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1 Capítulo Quinto: Deformações nas VigasUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CIV0411 – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 1. Linha Elástica de uma viga Definição: Linha Elástica de uma viga é a curva obtida dos deslocamentos verticais dos pontos de sua superfície neutra, devidos ao encurvamento longitudinal por ela sofrido após a deformação. Ilustração 1: Seja a viga solicitada abaixo: P S x y a b Situação inicial BA 2 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas � A Linha Elástica é a curva que representa o eixo da viga após a deformação; � Cada ponto do eixo da viga ( por exemplo aquele que representa a seção reta S) sofreu: • Um deslocamento linear vertical (deflexão), representado por v; • Um deslocamento angular (rotação), definido entre a direção horizontal e a tangente à linha elástica no ponto considerado, representado por θθθθ; Situação deformada S x y θ v L.E. da viga BA Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Convenção de sinais e unidades: Deflexões (em comprimento linear) v (+) Rotações (em radianos) y (+) x (+) θ (+) y (+) x (+) OBSERVAÇÕES: 1) Efeitos da Flexão nas Vigas Viga em Flexão � MF nas seções retas MF � provoca um giro (ou rotação) da seção reta em torno da sua L.N. (geralmente representado por θ) O giro de cada seção reta � encurvamento longitudinal de toda a peça 3 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Em consequência desse encurvamento longitudinal, a peça passa a apresentar três regiões características: I) Região que trabalha sob compressão, onde se tem: - Fibras longitudinais sofrendo encurtamento - Fibras transversais sofrendo estouramento lateral II) Região que trabalha sob tração, onde se tem: - Fibras longitudinais sofrendo alongamento - Fibras transversais sofrendo afinamento lateral III) Região da Superfície Neutra, onde nem as fibras longitudinais nem as fibras transversais sofrem qualquer deformação - A única modificação que ocorre com os pontos dessa superfície é um deslocamento vertical sob forma de afundamento ou flecha que, por ocorrer segundo à direção “y” é representado pelo símbolo “v”. Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Ilustração a: Encurvamento longitudinal de uma peça em flexão pura 4 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Ilustração b: Deformação da seção reta após o ecurvamento z y Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 2) Linha Elástica versus Linha de Flexão Quando do encurvamento longitudinal de uma viga em flexão, a maioria dos pontos de sua superfície neutra apresenta um deslocamento horizontal e um deslocamento vertical, caracterizando-se por um deslocamento real inclinado resultante dos dois deslocamentos anteriores. Assim, tem-se: - Linha de flexão: Lugar geométrico definido pela extremidade final do deslocamento real dos pontos da superfície neutra da viga em consequência do seu encurvamento longitudinal. - Linha elástica: Lugar geométrico definido pela extremidade final do deslocamento vertical (ou seja, componente vertical do deslocamento real) de todos os pontos da superfície neutra da viga em consequência do seu encurvamento longitudinal. 5 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 3) Na teoria das estruturas, tem-se: - deslocamento segundo a direção x é representado pelo símbolo “u” - deslocamento segundo a direção y é representado pelo símbolo “v” - deslocamento segundo a direção z é representado pelo símbolo “w” Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Considerando a mesma viga da ilustração 1, reapresentada abaixo: P S x y a b Situação inicial Situação deformada 2. Equação Diferencial da Linha Elástica S x y θ v A B A B 6 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas f i θ(i) ρ O dθ ds θ(f) v x Destacam-se os seguintes elementos: ds = arco de comprimento infinitesimal destacado sobre a L.E. da viga dθ = ângulo central correspondente ao arco ds = ângulo formado entre as tangentes tiradas pelos extremos do arco ds ρ = raio de curvatura das fibras longitudinais da viga (variável ao longo do comprimento da L.E. mas considerado constante no trecho dS entre i e f) tangente à L.E pelo ponto i tangente à L.E pelo ponto f L.E. da viga A B d θ y Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Pelos elementos destacados anteriormente, pode-se escrever : dS d ds d dds θ ρ θ ρ θρ =∴=∴⋅= 11 Entretanto, o ângulo θ decresce quando se passa de A até B. Assim, para cada incremento positivo ds tem-se um dθ negativo. Portanto: ρ θθ ρ θθθ 1 10 −=⇒−=⇒−=⇒< ds d ds d ds d ds d ds d A partir do triângulo ds, dx, dv, pode-se escrever: dx dv tg =θ θ dv dx ds tangente pelo ponto médio de ds (aproximadamente igual ao próprio ds) ponto médio de ds Ampliando-se o arco infinitesimal ds: 7 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Na prática das deformações , assim : Como θ assume valores pequenos e é medido em radiano, tem-se: dxds ≅ Dessa forma, como : 2 2 dx vd dx dv dx d dx d ds d = == θθ dx dv sentg =⇒≅≅ θθθθ dx d d d s θθ = dx dv =θ Sendo e , resulta: ρ θ 1 −= ds d ρ 1 2 2 −= dx vd 2 2 dx vd ds d = θ Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas M dx vdEI LN −=2 2 )( Sendo e , obtém-se, finalmente: Durante a demonstração da expressão de σx na flexão (Aula digital 16), foi visto que: )( 1 LNEI M = ρ Esta é a equação diferencial básica para a linha elástica de uma viga, que deve ser integrada em cada caso particular para se ter a deflexão v. )( 2 2 LNEI M dx vd −= ou ρ 1 2 2 −= dx vd )( 1 LNEI M = ρ 8 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 1) Para qualquer viga, submetida a um dado carregamento, é possível obter a partir dessa equação diferencial, por meio de duas integrações sucessivas, uma expressão da forma: que corresponde à Equação da Linha Elástica da referida viga. Q dx dM = )(xfv= OBSERVAÇÕES: Sendo , resulta então: −= 2 2 .)( dx vdEIM LN −=∴ −== 3 3 2 2 .. )()( dx vdEIQ dx vdEI dx d dx dMQ LNLN 2) Nos trechos homogêneos de carregamento ou total descarregamento numa peça em flexão simples, tem-se: Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 3.2) O ângulo de rotação de qualquer seção reta da viga situada à distância x do extremo esquerdo. 3) Conhecida a equação referente à linha elástica de uma viga submetida a um certo carregamento, é possível obter: 'v dx dv ==θ )(xfv= 3.1) O afundamento em qualquer ponto da superfície neutra da viga, situado à distância x do extremo esquerdo (ou extremo de referência para a origem dos eixos x e y). )(xfv= 3.3) A expressão do momento fletor em qualquer trecho homogêneo da viga. Ou seja: −== 2 2 .)( )( dx vdEIxMM LN 3.4) A expressão do esforço cortante em qualquer trecho homogêneo da viga. Ou seja: −== 3 3 .)( )( dx vdEIxQQ LN 9 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas q S x y A B 2 .lqRA = 2 .lqRB = Considerando a viga abaixo (para a qual I(LN)=Iz): Situação inicial S x y x v θ Situação deformada 3. Aplicação 1: Equação da Linha Elástica de uma viga simplesmente apoiada com carga uniformemente distribuída em o todo o comprimento A B l Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas ( )22 2 2 22222 xlx EI q dx vdqxqlx dx vdEI z z − − =⇒+−= Assim, a equação diferencial da linha elástica será dada por: A viga apresenta apenas 1 trecho de homogêneo de carregamento � haverá apenas 1 expressão para M(x) � a viga terá uma só equação para sua L.E. 22 )( 2qxqlx xM −= Multiplicando-se ambos os membros por dx e integrando, obtém-se: 1 32 322 Cxlx EI q dx dv z + − − = (a) Trecho homogêneo: 0 ≤ x ≤ l O momento fletor em uma seção S, distante x do apoio esquerdo é: 10 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas (b) Que representa a equação de cálculo de θ ao longo de x e pode também ser escrita como: Integrando-se novamente, obtém-se: (c) ( ) 132 2312')( CxlxEI q v dx dv x z +− − ===θ ( ) 2143224)( CxCxlxEI q xv z ++− − = Tem-se as seguintes condições de contorno para obtenção das constantes C1 e C2: [ ] [ ] = = = = 0)( 0)( / 0/ lxp xp xv xv ou = = 0)( 0)0( lv v Substituindo estas condições em (c), obtém-se: Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas OBSERVAÇÕES: 1) Para a viga considerada, pela simetria, temos ainda que a tangente no meio do vão é zero (ou seja, o ângulo θ dessa seção é nulo, pois ela permanece com a mesma inclinação nula de antes da deformação). Assim, a constante C1 pode ser determinada também substituindo-se em (b) a seguinte condição: ou[ ] 0)( 2 / == lxpxθ zEI qlC 24 3 1 = 0 2 = lθ 02 =C e Daí, resultam: ( )322 64 24 )( llxx EI q x z +−=θ ( )323 2 24 )( llxx EI qx xv z +−= (d) (e) 11 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas 3) A flecha máxima ocorre no meio do vão, onde se tem . Fazendo s em (e), obtém-se: z máx EI qll 24 )()0( 3 === θθθ 2 l x = z máx EI qll vv 384 5 2 4 = = 0= dx dv 2) A tangente máxima ocorre no apoio esquerdo (é máxima pois tem valor positivo devido ao sentido horário da rotação, contudo, tem o mesmo módulo da tangente no apoio direito, onde a rotação é negativa). Fazendo x=0 em (d), obtém-se: Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas P a b v v x x 4. Aplicação 2: Equação da Linha Elástica de uma viga simplesmente apoiada com força concentrada Situação inicial Situação deformada A B A B θ S S l aPRB .=l bPRA .= v Considerando a viga abaixo (para a qual I(LN)=Iz): y y 12 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas x l Pb xM =)( Para x ≤ a )()( axPx l Pb xM −−= Para x ≥ a As equações diferenciais da elástica de cada trecho serão, portanto: x l Pb dx vdEIz −=2 2 Para x ≤ a )(2 2 axPx l Pb dx vd zEI −+−= Para x ≥ a A peça apresenta 2 trechos homogêneos de carregamento � o momento fletor tem duas expressões de cálculo (uma para o bordo esquerdo, outra para o direito). Assim: Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Integrando mais uma vez: Integrando as equações, temos: (b) 1 2 2 )( C l Pbx xEI dx dvEI zz +−== θ Para x ≤ a 2 22 2 )( 2 )( CaxP l Pbx xEI dx dvEI zz + − +−== θ Para x ≥ a 3 3 16 )( CxC l Pbx xvEIz ++−= Para x ≤ a (a) Para x ≥ a 42 33 6 )( 6 )( CxCaxP l Pbx xvEI z ++ − +−= 13 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas As condições de contorno para cálculo das constantes são: = = °° °° = = trecho2trecho1 trecho2trecho1 )()( )()( 0)( 0)0( aa aa l vv v v θθ Como os dois bordos possuem a mesma rotação em x=a, igualando-se as equações obtidas em (a) e fazendo x=a em ambas, temos C1=C2. Ambos os bordos possuem também a mesma deflexão em x=a, portanto, igualando-se as equações obtidas em (b) com x=a, temos C3=C4. Para determinação das constantes C3 e C4, utilizamos a condição de contorno em que a deflexão é nula nos apoios. Com v=0 para x=0 na equação do 1º trecho (onde x ≤ a) obtida em (b), temos: Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Finalmente, fazendo v=0 para x= na equação do 2º trecho (onde x ≥ a) obtida em (b), temos: (d) 043 ==CC l blPb l PbPblCC 6 )( 66 223 21 − =−== Para o 1º trecho 0 ≤ x ≤ a )( 6 )( 222 xbl lEI Pbx xv z −−= (c) Substituindo-se os valores das constantes obtidos em (c) e (d) nas equações de (a) e nas de (b), resulta: (e) l (f) ( )222 3 6 . ')( xbl lEI bP v dx dv x z −−===θ 14 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas (h) ( ) 2222 )( 2 3 6 . ')( ax EI P xbl lEI bP v dx dv x zz −+−−===θ Com as equações (f) e (h), é possível se calcular a deflexão (ou afundamento) de qualquer ponto da linha elástica, bem como através de (e) e (g) determina-se a tangente a elástica em qualquer ponto. (g) zz EI axP xbl lEI Pbx xv 6 )()( 6 )( 3 222 −+−−= Para o 2º trecho a ≤ x ≤ l Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Para x=0 na equação (e) e x= em (g), obtém-se θA e θB (nos extremos da viga): zlEI blPb 6 )( 22 A − =θ A flecha máxima ocorre onde a tangente à elástica é horizontal. Se a > b, a flecha máxima está no bordo esquerdo. Igualando-se a equação (e) a zero: zlEI alPab 6 )( B + −=θ 03 222 =−− xbl 3 22 bl x − = e A flecha máxima, substituindo (j) em (f), será então: 2 3 22 39 )( z máx lEI blPb v − = (j) (k) (i) l 15 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Se a carga P estiver no meio do vão, a flecha máxima ocorre neste ponto. Seu valor pode ser obtido fazendo e em (f). De (j), percebe-se que, para uma carga concentrada, a flecha máxima ocorre sempre próximo do centro da viga. No caso limite, quando b é muito pequeno e tende a zero, a distância x dada por (j) é f e o ponto de flecha máxima está a do centro da viga. 2 lb = z ba l x EI Pl v 48 3 2 = = = lll 077,0 23 =− ll 577,0 3 = Assim, a flecha ao centro é uma boa aproximação da flecha máxima. Fazendo em (f), obtém-se: 2 l x = )43( 48 22 2 bl EI Pb v z ba l x −= > = (m) 2 l x = (l) Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas A diferença entre as flechas em (k) e (m), no caso mais desfavorável, quando b tende a zero, é de somente cerca de 2,5% da flecha máxima, confirmando que a flecha ao centro é uma boa aproximação da flecha máxima. OBSERVAÇÃO: Explicação de por que vmáx ocorre à esquerda do ponto de aplicação de P quando a>b. �De A até B, o ângulo θ apresenta valores positivos, nulo e negativos. Calculando o valor de θ(a) nesta situação, em que a>b, obtém-se: −−= 222 3 6 .)( abl zlEI bP aθ 16 Capítulo Quinto: Deformações nas Vigas Esse valor é negativo, conforme verificação abaixo: ( ) +−+=⇒ −−= +− 22222222 2 6 .)(2 6 .)( baaba zlEI bP aaabl zlEI bP a θθ ( ) ( )[ ] 022 6 .)( 22222 <+−⋅+= ++ baabbaa lEI bP a z θ Como [θ(a)]p/a>b é obrigatoriamente negativo, θ=0 ocorre à esquerda do ponto de aplicação de P. Assim, [vmáx]p/a>b ocorre na seção do 1º trecho que apresenta θ(x) =0, ou seja, como já foi visto, onde . 3 22 bl x − =
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