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analise psicopedagógica do filme como estrelas na terra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA; DISCIPLINA PSICOPEDAGOGIA
ALUNA ......
 ANÁLISE DO FILME COMO ESTRELAS NA TERRA
O filme conta a história de um menino indiano de nove anos chamado Ishaan e sua dificuldade escolar, o filme apresenta uma temática pedagógica, uma reflexão sobre o ensino/aprendizagem que leva as dificuldades que muitos alunos encontram em sala de aula. 
Ishaan sofria de dislexia, e por mais que tentasse entender o conteúdo ensinado na escola e em casa por sua mãe não conseguia aprender e era rotulado como, desinteressado, burro, preguiçoso, desobediente, que não levava seus estudos a sério, além de comparações com o irmão mais velho. Após a escola convocar os pais para uma reunião, e ao ver que o menino não conseguia aprender e que provavelmente repetiria o ano outra vez, seu pai resolve transferi-lo para um internato. No entanto a situação continuou a mesma, se levarmos em conta que as reclamações dos professores eram às mesmas da escola anterior, mas agora com um agravamento, as dificuldades do ensino/aprendizagem somadas à distância da família em especial sua mãe e principal fonte de afeto, fazem com que o menino se isolasse dos demais entrando em depressão. Um professor substituto percebe o problema do menino e entra em ação, devolvendo ao menino a vontade de viver. 
É até difícil comentar sobre esse filme sem se emocionar, confesso que já o havia assistido antes umas duas vezes, mas nunca parei para fazer a análise dele intercalando sobre o que já havia aprendido sobre psicologia. Esse filme nos obriga a pensar sobre os problemas e as potencialidades presentes no âmbito escolar. Ishaan já repetiu uma vez a serie que está fazendo agora, as letras dançam em sua frente como ele relata, além de não conseguir acompanhar as aulas e nem focar sua atenção. 
 Os professorem professores poderiam ter ligado o alerta, quando o menino falava que as letras “dançavam”, mas estavam ocupados demais seguindo o método de ensino cartesiano, onde o conteúdo tem que ser passado, eles apenas seguiam suas metodologias de ensino cegamente, tanto que acham estranho a forma de ensino do professor substituto de artes ensinar seus alunos. E é esse professor que percebe que a algo de errado com Ishaan, descobrindo assim que tinha dislexia, pois ele próprio(professor) é disléxico e se reconhece no menino e imediatamente passa a colocar em prática junto com a criança novas formas diferentes para ensiná-lo nas suas dificuldades. 
A Dislexia foi um termo amplamente usado para “rotular” crianças que aparentemente não tinham problemas neurológicos e mesmo assim não aprendiam, mas afinal de contas o que é Dislexia? Segundo Mousinho e Navas (2016), trata-se de uma dificuldade específica de linguagem, de origem constitucional, caracterizada por dificuldades na decodificação de palavras isoladas, normalmente refletindo no processo fonológico. 
Sendo assim, a Dislexia é então manifestada por dificuldades linguísticas variadas, que vão além da aquisição da leitura, incluindo também problemas com a aquisição da proficiência da escrita e da soletração ou raciocínio matemático. Podemos perceber essa definição sobre o que é a Dislexia na cena, onde o professor está explicando aos pais do menino suas dificuldades, onde ele relata que Ishaan não é burro, apenas apresenta dificuldades de reconhecer letras, ele não consegue ler a palavra, portanto não entende o seu significado. Algumas crianças com dificuldades de leitura e interpretação pode desenvolver uma dificuldade com Matemática, História, Geografia ou qualquer outra disciplina cuja leitura e compreensão sejam necessárias.
 E para ler, é necessário saber relacionar sons com símbolos, para se saber o significado das palavras, ele também apresenta dificuldades de lateralidade e esquema corporal, manifestada pela dificuldade em situar as diversas partes do corpo, notável no filme na parte em que apresenta dificuldades em se vestir, abotoar uma camisa etc. Dificuldades na coordenação mecânica porque não consegue relacionar o tamanho a velocidade e distancia, e quando consegue já é tarde, como por exemplo não conseguir pegar a bola arremessada pelo irmão, segundo o relato deste ou na cena onde joga a bola para longe de onde queria indo parar atrás de um muro.
Para, Sixel (2004) pag.8, A família tem papel fundamental na aprendizagem porque deve estimular, motivar e promover a criança. A escola deve abrir-se e enfrentar um problema real, sofrer mudanças, procurar soluções e parcerias. Não existe criança que não aprenda, se utilizar-se de uma vertente básica: ambiente adequado + estímulo + motivação + organismo. O filme mostra claramente que isso não acontecia com Ishaan pois, era humilhado e hostilizado pelos professores, colegas, vizinhos, em fim por toda a comunidade, e em casa seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata Ishaan de forma rude e com falta de sensibilidade( quando faz o menino acreditar que esta indo embora de casa, por causa dele e faz a criança chorar). Em uma cena do filme, durante uma reunião com os pais do menino, ele é descrito como desinteressado, teimoso, rebelde “ os livros são seus inimigos” “ler e escrever são como castigo para ele” “repete o mesmo erro de propósito” Sendo que essa situação só sofre mudança com a chegada do professor substituto, que não demora a diagnosticar que não se trata de um caso de desinteresse e sim, de Dislexia.
Segundo, Mousinho e Navas (2016), destacam que esta inadaptação escolar em particular é descrita no DSM-5, como sobre a categoria de transtornos específicos de leitura e escrita. Sendo a Leitura de palavras feita de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las). Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido). E a Escrita, como dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) por ex., pode adicionar, omiti r ou substituir vogais e consoantes). Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza).
Para essas autoras, em pesquisas nacionais, trocas entre grafemas que representam fonemas homorgânicos (p/b, t/d, c/g, f/v, s/z, x/j) aparecem em poucos escolares, mesmo na fase inicial da alfabetização17. A diferença entre os dois fonemas de cada par é que um apresenta vibração das pregas vocais e o outro não, mas o ponto e o modo de articulação são exatamente os mesmos. Grafá-los de forma errada indica uma fragilidade na seleção fonológica. Outro tipo de alteração possível na escrita, foi chamado por muito tempo de troca visual. Tratam-se de confusões no formato ou posicionamento espacial das letras, como trocas entre “b” e “d”, cuja diferença visual é apenas uma estar virada para o lado oposto ao da outra. O espelhamento era um ponto considerado de risco, mesmo para os não alfabetizados. Uma pessoa com um transtorno específico de aprendizagem poderia manter o padrão pelas dificuldades apresentadas no aprendizado da leitura e da escrita, ao pressupor que signos como letras e números, da mesma forma que os objetos concretos que conhece, podem mudar sua posição sem que se altere seu significado (por exemplo, b/d, p/q). 
Podemos observar o que acima foi relatado em uma cena do filme em que o professor mostra o caderno de Ishaan aos pais ele explica que ele faz confusão com letras similares, a letra “b” no lugar de “d” e vice-versa, “S” e “R” invertidas, como imagens refletidas, ao invés de escrever a palavra “SIR” escreve “SIR , como também “h” e “t”, confusão na percepção auditiva do som. Ele mistura palavras com grafia parecidas como “anda” e “nada” , “S-ó-l-i-d-o” vira “S-ó-i-l-e-do”demostrando dificuldades de reconhecer as letras, confusão com fonemas vizinhos. Sixel (2004) pág. 27, os disléxicos apresentam alterações básicas que prejudicam as atividades de análise, fundamentais para a leitura, apesar de apresentarem muitas vezes facilidade nas tarefas de construção.
O filme mostra que é sim possível trabalhar com as dificuldades na sala de aula, basta o professor compreender as necessidades e o contexto social de cada aluno, para então só assim, poder ajudá-los a desenvolverem as suas capacidades de aprendizagem, pois não podemos olhar a criança inserida em um ambiente escolar como totalmente desprovida de uma história de vida, de uma cultura, de uma crença religiosa, de preferências, de experiências anteriores sendo elas positivas ou negativas de aprendizagem, e tudo isso pode influenciar seu desenvolvimento e facilitar ou agravar seu processo de ensino/aprendizagem. 
Para Ferrero (2001) estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita como um processo de aprendizagem escolar que se torna difícil reconhecermos que o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização. Aprender a ler e a escrever envolve tanto as questões básicas do domínio alfabeto, como as relacionadas com sintaxe, semântica, coerência e coesão, entre outras, e esse processo não se dá apenas no âmbito escolar, pois deve se levar em conta que antes de chegar à escola, a criança já experiencia momentos de imersão no mundo da escrita. 
Contudo, o a caminho para alcançar o domínio de leitura e escrita, nem sempre é trilhado com facilidade pelas crianças, são várias as razões para que uma criança tenha dificuldades nos processos de alfabetização, dentre eles, razoes pedagógicas, emocionais, econômicas, culturais, sociais. E há aquelas que “falham” porque tem distúrbios de leitura/escrita tal como a Dislexia. Que quando identificada/avaliada precocemente, podem evitar o surgimento de reações emocionais negativas em relação a escola e de baixa autoestima. No filme, é retratado que Ishaan estava deprimido, tinha se isolado dos demais, sua autoestima estava baixa, ele havia perdido a confiança em si, situação essa que só haveria de mudar com a vinda do professor substituto de Artes, que percebeu que o menino era uma criança dislexa e passou a dar maior atenção a ele.
Para isso, o professor utilizou métodos diferentes do utilizado pelos pais e outros professores do menino. Ele fez uma intervenção psicopedagogia, utilizando recursos para melhor facilitar a compreensão do menino, tais como, caixas de areia, tintas, massas de modelar, cerâmica, jogos de encaixe, áudios books, livros com gravuras, amarelinha matemática nas escadas, software educativo, jogos de computador, para um melhor aprendizado por parte do aluno.
O menino conseguiu assim, superar grande parte das suas dificuldades, aprendeu a ler e escrever e voltou a pintar, até ganhando uma competição artística da escola, ele adquiriu assim prazer em fazer atividades que antes o deixavam entediado, triste,deprimido. Percebe-se que com isso, ele também adquire autonomia para realizar tarefas que para nós é simples e corriqueira, mas que para ele não era, tais como amarrar o sapato, abotoar os botões da roupa, se pentear. Ishaan aprende que apesar de ser diferente dos demais, não é menos incapaz por isso. 
Contudo, o filme vai muito além de apenas tocar na nossa sensibilidade, em determinado momento, enquanto conversa com uma colega o professor afirma que, toda criança é especial, como o título já diz “Como Estrelas na Terra”, preciosidades que apenas precisam ser lapidadas para mostrar seu brilho e valor. O filme, deixa uma mensagem bem clara e exposta de que, é possível se trabalhar a diversidade e inclusão na sala de aula, mas para isso, o professor precisa compreender as especificidades de cada aluno, e saber trabalha-las, ajudando-os a desenvolverem suas próprias capacidades de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
SIXEL. Dificuldades de Aprendizagem numa Perspectiva. Rio de Janeiro: Revista Simpro, 2004. pp 18-25
MOUSINHO; NAVAS. MUDANÇAS APONTADAS NO DSM-5 EM RELACAO AOS TRASTORNOS ESPECIFICOS DE APRENDIZAGEM EM LEITURA ESCRITA: transtornos leitura e escrita. Revista Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro, p.38-46, MAI/JUN 2016.
FERRERO, Emilia. REFLEXOES SOBRE ALFABETIZACAO. Processo de Aquisição da linguagem escrita no contexto escolar. 24. ed. São Paulo: Cortez, 2001. TRADUCAO DE HORACIO GONZALES (ET AL).

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