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FUNDAMENTOS DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA

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http://www.archdaily.com.br/br/01-106915/fundamentos-da-arquitetura-contemporanea-
slash-siegbert-zanettini 
 
Fundamentos da Arquitetura Contemporânea / 
Siegbert Zanettini 
• 20:41 - 3 Abril, 2013 
 
• por Igor Fracalossi 
 Guarde este artigo 
 Fundamentos da Arquitetura Contemporânea / Siegbert Zanettini 
 
Guardar no Meu ArchDaily 
 
Escola Panamericana de Arte, 1991. Cortesia Siegbert Zanettini 
 
O objetivo deste texto é trazer elementos que possam contribuir para uma reflexão sobre 
a contemporaneidade da arquitetura onde abordaremos alguns pontos que fazem parte 
da conclusão da obra “Razão e Sensibilidade”, texto sistemático que apresentei no ano 
2000, para minha Livre Docência na FAUUSP e resultantes das experiências no 
universo teórico-prático, nas quatro últimas décadas. 
A arquitetura por mim praticada nesse período refletiu o quadro cultural de cada 
momento e resultou da conjunção da razão amadurecida pelas reflexões, pesquisas e 
teses e da sensibilidade desenvolvida pelas idéias experimentadas em projetos e obras, 
algumas vezes, aquela fornecendo subsídios teóricos para a conceituação desta, outras 
vezes esta alimentando ou mesmo questionando as hipóteses daquela. 
Esse evolutivo e simbiótico desenvolvimento teórico-prático teve uma condicionante 
especial: toda a produção se beneficiou com a condição de professor de arquitetura 
coincidir com a mesma área do trabalho profissional, as duas atividades se completando, 
embora com papéis distintos, por força de seus objetivos específicos. A crítica, o 
questionamento, a reflexão sobre cada obra, realizadas no âmbito universitário, alterava 
caminhos, aproximava experiências, quantificando e sistematizando cada ação. De outro 
lado, o contato direto com a produção, com a matéria a ser trabalhada, com o testar um 
novo sistema construtivo, estrutural ou de instalações, indo fundo no fazer, sem 
simulacros artificiosos e nas condições reais de uso e desempenho, com resultados 
convincentes, ou às vezes negativos, ratificou acertos e descartou erros, experiências 
essas que seriam quase impossíveis no âmbito universitário. 
Essa especial condição do professor-profissional talvez tenha sido uma condicionante 
essencial no desenvolvimento de uma visão holística e sistêmica que alicerçou o 
caminho trilhado na área da arquitetura. 
Uma sólida e extensa formação, de quase cinco décadas, resultante do contato pessoal e 
com a obra de um grupo excelente de professores da Universidade, com sua exemplar 
postura e sábia orientação ao acesso a uma bibliografia densa, nas várias áreas do 
conhecimento auxiliou, e muito, a entender os conflitos e contradições conjunturais 
políticas e ideológicas, a impedir desvios éticos e a resistir ao ganho fácil e às tentações 
de produzir uma arquitetura de ocasião, estimulada pelos constantes “contos de sereia” 
das áreas especulativa e imobiliária, principais responsáveis pelo memismo e pela 
profusão da mediocridade arquitetônica, no lado rico das cidades. 
Por outro lado, era ilusão pensar que eu pertencia a um mundo à parte, livre e 
desvinculado das injunções estruturais e conjunturais, econômicas e políticas do país, 
onde o desígnio , que acreditávamos estar na esfera de decisão do arquiteto não fosse, 
como ainda continua sendo determinado pelo capital. A condição material da arquitetura 
e do urbano que inclui o solo, os edifícios e o mundo dos objetos traduz-se em 
mercadorias, com o valor de troca sobrepujando-se ao valor de uso, respondendo às 
determinações do mercado e a serviço do capital, atendendo-o nas suas exigências e 
necessidades. 
Essas condicionantes, exponencializadas em escala mundial no período tecnológico pós-
guerra, ou “cibernético-monopolista” no dizer de Andrés Zarankin, da etapa atual do 
capitalismo globalizante, ditam o que, a quem e como deve ser direcionada a produção 
material, definindo os contornos e os limites da arquitetura, como seu reflexo e efeito. 
Algumas das soluções que seriamente pesquisamos, como ciência e como criação, 
sofrem, portanto, as injunções de mercado e respondem às suas condições de produtos 
de consumo. Isso, entretanto, não invalida a produção do conhecimento sobre esta nobre 
arte de construir, seu avanço de qualidade, maior eficácia no seu desempenho, 
minimização de patologias e o seu avanço tecnológico, com uma postura progressista e 
prospectiva em direção a uma nova realidade pela qual lutamos, na qual acreditamos e 
que há muitos anos perseguimos. 
Portanto, trabalhar com correção nas áreas de domínio da arquitetura, com base nos 
conhecimentos científico e sensível, de uma forma sistêmica que globalize o histórico, o 
ambiental, o social, o político, o econômico e o tecnológico continua sendo tarefa a 
perseguir, sem prazo determinado, nesse universo conflituoso, em desequilíbrio e 
injusto que temos que ultrapassar. 
A abordagem proposta procura extrapolar a discussão unidimensional da estética da 
forma na arquitetura, que perdurou como questão central durante as últimas décadas, em 
especial nos anos 60 e 70, nos textos de Robert Venturi, Aldo Rossi, Peter Eisenman, 
Charles Moore, Michael Graves e outros, sobre o desgaste do movimento moderno que 
“deixou de ser uma causa para se transformar num estilo”, segundo Anatole Kopp, e 
preparou o caminho para o surgimento do movimento pós-moderno. 
Este ao negar a arquitetura moderna e a sua forma de organização do espaço, 
homogêneo em todas as direções, e nos limites de uma geometria definida e controlada, 
colocava como oposição o espaço pós-moderno “ambíguo no seu zoneamento e 
irracional no que se refere à sua relação entre as partes e o todo. Os limites a miúdo não 
ficam claros e o espaço se estende indefinidamente, sem limite aparente”, segundo 
Charles Jenks, um dos arautos do movimento. 
A par de sua importante contribuição de sacudir o ambiente com críticas à já 
enfraquecida arquitetura moderna, o arcabouço teórico dessa corrente enfatizava a 
questão estética da arquitetura e, talvez, resida nisso o seu limite. 
Por decorrência dessa limitada e unidimensional crítica, opôs ao “estilo moderno” os 
demais estilos no seu tratamento plástico-formal, como uma evocação retro-nostálgica e 
com colagens formais artificiais. Assim aparecem desenhos evocando motivos “Art-
Deco”, desenhos geométricos, imitações fabricadas e inspiradas em materiais nobres e 
soluções em cenários apostos, encobrindo estruturas e com superfícies e revestimentos 
não vinculados à função. 
O desgaste da arquitetura moderna, de um lado, e a superficialidade da arquitetura pós-
moderna, de outro, para a qual já se podia preconizar um curto prazo de duração, que 
permaneceu como resíduo em propostas isoladas, despertou a hipótese de tentar 
estruturar uma idéia de contemporaneidade na arquitetura. 
Alguns pressupostos estimulavam essa tarefa. 
Diversas questões ao longo da trajetória intelectual e profissional já vinham sendo 
experimentadas e davam força à idéia. Por outro lado, um espectro amplo de referências 
apontava uma parte do caminho já se construindo. Nos mais variados campos, e mais 
nitidamente nas ciências biológicas, nas ciências ambientais e na área das exatas, nos 
campos da eletrônica e da tecnologia surgiam avanços notáveis. Nas áreas humanas, 
inclusive, as contribuições da antropologia, da arqueologia histórica e da arquitetura 
eram animadoras. 
Para melhor compreensão, convém explicitá-las: 
1. a arquitetura não mais se limitando a tomar como sua área de domínio a questão do 
espaço e da estética da forma. A necessidade crescente, que a realidade vem impondo, 
de mudar de dimensão no seu enfoque com uma abordagem sistêmica da cultura 
material como tambémdas formas de produção material, no atendimento às novas 
demandas e necessidades individuais e coletivas. 
Esse aumento de complexidade de seu conhecimento e de seu trato vem exigindo uma 
crescente contribuição interdisciplinar de variadas áreas de especialidade e colaboração 
cada vez mais ampla de inúmeros intervenientes. 
Como decorrência, e talvez a mais próxima, a “re-união” de arquitetos, engenheiros e 
tecnólogos numa formação e num trabalho mais interativo, face à 
constatação irrefutável de que essas áreas tratam de um mesmo objeto; 
2. as recentes contribuições sobre a noção de lugar e a tomada de consciência da questão 
ambiental, natural e construída, que explicitam a noção de território - “o espaço do 
cidadão”- local onde o homem finca as suas raízes na terra em que vive, na comunhão 
que com ela mantém. Cultura e territorialidade são heranças e também relações 
profundas do homem com o meio. Daí definirem-se formas próprias e contornos físicos 
claros que marcam a condição de nacionalidade como herança de modos de vida e de 
tradições locais e de internacionalidade, enquanto visão de mundo, conceitos aqui 
emprestados do Prof° Milton Santos; 
3. a incorporação de novas áreas científicas e de novas tecnologias, com influências 
diretas na concepção e na organização dos espaços como a biogenética, a comunicação 
móvel celular, a visão metabólica da cidade, a informatização da vida cotidiana, a 
diversificação da matriz energética, entre outras; 
4. as exigências crescentes e cada vez mais instrumentalizadas traduzidas em proteções, 
garantias, certificações, homologações, normas, que garantam qualidade, desempenho, 
durabilidade, economia e resguardem a integridade do produto, seja edificação ou 
objeto; 
5. a gradativa utilização de tecnologias limpas que avançam no sentido de menos 
poluição, menos ruído, menos desperdício e menos agressão ao meio ambiente; 
6. o desenvolvimento do conhecimento sensível, como por exemplo, no estudo do 
fenômeno da cor, até há pouco tempo explicado pelo seu aspecto sensitivo, hoje com 
várias teorias da ciência da percepção, do processo cognitivo e da colorimetria em 
Berkeley, MIT e Barcelona; 
7. as experiências arquitetônicas no exterior que a partir da obra do Centro Pompidou 
em 77, dos arquitetos Richard Rogers e Renzo Piano, aos quais se juntam Norman 
Foster, Santiago Calatrava, Jean Nouvel, Bernard Tschumi, Nicholas Grimshaw, 
Dominique Perrault, I. M. Pey, entre outros, e no Brasil, João Filgueiras Lima e o 
arquiteto que aqui escreve, colecionam um formidável acervo de projetos e obras, 
documentadas em textos críticos e publicações que as situam como experiências 
contemporâneas, cujas referências recíprocas são inevitáveis. 
Que princípios norteiam essas obras e as une como uma nova forma de abordagem da 
arquitetura, de sorte que se possa reconhecer um novo movimento? E que aspectos as 
separam e marcam as diferenças entre os vários caminhos. 
Como resposta alguns pontos merecem ser destacados: 
a) respeito ao sítio onde se implantam e aos programas específicos. 
“ Na Europa, a modernidade e o quadro histórico pareceu formar uma simbiose muito 
mais forte que na grande época do modernismo, que buscava impor uma nova ordem. A 
vida cotidiana dos europeus está submetida à confrontação permanente da tradição e 
uma rápida evolução. Um dos fatores fundamentais da viabilidade da arquitetura 
contemporânea é sua capacidade de evoluir na direção da aceitação do passado, mesmo 
que apareçam novas formas e soluções”.... 
“ A estética da concepção arquitetônica parece mais e mais sempre ditada, não mais por 
convenções estilísticas pré-determinadas, mas por fatores ligados ao sítio ou ao 
programa”.... 
“ Construir na Europa hoje requer uma tolerância e uma abertura que não convém de 
maneira nenhuma a um enfoque dogmático. Cada regra conhece suas exceções. A 
arquitetura atual é antes de tudo a soma dessas exceções. (Jodidio, 1998); 
b) os contextos econômicos e políticos vigentes na maioria dos países, dão aos 
arquitetos múltiplas razões para se inquietar com o futuro, quando se constata uma 
tomada de consciência engrandecendo a importância da qualidade da construção que 
entrava a realização de um número mais elevado de projetos inovadores. 
Esse procedimento que mais recentemente vem ocorrendo na Europa, no Brasil nos 
acompanha pelo menos há quatro décadas, com uma arquitetura que em termos de 
renovação e qualidade construtiva, deixa muito a desejar; 
c) uso de novas tecnologias, visando a uma produção qualitativamente mais controlada 
por processos industrializados, fazendo gradativamente do canteiro de obras o local de 
montagem. Isso implica numa abordagem sistêmica e planejada de todo o ciclo 
produtivo da obra na sua totalidade, desde a elaboração de projetos profundamente 
detalhados e compatibilizados. Não há improvisos ou soluções de obra, como ocorre 
com frequência na obra tradicional. Daí outro aspecto que as une: a importância do 
projeto na explicitação da noção de qualidade na cadeia produtiva da construção civil; 
d) outro ponto a destacar na questão da contemporaneidade é que cada intervenção no 
espaço, deve adequar-se ao conhecimento estruturado das ciências humanas. Não 
se consegue imprimir uma visão prospectiva e de futuro para a arquitetura, sem o 
conhecimento histórico das experiências formais e espaciais do passado, umbilicalmente 
ligadas à paulatina evolução das técnicas no tempo; 
e) outro procedimento contemporâneo é imprimir ao projeto a visão de processo que 
nunca se esgota, com o contínuo aprimoramento das linguagens arquitetônicas no uso 
das tecnologias do concreto, do aço, da madeira, da alvenaria estrutural, da argamassa 
armada, do solo-cimento e outras tantas, cada uma delas apropriada às condições de 
trabalho estrutural, às circunstâncias de como se dá a produção de cada sistema em cada 
região, objetivando a melhor relação custo-benefício; 
f) outro aspecto, aparentemente paradoxal, que une as experiências arquitetônicas 
contemporâneas é a liberdade com que cada arquiteto imprime à sua obra, o que 
caracteriza as diferenças que toda obra de arte deve ter e onde se expressa a 
individualidade do criador. E não poderia ser diferente: regiões, lugares, sítios, relevos, 
climas, programas, tipologias, usos, sistemas construtivos, materiais e tudo o mais, 
bastante diversos, não há porque engessar formas, com padrões e modelos dogmáticos, 
materializando mais um “novo estilo”. 
Há sim, que haver coerência global no planejamento, no projeto, na fabricação e na 
execução da obra, de modo a satisfazer as necessidades econômicas, fisiológicas, 
ambientais e estéticas, direcionadas à razão e à emoção do homem; 
g) portanto, uma característica estrutural da visão contemporânea da arquitetura está na 
conjunção de questões interagentes que ocorrem na produção da arquitetura – homem, 
lugar, uso, medida, ambiente, técnica, matéria, ciência, tecnologia – enquanto aspectos 
de um universo objetivo, com o conjunto de variáveis do mundo sensível das idéias e da 
criação, nessa constante busca da essência, do equilíbrio, do harmônico, do duradouro, 
com o permanente desafio da busca de excelência estética, econômica e construtiva e no 
atendimento às satisfações físicas, e psíquicas dos indivíduos que dela usufruem. 
A arquitetura contemporânea é o resultado físico-espacial do encontro equilibrado e 
harmônico entre dois mundos: o racional e o sensível. 
 
	Fundamentos da Arquitetura Contemporânea / Siegbert Zanettini

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