Buscar

RESUMO - PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS NA CONSTITUIÇÃO - SEGUNDA PARTE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESUMÃO
Princípio da vedação ao confisco 
CRFB, Art. 150.Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
A ideia de “vedação ao confisco” apresenta-se como um conceito jurídico indeterminado, porquanto a Carta de Outubro, e mesmo a legislação, não estabeleceu um parâmetro objetivo para determinar o que seria um tributo confiscatório (exemplo: 35% de IR). Distintamente, nalguns países, existe definição. 
Daí, concluem o Supremo Tribunal Federal e a doutrina que a aferição da confiscatoriedade do tributo será casuística. Ou seja, efetuada em cada caso concreto. Eis um aresto abaixo: 
EMENTA: MULTA TRIBUTÁRIA. CARÁTER SUPOSTAMENTE CONFISCATÓRIO. ALEGADA TRANSGRESSÃO AO ART. 150, IV, DA CONSTITUIÇÃO. POSTULADO DA NÃO CONFISCATORIEDADE DOS TRIBUTOS E DAS RESPECTIVAS MULTAS FISCAIS. DOUTRINA. PERCENTUAL DE 25% INCIDENTE SOBRE O VALOR DA OPERAÇÃO. “QUANTUM” DA MULTA TRIBUTÁRIA QUE SUPERA, NA ESPÉCIE, O VALOR DO DÉBITO PRINCIPAL. PRECEDENTES ESPECÍFICOS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O ARTIGO 71, INCISO II, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS. RE PROVIDO. DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo foi interposto contra acórdão que, proferido pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, está assim ementado: “APELAÇÃO CÍVEL EM EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. DECLARAÇÃO ‘INCIDENTER TANTUM’ DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 71, INCISO VII, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO ESTADUAL. QUESTÃO JÁ DIRIMIDA PELA CORTE ESPECIAL. 1. A multa prevista no artigo 71, inciso VII, do Código Tributário Estadual é constitucional, a teor do que restou assentado no julgamento da arguição de inconstitucionalidade de lei nº 201090581807. 2. A multa não se confunde com o tributo. [...] 
Cumpre destacar, neste ponto, a correta observação de LUIZ EMYGDIO F. DA ROSA JR. (“Manual de Direito Financeiro e Direito Tributário”, p. 320, item n. 14, 10ª ed., 1995, Renovar), cujo magistério, ao analisar o princípio constitucional que veda a utilização do tributo com efeito confiscatório, ressalta: “A vedação do tributo confiscatório decorre de um outro princípio: o poder de tributar deve ser compatível com o de conservar e não com o de destruir. Assim, tem efeito confiscatório o tributo que não apresenta as características de razoabilidade e justiça, sendo, assim, igualmente atentatório ao princípio da capacidade contributiva.” (grifei) É certo que a norma inscrita no art. 150, inciso IV, da Constituição encerra uma cláusula aberta, veiculadora de conceito jurídico indeterminado, reclamando, em consequência, que os Tribunais, na ausência de “uma diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias” 
“A vedação de tributo confiscatório, que erige o ‘status negativuslibertatis’, se expressa em cláusula aberta ou conceito indeterminado. Inexiste possibilidade prévia de fixar os limites quantitativos para a cobrança, além dos quais se caracterizaria o confisco, cabendo ao critério prudente do juiz tal aferição, que deverá se pautar pela razoabilidade. A exceção deu-se na Argentina, onde a jurisprudência, em certa época, fixou em 33% o limite máximo da incidência tributária não-confiscatória.” (grifei) [...] 
. O Poder Público, especialmente em sede de tributação, não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade. Daí a advertência de SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO (“Curso de Direito Tributário Brasileiro”, p. 253, item n. 6.28, 1999, Forense), cujo magistério – ao ressaltar que a vedação do confisco atua como limitação constitucional ao poder de graduar a tributação – enfatiza, com razão, que, em sede de estrita fiscalidade, “o princípio do não-confisco tem sido utilizado também para fixar padrões ou patamares de tributação tidos por suportáveis (...) ao sabor das conjunturas mais ou menos adversas que estejam se passando. Neste sentido, o princípio do não-confisco se nos parece mais com um princípio da razoabilidade da tributação (...)”. [...] Publique-se. Brasília, 24 de outubro de 2013. Ministro CELSO DE MELLO Relator (ARE 771921, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 24/10/2013, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 29/10/2013 PUBLIC 30/10/2013)
No âmbito do STF, indaga-se sobre a extensão da aferição do princípio da vedação ao confisco. É dizer, se ele será aferido em relação a cada tributo em si mesmo (IPTU, IPVA, IR, etc.), à carga tributária como um todo1 ou às multas tributárias.
Concernentemente aos tributos, a jurisprudência do Pretório Excelso posiciona-se da seguinte forma: 
É cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado no art. 150, IV, da Constituição da República. Hipótese que versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e seu parágrafo único) que instituiu multa fiscal de 300% (trezentos por cento). - A proibição constitucional do confisco em matéria tributária - ainda que se trate de multa fiscal resultante do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas obrigações tributárias - nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (mesmo tratando-se da definição do "quantum" pertinente ao valor das multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade governamental acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro de aferição da constitucionalidade material dos atos estatais.
Comentários acerca do julgado:naturalmente, é cabível a aferição do princípio de vedação ao confisco em relação a cada tributo (exemplo: alíquota 50% do Imposto de Renda, etc.). Se uma lei estabelecesse alíquota de 15% do IPTU no Rio de Janeiro, seu viés seria confiscatório, porquanto a propriedade consubstancia-se num patrimônio acumulado ao longo de anos. Essa análise pode ser feita em abstrato, isto é, a norma em si mesma (controle por meio de ADI), ou no caso concreto, quando o contribuinte vai a juízo questionar a alíquota do tributo (controle difuso e concreto). 
Nos tributos de função extrafiscal, cuja finalidade é estimular ou desestimular uma conduta por parte do contribuinte, discute-se, na doutrina, se o princípio em comento seria aplicável. 
Exemplo: para desestimular a importação de determinado bem, houve aumento da alíquota do imposto de importação para 50%.
Diante da extrafiscalidade, parte da doutrina afirma a inaplicabilidade da vedação ao confisco, eis que o objetivo é justamente desestimular a conduta, motivo pelo qual a tributação é elevada. Ao que parece ao professor Érico, o melhor entendimento é a perquirição da razoabilidadedo caso concreto. Isso porque a conduta desestimulada não é proibida, pois, caso o Poder Público não mais desejasse sua prática, teria de adotar leis proibitivas nesse sentido. Daí, ainda que a tributação seja elevada, não pode ser confiscatória. 
No que toca à carga tributária como um todo, no informativo de nº 164, o Supremo Tribunal asseverou que o exame da questão do efeito confiscatório deveria ser feito em relação à totalidade do sistema tributário.
Informativo nº 164 do STF 
Contribuição Previdenciária - III 
O Tribunal, por maioria, deferiu o pedido de liminar para suspender a eficácia do art. 2º e seu parágrafo único da Lei 9.783/99, que acresce à alíquota de 11%, prevista no art. 1º da citada Lei, 9%ou 14%, de acordo com a remuneração, provento ou pensão recebida. À primeira vista, o Tribunal considerou relevante a argüição de inconstitucionalidade pela descaracterização da função constitucional da contribuição de seguridade social, já que foi instituída em alíquotas progressivas com a finalidade de cobrir déficit passado e não benefício a ser pago ao contribuinte. O Tribunal também considerou relevante a tese de ofensa ao princípio que veda a utilização de qualquer tributo com efeito de confisco (CF, art. 150, IV), salientando que o exame da questão do efeito confiscatório deve ser feito em função da totalidade do sistema tributário e não em função de cada tributo isoladamente2. Vencidos os Ministros Nelson Jobim e Moreira Alves que indeferiam a cautelar nesse ponto, por entenderem, num primeiro exame, inexistir plausibilidade jurídica na tese de ofensa ao princípio do não confisco, dado que a questão do efeito confiscatório deve ser analisada em relação a cada tributo isoladamente e, também, pelo fato de não estar caracterizada a ofensa ao desvirtuamento da função da contribuição, tendo em vista que, em se tratando de previdência de servidor público, não há correspondência entre a contribuição e o benefício decorrente dessa contribuição. 
ADInMC 2.010-DF, rel. Min. Celso de Mello, 29.9.99.
Com relação às multas tributárias, conquanto o instituto não se confunda com os tributos, a Suprema Corte brasileira entende que sobre as tais incide o princípio da vedação ao confisco.
Tributação razoável é aquela que, simultaneamente, garante o recolhimento de verbas aos cofres públicos e possibilita o exercício do direito de propriedade ou da atividade econômica.
Sobre o tema, colacionam-se julgados precisos adiante: 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.º E 3.º DO ART. 57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal.Ação julgada procedente.
Princípio da não-limitação ao tráfego de pessoas e bens, ressalvada a cobrança de pedágio 
CRFB, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
Sem embargo, essa vedação não impede a cobrança de ICMS, porquanto o fato de a mercadoria circular entre um estado e outro não significa que tal cobrança se dê em virtude da transposição das fronteiras estaduais. Antes, materializa-se por força da própria circulação em si mesma.
Pedágio 
O dispositivo constitucional consignado engendrou uma série de debates acerca da natureza jurídica do pedágio. Aventou-se se seria tributo ou não. Em sendo, se seria uma espécie tributária autônoma ou uma modalidade de taxa. Argumentou-se se seria público, cobrado na modalidade preço público em sentido estrito ou tarifa. Ainda, questionou-se sobre se seria taxa ou preço público a depender do caso concreto. Caso cobrado pelo particular dentro de um contrato de concessão, seria tarifa; se cobrado pelo poder público, taxa. Havendo via alternativa para o cidadão se locomover, seria preço público; não havendo, tributo.
IMPORTANTE:Para o STF o selo pedágio tem natureza de taxa, porquanto não resta alternativa ao usuário. Já o pedágio de Tarifa.
1ª corrente: TAXA (TRIBUTO)
A doutrina menciona três argumentos principais para se considerar o pedágio como taxa:
a) a CF/88 trata sobre o pedágio no art. 150, ao falar sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar. Em outras palavras, o pedágio está inserido topograficamente em uma seção que trata sobre tributos;
b) o pedágio seria o pagamento pela utilização de um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição, conceito coincidente com o de taxa;
c) não seria possível remunerar os serviços públicos por outro meio que não fosse à taxa.
Sendo uma espécie de tributo, somente pode ser instituída e reajustada por meio de lei. Está sujeita ao princípio da legalidade estrita.
É a corrente majoritária na doutrina, sendo defendida por Antônio Roque Carrazza; Luciano Amaro; Leandro Paulsen.
2ª corrente: TARIFA (PREÇO PÚBLICO)
Outro grupo de doutrinadores oferece três respostas para se considerar pedágio como tarifa:
a) a posição topográfica não é determinante e o que a CF/88 quis dizer é que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, poderia ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada;
b) o pedágio somente pode ser cobrado pela utilização efetiva do serviço. Não é possível sua cobrança em caso de utilização potencial. Logo, não se enquadra no conceito.
c) é possível sim remunerar serviços públicos por meio de tarifa, desde que esses serviços não sejam de utilização compulsória. No caso, a utilização de rodovias não é obrigatória. A pessoa pode optar por não utilizar.
Como não é tributo, o pedágio pode ser instituído e reajustado por meio de atos infralegais. NÃO está sujeito ao princípio da legalidade estrita.
Sustentada por Ricardo Lobo Torres; Sacha Calmon.
3ª corrente: DEPENDE
• Se HOUVER via alternativa: tarifa.
• Se NÃO houver alternativa: taxa.
Essa posição é baseada no seguinte raciocínio: se não houver via alternativa, a utilização daquela estrada com pedágio será compulsória. Logo, o valor cobrado a título de pedágio será considerado taxa.
Se houver alternativa gratuita, a utilização da via com pedágio é uma faculdade do motorista. Então, o valor cobrado seria reputado como tarifa.
É a posição de Andrei Pitten Velloso.
E para o STF, qual é a natureza jurídica do pedágio?
Trata-se de TARIFA (2ª corrente).
O pedágio é tarifa (espécie de preço público) em razão de não ser cobrado compulsoriamente de quem não utilizar a rodovia; ou seja, é uma retribuição facultativa paga apenas mediante o uso voluntário do serviço.
Assim, o pedágio não é cobrado indistintamente das pessoas, mas somente daquelas que desejam trafegar pelas vias e somente naquelas em que é exigido esse valor a título de conservação.
STF. A Corte realçou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei 7.712/1988, reconhecido como taxa pelo STF. Lembrou, porém, que essa exação seria compulsória a todos os usuários de rodovias federais, por meio de pagamento renovável mensalmente, independentemente da frequência de uso, cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Consignou haver profundas diferenças entre o citado “selo-pedágio” e o pedágio, na forma em que atualmente disciplinado. Asseverou que esse último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse efetivo uso da rodovia, o que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em valor fixo, independentemente do número de vezes que o contribuinte fizesse uso das estradas durante o mês. Destacou que o enquadramento do pedágio como taxa ou preço público independeria de sua localização topológica no texto constitucional, mas seria relacionado ao preenchimento, ou não, dos requisitos previstos no art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”).Plenário. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/6/2014(Info 750).
Para o STF, o elemento nuclear para distinguir taxa e preço público é a compulsoriedade.
	TAXA
	TARIFA
	É uma prestação compulsória.
O contribuinte paga a taxa de serviço não por conta de uma escolha que ele faça. Ele paga porque a lei determina que ele é obrigado, mesmo que o serviço esteja apenas à sua disposição, sem que haja uma utilização efetiva.
A lei determina que ele pague, mesmo que não utilize de forma efetiva.
Ex: custas judiciais.
	É uma prestação voluntária.
É chamada de voluntária porque a pessoa só irá pagar se ela escolher utilizar aquele determinado serviço que é efetivamente prestado.
O indivíduo escolhe se submeter a um contrato, no qual irão lhe fornecer um serviço e, em contraprestação, ele irá pagar o valor.
Ex: pedágio.
Essa distinção foi consagrada pelo STF em um enunciado:
Súmula 545-STF:Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias (...).
Princípio da uniformidade geográfica 
CRFB, Art. 151.É vedado à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
Ao estabelecer seus tributos, deve a União tratar os Estados de maneira isonômica, o que sequer precisaria estar expresso no texto constitucional. Nada obstante, possibilita-se a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país.
Princípio uniformidade na tributação da renda 
CRFB, Art. 151. É vedado à União: 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
Princípio da vedação à concessão de isenções heterônomas 
CRFB, Art. 151. É vedado à União: 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
Por concessão de isenção heterônoma compreende-se a isenção concedida por um ente político em relação a tributo cuja fixação seja de competência de outro ente político. Exemplo: município conceder isenção de Imposto de Renda (competência da União). 
Na Constituição de 1967, com redação reformulada pela EC nº 01/69, o artigo 19, §2º rezava: “a União, mediante lei complementar e atendendo da relevante interesse social ou econômico nacional, podia conceder isenções de impostos estaduais e municipais.” No regime anterior, a União poderia conceder isenção de tributos que não fossem federais. O próprio CTN cuida do tema no artigo 13, parágrafo único. 
CTN, Art. 13. [...] 
Parágrafo único.Mediante lei especial e tendo em vista o interesse comum, a União pode instituir isenção de tributos federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
Observação:esse dispositivo não é compatível com a Constituição de 1988. 
Agora, trazem-se dois artigos que apresentam situações trabalhadas pela doutrina como exceções à vedação da concessão de isenções heterônomas. 
CRFB, Art. 155, §2º, XII - cabe à lei complementar: 
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, “a”; 
Esse dispositivo foi tacitamente revogado pelo artigo 155, §2º, X, “a”, porquanto, de acordo com a redação da EC nº 42/03, coetaneamente, o ICMS não mais incide sobre as exportações. À época da plena eficácia desse preceptivo, havia quem defendesse que ele representava uma exceção à vedação de concessão de isenções heterônomas.
CTN, Art. 156, § 3ºEm relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: 
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
Nos ditames do artigo 2º da Lei Complementar 116/2003, o ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior. Cuida-se de verdadeiro reforço ao comando constitucional suso consignado. A discussão habita na dúvida se esse expediente se trata ou não de isenção heterônoma.
A primeira corrente sinaliza positivamente. Assevera que se trata de “lei federal” a conceder isenção sobre tributo eminentemente municipal.O professor Érico discorda desse posicionamento. Argumenta que inexiste falar em isenção heterônoma, eis que a competência tributária do município não é para tributar todo e qualquer serviço. Mas, sim, para tributar apenas os serviços previstos em lei que irá complementar o texto constitucional definindo quais os serviços serão objeto de tributação pelo município. Essa mesma lei pode, ainda, declinar quais serviços estarão excluídos os dessa tributação.
TRATADOS INTERNACIONAIS
Nos tratados internacionais, a teor do que afirma o Supremo Tribunal Federal, não se está perante concessão de isenção heterônoma, eis que quem firma o referido documento não é a União. É a República Federativa do Brasil.
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido.
Além disso, nos tratados internacionais que contenham a regra do tratamento nacional7, exemplo, GATT, a isenção concedida ao produto nacional terá de ser, necessariamente, estendida ao similar proveniente do exterior.
Verbete nº 20 – Súmula do STJ 
A MERCADORIA IMPORTADA DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTA DO ICM, QUANDO CONTEMPLADO COM ESSE FAVOR O SIMILAR NACIONAL. 
Verbete nº 71 – Súmula do STJ 
O BACALHAU IMPORTADO DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTO DO ICM. 
Verbete nº 575 – Súmula do STJ 
À MERCADORIA IMPORTADA DE PAÍS SIGNATÁRIO DO (GATT), OU MEMBRO DA (ALALC), ESTENDE-SE A ISENÇÃO DO IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS CONCEDIDA A SIMILAR NACIONAL. 
Acordo do GATT, Parte II, Artigo III, item 2
Os produtos originários de qualquer Parte Contratante importados no território de qualquer outra Parte Contratante gozarão de tratamento não menos favorável que o concedido a produtos similares de origem nacional no que concerne a todas as leis, regulamentos e exigências que afetem a sua venda, colocação no mercado, compra, transporte, distribuição ou uso no mercado interno. As disposições deste parágrafo não impedirão a aplicação das taxas diferenciais de transportes, baseadas exclusivamente na utilização econômica dos meios de transporte e não na origem de produtos.
Observação:na hipótese, não se aplica o artigo 111 do CTN, o qual demanda a interpretação literal de leis concessoras de isenção. Também não incide o raciocínio segundo o qual o Judiciárionão pode atuar como legislador positivo. 
Art. 111.Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: 
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; 
II - outorga de isenção; 
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
1.1.7 Princípio da não-discriminação baseada em procedência ou destino 
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
1.2 Imunidades 
1.2.1 Imunidades e limitações ao poder de tributar 
Na lição do professor Bernardo Ribeiro de Moraes, “imunitas ou exonerado de múnus, indica a liberação de múnus ou encargos, dispensa de carga. De ônus, de obrigação ou até de penalidade. Quem não está sujeito a múnus tem imunidade”. 
A Constituição de 1988, ao tratar da competência tributária, estabelece regras cindidas em positivas e negativas. Segundo o professor Leandro Paulsen, “as regras negativas de competência tributária são consideradas como norma de imunidade, pois afastam a tributação de determinadas pessoas ou bases econômicas”. 
Exemplo: competência do estado para instituir o ICMS (positiva) que não incidirá sobre os produtos destinados à exportação. 
O professor Paulo de Barros Carvalho pontua que as imunidades são “normas jurídicas... que estabelecem, de modo expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas”.
De que forma a competência tributária pode ser vista como uma limitação ao poder de tributar? 
R.A competência é uma premissa para o exercício do poder de tributar, de maneira que, em obediência ao princípio da legalidade, o poder público somente poderá tributar a partir de uma autorização legal nesse sentido. Isto é, se possuir competência para tanto. Daí, todas as regras delineadoras dessa competência, bem como os princípios que funcionam como seus limitadores, fazem da competência em si mesma uma limitação ao poder de tributar, haja vista a impossibilidade de o poder público tributar todo e qualquer bem, nas três esferas, conforme seu livre arbítrio, nas alíquotas que bem entenda.
1.2.2 Imunidades e Constituição 
“Só a Constituição estabelece imunidades. As regras de imunidade têm foro exclusivo na Constituição porque são regras (ainda que negativas) de competência tributária”. (Leandro Paulsen).
Dito isso, conclui-se que Constituições estaduais ou Leis Orgânicas municipais não podem estabelecer imunidades tributárias, além das previstas na Carta Republicana. É dizer, veda-se-lhes o aumento ou a diminuição do espectro dessas imunidades. Esse o posicionamento do STF:
- AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA, PARA SUSPENDER, "EX NUNC" E ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO, NA ALINEA "D", DO INCISO VI, DO ART. 193, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, AS EXPRESSÕES "E VEÍCULOS DE RADIODIFUSAO", BEM COMO NO INCISO XIV, DO ART. 40 DA LEI FLUMINENSE N. 1.423, DE 27.01.1989, AS EXPRESSÕES "E VEÍCULO DE RADIODIFUSAO". 
Em contraponto ao expendido, o professor Ricardo Lobo Torres faz interessante raciocínio: 
“Resta saber se as Constituições dos Estados-membros podem dispor sobre imunidades, nos limites de sua competência tributária”. Os positivistas dizem peremptoriamente que não, pois as imunidades resultam de obra do constituinte federal. Mas há que se temperar a resposta. 
As imunidades explícitas na CF não podem ser objeto de disciplina pelo texto estadual, sob pena de se admitir ou a sua restrição, prejudicial aos direitos fundamentais em que radicam, ou a sua ampliação, tornando-se, no que excederem aqueles direitos, isenções, que não têm voz constitucional e devem passar pela sanção do Executivo.
“As imunidades implícitas, todavia, especialmente as do mínimo existencial, carecem de regulamentação pelas Cartas estaduais, a partir da perspectiva de que a proteção dos direitos fundamentais deve ser feita pelo poder central e pelos Estados-membros, coordenadamente”. 
O festejado mestre divide as imunidades em implícitas e explícitas. Aquelas são decorrentes de valores e princípios, dentre os quais o mínimo existencial. Exemplo: isenção do IR a pessoas que recebem salário mínimo. Em que pese na prática isso não existir por força de lei, se essa lei fosse revogada não haveria, em princípio, óbice. Contudo, a partir de uma interpretação sistemática da Constituição, vigora raciocínio segundo o qual não se pode tributar aquilo que represente o mínimo existencial do indivíduo. E se isso ocorresse, colateralmente, haveria conspurcação ao princípio da capacidade contributiva. Assim, força nessa interpretação sistemática, dessume-se a impossibilidade de tributação dos que ganham apenas salário mínimo. Almeja-se, com isso, a proteção da pessoa humana.
Essas imunidades implícitas, principalmente as protetoras do mínimo existencial, poderiam estar presentes nas Constituições estaduais na qualidade de imunidades.
Exemplo: imunidade do pagamento de taxas a pessoas que ganham até um salário mínimo estabelecida pela Constituição do Rio de Janeiro. Em raciocínio legalista, o dispositivo estaria incompatível com a Constituição da República. Contudo, conforme aventa o professor Ricardo Lobo Torres, não haveria se falar em inconstitucionalidade, haja vista que o mínimo existencial, levado a efeito no caso exemplificado, é princípio de ordem constitucional.
1.2.3 Imunidades e amplitude 
Curiosamente, inexiste um único artigo da Constituição de 1988 o vocábulo “imunidade”. Por conseguinte, criaram-se duas acepções (ampla e restrita) acerca do que seria a famigerada imunidade. 
(i) Acepção ampla
“Em todos os casos, pois, em se tratando de norma constitucional, impede a tributação e, portanto, teremos o que denominamos imunidade” (Leandro Paulsen).
Exemplo: artigos 195, § 7º, e 185, § 5º, da CRFB/1988. 
(ii) Acepção restrita (extremamente minoritária que só deve ser utilizada em provas discursivas) 
“Entendemos que o termo imunidade deverá ser reservado às não-incidências vinculadas aos direitos humanos, o que exclui do seu catálogo a intributabilidade dos sindicatos e dos jornais e livros (art. 150, VI, c e d), dos produtos industrializados exportados(art. 153, § 3º, III e 155, § 2º, X), da energia elétrica, combustíveis e minerais (art. 155, § 3º),da incorporação de bens ao patrimônio das empresas (art. 156, § 2º, I)” (Ricardo Lobo Torres).
A repercussão prática dessa cisão operada pelo ilustre mestre é a impossibilidade de supressão das não-incidências vinculadas aos direitos humanos (imunidades verdadeiras) e, quanto ao “catálogo de intributalidade”, poderia, sim, haver alteração e mesmo extinção pelo Constituinte reformador.
1.2.4 Imunidades e cláusulas pétreas 
Aqui, ganha relevo a posição do professor Ricardo Lobo Torres. A aferição da caracterização como cláusula pétrea dependerá do objeto da imunidade. Se a finalidade for a proteção de alguma das cláusulas pétreas do artigo 60, §4º, da CRFB, a imunidade não poderá ser revogada por emenda. Caso contrário, se disser respeito a tema diverso, inexistiria óbice à atuação do Constituinte Reformador. 
Exemplo: garantia da liberdade religiosa, defesa do pacto federativo, etc..
Observação: para fins de prova, a tendência é que a resposta adequada seja no sentido de se vedar a revogação de imunidades por emenda.
Observação:não há imunidades previstas expressamente, de forma específica, em relação às contribuições de melhoria e aos empréstimos compulsórios. Não obstante, é possível invocar as imunidades implícitas (que protegem o mínimo existencial) também em relação a tais tributos. (Exemplo: obra em comunidade carente e tributação do salário mínimo).
1.2.7 Imunidade, Isenção, Não incidência e Alíquota zero.
Imunidade: não incidência qualificada constitucionalmente(acepção ampla) ou não incidência com vistas à proteção dos direitos humanos (acepção restrita). 
Isenção: há duas posições na doutrina. Existem autores a afirmar que a isenção é uma incidência legalmente qualificada. Outros autores dizem que se trata de mera dispensa legal do pagamento de tributos. 
Observação1: na imunidade, prevê-se na Constituição uma regra que interfere na competência, estabelecendo uma incompetência tributária ao ente político. Distintamente, na isenção, o ente político tem competência tributária10, porém, dispensa determinado contribuinte do pagamento do tributo. Exemplo: isenção de IR para contribuintes que ganhem até um salário mínimo.
Não incidência: fenômeno mais amplo se comparado aos dois anteriores. Nessa hipótese, o campo de incidência do tributo não abarca a situação ou simplesmente não foi criada a lei pelo ente competente para cuidar do tema. Exemplo: não incidência de IPVA em relação às bicicletas; ausência de cobrança do imposto sobre grandes fortunas pela falta de lei (competência da União). 
Alíquota zero: em tese nasceria a obrigação tributária (isso é discutível); o crédito, não. Exemplo: alíquota de 0% do IPI nos veículos.
1.2.8 Imunidade recíproca
Prova: CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz. 
A limitação de exigência tributária sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros (União, estados, DF e municípios) é passível de modificação constitucional, uma vez que se trata de princípio de garantia subjetiva, e a restrição de imutabilidade tributária refere-se às garantias objetivas. 
Gabarito: Errado.
Como dito anteriormente, o artigo 150, inciso VI, da Carta Magna, aplica-se apenas aos impostos. Não abarca os tributos vinculados (taxas e contribuições de melhoria) e nem empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. 
Observação: esse é o entendimento pacífico na jurisprudência do STF. 
CRFB, Art. 150.Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
templos de qualquer culto; 
patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) ;
Prova: CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz 
Com referência às limitações do poder de tributar, assinale a opção correta. 
b) A imunidade constitucional de livros não se estende à COFINS. 
Gabarito: correto.
Nos ditames do posicionamento encampado pelo Pretório Excelso, a imunidade recíproca abrange toda imposição tributária a título de impostos que possa comprometer o patrimônio, a renda e os serviços do ente imune.
Exemplo: IOF (ACO 468-3, fev/1997); IR decorrente de aplicação financeira em fundos de investimento (ADIMC 1758-4); IR sobre aplicações financeiras (ADI 1758/DF – Informativo nº 369). 
Observação1: (classificação do CTN) o CTN faz uma classificação dos impostos, que, de acordo com o STF, não pode ser utilizada para fins de interpretação e limitação da imunidade prevista na CRFB. 
Exemplo: segundo o CTN, o IOF é um imposto incidente sobre a produção e circulação, o que, porém, não afasta a imunidade. 
Observação2:renda obtida em virtude de aplicações financeiras. Embora, em tese, o dinheiro aplicado em instituições financeiras e a renda por ele gerada não estejam incluídos entre as finalidades do ente imune, a imunidade também protege tais rendimentos (ADI 1758-4 – Informativo nº 369 do STF).
Prova: CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz 
d) Pode incidir IOF sobre aplicações financeiras realizadas por autarquia estadual, uma vez que as rendas derivadas são relativas a atividades eminentemente privadas. 
Gabarito: Errado. Vide o posicionamento acima explanado.
Observação: impostos indiretos (IPI, ICMS, ISS). Até o final da década de 90, os precedentes do STF eram no sentido de que a imunidade não se estendia aos impostos indiretos, pois tais impostos são repassados para o consumidor (adquirente do produto, mercadoria ou serviço). 
Esse entendimento foi alterado pelo STF em relação às instituições de assistência social (Art. 150, VI, “c”, da CRFB), em julgado no qual o Supremo estendeu a imunidade também para o ICMS (informativo nº 299). Posteriormente, o STF aplicou essa mesma orientação em um julgado que tratava do INCRA (informativo nº 518). 
No informativo nº 299, o STF entendeu que a não tributação traria uma maior eficiência e um melhor resultado para a instituição imune e, consequentemente, mais recursos para aplicação nas atividades filantrópicas. Pela ótica do direito econômico, pode-se questionar, porquanto isso poderia materializar-se numa concorrência desleal. É que a instituição filantrópica estaria a desempenhar atividade econômica com benefícios não estendidos às instituições privadas.
No informativo nº 518, o STF entendeu que o exercício esporádico e eventual de uma atividade econômica por uma autarquia (INCRA) não afasta a imunidade de tal instituição, que só deixa de existir caso a natureza jurídica e a finalidade da instituição seja a exploração de atividades econômicas.
Casos de não aplicação
A imunidade não se aplica quando o ente imune for o contribuinte de fato do tributo (exemplo, ICMS cobrado da companhia de energia elétrica que é repassado ao município). A imunidade tributária aplica-se apenas quando o ente imune for contribuinte de direito do tributo. 
Exemplo: INCRA (contribuinte de fato) compra produtos de fornecedor (contribuinte de direito). Aqui incide ICMS, repassado pelo fornecedor ao INCRA. Na hipótese, não há isenção.
Observação: segundo o professor, talvez o mais correto fosse, justamente, realizar o contrário, pois o patrimônio do ente imune é verdadeiramente afetado quando ele é contribuinte de fato, e não de direito. 
A imunidade aproveita às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público, em relação ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou às dela decorrentes (artigo 150, § 2º, CRFB).
O art. 150, §3º, da CRFB, estabelece que a imunidade recíproca dos entes políticos e das autarquias e fundações não se aplica ao patrimônio, a renda e aos serviços relacionados com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário e nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente a bem imóvel. 
Observação1: o promitente comprador de imóvel residencial é contribuinte do IPTU, ainda que o imóvel esteja transcrito em nome da autarquia. Esse é o entendimento sumulado do STF e reiterado na jurisprudência do STJ. Tal medida visa a evitar que o promitente comprador imita-se na posse do imóvel, exerça-a com animus dominie furte-se ao pagamento do imposto predial por não levar a promessa ao cartório e fazer a escritura definitiva. 
Enunciado nº 583 – Súmula do STF 
Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. 
Observação2: a imunidade é aplicável a autarquias e empresas públicas que prestem serviços públicos, desde que não distribuam lucros ou tenham por objetivo principal gerar acréscimo patrimonial ao poder público e não desempenhem atividade econômica(livre iniciativa e livre concorrência).
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. AUTARQUIA. SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO. ATIVIDADE REMUNERADA POR CONTRAPRESTAÇÃO. APLICABILIDADE. ART, 150, §3º DA CONSTITUIÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL 2. É aplicável a imunidade tributária recíproca às autarquias e empresas públicas que prestem inequívoco serviço público, desde que, entre outros requisitos constitucionais e legais não distribuam lucros ou resultados direta ou indiretamente a particulares, ou tenham por objetivo principal conceder acréscimo patrimonial ao poder público (ausência de capacidade contributiva) e não desempenhem atividade econômica, de modo a conferir vantagem não extensível às empresas privadas (livre iniciativa e concorrência). 3. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto é imune à tributação por impostos (art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º da Constituição). A cobrança de tarifas, isoladamente considerada, não altera a conclusão. Agravo regimental conhecido, mas ao qual se nega provimento. (RE 399307 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 16/03/2010, DJe-076 DIVULG 29-04-2010 PUBLIC 30-04-2010 EMENT VOL-02399-07 PP-01492 RTJ VOL-00216- PP-00529).
Observação3: a imunidade se estende ao INCRA, pois só deixaria de existir quando a natureza jurídica da entidade estatal é de exploração da atividade econômica (informativo nº 518 do STF). 
Imunidade Tributária Recíproca: INCRA e Exploração de Unidade Agroindustrial 
A Turma proveu recurso extraordinário para reconhecer imunidade tributária recíproca ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA (CF, art. 150, VI, a, e § 2º), relativamente ao não recolhimento de ICMS por eventual exploração de unidade agroindustrial. No caso, a mencionada autarquia federal era mantenedora de unidade agroindustrial que, em virtude de desapropriação ocorrida para sanar conflito social na área em que instalada, passara a integrar o acervo patrimonial da recorrente. Entendeu-se que a atividade exercida pela autarquia não se enquadra dentre aquelas sujeitas ao regime tributário próprio das empresas privadas, considerando que a ocasional exploração dessa unidade está no âmbito de sua destinação social em setor relevante para a vida nacional. Observou-se que a imunidade tributária só deixa de operar quando a natureza jurídica da entidade estatal é de exploração de atividade econômica, o que não ocorrera na espécie. 
RE 242827/PE, rel. Min. Menezes Direito, 2.9.2008. (RE-242827).
Embora não haja previsão expressa no texto constitucional, o STF estende também a imunidade para as empresas públicas e sociedades de economia mista, desde que observados os requisitos elencados (vide o RE 399307). As empresas públicas devem ser prestadoras de serviços públicos ou atuarem em atividades econômicas mediante monopólio. 
Exemplos: ECT (inclusive em razão a atividades que não se incluem nos serviços tipicamente postais – inf. 694 do STF); Casa da Moeda (inf. 710 do STF); INFRAERO (inf. 475 do STF); CAERD (inf. 455 e 456 do STF); DOCAS/CODESP (inf. 602 do STF). Hospital (sociedade de economia mista) e serviços de saúde (inf. 613 STF).
Informativo nº 696 do STF 
ECT: ISS e imunidade tributária recíproca - 7 
Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT estão abrangidos pela imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, a, e §§ 2º e 3º). Essa a orientação do Plenário que, ao concluir julgamento, por maioria, proveu recurso extraordinário interposto de acórdão em que se limitara o colimado benefício aos serviços tipicamente postais mencionados no art. 9º da Lei 6.538/78. A Corte de origem entendera lícito ao município recorrido a cobrança de Imposto sobre Serviços - ISS relativamente àqueles não abarcados pelo monopólio concedido pela União — v. Informativos 628 e 648. Na sessão de 16.11.2011, o Min. Ayres Britto registrou, de início, que a manutenção do correio aéreo nacional e dos serviços postais e telegráficos pela recorrente não poderia sofrer solução de continuidade, de maneira a ser obrigatoriamente sustentada pelo Poder Público, ainda que lhe gerasse prejuízo. Além do mais, reputou possível a adoção de política tarifária de subsídios cruzados, porquanto os Correios realizariam também direitos fundamentais da pessoa humana — comunicação telegráfica e telefônica e o sigilo dessas comunicações —, em atendimento que alçaria todos os municípios brasileiros (integração nacional) com tarifas módicas. Assinalou que, na situação dos autos, a extensão do regime de imunidade tributária seria natural, haja vista que a recorrente seria longa manus da União, em exercício de atividade absolutamente necessária e mais importante do que a própria compostura jurídica ou a estrutura jurídico-formal da empresa. O Min. Gilmar Mendes, em reforço ao que referido, ressaltou que a base do monopólio da ECT estaria sofrendo esvaziamento, tornando-se ultrapassada, diante da evolução tecnológica. Ressurtiu que a recorrente, mesmo quando exercesse atividades fora do regime de privilégio, sujeitar-se-ia a condições decorrentes desse status, não extensíveis à iniciativa privada, a exemplo da exigência de prévia licitação e da realização de concurso público12. Concluiu que, enquanto não houvesse a mudança preconizada na ADPF 46/DF (DJe de 26.2.2010), a imunidade recíproca aplicar-se-ia em relação ao ISS, sob pena de desorganização desse serviço, dado que os municípios o tributariam de modo distinto. 
RE 601392/PR, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 28.2.2013. (RE-601392) Audio
ECT: ISS e imunidade tributária recíproca - 8 
Em seguida, o Min. Celso de Mello sublinhou que essas outras atividades existiriam para custear o desempenho daquela sob reserva constitucional de monopólio. Se assim não fosse, frustrar-se-ia o objetivo do legislador de viabilizar a integração nacional e dar exequibilidade à fruição do direito básico de se comunicar com outras pessoas, com as instituições e de exercer direitos outros fundados na própria Constituição. Em arremate, frisou não haver comprometimento do status de empresa pública prestadora de serviços essenciais, sendo conditio sinequa non para a viabilidade de um serviço postal contínuo, universal e de preços módicos. Nesta assentada, o Min. Ricardo Lewandowski reajustou o voto proferido anteriormente. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, relator, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cezar Peluso e Marco Aurélio, que negavam provimento ao recurso. 
RE 601392/PR, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 28.2.2013. (RE-601392).
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua prestação pelo Estado mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com repercussão geral. (RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-192 DIVULG 05-10-2011 PUBLIC 06-10-2011 EMENT VOL-02602-01 PP-00078).
Casos de não aplicação. A imunidade não se aplica quando houver a delegação ou a concessão do serviço público à iniciativa privada, podendo o tributo ser cobrado quando houver a exploração da atividade pelo particular com finalidade lucrativa. Ex: energiaelétrica, telecomunicações, etc. Esse mesmo raciocínio aplica-se para os serviços notariais.

Outros materiais