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Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: 
ADPF 347 MC/DF; RE 693456/RJ; AP 905 QO/MG; RE 790059 AgR-AgR/DF. 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: MS 33729/DF. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA 
ƒ Natureza da decisão e cabimento de recurso especial para impugná-la. 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
ƒ Reconhecida a repercussão geral não é mais possível que as partes desistam do processo. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROCEDIMENTOS 
ƒ Aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao processo penal. 
 
RECURSOS 
ƒ Situação de reformatio in pejus mesmo tendo havido redução da pena final 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA 
Natureza da decisão e cabimento de recurso especial para impugná-la 
 
Cabe recurso especial da decisão proferida no âmbito do pedido de suspensão? 
• Segundo o STJ: NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do pedido 
de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a 
exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político. 
• Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede de 
suspensão de segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional. Com 
base nisso, decidiu que é cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas no 
âmbito do pedido de suspensão de segurança (RE 798740 AgR/DF). STF. 1ª Turma. RE 798740 AgR/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/9/2015 (Info 797). 
 
CONCEITO 
O pedido de suspensão é 
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
- um instrumento processual (incidente processual) 
- por meio do qual as pessoas jurídicas de direito público ou o Ministério Público 
- requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso 
- que suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos, 
- sob o argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à 
segurança e à economia públicas. 
 
NOMENCLATURA 
Comumente, esse instituto é chamado de pedido de “suspensão de segurança”. Isso porque ele foi 
previsto originalmente na lei apenas para suspender as decisões liminares ou sentenças proferidas em 
mandados de segurança. 
Ocorre que, com o tempo, foram editadas novas leis trazendo a possibilidade de suspensão para 
praticamente toda e qualquer decisão judicial prolatada contra a Fazenda Pública. 
Por essa razão, atualmente, além de “suspensão de segurança”, pode-se falar em “suspensão de liminar”, 
“suspensão de sentença”, “suspensão de acórdão” etc. 
 
PREVISÃO LEGAL 
Há cinco diferentes dispositivos legais prevendo pedido de suspensão: 
x art. 12, § 1º da Lei nº 7.347/85 (suspensão de liminar em ACP); 
x art. 4º da Lei nº 8.437/92 (suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em 
ACP). É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão; 
x art. 1º da Lei nº 9.494/97 (suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública); 
x art. 16 da Lei nº 9.507/97 (suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data); 
x art. 15 da Lei nº 12.016/09 (suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança). 
 
Lei nº 8.437/92: 
Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, 
suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público 
ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público 
interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave 
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. 
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação cautelar inominada, no 
processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado. 
 
NATUREZA JURÍDICA 
Prevalece que se trata de um “incidente processual” (Leonardo José Carneiro da Cunha). 
 
A decisão de suspensão de segurança possui caráter político ou jurisdicional? 
1ª corrente: POLÍTICO 2ª corrente: JURISDICIONAL 
Trata-se de um juízo político a respeito da 
lesividade do ato judicial à ordem, à saúde, à 
segurança e à economia públicas. 
É a posição pacífica do STJ. 
É com base nesse entendimento que o STJ não 
admite recurso especial contra decisões proferidas 
no âmbito do pedido de suspensão de segurança. 
Segundo o STJ, o recurso especial se destina a 
combater argumentos que digam respeito a 
exame de legalidade, ao passo que o pedido de 
suspensão ostentaria juízo político. 
 
A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em 
sede de suspensão de segurança não é 
estritamente política, possuindo conteúdo 
jurisdicional. 
 
Com base nessa compreensão, a 1ª Turma do STF 
chegou à conclusão que é cabível, em tese, 
recurso especial contra decisões proferidas no 
âmbito do pedido de suspensão de segurança (RE 
798740 AgR/DF). 
 
Ricardo Pereira
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
POSSIBILIDADE DE FORMULAR PEDIDO DE SUSPENSÃO E INTERPOR RECURSO 
Contra uma decisão interlocutória proferida por um juiz, em 1ª instância, poderão ser interpostos o agravo 
de instrumento e, concomitantemente, o pedido de suspensão. Isso porque o pedido de suspensão não é 
recurso. Logo, não há violação ao princípio da singularidade ou unirrecorribilidade. Além disso, os 
objetivos do agravo e do pedido de suspensão são diferentes. 
Vale ressaltar que essa possibilidade é prevista expressamente: 
Lei n.° 8.437/92 
Art. 4º (...) § 6º A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas 
contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de 
suspensão a que se refere este artigo. 
 
Lei n.° 12.016/2009 
Art. 15 (...) § 3º A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas 
contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de 
suspensão a que se refere este artigo. 
 
LEGITIMIDADE 
Quem pode formular pedido de suspensão? 
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios; 
b) autarquias e fundações; 
c) Ministério Público; 
d) concessionárias de serviço público (desde que para tutelar o interesse público primário). 
 
COMPETÊNCIA 
Decisão prolatada por 
juiz de 1ª instância: 
A competência para apreciar o pedido de suspensão é do Presidente do 
Tribunal que teria competência para julgar o recurso contra a decisão. 
Ex: concedida liminar por juiz federal do AM, o pedido de suspensão será 
julgado pelo Presidente do TRF1. 
Ex2: concedida liminar por juiz de direito do AM, o pedido de suspensão será 
julgado pelo Presidente do TJAM. 
Decisão prolatada por 
membro de TJ ou TRF: 
O pedido de suspensão será decidido pelo: 
x Presidente do STF: se a matéria for constitucional. 
x Presidente do STJ: se a matéria for infraconstitucional. 
 
Ex: concedida liminar pelo Desembargador do TJ/AM, o pedido de suspensão 
será dirigido ao Presidente do STF ou do STJ, e não ao Presidente do TJ/AM 
(art. 25 da Lei nº 8.038/90). 
Decisão prolatada por 
membro de Tribunal 
Superior: 
Se a causa tiver fundamento constitucional, é possível o ajuizamento de pedido de 
suspensão dirigido ao Presidente do STF. 
Se a causa não tiver fundamento constitucional,não há possibilidade de 
pedido de suspensão. 
 
NÃO SE EXAMINA O MÉRITO NO PEDIDO DE SUSPENSÃO: 
Na análise do pedido de suspensão, é vedado o exame do mérito da demanda principal. O que será 
examinado pelo Tribunal é se a decisão prolatada acarreta risco de grave lesão à: 
a) ordem; 
b) saúde; 
c) segurança; ou 
d) economia públicas. 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
 
A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à ordem, à 
segurança, à saúde e à economia públicas. Os temas de mérito da demanda principal não podem ser 
examinados nessa medida, que não substitui o recurso próprio. 
(AgRg na SLS 1.135/MA, Rel. Ministro PRESIDENTE DO STJ, Rel. p/ Acórdão Ministro CESAR ASFOR ROCHA, 
CORTE ESPECIAL, julgado em 12/04/2010, DJe 20/05/2010) 
 
APESAR DE NÃO SE EXAMINAR O MÉRITO, DEVE SER REALIZADO UM JUÍZO MÍNIMO DE DELIBAÇÃO 
Mesmo sendo vedado ao Presidente do Tribunal examinar o mérito da demanda principal, é preciso, para 
que se conceda a suspensão de liminar, que haja um mínimo de plausibilidade na tese da Fazenda Pública, 
porque o pedido de suspensão funciona como uma contracautela, devendo, por isso, demonstrar fumus 
boni iuris e periculum in mora inverso: 
(...) 1. A jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal permite o proferimento de um juízo mínimo 
de delibação, no que concerne ao mérito objeto do processo principal, quando da análise do pedido de 
suspensão de decisão (SS 846-AgR/DF, rel. Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 29.5.96; SS 1.272-AgR, rel. 
Ministro Carlos Velloso, DJ 18.5.2001, dentre outros). 
(STA 73 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2008, DJe-078 DIVULG 30-
04-2008 PUBLIC 02-05-2008 EMENT VOL-02317-01 PP-00001) 
 
RECURSO CONTRA A DECISÃO PROFERIDA NO PEDIDO DE SUSPENSÃO: 
Da decisão do Presidente do Tribunal que conceder ou negar a suspensão cabe algum recurso? 
SIM. Caberá agravo interno para o Plenário ou Corte Especial do Tribunal. Nesse sentido, veja o § 3º do art. 
4º da Lei nº 8.437/92: 
§ 3º Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será 
levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição. 
 
Obs: o prazo para esse agravo é de 5 dias mesmo que tenha sido interposto pela Fazenda Pública ou pelo 
MP. Em outras palavras, NÃO incide o art. 188 do CPC (que confere prazo em dobro para recorrer à 
Fazenda Pública ou ao MP) na hipótese de o recurso interposto ser o incidente de suspensão de liminar 
previsto no art. 4º, § 3º da Lei 8.437/1992. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.331.730-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 7/5/2013 (Info 523). 
 
Cabe recurso especial da decisão do Plenário ou da Corte Especial que julga esse agravo? 
x Segundo o STJ: NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do pedido de 
suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de 
legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político. 
x Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede de suspensão de 
segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional. Com base nisso, decidiu que 
é cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de 
segurança (RE 798740 AgR/DF). 
 
NOVO PEDIDO DE SUSPENSÃO: 
No entanto, se, na decisão do agravo, não for concedida ou mantida a suspensão, a Fazenda Pública ainda 
terá outro instrumento: apresentar novo pedido de suspensão, desta vez para o STJ ou para o STF, a 
depender da natureza da matéria (se infraconstitucional ou constitucional). 
 
Lei n.° 8.437/92 
Art. 4º (...) § 4º Se do julgamento do agravo de que trata o § 3º resultar a manutenção ou o 
restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente 
do Tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
 
Ex1: juiz concede liminar contra a Fazenda Pública, que formula pedido de suspensão para o Presidente do 
TJ; este concede a suspensão; a parte autora agrava da decisão do Presidente para o Plenário, que reforma a 
decisão do Presidente e restabelece a liminar concedida em primeira instância. Dessa decisão do Plenário, a 
Fazenda Pública terá a possibilidade de formular novo pedido de suspensão para o STJ ou para o STF. 
 
Ex2: juiz concede liminar contra a Fazenda Pública, que formula pedido de suspensão para o Presidente do 
TJ; este não concede a suspensão; a Fazenda Pública agrava da decisão do Presidente para o Plenário, que 
mantém a decisão do Presidente e a liminar concedida em primeira instância. Dessa decisão do Plenário, a 
Fazenda Pública terá a possibilidade de formular novo pedido de suspensão para o STJ ou para o STF. 
 
A doutrina afirma que se trata de um pedido de suspensão “por salto de instância”. 
 
 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Reconhecida a repercussão geral, não é mais possível que as partes desistam do processo 
 
Importante!!! 
Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário é a repercussão geral. 
Desse modo, para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente demonstre a 
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. 
Antes do STF apreciar o mérito do recurso, ele primeiro decide se aquele determinado tema 
discutido possui repercussão geral. 
É comum que essa decisão reconhecendo a existência de repercussão geral seja proferida em 
uma data e somente meses ou até anos depois é que o STF aprecia o mérito do recurso. 
O STF decidiu que, uma vez reconhecida a repercussão geral da questão constitucional 
discutida no caso, não é mais possível às partes a desistência do processo. 
O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questão cuja repercussão geral foi 
reconhecida continuará sendo analisada. Veja: 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos 
litisconsortes, desistir do recurso. 
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão 
geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou 
especiais repetitivos. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/9/2015 (Info 797). 
 
Análise por amostragem da repercussão geral 
Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário é a repercussão geral. 
Desse modo, para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente demonstre a repercussão geral 
das questões constitucionais discutidas no caso. 
O STF não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não oferecer 
repercussão geral. 
O objetivo da exigência da “repercussão geral” foi o de evitar que o STF julgasse recursos extraordinários 
de menor relevância, contribuindo, assim, para a redução do volume de processos na Corte. 
Diz-se que há repercussão geral no recurso extraordinário quando existem questões relevantes do ponto 
de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassam os interesses subjetivos da causa. 
 
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira
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Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Quando houver uma grande quantidade de recursos extraordinários que versem sobre o mesmo tema, o 
STF poderá fazer a análise da repercussão geral por amostragem. Dito de forma mais simples, o STF 
seleciona um ou alguns poucos recursos extraordinários, debate a tese ali apresentada, chega a uma 
conclusão e aplicaa mesma solução para todos os demais recursos semelhantes. 
 
Decisão reconhecendo a repercussão geral 
Antes de o STF apreciar o mérito do recurso, ele primeiro decide se aquele determinado tema discutido 
possui repercussão geral. 
É comum que essa decisão reconhecendo a existência de repercussão geral seja proferida em uma data e 
somente meses ou até anos depois é que o STF aprecia o mérito do recurso. 
 
Depois que o STF reconhece a repercussão geral é incabível a desistência 
O STF decidiu que, uma vez reconhecida a repercussão geral da questão constitucional discutida no caso, 
não é mais possível às partes a desistência do processo. 
No caso concreto, pouco tempo antes de instaurar-se a sessão de julgamento, a parte recorrida peticionou 
ao STF pedindo a desistência do mandado de segurança que ensejara o recurso extraordinário. 
O Relator afirmou que, em regra, a parte impetrante pode desistir do mandado de segurança, 
independentemente da concordância da autoridade coatora, da parte contrária ou da entidade estatal 
interessada. Esse é o entendimento do STF firmado no RE 669.367/RJ (DJe de 29.10.2014). No entanto, no 
caso concreto, a situação seria diferente, uma vez que o processo está em fase de recurso extraordinário 
com repercussão geral reconhecida. Estando com a repercussão geral reconhecida, o processo perde o 
caráter individual e ganha contornos de processo objetivo, uma vez que na decisão a ser proferida irá ser 
construída uma tese geral que irá influenciar outros casos semelhantes. 
 
CPC 2015 
O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questão cuja repercussão geral foi reconhecida 
continuará sendo analisada. Em outras palavras, a parte pode até desistir do processo, mas mesmo assim a 
tese jurídica que era discutida na lide será definida pelo STF. Veja: 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, 
desistir do recurso. 
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha 
sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. 
 
Confira o que diz a doutrina: 
"O parágrafo único do art. 998, por sua vez, busca compatibilizar o interesse público subjacente ao 
julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida e recursos extraordinários e/ou 
repetitivos já afetados como tais como o interesse das partes. A melhor interpretação para a nova regra é 
a de que a questão jurídica derivada do recurso poderá ser julgada, a despeito da desistência; não o 
recurso do qual se desistiu, cujo processo terá sorte apartada daquele outro julgamento, ocasionando que 
a decisão recorrida, eventualmente - se for este o caso -, transite materialmente em julgado." (BUENO, 
Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, p. 640). 
 
"(...) o art. 998, parágrafo único, CPC, permite que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de 
Justiça se pronunciem sobre questões recursais ainda que a parte tenha desistido do recurso. Nesse caso, 
obviamente que a pronúncia da Corte não poderá alcançar o recurso da parte. Servirá, porém, para 
outorgar unidade ao direito, valendo como precedente." (MARINONI, Luiz Guilherme; AREHART, Sérgio 
Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 933). 
 
 
 
 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
PROCEDIMENTOS 
Aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao processo penal 
 
Importante!!! 
É cabível a aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao processo penal. 
Se no processo civil, em que se discutem direitos disponíveis, concede-se prazo em dobro, com 
mais razão no processo penal, em que está em jogo a liberdade do cidadão. STF. Plenário. Inq 3983/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 3/9/2015 (Info 797). STF. Plenário. Inq 4112/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/9/2015 (Info 797). 
 
Lei n.q 8.038/90 (regula os processos criminais de competência originária do STF/STJ) 
Se a ação penal for de competência do STF e STJ, ela deverá obedecer a um rito processual próprio 
previsto na Lei n.q 8.038/90. Ex: se um Governador for acusado da prática de um crime, esta ação penal 
tramitará originariamente no STJ e o procedimento será o da Lei n.q 8.038/90 (o CPP será aplicado apenas 
subsidiariamente). 
 
O procedimento da Lei n.q 8.038/90 é, resumidamente, o seguinte: 
1. Oferecimento de denúncia (ou queixa). 
2. Notificação do acusado para oferecer resposta preliminar no prazo de 15 dias (antes de receber a 
denúncia) (art. 4º). 
3. Se, com a resposta, o acusado apresentar novos documentos, a parte contrária (MP ou querelante) será 
intimada para se manifestar sobre esses documentos, no prazo de 5 dias. 
4. O Tribunal irá se reunir e poderá (art. 6º): 
a) receber a denúncia (ou queixa); 
b) rejeitar a denúncia (ou queixa); 
c) julgar improcedente a acusação se a decisão não depender de outras provas (neste caso, o acusado é, de 
fato, absolvido). 
Importante: a decisão quanto ao recebimento ou não da denúncia ocorre após o denunciado apresentar 
resposta. 
5. Se a denúncia (ou queixa) for recebida, o Relator designa dia e hora para audiência. 
 
Ao contrário do que ocorre no procedimento do CPP, a Lei n.q 8.038/90 não prevê a existência de uma fase 
para absolvição sumária, tal qual existente no art. 397 do CPP. 
 
Feitas estas considerações, vejamos o caso concreto: 
O Procurador-Geral da República ofereceu denúncia, no STF, contra o Presidente da Câmara dos 
Deputados e contra outra pessoa (corréu) pela suposta prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem 
de dinheiro. 
O próximo passo seria a notificação dos denunciados para apresentarem resposta preliminar no prazo de 
15 dias (art. 4º da Lei nº 8.038/90). 
Ocorre que a defesa do Deputado pediu ao STF que o prazo da resposta preliminar, assim como todos os 
demais prazos, fossem contados em dobro, aplicando-se, ao processo penal, por analogia, o art. 191 do 
CPC 1973: 
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os 
prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
O CPC 2015 também traz regra semelhante, exigindo, contudo, que, além de serem procuradores 
(advogados) diferentes, os causídicos também sejam de escritórios de advocacia diferentes. Veja: 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, 
terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, 
independentemente de requerimento. 
 
Segundo argumentou o Deputado, ele está sendo acusado juntamente com outra pessoa (litisconsórcio 
passivo no processo penal) e os dois réus estão sendo assistidos por escritórios de advocacia diferentes. 
Logo, aplica-se perfeitamente o art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015). 
 
Essa tese foi acatada pelo STF? É possível aplicar o art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) por 
analogia ao processo penal? 
SIM. É cabível a aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao prazo previsto no 
art. 4º da Lei nº 8.038/1990 (“Apresentada a denúncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-á a notificação do 
acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias”). 
O Min. Luiz Fux argumentou que, se no processo civil, em que se discutem direitos disponíveis, concede-se 
prazo em dobro, com mais razão no processo penal, em que está em jogo a liberdade do cidadão. 
 
Obs1: para alguns, pode parecer estranho,mas se em um processo criminal existem dois ou mais réus, 
tem-se, no caso, um litisconsórcio passivo, considerando que o MP (ou o querelante) é o autor da ação 
penal e os réus estão no polo passivo. 
 
Obs2: o precedente acima foi envolvendo a Lei nº 8.038/90, mas penso que nada impede que esse mesmo 
entendimento seja aplicado aos procedimentos regidos pelo CPP. 
 
É possível aplicar regras do CPC, por analogia, ao processo penal? 
SIM. A analogia é vedada no Direito Penal, salvo se beneficiar o réu (analogia in bonam partem). No 
processo penal, não existe esta mesma vedação, tendo em vista que as normas processuais não são 
incriminadoras. Veja a autorização expressa prevista no CPP para a aplicação analógica: 
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
Precedente no caso "Mensalão" 
Vale ressaltar que o STF já havia admitido que as partes (MP e defesa) tivessem prazo em dobro para 
recorrer (embargos de declaração) no caso do “Mensalão”, utilizando como argumento justamente o fato 
de que havia, no caso, um litisconsórcio passivo (vários réus), com advogados diferentes, devendo, 
portanto, ser aplicada, por analogia, a regra prevista no art. 191 do CPC (STF. Plenário. AP 470 Vigésimo 
Segundo AgR/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 17/4/2013). 
 
 
 
RECURSOS 
Situação de reformatio in pejus mesmo tendo havido redução da pena final 
 
João foi condenado em 1ª instância a uma pena de 2 anos pela prática do crime de furto 
qualificado pela escalada (art. 155, § 4º, II, do CP). O Ministério Público não recorreu, 
transitando em julgado a sentença para a acusação. A defesa do réu interpôs apelação. O 
Tribunal de Justiça entendeu que não estavam presentes os requisitos necessários para a 
configuração da qualificadora da escalada (art. 155, § 4º, II) e, por isso, a retirou, 
transformando em furto simples. Até aí, tudo bem. Esse era um dos pedidos do recurso. Ocorre 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
que os Desembargadores foram além e decidiram reconhecer a presença da causa de aumento 
prevista no § 1º do art. 155 do CP, em virtude de estar provado nos autos que o furto ocorreu 
durante o repouso noturno. Assim, o TJ afastou a condenação pelo art. 155, § 4º, II, do CP e 
condenou o réu pelo art. 155, § 1º, do CP. Com base nessa nova capitulação, o TJ fixou a pena do 
réu em 1 ano e 4 meses. Agiu corretamente o TJ? 
NÃO. O STF entendeu que a decisão do TJ violou o princípio do non reformatio in pejus, 
devendo ser refeita a dosimetria. O TJ acrescentou uma causa de aumento de pena (art. 155, § 
1º) que não havia sido reconhecida na sentença em 1ª instância. Como o recurso era exclusivo 
da defesa, o TJ não poderia ter inserido na condenação uma circunstância contrária ao réu e 
que não estava presente anteriormente. Assim, mesmo aparentemente a decisão do TJ tendo 
sido benéfica ao réu (por ter reduzido a pena), na verdade, houve, na parte referente à causa 
de aumento, uma reforma para pior. STF. 2ª Turma. RHC 126763/MS, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/9/2015 (Info 797). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi condenado em 1ª instância a uma pena de 2 anos pela prática do crime de furto qualificado pela 
escalada (art. 155, § 4º, II, do CP). 
O Ministério Público não recorreu, transitando em julgado a sentença para a acusação. 
A defesa do réu interpôs apelação. 
O Tribunal de Justiça entendeu que não estavam presentes os requisitos necessários para a configuração 
da qualificadora da escalada (art. 155, § 4º, II) e, por isso, a retirou, transformando em furto simples. Até 
aí, tudo bem. Esse era um dos pedidos do recurso. Ocorre que os Desembargadores foram além e 
decidiram reconhecer a presença da causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do CP, em virtude de 
estar provado nos autos que o furto ocorreu durante o repouso noturno. 
Assim, o TJ afastou a condenação pelo art. 155, § 4º, II, do CP e condenou o réu pelo art. 155, § 1º, do CP. 
Com base nessa nova capitulação, o TJ fixou a pena do réu em 1 ano e 4 meses. 
 
Agiu corretamente o TJ? 
NÃO. O STF entendeu que a decisão do TJ violou o princípio do non reformatio in pejus, devendo ser 
refeita a dosimetria. 
 
Mas o TJ reduziu a pena do réu de 2 anos para 1 ano e 4 meses... mesmo assim pode-se dizer que houve 
reformatio in pejus (reforma em prejuízo do recorrente)? 
SIM. Isso porque o TJ acrescentou uma causa de aumento de pena (art. 155, § 1º) que não havia sido 
reconhecida na sentença em 1ª instância. Como o recurso era exclusivo da defesa, o TJ não poderia ter 
inserido na condenação uma circunstância contrária ao réu e que não estava presente anteriormente. 
Assim, mesmo aparentemente a decisão do TJ tendo sido benéfica ao réu (por ter reduzido a pena), na 
verdade, houve, na parte referente à causa de aumento, uma reforma para pior. 
 
O STF entendeu que houve violação à parte final do art. 617 do CPP: 
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que 
for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. 
 
Prevaleceu a tese de que a melhor interpretação a ser dada à parte final do art. 617 do CPP seria a sistemática, 
a levar em conta que a norma está inserida em um conjunto organizado de ideias e, por isso, a vedação da 
“reformatio in pejus” não se restringe à quantidade final de pena, devendo ser analisado se o Tribunal 
acrescentou alguma imputação (seja ela qualificadora, causa de aumento etc.) que não estava prevista 
anteriormente na condenação. Em outras palavras, não se deve analisar apenas a quantidade final da pena. 
 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
JULGADO NÃO COMENTADO 
 
Agravo regimental e interesse recursal 
O Plenário, por maioria, não conheceu de agravo regimental interposto pelo Presidente da Câmara dos 
Deputados em face de decisão monocrática que indeferira pedido de medida liminar formulado em 
mandado de segurança em que se pleiteava a suspensão da análise isolada, pela Câmara dos Deputados, 
dos Projetos de Decreto Legislativo 384/1997, 1.376/2009, 40/2011 e 42/2011, mas que sinalizara ao 
Congresso Nacional que as votações futuras de contas presidenciais anuais deveriam ocorrer em sessão 
conjunta. A Corte afirmou que estaria configurada, na espécie, a falta de interesse recursal, na medida em 
que não haveria, na decisão monocrática objeto de impugnação, ato com conteúdo decisório desfavorável 
ao agravante. Naquela decisão, quando da apreciação do pedido de liminar, fora assentada a existência do 
“fumus boni iuris”. Isso porque decorreria da Constituição que a competência para julgar as contas do 
Presidente da República seria das duas casas do Congresso Nacional e não de cada uma delas 
individualmente. Essa interpretação seria extraída do seguinte conjunto de argumentos constitucionais, 
então demonstrados: a) caráter exemplificativo do rol de hipóteses de sessões conjuntas (CF, art. 57, § 3º); 
b) natureza mista da comissão incumbida do parecer sobre as contas (CF, art. 161, § 1º); c) reserva da 
matéria ao regimento comum, que disciplina as sessões conjuntas (CF, art. 161, “caput” e § 2º), nas quais 
ambas as Casas se manifestam de maneira simultânea; d) previsão expressa, pois quando a Constituição 
desejara a atuação separada de uma das Casas em matéria de contas presidenciais assim o fizera (CF, art. 
51, II); e e) simetria entre a forma de deliberação das leis orçamentárias e a de verificação do respectivo 
cumprimento. Portanto, fora destacada, naquele ato, a existência de plausibilidade do direito alegado. No 
entanto,constatado que, na ocasião, as contas presidenciais em questão já haviam sido julgadas, não se 
verificaria o “periculum in mora”, devendo ser denegada a liminar. Assim, não teria sido praticado nenhum 
ato desfavorável à Câmara dos Deputados. Em última análise, o agravo em questão se insurgiria contra a 
fundamentação da decisão monocrática proferida, na parte do “fumus boni iuris”. Vencido o Ministro 
Gilmar Mendes, que negava provimento ao agravo regimental por entender presente o interesse recursal. 
MS 33729/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 3.9.2015. 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 31 de agosto a 4 de setembro de 2015 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 851.421-DF 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – GUERRA FISCAL – BENEFÍCIOS FISCAIS DECLARADOS 
INCONSTITUCIONAIS – CONVALIDAÇÃO SUPERVENIENTE MEDIANTE NOVA DESONERAÇÃO – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – 
REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade da prática mediante a qual os 
estados e o Distrito Federal, respaldados em consenso alcançado no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, perdoam 
dívidas tributárias surgidas em decorrência do gozo de benefícios fiscais assentados inconstitucionais pelo Supremo, porque implementados em meio 
à chamada guerra fiscal do ICMS. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 884.325-DF 
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. EDSON FACHIN 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA ECONOMIA. NORMAS DE INTERVENÇÃO. LIBERDADE 
DE INICIATIVA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. SETOR SUCROALCOOLEIRO. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO DANO. 
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. Tem repercussão geral a questão relativa à responsabilidade objetiva da União e à qualificação jurídica 
do dano causado ao setor sucroalcooleiro, em virtude da fixação dos preços dos produtos do setor em valores inferiores ao levantamento de custos 
realizados pela Fundação Getúlio Vargas, levando-se em conta o valor constitucional da livre iniciativa e a intervenção do Estado no domínio 
econômico. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 662.055-SP 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DIREITOS DOS ANIMAIS E 
RELEVANTE PREJUÍZO COMERCIAL A EVENTO CULTURAL TRADICIONAL. RESTRIÇÕES A PUBLICAÇÕES E DANOS MORAIS. 
PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
1. A decisão recorrida impôs restrições a publicações em sítio eletrônico de entidade de proteção aos animais, que denunciava a crueldade da 
utilização de animais em rodeios, condenando-a ao pagamento de danos morais e proibindo-a de contactar patrocinadores de um evento específico, 
tradicional e culturalmente importante. 
2. Constitui questão constitucional da maior importância definir os limites da liberdade de expressão em contraposição a outros direitos de igual 
hierarquia jurídica, como os da inviolabilidade da honra e da imagem, bem como fixar parâmetros para identificar hipóteses em que a publicação deve 
ser proibida e/ou o declarante condenado ao pagamento de danos morais, ou ainda a outras consequências jurídicas. 
3. Repercussão geral reconhecida. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 848.826-DF 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. JULGAMENTO DAS CONTAS DO CHEFE DO 
PODER EXECUTIVO COMO ORDENADOR DE DESPESAS. COMPETÊNCIA: PODER LEGISLATIVO OU TRIBUNAL DE CONTAS. 
REPERCUSSÃO GERAL. 
1. Inadmissão do recurso no que diz respeito às alegações de violação ao direito de petição, inafastabilidade do controle judicial, devido processo 
legal, contraditório, ampla defesa e fundamentação das decisões judiciais (arts. 5º, XXXIV, a, XXXV, LIV e LV, e 93, IX, da CF/1988). Precedentes: 
AI 791.292 QO-RG e ARE 748.371 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes. 
2. Constitui questão constitucional com repercussão geral a definição do órgão competente – Poder Legislativo ou Tribunal de Contas – para julgar as 
contas de Chefe do Poder Executivo que age na qualidade de ordenador de despesas, à luz dos arts. 31, § 2º; 71, I; e 75, todos da Constituição. 
3. Repercussão geral reconhecida. 
 
Decisões Publicadas: 4 
 
C L I P P I N G D O D JE 
31 de agosto a 4 de setembro de 2015 
 
AG. REG. NO ARE N. 669.072-MG 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. COFINS E CSLL. COMPENSAÇÃO. REVOGAÇÃO MEDIANTE MEDIDA PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DE 
HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA NO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, II, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LEGALIDADE. CONTRADITÓRIO E 
AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. NATUREZA INFRACONSTITUCIONAL DA CONTROVÉRSIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
ARTIGO 93, IX, DA CARTA MAGNA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RAZÕES DE DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 16.3.2011. 
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito 
deste Supremo Tribunal Federal, no sentido da inexistência de reserva de lei complementar para dispor sobre isenção pertinente à Cofins, bem 
como ausente relação hierárquica entre lei complementar e lei ordinária (art. 59 da Constituição) porquanto, em matéria tributária, a reserva de lei 
complementar é definida em razão da matéria. 
2. Obstada a análise da suposta afronta aos incisos II e LV do artigo 5º da Carta Magna, porquanto dependeria de prévia análise da legislação 
infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento que refoge à competência jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, a teor do art. 102 
da Magna Carta. 
3. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido 
dispositivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada 
argumento suscitado pelas partes. 
4. As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 
5. Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
AG. REG. NO HC N. 128.617-RN 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. CRIMES DE ROUBO MAJORADO E 
RECEPTAÇÃO. ALEGAÇÕES DE INÉPCIA DA DENÚNCIA E CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 
1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento no sentido da inadmissibilidade do uso da ação de habeas corpus em 
substituição ao recurso ordinário previsto na Constituição Federal (v.g HC 109.956, Rel. Min. Marco Aurélio; e HC 104.045, Rel.ª Min.ª Rosa Weber). 
Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal não admite a utilização do habeas corpus em substituição à ação de revisão criminal (v.g, 
RHC119.605-AgR, Rel. Min. Luís Roberto Barroso; HC 111.412-AgR, Rel. Min. Luiz Fux; RHC 114.890, Rel. Min. Dias Toffoli; HC 116.827-MC, Rel. Min. 
Teori Zavascki; RHC 116.204, Rel.ª Min.ª Cármen Lúcia; e RHC 115.983, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 
2. A alegação de inépcia da denúncia não foi apreciada pela autoridade impetrada, o que impede o imediato exame da matéria, sob pena de 
indevida supressão de instância (v.g HC 116.350-AgR, Relª Minª Rosa Weber, e HC 114.166, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). Não bastasse, a 
orientação jurisprudencial desta Corte é no sentido de que a “A alegação de inépcia da denúncia está preclusa quando suscitada após a sentença 
penal condenatória” (RHC 105.730, Rel. Min. Teori Zavascki). No mesmo sentido: RHC 120.473, Rel.ª Min.ª Rosa Weber; RHC 122.465-AgR, Rel.Min. 
Gilmar Mendes; RHC 120.751, Rel.ª Min.ª Rosa Weber; HC 111.363, Rel. Min. Luiz Fux; RHC 116.619, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 
3. Quanto à alegação de cerceamento do direito de defesa, o acolhimento da pretensão defensiva quanto à análise do exaurimento, ou não, dos 
meios necessários para a localização do paciente demandaria o revolvimento do conjunto fático-probatório da causa, inviável na via 
processualmente restrita do habeas corpus, notadamente após o trânsito em julgado da condenação. 
4. Agravo regimental desprovido. 
 
 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
AG. REG. NO HC N. 128.693-SP 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS CONTRA ATO DE MINISTRO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CASA DE PROSTITUIÇÃO. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. 
DOSIMETRIA DA PENA. REGIME INICIAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. 
1. Inexistindo pronunciamento colegiado do Superior Tribunal de Justiça, não compete ao Supremo Tribunal Federal examinar a questão de direito 
implicada na impetração. Nesse sentido foram julgados os seguintes precedentes: HC 113.468, Rel. Min. Luiz Fux; HC 117.502, Relator para o 
acórdão o Min. Luís Roberto Barroso; HC 108.141-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki; e o HC 122.166-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 
2. O Supremo Tribunal Federal não admite a utilização do habeas corpus em substituição à ação de revisão criminal (v.g, RHC119.605-AgR, Rel. Min. 
Luís Roberto Barroso; HC 111.412-AgR, Rel. Min. Luiz Fux; RHC 114.890, Rel. Min. Dias Toffoli; HC 116.827-MC, Rel. Min. Teori Zavascki; RHC 
116.204, Rel.ª Min.ª Cármen Lúcia; e RHC 115.983, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 
3. A dosimetria da pena é questão relativa ao mérito da ação penal, estando necessariamente vinculada ao conjunto fático probatório, não sendo 
possível às instâncias extraordinárias a análise de dados fáticos da causa para redimensionar a pena finalmente aplicada. De modo que a discussão a 
respeito da dosimetria da pena se cinge ao controle da legalidade dos critérios utilizados, restringindo-se, portanto, ao exame da “motivação 
[formalmente idônea] de mérito e à congruência lógico-jurídica entre os motivos declarados e a conclusão” (HC 69.419, Rel. Min. Sepúlveda 
pertence). 
4. A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a 
pena aplicada permitir exige motivação idônea” (Súmula 719/STF). 
5. As instâncias de origem, ao concluírem que a conversão da reprimenda não se mostra recomendável diante da presença de circunstâncias 
judiciais desfavoráveis, também não divergiram da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal (vg. RHC 122.132-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes; 
HC 117.719, Rel. Min. Teori Zavasacki; HC 119.811, Rel. Min. Teori Zavascki; ARE 774.815-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes; RHC 118.658, Rel. Min. Luiz 
Fux). 
6. Agravo regimental desprovido. 
 
AG. REG. NO RHC N. 118.621-ES 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FORMAÇÃO DE QUADRILHA, FALSIDADE IDEOLÓGICA E LAVAGEM DE DINHEIRO. INTERCEPTAÇÕES 
TELEFÔNICAS. 
1. As instâncias precedentes afirmaram que a interceptação telefônica foi precedida de diligências preliminares que demonstraram a “necessidade e 
indispensabilidade da medida”. Para dissentir-se desse entendimento seria necessário o revolvimento de fatos e provas, inviável na via do habeas 
corpus. 
2. “O Supremo Tribunal Federal afasta a necessidade de transcrição integral dos diálogos gravados durante quebra de sigilo telefônico, rejeitando 
alegação de cerceamento de defesa pela não transcrição de partes da interceptação irrelevantes para o embasamento da denúncia” (Inq. 3693, 
Rel.ª Min.ª Cármen Lúcia). No mesmo sentido, o AI 685878-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 
3. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
AG. REG. NO RE N. 869.633-SC 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADICIONAL DE RISCO DE VIDA. DISCUSSÃO ACERCA DA 
NATUREZA JURÍDICA DA VERBA. DEBATE DE ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, II, XXXVI, LIV E LV, DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LEGALIDADE. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. EVENTUAL OFENSA REFLEXA NÃO 
VIABILIZA O MANEJO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 102 DA LEI MAIOR. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ARTIGO 93, IX, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RAZÕES DE DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL. ACÓRDÃO RECORRIDO 
PUBLICADO EM 02.6.2014. 
1. A controvérsia, a teor do já asseverado na decisão guerreada, não alcança estatura constitucional. Não há falar em afronta aos arts. 150, I, 154, I, 
e 195, I, “a”, da Constituição Federal. Compreender de modo diverso exigiria a análise da legislação infraconstitucional encampada na decisão da 
Corte de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso extraordinário. 
2. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Lei Maior. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido dispositivo 
constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada argumento 
suscitado pelas partes. 
3. O exame da alegada ofensa ao art. 5º, II, XXXVI, LIV e LV, da Constituição Federal, observada a estreita moldura com que devolvida a matéria à 
apreciação desta Suprema Corte, dependeria de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, o que refoge à competência 
jurisdicional extraordinária, prevista no art. 102 da Magna Carta. 
4. As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 
5. Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
EMB.DECL. NO AG. REG. NO RE N. 632.343-RJ 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Matéria criminal. Omissão no acórdão questionado não 
caracterizada. Caráter manifestamente protelatório do recurso. Pretensão de alcançar a prescrição da pretensão punitiva. Risco iminente da 
prescrição. Possibilidade de baixa imediata dos autos independentemente da publicação da decisão. Entendimento consolidado na 
jurisprudência da Corte. Precedentes. Rejeição dos embargos. Baixa imediata dos autos ao juízo de origem. 
1. Nenhuma das hipóteses autorizadoras da oposição do recurso declaratório (RISTF, art. 337) está configurada no caso dos autos, já que o acórdão 
embargado abordou, de forma fundamentada, todos os pontos colocados em debate, nos limites necessários ao deslinde da controvérsia. 
2. Intenção de se procrastinar a prestação jurisdicional da Corte e, assim, obstar a persecução penal, uma vez a prescrição da pretensão punitiva, 
pela pena em abstrato, se avizinha (29/8/15). 
3. Hipótese absolutamente repelida pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a qual consigna que a utilização de recurso manifestamente 
protelatório autoriza o imediato cumprimento da decisão proferida pela Suprema Corte, independentemente da publicação do acórdão (RE nº 
839.163/DF-QO, Tribunal Pleno, de minha relatoria, DJe de 9/2/15). 
4. Embargos de declaração rejeitados. 
5. Baixa imediata dos autos ao juízo de origem, independentemente da publicação do acórdão, tendo em vista o caráter manifestamente 
protelatório do recurso. 
 
 
Informativo 797-STF (10/09/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
AG. REG. NO ARE N. 851.864-ES 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Constitucional. Terreno de marinha. Ilha costeira. Sede de Município. EC nº 
46/2005. Propriedade. Titularidade. Discussão. Repercussão geral. Decisão que determina o retorno dos autos à origem. Precedentes.1. O Supremo Tribunal Federal, no exame do RE nº 636.199/ES, Relatora a Ministra Rosa Weber, reconheceu a repercussão geral da matéria relativa 
à “situação dos terrenos de marinha localizados em ilhas costeiras com sede em município, após advento da Emenda Constitucional 46/2005”. 
2. Manutenção da decisão que, com base no art. 328, parágrafo único, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, determinou a devolução 
dos autos ao Tribunal de origem para a observância do disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil. 
3. Agravo regimental não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N. 880.159-SC 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Princípio da legalidade. Ofensa reflexa. Servidor público. 
Gratificação. Direito à percepção. Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Valores recebidos de boa-fé. Restituição. Discussão. Ausência de 
repercussão geral. Precedentes. 
1. A afronta aos princípios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório, dos limites da coisa julgada ou da prestação 
jurisdicional, quando depende, para ser reconhecida como tal, da análise de normas infraconstitucionais, configura apenas ofensa indireta ou 
reflexa à Constituição Federal. 
2. Não se presta o recurso extraordinário para o exame do conjunto fático-probatório da causa. Incidência da Súmula nº 279/STF. 
3. O Supremo Tribunal Federal no exame do AI nº 841.473/RS, Relator o Ministro Cezar Peluso, assentou a ausência de repercussão geral do tema 
relativo à “restituição de valores pagos indevidamente pela Administração Pública à beneficiário de boa-fé” em razão da inexistência de questão 
constitucional a ser examinada. 
4. Agravo regimental não provido. 
 
Acórdãos Publicados: 363 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Obras emergenciais em presídios: reserva do possível e separação de poderes (Transcrições) 
(v. Informativo 796) 
 
RE 592.581-RS* 
 
RELATOR: Ministro Ricardo Lewandowski 
 
VOTO DO MINISTRO EDSON FACHIN: 
 
Trata-se de Recurso Extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, cuja ementa se transcreve: 
 
“Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DETERMINAÇÃO AO PODER EXECUTIVO DE REALIZAÇÃO DE OBRAS EM 
PRESÍDIO. DECABIMENTO. PODER DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO. 
 
Preliminar: 
 
O pedido não é juridicamente impossível, porquanto não lhe veda expressamente a ordem jurídica. 
 
Mérito: 
O texto constitucional dispõe sobre os direitos fundamentais do preso, sendo certo que as precárias condições dos estabelecimentos prisionais 
importam ofensa à sua integridade física e moral. A dificuldade está na técnica da efetivação desses direitos fundamentais. 
 
É que diversa a carga de eficácia quanto se trata de direito fundamental prestacional proclamado em norma de natureza eminentemente 
programática, ou quando sob forma que permita, de logo, com ou sem interposição legislativa, o reconhecimento de direito subjetivo do 
particular (no caso do preso), como titular do direito fundamental. 
 
Aqui o ponto: saber se a obrigação imposta ao Estado atende norma constitucional programática, ou norma de natureza imposivita (sic). 
 
Vê-se às claras, que mesmo não tivesse ficado no texto constitucional senão que também na Lei das Execuções Criminais, cuida-se de norma 
de cunho programático. Não se trata de disposição auto-executável, apenas traça linha geral de ação ditada ao poder público. 
 
Para além (sic) disso, sua efetiva realização apresenta dimensão econômica que faz depender da conjuntura; em outras palavras, das 
condições que o Poder Público, como destinatário da norma, tenha de prestar. Daí que a limitação de recursos constitui, na opinião de 
muitos, no limite fático à efetivação das normas de natureza programática. É a denominada ‘reserva do possível’. 
 
Pois a ‘reserva do possível’, no que respeita aos direitos de natureza programática, tem a ver não apenas com a possibilidade material para 
sua efetivação (econômica, financeira, orçamentária), mas também, e por conseqüência, com o poder de disposição de parte do 
Administrador, o que imbrica na discricionariedade, tanto mais que não se trata de atividade vinculada. 
 
Ao Judiciário não sabe determinar ao Poder Executivo a realização de obras, como pretende o Autor Civil, mesmo pleiteadas a título de 
direito constitucional do preso, pena de fazer às vezes de administrador, imiscuindo-se indevidamente em seara reservada à Administração. 
 
 
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Falta aos Juízos, porque situados fora do processo político-administrativo, capacidade funcional de garantir a efetivação de direitos sociais 
prestacionais, sempre dependentes de condições de natureza econômica ou financeira que longe estão dos fundamentos jurídicos.” 
 
No Recurso Extraordinário, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, preliminarmente, alega a repercussão geral da matéria, 
tendo em vista a violação dos direitos fundamentais do preso e do princípio da dignidade humana. Também afirma o prequestionamento do disposto 
no artigo 5º, XLIX e art. 1º, III, ambos da Constituição Federal. 
No tocante ao mérito, requer a reforma da decisão colegiada, pois teria sido desconsiderada a aplicabilidade imediata dos direitos 
fundamentais. Acrescenta que impossibilidade de ordem orçamentária não pode servir de justificativa para a não efetivação desses direitos, assim 
como deve ser observada a vinculação do Poder Público quanto à implementação de políticas públicas nesta seara. 
Pondera que não há ofensa ao princípio da separação de poderes na apreciação da questão pelo Poder Judiciário, pois esse Poder também seria 
“Estado” e o texto constitucional garante o acesso à prestação jurisdicional como direito fundamental (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal). Disto 
decorre que a atuação do Judiciário - como Estado na espécie - apenas tornaria efetivo o dever constitucional de garantir a integridade física e moral 
dos presos. 
Pede, por fim, a reforma integral do acórdão, provendo o recurso extraordinário a fim de compelir o Estado do Rio Grande do Sul a realizar, no 
prazo de seis meses, obras de reforma geral no Albergue Estadual de Uruguaiana. 
Não foram apresentadas contrarrazões (doc. 4). 
Foram admitidos como amici curiae os Estados do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, Bahia, Roraima, Amapá, 
Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal (doc. 05), Rio de Janeiro (doc. 06), São Paulo (doc. 12), Pará (doc. 14). 
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil apresentou memorial (doc. 20) a fim de contribuir para o deslinde do feito. Alega que 
o quadro verificado no sistema prisional brasileiro deve-se à ausência de vontade/conveniência política e pelo senso coletivo de “justiça” que “coloca 
ao sopé das listas de prioridades a implementação de condições minimamente dignas para o cumprimento de penas privativas de liberdade”. (pág. 5, 
doc. 20). Afirma, ainda, a existência de recursos financeiros dos fundos penitenciários para implementação das obras necessárias. Conclui que a falta 
de opção política para tanto abre a possibilidade de atuação do Poder Judiciário “em suplementação ao Executivo quando esse não age em atenção a 
postulados de observância obrigatória derivados da Carta Magna por razões injustificada”. (pág. 6, doc. 20) 
Em parecer (doc. 18), o Procurador-Geral da República opina pelo provimento do recurso extraordinário. Por didática e elucidativa, transcrevo 
a ementa da mencionadapeça: 
 
“CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TEMA 220. SISTEMA PRISIONAL. RESPEITO À 
INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL DOS PRESOS. DIREITO FUNDAMENTAL. APLICABILIDADE IMEDIATA. RESERVA DO POSSÍVEL. 
DEVER DE O ESTADO GARANTIR O MÍNIMO EXISTENCIAL. INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM POLÍTICAS PÚBLICAS. 
OMISSÃO ESTATAL. DETERMINAÇÃO AO EXECUTIVO DE OBRAS EM ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS. 
 
1. A designação do problema como ‘controle judicial de políticas públicas’ pode levar à conclusão da ilicitude de intervenção judicial 
no caso, sem se demonstrar antes a premissa de que o tema não é jurídico, mas político, e, portanto, entregue apenas aos órgãos de 
representação popular. Existência de direito fundamental eventualmente desrespeitado por ação ou omissão estatal torna jurídica a questão. 
 
2. É impossível adotar soluções absolutas em todas as questões atinentes a direitos fundamentais. A diferença de densidade dos 
programas e dos domínios normativos dos direitos fundamentais brasileiros é obstáculo à generalização de conclusões para sua 
concretização, por meio da transposição de precedentes. É necessário construir casuística graduada e adequada à espécie de direito 
fundamental em causa. 
 
3. Há equívoco em subsumir o direito à integridade física e moral dos presos, previsto no art. 5º, XLIX, da Constituição da República, 
à categoria dos direitos sociais, a cuja realização se opõem restrições discricionariedade política e de reserva do possível. Esse direito 
fundamental é direito de defesa, malgrado eventualmente uma de suas consequências jurídicas- secundárias- seja o deferimento de prestação 
estatal. Deve preponderar o critério material, em detrimento do formal, na classificação dos direitos fundamentais brasileiros: direito de 
defesa visam à garantia jurídica da liberdade, mediante omissões do Estado, ao passo que direitos sociais promovem igualdade de fato entre 
pessoas, para que as menos aquinhoadas possam desfrutar de liberdade jurídica, por meio de prestações jurídicas ou materiais do Estado. 
 
4. Uma vez que os presos não possuem, por definição, liberdade de fato, mas apenas limitado raio de liberdade jurídica, sua 
integridade recai no âmbito dos direitos de defesa. 
 
5. Ao contrário dos direitos a prestações, cuja implementação estatal se satisfaz por qualquer das opções adequadas adotadas pelo 
legislador ou pelo administrador, direitos de defesa somente são respeitados caso o Estado se abstenha de todos comportamentos capazes de 
suprimi-los ou de lesá-los. Não cabe falar, aí, de discricionariedade legislativa ou executiva no fornecimento de condições materiais que 
atendam ao art. 5º, XLIX, da CR. 
 
6. Possui aplicabilidade imediata o direito fundamental ao respeito à integridade física e moral dos cidadãos presos (art. 5º, XLIX e § 
1º). O estado do sistema carcerário brasileiro fere a ordem constitucional e deveres convencionais e legais do Brasil. 
 
7. Não cabe aplicação da cláusula da reserva do possível que resulte em negativa de vigência de núcleo essencial de direito 
fundamental. O Estado deve garantir proteção do mínimo existencial do direito fundamental de respeito à integridade física e moral dos 
presos. Núcleo essencial intangível a ser assegurado, independentemente de condições adversas, limites financeiros ou colisão com outros 
direito fundamentais. 
 
8. Tem legitimidade o Poder Judiciário para determinar adoção de políticas públicas que garantam intangibilidade do mínimo 
existencial do direito fundamental ao respeito à integridade física e moral dos presos, como reforma, ampliação e construção de 
estabelecimentos prisionais, em caso de omissão dos entes estatais. Precedentes. 
 
9. Parecer pelo provimento do recurso extraordinário.” 
 
É, em suma, o relatório/Voto. 
 
- Premissa: o que é uma Constituição? / o que uma Constituição constitui? 
 
A promulgação da Constituição da República de 1988 inaugurou uma nova ordem político-jurídica no Brasil. A partir de 05 de outubro de 
1988, a Constituição deixou de ser compreendida apenas como mero documento político organizador do estado e repartidor de competências, passou 
a ser compreendida como um projeto de construção nacional, com princípios (art. 3) e objetivos (art. 4) expressos, prevendo um rol de direitos e 
garantias fundamentais (art. 5 ao art. 17), redefinindo a organização e separação entre os Poderes. Dessa forma, a questão central a partir de 1988 
deixou de ser “o que é uma constituição”, e passou a ser “o que uma constituição constitui”. E a Constituição de 1988 não mais um mero documento 
organizador do poder do Estado, mas sim o compromisso fundamental de uma comunidade de pessoas que se reconhecem reciprocamente como livres 
e iguais. (NETO, Menelick de Carvalho; SCOTTI, Guilherme. Os Direitos Fundamentais e a (In)Certeza do Direito – A produtividade das Tensões 
 
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Principiológicas e a Superação do Sistema de Regras. Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 19-20) Uma comunidade que deve, portanto, se preocupar 
inclusive com seus concidadãos presos, encarcerados, mas não por isso menos dignos de igual respeito e consideração. 
 
- O direito fundamental de proteção à integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX) 
 
Partindo dessa premissa e cotejando-a com o presente caso, a questão central a ser analisada no presente Recurso Extraordinário diz respeito ao 
conteúdo normativo do direito à integridade física e moral do preso, consoante o disposto no art. 5º, XLIX, da Constituição da República, bem como 
aos limites e possibilidades de atuação do Poder Judiciário, em conformidade com o princípio da separação de poderes insculpido no art. 2º do Texto 
Constitucional. 
O conteúdo normativo do artigo 5º, XLIX, consiste na proteção e garantia da saúde física e moral do preso. Vale dizer, é dever do Estado 
garantir que as condições de encarceramento sejam dignas, de tal forma que suas condições de saúde física e moral sejam bem protegidas. Tal 
previsão é densificada e pormenorizada em normas infraconstitucionais que não são novas e de há muito conhecidas pelos Estados. 
Nesse sentido, é de se destacar que as condições em que a execução penal deve transcorrer encontram-se expressas na Lei 7.210, de 11 de 
julho de 1984, Lei de Execução Penal, cujos art. 1º e 3º bem sintetizam seu conteúdo: 
 
“Art. 1º. A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a 
harmônica integração social do condenado e do internado.” 
“Art. 3º. Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. 
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.” 
 
Ao dispor sobre o alojamento do preso em cela individual em penitenciária, diz o art. 88, da LEP: 
 
“Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. 
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: 
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência 
humana; 
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).” 
 
Esses parâmetros devem ser observados ainda na penitenciária feminina (art.89), na Colônia Agrícola, Industrial ou Similar (art. 92), em 
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (art. 99, parágrafo único), bem como na hipótese de isolamento como sanção disciplinar (art. 53, IV) e 
cadeia pública (art. 104). 
A Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal assim explica sua essência: 
 
“19. O princípio da legalidade domina o corpo e o espírito do Projeto, de forma a impedir que o excesso ou o desvio da execução 
comprometam a dignidade e a humanidade do Direito Penal.20. É comum, no cumprimento das penas privativas da liberdade, a privação ou a limitação de direitos inerentes ao patrimônio 
jurídico do homem e não alcançados pela sentença condenatória. Essa hipertrofia da punição não só viola a medida da proporcionalidade 
como se transforma em poderoso fator de reincidência, pela formação de focos criminógenos que propicia. 
(...) 
65. Tornar-se-á inútil, contudo, a luta contra os efeitos nocivos da prisionalização, sem que se estabeleça a garantia jurídica dos 
direitos do condenado. 
67. A norma do art. 39, que impõe a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e presos provisórios, 
reedita a garantia constitucional que integra a Constituição do Brasil desde 1967. 
68. No estágio atual de revisão dos métodos e meios de execução penal, o reconhecimento dos direitos da pessoa presa configura 
exigência fundamental. 
(...) 
74. A declaração desses direitos não pode conservar-se, porém, como corpo de regras meramente programáticas. O problema central 
está na conversão das regras em direitos do prisioneiro, positivados através de preceitos e sanções. 
75. O Projeto indica com clareza e precisão o repertório dos direitos do condenado, a fim de evitar a fluidez e as incertezas 
resultantes de textos vagos ou omissos: alimentação suficiente e vestuária; atribuição de trabalho e sua remuneração; previdência social; 
constituição de pecúlio; proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; exercício das atividades 
profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, quando compatíveis com a execução da pena; assistência material, à saúde, 
jurídica, educacional, social e religiosa; proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; entrevista pessoal reservada com o 
advogado; visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos; chamamento nominal; igualdade de tratamento; audiência com o 
diretor do estabelecimento; representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito; contato com o mundo exterior através de 
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação (art. 40). 
76. Esse repertório, de notável importância para o habitante do sistema prisional, seja ele condenado ou preso provisório, imputável, 
semi-imputável ou inimputável, se harmoniza não somente com as declarações internacionais de direitos mas também com os princípios 
subjacentes ou expressos de nosso sistema jurídico e ainda com o pensamento e idéias dos penitenciaristas (Jason Soares de ALBERGARIA. 
Os direitos do homem no Processo Penal e na execução da pena. Belo Horizonte, 1975).” (portal.mj.gov.br. Acesso em 13.08.2015) 
 
Paralelamente, por meio da Resolução 09, de 18 de novembro de 2011, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária/Ministério da 
Justiça estabeleceu diretrizes básicas para arquitetura penal, das quais se destacam as seguintes recomendações gerais: 
 
“3.1. Capacidade dos Estabelecimentos Penais 
O Conjunto Penal tem capacidade ilimitada, desde que os diversos estabelecimentos que o compõem respeitem as capacidades para 
ele fixadas anteriormente e sejam independentes entre si ou estanques. 
Em nenhuma hipótese um módulo de celas poderá ultrapassar a capacidade de 200 pessoas presas. 
Em todas as penitenciárias e cadeias públicas que possuam celas coletivas, deverá ser previsto um mínimo de celas individuais (2% da 
capacidade total), para o caso de necessidade de separação da pessoa presa que apresente problemas de convívio com os demais por período 
determinado (Portaria Ministério da Justiça/DEPEN nº 01, de 27.01.2004, anexo) e pelo menos uma cela com instalação sanitária, por 
módulo, obedecendo aos parâmetros de acessibilidade (NBR 9050/2004). 
 
3.2. Parâmetros Arquitetônicos para a Acomodação de Pessoas Presas 
A cela individual é a menor célula possível de um estabelecimento penal. Neste cômodo devem ser previstos cama e área de 
higienização pessoal com pelo menos lavatório e aparelho sanitário, além da circulação. O chuveiro pode ser configurado fora da cela em 
local determinado. Podem ainda ser projetados: mesa com banco, prateleiras, divisórias, entre outros elementos de apoio. Caso se opte 
também pode ser incluído o chuveiro dentro da cela. A área mínima deverá ser de 6 metros quadrados, incluindo os elementos básicos – cama 
e aparelho sanitário – independentemete de o chuveiro localizar-se fora da cela ou não. A cubagem mínima é de 15 metros cúbicos. O 
diâmetro mínimo é de 2 metros. 
 
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No caso da cela acessível, as dimensões do mobiliário dos dormitórios acessíveis devem atender às condições de alcance manual e 
visual previstos na NBR 9050/2004 e serem dispostos de forma a não obstruírem uma faixa livre mínima de circulação interna de 0,90 m de 
largura, prevendo área de manobras para o acesso ao sanitário, camas e armários. Os armários devem atender ao item 7.4.2. da NBR 
9050/2004. Deve haver pelo menos uma área com diâmetro de no mínimo 1,50 m que possibilite um giro de 360°. A altura das camas deve ser 
de 0,46 m. 
Os parâmetros da cela acima descritos devem ser aplicados para salas e celas de saúde. 
A cela coletiva é qualquer cômodo com a mesma função de uma cela individual, porém com capacidade para abrigar mais de uma 
pessoa presa simultaneamente. 
(...) 
No caso do uso de três camas superpostas (beliches de três camas) deverá ser previsto um pé-direito mínimo de três metros e meio, 
independentemente de exigir-se uma cubagem menor. 
No caso de o chuveiro localizar-se fora da cela coletiva, poderão ser subtraídos 0,96 m2 da área em relação ao valor mínimo fixado 
no quadro acima, sem prejuízo do parâmetro de diâmetro equivalente. 
 
3.10. Conforto ambiental (ventilação e iluminação naturais) 
Para paredes e coberturas deverá ser usado material adequado de acordo com as peculiaridades de cada região, prevendo-se a 
conveniente ventilação, e proteção, com a adoção de esquemas técnicos especiais que atendam às condições climáticas regionais (...) 
As aberturas dos compartimentos deverão obedecer a um mínimo de 1/8 a 1/6 da área de seu piso, dependendo da zona Bioclimática 
em que o estabelecimento está inserido, por questões de aeração dos ambientes, atendendo ainda as normas da NBR 15220/2003 para as 
condições de ventilação natural por região bioclimática. Excluem-se dessa obrigatoriedade os compartimentos que servem de corredores e 
passagens com área igual ou inferior a 10m2 . Quando a iluminação/ventilação for zenital deverá atender também ao mínimo de 1/6 da área 
do piso. 
Os ambientes deverão possuir ventilação cruzada. Para isso, a relação entre aberturas de entrada e de saída deverá corresponder ao 
mínimo de 0,5 para a circulação de ar. 
 
3.12. Iluminação artificial 
A iluminação artificial externa deverá ser executada da periferia para o interior ou da parte superior para a inferior. Neste caso, os 
postes de iluminação deverão ter altura mínima equivalente ao dobro da cumeeira da cobertura dos telhados e permitir total iluminação das 
fachadas, pátios e coberturas. 
Todos os serviços das celas, como iluminação artificial, descarga dos vasos sanitários, água nos chuveiros, poderão contar com 
comando externo centralizado (de acordo com as peculiaridades de cada estabelecimento), devem contar com dispositivos de aquecimento de 
água quando a unidade estiver em região de baixas temperaturas e devem ser oferecidos de forma que atendam às necessidades humanas com 
conforto e higiene. 
As luminárias das celas e dos corredores podem ficar embutidas no forro e protegidas por materiais que lhes vedem o acesso por parte 
do usuário, sendo sua manutenção feita através de alçapão situado sobre a carceragem ou por outra solução arquitetônica. 
 
3.13. Recomendações técnicas 
(...)As edificações devem ser projetadas de modo a atender aos quesitos necessários quanto ao custo da construção, considerando-se 
também o material a empregar, objetivando a redução das despesas que venham a demandar com a manutenção e o funcionamento, sem, 
contudo, acarretar prejuízo das condições mínimas de comodidade, indispensáveis para a segurança e a preservação dos direitos 
fundamentais da pessoa humana. 
As edificações devem ser projetadas, preferencialmente, considerando as características necessárias ao sistema de distribuição, 
reservação e utilização de água potável do prédio, assim como as condições necessárias para aparelhos sanitários, tubulações de água e de 
esgotos, sistema de drenagem, reuso de águas e aproveitamento de águas pluviais. 
(...) 
As partes externas deverão ser convenientemente drenadas, permitindo o perfeito escoamento das águas pluviais, protegendo, assim, 
as construções; recomenda-se que as tubulações devem ter no máximo 200 mm de diâmetro por linha. 
(...) 
As edificações devem ser projetadas de modo a atender aos quesitos necessários para obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação 
de Energia “A”, emitida pelo Ministério de Minas e Energias através do Programa Pracional de Eficiência Energética em Edificações, o 
PROCEL EDIFICA. 
A fiação elétrica, os quadros e caixas de passagem enterradas, caixas de incêndio e reservatórios d’água devem ser especialmente 
protegidos com trancas de segurança e cadeados, e situados em locais de difícil acesso às pessoas presas. 
Deve-se primar por aspectos de harmonização do ambiente com a vida humana, de forma a favorecer o equilíbrio, a saúde e a 
tranquilidade, considerando itens como a pintura (cores), acabamento, configuração espacial que minimize a sensação de opressão, respeito 
ao espaço pessoal, layout dos ambientes obedecendo aos princípios da ergonomia etc. Tais cuidados são necessários para minimizar os 
efeitos da prisionalização, nocivos à saúde mental, não só dos presos, mas também dos funcionários que vivenciam os espaços prisionais.” 
 
Revisitando a jurisprudência da Corte, verifica-se que em inúmeros julgados, entendeu-se, também com fulcro na dignidade da pessoa humana 
(art. 1º, III, da Constituição Federal), rechaçar ofensas à integridade do preso, bem como conceder indenização diante de ofensa, consoante se extrai 
das ementas colacionadas: 
 
“EMENTA: HABEAS CORPUS. AMEAÇA DE VIOLÊNCIA FÍSICA, MORAL E SEXUAL EM PRESÍDIO. PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA. 
NEGATIVA DE SEGUIMENTO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COM ADOÇÃO DAS PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS. ALEGADO 
CERCEAMENTO DO DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 
1. Embora tenha negado seguimento ao habeas corpus, o Superior Tribunal de Justiça determinou ao juízo das execuções penais que 
garantisse a segurança e integridade física do paciente no presídio em que se encontra recolhido. 
2. Constrangimento ilegal não configurado. 
3. Ordem denegada.” (HC 102.309, rel. min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe de 30.09.2010) 
 
“EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Morte de detendo por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. 3. Teoria do 
Risco Administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLX). Responsabilidade de 
reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos. 5. Recurso extraordinário a que se nega 
provimento. (RE 272.839, rel. min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ de 08.04.2005) 
 
Nesse ponto, é mister levar em consideração a finalidade da pena. Não obstante inúmeras teorias tentem explicá-la, há certo consenso quanto 
ao seu fim ressocializador. Nesse sentido, é de grande valia resgatar a marcante decisão no HC 71.179, de relatoria do Min. Marco Aurélio: 
 
 
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“PENA- CUMPRIMENTO- TRANSFERÊNCIA DE PRESO- NATUREZA. Tanto quanto possível, incumbe ao Estado adotar medidas 
preparatórias ao retorno do condenado ao convívio social. Os valores humanos fulminam os enfoques segregacionistas. A ordem jurídica 
em vigor consagra o direito do preso de ser transferido para local em que possua raízes, visando à indispensável assistência pelos familiares. 
Os óbices ao acolhimento do pleito devem ser inafastaveis (sic) e exsurgir ao primeiro exame, consideradas as precárias condições do sistema 
carcerário pátrio. Eficácia do disposto nos artigos 1º e 86 da Lei de Execução Penal- Lei 7.210, de 11 de julho de 1984- Precedente: habeas 
corpus nº 62.411-DF, julgado na Segunda Turma, relatado pelo Ministro Aldir Passarinho, tendo sido o acórdão publicado na Revista 
Trimestral de Jurisprudência nº 113, à página 1.049.” (Segunda Turma, DJ de 03.06.1994) 
 
Isso demonstra que, além do direito fundamental do preso previsto no art. 5, XLIX, há também sólida legislação infraconstitucional e 
entendimento consolidado desta Corte que esmiúçam e detalham o conteúdo normativo, bem como o âmbito de proteção do direito à integridade 
física e moral do preso. O direito previsto no art. 5º, XLIX impõe uma conduta ao Estado. Conduta essa que possui parâmetros legais 
infraconstitucionais nítidos, precisos e não são novos. Não há razão, portanto, para que o Estado se escuse de protegê-lo. 
 
- O papel do Poder Judiciário 
 
É de se destacar que ao Poder Judiciário não cabe se substituir ao legislador ou ao gestor. Mas, contra uma inação jurisdicional, geralmente 
fundada em uma antiquada compreensão sobre a separação dos Poderes, é possível, sim, conceber um papel de relevo ao Poder Judiciário na 
efetivação de direitos fundamentais, pois a adoção de medidas tomadas por juízes para efetivar esses direitos ajuda a promover a deliberação 
democrática ao dirigir a atenção pública a interesses que, de outra forma, seriam ignorados na vida pública diária (GODOY, Miguel Gualano de. 
Constitucionalismo e Democracia: uma leitura a partir de Carlos Santiago Nino e Roberto Gargarella. São Paulo: Saraiva, 2012). É possível, assim, 
uma atuação que não seja cegamente omissa e nem irresponsavelmente ativista, mas que garanta o direito fundamental do preso à sua integridade 
física e moral durante sua custódia pelo Estado. Uma compreensão sobre a separação de poderes que se atenha ao tradicional entendimento de que ao 
Poder Judiciário cabe apenas ser deferente às escolhas do Executivo e do Legislativo demonstra uma limitada concepção de democracia, segundo a 
qual as escolhas majoritárias dos representantes do povo (gestores e legisladores) são inquestionáveis. E essa compreensão rasa de democracia acaba 
por permitir que direitos fundamentais de minorias, pouco vistas, sejam sistematicamente violados. Uma compreensão robusta de democracia deve, ao 
contrário, possibilitar que esses grupos minoritários – como o são os encarcerados em geral – tenham suas situações de privação expostas e que diante 
da violação de seus direitos o Poder Judiciário os garanta. 
Nesse sentido, o jurista português Jorge Miranda aduz o seguinte no tocante aos dois sentidos de funções do Estado: 
 
“I- São dois os sentidos possíveis de função do Estado: como fim, tarefa ou imperativo ou opção para agir, correspondente a certa 
necessidade coletiva ou a certa zona da vida social; e como atividade com características próprias, passagem a ação, modelo ou 
comportamento. 
No primeiro sentido, a função traduz um determinado enlace entre a sociedade e o Estado, assim, como um princípio (ou uma 
tentativa) de legitimação do exercício do poder. A crescente complexidade das funções assumidas pelo Estado- da garantia da segurança 
perante o exterior, da justiça e da paz civil à promoção do bem-estar, da cultura e da defesa do ambiente- decorre do alargamento das 
necessidades humanas, das pretensões de intervenção dos governantes e dos meios de que se podem dotar; e é ainda

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