Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GABARITO DA 1a PROVA DE FUNDAMENTOS DE MECAˆNICA - TURMA A4 Leia a prova TODA com ATENC¸A˜O antes de iniciar sua resoluc¸a˜o. Resolva as questo˜es literalmente. Na˜o deˆ resposta nenhuma sem justificativa! Parte A - Questo˜es (9 pontos, 2,25 ponto por questa˜o): Diante de cada pergunta ou afirmac¸a˜o abaixo, responda ou corrija aquelas que estiverem errado e (mesmo se a afirmativa estiver correta) justifique com suas palavras o seu racioc´ınio. Q1. Em um dado planeta, um corpo em queda livre partindo do repouso gasta o dobro do tempo que gastaria na Terra, para cair de uma mesma altura. Conclui-se que a acelerac¸a˜o da gravidade nesse planeta e´ o um quarto da acelerac¸a˜o da gravidade na Terra, g. A afirmativa esta´ CORRETA. Quando a acelerac¸a˜o, a, e´ constante, o tempo, t, gasto para se percorrer uma certa distaˆncia, d, partindo do repouso, e´ dado por t = √ 2d/a. A acelerac¸a˜o se relaciona, enta˜o, com a distaˆncia e o tempo por a = 2d/t2. A acelerac¸a˜o da gravidade da Terra pode ser escrita, enta˜o, como g = 2h/t2. Como a altura de queda e´ a mesma, mas o tempo gasto no outro planeta e´ o dobro, sua acelerac¸a˜o e´ g′=2d/(2t)2=(2h/t2)/4=g/4. Ou seja, a acelerac¸a˜o g′ e´ um quarto do valor de g. Q2. Considere dois corpos de mesma forma e volume, mas com massas diferentes. Considere, ainda, que para uma determinada forma, a resisteˆncia do ar so´ depende da velocidade e aumenta linearmente com seu mo´dulo, sendo sempre oposta a ela. Quando caem de uma altura suficientemente grande, a partir do repouso, a partir de certo momento ficara˜o com velocidade constante. A afirmativa esta´ CORRETA. Os dois corpos, de formas e volumes iguais, mas de massas (e pesos) diferentes, sa˜o soltos do repouso. A` medida que sua velocidade aumenta (sob ac¸a˜o do peso, u´nica forc¸a inicial), a resisteˆncia do ar aumenta linearmente e, para a mesma velocidade, e´ igual para os dois corpos. As forc¸as do ar nos corpos, como dependem da velocidade, va˜o aumentando ate´ que possuam mo´dulo igual aos respectivos pesos dos corpos. Nesse momento a resultante se anula e os corpos passam a ter velocidade constante. Se algo aumentar a velocidade de um deles, a resisteˆncia do ar passa a ser maior que o peso e ele freia, voltando a` velocidade constante anterior. Fa,1 mg Mg Fa,2 Fa,1 Fa,2 Q3. Uma pessoa tem que deslocar uma caixa de massaM por um plano horizontal com atrito com velocidade constante, conforme a figura. Em qual das situac¸o˜es ela fara´ forc¸a maior? θ com atrito θ M (b) com atritoM (a) Na caixa atuam (1) a Terra, fazendo o seu PESO, (2) o plano, fazendo uma forc¸a NORMAL e uma de ATRITO, e (3) a forc¸a da pessoa. A u´nica dessas forc¸as que na˜o muda nas duas situac¸o˜es e´ o peso. Na situac¸a˜o (b) a forc¸a que a pessoa faz na caixa possui uma componente para cima que, junto com a normal, equilibra o peso (pois a caixa na˜o acelera na vertical). Como o peso na˜o varia, a normal do plano sobre a caixa e´ menor na situac¸a˜o (b) que na situac¸a˜o (a). Na horizontal, a forc¸a de atrito ira´ se opor ao movimento da caixa. O valor da forc¸a de atrito cine´tico depende diretamente da forc¸a NORMAL existente entre o plano e a caixa, e, consequentemente, sera´ maior na situac¸a˜o (a) que na (b). Com isso, a pessoa tera´ que fazer uma forc¸a maior na situac¸a˜o (a) que na (b), para que a componente horizontal dessa forc¸a consiga pelo menos equilibrar o atrito e movimentar a caixa com velocidade constante. O pior e´ que, na situac¸a˜o (a), quando mais forc¸a a pessoa faz, mais atrito a caixa pode sofrer. Q4. Pela 2a Lei de Newton, a velocidade de uma part´ıcula de massa constante e´ sempre paralela a` resultante das forc¸as que nela atuam. A afirmativa esta´ INCORRETA. Quando a massa e´ constante, a 2a Lei de Newton pode ser escrita da forma ~Fres = m~a, ou seja, a acelerac¸a˜o e´ que tem a mesma direc¸a˜o da forc¸a, e na˜o a velocidade. Se lembrarmos que ~Fres m = ~a = d~v dt , veremos que as variac¸o˜es de velocidade (d~v) sa˜o paralelas a` forc¸a resultante. Parte B - Problemas (16 pontos, P2 = 6 pontos; P1 e P3 = 5 pontos): P1– Considere a situac¸a˜o mostrada na figura ao lado, onde um bloco de massa M rola por uma ribanceira e sai dela com uma certa ve- locidade V0 fazendo um aˆngulo θ com a ho- rizontal e a uma altura H do vale, abaixo. O bloco leva um tempo T desde o momento que sai da ribanceira ate´ bater no cha˜o. Des- preze a resisteˆncia do ar e responda em ter- mos de θ, M , T , H e g. θ H D v0 M P1.1– Calcule o mo´dulo da velocidade do bloco no momento que ele sai da ribanceira, V0. P1.2– Calcule a distaˆncia D que o bloco atingira´ o vale em relac¸a˜o ao ponto de onde saiu da ribanceira. Soluc¸a˜o Trata-se de um movimento de proje´til, onde a acelerac¸a˜o e´ constante, igual a zero na direc¸a˜o horizontal e igual a g para baixo na direc¸a˜o ver- tical. As equac¸o˜es que regem esse tipo de movi- mento sa˜o horizontal : x = x0 + V0,xt Vx = V0,x (1) vertical : y = y0 + V0,yt+ 1 2 ayt 2 Vy = V0,y + ayt (2) P1.1– Considerando o eixo y positivo para cima e o eixo x positivo para a direita na figura, podemos usar a primeira das Eqs. (2), para y. Sabendo que, ao chegar ao solo, o bloco possui y = 0, ao partir da boca do vulca˜o, possui y0 = H, que ficou um tempo T no ar, sob uma acelerac¸a˜o ay = −g e que partiu com sua velocidade fazendo um aˆngulo θ com a horizontal: 0 = H + V0,yT + 1 2 (−g)T 2 = H + V0 sen θT − 1 2 gT 2 ou V0 = 1 2 gT 2 −H T sen θ (3) P1.2– Durante o tempo T em que ficou no ar, a acelerac¸a˜o horizontal do bloco foi nula e sua velocidade constante, como nas Eqs. (1). Nesse tempo, seu deslocamento foi x− x0 = D. Enta˜o, x− x0 = D = V0,xT = V0 cos θ T = 1 2 gT 2 −H T sen θ cos θ T = ( 1 2 gT 2 −H ) cot θ. (4) Note que a massa do bloco na˜o entra nas respostas. P2– Deseja-se acelerar o bloco de massam por meio de uma forc¸a F aplicada no bloco de massa M , como na figura ao lado. Considere que existe atrito entre os blocos de massa M e m, e que o coeficiente de atrito esta´tico e´ µE, e que ha´ atrito entre o bloco de massa M e o cha˜o, de coeficiente de atrito cine´tico µC. Expresse seus resultados em termos de M , m, µE, µC e g. µC E F m µ mg Mg Fa1E N1 N2 Fa1E Fa2C N1 M P2.1– Fac¸a os diagramas de todas as forc¸as para os dois blocos, m e M . Para clareza, fac¸a diagramas separados para cada corpo. Identifique os pares de ac¸a˜o e reac¸a˜o das forc¸as entre eles. P2.2– Encontre o valor mı´nimo da acelerac¸a˜o a para que eles se movimentem juntos, sem que o bloco de massa m escorregue sobre o de massa M . P2.3– Encontre o valor da forc¸a F na situac¸a˜o de P2.1–. P2.4– Se o valor da forc¸a F encontrado em P2.3– for dobrado, o que acontece com as novas componentes, vertical e horizontal, da forc¸a de contato entre os blocos? Soluc¸a˜o P2.1– Os diagramas de forc¸as foram feitos na pro´pria figura, onde separei os corpos. Atuam no corpo de massa m (forc¸as desenhadas em azul): 1. o peso mg, vertical, para baixo, realizado pela Terra, que sofre a reac¸a˜o; 2. a forc¸a normal entre as superf´ıcies dos blocos, N1, feita pelo bloco de massaM (que sofre a reac¸a˜o) sobre o de massa m, para a esquerda, perpendicular a` superf´ıcie entre os blocos; 3. a forc¸a de atrito esta´tico entre as superf´ıcies dos blocos, Fa1E , feita pelo bloco de massa M (que sofre a reac¸a˜o) sobre o de massa m, para cima, paralela a` superf´ıcie entre os blocos; e, no corpo de massa M (forc¸as tambe´m em azul): 4. o peso Mg, vertical, para baixo, realizado pela Terra, que sofre a reac¸a˜o; 5. a forc¸a normal entre as superf´ıcies dos blocos, N1, feita pelo bloco de massa m (que sofre a reac¸a˜o) sobre o de massa M , para a direita, perpendicular a` superf´ıcie entre os blocos; 6. a forc¸a deatrito esta´tico entre as superf´ıcies dos blocos, Fa1E , feita pelo bloco de massa m (que sofre a reac¸a˜o) sobre o de massa M , para baixo, paralela a` superf´ıcie entre os blocos; 7. a forc¸a normal entre a superf´ıcie do bloco de massa M e o piso, N2, perpendicular a` superf´ıcie do piso (portanto vertical), para cima, feita pelo piso; 8. a forc¸a de atrito cine´tico entre a superf´ıcie do bloco de massaM e o piso, Fa2C , paralela a` superf´ıcie (portanto horizontal) e oposta ao movimento (portanto para a esquerda), feita pelo piso; 9. e, finalmente, a forc¸a F do enunciado, horizontal e para a esquerda. Os pares de ac¸a˜o e reac¸a˜o esta˜o ligados por linhas vermelhas. P2.2– Para se moverem juntos, os dois corpos se movimentam sobre o piso, que e´ horizontal. Portanto, a componente vertical da forc¸a resultante em cada um dos blocos tem que ser nula. Para o corpo de massa m, considerando positivo para cima Fa1E −mg = 0 −→ Fa1E = mg, (5) de onde concluimos que o bloco de massa m e´ seguro pelo atrito com o bloco de massa M . Para o bloco de massa M , ainda considerando positivo para cima, N2 − Fa1E −Mg = 0 −→ N2 = Fa1E + mg = (m+M)g, (6) de onde concluimos que a normal com o piso segura o peso dos dois blocos. Na direc¸a˜o horizontal, a u´nica forc¸a que atua no corpo de massa m e´ a normal N1 entre os corpos. Acontece que a forc¸a de atrito entre os blocos tem que ser igual ao peso do corpo de massa m, como encontrado na Eq.(5). Se essa forc¸a estiver no seu limite, ela sera´ igual ao produto da normal pelo coeficiente de atrito esta´tico entre as superf´ıcies. Portanto, a acelerac¸a˜o mı´nima do conjunto e´ N1 = ma = Fa1E µE = mg µE −→ a = g µE . (7) P2.3– Analisando o corpo de massa M na horizontal, ele tera´ a mesma acelerac¸a˜o que o de massa m, encontrada na Eq.(7), pois a condic¸a˜o e´ que se movimentem juntos. Considerando positivo para a esquerda F −N1 − Fa2C =Ma =M g µE . (8) O valor da normal entre os blocos foi encontrado na Eq.(7), N1 = mg µE , A forc¸a de atrito cine´tico entre o bloco de massa m e o piso e´ dada por Fa2C = µCN2 = µC(m+M)g, onde usamos o resultado da Eq.(6). Levando esses resultados na Eq.(8), F =M g µE +N1 + Fa2C =M g µE + mg µE + µC(m+M)g = ( 1 µE + µC ) (m+M)g. (9) P2.4– A forc¸a F encontrada na Eq.(9) e´ o valor mı´nimo para os dois corpos acelerarem juntos. Se esse valor for dobrado, obviamente a acelerac¸a˜o sera´ maior e, portanto, a normal entre os blocos, N1 aumentara´, pois ela e´ a u´nica forc¸a que acelera o corpo de massa m. Pore´m, esse corpo continua se movendo na horizontal e seu peso na˜o e´ afetado pelo valor de F , Portanto, o atrito entre os blocos continua sendo o responsa´vel por segurar o peso do de massa m e na˜o muda. P3– Um atleta consegue correr em relac¸a˜o ao solo com veloci- dade Vhomem,solo e nadar com velocidade Vhomem,a´gua em relac¸a˜o a` a´gua. Ele quer atravessar um rio de corrente homogeˆnea, cuja correnteza possui velocidade Va´gua,solo em relac¸a˜o a`s margens, saindo do ponto A e chegando ao ponto C, diretamente do outro lado da margem, como na figura. Como a temperatura da a´gua esta´ muito baixa, ele quer atravessar o rio no menor tempo poss´ıvel e, com isso, en- quanto ele atravessa o rio, as a´guas o deslocam de seu obje- tivo, fazendo-o chegar do outro lado no ponto B. Considere as velocidades constantes e que Vhs > Vha > Vas. P3.1– Que distaˆncia separa os pontos B, onde ele chega na outra margem, e C, seu objetivo? A BC d Vas P3.2– Assim que chega em B, o atleta corre pelo solo, com a velocidade Vhomem,solo, para ir ate´ C. Qual o tempo total gasto pelo atleta desde o instante que saiu de A ate´ chegar em C, seu objetivo? P3.3– Qual foi a velocidade vetorial me´dia do atleta no percurso (mo´dulo, direc¸a˜o e sentido)? Con- siderando a distaˆncia total percorrida, qual foi sua velocidade escalar me´dia? Soluc¸a˜o O homem pode escolher nadar nas a´guas do rio apontando sua velocidade em qualquer direc¸a˜o. En- tretanto, para poder atravessar o rio no menor tempo poss´ıvel (pois a a´gua esta´ muito fria), ele tem que ter sua velocidade apontando de forma que possua a maior componente poss´ıvel na direc¸a˜o perpendicular a` margem. Com isso, como ele nada com velocidade constante, ele gastara´ o tempo TAB = d Vhomem,a´gua , (10) onde d e´ a largura do rio. Acontece que, enquanto o homem nadava dirigindo sua velocidade perpendicular a` margem, sem qualquer componente de velocidade paralela a` mesma, o rio o levou paralelamente a` margem com a velocidade da correnteza. P3.1– O tempo que o homem fica dentro do rio e´ o calculado pela Eq. (10), e, portanto, nesse tempo o rio carrega o homem pela distaˆncia DCB = Va´gua,soloTAB = Va´gua,solo Vhomem,a´gua d (11) P3.2– A distaˆncia calculada na Eq. (11) o homem atravessa correndo com a velocidade Vhomem,solo e, para tal, gasta o tempo TBC = DCB Vhomem,solo = ( Va´gua,solo Vhomem,a´gua )( d Vhomem,solo ) . (12) O tempo total gasto pelo homem de A a C e´, claramente, a soma dos tempos dados pelas Eqs. (10) e (12), Ttotal = TAB + TBC , Ttotal = d Vhomem,a´gua + ( Va´gua,solo Vhomem,a´gua )( d Vhomem,solo ) = d Vhomem,a´gua ( 1 + Va´gua,solo Vhomem,a´gua ) (13) P3.3– A definic¸a˜o de velocidade vetorial me´dia em um certo intervalo de tempo e´ dada pela variac¸a˜o vetorial de posic¸a˜o dividida pelo intervalo de tempo: ~Vme´dia = ∆~r ∆t (14) A posic¸a˜o final do homem e´ em C e a inicial era em A e ele gastou o tempo total da Eq. (14) no trajeto, portanto a sua velocidade vetorial me´dia tera´ o mo´dulo Vme´dia = d Ttotal = Vhomem,a´gua( 1 + Va´gua,solo Vhomem,a´gua ) = V 2homem,a´gua Vhomem,a´gua + Va´gua,solo (15) e a direc¸a˜o de A para C. A velocidade escalar me´dia, definida como a distaˆncia total percorrida dividida pelo intervalo de tempo gasto sera´ Vescalar me´dia = DAB +DBC Ttotal = √ d2 + ( Va´gua,solo Vhomem,a´gua d )2 + Va´gua,solo Vhomem,a´gua d Ttotal , (16) com o Ttotal dado pela Eq. (13).
Compartilhar