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Prévia do material em texto

Maria Jacqueline Nogueira Lima
Temas selecionados
da educação
Sumário
03
CAPÍTULO 4 – Novos modelos na educação brasileira .......................................................05
Introdução ....................................................................................................................05
4.1 Educação de meninos e meninas de rua .....................................................................07
4.1.1 Educação e vida na rua: alguns pressupostos .....................................................07
4.2 Educação, sexualidade, gênero e diversidade na escola ...............................................08
4.2.1 Educação e Sexualidade ..................................................................................08
4.2.2 Sexualidade, Gênero e Diversidade ...................................................................11
4.3 Educação, políticas públicas e mercado profissional ....................................................13
4.3.1 Educação e Políticas Públicas: entre necessidades e contas apertadas ...................14
4.3.2 Mercado profissional e Educação ......................................................................14
4.4 Atividades educativas em instituições não escolares, comunitárias e populares ................16
4.4.1 Projetos sociais: para que e para quem? ............................................................16
4.4.2 Atividades educativas em instituições comunitárias: desenvolvendo projetos 
sociais educacionais .................................................................................................19
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
Capítulo 4 
05
Introdução
O objetivo, neste capítulo, é que você compreenda os novos modelos presentes na educação 
brasileira. Nesse sentido, o capítulo procura descrever as distintas faces da população e suas 
necessidades em termos educacionais. Também se procura proporcionar o entendimento dos 
desafios que têm sido colocados por especialistas na ordem do dia das políticas públicas em 
educação no país, no que concerne a uma importante interface entre escola e mercado, enquan-
to exigência cada vez mais presente no cotidiano escolar tanto na educação básica, quanto na 
profissional ou no ensino superior. 
Você já parou para pensar que a educação que recebe hoje sofre forte influência do mercado 
profissional? Você imagina por que isso acontece? Você consegue perceber qual é o papel da 
escolarização no contexto do Brasil contemporâneo? Estas são algumas das questões abordadas 
neste capítulo com o objetivo de incentivar seus estudos sobre os novos modelos educacionais, 
no contexto da educação brasileira, entendidos como alternativas pertinentes ao processo de 
escolarização, principalmente de jovens e adultos.
Para alcançar os objetivos propostos neste capítulo, os tópicos foram divididos em quatro. O 
primeiro se refere à educação de meninos e meninas de rua, que tem como alternativa o pro-
cesso de escolarização com abordagem diferenciada, dadas as características específicas desse 
público-alvo, que tende à evasão. Nesse sentido, dadas as condições desfavoráveis de vida que 
enfrentam, a escola não se apresenta como ambiente atrativo para esses menores. Você já se 
perguntou por que é difícil manter um menor de rua em uma escola “normal” ou apropriada para 
jovens e crianças que têm condições mínimas de vida junto a sua família?
No segundo tópico desenvolvido nesse capítulo, a abordagem é sobre educação, sexualidade, 
gênero e diversidade na escola. O objetivo é compreender como o sistema educacional tem 
abordado estes temas, que se tornaram obrigatórios na Educação Básica a partir de certo seg-
mento do Ensino Fundamental. O intuito é entender como o sistema tem se comportado a partir 
dos exemplos que serão expostos aqui, com vistas a dirimir preconceitos e esclarecer noções 
sobre gênero, sexualidade, escolhas e cidadania.
Novos modelos na 
educação brasileira
06 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Figura 1 − A educação deve atender a todos igualmente, não importa o gênero, o credo, a cor/raça.
Fonte: Shutterstock, 2015.
No terceiro tópico, sobre educação, políticas públicas e mercado profissional, o objetivo é com-
preender como a educação tem sido moldada de forma a atender interesses específicos do 
mercado, e o quanto os governos têm conseguido fazer as adequações ao padrão de formação 
exigido por ele, com base em pressupostos de qualidade e eficácia. Como você percebe sua 
formação nesse sentido? Você se sente pressionado de alguma maneira pelos interesses do 
mercado no contexto da sua formação profissional? Como isso ocorre? Essas são algumas das 
questões problematizadas nesse tema.
No quarto tópico, sobre os processos informais de educação, abordamos alguns projetos sociais 
e como instituições privadas e comunitárias, dentre outras, atuam em comunidades despossuídas 
nas grandes cidades e regiões carentes em todo o Brasil com o objetivo de dirimir desigualda-
des através de uma formação cidadã. Você imagina que no Brasil existam instituições privadas 
de ensino superior que fomentam um tipo de educação chamada educação social? Como isso 
acontece? E como projetos sociais, como o Axé na Bahia, atuam para auxiliar na educação de 
crianças e jovens em situação de risco social? Diante deste quadro, qual seria o papel do edu-
cador? Algumas dessas questões serão abordadas neste último tópico.
07
4.1 Educação de meninos e meninas de rua
O objetivo desse tópico é fazer com que você compreenda um pouco mais do contexto da edu-
cação no Brasil, abordando como a educação de meninos e meninas de rua têm sido planejada 
e posta em prática, tomando como base os exemplos fornecidos por alguns municípios. Nesse 
sentido, o objetivo é conhecer um pouco da abordagem pedagógica aplicada, buscando com-
preender se ela é adequada ao seu público-alvo. 
Você já parou para se perguntar o quanto a educação deve ser voltada às necessidades do gru-
po social ao qual se destina? Ou seja, como a educação deveria ser planejada levando-se em 
consideração um público-alvo de meninas e meninos de rua? Qual abordagem seria adequada 
a esse tipo de público com vistas a que permaneçam no sistema e não se evadam? Estas são 
algumas das questões que procuramos problematizar nesse tópico.
4.1.1 Educação e vida na rua: alguns pressupostos
A educação de meninas e meninos de rua tem sido um tema espinhoso no que tange às es-
tratégias de abordagem do conteúdo escolar que coloque esse público-alvo em contato mais 
frequente com tal conteúdo. Dado o contexto em que vivem, suas condições sociais e deficitárias 
no que concerne à abordagem dessa população que vive na rua, o processo de escolarização 
demanda mais esforços ainda do que o comumente demandado no cotidiano escolar. 
A pedagogia denominada “social”, de acordo com Pereira (2011), fornece elementos a partir de 
uma concepção freireana de pedagogia como ação, para que se tente, e em certa medida, se 
obtenha sucesso em algumas das incursões pelas grandes cidades onde se concentram os maio-
res números de meninos e meninas de rua. 
Para que o processo de escolarização desta população ocorra de modo satisfatório, o profis-
sional da educação tem que estar munido de ferramentas de trabalho que fujam ao cotidiano 
escolar. Populações marginalizadas, conforme se pode ver mais à frente nesse texto, precisam de 
abordagem diferenciada. Assim, projetos como o Axé na Bahia e o Afro Reggae no Rio de Janei-
ro têm logrado sucesso no resgate de parte desses menores, através da inserção em atividades 
socioeducativas e artísticas.A atuação desses projetos busca acolher e desfazer estereótipos como os de que os filhos de 
membros de classes mais baixas permanecerão necessariamente nestas condições em países 
como o Brasil, que tendem a reproduzir desigualdades entre classes, assim como de gênero, 
entre tantas outras. 
Como têm provado ano a ano os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
sobre a escolarização do brasileiro, a realidade tem mudado, ainda que em ritmo lento, no que 
concerne aos anos de estudos que os brasileiros em geral têm obtido atualmente, se comparados 
os dados referentes aos anos de 2012 e 2002, por exemplo.
A situação dos meninos e meninas de rua, amparados pelos projetos sociais citados, também 
caminha nesse sentido, porque estes aprenderam a receber uma formação diferenciada a partir 
de uma abordagem alternativa, a saber, a pedagogia social. Conforme Pereira (2011, p. 132)
Essa prática, baseada em uma metodologia de intervenção que deveria acontecer nos espaços 
das ruas para ressocializar os meninos e meninas que viviam em condições subumanas nos 
espaços dos grandes e pequenos centros urbanos, visava construir possibilidades reais: 
promoção cognitiva e social para que eles/as saíssem da marginalidade imposta, em parte, 
pelo sistema econômico e social do país.
08 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
A síntese de indicadores sociais produzida pelo IBGE é um importante instrumento 
de consulta sobre as condições gerais de vida da população brasileira, e importante 
aporte para professores trabalharem questões como diferenças de classe e raciais, e 
procurarem elementos, dentre os disponíveis nas práticas pedagógicas, para dirimir 
essas diferenças no ambiente escolar. A síntese encontra-se disponível para consulta e 
download no site: <www.ibge.gov.br>. 
NÃO DEIXE DE LER...
Figura 2 − Toda criança, inclusive as de rua, tem direito à educação de qualidade.
Fonte: Shutterstock, 2015.
4.2 Educação, sexualidade, gênero e 
diversidade na escola
O objetivo desse tema é compreender como o sistema educacional brasileiro aborda a temática 
da sexualidade, analisando o contexto cultural em que se lida com altos índices de gravidez na 
adolescência, dentre outros aspectos, bem como compreender como os conceitos de diversidade 
e de gênero são trabalhados no ambiente escolar.
4.2.1 Educação e Sexualidade
As questões do gênero, da diversidade e da sexualidade se colocam na ordem do dia desde o 
processo de redemocratização do país na década de 1980. A pauta do reconhecimento das di-
ferenças sexuais e de gênero, e o respeito à diversidade definitivamente são questões prioritárias 
em termos de políticas públicas em educação, bem como em outras áreas. 
Nessa perspectiva, a educação é vista como um instrumento para dirimir desigualdades de toda 
ordem, como a existente entre trabalhadores dos gêneros feminino e masculino, no que con-
09
cerne à remuneração salarial, conforme dados mais recentes do IBGE. Por exemplo, em 2013 
o rendimento médio mensal dos homens que executavam trabalhos formais era da ordem de 
R$2.146,00 enquanto o das mulheres trabalhando nas mesmas funções era de R$1.614,00.
Heleieth Iara Bongiovani Saffioti é uma das pesquisadoras mais conhecidas no Bra-
sil sobre o tema do gênero e desigualdades, bem como sobre o tema da violência 
de gênero. Ela prestou importante contribuição para a implementação das primeiras 
delegacias de atenção às mulheres no país, através de seu trabalho de pesquisa: um 
levantamento criterioso da violência doméstica no Brasil nos anos de 1995/1996. Sua 
contribuição como professora e pesquisadora é inestimável para entender a questão 
de gênero no Brasil.
VOCÊ O CONHECE?
No que concerne aos parâmetros curriculares nacionais, o MEC, através da Secretaria de Edu-
cação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), divulgou os elementos necessários para 
que esse conteúdo seja parte integrante dos currículos escolares. Nesse sentido a educação
[...] é vista como fator essencial para garantir inclusão, promover igualdade de oportunidades e 
enfrentar toda sorte de preconceito, discriminação e violência, especialmente no que se refere a 
questões de gênero e sexualidade. Essas questões envolvem conceitos fortemente relacionados, 
tais como gênero, identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual, que requerem a 
adoção de políticas públicas educacionais que, a um só tempo, contemplem suas articulações 
sem negligenciar suas especificidades. Para isso, é preciso considerar a experiência escolar 
como fundamental para que tais conceitos se articulem, ao longo de processos em que noções 
de corpo, gênero e sexualidade, entre outras, são socialmente construídas e introjetadas. Uma 
experiência que apresenta repercussões na formação indenitária de cada indivíduo, incide em 
todas as suas esferas de atuação social e é indispensável para proporcionar instrumentos para 
o reconhecimento do outro e a emancipação de ambos. A escola e, em particular, a sala de 
aula, é um lugar privilegiado para se promover a cultura de reconhecimento da pluralidade das 
identidades e dos comportamentos relativos a diferenças. (Secad/MEC, 2007, p. 9).
Conforme os parâmetros divulgados pela Secad, espera-se do docente, e de todos os demais 
profissionais da educação, que estejam preparados para entender e disseminar a cultura do re-
conhecimento do outro e de suas diferenças, sem divulgar preconceitos de quaisquer ordens no 
ambiente escolar, para que esta formação ultrapasse as dimensões da escola e de fato atinja a 
comunidade ao seu redor. 
O objetivo é ainda ir além, visto que o debate envolve a cidadania e o direito, antes de quaisquer 
outras questões, de ser tratado como um igual, conforme determina a Constituição Federal de 
1988. Disseminar a cidadania e, portanto, os pressupostos da igualdade legal que pertence a 
todos os brasileiros, implica em desmistificar preconceitos, promovendo a igualdade de direitos 
e a cidadania, que em tese (em lei) já existe: o que nos falta é respeitar esses preceitos e fazer 
com que sejam respeitados no que tange a todos os cidadãos brasileiros. Novamente, os maiores 
promotores desses avanços são o docente e a escola. Desse modo
[...] como espaço de construção de conhecimento e de desenvolvimento do espírito crítico, 
onde se formam sujeitos, corpos e identidades, a escola torna-se uma referência para o 
reconhecimento, respeito, acolhimento, diálogo e convívio com a diversidade. Um local de 
questionamento das relações de poder e de análise dos processos sociais de produção de 
diferenças e de sua tradução em desigualdades, opressão e sofrimento. (Secad/MEC, 2007, 
p. 9)
10 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Nessa perspectiva, a primeira temática que a escola discutiu foi a de gênero por uma questão 
histórica de atuação feminista. Ainda assim, as escolas não se adequaram a ponto de a desigual-
dade desaparecer. Ela ainda persiste. O contexto de gênero e cidadania ainda precisa ser mais 
trabalhado no ambiente escolar para produzir efeitos positivos fora dele.
Assim como o gênero, a questão da sexualidade ainda apresenta problemas de abordagem e de 
entendimento, vide os muitos casos de intolerância à sexualidade de gays e lésbicas, relatados 
frequentemente em notícias de TV e na internet. A intolerância é reflexo da falta de esclareci-
mento e compreensão do conceito de igualdade. Enquanto a desigualdade continuar a ser dis-
seminada, ainda que de forma dissimulada, os indivíduos, que reproduzem o que aprendem na 
escola e em casa, vão disseminar uma boa dose de intolerância para com o outro, o “diferente” 
de um “padrão”, por exemplo, o homossexual.
Figura 3 − Educação e diversidade: a escola não pode disseminar o preconceito. As diferenças devem ser respei-
tadas.
Fonte: Shutterstock,2015.
O livro Políticas Públicas e Igualdade de Gênero (2004), organizado por Tatau Godinho 
e Maria Lúcia da Silveira, publicação da prefeitura do município de São Paulo capital, 
disponível no site: <http://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/05630.pdf>, é uma 
importante contribuição de muitos teóricos que há décadas debatem o assunto na aca-
demia, e contribui para o esclarecimento de questões acerca de gênero e cidadania. 
NÃO DEIXE DE LER...
11
4.2.2 Sexualidade, Gênero e Diversidade
A temática referida trata de expor um problema que é antigo no Brasil: a opção sexual do brasi-
leiro ainda é um tabu e a escola segue reproduzindo esse padrão. Entender, então, a legitimida-
de de movimentos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) ainda será o objetivo de 
uma longa caminhada, conduzida necessariamente por educadores e pelas escolas. 
Assim, a conduta das escolas e dos educadores não pode simplesmente preconizar a heterosse-
xualidade como sendo o “normal” ou o “correto”. Sua conduta precisa ajudar a desmistificar a 
questão e trazer à luz, sob perspectiva crítica, as questões da diversidade, da sexualidade e de 
gênero como indagações que merecem, e devem ser problematizadas, em âmbito escolar. 
A conduta, portanto, que se espera dos educadores e da escola é a promoção do debate, do es-
clarecimento para dirimir diferenças, extinguir o desconhecimento de muitos cidadãos acerca de 
seus compatriotas, e diminuir, portanto, a conduta negativa com relação ao lugar e ao papel do 
outro no contexto social em que vivemos. A escola afinal serve para isso: promover o esclareci-
mento e o conhecimento para posterior avaliação crítica orientada ao conteúdo que se aprende. 
Ao educador, resta a postura do investigador: ele deve estar sempre atento às necessidades mais 
imediatas de seus alunos em termos de conhecimentos voltados para elucidar diferenças.
A sexualidade, o gênero e a diversidade eram abordados apenas enquanto temas da disciplina 
de Ciências. Somente no final da década de 1980, com algumas iniciativas isoladas de muni-
cípios como São Paulo, passaram a ser debatidos de forma distinta do que vinham sendo até 
então, como temas transversais no contexto dos PCNs. 
A proposta era modificar padrões de socialização que se mostravam conservadores por propo-
rem abordagens de normalidade e anormalidade a esses temas. Como o pressuposto da igual-
dade cidadã perpassa a todos os brasileiros, foram necessárias intervenções esclarecedoras no 
sentido de dirimir preconceitos e promover a formação de professores, de forma a permitir que 
lidassem com a diversidade de forma corriqueira e natural. 
Nesse sentido, a iniciativa da prefeitura de São Paulo, através da sua Secretaria Municipal de 
Educação, foi pioneira.
Entre 1989 e 1992, [...] lançou cursos de formação de professores/as em que, nitidamente, 
as temáticas relativas a gênero e sexualidade não tinham pressupostos e valores calcados em 
um certo tipo de educação sexual disciplinadora, voltada a preservar valores conservadores 
(como o da conjugalidade heterossexual) e a normalizar determinados indivíduos e marginalizar 
outros. Dirigidos a professores/as, jovens e, mais tarde, a crianças, os cursos incentivavam 
atitudes críticas e transformadoras no que se referia às relações de gênero e aos temas da 
sexualidade. (Secad/MEC, 2007, p. 14).
Pensar os temas da sexualidade, diversidade e gênero no contexto brasileiro evidentemente re-
mete a um padrão cultural que preconiza a normalidade da heterossexualidade, por exemplo. 
No entanto, de acordo com modificações no comportamento das pessoas, que passou a ser mais 
transparente com relação ao lugar de cada um na sociedade e a como esse lugar tem a ver com 
escolhas, a escola precisa assumir estas modificações e problematizá-las no ambiente escolar. 
Para tanto, o professor deve estar atento aos acontecimentos ao seu redor, na escola, na rua etc., 
para apreender a mudança e buscar mais informações e formação a respeito de assuntos que, 
a princípio, não domina. Temas transversais, afinal de contas, devem ser tratados de preferência 
por todas as disciplinas do currículo obrigatório. Mas o quanto o professor de Química está pre-
parado para lidar com o tema dentro do conteúdo da sua disciplina? 
Essa, assim como outras questões, indica que o ser professor não é simplesmente o transmissor 
de conteúdos. Com a velocidade da internet e de outros veículos de comunicação e informação, 
o professor tem como obrigação estar preparado, ou se preparar, para lidar com as diferenças 
12 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
que surgem e continuarão a surgir. Afinal, o reconhecimento do outro não é uma bandeira 
apenas do Movimento LGBT, mas de todos aqueles que, de algum modo, foram excluídos do 
contexto da “normalidade” na vida social. 
As reivindicações desses grupos são tão legítimas quanto às do movimento LGBT, que ascendeu 
como movimento social ganhando uma expressão pública bastante interessante no contexto do 
Brasil contemporâneo. Não por acaso, as campanhas na área de saúde preventiva com relação 
às DSTs e à AIDS têm passado pelo crivo do movimento antes de serem levadas ao grande pú-
blico. Trata-se aqui de poder e de políticas públicas sendo rediscutidas e redistribuídas conforme 
as forças de cada grupo. 
O movimento feminista também, antes do movimento LGBT, fez o seu papel de mediador do con-
flito de interesses entre o gênero feminino e os interesses gerais da sociedade. As demandas das 
feministas são legítimas e frequentes desde o final da década de 1970 no país, porém não sem 
sofrimento. Não por acaso, atualmente no Brasil temos implementadas delegacias de combate à 
violência doméstica prioritariamente direcionadas às mulheres, visto que são as maiores vítimas 
desse tipo de violência.
Ora, uma sociedade se faz apenas a partir das demandas dos diversos e diferentes grupos e 
forças em debate ou discussão. E isso tem acontecido, apesar das muitas falhas no que concerne 
ao respeito aos direitos de cidadania de todos. O caminho a percorrer é longo, e os professores 
são atores determinantes para que a igualdade se estabeleça no nosso contexto social.
Figura 4 − Diferenças de gênero, ainda há um longo caminho a percorrer e o professor é ator principal nessa 
jornada.
Fonte: Shutterstock, 2015.
13
Para que tratar do tema da sexualidade no ambiente escolar? O que significa afinal 
sexualidade? Esse tema se refere ao conteúdo que abrange desde as relações homoa-
fetivas, a questões como a identidade de gênero de cada indivíduo. Tem relação com o 
que o indivíduo é, com como deseja ser tratado e com como a escola pode ser deter-
minante para que o reconhecimento da sexualidade de cada um seja respeitado, visto 
tratar-se de um direito básico de cidadania: ser tratado como igual. Portanto, abordar 
tal tema no ambiente escolar é tentar dirimir as diferenças e os preconceitos que a so-
ciedade não conseguiu exterminar por si só.
NÓS QUEREMOS SABER!
Em 2003, com financiamento do Programa Nacional DST e Aids do Ministério da Saúde, e forte 
engajamento do movimento {LGBT}, foram lançadas novas campanhas de prevenção [contra 
Aids e DSTs]. Exemplos disso foram a “Homossexualidade na Escola: toda discriminação deve 
ser reprovada e a Travesti e Respeito: está na hora dos dois serem vistos juntos”. A primeira 
produziu materiais para profissionais da educação, que foram distribuídos para coordenações 
estaduais e municipais de DST e Aids, ONGs e, pontualmente, a escolas que o solicitaram. A 
segunda abordava a necessidade de se combater a discriminação contra travestis no ambiente 
familiar, na escola, no mundo do trabalho, no cotidiano e se dirigia, principalmente, aos 
profissionais da saúde e da educação. (Secad/MEC, 2007, p. 14).
Como se pode perceber, embora haja políticas públicas no sentidode invalidar diferenças e pre-
conceitos, ainda há muito a ser feito, e o ator principal está nas escolas: o professor. Esse mesmo 
professor é determinante do tipo de cidadão que o Brasil produz e produzirá no futuro, dadas 
suas escolhas pessoais e profissionais e sua inserção no mercado de trabalho.
NÃO DEIXE DE VER...
O filme Kids (EUA, 1995), de Larry Klark, aborda a temática das drogas e DSTs em um 
ambiente de periferia em Nova York. Além disso, retrata relações familiares e outras 
que demonstram como a juventude ainda se encontra despreparada para lidar com 
certos problemas para os quais o educador pode ser um personagem determinante. O 
filme está disponível para assistir no site: <http://www.maxfilmesonline.net/2014/10/
assistir-filme-kids-dublado-online-1995.html>. 
4.3 Educação, políticas públicas e mercado 
profissional
Nesse tópico, você entenderá um pouco sobre como a educação na atualidade tende a se 
afirmar em um contexto em que o mercado determina, em larga medida, os caminhos a serem 
seguidos nas políticas públicas educacionais, objetivando a adaptação do processo de ensino e 
aprendizagem aos interesses e necessidades de mão de obra por parte do mercado. Além disso, 
você poderá entender em que medida os governos estão ou não preparados para tais desafios 
na adequação da educação a um padrão de mercado no contexto brasileiro.
14 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
4.3.1 Educação e Políticas Públicas: entre necessidades e contas apertadas
No contexto da educação nacional, os parâmetros utilizados para sua regulamentação tendem a 
ser condizentes com um padrão mundial de qualidade de atuação profissional dos professores e 
demais profissionais da educação. No entanto, entre os parâmetros e sua efetiva implementação, 
há uma enorme distância. 
O preconceito racial e de gênero ainda existe no contexto brasileiro em pleno século XXI, ainda 
que este problema não seja exclusividade nossa. Ele é parte da formação cultural do brasileiro, 
embora os parâmetros educacionais prescrevam a disseminação do ideal da igualdade entre os 
estudantes. O motivo da persistência desses problemas é a inabilidade e as dificuldades de fazer 
com que os docentes se atualizem, e mesmo se sintam provocados a tentar dirimir diferenças 
com uma atuação pautada pelos princípios da cidadania e, portanto, da igualdade entre todos 
os brasileiros. 
Nossas escolas e docentes ainda estão separados, tanto do ponto de vista socioeconômico quan-
to no que concerne ao papel de cada município e Estado no contexto da nação brasileira, e ao 
quanto de investimento é interessante fazer em educação, dadas as diferenças existentes entre 
Estados do Sul e do Nordeste, por exemplo. 
Os desenvolvimentos econômico e social são diferenciados conforme o mapa do Brasil por ra-
zões que incluem desde o tipo de colonização (quem veio e para onde), até o tipo de indústria 
que se implementou em determinadas regiões em detrimento de outras e o porquê disto. Por que 
optou-se por escolhas “trágicas”? O quanto essas escolhas se refletem no padrão de desigual-
dade que se instaurou no Brasil e não dá mostras substantivas de ser extinto?
Políticas públicas, portanto, têm suas limitações e suas premissas, além de termos que levar em 
consideração certas vicissitudes do nosso mapa socioeconômico e racial, por exemplo. Riquezas 
tendem a gerar mais riquezas, recursos normalmente são destinados a regiões onde são melho-
res aproveitados. Assim, as políticas públicas de fomento na educação são direcionadas aos que 
são comprovadamente “mais competentes” no uso dos recursos públicos, ainda que atualmente 
esforços estejam ocorrendo no sentido contrário, o da promoção de algum grau de igualdade de 
condições entre Sul e Nordeste, por exemplo.
Diante desse quadro, os profissionais também tendem às escolhas que são mais interessantes 
para eles, quais sejam: a faculdade ou universidade com melhor avaliação no MEC para se for-
mar/especializar; as escolas das áreas centrais das cidades para trabalhar, dentre outras. Dessa 
forma, o mercado profissional se estabelece através da observação destas premissas.
Por que o mercado é um determinante das escolhas profissionais em alguma medida? 
Porque as demandas do mercado indicam qual é o tipo de profissional de que irá pre-
cisar e que contratará. Diante disto, a maior parte dos estudantes/docentes escolhe 
atender a estas demandas, do contrário, não terá lugar nesse mercado.
NÓS QUEREMOS SABER!
4.3.2 Mercado profissional e Educação
No que concerne ao mercado profissional, os docentes ou os estudantes têm ao seu dispor um 
amplo leque de oportunidades no campo da educação, haja vista a explosão de cursos de gra-
duação na área de pedagogia e demais licenciaturas, em função de uma demanda reprimida por 
docentes, principalmente na educação básica. Esta última foi fortemente incentivada pelo gover-
15
no federal através de políticas públicas específicas para o setor, por exemplo, o Plano Nacional 
de Educação é um desses incentivos. 
Suas demandas por uma educação de qualidade a todos os brasileiros em idade escolar, e a 
promoção de políticas de educação específicas às diferentes faixas etárias que deixaram de fre-
quentar a escola por algum motivo, são exemplos de que as políticas públicas têm sido fomenta-
das, apesar das crises econômicas dos últimos anos, que afetam o financiamento tanto do setor 
público quanto do setor privado. 
No que concerne ao entrelaçamento entre mercado profissional e demandas de mercado, a 
educação vive uma expansão ainda crescente, apesar das desaceleração e fusões ocorridas nos 
últimos anos, principalmente no Ensino Superior privado.
Um fato, porém, não pode deixar de ser destacado: dado o crescimento da população anual-
mente registrado, é certa a demanda por profissionais da educação na área da Educação Básica. 
Desse modo, os cursos de graduação que surgiram nos últimos anos procuram formar profissio-
nais que atendam às necessidades do mercado, bem como às demais demandas desse mercado 
por uma formação docente adequada às políticas de governo, e às necessidades dos alunos de 
escolas tanto públicas quanto particulares. 
As etapas de formação e de formação continuada de professores são necessárias e se impõem 
no dia a dia da docência, impedindo o acesso ao mercado daqueles profissionais que não se 
atualizaram. A disputa por vagas tem se mostrado mais acirrada, bem como a quantidade de 
profissionais em busca de oportunidades, que tem aumentado em função do aumento de cursos 
de graduação. 
Esta é uma questão importante a considerar no amplo mercado da educação: qual é o lugar do 
profissional de hoje na educação? É no ambiente formal ou informal de aprendizagem? Quais 
são as demandas de cada um desses contextos na formação do profissional, conforme sua área 
de especialização? Estas são questões que cabem ao estudante, ou ao profissional da educação, 
responder para que possa direcionar sua formação.
Figura 5 − Mercado de trabalho e formação: atendendo às demandas da profissão/formação
Fonte: Shutterstock, 2015.
16 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
4.4 Atividades educativas em instituições não 
escolares, comunitárias e populares
O objetivo deste tópico é identificar como ocorrem os processos informais de educação que 
abrangem não só meninos e meninas de rua, mas outros indivíduos provenientes, em sua maio-
ria, das classes mais baixas da população. Geralmente, as instituições que promovem esse tipo 
de formação estão voltadas para atender a uma demanda específica das populações em situa-
ção de risco social, como as crianças e adolescentes que vivem em vilas e favelas nas grandes 
cidades brasileiras. 
Comparado ao ambiente formal da escola, estas instituições oferecem uma formação que in-
centiva o talento artístico,como ocorre no Projeto Axé, no Estado da Bahia, projeto de arte-
-educação desenvolvido para incentivar os adolescentes e as crianças carentes a seguirem uma 
carreira profissional a partir da formação que obtêm no projeto, seja na música ou em outras 
áreas. O projeto tem base pedagógica, e oferece aulas de dança (balé clássico, dança indígena 
e africana), capoeira, música (saxofone, pistom e canto coral) e pintura.
Estas instituições (como o Axé) oferecem uma formação que permite aos envolvidos, em larga 
medida, retomar seus estudos na escola dita normal. Ou seja, para participação nesse tipo de 
projeto social, os alunos devem estar matriculados no ensino formal como contrapartida. Você 
conhece algum tipo de projeto social na sua cidade que incentive a formação profissional de 
algum tipo a crianças e adolescentes em situação de risco social? Qual é a importância desse 
tipo de projeto para a vida das crianças e adolescentes em situação de risco social? Qual é a 
importância desses projetos no processo de ensino e aprendizagem formal desses adolescentes 
e crianças? Estas são algumas das questões que se tenta pontuar ao longo da exposição deste 
tema.
Assim como projetos sociais voltados para populações em situação de risco social nas grandes 
cidades, projetos de intervenção social organizados por instituições de Ensino Superior têm se 
tornado bastantes presentes no contexto social brasileiro. Isso tem ocorrido pelo fato de o poder 
público sozinho não conseguir atender a todas as demandas da população em geral, e por con-
ta das carências extremas pelas quais passam muitas comunidades periféricas pelo país afora. 
Os exemplos das Universidades Católicas e de outras instituições de Ensino Superior envolvidas 
nessa temática serão abordados à frente.
4.4.1 Projetos sociais: para que e para quem?
Projetos sociais, como o próprio nome indica, são criados com o intuito de atingir um público-
-alvo específico, sobre cuja vida alguns estudos tenham sido realizados e forneçam elementos 
para que um projeto social ofereça alternativas que melhorem as condições de vida de algum 
grupo social, minimizando certos aspectos de risco como de miséria e de inserção na criminali-
dade violenta, dentre outras ocorrências. 
A lista de projetos sociais com fins específicos é imensa e não cabe aqui no exíguo espaço desse 
texto. Alguns são citados a título de esclarecimento, como o Projeto Axé, no Estado da Bahia. 
Conforme o blog do projeto montado por um grupo de estudantes de Jornalismo de uma Facul-
dade de Salvador no ano de 2009 (o site oficial do projeto ainda está em construção conforme 
se pode verificar no site <projetoaxe.org.br>), o Projeto Axé é 
[...] uma organização não governamental (ONG) que apoia com arte e educação o 
desenvolvimento de crianças, jovens e adolescentes que vivem em situação de risco nas 
periferias e ruas da capital baiana, propiciando o resgate para a inclusão social destes. 
(<http://projetoaxeblog.blogspot.com.br>, 2009).
17
Instituições públicas ou privadas criadas com o intuito de “cuidar” de menores que vivem na rua 
têm se multiplicado pelo Brasil e pelo mundo, principalmente desde a década de 1980. Nesse 
âmbito, instituições como a Khindernothilfe (fundada em 1959, na Alemanha, cujo site é <http://
br.kindernothilfe.org>) têm como objetivo de cunho mais geral ajudar a melhorar as condições 
de vida de crianças e adolescentes pelo mundo, através principalmente do apadrinhamento. 
Outras instituições no Brasil fomentam o desenvolvimento do potencial individual através de for-
mação educacional similar ao que desenvolve o projeto Axé já citado. 
Em Belo Horizonte, em Minas Gerais, algumas escolas públicas situadas em vilas e favelas têm 
implementado a escola em tempo integral para atender aos menores que vivem em situação de 
risco social. A escola em tempo integral funciona em turnos distintos que ofertam escola formal, 
cursos de formação profissional e de arte-educação como capoeira, música e dança. Os intuitos 
são os de proporcionar aos jovens o reforço escolar e alguma formação profissional que os afas-
te da realidade social adversa em que vivem e a continuação de seus estudos. 
A escola Estadual Dona Augusta Gonçalves Nogueira foi a primeira escola pública no Estado 
de Minas Gerais a instituir o tempo integral com atividades de reforço escolar e formação como 
dança e capoeira. Isso faz parte de um projeto estadual que visava melhorar as condições esco-
lares e de vida de alunos em situação de risco social. A instituição foi pioneira em implementar 
um projeto que obteve reconhecimento e sucesso por tirar menores do convívio com a margina-
lidade, a violência e as drogas. Conforme Paiva (2013, p. 115),
[...] o Projeto apresentou como objetivo solucionar problemas enfrentados pela Escola na 
época, tais como: a evasão, a vulnerabilidade social, o baixo desempenho escolar, além 
de proporcionar aos alunos atividades diversificadas que possibilitassem aprendizagens 
significativas...
A escola citada é muito peculiar, assim como seus alunos: está inserida em um morro de Belo 
Horizonte, na zona sul da cidade, cercado por outras habitações de alto padrão. Os alunos da 
escola são geralmente os filhos dos moradores desse morro, conhecido como Favela Santa Lúcia. 
Antes da implementação do primeiro projeto de reforço escolar, de iniciativa do corpo docente 
da escola, que se encontrava em péssimo estado de conservação no início da década de 1990, 
a evasão escolar era enorme, a repetência também era um grande problema, assim como a de-
fasagem idade-série em decorrência desta última. 
Com o intuito de mudar esse quadro, o corpo docente idealizou um projeto de reforço escolar 
no contraturno das aulas daqueles alunos com maiores dificuldades de aprendizagem. Após isto, 
o projeto foi ampliado e a escola passou a ofertar cursos de dança, capoeira e outros, incenti-
vados pelos resultados positivos obtidos junto aos alunos mais vulneráveis, que retornaram aos 
bancos escolares e passaram a frequentar a escola em tempo integral, fazendo as atividades de 
reforço e outras. 
Como caso prático é interessante notar que a atitude de investigação e busca de soluções por 
parte do corpo docente foi determinante para que as crianças e jovens que frequentavam esta 
escola melhorassem significativamente seu desempenho escolar, e muitos despontassem como 
genuínos talentos nas artes, como o balé clássico. O contexto do entorno da escola passou a ser 
menos perigoso, e a instituição de ensino passou a ser um porto seguro para aqueles jovens que 
viviam sem esperança diante da realidade social adversa. O projeto ainda funciona na escola, 
e é considerado um dos modelos em termos de fomento à permanência na escola e à inclusão 
social de crianças e jovens no Estado de Minas Gerais.
18 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
Figura 6 − Planejar e buscar melhores condições de ensino e aprendizagem como parte essencial da tarefa do 
professor.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A dissertação de mestrado de Flavia Russo da Silva Paiva é uma importante contribuição 
para entender como a escola pode fazer a diferença na vida dos seus alunos em termos 
de inclusão social e diminuição das desigualdades. Esta dissertação está disponível 
para download no site: <http://teiaufmg.com.br/wp-content/uploads/2014/07/PAIVA-
-Fl%C3%A1via-Russo-Silva.-Educa%C3%A7%C3%A3o-em-tempo-integral-cursos-e-
-percursos-dos-projetos-e-a%C3%A7%C3%B5es-do-governo-de-Minas-Gerais-na-
-rede-p%C3%BAblica-do-ensino-fundamental-no-per%C3%ADodo-de-2005-a.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
Ou seja, os projetos sociais elencados têm um público-alvo específico, cujo intuito em comum é 
afastá-los da dura realidade social e econômica que enfrentam no dia a dia, oferecendo-lhes a 
possibilidade de ascender econômica e socialmente através da profissionalização e do apadri-nhamento para a busca dessa profissionalização. Assim, o objetivo dos projetos sociais, como o 
nome indica, é oferecer o que o Estado e outras instituições formais não conseguem: a expectati-
va da profissionalização afastando crianças e adolescentes da criminalidade violenta, das drogas 
e de outras mazelas que os cercam.
Comparados esses projetos com uma escola formal, sua concepção formativa é muito mais um 
complemento do que um concorrente da escola tradicional pelo fato de propiciar uma formação 
com a inclusão no mundo da escola formal. A comparação, então, somente se faz pertinente na 
medida em que ambos concorram para a formação do estudante em busca de um futuro melhor. 
Somente no âmbito das escolas profissionalizantes encontramos esse elemento: formação e pro-
fissionalização de maneira mais coerente e complexa do que a realidade de projetos sociais que 
busca isto. No entanto, embora os projetos sociais apresentem limitações em relação a funcio-
19
narem como complemento da escola formal quando esta não consegue ofertar esta complemen-
tação, eles ainda são um caminho melhor do que a inexistência dessa alternativa, em termos de 
processo de ensino e aprendizagem para a inclusão do outro.
4.4.2 Atividades educativas em instituições comunitárias: desenvolvendo 
projetos sociais educacionais
As instituições comunitárias, dentre elas universidades, como as universidades católicas no Brasil 
(as PUCs) costumam desenvolver alguns tipos de atividades acadêmicas de Extensão que têm 
como intuito fomentar o desenvolvimento de algumas comunidades, ou populações periféricas 
carentes. Um dos exemplos de que se têm notícias são os projetos de extensão desenvolvidos 
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, denominados respectivamente Projeto 
Rondon Minas e Projeto Rondon Nacional, que funcionam como experiência acadêmica fora 
dos muros da universidade tanto para docentes como para discentes, com o objetivo específico 
de promover atividades educativas em comunidades carentes do Estado de Minas Gerais e de 
Estados onde existam maiores índices de pobreza e baixa escolarização.
O Projeto Rondon Minas e o Projeto Nacional funcionam de forma que os professores e os alunos 
da instituição (PUC-Minas), e de outras que participam dos projetos, sejam selecionados para 
participar de viagens que duram em torno de 15 dias durante as férias escolares. As atividades, 
desenvolvidas pelos grupos que se deslocam até as comunidades escolhidas e que desejam re-
ceber esse tipo de intervenção social, vão desde a inserção dos membros dessas comunidades 
na higiene dental até não formação de associações de produtores rurais, passando por capaci-
tações de docentes das escolas, no que concerne à formação para a cidadania, por exemplo. 
Dessa forma, os alunos das instituições de Ensino Superior são treinados para propiciar às co-
munidades nas quais atuam algumas das ferramentas básicas no que tange à educação e à 
cidadania, cuidados e higiene em geral, direitos e formação de associações e como obter finan-
ciamento para negócios de origem rural, dentre outros. O intuito desses projetos é promover o 
desenvolvimento autossustentável das comunidades visitadas, visando à sua posterior autossufi-
ciência, em termos econômicos e sociais.
Esse tipo de projeto social, ou de intervenção social, tem um foco específico: comunidades peri-
féricas carentes no Estado de Minas Gerais, e em todo o território brasileiro quando se trata do 
projeto nacional.
Esse tipo de atividade educativa, ainda incipiente, passa a ocorrer principalmente a partir da 
década de 1980, quando há uma maior demanda por direitos de cidadania que, não por acaso, 
coincide com o processo de redemocratização do país. Nesse contexto, governos elaboram as 
políticas públicas de cunho social, mas nem sempre têm condições de fomentá-las ou proceder 
à sua execução a contento. Assim, a sociedade civil, que se organizara desde o movimento por 
redemocratização, começa a praticar o que Ribeiro e outros autores denominam Educação So-
cial. Ou seja, enquanto conceito
[...] a educação social [no Brasil] pode, como no Uruguai, ser uma política pública, e, diferente 
do Uruguai, ser uma iniciativa de escolas, universidades e organizações não governamentais 
(ONGs). Tanto como política pública quanto como iniciativa de instituições e/ ou organizações 
sociais, a educação social está voltada, pelo menos em princípio, para a formação do(a) 
cidadão(ã). Apresenta uma visão crítica, mas sem aprofundá-la, da sociedade que produz as 
condições materiais e sociais de vulnerabilidade e/ou de exclusão social de adultos, jovens e 
crianças. (RIBEIRO, 2006, p. 165-166).
Nesse sentido, as instituições comunitárias são algumas das muitas instituições que promovem 
não só o tipo de intervenção exposto acima, mas cursos de formação para atuação em projetos 
sociais, e posterior interferência no meio social debilitado ou carente. Esse contexto é que tem 
20 Laureate- International Universities
Temas selecionados da educação
movido muitas instituições na formatação, inclusive, de alguns dos muitos cursos de Elaboração 
de Projetos Sociais, inclusive como pós-graduação latu sensu.
Figura 7 − Ideias em foco. Elaborando projetos sociais que funcionem como alternativas à educação formal.
Fonte: Shutterstock, 2015.
21
Síntese
Neste capítulo, você estudou sobre novos modelos na educação brasileira, cujos temas foram: 
•	 Educação de meninos e meninas de rua, buscando compreender como se pode pensar e 
executar uma política para tal público-alvo.
•	 Educação, sexualidade e gênero no ambiente escolar, de maneira a entender o que ocorre 
e como o docente é peça fundamental para dirimir diferenças e enfatizar a igualdade 
cidadã.
•	 Educação, políticas públicas e mercado profissional, em que se procurou discorrer sobre 
como, para quem e para que os profissionais da educação se formam, e a quantas anda 
o mercado profissional e suas exigências.
•	 Atividades educativas em instituições não escolares, comunitárias e populares, com ênfase 
nos projetos sociais desenvolvidos em caráter popular e comunitário e seus reflexos sobre 
a realidade social em que operam.
•	 Em suma, o capítulo tratou de problematizar questões presentes no cotidiano escolar 
atualmente, sublinhando a necessidade de formação continuada dos docentes e demais 
profissionais da educação.
SínteseSíntese
22 Laureate- International Universities
Referências
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Outros materiais