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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Plantas Medicinais e Fitoterapia – CIF 5417 Isabella Caldas e Tainah Paiva ALOE VERA Florianópolis 2017 INTRODUÇÃO Para muitas pessoas, a busca pelo corpo perfeito inclui o bronzeado. Porém, se adquirido de maneira errada, ele pode causar sérias queimaduras e evoluir, até mesmo, para um câncer de pele. Para tal patologia, desde os primórdios, a humanidade busca, nas plantas medicinais, o alívio ou cura para as queimaduras solares, nos quais a Babosa foi, e ainda é, muito usada. Queimadura solar é uma queimadura na pele produzida pela superexposição à radiação ultravioleta (UV), geralmente dos raios solares. É caracterizada por uma inflamação que pode se apresentar como mancha avermelhada ou mesmo bolhas no local acometido. Os seus sintomas são dor, queimação, ardência, picadas, mudança de textura da pele e, às vezes, bolhas. O aparecimento dessas últimas está ligado à profundidade e à gravidade da queimadura. As queimaduras de sol são classificadas em três graus: Primeiro grau: atingem a camada mais superficial da pele, a epiderme. Quando ocorrem, causam vermelhidão (mancha escura) na pele. Segundo grau: atingem a epiderme e parte da derme mais profunda. É comum que a pessoa sinta dor, tenha inchaço e que forme quase bolha ou bolha superficial. Terceiro grau: atingem a camada mais profunda da pele. Este caso é o mais grave, com formação de bolhas. DADOS DA PLANTA BABOSA Nome científico: Aloe Vera Botânico que classificou a planta: Linnaeus foi o primeiro que denominou formalmente a Aloe Vera como Aloe perfoliata Var. vera Nomes populares: Babosa, Aloé, Aloé-candelabro, Babosa-de-arbusto, Erva-babosa, Erva-de-azebra, Caraguatá. Origem ou habitat ou ocorrência: África do Sul, Malaui, Zimbabue e Moçambique. Partes usadas: mesófilo das folhas (porção mucilaginosa do parênquima tissular), ou seja, o gel, e suco obtido através de uma incisão das folhas sob a forma de um sólido cristalino denominado acíbar. Usos populares: tratamento de queimaduras em geral, acne, coceira, erisipela, cicatrização, eczemas, picadas de inseto, fortalecedor do couro cabeludo, hidratante, umectante, vermífugo. Composição química: enzimas, sais minerais, aminoácidos, vitaminas do complexo B, bem como um ingrediente que estimula as defesas imunológicas. Ao todo, diz-se que integra 75 compostos naturais. * ANTRAQUINONAS Interações medicamentosas: O uso interno da Aloe pode diminuir o efeito de substâncias como: cafeína, cocaína, timol, iodo, fenol, ferro, mentol, taninos, etanol. Contraindicações: A planta não deve ser utilizada em mulheres grávidas, nem durante o período menstrual, já que a aloína pode promover contrações uterinas e hemorragias. Também é contraindicado para crianças abaixo de 11 anos e para pacientes com problemas intestinais como apendicite, colite ulcerosa, Doença de Crohn e hemorroidas. Toxicidade: períodos prolongados (mais que 3 meses), provoca dores abdominais, cólicas, podendo ocorrer casos de diarreia sanguinolenta, hemorragia gástrica e nefrite. Intoxicação por uso excessivo de látex são, basicamente: hipocalemia (câimbras, transtornos do ritmo cardíaco), hipoaldesteronismo (debilidade, pulso lento e hipotermia), além de diarreia intensa com perdas de eletrólitos como potássio e sódio. A PESQUISA Para a presente pesquisa foram usados os dois principais estudos científicos sobre o tratamento de queimaduras solares com Aloe vera. O primeiro estudo foi feito pelo departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Chulalongkorn University, na Tailândia. Foi um estudo randomizado controlado, publicado por Puvabanditsin P. e Vongtongsri R. Já o segundo estudo foi feito por diversos programas de pós-graduação do Brasil todo, incluindo a Universidade Federal de Santa Maria, a Universidade Federal de Sergipe e a própria Universidade Federal de Santa Catarina. Foi publicado por diversos autores, entre eles Silva MA, Trevisan G e Hoffmeister C. Visto isso, por questões de clareza e comparação, o presente trabalho será dividido em duas partes, cada uma com foco em um dos estudos. ESTUDO 1: Eficácia do creme de Aloe vera na prevenção e tratamento de queimaduras solares e bronzeados. Foi um estudo realizado com 20 voluntários, na Tailândia. Houve um grupo experimental e um grupo controle os quais receberam o creme de Aloe vera ou um placebo. Foi usado de parâmetro o MED (Minimal Erythema Dose) que indica a quantidade de radiação UV que provocará um eritema (vermelhidão na pele devido a vasodilatação dos capilares cutâneos) mínimo de um indivíduo exposto. O MED foi empregado numa faixa de 40 a 60 mj (milijoules), onde o eritema foi tratado com um creme de Aloe vera a 70%. O creme foi aplicado 30 minutos antes, imediatamente após ou antes e após as radiações, duas vezes ao dia durante 3 semanas. O eritema e a pigmentação da pele foram medidos numa escala gradual (visual) de 1 a 4. Os resultados mostraram que a Aloe vera em questão NÃO possui eficácia na proteção e no tratamento de queimaduras solares quando comparado ao placebo, e também não possui efeito de branqueamento da pele. ESTUDO 2: Efeito anti-inflamatório e antioxidante da Aloe Saponaria num modelo de queimaduras induzidas por UVB em ratos Este estudo foi realizado em ratos machos Wistar (linhagem albina da espécie Rattus norvegicus), em diversos programas de Pós Graduação de várias Universidades brasileiras. A partir da constatação de que a radiação UVB afeta muitos tecidos do corpo através da indução do aumento da produção de espécies de oxigênio, levando a sérios danos na pele, incluindo dor e inflamação, o estudo teve como objetivos investigar os efeitos da Aloe Saponaria em paramêtros nociceptivos, inflamatórios e oxidantes. O modelo usado foi a queimadura por indução de raios UVB nos ratos. Os animais queimados foram tratados com um creme básico a 1% Sulfadiazina de prata (controle positivo) ou um creme de Aloe Saponaria a 10% uma vez ao dia durante 6 dias (experimental). Os efeitos nociceptivos induzidos pelos raios UVB (alodinia -mudança no sentido da dor e hiperalgesia - aumento da sensação de dor), inflamação (edema e infiltração de leucócitos) e stress oxidativo (aumento de H2O2, níveis da proteína carbonil, peroxidação lipídica e diminuição no teor de tiol não proteico) foram TODOS reduzidos pelos dois tratamentos. Além disso, a Aloe saponaria (ou seus constituintes Aloin e Rutina) reduziram o stress oxidativo induzidos pela H2O2 em homogeneizados de pele in vitro. Os resultados demonstraram que o tratamento com a aplicação tópica de Aloe saponaria exibiram efeitos anti-nociceptivos e anti-inflamatórios, que parecem estar relacionados com o efeito antioxidante dos componentes. CONCLUSÃO Com esta pesquisa pode-se perceber a ambiguidade no tratamento de queimaduras solares com a Babosa, visto que existem mais de 400 espécies da mesma, porém apenas 10% delas podem ser usadas para fins medicinais. No estudo 1, em humanos, foi utilizada a Aloe Vera, que comprovou-se não ter eficácia, o que leva a um sério questionamento, já que existem muitas pesquisas relacionadas aos benefícios da Aloe vera para queimaduras solares. Já no estudo 2, em ratos, a outra espécie Aloe saponaria se mostra efetiva no tratamento, o que traz a tona a duvida: afinal, a babosa é ou não é conveniente no tratamento de lesões por raios UVB? A resposta é simples: ainda não se sabe. Apesar de já existirem diversas pesquisas sobre o tema, ainda não há uma conclusão defintiva. A própria ANVISA pronuncia-se dizendo que “não é possível atribuir propriedades terapêuticas (tratamento, cura ou prevenção) aos alimentos, uma vez que são características próprias de medicamentos“, proibindo a comercialização de produtos que contenham a Aloe vera em sua composição. Por conseguinte, concluímosque a babosa pode sim ter efeitos no tratamento para queimaduras solares, mas dependendo da espécie e de como é utilizada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.uepg.br/fitofar/dados/ALOE.pdf http://www.tropicos.org/NameSearch.aspx?name=Aloe+vera&commonname https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22336851 http://www.mariahelena.pt/pt/pages/remedios-caseiros-contra-as-queimaduras-solares https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24681774 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16623024 http://www.noticiasnaturais.com/2014/04/aloe-vera-a-maravilha-proibida/#ixzz4yWck4EKV
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