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Maria Jacqueline Nogueira Lima
Temas selecionados
da educação
03
Sumário
CAPÍTULO 2 – Educação e Cultura Afro-Brasileira .............................................................05
Introdução ....................................................................................................................05
2.1 História da cultura afro-brasileira e sua influência sobre a educação brasileira ...............06
2.1.1 História da cultura afro-brasileira: escravidão e miscigenação ..............................06
2.1.2 Cultura afro-brasileira e educação brasileira: influências e tendências atuais .........09
2.2 Ensino universalista e acesso à educação ....................................................................12
2.2.1 O sistema social brasileiro ...............................................................................12
2.2.2 Educação universalista e segregação: um retrato brasileiro ..................................13
2.3 Educação e aprendizagem: diferença social e raça ......................................................15
2.3.1 Educação e aprendizagem: diferenças conforme a cor/raça .................................15
2.3.2 Educação, cultura e aprendizagem: a inclusão como caminho .............................17
2.4 Remanescentes de quilombos: singularidades e a educação no contexto da cultura 
nacional .......................................................................................................................18
2.4.1 Comunidades quilombolas e cultura: antecedentes histórico-sociais ......................18
2.4.2 Educação e cidadania: legislação e educação em comunidades quilombolas ........20
Síntese ..........................................................................................................................22
Referências Bibliográficas ................................................................................................23
05
Capítulo 2 
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá um pouco mais sobre a educação e a cultura afro-brasileira, e 
perceberá como elas estão relacionadas, visto que a última exerce forte influência sobre a cultura 
brasileira. Mas, como isto ocorre, e por quê? Como elementos presentes na cultura africana, por 
exemplo, as diferentes religiões, penetram na cultura nacional e produzem o chamado sincretis-
mo religioso? Como isto se reflete na educação, na cultura e divisão de classes sociais no país? 
Estas são algumas das questões que queremos que você compreenda e serão problematizadas, 
conforme a necessidade, ao longo dos tópicos desenvolvidos nesse capítulo.
Para entender melhor esta estreita relação entre educação e cultura afro-brasileira o capítulo foi 
dividido em quatro tópicos. No primeiro tópico, intitulado “História da cultura afro-brasileira e 
sua influência sobre a educação brasileira” abordará, de forma mais geral, o contexto da influên-
cia da cultura africana sobre a cultura brasileira. Como a cultura africana foi inserida no contexto 
brasileiro e passou a fazer parte da nossa cultura? É uma das perguntas que vamos responder. 
No segundo tópico, intitulado “Ensino universalista e acesso à educação”, você conseguirá iden-
tificar como a educação no país, que se pretende universalista, apesar do que diz a lei (portanto, 
baseada no sistema social brasileiro), tende ainda na atualidade a segregar estratos sociais como 
os negros. Por que isto acontece? Esta questão será explorada nesse tópico.
No terceiro tópico, intitulado “Educação e aprendizagem, diferenças sociais e raça” você enten-
derá um pouco mais sobre o contexto da educação no que concerne aos critérios de diferencia-
ção social fundamentados na questão racial. Por que existem diferenças no desempenho escolar 
entre brancos e negros no Brasil ainda contemporaneamente? Qual é a raiz dessas discrepân-
cias? Como o professor pode ser um elemento de fundamental importância para dirimir esta 
disparidade? Nesse sentido, o tópico pretende problematizar esta questão, que ainda persiste 
no contexto da sociedade brasileira, assim como pretende enfatizar a importância do professor 
enquanto ator fundamental para diminuir essa diferenciação social, que produz efeitos sobre o 
desenvolvimento econômico e social do país desde sempre.
No quarto tópico, você aprenderá sobre uma especificidade da cultura africana no país: as co-
munidades quilombolas. Você entenderá o que são e como se inserem na cultura e educação 
nacionais, e o que tem sido feito, em termos de legislação, para adaptar a educação formal aos 
remanescentes de tais comunidades. 
A pretensão deste capítulo, portanto, é demonstrar como a cultura africana tem um papel fun-
damental na constituição da sociedade brasileira, ainda que o contexto da desigualdade de cor/
raça no país persista.
Este capítulo procura empreender um percurso que abrange desde a colonização do país e a 
escravização dos negros pelos portugueses, que perdurou até 1888, até a atualidade, em que 
encontramos um país pródigo em produzir desigualdades entre brancos e negros, sublinhando 
as consequências dessa diferenciação sobre a educação. Por exemplo, você sabia que os anos 
de estudos, se compararmos brancos e negros no Brasil, são distintos e normalmente os brancos 
têm maior escolaridade do que os negros?
Educação e Cultura 
Afro-Brasileira
06 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
2.1 História da cultura afro-brasileira e sua 
influência sobre a educação brasileira
O objetivo deste tópico é descrever como a cultura africana está inserida na cultura geral do país, 
nos mais variados campos da vida social como a religião, a alimentação, a dança, dentre outros. 
Você já parou para pensar como a nossa conhecida feijoada faz parte desse rol de influências 
da cultura africana no país? Você já se perguntou como a cultura africana foi disseminada, para 
além dos costumes alimentares, no próprio cotidiano escolar brasileiro? O que se ensina nas 
escolas sobre a influência africana no Brasil? Este ensino tem caráter discriminatório? Existem di-
ferenças sociais e econômicas substantivas entre brancos e negros? Por que isto acontece? Estas 
são algumas das questões a serem problematizadas neste tópico e ao longo de todo o capítulo. 
2.1.1 História da cultura afro-brasileira: escravidão e miscigenação
A sociedade brasileira começou a “existir” a partir do “Descobrimento” da “Terra de Santa Cruz”. 
Essa sociedade foi formada em princípio pelos degredados oriundos de Portugal, e pelos negros 
africanos, trazidos para o Brasil como escravos pelos portugueses. Além desses havia os índios, 
mas o processo de escravização que eles sofreram não foi o mesmo que os negros africanos, 
mais aptos ao trabalho forçado e contínuo do que os índios.
Como forma de garantir a posse da terra, Portugal enviou degredados para colonizá-la, nas naus 
comandadas por Pedro Álvares Cabral em 1500. O descobrimento e a posterior exploração das 
terras da colônia ocorreram no mesmo fluxo da expansão marítima a que os europeus estavam 
dando início, tendo como principais nações responsáveis Portugal e Espanha. Tal expansão foi a 
maior que os europeus viram desde o século XV. 
No intuito de garantir o domínio da terra e mais riquezas, os portugueses utilizaram todos os 
artifícios possíveis, como enviar degredados para o início da colonização, de forma a manter a 
posse das terras recém-descobertas. Esses degredados, como o próprio nome indica, eram con-
denados ao exílio em Portugal, dentre outras penas, por crimes que cometeram. Dessa forma, o 
primeiro substrato da nação brasileira foi constituído, além de pelos índios que aqui viviam, pelos 
negros africanos e degredados. 
No contexto do Mercantilismo, período em que houve uma grande expansão do comércio mun-
dial, os portugueses e os espanhóis despontaram, visto que na época tinham os naviosmais 
apropriados a grandes viagens de exploração e descobertas. A ideia que permeava esse período 
era a da descoberta de novas terras para comércio e exploração de toda ordem. Assim, a desco-
berta das Américas foi uma nova maneira de aumentar o enriquecimento dessas nações. No caso 
do Brasil, esse enriquecimento, que ocorreu em função das riquezas tomadas pelos portugueses, 
durou desde o início do período da colonização até 1808, quando a família real de Portugal se 
viu obrigada, por razões políticas, a vir para o Brasil.
No contexto das descobertas e da necessária colonização das novas terras, os negros africanos 
surgiram como a melhor alternativa para executar os trabalhos mais pesados nesses locais. Eles 
eram comercializados pelos próprios pares, e vendidos aos portugueses como escravos. Dessa 
forma, foram a mão de obra preferencial dos colonizadores, que os utilizaram para extrair as 
riquezas da colônia como o ouro, os diamantes e, em menor escala, o pau-brasil (porque este 
último era extraído em sua maior parte pelos índios, que o faziam em troca de “presentes”, dados 
pelos portugueses).
O artifício da escravidão foi um recurso que Portugal utilizou para extrair, de modo mais satis-
fatório e rápido, as riquezas que encontrou na nova colônia, já que não tinham como trazer um 
contingente de portugueses dispostos a abandonar sua terra e seus negócios para se aventurar 
07
na nova terra. A escravidão não existia na Europa há séculos, desde a Antiguidade, mas isto não 
impediu que os portugueses a praticassem no Brasil. 
O comércio de negros africanos pelos portugueses começou em 1441 de forma muito intensa. 
Em princípio, eles eram levados para Portugal para executarem os serviços domésticos que os 
portugueses não queriam fazer.
Figura 1 − A captura dos negros africanos para serem vendidos como escravos a Portugal.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Ao conhecerem a nova terra e estabelecerem relações com os nativos, os portugueses puderam 
perceber, assim como foram desestimulados ao longo do tempo pelos jesuítas, que os índios 
não serviam para o tipo de trabalho demandado de forma mais rotineira, dado o caráter mais 
pesado e contínuo desse tipo de trabalho. Esse foi um dos principais argumentos para escravizar 
os negros ao invés dos índios. Estes últimos, por razões como a aptidão e os costumes, não ser-
viriam aos objetivos dos portugueses, como a exploração da cana-de-açúcar e a realização de 
serviços domésticos. Efetivamente não se tratava de preguiça dos ameríndios, mas de aptidões 
desenvolvidas ou não ao longo de gerações que os tornavam aptos ou inaptos, conforme o tipo 
de trabalho que os colonizadores pretendiam desenvolver no Brasil desde o Descobrimento. 
Portanto, conforme as necessidades dos portugueses, os africanos eram mais aptos ou mais 
acostumados do que os índios, visto que os primeiros não demandavam esforços além do que 
os portugueses consideravam necessários para mantê-los “sob controle”. Nesse sentido, o fator 
econômico evidentemente sempre foi o principal responsável pelas escolhas dos portugueses. 
Não por acaso foram, junto com os espanhóis, os principais responsáveis pela grande expansão 
marítima e exploração de natureza econômico-comercial europeia desde os séculos XV e XVI. 
Isto foi facilitado, no caso português, devido à centralização monárquica ocorrida em Portugal 
no século XIV.
Assim, podemos pensar que houve uma profunda “troca” de costumes e usos entre os membros 
dessas diferentes culturas. Isto proporcionou a adoção de alguns hábitos africanos por parte 
dos portugueses. Essa troca começou devido à convivência entre esses povos, notavelmente nas 
grandes fazendas de produção de açúcar e lavras de ouro e diamantes.
Nessas grandes fazendas ou engenhos para produção de açúcar, ou nos locais de lavra de outro 
e diamantes, havia locais específicos onde os escravos viviam. Esses locais, as chamadas senza-
las, tinham aparência muito semelhante ao de um curral para animais, além disso, os negros afri-
08 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
canos eram tratados de maneira bastante dura pelos portugueses, que eram os seus “senhores” 
ou seus donos. Muitas mulheres africanas, normalmente as mais jovens e bonitas, eram acomo-
dadas na casa grande para servirem ao senhor de todos os modos que este achasse conveniente, 
ou seja, nos serviços domésticos e satisfazendo desejos sexuais. Não por acaso, a miscigenação 
se instaurou no país de maneira que só foi vista nos trópicos. Essa separação hierarquizada entre 
brancos e negros, ricos e pobres ainda se reflete na sociedade brasileira na atualidade.
A miscigenação, traço cultural marcante no Brasil, se disseminou e, nos dias de hoje, são co-
muns, principalmente no Sudeste e no Nordeste, os casais formados por indivíduos provenientes 
de distintas raças como branco e negro; branco e índio; negro e índio etc. Em função desta “mis-
tura” e contato, muito da cultura africana acabou sendo adotada no país, como se pode verificar 
em muitos costumes presentes ainda hoje.
Gilberto Freire, um dos mais eminentes sociólogos que o Brasil já teve, escreveu livro 
intitulado Casa Grande e Senzala, que, além disso, é considerado um clássico da 
literatura brasileira. Esta obra está disponível para download no site <www.dominio-
publico.gov.br>.
VOCÊ O CONHECE?
A cultura africana influenciou fortemente a cultura brasileira. Podemos destacar as influências so-
bre a religião, a alimentação e sobre algumas festividades como o carnaval. No que concerne à 
alimentação, a cultura africana nos trouxe a feijoada. Essa mistura de feijão com restos de carne 
de porco foi uma alternativa alimentar criada pelos escravos africanos já em território brasileiro, 
na tentativa de comer algo mais substantivo e nutritivo. 
Além dessa contribuição, sublinhamos também as religiões africanas, como o Candomblé, a 
Umbanda e a Macumba, as mais conhecidas dentre as cerca de 20 religiões africanas trazidas 
ao Brasil pelos escravos, e que são responsáveis pelo sincretismo religioso que ainda hoje se 
pratica em quase todas as regiões do país. Ou seja, existe uma religião “oficial”, por exemplo, 
a católica, cuja prática do sincretismo é aprovada pela cúpula, como ocorre em cidades como 
Salvador, capital da Bahia. Em algumas paróquias é comum a celebração religiosa com elemen-
tos da cultura africana. Além disso, a própria umbanda, o candomblé e a macumba são práticas 
corriqueiras em diversas regiões do Brasil, e são mais facilmente observáveis em lugares como 
Rio de Janeiro, Bahia e Maranhão, onde a cultura negra apresenta maior expressão por uma 
questão histórica, devido ao fato de ao menos em duas destas regiões terem ocorrido as entradas 
dos maiores contingentes de negros africanos. 
Outro elemento importante da cultura africana, a capoeira, hoje considerada patrimônio ima-
terial do Brasil, surgiu como meio através do qual os negros africanos procuraram manter algo 
da própria cultura, ao mesmo tempo em que teriam alguma diversão ou distração no contexto 
da dura realidade que sempre enfrentaram desde a escravidão. A capoeira, cujo nome tem sua 
origem na língua indígena tupi-guarani, significando “área de vegetação rasteira”, devido aos 
tipos de golpes utilizados na sua prática, servia a vários intuitos: a distração, a sobrevivência aos 
maus tratos do “feitor” e, após a abolição, da polícia no início do século XX, notavelmente no 
Rio de Janeiro onde, por razões já apontadas, havia o maior contingente de escravos do país.
09
Figura 2 − Cultura africana e capoeira.
Fonte: Shutterstock, 2015.
2.1.2 Cultura afro-brasileira e educação brasileira: influências e tendências 
atuais
O termo cultura, que remete a traços diversos de um povo ou sociedade, implica diferenças que 
têm a ver com a maneira como uma nação ou povo é criado ou constituído. Conformejá explici-
tado no tópico anterior, a cultura africana faz parte da história do Brasil desde o Descobrimento 
do país. Ela está “entranhada” na cultura nacional, conforme exposto.
Portanto, o contexto da sociedade brasileira, como bem explicitado nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCNs) referentes à pluralidade cultural, é permeado não só pela cultura negra de 
origem africana, como por outras culturas e etnias presentes no país. Isso nos dá a dimensão do 
que comumente se denomina diversidade étnico-cultural.
E para que possamos conviver nesse contexto culturalmente diversificado, os PCNs servem como 
uma orientação clara, que determina e esclarece de que maneira podem ser percebidas essas 
diferenças e adotados mecanismos que as exponham aos estudantes de modo positivo. Ou seja, 
dar a conhecer o diferente, sem preconceito de origem como os de cor/raça, gênero e renda, 
dentre outros. Conforme explicitado no próprio PCN sobre pluralidade cultural:
A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características 
étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às 
desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes 
que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o 
Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. Este tema propõe 
uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade 
brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar 
transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as 
diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como 
expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade 
intrínseca, sem qualquer discriminação. A afirmação da diversidade é traço fundamental na 
construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo a Ética 
como elemento definidor das relações sociais e interpessoais. (BRASIL, 1998).
10 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Conforme explicitado, a questão da pluralidade cultural é elemento a ser explorado na educação 
básica de diferentes maneiras, permitindo a formação multiculturalista, assim como a percepção 
de que diferenças étnico-raciais são elementos fundantes e fundamentais para entender a cultura 
brasileira como um todo. É nesse contexto social da diversidade que as escolas devem ou deve-
riam atuar, promovendo o conhecimento com base na diversidade de culturas que compõem a 
cultura brasileira. Ou seja, as contribuições dos negros, assim como as dos índios e de outras 
culturas, enquanto definidoras de uma cultura brasileira, devem ser levadas em consideração.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) enfati-
za, assim como as Nações Unidas, a necessidade de que a escola seja um espaço de 
disseminação da cultura da igualdade e do desenvolvimento de uma percepção crítica, 
bem como chama a atenção principalmente para a formação e valorização do profis-
sional docente. O relatório de 2005, intitulado Teachers matter: attracting, developing 
and retaining effective teachers, se encaminha nesse sentido. Para ter acesso a este 
documento, acesse o site: <http://www.oecd.org/education/school/34990905.pdf>.
NÓS QUEREMOS SABER!
No caso particular dos negros, a influência da cultura afro na nacional se faz sentir de vários 
modos, principalmente nas regiões onde ocorreu maior incidência inicial de escravos de origem 
africana, como no Rio de Janeiro. A escola que os PCNs delineiam deve preservar, disseminar 
e elevar a cultura afro à condição de elemento da cultura nacional, de maneira a conter o 
preconceito e a discriminação, passando por reformulações necessárias na forma como lidou 
até bem pouco tempo (e ainda lida) com a questão étnico-racial e cultural no país, em que a 
discriminação ainda é realidade e, em muitos casos, infelizmente ainda se aprende na escola.
Mas quais são as influências mais marcantes da cultura africana na escola no Brasil? Quanto 
dessa influência está inserida de maneira positiva ou negativa no cotidiano escolar? Estas são 
questões que permeiam os estudos sobre a cultura africana no país, focando no tema da diver-
sidade, inclusive para explicar a desigualdade social, entre outras mazelas.
Um ponto de partida determinante para diminuir as desigualdades de ordem étnico-racial no 
país foi a aprovação da Lei n° 10.639, que institui, no currículo escolar, o tema da História e 
Cultura Afro-brasileira e Africana. Essa inserção obrigatória, ainda que tardia, devido à dinâmica 
da cultura citada no âmbito da cultura brasileira, fez com que as escolas tivessem que adaptar 
conteúdo para atender às demandas da lei. 
Dessa maneira, a cultura afro-brasileira e africana deixa de ser um tema “a reboque” das demais 
temáticas, e passa obrigatoriamente a ser cobrado nas escolas de educação básica como um dos 
elementos definidores de uma cultura nacional. A lei sinaliza a questão dos direitos humanos, 
parte pertinente do tema em questão, que foi deixado de lado até quando não foi mais possível 
fazê-lo. Portanto, por força de lei, a educação passou a abordar, amparada pelo princípio de 
igualdade dos direitos humanos, preconizado pela Organização das Nações Unidas com maior 
ênfase desde a Segunda Guerra Mundial, o tema da importância da cultura africana na constitui-
ção da cultura brasileira. Somente o reconhecimento do tema em si já demonstra que a escola, 
principal formadora de cidadãos, deve se empenhar para desfazer o mito de que vivemos em 
uma “democracia racial”, o que implica que supostamente vivemos em harmonia com o outro, 
aquele que é diferente em tom de pele e ou que tem atitudes diferentes das nossas diante da vida.
11
Figura 3 − A força da legislação como medida necessária para conter a discriminação.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A inserção da temática mexeu com o cotidiano nas escolas, no sentido de tentar aproximar a rea-
lidade social da vivência escolar e, a partir daí, tentar dirimir as desigualdades. Como isso ocorre 
ou deveria ocorrer? Com a inserção de conteúdo que promova interações sociais que valorizem 
a capoeira, por exemplo, como instrumento de socialização independentemente de cor/raça. 
Projetos como o Afro Reggae no Rio de Janeiro, que atua em comunidades carentes formadas 
em sua maioria por negros ou seus descendentes com o intuito de promover a cidadania, são 
formas que a escola busca de mobilizar essas comunidades e a sociedade em geral em prol da 
real ressignificação da cultura nacional. 
A própria capoeira já entrou no cotidiano escolar de algumas comunidades com o objetivo de 
deixar a escola mais atrativa e menos estranha àqueles indivíduos que sempre foram tratados 
como diferentes e desiguais pela escola até recentemente. O cotidiano escolar evidentemente 
não se modificou em 12 anos, conforme determina a lei. As estatísticas estão aí para provar isto.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão oficial do governo que 
divulga dados sobre a população e sua constituição demográfica, dentre outras ca-
racterísticas, tem entre suas publicações disponíveis para consulta, a Síntese de Indi-
cadores Sociais, de publicação anual, que relata as condições de vida do brasileiro 
considerando: características da educação; escolarização conforme o sexo ou a cor/
raça (que é autodenominada); características da população economicamente ativa; 
faixas de desocupação por sexo, cor/raça etc. É uma publicação interessante para se 
consultar, principalmente no que concerne aos dados sobre escolarização. Analisando 
esses dados, podemos notar as disparidades entre a escolarização de brancos e a de 
negros,por exemplo. Vale a pena consultar. Disponível no site: <www.ibge.gov.br>.
NÓS QUEREMOS SABER!
Portanto, conforme podemos notar, a educação no Brasil tem procurado adotar estratégias que 
promovam a não discriminação de ordem étnico-racial. No entanto, as práticas pedagógicas 
ainda refletem em grande parte a condição de segregação que permeia a sociedade brasileira 
como um todo. Sendo a escola divulgadora de uma cultura e disseminadora de informações que 
12 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
formam o cidadão, espera-se que implemente de fato as inovações que a lei trouxe, e comece a 
fazer a diferença no processo de formação de cidadãos brasileiros, independentemente de sua 
cor de pele, promovendo a equalização do ensino e diminuindo ou extinguindo as diferenças 
no que concerne a esse tema. Isso é importante para que os cidadãos se reconheçam enquanto 
tal, buscando um lugar na pirâmide social que não mais reflita as diferenças de cor/raça, mas 
somente de aptidões advindas de escolarização.
Agora veremos um exemplo de estratégia pedagógica que tem sido adotada em muitas escolas 
públicas de grandes cidades. Nestas escolas, onde a maioria dos estudantes é proveniente de 
famílias de baixa renda, a estratégia adotada pelos docentes para que eles permaneçam na 
escola, e obtenham uma escolarização maior do que a média, é trabalhar com projetos de 
leitura, prática, e inclusive linguagem corporal no formato de oficinas. Estas oficinas ensinam 
os alunos a assimilar a cultura da sua região, comunidade ou bairro. No caso do funk carioca, 
por exemplo, a música pode funcionar como mecanismo de atração, com caráter pedagógico, 
portanto adotando letras condizentes com os propósitos de cada projeto, fazendo com que os 
adolescentes negros e pardos na faixa etária dos 15 aos 17 anos, a mais vulnerável à evasão 
escolar, permaneçam mais tempo na escola. 
Quando se trata do tema música, a abrangência se reflete em todos os conteúdos, pois todos 
os docentes podem, em conjunto, atuar fomentando os estudos através desse recurso didático-
-pedagógico, de forma a conseguirem passar o conteúdo curricular aos seus alunos em uma 
linguagem que considerem aceitável e agradável à sua condição social e étnica. 
Essas são estratégias de ensino e aprendizagem das quais o docente tem de lançar mão para que 
o processo educacional transcorra de modo a promover a permanência, diminuindo a evasão 
escolar, mais facilmente observada nas camadas populares, seja pelo desincentivo que as formas 
de apresentação dos conteúdos podem causar, seja por contingência da própria sobrevivência 
familiar, como o caso de irmãos mais velhos, que têm que parar de estudar para trabalhar aju-
dando no sustento da família.
2.2 Ensino universalista e acesso à educação
O objetivo deste tópico é identificar como a educação, que se pretende universalista, tende a 
segregar estratos sociais como os negros, considerando a maneira como é organizado o sistema 
social brasileiro. Você já se perguntou como a escola trata os negros e brancos no país? Existe 
alguma diferenciação entre ambos no contexto brasileiro em geral? Estas são algumas das ques-
tões abordadas neste tópico.
2.2.1 O sistema social brasileiro
Os sistemas sociais tratam da interação humana, conforme seja o contexto da vida em socie-
dade. Um dos exemplos de sistema social seria a lei, visto que é um dos elementos a partir dos 
quais um sistema social se estrutura, se organiza.
Quando falamos do tema específico do sistema social no Brasil, estamos nos referindo então 
ao modelo organizativo de sociedade e de Estado existente no nosso país. Nosso sistema foi se 
estruturando desde o contexto da colônia, passando pelo império e chegando ao contexto repu-
blicano de 1889.
Essa organização, ou estruturação de um sistema social brasileiro, que se iniciou na colônia e 
chegou à República, contou com conteúdos, como a elaboração de leis, cuja demanda procede 
da vida social. Tais demandas são, portanto, provenientes da sociedade e formam nosso sistema 
social conforme o período e o contexto histórico, político, social e econômico em que vivemos.
13
No contexto atual, a Constituição Federal de 1988 é um dos principais elementos constitutivos 
do nosso sistema social, cujos pressupostos foram produzidos com o intuito de definir normati-
vamente as regras, cujas formulações são baseadas nos usos e costumes, que por sua vez são 
elaborados para fornecer elementos organizativos à vida em sociedade.
Outro exemplo é o Código de Processo Civil, sancionado em 2015 pela presidente da república, 
cuja principal função é definir como tramita na justiça um processo. Esse exemplo demonstra o 
quanto está organizado um sistema social.
Além desse contexto de ordem jurídica, um sistema social também é formado a partir das rela-
ções entre pessoas e grupos que fazem parte dele, assim como por suas instituições sociais. Des-
sa maneira, podemos entender que existe uma modalidade de funcionamento do sistema social 
que é regido pela lei, o que condiciona muitas ações ao que é permitido ou não. Essa lei sempre 
procura se basear em princípio nos costumes de uma sociedade, para depois formar uma norma 
jurídica sobre um tema, caso necessário.
No caso do Brasil, quando falamos de sistema social, vale tentar entender o que é instituído ou 
institucionalizado através da lei. Como podemos perceber pelo noticiário da televisão nos últimos 
tempos, há uma enorme distância entre o que determina a lei, e o que alguns cidadãos membros 
do poder legislativo e executivo têm praticado no exercício de cargos públicos. Trata-se aqui de 
abordar a questão da corrupção no país e sua apuração, como no caso recente da Petrobras. 
Como podemos perceber, temos problemas à vista, dentre os quais podemos destacar a maneira 
como os envolvidos com corrupção sempre desconsideraram a lei por julgar que jamais seriam 
“pegos”. Esse desapego à lei, que parece fazer parte do senso comum de boa parte da popu-
lação, se reflete no temor ou não à lei no que concerne tanto a crimes de corrupção, quanto a 
crimes de menor importância como pequenos furtos. O que está alojado no imaginário popular 
é que a lei não funciona adequadamente, então a probabilidade de burlá-la e não ser pego é 
muito grande. Desse modo, o cálculo é simples: se posso burlar e me dar bem, vou em frente, já 
que a lei existe, mas não é aplicada para me punir nesse caso.
Nosso sistema social é rico em falhas como as citadas acima, o que incentiva a prática da burla 
constante, tanto ao avançar um sinal de trânsito quanto ao fraudar licitações em órgãos públicos. 
Como se pode observar, são duas dimensões de um mesmo problema: a desconfiança com 
relação ao que a lei está disposta a punir. Esse é o nosso sistema social, e isso está entranhado 
no nosso cotidiano também escolar como uma prática corrente difícil de ser solucionada, ainda 
que na lei este problema deva ser superado por noções como a equidade e igualdade de condi-
ções/escolarização a todos os segmentos sociais e étnicos.
2.2.2 Educação universalista e segregação: um retrato brasileiro
A educação no Brasil está amparada na legislação em vigor referente ao tema, tendo como base 
um caráter universalista, elaborado conforme o que determina a Organização das Nações Uni-
das (ONU), com vistas a promover a educação que priorize os direitos humanos e a cidadania.
Como carta de princípios, a legislação brasileira tem servido como exemplo a ser seguido por 
outros países. No entanto, a sua aplicação não tem sido considerada eficiente, haja vista as es-
tatísticas de escolarização recentes, como as referentes ao ano de 2009, que apontam cerca de 
50% dos jovens entre 15 e 17 anos fora da escola. 
Ora, sabemos que as escolas públicas são maioria, assim como sabemos que destas, cerca de 
90% fazem parte de redes públicas municipais e estaduaisde ensino. Sabendo que a qualidade 
do ensino destas escolas ainda não alcançou um padrão aceitável, podemos considerar que este 
é o grande nó da educação básica no país ainda na atualidade. E os índices que estas escolas, 
salvo exceções, atingem nos testes como a Prova Brasil, que abrange turmas de 4ª e 8ª séries do 
Ensino Fundamental e terceiros anos do Ensino Médio, assim o demonstram. 
14 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
A Prova Brasil é constituída por testes de conhecimentos destinados a certos estratos de 
ensino. Para maiores detalhes sobre a Prova Brasil, consulte o site do MEC <www.mec.
gov.br> ou outros como <http://2015online.net/prova-brasil-2015-data-2015>.
NÃO DEIXE DE LER...
A educação então, longe de ser universalista, abrangente e adotar a questão da cidadania e 
equidade como elementos fundamentais para contribuir para uma melhora efetiva da realidade 
social do país, ainda se insere no contexto das desigualdades ou da manutenção destas. 
Mas como isso ocorre? Principalmente pela recusa de muitos educadores em assimilar adequa-
damente tanto os PCNs, quanto a lei que se refere ao ensino da cultura afro-brasileira e africana 
no país, Lei n° 10.639/2003. Isso se reflete até hoje na sociedade brasileira, extremamente hie-
rarquizada entre negros e brancos, se observarmos as diferenças salariais e de classe verificadas 
entre a maior parte da população de uma ou outra raça, comprovadas por meio dos estudos do 
IBGE, por exemplo. Você percebe essas diferenças no cotidiano? O que pensa a respeito?
Universalizar-se significa tornar-se universal, abrangente, múltiplo, a educação brasileira ainda 
precisa de um longo caminho para que se utilizem práticas pedagógicas condizentes com as ne-
cessidades daqueles que mais necessitam da equidade, os alunos da educação básica. Conhecer 
a equidade é dar a conhecer a esses cidadãos seus direitos diante da própria nação, direitos que 
na maioria dos casos, desconhece. 
Os negros, como segmento étnico-racial, fazem parte da história desse país desde a fundação, e 
são aqueles que mais sofrem todo tipo de iniquidades dentre os cidadãos brasileiros, iniquidades 
estas que começam em sua maioria na escola, reprodutora, em larga medida, das mazelas como 
a desigualdade e o preconceito, oriundos do sistema social vigente. 
Os responsáveis são os professores? Talvez, mas não só eles. A sociedade que circunda a escola 
muitas vezes dá o tom do processo de ensino e aprendizagem. E é dessa maneira que a escola 
deixa de se assumir como universalista e continua em sua trajetória na direção do status quo, 
contribuindo com o aumento das desigualdades entre brancos e negros, e com outros tipos 
de desigualdades. Provavelmente, falta algo no sentido do que destacam Morante e Gasparin 
(2006), a saber, estamos diante de uma diversidade etnocultural, o que exige interação e traba-
lho, a fim de que sejam criadas novas formas de relação interpessoal e social, ou seja, trata-se 
de ensinar a viver a pluralidade.
Se não se procede desta maneira, o acesso irregular e a evasão escolar continuarão a existir, 
fomentando a desigualdade de oportunidades entre brancos e negros, realidade que se coloca 
desde a infância no cotidiano escolar. Os principais responsáveis por mudar essa realidade são 
os professores?
Como demonstrado, a educação deveria ser universalista, obedecendo à legislação e orientan-
do-se pelos PCNs. No entanto, efetivamente, pouco se tem feito para modificar um cenário em 
que, infelizmente, as estatísticas falam por si sós.
15
2.3 Educação e aprendizagem: diferença social 
e raça
Neste tópico, abordaremos a questão da educação e aprendizagem sob o ângulo das diferenças 
sociais e de cor/raça. Nosso objetivo é compreender como as diferenças sociais fazem parte de 
um contexto em que os negros e pardos ainda estão em desvantagem em relação aos brancos, 
no que concerne aos anos de estudos ou escolarização de cada um desses estratos étnico-raciais 
no país, conforme demonstram os dados do IBGE referentes aos anos de 1999 e 2009 em pers-
pectiva comparada. 
Por que isto ainda acontece no Brasil? Será que esta situação produz impactos econômicos além 
dos sociais? Contextualizar tais diferenças implica retomar um contexto cultural e social em que 
a escola exerce papel fundamental para modificar esse quadro pela via da inclusão do outro.
2.3.1 Educação e aprendizagem: diferenças conforme a cor/raça
A educação e o processo de ensino e aprendizagem são elementos que fazem parte do cotidiano 
escolar, sendo amparados pela legislação vigente, que determina o que e como deve ser intro-
duzido no cotidiano da vida escolar na educação básica. O processo de ensino e aprendizagem 
deve levar em consideração variáveis que se baseiam nos contextos social e econômico em que 
vive um indivíduo. Nesse sentido, não se pode desprezar o papel dos pais na vida escolar dos 
filhos, assim como não se pode prescindir da renda familiar para traçar o perfil possível do aluno, 
e adaptar o processo de ensino e aprendizagem conforme seu perfil se apresente ao docente. 
Esse seria o contexto da escola ideal, ao qual muitos autores recorrem como um modelo que 
deve ser perseguido na tentativa de promover a adesão de todos, inclusive daqueles que so-
frem discriminações de quaisquer tipos. Conforme Morante e Gasparin (2006), a articulação da 
igualdade, da diferença, da diversidade cultural e do cotidiano escolar constitui um dos maiores 
desafios para a construção de uma escola verdadeiramente democrática. De acordo com esses 
autores, a escola atual deve ainda considerar o contexto da globalização a partir de um amplo 
conjunto de questões de ordem cultural que demandam reinventar identidades, saberes e valores 
na busca por equidade em um mundo de diferenças que se ampliam.
Portanto, a questão da educação e da cidadania são elementos que não podem passar ao lar-
go da questão cultural que os abrange, e coloca em evidência não só estas que são questões 
fundamentais, mas principalmente a questão da igualdade e do direito à diferença. A igualdade 
a qual nos referimos, no que concerne distintos grupos sociais ou étnicos dentre outros grupos 
hostilizados, se baseia na ideia do reconhecimento diante das diferenças em relação a outros 
grupos e assim sucessivamente. O indivíduo que deve emergir daí, a partir de intervenções da 
escola nesse sentido, é aquele que tem suas especificidades étnicas, sociais ou outras respeita-
das, e não concebidas como elementos que produzam a hierarquização social e étnica, que até 
então tem estado presente na sociedade brasileira, conforme nos mostram os dados estatísticos 
sobre escolarização.
16 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Figura 4 − Crianças negras e pobres: retratos da infância negra no Brasil.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Com relação aos dados citados, o IBGE revela uma realidade social marcada pela desigualdade 
desde a origem, e que permanece praticamente ao longo de toda uma vida. Os dados referentes 
a 1999 e 2009, conforme os pesquisadores revelam um aumento da população negra e parda, 
provavelmente devido ao possível resgate da identidade racial por parte dessa população, já que 
a pergunta sobre cor/raça nos questionários do IBGE é uma questão em que o indivíduo se auto-
declara pertencente a determinado grupo étnico dentre as opções que lhe são colocadas acerca 
de cor/raça. Conforme explicitado na Síntese de Indicadores Sociais de 2009:
[...] independentemente desse possível resgate da identidade racial por parte da população 
de cor preta, parda ou de indígenas, a situação de desigualdade que sofrem os grupos 
historicamente desfavorecidos subsiste. Uma série de indicadores revelam essas diferenças, 
dentre os quais: analfabetismo; analfabetismo funcional; acesso à educação; aspectos 
relacionados aosrendimentos; posição na ocupação; e arranjos familiares com maior risco 
de vulnerabilidade. Em relação à equidade, o hiato nos rendimentos e a apropriação de uma 
menor parcela do rendimento total concernem particularmente às populações de cor preta ou 
parda. (IBGE - Síntese de Indicadores Sociais de 2009, 2010, pág. 227)
Conforme se observam as taxas de analfabetismo, analfabetismo funcional e de frequência es-
colar, verificou-se, conforme o IBGE, uma diferença persistente entre os níveis apresentados pela 
população branca em comparação com as populações preta ou parda. Ainda com relação à 
taxa de analfabetismo, enquanto em 1999 era de 13,3% da população, em 2009 baixou para 
9,7%. No entanto, quando comparados brancos e negros e pardos, os dois últimos estratos 
ainda têm mais do que o dobro da taxa de analfabetismo observado entre os brancos. As taxas 
seriam respectivamente: 5,9%, 13,3% e 13,4% do total de cada uma dessas populações/etnias.
Quanto ao analfabetismo funcional, que engloba a população de 15 anos ou mais de idade com 
menos de quatro anos de estudos, conforme o IBGE, ele diminuiu bastante passando de 29,4% 
em 1999 para 20,3% em 2009, no que concerne à população em geral. Quando comparados 
brancos, pretos e pardos as taxas são respectivamente: 15%, 25,4% e 25,7% demonstrando a 
continuidade da disparidade ou diferença entre os indivíduos pertencentes a estas etnias.
Como se pode observar pelos dados acima, as diferenças de escolarização entre brancos e ne-
gros e pardos são persistentes, demonstrando que o processo de escolarização ainda não incide 
de forma contundente sobre a eliminação das desigualdades econômico-sociais oriundas das 
diferenças étnicas, observadas no país desde sempre. As metodologias ainda não se mostram 
17
suficientemente abrangentes em termos culturais para que a população de negros e pardos não 
seja alijada do processo educacional, e sua escolarização continue a refletir diferenças sociais e 
de renda que não diminuem o fosso entre brancos e os demais. 
O sistema educacional ainda não está adaptado para comportar as diferenças étnicas e tratá-
-las de modo que a desigualdade social não permaneça como uma característica da socieda-
de brasileira, que discrimina aqueles oriundos de outras etnias ou os não brancos. Diferenças 
educacionais, sociais e econômicas provenientes de diferenças raciais persistem, e a educação, 
conforme exposto, ainda precisa fazer um longo caminho no sentido de dirimir estas diferenças 
através do incentivo à escolarização, compatível com a escolarização de brancos, entre os indi-
víduos oriundos das etnias negras e pardas.
2.3.2 Educação, cultura e aprendizagem: a inclusão como caminho
No contexto social e cultural brasileiro multifacetado e perpassado pela globalização, que modi-
fica padrões culturais e promove integração entre diferentes povos e nações, a educação exerce 
papel fundamental para suprimir diferenças daninhas, e transformá-las em elementos positivos 
para que todas as etnias tenham igualdade de condições no mercado de trabalho. Essa igualda-
de só pode existir se as políticas públicas para o setor educacional contemplarem a diversidade 
cultural, de forma que o outro se sinta, e seja de fato, incluído como igual em todos os sentidos, 
inclusive na sua diferença.
Conforme Morante e Gasparin (2006), a abordagem da escola deve partir do contexto socio-
cultural para promover a igualdade e a adesão dos diversos estratos étnicos a uma metodologia 
que contemple, no processo de ensino e aprendizagem, o entendimento de que todos são iguais 
na sua diferença. Ou seja, 
[...] o que se quer trabalhar é, ao mesmo tempo, a negação da padronização e também, a luta 
contra todas as formas de desigualdade e discriminação presentes na nossa sociedade. Nem 
padronização nem desigualdade. A igualdade que se quer construir assume o reconhecimento 
dos direitos básicos de todos. No entanto, esses todos não são padronizados, não são os 
mesmos, tem que ter as suas diferenças reconhecidas como elementos presentes na construção 
da igualdade. MORANTE; GASPARIN (2006, p. 10).
Figura 5 − Negros e brancos no mercado de trabalho: casos isolados de as-
censão ou mobilidade social e sucesso profissional dos negros.
Fonte: Shutterstock, 2015.
18 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Cabe à educação a aplicação da lei que adota a cultura afro-brasileira e africana como compo-
nente curricular obrigatório na educação básica, o que também consta nos parâmetros curricu-
lares nacionais, com vistas a dirimir desigualdades que prejudicam, acima de tudo, os negros e 
pardos, assim como todo o desenvolvimento da sociedade brasileira.
NÃO DEIXE DE VER...
O filme O Besouro narra a trajetória de um negro na cidade de Santo Amaro da Pu-
rificação na Bahia, logo após a abolição. O filme retrata as condições em que viviam 
os negros, submetidos a humilhações pelos brancos para terem acesso à comida e à 
moradia no contexto em que a libertação sem planejamento por parte do governo os 
levou verticalmente à miséria. O filme se encontra disponível em vários sites de utilida-
de pública, como o indicado abaixo: <https://religioesafroentrevistas.wordpress.com/
filme-o-besouro-completo/>.
2.4 Remanescentes de quilombos: singularida-
des e a educação no contexto da cultura nacional
Neste tópico, abordaremos a cultura das comunidades quilombolas, remanescentes dos antigos 
quilombos, com o objetivo de perceber suas singularidades e como estas comunidades se inse-
rem no contexto do processo de escolarização de seus descendentes, dada sua especificidade 
cultural e étnica no contexto da cultura nacional.
2.4.1 Comunidades quilombolas e cultura: antecedentes histórico-sociais
Conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), as comunidades 
quilombolas são grupos étnico-raciais, segundo critério de autoatribuição, com trajetória históri-
ca própria, dotados de relações territoriais específicas e ancestralidade negra relacionada com a 
resistência à opressão sofrida, conforme o Decreto n° 4.887 de 2003. Essas comunidades pos-
suem o direito de propriedade de suas terras, consagrado desde a Constituição Federal de 1988.
Ainda conforme o MDS, a Fundação Cultural Palmares mapeou 2.534 comunidades quilombolas 
no país. No entanto, outras fontes estimam a existência de cerca de 5.000 comunidades. Diante 
disto, o governo criou a Agenda Social Quilombola (ASQ), com o objetivo de articular as ações 
do governo federal por meio do Programa Brasil Quilombola. (MDS, Brasil, 2013)
Ao falarmos de remanescentes de quilombos, antes convém explicitar a que se refere o termo qui-
lombo. Os quilombos são comunidades que originariamente se formaram no contexto do Brasil 
Colônia, sendo compostas por indivíduos que fugiam da escravidão de negros de origem afri-
cana nas fazendas e locais de lavra de ouro e diamantes. Estes indivíduos formavam pequenos 
povoamentos escondidos no interior do país, em busca de melhores condições de vida, diferentes 
da dura realidade da escravidão experimentada por eles. 
Os quilombos se constituíram ao longo do período da escravidão como mecanismos de resistên-
cia à dominação dos brancos, que sempre foi historicamente conhecida como cruel e altamente 
19
discriminatória. Nesse contexto, em que eram submetidos a castigos físicos que muitas vezes 
os vitimavam fatalmente, os negros começaram, em algumas comunidades, a se revoltar e a 
fugir do cativeiro. De fato, os negros escravizados viviam como prisioneiros de seus donos ou 
senhores, e, como meio para se manterem vivos e preservarem sua cultura original, seus usos e 
costumes − que muitos já haviam esquecido desde que os primeiros navios negreiros aportaram 
no Rio de Janeiro.
A mais famosa dessas comunidades é a comunidade denominada Zumbi dos Palmares, onde 
nasceu o negro que posteriormentedeu o nome a ela em função da sua história de resistência e 
luta contra a escravidão. Seu nome também denomina a lei da consciência negra, para a qual foi 
criada uma data comemorativa, em 20 de novembro de cada ano. Esta comunidade originária 
do Estado de Alagoas ainda existe, e os remanescentes detêm o resguardo das tradições e cultura 
do quilombo dos palmares.
Outras comunidades estão localizadas em quase todo o país. Algumas se destacam porque sim-
bolizam a preservação do modo de vida e cultura das comunidades quilombolas, como a Comu-
nidade dos Arturos em Minas Gerais, que participa ativamente de comemorações e reafirmações 
da cultura dessa comunidade de origem africana. No entanto, convém lembrar, conforme os 
dados coletados pela Comissão Pró Índio de São Paulo (CPIS) (site: cpis.org.br), as comunidades 
quilombolas não foram formadas apenas por escravos fugidos. 
Em essência, as comunidades foram formadas enquanto modo de afirmar a identidade étnica de 
um grupo social. Elas foram se constituindo
[...] a partir de uma grande diversidade de processos que incluem as fugas com ocupação de terras 
livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações e recebimentos de terras como 
pagamentos de serviços prestados ao Estado, simples permanência nas terras que ocupavam e 
cultivavam no interior de grandes propriedades, bem como a compra de terras, tanto durante o 
sistema escravocrata como após a abolição. O que caracterizava o quilombo, portanto, não era 
o isolamento e a fuga, e sim a resistência e a autonomia. O que define o quilombo é a passagem 
da condição de escravo para camponês livre. (CPIS, São Paulo, 2014, s/p)
Como cultura de referência aos negros do país, as comunidades quilombolas guardam um pouco 
da tradição e cultura originárias dos criadores das várias comunidades existentes em praticamen-
te todo o território nacional. As comunidades remanescentes de quilombos na atualidade contam 
com legislação própria, e com elementos que promovem a preservação do seu patrimônio cul-
tural, além da manutenção das terras onde se instalaram, que recebem estatuto similar ao das 
comunidades indígenas com demarcação de terras para a preservação da cultura quilombola. 
Sua relação com a terra se dá, conforme Bandeira (1991), de acordo com critérios da coletivida-
de, nunca utilizando como critério a individualidade de uma família ou indivíduo. A relação dos 
negros das comunidades quilombolas com a terra que habitam ultrapassa os limites da simples 
demarcação com caráter individualista. As comunidades, como o próprio nome indica, têm suas 
escalas de decisões tomadas sempre a partir das instâncias coletivas, e tudo é pensado em ter-
mos da coletividade desde o início dessas comunidades. 
A preservação de traços da cultura negra originária do continente africano ainda permanece, 
embora esses traços tenham ligações não muito consistentes, devido à maneira como esses ne-
gros foram separados dos seus e de suas tradições quando os primeiros vieram para o Brasil, 
capturados em sua origem para virarem escravos no país. Portanto, a consistência dos dados 
culturais preservados se mostra a partir de resquícios de tradição que sobraram nas memórias 
dos ascendentes que utilizaram, e ainda utilizam, a história oral para repassar essa tradição aos 
mais novos nas comunidades quilombolas.
20 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
2.4.2 Educação e cidadania: legislação e educação em comunidades 
quilombolas
A educação é outro ponto a esclarecer no que concerne a estas comunidades. Em sua maioria 
analfabetos, os mais velhos não tiveram, quando em idade escolar, as oportunidades oferecidas 
pelos governos mais recentes de acesso à escola, assim como não tiveram interesse em fazê-lo, 
dado que preferiam permanecer tendo contato somente com os seus. Quanto aos remanescentes 
mais jovens, desde 2010 e mesmo antes desse período, o Ministério da Educação promoveu a 
discussão e elaboração dos parâmetros curriculares para promoção da educação quilombola, 
considerando sua especificidade enquanto comunidade territorial de caráter cultural e étnico 
diferenciado.
Figura 6 − Educação e cidadania dos afrodescendentes como direito.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Nesse sentido, a educação básica deve considerar tais especificidades, e de preferência utilizar 
como educadores indivíduos capazes de reproduzir os conteúdos curriculares gerais e específicos 
daquela etnia, e que sejam provenientes de tais comunidades na medida em que isso seja possí-
vel. Conforme as diretrizes da educação básica nacional
[...] a Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em unidades educacionais inscritas em 
suas terras e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-
cultural de cada comunidade e formação específica de seu quadro docente, observados os 
princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação 
Básica brasileira. Na estruturação e no funcionamento das escolas quilombolas, deve ser 
reconhecida e valorizada sua diversidade cultural. (BRASIL, 1998, p. 42)
Dentro da perspectiva colocada pelos PCNs no que se refere à educação em comunidades qui-
lombolas, o governo federal e os governos estaduais e municipais devem ter condições de pro-
mover a educação básica, observando as especificidades elencadas nesses PCNs. Nesse sentido, 
a legislação e as políticas públicas de referência para estas e outras comunidades provenientes 
de etnias específicas, como as indígenas, têm sido formuladas observando as especificidades cul-
turais, territoriais e sociais, buscando inseri-las de modo não invasivo na sociedade. Destaca-se 
que o processo de formação dos docentes objetiva formar professores com saberes específicos 
relacionados à comunidade, e que de preferência sejam provenientes delas, como já ocorre em 
grau mais avançado com as indígenas.
21
Figura 7 − Educação como direito de todos os cidadãos independentemente da etnia.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Vale a pena pesquisar um pouco mais a legislação pertinente à educação quilombola 
e suas especificidades acessando, dentre outros, documentos como as diretrizes curri-
culares da educação quilombola, disponível no site: <http://etnicoracial.mec.gov.br/
images/pdf/diretrizes_curric_educ_quilombola.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
22 Laureate- International Universities
Síntese
•	 O capítulo foi organizado em quatro tópicos. No primeiro tópico, tratamos da história 
da cultura afro-brasileira, e de sua influência sobre a educação e cultura brasileira, 
destacando seus usos e costumes, que atravessaram gerações e gerações, como os 
costumes alimentares e religiosos, dentre outros.
•	 No segundo tópico, referente ao ensino universalista e ao acesso à educação, procuramos 
identificar como a educação de caráter universalista estaria comprometida, com base no 
sistema social brasileiro, com mecanismos de segregação e diferenciação de estratos 
sociais como os negros.
•	 No terceiro tópico, falamos sobre educação e aprendizagem: diferenças sociais e raça. 
Abordamos a educação e como se dá a discriminação de estratos étnicos da população 
brasileira, notoriamente negros e pardos, com base em dados quantitativos fornecidos 
pelo IBGE.
•	 No quarto tópico, sobre a especificidade da cultura africana no país, enfocando as 
comunidades quilombolas, procuramos contextualizá-las histórica e socialmente, buscando 
entender como se inserem na cultura e educação nacionais. Ainda, estudamos o que tem 
sido produzido, em termos de legislação, para a adaptação da educação formal aos 
remanescentes de tais comunidades, além de abordar outras questões de importância 
para a preservação da cultura quilombola do ponto de vista legal.
•	 A pretensão deste capítulo foi dar a entender o contexto da desigualdade de cor/raça 
no país, e suas consequênciasno processo de escolarização de etnias como brancos, 
negros e pardos, conforme explicitado em dados expostos no tópico 2. Nesse sentido, 
cabe analisar como a educação faz a diferença quando assume para si a tarefa de 
transformar a realidade social a partir de ações pedagógicas aparentemente simples, 
que são condizentes com o que ditam os parâmetros curriculares nacionais e a legislação 
em vigor, que obrigam a inclusão da cultura afro-brasileira e africana no currículo da 
educação básica. Portanto, a disseminação da cultura não pode desconsiderar atores 
sociais provenientes de diversas etnias, sua história e cultura, considerando apenas a 
cultura da classe dominante em sua maioria branca. A cultura brasileira não pode ser 
entendida como tendo apenas uma cor: ela é permeada por várias etnias, dentre as quais 
se destacam a branca, a negra e parda.
•	 A classe dominante de origem eminentemente branca não sustenta mais que apenas as 
suas características distintivas devem ser oficialmente disseminadas na escola, porque a 
metodologia que a destaca enquanto elemento de dominação de classe já é considerada 
ultrapassada, pois dissimula nossa realidade cultural que é multifacetada e assim deve ser 
vista. A educação brasileira deve isto aos seus cidadãos. Além disso, essa metodologia 
é danosa e produz mais desigualdades, o que a própria escola deveria ajudar a dirimir. 
Síntese
23
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