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PPllaanneejjaammeennttoo ddee EEnnssiinnoo Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 - Metodologia de ensino ...............................................................................3 3.1 - Principais metodologias de ensino.........................................................................4 3.2 - Centros de interesse ..............................................................................................8 3.3 - Unidades didáticas .............................................................................................. 10 3.4 - Trabalho em grupo.............................................................................................. 11 3.5 - Método de solução de problemas ........................................................................ 12 3.6 - Método de projetos ............................................................................................. 13 3.7 - Método psicogenético ......................................................................................... 17 3.8 - Estudo dirigido ................................................................................................... 19 3.9 - Fichas didáticas................................................................................................... 19 3.10 - Instrução programada........................................................................................ 20 3.11 - Qual método utilizar?........................................................................................ 21 Unidade 4 – Avaliação do aprendizado e Educação Especial....................................... 25 4.1 - A Avaliação do aprendizado ............................................................................... 27 4.2 - Etapas da Avaliação ............................................................................................ 40 4.3 - Planejamento de atividades para crianças com necessidades especiais................. 46 Encerramento.............................................................................................................. 61 3 Unidade 3 - Metodologia de ensino Olá! Nesta unidade, vamos discutir quais são as principais metodologias de ensino, analisar os pontos fortes e os pontos fracos de cada uma delas. O objetivo dessa unidade é explicitar a importância da escolha de uma metodologia mais adequada para o seu aluno, pois por melhor que seja o planejamento, por mais que seja bem estruturado, com conteúdos selecionados adequadamente e com planos de aula sistematizados, não surtirão efeito algum se não forem subsidiados pela práxis pedagógica. Ao longo da unidade, você poderá notar que cada corrente defende uma ideia. O que propomos aqui, não é definir qual é a melhor metodologia, porque cada qual tem sua função dependendo do contexto. O que se pretende, ao apresentar as diversas metodologias, é que se possa entender e conhecer um pouco melhor como cada uma funciona. Em alguns momentos, até iremos compará-las, mas não para dizer qual é o caminho ideal, mas sim para situar melhor você, caro professor, e auxiliá-lo no processo de ensino. Portanto, cabe a você decidir qual é a melhor e mais significativa metodologia de ensino para o seu planejamento, a qual irá atender as necessidades dos seus alunos e ser a mais adequada a sua disciplina. Bom estudo! 4 3.1 - Principais metodologias de ensino A metodologia refere-se às experiências de ensino-aprendizagem e como será trabalhado cada item do planejamento. A metodologia é muito importante, pois cria as condições adequadas para o trabalho educativo. Métodos de ensino, procedimentos e técnicas são palavras comumente empregadas quando se fala de ensinar. O significado etimológico da palavra método é o caminho a se seguir para alcançar um fim. No planejamento, podemos dizer que o método é um roteiro geral para as atividades que serão realizadas em sala de aula. Do ponto de vista da escola tradicional, metodologia de ensino refere-se à maneira adequada para fazer com que os alunos armazenem a carga de informação que lhes são passada. Na concepção tradicionalista, o aluno é um depósito passivo, onde o professor deposita seus conhecimentos. Essa linha educacional conservadora foi chamada por Paulo Freire de Educação Bancária, trata-se da educação que mata curiosidade e o interesse educativo do aluno. Há tempos os métodos da escola tradicional já estão ultrapassados, embora ainda existam na maioria das escolas brasileiras. Na educação, assim como a sociedade houve mudanças significativas e uma ruptura com os antigos paradigmas. Surgiram novos métodos para o novo sujeito que frequenta a escola. Os novos métodos fazem do aprendiz, um agente ativo no processo de aprendizagem, e a nova educação deve fundamentar a vida social do aluno. 5 Classificação da Metodologia de Ensino Vamos falar um pouco sobre os principais métodos de ensino, são eles: Método Tradicional São os métodos que exigem comportamento passivo do aluno, silêncio e concentração, este deve ouvir, memorizar e repetir. Nessa metodologia, o professor é a máxima autoridade em sala de aula, é o transmissor do conhecimento. A aula expositiva e a técnica de perguntas e respostas são as mais utilizadas. A Aula expositiva e a técnica de perguntas e respostas. O método da aula expositiva consiste na apresentação de um tema e é uma das técnicas mais antigas no campo de ensino. Apesar disso, é ainda uma técnica muito útil e necessária. Nesse método, o professor assume a postura de transmissor da mensagem, que deve ser aceita pelos alunos sem discussões, em alguns casos, o professor aceita a participação dos alunos e pode promover alguns debates. Ao se utilizar dessa técnica, o professor deve esclarecer quais objetivos da aula e estabelecer tópicos para o tema. Deve também suscitar uma postura reflexiva em seus alunos. Além de utilizar recursos didáticos para aumentar o interesse do aluno, é muito importante também observar se há sinais de cansaço e falta de motivação por parte dos alunos. A aula expositiva deve ser enriquecida através da técnica de perguntas e respostas. Nessa técnica, o professor faz perguntas para estimular a participação dos alunos e não para avaliação. Esse método ajuda o aluno se desenvolver a capacidade de se expressar. 6 O professor pode indicar textos e livros para o aluno estudar, e depois prepara um roteiro de perguntas com base nos textos indicados. O inverso também pode acontecer onde são os alunos que fazem as perguntas e o professor responde. Método novo (Escola Nova) Esse método foi introduzido na Educação na primeira metade do século XX pelo filósofo e pedagogo John Dewey. Para ele, a educação era uma necessidade social. No Brasil, o escolanovismo foi introduzido por Rui Barbosa e muitos dos nossos respeitáveis pedagogos aderiram a esse método. O movimento da Nova Escola pregava que a educação era o único elemento capaz de construir uma sociedade de forma democrática, levando em consideração o individualismo de cada um e a diversidade. As principais alterações que influenciaram a Escola Nova foram: • Mudanças Tecnológicas.• Transformações econômicas e sociais. • Mudanças na estrutura familiar. • Mudanças políticas. • Evoluções na psicologia e na sociologia. Esses novos métodos são ativos e se opõe a toda atitude passiva. A participação ativa do aluno subsidia-se nas descobertas do educando e dão grande destaque à vida social do aluno. É uma educação a ser alicerçada na práxis e que constrói um aluno capaz de agir na sua formação. 7 As ideais de Paulo Freire, o mais célebre educador brasileiro, influenciaram diretamente esse método, segundo ela a educação deve ser baseada na concepção de mundo. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Para o educador existem três momentos na aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se intera daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos, mas para trazer a cultura do aluno para a sala de aula. O segundo momento é o de exploração do tema, o que permite que o aluno se expresse e crie uma visão crítica própria. E o terceiro momento é a problematização, onde devem ser sugeridas as ações para superar os problemas. Para Paulo Freire, esse método serve para a conscientização do aluno. Método Montessoriano Criado pela educadora italiana Maria Montessori, é um método focado na educação infantil. Reforça a ideia de que cada aluno tem a capacidade e a responsabilidade de desenvolver seu aprendizado. O papel do professor é retirar os obstáculos e estimular no aluno, a capacidade de autodesenvolvimento, assumindo um papel de guia nesse processo. Esse método se baseia nos seguintes princípios: ⋅ Liberdade; ⋅ Atividade; ⋅ Vitalidade; ⋅ Individualidade. 8 A primeira condição desse método é o ambiente que deve permitir à criança movimentos livres, onde possa encontrar brinquedos e os materiais didáticos adequados a cada necessidade de aprendizado. Existem diversos materiais didáticos, como cubos, caixas, cartões, brinquedos com formas geométricas de encaixe etc. Eles têm a finalidade de cultivar a atividade sensorial. Devem ser materiais com texturas e cores diferentes. O professor utiliza esse material didático para fazer associações, reconhecimentos e correspondência, valorizando os sentidos. Além desse material didático, o método Montessoriano recomenda exercícios físicos e rítmicos de modo a estimular as percepções sensório-motoras. Esses exercícios ensinam o autocuidado e o cuidado com o ambiente. As crianças também aprendem diversas outras atividades, como se vestir sozinho, limpar seus próprios objetos, preparar seu lanche etc. A escola infantil que conhecemos hoje é muito influenciada por esse método. O objetivo desse método de ensino é preparar o aluno para a vida, ou seja, a formação integral do jovem, contemplando o desenvolvimento criativo e não somente o acúmulo de informações. Centros de interesse Este método, criado pelo educador belga Ovídio Decroly, é baseado nos interesses da criança. Segundo Decroly, inicialmente, a criança é egocêntrica e só se interessa por si própria, em seguida, começa a se interessar por sua família e por sua casa. Assim, vai evoluindo, até se interessar pelos problemas da humanidade. 9 O método Decroly oferece à criança o conhecimento dos fatos que se relacionam com a vida cotidiana, como a necessidade de se alimentar, de se defender, de agir, e depois fatos relacionados ao seu meio, sua família, a escola, a sociedade, os animais, as plantas, o planeta etc. O método dos centros de interesse procura fazer a criança se interessar agora pelas suas necessidades futuras. Esse método apresenta três fases: 1º Fase: Observação – Nessa fase, o aluno observa coisas sobre o tema, sem o professor ter mencionado nada a respeito. A observação pode ser feita por meio de cartazes, slides ou pela observação direta da natureza. 2º Fase: Associação – O professor fala sobre o assunto observado, apresentando aspectos teóricos sobre o assunto. 3º Fase: Expressão – A criança expressa algo a respeito do tema, por exemplo, por meio de conversas ou desenhos. De uns tempos pra cá, o método Decroly tem recebido um novo enfoque, os centros de interesse são agrupamentos de conteúdos e atividades educativas realizadas em torno de temas centrais. O critério de seleção desses temas é a significação deles para vida social do aluno. As vantagens desse método são percebidas por meio das associações do meio natural em que a criança vive, favorecendo a observação e a capacidade raciocínio da criança e possibilitando a adaptação da criança ao meio natural e social que ela vive. Para que o método Decroly seja aplicado com eficiência, há a necessidade de que os professores sejam criativos e qualificados e que haja espaço para a criação de diversos ambientes de estudos, como hortas, aquários e laboratórios. Em muitas escolas, não há espaço ou recursos para a criação desses ambientes, e nem sempre é possível organizar excursões ou ter uma escola com laboratórios equipados. 10 Unidades didáticas As unidades didáticas são os conhecimentos agrupados em blocos amplos, significativos e coesos. Esse método procura superar a fragmentação dos conteúdos escolares. O professor planeja a unidade de ensino em conjuntos baseados nos esquemas da vida. Esse método é desenvolvido através de cinco fases: Atividades Iniciais - Nessa fase, o tema a ser estudado vem através das necessidades do aluno, por meio de filmes, discussões, análise de acontecimentos da atualidade, consulta de revistas, jornais etc. Planejamento das unidades e subunidades - O professor, juntamente com os alunos, deve procurar sistematizar os estudos e as atividades a serem realizados. Execução - Depois de realizado o planejamento, os alunos realizam as atividades programadas. Atividades Conclusivas - Essas são as atividades de consolidação do tema, onde são realizadas atividades como dramatizações, cartazes, exposições, desenhos, relatórios etc. Verificação da Aprendizagem - Normalmente essa verificação é feita através de avaliações ou até mesmo pelas atividades conclusivas. 11 Trabalho em grupo O trabalho em grupo permite ao aluno a oportunidade de estabelecer troca de ideias e opiniões, desenvolvendo a habilidade de convivência e trabalho em equipe. A formação de grupos pode ser livre ou dirigida. Na formação de grupo dirigida, o professor constitui os grupos para atender alguns critérios, como sanar dificuldades por meio do conhecimento dos colegas ou promover a interação entre eles. Seus principais objetivos são: • Fixar conhecimentos; • Enriquecer experiência; • Desenvolver a responsabilidade; • Treinar a capacidade de liderança; • Desenvolver o senso crítico e a criatividade; • Desenvolver o espírito de cooperação. O trabalho em grupo passa por algumas etapas: Planejamento: nessa etapa os objetivos e os recursos são determinados, cada aluno deve exercer uma função. 12 Ação do Grupo: aqui ocorre o levantamento e as pesquisas. O professor deve estimular o uso de livros e idas à biblioteca, indicando fontes úteis e confiáveis. Termina com a conclusão e apresentação do trabalho do grupo. Avaliação: Essa avaliação deve ser feita pelo grupo, na qual eles avaliam a qualidade do trabalho e se as expectativas foram alcançadas. Esse é um processo crítico, pois possibilita avaliar os pontos fortes e pontos fracos de cada integrante do grupo e isso será muitoimportante para futuros trabalhos. Método de solução de problemas Esse método consiste em levantar problemas como forma de ensinar e resolver os problemas como forma de aprender. A resolução dos problemas estimula o pensamento na busca de soluções. Esse método segue os seguintes princípios: • Ao explicar para o aluno o porquê das coisas, faz com que ele adquira o hábito de reflexão; • O professor deve passar conteúdos que despertem a curiosidade do aluno; • Os problemas passados devem ter aplicações na vida; • Os problemas devem ser motivadores, isto é, serem apresentados de forma atraente; • Devem ser levantadas possíveis alternativas para a solução do problema e posteriormente analisadas e as melhores selecionadas; • O professor deve sempre orientar os alunos, fazer intervenções e explicações necessárias. 13 Método de projetos O método de projeto pede uma participação ativa por parte do aluno. É o próprio aluno quem vai conceber o trabalho. Esse método tem origem nos mesmos princípios do método de solução problemas. O que diferencia um método do outro, é que na solução de problemas a sua predominância é a atividade intelectual, enquanto o método de projeto é mais abrangente em relação às competências requeridas, pois nele intervém todo o tipo de atividade (manual, intelectuais, estéticas e sociais). Objetivos do método de projetos: • Proporciona ao aluno oportunidade de vivência e experiência do objeto estudado; • Estimula o pensamento criativo; • Desenvolve a capacidade de observação; • Desenvolve o trabalho em equipe; • Estimula a iniciativa, a responsabilidade e a autoestima; Procedimentos para o desenvolvimento do método de projetos: • A seleção do assunto pode ser desenvolvida tanto pelo professor, quanto pelo aluno ou por ambos; 14 • Planejamento detalhado do projeto; • Levantamento de informações e pesquisa sobre o assunto; • Seleção do material; • Apresentação do projeto em classe, para ser discutido por todos; • Apreciação pelo professor do trabalho realizado. Abaixo temos um exemplo de projeto: Produção e revisão de contos de fadas Objetivos - Identificar características discursivas dos contos de fadas. - Reescrever um conto partindo da modificação de seus elementos. - Planejar, produzir e revisar textos. Conteúdos específicos - Procedimentos de produção e revisão de textos escritos. - Características dos contos de fadas. - Contos de fadas modificados em elementos específicos. 15 Anos Do 3º ao 5º ano. Tempo estimado 18 aulas. Material necessário Contos de fadas tradicionais e modernos, cartolina branca ou papel Kraft, caneta hidrocor e caderno (um por aluno). Desenvolvimento 1ª etapa Converse com a classe sobre contos de fadas já lidos. Pergunte quais são os preferidos, que autores os estudantes conhecem e se já leram versões diferentes da mesma história. Apresente a proposta de produzir contos de fadas modificados. Explique que eles serão organizados num livro. 2ª etapa Leia três contos de fadas para a turma e promova uma discussão coletiva. Quando e onde se passa a história? Há personagens bons e maus? O que acontece com eles no final? Peça que os alunos explicitem pistas textuais para justificar as respostas. Sintetize as características comuns dos textos em um cartaz, que será fixado na classe. 16 3ª etapa Leia mais três contos para a turma - dessa vez, novas versões. Discuta com eles a mudança principal de cada versão e como ela foi feita. 4ª etapa Convide a turma a modificar um conto conhecido. Indique a transformação principal e suas decorrências (se o conto se passar em cenário atual, é preciso falar de novas tecnologias, por exemplo). Revise o texto com a classe e, em seguida, divida a turma em duplas. Peça que modifiquem um conto de fadas repetindo os procedimentos da escrita coletiva. 5ª etapa Discuta os aspectos em que a classe demonstrou maior dificuldade. Por fim, peça produções individuais de um conto modificado. Produto final Livro com textos dos alunos. Determine com a turma o aspecto do livro e planeje sua composição. Avaliação Nos textos individuais, avalie se a linguagem está adequada ao leitor, se a história atende ao interesse dele, se tempo e espaço estão identificados, se o enredo tem personagens e elementos típicos de um conto de fadas, se a transformação foi coerente com a proposta, se os parágrafos foram bem organizados e se o texto está pontuado adequadamente. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/caminho-autoria-467413.shtml 17 Método psicogenético Método criado pelo ilustre biólogo e filósofo suíço Jean Piaget, revolucionou por mostrar que as crianças não pensam como os adultos e são capazes de construir, elas próprias, o seu aprendizado. Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética, isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Os estudos de Piaget demonstram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno e a sua teoria que vai iniciar a corrente construtivista. Ao observar os próprios filhos, Piaget percebeu que o desenvolvimento do pensamento e da linguagem da criança se dá através de quatro estágios: • O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai até os dois anos. Nessa fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. Constrói gradualmente modelos de ação com os objetos que a rodeiam. • Estágio pré-operacional, que vai dos dois aos sete anos. Nessa fase, a criança desenvolve a linguagem e representa o mundo por símbolos. O egocentrismo ainda é predominante na criança, que não é capaz de, moralmente, se colocar no lugar de outra pessoa. • Estágio das operações concretas, dos sete aos anos ou doze anos. Nesse estágio, há o surgimento de lógica nos pensamentos. Agora a criança já adquire a habilidade de diferencias os objetos similares. • Estágio das operações formais a partir dos doze anos: Essa fase, marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o 18 domínio do pensamento lógico e dedutivo, é capaz de compreender conceitos abstratos e formular hipóteses independentes da realidade. Vejamos a comparação entre o método tradicional e o método construtivista: Método Construtivista Método Tradicional O aluno é um agente e o professor é o orientador. O professor é o agente (detentor do saber) e o aluno é o ouvinte. Mantém os alunos ocupados durante a aula, fazendo-os refletir sobre um problema. Essa atividade garante a atenção do aluno. Não prende inteiramente a atenção do aluno, e o professor apela para recursos externos. O interesse suscitado pelo tema e o impulso de investigação podem estender- se até fora do âmbito escolar, levando o aluno à pesquisa espontânea e à reflexão. Cada assunto termina no fim da exposição, podendo prolongar por exercícios de repetição ou recapitulações. Nada é dado pronto para o aluno, na convicção de que o aprendizado se dá pelo apelo à construção do conhecimento. Quanto mais o professor elabora o material e entrega pronto ao aluno, éconsiderado melhor. Isso é feito a fim de poupar esforço por parte do aluno. Parte da situação problema é seguida de uma investigação individual ou em grupo mediada pelo professor. Existe o pressuposto de que a criança não é capaz de encontrar, por si mesma, a solução e precisa do professor pra lhe transmitir as soluções. Os próprios alunos descobrem novas e originais formas de resolver os problemas. O professor adota a própria forma de expor, através de sua experiência profissional. 19 Estudo dirigido O método de estudo dirigido consiste na solicitação de uma tarefa ao aluno mediante o fornecimento de instruções pelo professor. Esse método é utilizado a partir de textos. Com base neles, as questões devem ser formuladas. O Estudo Dirigido tem como objetivo criar hábitos de estudo e servir como técnica de fixação. Proporciona ao aluno condições de aprender por meio de sua própria atividade, em seu ritmo individual. Com esse método, são desenvolvidas habilidades de inferência e interpretação de textos, promovendo uma maior independência do aluno enquanto leitor. O Estudo Dirigido pode ser realizado em casa ou em sala de aula, mas em qualquer um desses ambientes a presença do professor é indispensável para orientações, correções e refacções ao longo do estudo. As questões formuladas para os textos devem ser intelectualmente desafiadoras, levando o aluno à interpretação, à análise, à ordenação, à síntese e à avaliação do tema. Fichas didáticas Nesse método, são feitas algumas fichas didáticas para o estudo de um determinado tema, essas fichas funcionam como um roteiro. Temos alguns tipos de fichas didáticas: • Ficha de Noções: Contém a parte conceitual do tema e podem ter ilustrações e gráficos. • Ficha de Exercícios: Contém questões sobre os conteúdos das fichas de noções. 20 • Ficha de Correção: Contém as respostas das fichas de exercícios. Dependendo da extensão do tema a ser estudado, o professor pode elaborar várias fichas de noções. Essas fichas são utilizadas tanto pelos alunos quanto pelos professores. Para os professores, servem como um roteiro de aula e para os alunos servem como base para o estudo. Esse tipo de método já foi muito utilizado, atualmente vem caindo em desuso, pois não exige nenhum esforço por parte do aluno. Instrução programada É o método comportamentalista baseado na Teoria B. F. Skinner. Consiste no reforço positivo por meio de recompensas. A instrução programada enfatiza a importância de uma definição do que o aluno irá aprender. O material para a instrução programada deve ser cuidadosamente estruturado para levar o aluno a aprender o que foi programado. Esse método permite ao aluno repetir suas dificuldades até saná-las, pois não se passa de uma fase para a outra do estudo programado sem que o aluno tenha compreendido o tema. Na instrução programada, a matéria é dividida em sequências curtas, e cada informação apresentada exige uma resposta do aluno. É realizada apenas uma pergunta de cada vez, e o aluno dispõe do tempo que desejar para dar a resposta. O aluno recebe o feedback imediato dos seus erros e acertos. O acerto é supervalorizado para estimular o aprendizado do aluno. As perguntas são propositalmente muito simples, para que os alunos cometam poucos erros, pois o erro desmotivaria o aluno. O aluno é levado, desse modo, gradual e logicamente, a um domínio cada vez mais completo do assunto. 21 Esse método apresenta muitas desvantagens, pois é muito fragmentado, e serve mais para transmitir conhecimentos do que levar o aluno a pensar. É um método muito mecânico e de demorada elaboração, além de não promover a socialização dos alunos. 3.2 - Qual método eu devo utilizar? A escolha do método de ensino é uma etapa muito importante dentro do planejamento. Não existe método errado ou proibido, cada qual tem a sua valia, dependendo do contexto. Para essa escolha, o professor deve seguir os seguintes critérios, que foram idealizados por Claudino Piletti, no livro didática geral, apresentados abaixo: Objetivos Educacionais Experiência Didática Estrutura do assunto do Professor e tipo de aprendizagem Escolha de Métodos e Técnicas de Ensino Tipos de alunos Tempo Disponível Condições Físicas 22 Objetivos educacionais: O método utilizado deve variar dependendo do objetivo proposto. Por exemplo: Se o objetivo é transmitir informações, o método mais adequado é a aula expositiva, mas se o objetivo naquele momento é desenvolver no aluno competências como leitor, um trabalho em grupo ou o estudo dirigido podem ser os mais adequados. Experiência didática do professor: Na escolha do método, a experiência do professor também conta, pois os professores mais experientes já testaram vários métodos e de antemão já sabem quais são os que melhor funcionarão. Tipo de aluno: A idade, a maturidade, o histórico escolar e as características individuais do aluno, também influenciam na escolha do método. Tempo disponível: O tempo também é uma preocupação, pois deixar aula inacabada, para se concluir apenas na seguinte, atrapalhará muito o processo de ensino- aprendizagem. Condições físicas: Mesmo que o professor tenha em mente ótimas ideias, é importante ser realista e pensar no que é viável. Como já foi mencionado, deve ser realizado o fundamental dentro do que é possível. Estrutura do assunto e tipo de aprendizagem: A especificidade de cada assunto vai exigir o método mais apropriado para o assunto, porque a aprendizagem também muda dependendo do assunto. Assim como o plano de aula muda em função do tema. O fundamental é sempre se pensar que, o método por si só não é suficiente, é preciso flexibilidade e criatividade por parte do professor. Não existe uma forma infalível para o ensino. Abaixo temos um quadro que compara as metodologias e cabe ao professor escolher a técnica que melhor se encaixa a sua turma. 23 Quadro Comparativo das Metodologias de Ensino Método Expositivo Método Solução Problema Método Psicogenético Atividade verbal do professor. Contemplação significativa do aluno. Atividade verbal do professor. Atividade concomitante do aluno. Atividade objetivo do aluno. Contemplação objetiva do professor. Contribuição do professor e dos recursos audiovisuais. Atividade do aluno e dinâmica de grupo. Discursos e projeções Pergunta e resposta Direção de atividade Apelo para percepção Apelo para reflexão Apelo para todo o organismo Resultados: Informação Resultados: Verbalização Resultados: Mudança de comportamento (Adaptação do quadro de Piletti, livro Didática Geral, 1989). Considerações sobre as Metodologias de Ensino Na hora de escolher qual é a melhor metodologia, o professor deve fazer uma reflexão e considerar qual é a opção que realmente vai atender às necessidades do aluno e transformar o aprendizado em algo prazeroso. As concepções mais atuais de ensino levam o aluno a ter contato com a realidade, articulando o conhecimento a prática. É o contato do sujeito com o mundo exterior que vai dar condições para seu desenvolvimento. A fonte do conhecimento para o aluno é o mundo. 24 Os conteúdos trabalhados em sala de aula têm estreita relação com a metodologiaempregada, pois os conteúdos somente serão significativos para o aluno, se as práticas pedagógicas para a aplicações desses também forem significativas, sendo assim, é a metodologia que vai propiciar essa significação. Deve haver intensa interação entre as práticas e as disciplinas. Não é possível aplicação adequada de uma matéria, sem uma metodologia apropriada, senão voltamos à aplicação mecânica, destruindo todo o significado, e, por conseguinte, não levando o aluno a desenvolver o seu intelecto. Uma das principais queixas levantadas pelos professores, é que seus alunos não aprendem, que não sabem pensar, nem pesquisar e que só procuram facilidades. A prática pedagógica é aliada do professor nesse processo de mudar a mentalidade do aluno passivo em um aluno crítico, responsável e com autonomia. Há, portanto, uma atitude fundamental a ser resgatada em sala de aula, que é a reflexão sobre a prática pedagógica. A Metodologia de Ensino deve ser uma atitude que ajude na elaboração do conhecimento, na melhora do rendimento e da qualidade do ensino escolar brasileiro. 25 Unidade 4 – Avaliação do aprendizado e educação especial Olá, No nome dessa unidade citamos a Avaliação do Aprendizado, pois é isso o que se espera, depois do caminho percorrido, de todo o trabalho que envolveu o planejamento, e com a escolha da melhor metodologia, com certeza os resultados serão os melhores. Em uma aula de licenciatura, o professor dividiu os alunos - futuros professores - em grupos e pediu que desenhassem em uma cartolina o que significava para cada grupo ser professor. Em uma das cartolinas, foram feitos desenhos do estágio de uma semente se desenvolvendo até se transformar em uma grande árvore, com muitos frutos. Atrás dessa árvore havia um sol iluminando a árvore. O professor perguntou ao grupo o que representava aquele desenho, e a explicação do grupo foi a seguinte: ser professor para nós é como pegar uma sementinha (o aluno) inserida em um terreno fértil (sala de aula) e alimentar (orientar) essa semente até que se transforme em uma árvore grande com frutos, ou seja, que cresça, tenha autonomia, desenvolva seu pensamento crítico e os conhecimentos aprendidos (os frutos) tenham aplicação em sua vida, que o auxiliem na vida adulta e na hora de enfrentar o mundo. Também trataremos da questão da Educação Especial, pois a inclusão é um assunto que permeia a atual prática docente e social inclusiva, entretanto, ainda traz muitas incertezas e inseguranças por parte do professor. 26 Nesta unidade, você irá compreender quais são os principais fundamentos e características da Educação Especial e seus desdobramentos em sala de aula. Bom estudo. 27 4.1 - A avaliação do aprendizado A Avaliação é o instrumento utilizado pelo professor para colher os resultados do ensino, e também é a maneira de verificar o nível de aprendizado do aluno. Porém, para os alunos é vista com certo receio, pois gera neles insegurança. Sozinha a palavra avaliação já tem um peso forte aos ouvidos, quem nunca sofreu com ansiedade, tremedeira e medo antes de uma avaliação? Geralmente, a avaliação é vista pela maioria das pessoas como algo negativo. Mas a avaliação tem que ser realmente apavorante? A avaliação ou prova é um processo que interpreta os conhecimentos e habilidades dos alunos, é algo que dá condições ao professor verificar até que ponto os objetivos foram alcançados. A avaliação é um processo que tem por objetivo medir os conhecimentos do aluno, entretanto, é concebida apenas como instrumento de aprovação/reprovação. Os nove jeitos mais comuns de se avaliar são: Prova objetiva Definição Série de perguntas diretas, com apenas uma solução possível. Função Avaliar quanto o aluno apreendeu sobre as especificidades do tema. Vantagens Pode abranger grande parte do exposto em sala de aula. Desvantagens Pode ser respondida por meio de memorização, o que não permite constatar quanto o aluno aprendeu. Preparo Selecione os conteúdos para elaborar as questões e elabore as questões de maneira clara. 28 Observações Defina o previamente o valor de cada questão, para que o aluno saiba quais são as questões mais importantes. Prova dissertativa Definição Série de perguntas que exigem capacidade de análise, de resumo e conclusão. Função Verifica o entendimento do tema e a capacidade de formular ideias e redigi-las. Vantagens O aluno tem liberdade para expor os pensamentos, mostrando habilidades de organização, interpretação e expressão. Desvantagens Não mede o domínio do conhecimento, pois cobre apenas pequena parte do conteúdo. Preparo Elabore poucas questões e dê tempo suficiente para que os alunos possam respondê-las. Como avaliar Defina o valor de cada resposta através da clareza de ideias, a capacidade de argumentação e de conclusão. Seminário Definição Exposição oral de um tema para um público, utilizando a verbalização e recursos didáticos. Função Possibilita a transmissão verbal das informações pesquisadas. Vantagens Requer esforço por parte do aluno, através de pesquisas, planejamento e organização. Desenvolve a capacidade de realizar textos orais. E ensina ser ouvinte e expositor. Desvantagens Pode ser muito difícil para os alunos tímidos. Preparo Delimite um tema e forneça as fontes de pesquisa adequadas. Defina a duração e a data da apresentação, solicite relatório individual de todos os alunos. Explique como se apresenta. Como avaliar Atribua nota ao desenvolvimento do tema, aos materiais utilizados e à conclusão. Estimule a classe a fazer perguntas e emitir opiniões 29 Trabalho em Grupo Definição Atividades realizadas coletivamente podendo ser escrita, oral, produção de cartazes etc. Função Promover a socialização e o aprendizado simultaneamente. Vantagens Possibilita a abrangência de diversos conteúdos em caso de escassez de tempo Desvantagens Pode ser muito difícil para os alunos tímidos. Preparo Proponha qual serão as atividades a serem realizada. Forneça fontes de pesquisa, ensine os procedimentos necessários e indique os materiais básicos para a realização dos objetivos. Como avaliar Observe se houve participação de todos e colaboração entre os colegas, de notas ao trabalho entregue e a participação. Debate Definição Discussão onde os pontos de vista de um assunto polêmico são expostos. Função Aprender a defender uma opinião e desenvolver o pensamento crítico. Vantagens Desenvolve a oralidade e a capacidade de argumentação. Atenção Seja mediador e dê chance de participação a todos. E deixe claro que no debate não existirão vencedores e sim uma troca de ideias entre os grupos. Preparo Defina o tema, oriente a pesquisa prévia, combine com os alunos o tempo, as regras e os procedimentos. Separe os alunos por grupos. No final, peça relatório sobre o tema. Como avaliar A avaliação é através da adequação do uso da palavra e da obediência às regras combinadas. Relatório Individual Definição Texto produzido pelo aluno depois de atividades práticas como projetos, filmes ou excursões. 30 Função Aferir o conhecimento do aluno e ensinar a produzir esse tipo de texto Vantagens É possível avaliar o real nível de compreensão dos conteúdos e aprimorar a escrita. Atenção Não julgue a opiniãopessoal do aluno, depois discuta com a classe as opiniões. Preparo Defina o tema e explique como elaborar relatórios (como é a estrutura de um relatório e quais itens deve conter) Como avaliar Avalie se o texto foi bem escrito e se contém os principais itens e devolva o texto para possível refacção. Autoavaliação Definição Reflexão oral ou escrita livre, sobre a opinião do aluno a respeito da própria aprendizagem. Função Faz o aluno adquirir a capacidade analítica e perceber quais são seus pontos fracos e fortes. Vantagens Dá ao aluno responsabilidade e a como enfrentar as limitações e perceber qual é o seu potencial. Atenção Se não houver um clima favorável e de confianças entre a classe e o professor essa atividade pode não refletir a realidade. Preparo Forneça ao aluno um roteiro de autoavaliação e até um modelo pronto, explique como proceder na autoavaliação e quais são as habilidades e comportamentos que devem ser listados. O aluno também deve citar onde estão as suas maiores dificuldades. Como utilizar as informações Use esses depoimentos para realizar o seu próximo planejamento e veja quais são as principais dificuldades do grupo para preparar as próximas atividades. Análise de Desempenho Definição Análise do desempenho do aluno em fatos do cotidiano escolar ou em situações planejadas. Função Observar o desenvolvimento comportamental, cognitivo, 31 afetivo e psicomotor do aluno. Vantagens Perceber como se dá a construção do conhecimento do aluno. Importante Faça anotações diárias sobre os fatos e evite julgamentos pessoais. Considere somente os dados relativos à aprendizagem. Essa análise também ajuda a perceber quais são as necessidades individuais de cada aluno. Preparo Elabore uma lista de quais são as atitudes esperadas para a idade e série dos seus alunos. Como avaliar Compare com as anotações do início do ano para perceber quais são as áreas que os alunos evoluíram e quais ainda são as maiores dificuldades. Conselho de Classe Definição Reunião pedagógica de uma determinada turma. Função Compartilhar informações sobre a classe e sobre cada aluno para tomar decisões. Vantagens Favorece a integração entre professores, a análise do currículo e a eficácia dos métodos utilizados; facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista. Atenção O conselho de classe é feito para realizar observações pertinentes ao aprendizado e não rotular o comportamento do aluno. É importante que sejam feitas reflexões a respeito da evolução dos alunos. Preparo Liste antecipadamente quais são os assuntos que pretende comentar. Aponte causas e soluções para os problemas. Resultados Os resultados devem ser baseados em um consenso da equipe pedagógica em relação às intervenções necessárias no processo de ensino-aprendizagem. Funções da avaliação A avaliação tem várias funções, dependendo do momento no processo de ensino-aprendizagem. No item acima, figuram os tipos mais comuns de avaliação 32 realizadas na escola. Agora, a será analisada mais detalhadamente sobre as três principais funções da avaliação: Função Diagnóstica, Função Formativa e Função Classificatória. Função diagnóstica A avaliação com função diagnóstica deve ser realizada no começo do ano letivo ou de semestre para verificar os conhecimentos prévios do aluno, as particularidade de cada um (também conhecida como sondagem) e conhecer melhor as características gerais de cada aluno. Função Formativa Função formativa A função formativa é realizada por meio de avaliações controladoras. São realizadas no final de cada semestre ou unidade didática. Tem como propósito informar aos professores sobre o quanto seus alunos estão retendo as informações transmitidas e sobre sua evolução na aprendizagem. Informa também quais são as deficiências do ensino e quais são as intervenções (replanejamento) que devem ser realizadas. Função Diagnóstica Identifica os alunos com conhecimentos esperados Identifica as defasagens Identifica as particularidades Encaminha os que não estão no padrão esperável para novas aprendizagens Propões atividades para superar as defasagens Individualiza o ensino 33 A preocupação com o processo de aprendizagem dos alunos ocorre por meio de acompanhamento, com o objetivo de reorientá-los de acordo com suas dificuldades. Também conhecida como avaliação contínua ou em progresso, orienta o planejamento no momento em que está acontecendo para intervenção imediata. Função classificatória A avaliação com função classificatória é realizada no fim de ano, semestre ou de curso. É uma avaliação que classifica o aluno de acordo o com o seu nível de aproveitamento. É um tipo de avaliação que não está preocupada com os progressos do aluno, mas apenas em mostrar resultados de acordo com um ideal preconcebido. Normalmente é realizada por meio de questionários, pra classificar a quantidade de informações retidas pelos alunos naquele período. É a avaliação formal e mais usada pelos professores e intensamente questionada. Princípios básicos da avaliação A avaliação da aprendizagem pode ser algo muito angustiante também para os professores, pois não sabem como transformar a avaliação em algo significante que contribua para o aprendizado do aluno. Algo que ultrapasse a mecânica da memorização de conteúdos. Os professores também sabem que a avaliação causa ansiedade e medo nos alunos, cabe a esse profissional, portanto, conduzir esta questão da melhor maneira possível. A avaliação da aprendizagem deve superar o caráter classificatório, acabando assim, com a ansiedade que se gera em torno dela. A avaliação da aprendizagem deve ser um processo no qual o aluno aprende por meio dos seus erros. Deve ser um processo contínuo e regulador da prática docente. Na avaliação, só deveria haver a funções diagnósticas e formativas, para apontar as fraquezas e indicar as mediações e intervenções que devem ser feitas ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Diante disso, a avaliação deveria ser um processo de regulação e não um acerto de contas entre aluno e professor no qual ambos saem 34 punidos, por meio da reprovação ou pela decepção de ver que o planejamento não funcionou e os objetivos não foram alcançados. Essa visão de que ensinar deve ser uma transmissão de conhecimentos a serem aceitos, como acabados e verdades absolutas a serem assimiladas, memorizadas e devolvidas no dia da prova, deve ser superada. Nessa concepção de educação, não há espaço para criatividade e interpretação, desse modo, o verdadeiro aprendizado não acontece. Porém, transformar essa situação é uma difícil tarefa para o professor, porque a nossa escola ainda tem seus valores pautados nessa concepção. A avaliação não deve ser parte final da prática pedagógica e sim estar entrelaçada com ela, pois uma fornece os subsídios para a outra. Os seguintes princípios devem ser seguidos para a transformação do processo avaliativo: • Estabelecer com clareza o que vai ser avaliado. Por exemplo: será avaliada a capacidade interpretação, escrita etc. • Selecionar as técnicas adequadas para avaliação. Como vimos no tópico anterior, cada tipo de avaliação tem um objetivo específico e suas vantagens. • É preciso utilizar técnicas qualitativas e não apenas quantitativas. • Ter consciência das limitações da avaliação, fazer uma interpretação adequada dos resultados. • A avaliação é um meio para se chegar a um fim e não termina com ela mesma.Ou seja, a avaliação deve ter um propósito útil e significativo. Isso implica atribuir à avaliação seu verdadeiro papel, ou seja, deve contribuir para o 35 processo educativo. O não comprimento dessa regra em específico tem sido a fonte de frustração para alunos e professores. • A avaliação deve começar no primeiro dia de aula. Logo que os alunos chegam à escola, o professor deve iniciar essa tarefa. Temos abaixo, uma entrevista com Cipriano Carlos Luckesi. Professor autoridade quando se fala em avaliação, desenvolveu diversos trabalhos e livros dedicados a esse tema. Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi Márcio Ferrari "Proponho que as escolas invistam em uma prática pedagógica construtiva e paralelamente treinem para o vestibular". Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Nessa trajetória, que começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de medição de aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões teóricas, chegando à seguinte definição de avaliação escolar: "Um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão". Portanto, segundo essa concepção, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem. Atingido esse ponto, Luckesi passou a estudar as implicações políticas da avaliação, suas relações com o planejamento e a prática de ensino e, finalmente, seus aspectos psicológicos. As conclusões do professor paulista, que vive desde 1970 em Salvador, apontam para a superação de toda uma cultura escolar que ainda relaciona avaliação com exames e reprovação. "Estamos trilhando um novo caminho, que precisa de tempo para ser sedimentado", diz. Luckesi, que é professor aposentado, orientador de pós-graduandos e integrante do Grupo de Pesquisa em Educação e Ludicidade da Universidade Federal da Bahia, concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA. 36 Como é feita, hoje, a avaliação de aprendizagem escolar? A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende. Que métodos devem ser usados? A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante. Por que se insiste na aplicação de provas e exames? Nós, educadores do início do século 21, somos herdeiros do século 17. O modelo atual foi sistematizado na época da emergência da burguesia e da sociedade moderna. Se analisarmos documentos daquele tempo, como o Ratio Studiorum, dos padres da ordem dos jesuítas, ou a Didactica Magna, do educador tcheco Comênio, veremos que o modelo classificatório que praticamos hoje foi concebido ali. Muitos outros educadores propuseram coisas diferentes desde então, mas nenhuma dessas pedagogias conseguiu ter a vigência da pedagogia tradicional, que responde a um modelo seletivo e excludente. Existem também razões psicológicas para a insistência nos velhos métodos de avaliação: o professor é muito examinado durante sua vida de estudante e, ao se tornar profissional, tende a repetir esse comportamento. Existe alguma justificativa pedagógica para o recurso da reprovação? Do ponto de vista pedagógico, de fato, não existe nenhuma razão cabível. A reprovação é um fenômeno que, historicamente, tem a ver com a ideologia de que, se o estudante 37 não aprende, isso se dá exclusivamente por responsabilidade dele. As frases reveladoras são aquelas do gênero "eles não querem mais nada", "não estudam", "não têm interesse" etc. Muitas outras razões, além do próprio aluno, podem conduzir ao fracasso escolar, como as políticas públicas que investem pouco no professor e no ensino, com baixos salários e problemas de infraestrutura. O recurso da reprovação não existe em sistemas escolares de países que efetivamente investem na qualidade da aprendizagem. O que revelam os altos índices de reprovação, sobretudo na 1ª série? Há aspectos internos e externos à escola. Os externos são a escassez de recursos e as más condições de ensino. Os fatores internos dizem respeito à relação professor-aluno. O professor ensina uma coisa, o estudante entende outra; ensina de uma forma e solicita que seja colocada em prática de outra; ou não usa atividades inseridas no contexto do aluno. Por exemplo: nas séries iniciais, o programa prevê o aprendizado de números múltiplos. Então pergunta-se no teste: "Quais os números menores de 200 múltiplos de 4 e de 6?" A parte que fala em "menores de 200" só está lá para confundir o aluno e complicar a questão. Muitas crianças são reprovadas porque o instrumento de avaliação é malfeito e as conduz ao erro. Por que tanta repetência na fase de alfabetização? Existem estudos estatísticos mostrando que o tempo médio de alfabetização no Brasil é de 22 meses. Em algumas regiões, alfabetiza-se em seis meses; em outras, demora-se três anos. Por isso se estabeleceram os ciclos de aprendizagem. Mas não se investiu na qualidade. Se houvesse esse investimento, um ano de alfabetização seria suficiente. Aqui na cidade de Salvador há um projeto em que são atendidos meninos que não conseguiram aprender a ler e escrever em até seis anos. Com uma abordagem correta, alfabetizaram-se em seis meses. Eu tenho certeza de que qualquer criança com seis anos e meio ou sete se alfabetiza em um ano. Até que ponto o sistema de vestibular determina as avaliações escolares hoje? Vestibular não tem a ver com educação, mas com a incapacidade do poder público de fornecer ensino universitário para quem quer estudar. Agora, todo o ensino, desde o 38 Fundamental, está comprometido com o vestibular. É por isso que é tão comum a adoção de testes que não medem o aprendizado, mas treinam para responder perguntas capciosas. Eu proponho que as escolas invistam em uma prática pedagógica construtiva e paralelamente treinem para o vestibular, com simulados como os feitos pelos cursinhos. Já existem escolas no Brasil que investem na qualidade de ensino e ao mesmo tempo conseguem colocar mais de 90% dos seus estudantes na faculdade, sem necessidade de cursinho. O que é preciso para planejar a avaliação de um determinado período letivo? O currículo escolar estabelece conteúdos para cada nível. É um parâmetro que tem de ser conhecido. Depois é essencial o planejamento de ensino, que direciona a prática pedagógica. Vamos supor que eu vá ensinar adição. Vou trabalhar o raciocínio aditivo, fórmulas de adição, propriedades, solução de problemas simples e solução de problemas complexos. Esse é o panorama que irá assegurar a prática de avaliação. Se o estudante tem o raciocínio, mas dificuldade de operar, preciso treinar essa fase. Um planejamento didático consciente prevê a elaboração de instrumentos e a correção deles quando ela for necessária para a reorientaçãodo curso do aprendizado. De que forma a preparação do currículo influi nesse processo? O currículo tem de distinguir e prever o que é essencial. O que for ampliação cultural deve ser abordado apenas se houver tempo. Muitas vezes o que ocorre é uma distorção: tomar o livro didático como roteiro de aulas e considerar essencial o que está ali como ilustração, curiosidade, entretenimento. O uso de notas e conceitos pode servir a um projeto de avaliação eficaz? Notas ou conceitos têm por objetivo registrar os resultados da aprendizagem do aluno por uma determinada escola. Eles expressam o testemunho do educador ou da educadora de que aquele estudante foi acompanhado por ele ou ela na disciplina sob sua responsabilidade. O registro é necessário. Afinal, nossa memória viva não é capaz de reter tantos dados relativos a um estudante, quanto mais de muitos, e por anos a fio. O que ocorreu historicamente é que notas ou conceitos passaram a ser a própria avaliação, o que é uma distorção. Se os registros tiverem por objetivo observar o processo de aprendizagem de cada aluno e sua conseqüente reorientação, eles 39 subsidiam uma avaliação formativa. Mas não se esses registros representarem apenas classificações sucessivas do estudante. Como avaliar o modo particular como cada um aprende? É possível um atendimento tão individualizado? Existe uma fantasia de que, quando se fala de uma avaliação eficiente, estamos nos referindo ao atendimento de três ou quatro estudantes por vez. Mas os instrumentos de coleta de dados ampliam a capacidade de observar do professor. Se eu aplico uma avaliação para 40 alunos, não há mudança do ponto de vista da qualidade. Cada um vai manifestar sua aprendizagem por meio do instrumento escolhido. Avaliação não precisa ser por observação direta, mas por instrumentos como teste, questionário, redação, monografia, participação em uma tarefa, diálogo. Em uma classe numerosa, não posso usar entrevistas de meia hora para cada aluno. Vou produzir questionários de perguntas fechadas e trabalhar mais de perto com quem não tiver um desempenho satisfatório. Quais são as vantagens e desvantagens dos trabalhos em grupo? Se a intenção do professor é fazer um diagnóstico do desempenho de cada um, o trabalho em grupo não vai ajudar muito, porque só avalia o conjunto. Ele é mais útil como atividade de aprendizagem ou construção de tarefa. Por outro lado, o trabalho em grupo favorece o crescimento do indivíduo entre seus pares. Avaliação envolve um alto grau de subjetividade. Como evitar ou atenuar isso? Há dois aspectos a considerar. Um é que o professor precisa estar honestamente comprometido com o que acredita, e isso é uma atitude subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é psicológico e exige autotrabalho para não deixar que questões pessoais interfiram nas profissionais. Evitar a subjetividade, nesse sentido, tem a ver com cuidar de si mesmo e do cumprimento de seus compromissos. Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/cipriano-carlos-luckesi-424733.shtml 40 4.2 - Etapas da avaliação As etapas da avaliação decorrem a partir dos seguintes critérios: Determinar o que vai ser avaliado. Nessa etapa, o professor deve indicar claramente quais são as dimensões que irá avaliar: Aquisição dos conhecimentos, de atitudes, de habilidades etc. Por exemplo: o aluno deverá escrever uma redação com base em um texto estudo em sala. Sendo assim, as dimensões avaliadas serão: a capacidade de recordar dos fatos, a coerência do texto, a síntese das ideias e a conclusão analítica. Saber o que vai ser avaliado na prova em questão, é muito importante para o desenvolvimento das etapas posteriores, pois as dimensões a serem avaliadas determinam o tipo de atividade avaliativa. Estabelecer os Critérios e as Condições para Avaliação. Os critérios são os indicadores de êxito da avaliação (não confunda critérios com conceito ou nota). Os critérios devem ser precisos e objetivos para não margem à subjetividade. Em algumas ocasiões, pode ser difícil estabelecer os critérios, principalmente em provar dissertativas. Para isso, o professor deve estar estabelecer o que de importante é colocado pelo aluno. As condições são as situações em que o processo de avaliação ocorre. Podemos avaliar cotidianamente, em situações nas quais os alunos não sabem que estão sendo avaliados. Pode-se avaliar em condições de prova, onde o comportamento e as tarefas são diferentes e o aluno tem ciência que está sendo avaliado. Seleção de Técnicas e Instrumentos de Avaliação. 41 Existem técnicas apropriadas de acordo com cada disciplina. Não é possível, por exemplo, mensurar a escrita do aluno, aplicando e avaliando um teste objetivo. Realizar a aferição dos resultados. Consiste em verificar os resultados alcançados. Aqui convém dizer, que essa aferição é qualitativa. A conclusão dos resultados servirá para basear os trabalhos futuros. Técnicas e instrumentos de avaliação São variados os instrumentos e técnicas de avaliação. Ao escolher uma técnica ou instrumento de avaliação, deve se ter, portanto, o tipo de habilidade que se deseja verificar no aluno. De acordo com a classificação de Benjamin Bloom, teórico que desenvolveu a taxonomia dos objetivos educacionais, essas habilidades se dividem em: • Conhecimento: Envolve a evocação de informações. Nessa categoria, estão os conhecimentos de critérios, fatos, datas, teorias, conceitos etc. Há a reprodução do que foi ensinado através da memorização. • Compreensão: Refere-se ao entendimento da mensagem transmitida. No nível de compreensão o aluno não deve apenas repetir o que lhe foi passado, deve também explicar de sua própria maneira os conceitos. • Aplicação: Refere-se à habilidade de abstração. O aluno deve ser capaz de solucionar algum problema utilizando o método aprendido e este problema deve ser inédito para que o aluno não use apenas a memória. • Análise: Refere-se à habilidade de desenrolar um assunto. Para isso, o aluno deve saber utilizar as habilidades, de compreensão, aplicação e conhecimento. 42 • Síntese: Refere-se à habilidade de combinar os elementos para formar um todo. Na síntese as ideias expostas, os alunos devem seguir uma ordem e apresentar coerência entre si. Não existe apenas uma resposta correta. Engloba também a capacidade criativa e as particularidades do aluno. • Avaliação: Refere-se à habilidade de argumentar e fazer julgamento sobre um assunto com um determinado propósito. O aluno deve ser capaz de justificar a posição por ele assumida, através do raciocínio e dos argumentos. Também não há apenas uma resposta correta. As técnicas e instrumentos de avaliação podem ser classificadas como medidas de rendimento escolar e medidas de desenvolvimento escolar. Medidas de rendimento escolar As medidas de rendimento escolar visam verificar a quantidade de aproveitamento que o aluno apresenta por meio de provas objetivas (onde há apenas uma resposta correta) e provas subjetivas (prova que oferece ao aluno oportunidade de apresentar as repostas corretas por seu ponto de vista). Medidas de Desenvolvimento Escolar As medidas de desenvolvimento escolar visam verificar o desenvolvimento do aluno em seus diferentes aspectos (ajustamento pessoal-social). Podem ser realizados através da observação, de entrevista, questionários, autoavaliação e outros meios que permitam avaliar o desenvolvimento do aluno. Reforço e recuperação Quando professor percebe que, apesar de todos os esforços, o aluno não alcançou os objetivos fundamentais,inicia-se o processo de recuperação. Quando o 43 aluno apresenta uma grande defasagem, este não terá mais condições de acompanhar a programação regular, por isso há necessidade de atividades especiais para ajudá-lo. Analisando os resultados da avaliação, o professor consegue perceber quais são as principais dificuldades e determina em que área deve ter mais foco. Por isso, a importância de uma avaliação contínua e sistemática para detectar os problemas na medida em que forem ocorrendo. No momento em que forem percebidas as dificuldades, o professor já deve intervir, para que os alunos com dificuldades consigam acompanhar os demais. As principais maneiras de realizar o reforço são: • Intensificar os exercícios; • Concentrar mais atenção nos aspectos deficientes; • Promover tarefas e estudos individuais; • Organizar grupos de estudos; • Incentivar os alunos que já realizaram a aprendizagem a auxiliar aqueles que ainda apresentam dúvidas; Se mesmo com essas medidas, os alunos ainda continuarem a apresentar dificuldades, recorre-se à recuperação. Essa recuperação normalmente acontece em um período diferente do período de aula. Ocorrem em data determinadas, com uma programação diferenciada. Não se trata de repetir as aulas ou atividades já realizadas anteriormente. Devem ser criados métodos diferenciados para o atendimento das dificuldades. 44 A motivação da aprendizagem A motivação consiste em estimular e incentivar, além de favorecer o aprendizado, tornando-o mais eficaz e significativo. Os recursos didáticos, a metodologia, o conteúdo, as atividades práticas e exercícios são valiosas fontes de incentivo. Entretanto, a maior fonte de incentivo é o próprio professor. Os próprios alunos demonstram clara preferência pela disciplina do professor que é amigo e incentivador e demonstram menos preferência por aquelas matérias, nas quais os professores são antipáticos, ou quando ocorre situações desagradáveis. Deve-se lembrar de que, mesmo que não queira, o professor é tido como modelo pelo aluno. Os alunos costumam desenvolver apego, afeição e admiração por seus mestres. O aluno, por sua vez, precisa a todo o momento de aprovação por parte do professor. A relação entre aluno e professor influencia diretamente o desempenho escolar. O aluno está em desenvolvimento e precisa se sentir seguro, ou seja, perceber que a escola é um local de confiança. A criança que chega à escola, leva consigo todas as suas expectativas, frustrações, dificuldades familiares e percebe na escola um local seguro onde poderá desabafar todos esses sentimentos. Não é raro que os alunos façam confissões e relatos sobre sua vida aos professores. Muitas pesquisas revelam que os alunos não consideram o professor com técnicas mais refinadas o melhor, mas sim, o professor que encanta a classe pelo seu entusiasmo, sua compreensão e seu diálogo com os alunos. O professor deve descobrir quais são as estratégias e recursos que fazem com que o aluno queira aprender, ou seja, deve fornecer estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender. Veja abaixo, algumas dicas para colocar essas estratégicas em prática. 45 • Dar tratamento igual a todos os alunos, nada de dispensar melhor tratamento aos alunos tidos como “avançados” ou com mais facilidade no aprendizado; • Aproveitar as vivências que o aluno já tem e traz para a escola na hora de selecionar os temas que serão trabalhados em sala de aula; • Mostrar-se disponível para o aluno, ou seja, mostrar que ele pode contar sempre com o professor para esclarecimento da matéria; • Ser paciente e compreensivo com o aluno; • Procurar elevar a autoestima do aluno, estimulando-o e reconhecendo seus esforços; • Utilizar métodos e estratégias variadas e propostas de atividades desafiadoras; • Manter sempre um bom relacionamento com o aluno e um clima de harmonia; • Saber realmente ouvir o aluno; • Ridicularizá-lo jamais, não existem dúvidas tolas; • Mostrar para o aluno que o papel do professor é fazer a diferença em sua vida. 46 4.3 - Planejamento de atividades para crianças com necessidades especiais O planejamento da educação não é uma tarefa fácil. Na educação especial se torna ainda mais trabalhosa e complexa por ser um planejamento individualizado e específico. O propósito desse tópico é amenizar as inseguranças do professor, realizando algumas orientações práticas. Para iniciar o planejamento de Educação Especial, o professor, em primeiro lugar, deve conhecer o seu aluno para criar estratégias que garantam a aprendizagem. A educação especial é assunto sério, não apenas uma maneira de o aluno passar tempo. 47 Para incluir de verdade os alunos com necessidades educacionais especiais, é preciso conhecer as características de cada síndrome ou deficiência, pois cada uma tem a sua particularidade. Conheça a seguir as definições e características das síndromes e deficiências mais frequentes na escola. Deficiência Deficiência significa desenvolvimento insuficiente. Pode ser uma condição que afete a mobilidade e a coordenação motora geral de membros ou da fala. As deficiências também podem ser causadas por lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, más-formações congênitas ou por condições adquiridas. Exemplos: amiotrofia espinhal (doença que causa fraqueza muscular), hidrocefalia (excesso do líquido que serve de proteção ao sistema nervoso central) e paralisia cerebral (desordem no sistema nervoso central). Essas deficiências exigem, por parte dos professore, cuidados específicos em sala de aula. Características das deficiências Em caso de deficiências motoras, é comum a ocorrência de dificuldades referentes à escrita, mas a linguagem é adquirida normalmente (exceto nos caso de deficiências da fala). Os deficientes motores normalmente utilizam algum equipamento de locomoção como cadeira de rodas ou muletas. Outros alunos apenas precisarão de apoios especiais e materiais escolares adaptados, como apontadores, suportes para lápis, lápis mais grossos, tesouras sem ponta etc. A escola precisa ter elevadores ou rampas. É importante que haja algum funcionário que tenha força para acompanhar a criança na hora de ir ao banheiro. 48 Nos casos de hidrocefalia, é preciso observar sintomas como vômitos e dores de cabeça, que possam indicar problemas com a válvula implantada na cabeça. Enfim é preciso observar o comportamento em geral do aluno. Paralisia cerebral A paralisia cerebral é uma lesão no sistema nervoso central causada, na maioria das vezes, por uma falta de oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, ao nascer ou até dois anos após o parto. Na maioria dos casos, a paralisia vem acompanhada de um dano intelectual. A sua principal característica é a espasticidade, que se trata de um desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão. A criança apresenta dificuldades para caminhar, problemas de locomoção motora, na força, no equilíbrio e na fala. Também pode ser necessário material escolar adequado, como canetas e lápis mais grossos - uma espuma em volta deles presa com um elástico costuma resolver. Utilize folhas avulsas, mais fáceis de manusear que os cadernos. Esses alunos devem se sentar nas primeiras carteiras e o professor deve escrever as palavras no quadro com uma letra grande. Se ele não consegue falar e não utilizar outros meios alternativos como uma prancha própria de comunicação,providencie uma com desenhos ou fotos por meio dos quais poderá se estabelecer uma comunicação satisfatória. Pode-se utilizar uma cartolina com o alfabeto, e palavras como sim, não, fome, banheiro etc. Pode ser que esse aluno tenha um cuidador para alimentá-lo e levá- lo ao banheiro. Deficiência visual É uma condição apresentada por quem tem baixa visão ou cegueira, que leva à necessidade de usar o braile para ler e escrever. A deficiência visual pode ser congênita 49 ou advinda de doenças graves na vista. Muitas vezes, essa deficiência pode ser corrigida pelo uso de lentes. No caso de a escola não possuir infraestrutura para acomodar esses alunos, procure orientar o aluno para se locomover. A colocação de faixas para dar contraste a algum de nível que possa ter na sala de aula, por exemplo. Aconselhe os outros alunos não deixarem mochilas ou objetos no chão. Para os que possuem baixa visão, coloque-os nas primeiras carteiras da sala. Se ainda assim o aluno não conseguir ler o que está escrito na lousa, uma sugestão é providenciar livros e textos com letras grandes. Os colegas de sala também poderão ajudar os alunos que têm mais dificuldades. Deficiência auditiva Condição causada por má formação no ouvido, congênita ou causada por doenças infecciosas. Pode apresentar diferentes graus de intensidade (leve, moderada, severa ou profunda). Quanto maior for o grau, mais difícil é o desenvolvimento da linguagem. O aluno desenvolve a linguagem usando aparelho auditivo ou passando por acompanhamento, mesmo os alunos com grau profundo de surdez são capazes de falar. O apoio da família e do professor é fundamental para o desenvolvimento da linguagem. Ainda há outras alternativas, por exemplo, o aluno pode falar por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O estudante que tem perda auditiva também demora mais para se alfabetizar. Procure falar perto e de frente para ele. Aposte também no uso de recursos visuais e na diminuição de ruídos, o ideal é ter a presença de um intérprete de Libras. 50 Deficiência múltipla É a ocorrência de duas ou mais deficiências. Por exemplo, aluno com deficiência intelectual e auditiva, visual e motora etc. Uma das mais comuns nas salas de aula é a surdo-cegueira. A surdo-cegueira é a perda auditiva e visual simultânea e em graus variados. A diferença de um cego ou surdo para um surdo-cego é que este não tem consciência da linguagem e, portanto, não aprende a se comunicar de imediato. Normalmente, a criança tem comportamento distinto, como hiperatividade ou isolamento. A grande dificuldade das crianças surdo-cegas está, justamente, em desenvolver um modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e auditiva e permita o relacionamento com o mundo. Por isso, é preciso criar outras formas de comunicação e de exploração com o mundo. Uma das alternativas de comunicação para os surdo-cegos pós-simbólicos consiste no sistema Tadoma, também conhecido como Braille Tátil. Nessa técnica, a pessoa utiliza as mãos para sentir os movimentos da boca, do maxilar e a vibração da garganta do falante, assim consegue interpretar o que é dito. Deficiência intelectual É considerado deficiente intelectual, o aluno que apresenta funcionamento intelectual inferior à média (QI), que se manifesta antes dos 18 anos. Está associada a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança). A causa mais comum da deficiência intelectual é a síndrome de Down. Síndromes As Síndromes são uma série de sinais, sintomas e características, que variam entre os atingidos por ela. 51 Síndrome de Down Além do déficit cognitivo, a criança com síndrome de Down apresenta dificuldades de comunicação e a hipotonia (redução do tônus muscular). Quem tem a síndrome de Down também pode sofrer de problemas na coluna, na tireoide, nos olhos, no aparelho digestivo, entre outros. Muitas vezes, nasce com anomalias cardíacas, solucionáveis com cirurgias. Procure sempre repetir as informações para o aluno com síndrome de Down de forma clara e precisa, pois ele demora mais para aprender. O uso de recursos visuais e gestuais é bom porque facilitam a compreensão. Uma dificuldade de quem tem a síndrome é cumprir regras, pois em casa a família não costuma repreender. Portanto desde o primeiro dia de aula, estabeleça regras de conduta. Eles têm que obedecer aos combinados como todos os demais. Planeje pausa entre as atividades, pois muitos não conseguem ficar muito tempo no mesmo lugar ou dentro da sala de aula. Valorize sempre o esforço desse aluno, para que ele se sinta acolhido e parte da classe. TGD Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios que começam a se manifestar bem no início da infância, nos primeiro cinco anos. Crianças com TGD têm dificuldade de iniciar e manter uma conversa, não gostam de ser tocadas e nem observadas. 52 Os TGDs englobam síndromes como as de Asperger, de Kanner e a de Rett. Autismo O autismo é um transtorno com influência genética, causado por alterações em partes do cérebro, que se manifestam antes dos três anos de idade e é quatro vezes mais comuns em crianças do sexo masculino. O aluno autista apresenta dificuldades de interação social, de comportamento e de comunicação (atraso na fala) e em alguns casos deficiência intelectual. Crie situações que possibilitem a interação com ou outros alunos. Às vezes, a criança pode apresentar comportamento agressivo, portanto é preciso ter paciência. Avise quando a rotina mudar, pois alterações no dia a dia não são bem-vindas. Síndrome de Asperger É uma síndrome que se assemelha ao autismo e está dentro dos TGD’s – Transtornos Globais do Desenvolvimento. As crianças que possuem essa síndrome têm foco restrito de interesse, quando gostam de um assunto só fala nele o tempo todo. Siga com as mesmas recomendações das crianças autistas. Síndrome de Willians A criança portadora dessa síndrome apresenta dificuldades motoras e de orientação espacial. Possuem grandes interesses na música, têm facilidade de comunicação e são muito amáveis. Na sala de aula, desenvolva atividades com música para chamar a atenção da criança. 53 Programação individual Como se pôde observar, cada criança apresenta uma característica diferente. Com base nessas informações, é preciso saber que o planejamento das aulas deve ser feito pensando em cada criança de acordo com suas necessidades, possibilidades, ritmo e particularidades. Com base no seu planejamento, o professor prepara as aulas e procura seguir a programação normal, mas precisa fazer as adequações necessárias. O ideal é que a programação das atividades dentro da Educação Especial seja realizada por uma equipe multiprofissional com base nos relatórios médicos. O que o professor deve considerar é que cada aluno, sendo especial ou não, vai aprender em um ritmo próprio e que respeitar a evolução dos alunos garante o avanço deles. Na Educação Especial, o tempo das atividades deve ser flexibilizado, pois o aluno vai precisar de um tempo maior para aprender um determinado conteúdo. O aluno pode também precisar de prazos maiores para a entrega das atividades, para tanto, o auxílio da família é importante. Na Educação Especial, é importante dar ênfase às atividades, pois a criança especial aprende através de tarefas. É importante manter o aluno ocupado com atividades diversificadas, pois a repetição levaria
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