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Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 1. TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES ENTRE OS LIMITES ELÁSTICOS 1.1. Conceito de Tensão Considere um corpo em equilíbrio sob a ação de um sistema de forças externas:(figura1-1): I S II M A I F n M A dF n dA d Figura 1-1: Corpo em equilíbrio e seccionado. Para quantificar as forças internas num ponto M, imagina-se o corpo seccionado por um plano genérico S passando por M. Toma-se em S um elemento de área A contendo M. Em A atuam forças internas (ação da parte II sobre a parte I através de A ) cuja resultante é F . A força interna média por unidade de área em A será: A F méd Admitindo que a área A decresce indefinidamente, sempre contendo o ponto M, no limite defini-se o vetor tensão no ponto M associado ao plano S (ou à direção de sua normal n ): A F lim A n 0 C A P ÍT U L O 1 TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES ENTRE OS LIMITES ELÁSTICOS Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos dAdF n Portanto, o vetor tensão em um ponto está associado a um plano. A área A no limite (dA) é chamada faceta. O vetor de tensão e sua medida possuem um caráter local, pois são associados a um ponto. Considerando agora a medida, ou norma, do vetor tensão n , pode-se definir, ainda, as seguintes componentes de tensão: -Normal à seção: A Fn A 0 lim -Tangencial à seção: A Ft A 0 lim , sendo n F a componente de F na direção da normal n e tF sua componente na direção tangencial (paralela) ao plano S. 1.2. Tensões em barras submetidas à força normal Considerando o caso de uma barra, no qual analisam-se somente seções normais ao eixo longitudinal da barra. No caso particular no qual o vetor resultante RF , das forças que agem na seção, coincide com a direção normal dessa seção, isto é, só há componente nF , diz-se que a barra está submetida a forças normais. Considere o caso simples de uma barra submetida a uma força F em seu eixo longitudinal (força axial). F S l l F N N S S Figura 1-2: Efeitos da força axial em barras de eixo reto. A força F causa deformações longitudinais na barra. Essas deformações originam componentes de tensão nas seções transversais, de modo que: dAN , isto é, o esforço normal N corresponde à resultante das componentes de tensão nornal na seção. Neste caso em particular, tem-se que σ é constante, logo: Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos ANdANdAN Figura 1-3: Distribuição de tensões normais. Quando σ for positivo a tensão normal é de tração, caso contrário é de compressão. A tração causa um alongamento e a compressão um encurtamento. 1.3. Diagrama Tensão – Deformação Inicialmente é necessário definir deformação. Considerando-se a barra anterior, submetida a uma força axial, verifica-se a ocorrência de um alongamento ∆l, comumente designado pela letra grega δ. O alongamento por unidade de comprimento define, então, a deformação da barra, dada por: ll l onde ∆l é a variação de comprimento (ou deformação absoluta), e ε a deformação específica. Obs: É importante fazer distinção entre deformação absoluta e deslocamento. Entende-se por deslocamento de um ponto, ou de uma seção transversal ou de um corpo, a mudança da sua posição original. No caso da deformação, quer absoluta ou específica, sua caracterização se dará pela mudança na forma do corpo, após ocorridos os deslocamentos. Isto é, pela ocorrência de deslocamentos relativos entre os pontos do correspondente corpo. Ensaios em corpos de prova padronizados permitem obter o chamado diagrama tensão-deformação. 1 2 3 = constante constante const = variável na seção constante const Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos F F F F l l Figura 1-4: Aplicação da força e medição das deformações axiais. Incrementa-se F e mede-se ε. Para cada incremento, calculam-se: A F e l Com os vários pares (σ; ε) constrói-se o diagrama: Figura 1-5: Diagrama Tensão-Deformação a partir do ensaio. O aspecto da curva σ - ε depende do material, podendo-se enquadrá-los em dois grandes grupos: dúctil e frágil. Curva σ –ε para material dúctil p e máx adm patamar de escoamento regime elástico regime plástico encruamento ruptura Figura 1-6: Diagrama típico para materiais dúcteis. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos p Limite de proporcionalidade para as deformações elásticas. e Tensão de escoamento (início das deformações plásticas) D Tensão considerada no dimensionamento:. csmáxd máx Máxima tensão obtida no ensaio A segurança das estruturas é garantida ao se considerar o valor de r no projeto Curva σ –ε para material frágil máx adm p Figura 1-7: Diagrama típico para materiais frágeis. Neste caso, só ficam definidos p e máx , isto é, não ocorre escoamento do material. O trecho linear da curva σ –ε dos vários materiais pode ser representada pela seguinte equação: E ,em que E é uma constante de proporcionalidade denominada “módulo de deformação” do material. O valor de E se iguala à tg α e é uma característica peculiar a cada material. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 1.4. Problema de análise estrutural: caso de uma barra sob carregamento axial F l x A + F F DN Diagrama de esforço normal Figura 1-8: Barra submetida à carga axial na extremidade. A resolução desse problema implica na determinação dos deslocamentos, das deformações e das tensões em qualquer ponto da barra. Para tanto é necessário combinar as relações: - Compatibilidade: Considerando que a barra se encontre submetida a um estado de tração uniforme, no qual seções planas e perpendiculares ao eixo da barra se deformem paralelamente umas em relação às outras, conforme ilustra a figura a seguir. Considerando um segmento AB na barra indeformada, que após a ocorrência de deformação passa à posição A*B*. A deformação específica longitudinal da barra x é dada por: A B l A* B* dx dx* uA x uB dx du dx uu dx dxdx AB ABBA AB x , sendo du a variação dos deslocamentos sofridos por dois pontos distantes de dx quando na posição indeformada. - Equilíbrio: A x dAxN . Quando σ é uniforme na seção, AxN x . - Constitutiva: EE xx Assim: dx AE xN uxudx AE xN dudx E du dx du EE xxxu x xx 000 0 . Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Para o caso particular em que N, E e A são constantes em x: x AE N dx AE N dx AE N uxu xx 00 0 )(xu → deslocamentos dx du x deformações xx E →tensões Se x=l: AE lN ulul 0 , l l x e xx E Notar que x e x são constantes ao longo de x. Se ctexNN )( ou dxxAA )( , a integral em du não é tão simples, de modo que: xxx dx xA xN E uxudx xAE xN du 000 )( )(1 0 )( )( 1.5. Caso de uma barra submetida a um carregamento uniformemente distribuído l x A q ql + DN ql x l-x N N q q Diagrama de esforço normal DCLs para o cálculo de N Figura 1-9: Barra sob ação de carregamento distribuído uniforme. Pelo equilíbrio de forças na direção x da parte da barra de comprimento l-x, tem-se: )( 0)(0 xlqxN xlqNF x Determinando a máxima componente de tensão normal e o máximo deslocamento axial. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos A lq xx xl A q x A xN x máx )(0 )()( )( )( ) 2 ()( )( 2 c x lx AE q xu dxxl AE q dudx E du Edx du dx du E dx du E -Condição de contorno: p/x=0, u(0)=0 )( ) 2 ()( 00)00()0( 2 xl AE q dx du x lx AE q xu cc AE q u -Máximo deslocamento AE ql u l ll AE q ululx lxxl AE q dx du máxmáx 2 ) 2 ()(, 0)(0 22 Obs: o carregamento q pode ser o peso próprio da barra para o caso de seção transversal com área constante. Neste caso: Aq , onde γ seria o peso específico do material e A seria a área da seção transversal. Teríamos então: lmáx e E l umáx 2 2 Analogamente ao que é feito no caso de vigas, pode-se determinar a equação de equilíbrio interno através do equilíbrio de um trecho de comprimento infinitesimal dx tão pequeno quanto se queira. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x dx N+dN q q x N O equilíbrio do trecho da barra de comprimento infinitesimal dx fornece: q dx dN dxqdN dNNdxqNF x 00 -Condição de contorno: p/ x=l →N=0 cxqNdxqdNdxqdN dNNdxqNFx 00 )()( 0 xlqxNN lqcclq A equação de equilíbrio interno xq dx dN é valida para qualquer função de carregamento xq . Imagine que o comprimento dx seja pequeno de forma que a função de carregamento possa ser considerada como a soma de um valor constante xq (valor da função para um dado valor de x) e uma função variação suposta muito pequena: xdq , assim a equação de equilíbrio do trecho de comprimento infinitesimal dx ficaria: 00 dNNdxxdqdxxqNF dxx x x , o valor da integral é o que chamamos de infinitésimo de ordem superior, pois tem ordem de grandeza do produto de duas grandezas muito pequenas ( xdq e dx ) e pode ser desprezado quando comparado com termos de ordem de grandeza de apenas um infinitésimo ( dN e dxxq ). Assim a equação xq dx dN é válida para qualquer variação de xq com x. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 1.6. Exemplos 1.6.1. Para a barra abaixo, determinar a função deslocamento u(x) e a variação de comprimento total da barra. Considere o módulo de elasticidade do material E como conhecido. 3A P 2P C B A 2 3 l 1 3 l x A O exercício é resolvido dividindo-se a barra em dois trechos distintos: Trecho BC: - “entrando” de baixo para cima para determinar o esforço normal, tem-se: N = 2P 2P EA P EA N EA P A N PN BC BC BC xBC x BC BCBC xBC 22 2 Sendo 1 2 Cx EA P xu dx du x , para lxl 3 2 Trecho AB: - “entrando” de baixo para cima para determinar o esforço normal, tem-se: N = P 2P - P = P EA P EA N EA P A N PN AB AB AB xAB x AB ABAB xAB 33 Sendo 2 3 Cx EA P xu dx du x , para lx 3 2 0 Como a barra está fixa em x = 0 (topo): Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos u(0) = 0 e C2 = 0. x EA P xu 3 , para lx 3 2 0 l EA P lu 9 2 3 2 Para achar C1: 1 2 Cx EA P xu , para lxl 3 2 l EA P Cl EA P xu 9 2 3 4 1 l EA P C 9 10 1 lll EA P x EA P lx EA P xu x 3 2 se , 9 102 3 2 x0 se , 3 x u (x) x2 3 l l 2Pl 9EA 9EA 8Pl Variação de comprimento total: l EA P luTOT 9 8 Alternativamente: l EA P l AE P l AE P ll BC BC xAB AB xBCABTOT 9 8 3 12 3 2 3 1.6.2. Para a barra solicitada por forças longitudinais centradas, calcular: a) A Tensão Normal máxima; b) Os deslocamentos dos pontos das seções A e B. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x 3 m 2 m 30kN 10kN A B C E = 10.000 kN/cm² A = 2 cm² Figura 1-10: Exemplo 1.6.1 - Diagrama de corpo livre para o cálculo das reações: 30kN 10kN HA V A MA 0 A M e 0 A V (atendidas identicamente) kNHHF AAx 20010300 - Esquema: 30kN 10kN20kN SI SII Seção IS : NAB20kN SI kNNN ABAB 20020 (tração) Seção IIS : 30kN20kN SII NBC kNNN BCBC 1002030 (compressão) - Determinação das Tensões Trecho AB: 210 2 20 cmkN A N ABAB AB AB AB (tração) Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Trecho BC: 25 2 10 cmkN A N BCBC BC BC BC (compressão) Obs.: em valores absolutos, tem-se que 210 cmkNABmáx . - Determinação dos deslocamentos: x AE N uxu cteA cteN 0)( ∆l→ variação do comprimento em cada trecho. Quanto os pontos de uma seção se deslocam em relação aos de uma outra seção. Condição de contorno (válida para o trecho AB): 00 u Trecho AB: cmucm cm cm kN cmkN uul AB 3,0)300(3,0 2.000.10 30020 0)300( 2 2 Trecho BC: cmucm cm cm kN cmkN uul BC 2,01,03,0)500(1,0 2.000.10 20010 300)500( 2 2 ou ainda cmlluul BCABAC 2,00500 . x(cm) u(x) (cm) 3000 500 0,3 0,2 1.6.3. Para a barra submetida a forças longitudinais centradas, calcular: a) O valor da força F de modo que não seja exercida a tensão normal admissível (respeitando os sentidos de F); b) Para o maior valor possível de F, calcular o máximo deslocamento e verificar se existe alguma seção, além do engaste, cujos pontostenham deslocamento nulo. Caso exista, determinar sua posição. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x 3 m1,5 m 2F5F A B C 1,5 m D 24 2 1001 12 cm/kN,E cm/kN adm 2 2 3 6 cmA cmA CD AC Figura 1-11: Exemplo 1.6.2 - Reações e diagrama de esforço normal: x 2F5F A B C D HA FHFFHF AAx 30250 x 2F5F A B C D 3F SI SII Trecho AB (SI): Trecho BD (SII): A 3F SI NAB 5F A B 3F SII NBC = NCD 3F+NAB=0 →NAB=-3F (compressão) 3F-5F+N=0 →N=2F (tração) Diagrama de esforço normal: + - A B C D 2F 3F (DN) - Máximo valor de F A tensão normal máxima em qualquer seção não pode ser maior que a admissível: adm tanto na compressão quanto na tração. Existem três trechos nos quais N e A são simultaneamente constantes: * Trecho AB: NAB=-3F e AAB= AAC = 6cm² * Trecho BC: NBC=2F e ABC= AAC= 6cm² Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos * Trecho CD: NCD=2F e ACD= 3cm² Com isso, fica clara a possibilidade de utilizar a equação AN em cada trecho. * Trecho AB: kNF F ABadmAB 2412 6 3 * Trecho BC: kNF F BCadmBC 3612 6 2 * Trecho CD: kNF F CDadmCD 1812 3 2 - Deslocamentos em cada trecho da barra para o caso de máxFF =18 kN trechotrecho trechotrecho trecho AE lN l , para trechos nos quais E, N e A são simultaneamente constantes. cmllxu ABABB 135,0 610000 150183 cmlxuxu BCBC 09,0 610000 150182 cmlxuxu CDCD 36,0 310000 300182 - Deslocamentos longitudinais das seções C e D: cmllllxuxu ACBCABBCBC 045,0 cmllllllxuxu ADADCDBCABCDCD 315,036,0045,0 - Máximo deslocamento longitudinal cmlxuuxuxuxumáxu ADDmáxDCBmáx 315,0},,{ Obs.: Os deslocamentos de uma seção qualquer devem ser determinados em relação à mesma origem, que neste caso é a seção A (x = 0). - Seção com deslocamento nulo: Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x(cm) u(x) (cm) 0 150 300 600 -0,135 -0,045 0,315 d 300-d cmdddd dd 5,375,1336,0)300(045,0315,0 315,0 300 045,0 No trecho CD em relação à seção C. 1.6.4. Determinar o encurtamento absoluto num bloco troncônico causado pela força axial compressiva P e pelo peso do bloco P0. O módulo de deformação longitudinal e o peso específico do material do bloco têm respectivamente os valores E e γ. P a x h dx d0 d(x) x Figura 1-12: Exemplo 1.6.3 - Equação geral para o cálculo dos deslocamentos dx xAE xN du xAE xN dx du x )( )( )( )( - Análise para a força P no topo do bloco h a dx xAE P auhul )( 1 111 , 4 )]([ )( 2xd xA e 0 1 hu Da figura percebe-se que: x h d xd h d x xd 00 Daí: 2 2 2 0 4 )( x h d AxA x Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Logo: h a h a dxx dE hP ldx xd h E P l 2 2 0 2 122 0 2 1 41 . 4 hadE hP l ah dE hP l x dE hP l h a 114 11 4 1 4 2 0 2 1 11 2 0 2 1 1 2 0 2 1 ah adE hP l ha ah dE hP l 2 0 12 0 2 1 44 (encurtamento) Encurtamento absoluto: ah adE hP l 2 0 1 4 . - Análise para a ação do peso próprio Neste caso além da variação da área da seção, o diagrama de xNN também depende de x. Assim: h a dx xA xN E auhul )( )(1 222 e 0 2 hu a x N(x) P0 P0 + 0)( xN → )(xN = - P0 → xxAxN )( 3 1 )( 63)(3 )(1 22 222 ah E ldxx E ldxx xA xA E l h a h a (encurtamento). Encurtamento absoluto: )( 6 22 2 ah E l - O encurtamento total absoluto será dado por: 21 lll T 1.6.5. Para o cone a seguir, suposto apoiado numa superfície indeformável, determine a função de deslocamento u(x) e a variação de comprimento de seu eixo. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x A h Peso total = TOTV = hA base 3 1 . O peso para uma porção de coordenada x a partir do topo é dado por: xxAxp 3 )( , que será numericamente igual a menos a normal N(x) = - p(x) (compressão). x xA xxA xA xp xA xN x x 3 1 3 1 A deformação é dada por: Cx E xux EE x x xx 2 63 Sendo u (h) = 0 22 6 0 6 h E CCh E Finalmente: 22 66 h E x E xu A variação de comprimento total é dada por: 2 6 0 h E uTOT (o sinal negativo indica um encurtamento da peça). 1.7. Estruturas estaticamente indeterminadas Há situações nas quais as equações de equilíbrio da estática são insuficientes para se determinar as reações de apoio. Nestes casos, é necessário levar em consideração as deformações das barras para calcular essas reações. Considere a barra biengastada abaixo, submetida à carga axial centrada. Essa barra é hiperestática, ou estaticamente indeterminada, pois há duas reações a determinar e só é possível utilizar uma equação da estática. São dois os métodos para se calcular tais reações. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos P l x a b A C B P RA RB PRRF BAx 0 Figura 1-13: Barra biengastada sob carga axial. - Primeiro método Seleciona-se uma, ou algumas, das reações como incógnitas. Escolhamos AR , por exemplo. Se AR for conhecida, a determinação de BR é direta, utilizando-se as equações da estática. P l x a b A C B l A B RA Figura 1-14: Primeiro método de resolução. Retirando-se o vínculo associado a AR , a estrutura resultante é isostática e permanece estável, tornando-se estaticamente determinada. Dessa forma, a reação AR é denominada “redundante estática”, e a estrutura isostática resultante é a dita “estrutura primária”. Considere agora o efeito de P no deslocamento do ponto A na estrutura primária. Tal deslocamento ocorre para baixo, e seu valor é dão por AE bP p . Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos A seguir, adote a redundante AR como ação naestrutura primária. O deslocamento no ponto A será, então, dado por AE lRA R . O deslocamento final do ponto A é dado pelam soma: RP Devido ao vínculo existente nesse ponto, tem-se que a deformação será nula, uma vez que o engaste impede tal deformação. Logo: 00 RP Com isso: l bP R AE lR AE bP A A 0 A equação que define o deslocamento final δ do ponto A é denominada “equação de compatibilidade de deslocamento”. Pelo equilíbrio estático, obtêm-se BR : l aP Rbl l P R l bP PRPRR BBBBA )( Esse método de análise é também denominado “Método das Forças”, pois considera forças como incógnitas. É um método mais geral, no qual podem ser consideradas várias redundantes como no caso de vigas contínuas, biengastadas, etc. - Segundo Método Neste caso considera-se o deslocamento C como incógnita. P l x a b A C B P RA RB NAC P NBC Figura 1-15: Segundo método de resolução. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos O deslocamento C pode ser calculado por: a AE R AE aR AE aN C A A C AC C . e b AE R AE b.R AE bN C B B C BC C Admitindo-se que C é positivo para baixo, resultando em tração no trecho AB e compressão em BC. Pelo equilíbrio estático: ba ab AE P P ba AEPRR C CC BA lAE baP baAE baP CC )( Daí, temos que: l bP RA e l aP RB Este método de análise é também denominado “Método dos deslocamentos”, pois considera deslocamentos como incógnitas. Assim como o método das forças, também é mais geral, no qual podem ser consideradas várias redundantes como no caso de vigas contínuas, bi-engastadas, etc. 1.8. Exemplos 1.8.1. Dimensionar a barra de seção circular da figura para uma tensão admissível σ = 15kN/cm². 40kN 40kN 30cm 30cm 30cm x A B C D d 40kN 40kNHA HD Seção reta DCL da barra Figura 1-16: Exemplo 1.8.1 Reações: HHHHHF DADAx 040400 - Diagrama de Esforço Normal: - Esforços Normais em cada trecho Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 40kN 40kNHA HD SI SII SIII Trecho AB (seção SI): HA NAB HHNNH AABABA 0 Trecho BC (seção SII): 40kNHA NBC 40040 HNNH BCBCA Trecho CD (seção SIII): 40kN 40kNHA NCD HHNNH AABABA 0 A figura anterior corresponde ao diagrama de esforço normal hipotético, pois foi obtido supondo-se intensidades e direções das reações. Observar que o diagrama ficou determinado em função da reação H, que corresponde à incógnita do problema. - Compatibilidade 0 30304030 00 AE H AE H AE H llll CDBCABT kNHHHHH 3,13403040 - Diagrama de esforço normal: + A B C D + - DN(kN) 13,3 13,3 -26,7 - Tensão em cada Trecho Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Trecho AB: cmddNd d N ABAB AB AB AB AB AB 06,1 15 3,13444 22 2 Trecho BC: cmdd BCBC 50,1 15 7,2642 Trecho CD: cmdd BCCD 06,1 15 3,1342 Com isso, cmdbarra 50,1 satisfaz às duas condições. 1.8.2. Seja a estrutura esquematizada na figura, a qual é composta por duas barras com área A1 e A2, despostas simétricamente com relação a um eixo vertical. Determinar o deslocamento do ponto c. 48 kN x y 1 2 3 m 3 m 4 m A B C Figura 1-17: Exemplo 1.8.2 Dados: 2 1 4cmA , 2 2 2cmA , sen α =0,6 , cos α =0,8 , E=20000 kN/cm² - Estabelecendo o equilíbrio do nó: 48 kN HC N2N1 48coscos0 21 NNFy Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 60488,0 2121 NNNN CCx HNNHsenNsenNF 1221 6,000 Existem 3 incógnitas a determinar: 1N , 2N e CH Sendo a treliça uma estrutura estável e sendo possível utilizar apenas a resultante nula de forças como equação de equilíbrio, pode-se concluir que a treliça é 1 vez hiperestática. Neste caso, é necessário lançar mão das deformações (equação de compatibilidade) para resolver o problema. 48 kN 1 2 A B C C C l2 l1 Para determinar a relação entre l1 e l2, observamos que existe restrição ao deslocamento horizontal do ponto C e assim, este ponto se deslocará na vertical. A barra 1 sofrerá uma variação de comprimento l1 e uma rotação em torno do nó A, enquanto a barra 2 sofrerá uma variação de comprimento l2 e uma rotação em torno do nó B. Como tratamos de pequenas rotações, aproxima-se o deslocamento na extremidade não fixa da barra considerada como ocorrendo perpendicular a esta barra (por considerar que a rotação em torno do nó fixo da barra seja muito pequena). A figura a seguir ilustra o raciocínio descrito: C l2 l1 c rotação da barra 1rotação da barra 2 barra 2barra 1 Isolando-se os triângulos retângulos: Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos l1 c l2 c 21 21cos ll ll CC Com isso, é possível escrever: 22 22 11 11 21 AE lN AE lN ll . Como os comprimentos e os módulos de elasticidade são iguais, podemos escrever: 21 21 21 2 24 NN NN ll Daí: kNNNNNN 2060260 22221 e kNN 401 kNHHHNN CCc 1240206,06,0 12 -Determinação de C Pela figura da estrutura deformada cm313,0 420000 50040 8,0cosll CCC21 (para baixo) 1.8.3. Determinar a reação total em A, a reação na mola C e o esforço normal no fio DE, supondo que a barra AD tem rigidez infinita e peso desprezível. A B C D E 5 m 5 m 5 m 20 kN k = 50 kN/cm = 2cm E = 210 GPa 5 m Equação de equilíbrio estático: kNmNVNVM kNNVVF DECDECA DECAy 203215105200 200 Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Compatibilidade de deslocamentos: da figura a seguir, tem-se que EC ECtg 23 1510 . C E 10 m 15 m DE DE DEDE DEDE E N N EA lN 3 4 2 1058,7 101,2 4 2 500 C C C V k V 02,0 DEC NV 31058,7202,03 DEC NV 2527,0 kNVkNNNN CDEDEDE 44,17,52032527,02 e kNVA 86,12 1.8.4. Para a estrutura a seguir determinar o valor do esforço normal em toda peça e as reações RA e RD. diâmetro = 4,0 cm diâmetro = 6,0 cm 50 kN 4 m 5 m 5 m 500 kN/cm A B C D Resolvendo pelo método das forças e retirando o vínculo em A, tem-se: Capítulo Primeiro – Tração e Compressãosimples entre os limites elásticos RA (1) 50 kN (2) A equação de compatibilidade é dada por: 021 TOT AA CD CDA BC BCAA RR EA lR EA lR k R 3 4 2 4 21 10358,4 101,2 4 6 500 101,2 4 4 400 500 1 (para cima) cm EA l CD CD 0421,0 101,2 4 6 5005050 4 22 (para baixo) kNRR AA 66,900421,010358,4 3 kNRR AD 34,4050 kNRNN ABCAB 66,9 e kNRN DCD 34,40 1.9. Barras constituídas por dois materiais Seja um tubo constituído por material com módulo de elasticidade longitudinal 1E e área 1A . Esse tubo é preenchido com material de módulo 2E e área 2A . O conjunto é apoiado numa base rígida, e em seu topo é posicionada uma placa, também rígida, para a aplicação da força F. Determine as tensões geradas no tubo e no material de preenchimento. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos l Placa Rígida Base Rígida Corpo de prova F E1, A1 E2, A2 Seção reta do corpo de prova Figura 1-18: Corpo de prova constituído de dois materiais e submetido a uma carga centrada. Em cada área deve atuar uma parcela da força normal da seção, logo: FNN 21 (equilíbrio estático). - Compatibilidade de deslocamentos: Aplicação da força F →Deformação ∆l do conjunto → Tubo: 1l =∆l; Material de preenchimento: 2l =∆l. Assim: 21 2 2 1 1 21 l l l l ll Da Lei de Hooke: 2 2 2 1 1 1 , EE E Mas: 2 2 1 1 2 2 1 1 21 E E EE Considerando 2 1 E E n , pode-se escrever: 21 n A força Normal pode ser obtida por: dAN . Nos casos de σ constante, teremos N=σA. Assim: 111 AN e 222 AN Daí: FNN 21 FAAnFAA 22122211 21 2212 AAn F FAAn Que pode ser reescrita da seguinte forma: eqA F 2 , em que 21 AAnAeq Refazendo para :1 FNN 21 FA n A 2 1 11 Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 21 1 21 1 2 1 1 2 11 AAn Fn n AnA F n A A F F n A A eqA Fn 1 Para exercitar, considere o pilar abaixo submetido a compressão centrada de intensidade 1.500 kN. O pilar tem seção transversal retangular sendo adotada distribuição uniforme de 8 barras com 25 mm de diâmetro cada, conforme ilustrado abaixo. Sabendo-se que o aço e o concreto apresentam módulos de deformação iguais a 2000.21 cmkNEaço e 2000.3 cmkNEconc , respectivamente, pede-se para determinar as tensões em cada um dos materiais e o deslocamento vertical do pilar. 2,0m 1500kN 40cm 40cm 825 Seção reta do pilar Figura 1-19: Exercício barras constituídas por dois materiais. Escolhamos a seguinte ordem para aplicação das equações anteriormente deduzidas: - Material 1:Aço→ 2 1 2 1 2 1 21000 27,39 4 5,2 8 cmkNEE cmAA aço - Material 2: Concreto → 2 2 2 212 3000 73,15604040 cmkNEE cmAAA conc Assim: eqA nF 1 e eqA F 2 7 3000 21000 2 1 nn E E n Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 2 21 62,183573,156027,397 cmAAAAnA eqeqeq Logo: 2 11 72,5 62,1835 71500 cmkN (compressão) 2 22 817,0 62,1835 1500 cmkN (compressão) Deslocamento Vertical da seção do topo do pilar: cml l l l EE 055,0 200 2100072,5 1 1 1 1 11111 Caso fosse pedida a força normal em cada material: kNNNAN 62,22427,3972,5 11111 kNNNAN 12,127573,1560817,0 22222 1.10. Tensão Inicial e Tensão Térmica Muitas vezes, em alguns sistemas estaticamente indeterminados é possível haver tensões iniciais no processo de montagem, quer por imperfeições quer por variações intencionais de comprimentos. Tais tensões existem na ausência de cargas exteriores e dependem, exclusivamente, da geometria da estrutura, das propriedades mecânicas dos materiais e da grandeza das imperfeições. Considere, por exemplo, que a barra de uma treliça tenha comprimento all 2 , maior que a medida l de sua posição na montagem. Uma possibilidade para montagem é: Comprimir a barra 2, encurtando-a no valor a. Para tanto, a força F necessária será: al AEa F AE lF aFN AE lN al I I 22 22 2 2 22 22 2 )1( F x y 2 l A B D 1 1 C l+a F l = -a2 (I) Figura 1-20: Problema de imperfeições geométricas em estruturas de treliça. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Após a montagem, o ponto D se deslocará, e seu valor será menor que a diferença de comprimento a. Podemos considerar a força de compressão na barra 2 como uma força aplicada no nó D, conforme ilustrado a seguir: A C D D B a N 2 (I) A C D B N = 0 F Estabelecendo o equilíbrio do nó D: F N 2 (II) N1 N1 cos20cos20 1)(212 )( NNFFNNF IIy II (1) 110 NNFx (2) (simetria) Como a estrutura é simétrica e o carregamento atuante é também simétrico, o ponto D se deslocará na vertical. Analisando a compatibilidade de deslocamentos, é possível estabelecer a relação seguinte: l2 (II) l1 l1 cos 1 2 l l II Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos )(2 122 11 1 11 11 22 )(2 cos cos II II N lAE lAE N AE lN AE lN (3) Substituindo (3) em (1): 122 2 11 )(2)(2 122 2 11 2 cos2 1 cos2 )( lAE lAE F NFN lAE lAE N IIIIII Porém, da geometria da treliça: cos 1 l l Consequentemente: 22 3 11 )(2 cos2 1 AE AE F N II A força normal final na barra 2 será: 22 3 11 2)(2)(22 cos2 1 AE AE F FNNNN III 1 cos2 1 cos2 1 1 3 1122 22 2 22 3 11 2 AEAE AE FN AE AE FN Mas al AEa F 22 1 cos2 31122 2222 2 AEAE AE al AEa N 3 11 22 22 23 1122 3 1122 2 cos2 1 1 cos2 cos2 AE AEal AEa N AEAE AE al AEa N 3 11 22 22 2 cos2 1 AE AE al AEa N Avaliando-se novamente o equilíbrio do nó obtém-se: IIII NFNFNN 2112 cos2cos2 IIIIII NNNNNN 221221 cos2cos2 21 cos2 NN Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Os valores de força normal surgiram por ocasião da montagem, isto é, antes mesmo da atuação do carregamento na estrutura. Com isso, existirão tensões iniciais nas barras dadas por: 1 1 1 A N i e 2 2 2 A N i . Essas tensões devem ser adicionadas às tensões provocadas pelas cargas atuantes. Na etapa de dimensionamento é essa adição que deve ser limitada à tensão admissível . Isto é: ci 11 e ci 22 As deformações que ocorrem nas barras de um sistema provenientes de variações térmicas podem, também, ter o mesmo efeito que as imperfeições geométricas. Considere uma barra biengastada que experimenta um aumento de temperatura de 0t para t. l R R 0 ttt Figura 1-21: Barra submetida a efeitos térmicos. Devido à presença do engaste, a barra é impedida de alongar e surgem tensões de compressão. O processo para determinação dessas tensões é semelhante ao já apresentado, o qual utiliza como compatibilidade de deslocamento a não alteração no comprimento da barra, isto é, .0 barral Retirando-se um dos engastes, a variação de comprimento sofrida pela barra é dada por: tll T , sendo α o coeficiente linear de dilatação térmica do material, l seu comprimento inicial, e ∆t a variação de temperatura sofrida. l lT 0 ttt Figura 1-22: Variação de comprimento proveniente do efeito térmico. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos Considerando R como força atuante na extremidade, o deslocamento sofrido pela barra será: l l N R AE lR AE lN l N Superpondo os efeitos, tem-se que: 00 AE lR tllll NTtotal , tAER , sendo a normal na barra RN (compressão). Outro exemplo seria o da treliça com 3 barras, em que a barra vertical sofre um acréscimo ∆t de temperatura. Caso essa barra não estivesse posicionada, sofreria um alongamento no valor tll T . A CB 1 1 2 l lT 2 Nestas condições, para realizar a montagem proceder-se-ia de modo análogo ao feito anteriormente, sendo que ∆lT corresponderia à diferença de comprimento a. Assim, a força normal gerada na barra vertical é dada por: 311 22 22 2 3 11 22 22 2 cos2 1)1( cos2 1)( AE AE tl AEtl N AE AE ll AEl N A essa força normal correspondem tensões normais como resultado da variação de temperatura ∆t, sofrida pela barra 2. Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 1.10.1. Exemplo: Sabe-se que existe uma folga de 0,5mm entre as barras da figura à temperatura de 20C. Determinar, para a temperatura de 140C, a tensão normal e comprimento final da barra de alumínio. A aço DC alumínio B 30 cm 25 cm 0,5 mm C GPaE mmA Alumínio /1023 70 2000 6 2 C GPaE mmA Aço /1018 190 800 6 2 Na situação de equilíbrio: 1 2 1 2 NNNFx 210 Imagina-se que as duas barras se deformam livremente e, a seguir, aplicam-se a condição de igualdade entre os esforços normais e a equação de compatibilidade. Tl1 = variação de comprimento da barra 1 devida à variação de temperatura; Tl2 = variação de comprimento da barra 2 devida à variação de temperatura; Nl1 = variação de comprimento da barra 1 devida ao esforço normal N; Nl2 = variação de comprimento da barra 1 devida ao esforço normal N. cmltlT 0828,0301201023 6111 cmltlT 0540,0251201018 6222 NNl AE N l N 41 11 1 10143,230 207000 NNl AE N l N 42 22 2 10645,125 819000 Equação de compatibilidade: cmafollll NNTT 05,0lg2121 kNNcmNN 14,22905,010645,110143,20540,00828,0 44 Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos 2 1 1 /46,11 20 14,229 cmkN A N cmlll NT 0337,014,22910143,20828,0 4111 1.11. Distensão de Anel Circular (vasos de pressão de paredes finas) O estudo apresentado a seguir é válido para tubos vazados, nos quais a espessura e, da seção transversal, é muito menor que o raio de curvatura R, nestas condições, pode-se considerar que as tensões normais σ apresentam distribuição uniforme ao longo da espessura e da parede do tubo. R e O Figura 1-23: Aproximação na distribuição de tensões ao longo da espessura do anel. Considere agora um reservatório cilíndrico com raio de curvatura R, espessura e, e comprimento l contendo um fluido sob pressão p. x r R e L p Figura 1-24: Cilindro sob pressão interna p e sistema de coordenadas utilizado. Analisemos o comportamento de metade de um trecho infinitesimal de comprimento dx submetida a esforços radiais devidos à pressão interna p (as forças decorrentes da pressão do fluido dirigem-se radialmente contra o tubo). Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos x R e dx p p Figura 1-25: Equilíbrio da meia parte do cilindro. O equilíbrio de forças na vertical (coincidente com a direção no caso ilustrado) fornece: 0 00 20 cospRdxdsenpRdxdxRdpsendApsendxeF A V e pR pRdxdxe 22 (tensão circunferencial). Tomando agora o equilíbrio de forças horizontais de um trecho que contém uma das extremidades do vaso cilíndrico, tem-se: x e pR eRRpF xxH 2 20 2 (tensão longitudinal). 1.12. Trabalho de deformação e Energia de deformação A ação de uma força externa F sobre um corpo tem como resultado a alteração da sua forma. Em contrapartida, as forças de ligação entre as moléculas do corpo opõem-se à mudança da forma provocada por essas forças exteriores. Durante a mudança de forma, ou deformação, as forças externas produzem trabalho, o qual é transformado parcial ou totalmente em “energia potencial de deformação”. Um material é dito elástico se no processo de carga e descarga de um corpo de prova não aparecer uma deformação permanente e não ocorrer dissipação de energia (sistema conservativo). Sendo o sistema conservativo, todo o trabalho realizado pelas cargas externas é convertido em energia potencial (energia de deformação). Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos No presente caso, considera-se que as cargas externas são aplicadas de forma lenta e gradativa durante o crescimento do deslocamento, de forma a evitar qualquer efeito dinâmico no sistema. Considera-se aqui o caso de materiais elásticos, o que resulta no trabalho de deformação ser igual à energia de deformação. Fext S S Fext intDeslocamento Trabalho realizado por Fext Acúmulo de energia potencial na barra Figura 1-26: Corpo sob ação de carga axial A densidade de energia de deformação u (energia de deformação por unidade de volume) pode ser calculada como a área abaixo da curva do diagrama tensão deformação: u Caso linearmente elástico u Para o caso linearmente elástico: E E dEdu 222 22 00 . A energia de deformação total é dada por: VV dV E udVU 2 2 , para o caso mais geral. Para um solicitação axial, como a tratada no presente caso: Capítulo Primeiro – Tração e Compressão simples entre os limites elásticos V dV EA N U EA N u A N 2 2 2 2 22 Ou, em função de uma carga concentrada: U P áreaWU sob a curva = P 2 1 Nos casos em que a força P, associada à força normal, o módulo de deformação E e a área A da seção transversal são constantes ao longo do comprimento x, pode-se escrever: EA Px x AE P U 2 2 Exemplo: considere uma barra prismática, de comprimento submetida ao peso próprio (peso específico ): l Peso próprio: 2 222 2222 2 2 2 EA xlxlq uxlxlqNxlqNAq E Al EA lq dx EA xlxlq AUAdxdV l 662 2 3232 0 2 222 1 A energia de deformação resulta: E Al U 6 32
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