grandes turmas e muitas aulas expositivas, raros trabalhos individuais e alguns trabalhos em grupo, acaba gerando desgastes nas relações entre alunos e professores, com danosas repercussões para a aprendizagem. Eliminar as reuniões físicas forçadas, muitas vezes indesejáveis e contraprodutivas, entre alunos e professores em sala de aula, substituindo-as pela flexibilidade de encontros (físicos ou virtuais) desejáveis e programados pelas partes diretamente interessadas na evolução de seus processos de ensino-aprendizagem, será uma revolução na educação, que acabará por valorizar, efetivamente, o proveitoso e periódico encontro direto entre professores e alunos; 15) criar as condições para a implantação de projetos experimentais do que já está sendo denominado hiperaprendizagem, isto é, de processos educativos que utilizam os mais modernos recursos da multimídia e que, sem as tradicionais estruturas e hierarquias das escolas e das salas- de-aula, facilitam ao educando aprender e ensinar ao mesmo tempo, comunicando-se com o mundo (principalmente com o que há de melhor nele) e determinando, no seu próprio ritmo, a direção de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento pessoal e profissional. Page 6 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... É realmente maravilhoso o novo caminho que a educação começa a percorrer. É algo incrível e extraordinário. Qualquer pessoa poderá, sem sair de sua casa, visitar os melhores museus e laboratórios do mundo e assistir a aulas teóricas e práticas, bem como teleconferências e videoconferências, nas mais diferentes partes do mundo, mediante comunicação instantânea e a qualquer hora do dia ou da noite. Além disso, como ressalta Eric C. RICHARDSON, a Web facilitou em muito o acréscimo de componentes de áudio e vídeo às aulas eletrônicas, permitindo à educação a distância on-line dar um verdadeiro salto, e mais: "o ensino virtual pode dar mais um salto na próxima década através da VRML (Virtual Reality Modeling Language) - a versão da HTML ( Hypertext Markup Language) para a realidade virtual. A VRML permitirá que usuários naveguem em salas e espaços tridimensionais, ao invés de clicarem em telas planas de texto e imagens estáticas. Os alunos poderão visitar museus, observar experiências e participar de conferências e eventos no mundo inteiro". ESCOLAS E UNIVERSIDADES VIRTUAIS NO BRASIL Apesar do atraso tecnológico do Brasil, em relação aos países do primeiro mundo, temos, hoje, em janeiro de 1997, mais de um milhão de endereços eletrônicos e deveremos ter, até o início de 1998, provavelmente, o dobro, o que nos permitirá, inclusive, a criação de várias escolas e universidades virtuais. Aliás, a criação desse tipo de escolas e universidades virtuais, que muitas pessoas pensam ser uma utopia, no Rio de Janeiro e em São Paulo já começa a ser realidade utilizável. Com efeito, cerca de cinqüenta e cinco universidades brasileiras formaram um consórcio e estão estudando o tema universidade aberta e educação a distância, com base em experiências de universidades abertas como a de Milton Keynes, Londres (Inglaterra), a de Madrid (Espanha) e a de Haaven (Alemanha). Na Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo-USP, foi criada a "Escola do Futuro". No Rio de Janeiro, a Faculdade Carioca está implantando uma universidade virtual, cujo projeto envolve investimentos de mais de cinco milhões de dólares. O primeiro edital para seu primeiro curso de pós-graduação em informática já foi publicado em março de 1996. "Será uma democratização da informação", afirma o Diretor da Faculdade Carioca, Celso Niskier. A Universidade Federal do Rio de Janeiro também está com outra experiência de universidade virtual sendo implantada. Quem já utiliza a Internet pode fazer centenas de cursos on-line, sendo interessante ver, a respeito, os catálogos Yahoo e Lycos. Em janeiro de 1997, o Estado do Paraná inaugurou também a sua universidade aberta, a UNIAMÉRICA ou Universidade das Américas, a qual conta com real apoio financeiro do Governo Estadual. Definindo sua linha de atuação, o Secretário de Ciência e Tecnologia e de Ensino Superior do Paraná, Alexandre Fontana BELTRÃO, salienta o seguinte: "A UNIAMÉRICA não terá cursos formais e não irá competir com as demais. Pretende propor a discussão e a reavaliação da própria universidade brasileira, de modo a levá-la a liderar o processo detransformações, sem o que poderá envelhecer irremediavelmente. O Paraná, com cinco unidades, é o estado brasileiro com o maior número de universidades estaduais. Não seria racional mais uma. Nossa idéia não é duplicar, mas criar uma plataforma para discutir e acatar projetos de interesse das Américas, utilizando, na medida do possível, as estruturas universitárias existentes". O Coordenador dos primeiros projetos da UNIAMÉRICA, o jornalista Alberto Dines, a define como "uma combinação dos conceitos de universidade aberta e ensino a distância, que cria uma grande oportunidade para a própria universidade brasileira se questionar e debater a sua atual crise de identidade". PRODUÇÃO DE NOVOS SOFTWARES No que diz respeito à produção de softwares, principalmente de softwares que possibilitem e favoreçam a participação do aluno com criatividade, no seu processo de ensino-aprendizagem, para que ele mesmo possa construir o seu conhecimento, milhares de experiências já estão sendo desenvolvidas em todo o mundo, inclusive no Brasil, como, por exemplo, o projeto EDUCOM, que teve início em 1983, na Universidade de Campinas-UNICAMP. Este trabalho pioneiro foi continuado com a criação, naquela universidade, do Núcleo de Informática Educativa-NIED. Hoje, a UNICAMP destaca-se neste campo pelo importante trabalho de sua equipe de pesquisadores da Faculdade de Educação, no Laboratório de Educação e Informática Aplicada-LEIA. Outro trabalho pioneiro nesta área foi o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, através de seu Laboratório de Estudos Cognitivos. Ainda no Rio Grande do Sul é importante destacar-se o trabalho inovador do Colégio Positivo, de Porto Alegre. O projeto da Universidade de São Paulo-USP de produção de softwares educativos só começou a se desenvolver efetivamente com a criação, em 1988, do Núcleo de Pesquisa de Novas Tecnologias de Comunicação Aplicada à Educação. Em Brasília, a Fundação Educar, apesar de suas dificuldades financeiras, é um exemplo de atuação Page 7 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... avançada da livre iniciativa na produção e disseminação de softwares educativos. Algumas empresas multinacionais, como a IBM e a Microsoft, em convênio com instituições de ensino brasileiras, estão trazendo para o Brasil experiências que já obtiveram sucesso em outros países. INFOTECAS Em 1975, da cooperação entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e alguns sindicatos, surgiu, em Recife, uma experiência que não é bem de educação a distância, mas que merece ser aqui citada, pois é uma espécie de mini-escola ligada a uma rede de documentação no Nordeste. Foi ela denominada Serviço de Documentação e Informação Popular-SEDIPO. Dentre seu s objetivos estão a coleta, o processamento e a disseminação de informações, principalmente sobre as atividades sindicais; a oferta de cursos, treinamentos, orientações etc. Sua organização baseou-se nas experiências das Telecottages-originárias dos países nórdicos da Europa, que são mais conhecidos, no Brasil, com o nome de Infotecas, ou seja, uma espécie de biblioteca moderna, sem livros, com pequena infra-estrutura de pessoal e de material, mas com microcomputadores ligados em rede, inclusive à Internet, para tornarem disponíveis informações, cursos de educação a distância e recursos de alta tecnologia às Comunidades de menor densidade populacional. REPENSANDO O ENSINO USANDO TELECONFERÊNCIAS Uma das mais expressivas e eficientes experiências de utilização das novas tecnologias de informação está sendo a Rede Brasileira de Engenharia-RBE, criada e coordenada pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da Universidade de São Paulo-USP, sob a égide do Programa de Desenvolvimento das Engenharias-PRODENGE, e com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP, do Ministério da Ciência e Tecnologia, da CNPq, da CAPES e da SESu. A RBE criou um projeto chamado Engenheiro 2001 que, conforme sintetiza Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, Diretor-Presidente da Fundação, "é um evento multimídia destinado a debater e repensar o ensino da Engenharia no Brasil no contexto das grandes transformações tecnológicas, econômicas, políticas e sociais que marcam este final de século e definem as tendências para o próximo". Utilizando teleconferências, que já atingiram mais de trinta mil pessoas e oitenta escolas de Engenharia que já se integraram na rede, o projeto inclui também CDRoms, vídeos, revista e a Internet. O sucesso desse projeto, em 1996, inspirou a Fundação Vanzolini para criar, em 1997, outro, que já foi aprovado pela FINEP, a Rede Interativa de Educação Tecnológica para a Competitividade. OUTRAS EXPERIÊNCIAS Outras experiências, como as que citamos neste livro, já devem estar sendo feitas no Brasil, pois este estudo não é exaustivo. Outras mais deverão ter início em breve. Todas elas poderão, em breve, se interligar, como um gigantesco laboratório multidisciplinar integrado, com capacidade para envolver as comunidades locais, regionais, nacionais e interernacionais e para trabalhar vinte e quatro horas por dia, com comunicações ininterruptas, via satélite. Todas contribuirão para uma nova educação e para a renovação das velhas estruturas escolares, dos antigos métodos pedagógicos e das tradicionais técnicas de ensino, em todas as partes do mundo. EDUCAÇÃO TRADICIONAL X EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Atualmente, é gigantesca a diferença entre a educação tradicional e a educação a distância. Com efeito, uma simples enumeração das principais características destes dois tipos de educação nos dão uma dimensão do abismo que está surgindo entre uma e outra. É o que comprova o quadro a seguir: Page 8 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... O quadro acima, apesar de ressaltar aspectos negativos da educação tradicional, não quer dizer que ela não tenha aspectos altamente positivos, que foram tão úteis ao desenvolvimento da humanidade, em épocas passadas. Atualmente, ela ainda pode prestar grandes serviços à humanidade, mas depende, fundamentalmente, da competência e do esforço individual de abnegados professores e de mudanças que introduzam maior motivação para a aprendizagem. MUDANÇA DE PARADIGMAS Na realidade, está na hora de se mudarem paradigmas, de se aperfeiçoar o processo de ensino- aprendizagem e de se repensar a educação, diante, principalmente, dos avanços da informática. Para tal, é importante não se confundir educação a distância - que é realizada com abertura e EDUCAÇÃO TRADICIONAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA a) Baseia-se, principalmente, no "magister dixit". O professor é a autoridade máxima dentro da sala de aula. Sua palavra é lei. Compete a ele fazer a avaliação do aluno. O resultado de suas avaliações é incontestável. a) É centrada no aluno. Se este tem dúvidas, em relação à informação de uma fonte, pode reestudá-la a qualquer momento, e procurar esclarecê-la em outras fontes. Ele é o responsável diário pela sua auto-avaliação. Cabe ao centro emissor conferir, periodicamente, ou ao final do curso, a assimilação dos conhecimentos. b) As comunicações são limitadas e de cima para baixo, com hierarquia e disciplina rígidas, do tipo piramidal e restritas, normalmente, à sala de aula. Todo o sistema de ensino é formal e excessivamente regulamentado, dando pouca margem para inovações. b) As comunicações são ilimitadas e, principalmente, de forma lateral e intensiva, quebrando barreiras hierárquicas e fronteiras, permitindo que o ensino e a aprendizagem se desenvolvam sem maiores formalidades e utilizando a criatividade do próprio aluno. c) Privilegia as preleções dos professorese se centra no ensino, que é responsabilidade dos professores, exigindo-se dos alunos pouca participação individual ou em grupo. c) Tem como eixo a aprendizagem. Exige maior participação e estudo individual do aluno, em cujas mãos é colocada a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, permitindo grande interação, tanto na escola, como local, nacional e até internacional. d) Utiliza pouco material didático (lousa, giz, alguns livros, cadernos, lápis, canetas e, só mais recentemente e extradordinariamente, o computador e alguns recursos audiovisuais como retroprojetores, projetores de slides e de filmes e televisões). d) Utiliza equipamentos de última geração nas áreas de telecomunicações e informática, bem como as mais avançadas tecnologias de comunicação interativa, como as teleconferências etc. e) Os alunos são obrigados a seguir o ritmo de ensino do professor, com aulas em horários pré-estabelecidos, nas quais a freqüência é obrigatória e o controle é feito por uma complexa, e normalmente autoritária, burocracia. e) O próprio aluno define o ritmo de sua aprendizagem, interagindo com computadores, na hora que melhor lhe convém, sem necessidade de aulas presenciais, ou segue o programa pela televisão, que o repete constantemente, e ainda tem material impresso para ler quando bem entender. Todo o aparato escolar burocrático pode ser dispensado. f) Assenta-se na oralidade e na escrita, pouco utilizando os recursos audiovisuais, com aulas muitas vezes maçantes. f) Baseia-se no uso e na interatividade de todos os mais avançados recursos de multimídia, tornando a aprendizagem excitante e divertida. g) Exige armazenamento, na memória de cada aluno, de dados de uma infinidade de conhecimentos, que lhes são transmitidos nas aulas e em livros. Posteriormente, exige-se a comprovação da memorização em várias avaliações. g) Valoriza mais o desenvolvimento do raciocínio lógico, a criatividade, o conhecimento de softwares e a agilidade no manuseio dos equipamentos, do que a memorização, uma vez que, bancos de dados com bilhões de informações, poderão ser acessados a qualquer momento. Page 9 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... regimes especiais - com o simples uso de computadores e de alguns recursos de multimídia em sala- de-aula, o que seria apenas uma modernização do ensino tradicional e formal. ABERTURA E REGIMES ESPECIAIS SOMENTE POR INSTITUIÇÕES CREDENCIADAS PEI,A UNIÃO Considerando as dificuldades para se dimensionarem as perspectivas e o potencial da educação a distância, nas próximas décadas, mas conscientes de sua importância, nossos legisladores, no § 1° do art. 80 da LDB, permitiram o seu oferecimento, mas somente por instituições especificamente credenciadas pela União. Destarte, nenhum estado-membro, nem o Distrito Federal, nem os municípios poderão credenciar estabelecimentos de ensino ou outras instituições (de comunicação, por exemplo, como rádios e televisões), para atuarem na área da educação a distância. É importante a urgente normalização de como se deve proceder o credenciamento das instituições, o que deverá ser feito pelo Conselho Nacional de Educação, para ter validade nacional. Também é importante destacar que o Senador Darcy RIBEIRO, ao tratar da matéria em seu projeto substitutivo da LDB, fez questão de incluir o credenciamento das instituições como uma exigência legal, a ser regulamentada em âmbito nacional. Sua preocupação maior era com quem iria oferecer os cursos, e não com a autorização e a oferta de cursos e programas. Como um de seus assessores, ouvi-o ponderar o seguinte: "Temos universidades e faculdades boas, tanto públicas quanto privadas, mas temos também arremedos vergonhosos. É melhor deixar como competência da União a especificação dos critérios para credenciamento. Eles já criaram o Conselho. Vamos dar trabalho ao Conselho, sem citá-lo". O § 1° do art. 80 estabelece também que a educação a distância será organizada com abertura e regime especiais, o que, aliás, se constitui em uma das características dessa modalidade de educação. É parte inerente à sua própria definição. A REGULAMENTAÇÃO DE EXAMES E DE REGISTRO DE DIPLOMAS: EXCLUSIVIDADE DA UNIÃO A regulamentação dos requisitos, para a realização de exames e para o registro de diplomas de cursos de educação a distância, também não poderá ser feita pelos estados, nem pelo Distrito Federal, nem pelos municípios, pois esta tarefa foi reservada exclusivamente para a União, de acordo com o § 2° do art. 80. PRODUÇÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS: COMPETÊNCIA PARA NORMATIZAR E AUTORIZAR IMPLEMENTAÇÃO Aos sistemas de ensino, que poderão cooperar entre si ou se integrarem para uma atuação na área da educação a distância, compete, nos termos do § 3° do art. 80: 1) elaborar e aprovar as normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância; e 2) autorizar a implementação dos programas. O sistema federal de ensino deve, pois, urgentemente, traçar as normas para o seu sistema, as quais servirão de parâmetro para os demais sistemas. TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA A EAD Visando a incentivar um mais rápido desenvolvimento da educação a distância no País, a nova LDB se preocupou em estabelecer-lhe, no § 4° do art. 80, um tratamento diferenciado, incluindo: 1) - transmissão em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens com custos reduzidos; 2) - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; Page 10 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... 3) - tempo mínimo para a divulgação de programas educativos nos canais comerciais deverá ser reservado pelos concessionários, sem anus para o Poder Público. Na realidade, se o Poder Público quiser um desenvolvimento mais rápido da educação a distância, além destes incentivos, terá, em primeiro lugar, de investir muito na área e, em segundo lugar, de ampliar os programas de financiamento ou criar outros, com condições especiais, para que a livre iniciativa faça, também, efetivos investimentos. Aliás, constata-se que, apesar de o Brasil ter programas de créditos especiais e com juros subsidiados especialmente para os setores primário e secundário da economia, com razoável montante de recursos, só recentemente voltou a liberar empréstimos dirigidos à área educacional mantida pela iniciativa privada, para aplicação direta em investimentos. O volume de recursos, no entanto, é irrisório diante das necessidades. VISÃO E INICIATIVA EMPRESARIAL Apesar dessa falta de prioridade para a educação, especialmente para a educação a distância, decorrente da falta de visão e de iniciativa das áreas financeiras e de planejamento de setores do Poder Executivo, algumas empresas particulares, entidades das classes patronais e instituições privadas, em parceria, dão uma demonstração do que pode o espírito empreendedor. Com efeito, um exemplo extraordinário de investimento da iniciativa privada para a educação a distância é o Futura, um empreendimento liderado pela Fundação Roberto Marinho, tendo como parceiros a Globosat, a TV Globo, a Fundação Itaú, o Bradesco, o Instituto Ayrton Senna, a CNN, a Rede Brasil Sul, a Votorantim, a Fundação Oldebrecht, a Confederação Nacional de Indústrias, a FIESP, a FIRJAN, a Confederação Nacional de Transportes e a Turner Broadcasting System, dentre outros. A TV Futura, "o canal do conhecimento", será o primeiro canal de TV a cabo e via antena parabólica dedicado exclusivamente à educação. Apesar de se tratar de uma iniciativa privada, será um canal de utilidade pública gratuito, a ser instalado, principalmente,em escolas, hospitais, presídios, museus etc. Se levarmos em conta que, dos cerca de 38 milhões de domicílios existentes no País, mais de um milhão e quinhentos mil lares já dispõem de cabo e três milhões e quinhentos mil possuem antenas parabólicas, pode-se ter uma idéia do que representa esta iniciativa, a qual deverá veicular programas para telespectadores dos mais diferentes graus de instrução e de todas as idades, e funcionar como complementação da TVE, direcionando todos os seus programas para a educação, dentre os quais estará incluído o "Telecurso 2000". Como agente multiplicador, tal canal oferecerá noticiários, minisséries, desenhos animados e outros programas educativos, que poderão ser gravados pelos professores para serem utilizados como material didático, para ilustração de suas aulas e para a melhoria da qualidade do ensino. A REALIDADE BRASILEIRA E A NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS DA ÁREA PUBLICA Quanto à área pública, para se ter uma idéia dos investimentos que se fazem necessários para a implementação mais dinâmica e efetiva da educação a distância, principalmente por rede de computadores, basta citarmos o fato de que os Estados Unidos da América do Norte, que já possuíam, em 1996, mais de dezoito milhões de quilômetros de cabos ópticos, prevêem um investimento (para implantação de novas infohighways, nos próximos dez anos) de aproximadamente dois bilhões de dólares. O Brasil, que conta apenas com cerca de setecentos quilômetros de cabos ópticos, ainda não definiu claramente qual será o volume de investimentos nesta área, até meados da próxima década. Enquanto nos Estados Unidos milhões de computadores já estão interligados permitindo a milhões de norte-americanos se comunicarem em rede com os mais diferentes objetivos, inclusive educacionais, como para fazer um dos mais de meia centena de cursos da Virtual On-Line University, no Brasil, só temos cerca de um milhão de computadores interligados, segundo dados de janeiro de 1997, da EMBRATEL. Quanto ao perfil do Brasil na área da comunicação, dois dados são importantes para o desenvolvimento da educação a distância. O primeiro é que, em 1992, possuíamos 386 rádios por 1.000 habitantes, enquanto os Estados Unidos possuíam 2.118, e países como Canadá, Japão, Austrália, Reino Unido e Dinamarca possuíam mais de 1.000. O segundo é que, em relação a televisores por 1.000 habitantes, em 1992 possuíamos apenas 208, enquanto os norteamericanos já possuíam 815, e dezenas de outros países nos suplantavam neste aspecto. Em uma pesquisa encomendada pela revista Veja, em dezembro de 1995 e citada por Joelmir Beting, 81% dos estudantes brasileiros nunca viram um computador na escola e "das 41 mil escolas particulares do Brasil, apenas 2% têm computadores em sala de aula. Mas 62% delas contam com computadores na administração. Em algumas escolas, a relação já é de um micro para cada 28 alunos (uso pedagógico). Em todo o aparelho educacional do País, a mesma relação é quase africana: um computador para cada 1.940 estudantes. Nos Estados Unidos, a média nacional é de Page 11 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... um para 12. Em centenas de escolas americanas há um micro para cada aluno". Se essa pesquisa fosse feita agora, em 1997, seus resultados já seriam bem diferentes, graças ao já mencionado programa do MEC, que começou em 1995 e que pretende colocar, até 1998, no mínimo, um computador por escola pública com mais de cem alunos (cerca de 50.000 escolas). UMA LEI ABERTA PARA MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO E O DESEMPENHO DOS ALUNOS O caminho a percorrer ainda é longo, mas, mais cedo ou mais tarde, chegaremos lá, pois a LDB nos dá abertura para isso e tanto governantes quanto dirigentes de escolas públicas e privadas estão-se conscientizando, cada vez mais, de que a televisão e a informática nas escolas são importantes para que haja melhoria na qualidade do ensino e no desempenho dos alunos. O Sistema de Avaliação da Educação Básica-SAEB, do MEC, nas conclusões de uma pesquisa, realizada em novembro de 1995, para medir as habilidades dos alunos brasileiros, chegou à conclusão de que: "A existência de um bom laboratório de informática em uma escola é o indicador mais associado ao melhor desempenho dos alunos. Isso pode não indicar necessariamente que o computador em si melhora o desempenho, mas que a escola melhor aparelhada - e portanto mais rica - tem melhor ensino. Os alunos de 4ª série tiveram nota média 42 (de 100) em escolas com laboratórios de informática considerados bons, contra média 28 em escolas sem computadores. É a maior diferença observada entre os diversos itens escolares avaliados pelo MEC. Uma boa biblioteca produz uma diferença de 10 pontos (de 71 para 61) na nota média em português na 8ª série, em relação a escolas sem essa infra-estrutura". REPENSAR CURRÍCULOS, PARA METROS E CONTEÚDOS PARA SE PENSAR COM CRITICIDADE E CRIATIVIDADE Cabe, agora, aos Estados e aos Municípios tanto assumirem que o computador e a televisão existem e são meios eficazes de educação, quanto repensarem, imediatamente, os currículos ou parâmetros curriculares e conteúdos programáticos, cuidando, como lembra bem o educador Paulo Freire, para que, "no uso da televisão, o educando não seja reduzido a puro paciente de recados, mas que seja desafiado a assumir-se como sujeito reflexivo, crítico, do que está vendo e ouvindo através do programa da televisão(...) Estou absolutamente de acordo com o uso pedagógico da televisão, desde que isso concorra para o crescimento da curiosidade". Tem razão Paulo FREIRE, pois enquanto as televisões comerciais orientam para a passividade e para o consumismo, o TV educativa deve levar alunos e professores a pensar, e a pensar com criticidade e criatividade. URGÊNCIA DA PREPARAÇÃO DE PROFESSORES Daí a importância de se planejar e de se implementar, com urgência, programas da União, dos estados, dos municípios e das instituições de ensino superior, objetivando a preparação dos atuais e dos novos professores para a utilização da avançada tecnologia educacional que está sendo difundida e para que, em primeiro lugar, se beneficiem com a educação continuada que a educação a distância pode proporcionar-lhes; em segundo lugar, especialmente para que eles saibam avaliar e utilizar um software didático, bem como desenvolver trabalho de educação a distância. CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DE UM SOFTWARE EDUCATIVO Para a avaliação de um software didático — ou, mais especificamente, para a avaliação de um CD- Rom educativo, por exemplo — deve-se levar em conta os seguintes critérios que apresentamos a seguir, dos quais alguns são fundamentais e, outros, apenas desejáveis e, conforme o caso, até dispensáveis: 1) Os objetivos do CD-Rom são compatíveis com os objetivos que os alunos devem atingir? 2) Os objetivos do CD-Rom são apresentados logo no início de sua programação? É importante que o aluno saiba que mudanças comportamentais se espera dele ao terminar o estudo do CD-Rom, principalmente se a matéria for abrangente; Page 12 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... 3) A metodologia adotada se coaduna com os objetivos traçados e é adequada ao alunado a que se destina? É interessante que, no início do CD-Rom, haja uma exposição sobre a metodologia; 4) Além dos objetivos e da metodologia, constam também da apresentação do CD-Rom os conteúdos programáticos que serão desenvolvidos? 5) A apresentação é feita de tal modo que aumente a credibilidade no curso, motive o aluno a ponto de deixá-lo entusiasmado e desafie-o para o processo de aprendizagem autônoma? 6) O CD-Rom possibilita ao aluno escolher uma linguagem mais adaptadaao seu contexto mental, ou seja, à sua linguagem preferida (visual, auditiva, sinestésica) ou, pelo menos, explora todas elas através da interatividade da multimídia, para acelerar a aprendizagem? A capacidade interativa de um programa é de fundamental importância. 7) Os termos-chaves que são utilizados no curso, ou seja, os conceitos operacionais (normalmente desconhecidos pelo aluno) são apresentados logo no início, ou estão submersos de forma que o aluno possa, quando não entender alguma palavra-chave, pesquisá-la, clicando sobre ela? 8) Textos, imagens (fotos, desenhos, desenhos animados, filmes etc.) e sons combinam com o conteúdo programático e com os objetivos? 9) Existem pré-testes no início de cada módulo, para que o aluno possa saltar o que já conhece e se dedicar ao que precisa estudar mais? 10) Existem pós-testes ao final de cada módulo, indicando se o aluno pode avançar na aprendizagem ou se deve rever toda ou parte da matéria já vista? 11) O material instrutivo atende aos objetivos, isto é, leva realmente a uma mudança no comportamento do aluno sobre a matéria? 12) Os conteúdos estão apresentados de forma lógica, com os diferentes graus de dificuldade em seqüência gradativa (isto é, com progressividade entre as etapas) e com argumentação motivadora adaptada à idade e à preparação anterior do aluno? 13) A seqüência do conteúdo permite um aprendizado individualizado, permitindo ao aluno, inclusive, voltar atrás, para alguma consulta, interromper a qualquer momento seu estudo ou acelerá-lo, de forma a estimular a aprendizagem criativa onde erros, acertos e desafios sejam uma constante? 14) Há possibilidades para o aluno, sempre que o desejar, dialogar com o computador? 15) Há, no programa, a simulação de ambientes e experiências, com base em modelos válidos? 16) São utilizados jogos apropriados aos objetivos que sejam, ao mesmo tempo, instrutivos e divertidos? 17) O software é de fácil utilização pelo aluno, mesmo que este não tenha maiores conhecimentos de informática? Vários outros critérios podem ser utilizados pelo professor, o qual, para um melhor processo de avaliação, deve fazer girar o programa como se fosse o próprio aluno e compará-lo, em termos de qualidade, com outros programas e com as necessidades de seus alunos. PROFESSORES DO PRESENTE: ADAPTA CÃO ÀS NOVAS REALIDADES E PARTICIPAÇÃO OU MARGINALIZAÇÃO O caminho a ser percorrido para chegarmos efetivamente (de forma global e democrática) à escola virtual parece longo, mas o conceito de sala-de-aula está sendo repensado, e a superação dos conceitos tradicionais já é uma realidade, graças ao acesso cada vez mais rápido e mais fácil a uma Internet permanentemente atualizada e mais rica de informações. "Uma ironia interessante é que foram necessários anos e anos para que a humanidade percebesse que valia a pena fazer com que os estudantes saíssem de casa todos os dias, durante anos, para se aperfeiçoarem. Agora, como iremos convencer a sociedade de que podemos realizar a tarefa dentro de casa, sentados de frente para um monitor?", pergunta Eric C. RICHARDSON. Em menor tempo do que se espera, os profissionais da educação, principalmente os professores, terão que se adaptar à nova realidade dos modernos equipamentos e recursos de informática e televisivos, assumindo o papel de dirigi-los e de Orientar os alunos, bem como o de responsáveis pela integração da escola com a comunidade preocupados com a prática diária dos alunos e com a formação para a cidadania. O professor que não conseguir essa adaptação estará sujeito a ser Page 13 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da... substituído pelas telinhas das televisões e dos computadores ou por profissionais mais habilitados do que ele, para a imensa e urgente tarefa de educar para o novo mundo, de cuja construção ele pode ou marginalizar-se ou ser participante ativo. PROFESSORES DO SÉCULO XXI: EXEMPLOS VIVOS Com efeito, ou o professor usa os instrumentos de educação a distância como um recurso extraordinário, objetivando a ampliação de sua própria visão do mundo e a de seus alunos, estimulando a aprendizagem e interferindo para o desenvolvimento do processo de reflexão de cada um, tornando-os pessoas cada vez mais curiosas e capazes de questionar os ensinamentos e a própria realidade, evitando, assim, que sejam simples espectadores passivos, classificados e alienados, ou não estará exercitando seu senso crítico nem repensando a educação e deixará de ser exemplo vivo para seus alunos, isto é, perderá sua utilidade na nova sociedade. Para se continuar sendo professor, hoje em dia, e muito mais para sê-lo no amanhã, além de dominar a nova realidade escolar e pedagógica facilitada pela LDB e proporcionada pelos meios de educação a distância, será imprescindível estar treinado para conhecer melhor a si mesmo e aos alunos. Será necessário que o professor conheça bem os sistemas representativos dos alunos, para que o ensino possa se desenvolver com respeito mútuo e voltado para a construção de mentalidades de sucesso, sintonizadas com os processos de integração da humanidade, de mudanças, globais na economia, de busca de uma sociedade democrática e de concretização dos direitos humanos. A nova LDB: uma lei de esperança / Organizado por Candido Alberto Gomes... Brasília: Universa - UCB, 1998. Page 14 of 14Educação a Distância 29/5/2010http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da...
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